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PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE AUDIOVISUAL Professora Esp. Aleksa Marques REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Yan Allef FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M357p Marques, Aleksa Produção e edição de audiovisual / Aleksa Marques. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 88 p. 1. Gravação em vídeo . 2. Comunicação de massa. 3. Multimeios. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD:23.ed. 791.43 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock . 2022 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2022. Os autores. Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ https://unifatecie.edu.br/ 3 AUTORA Professora Esp. Aleksa Marques - Formada em Comunicação Social - Jornalismo (Unopar); - Especialista em Criação e Produção Audiovisual (Pitágoras); - Pós-graduanda de MBA em Comunicação e Mídias Digitais (UniFatecie); - Professora de Fotografia EAD (UniFatecie); - Professora de Audiovisual EAD (UniFatecie). Trabalhou com produção de cinema entre 2016-2019 e produção e coordenação de TV entre 2019-2022 e trabalha atualmente na TV Maringá - Band. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6071843806766202 http://lattes.cnpq.br/6071843806766202 4 Olá, aluno (a), Como amante do conhecimento, fico muito feliz que esteja aqui. A disciplina de Audiovisual irá agregar muito em sua vida, pois é uma área que está muito presente em nossos dias, nos mais diversos momentos. O audiovisual pode ser encontrado na televisão, no Youtube, plataformas de strea- ming, no celular, nas animações, nos jogos... enfim. Há milhares de maneiras de se criar produtos audiovisuais e de consumí-lo. Na Unidade I deste material, vamos entender um pouco mais sobre a história do audiovisual e sua contextualização, além de estudar os primeiros passos para se fazer uma produção desde a pré-produção, elaboração do roteiro e definição de equipe, por exemplo. Já na Unidade II, daremos seguimento às etapas da produção e sairemos do pla- nejamento para entrar no plano da execução. Dá escolha dos atores à definição dos locais das gravações. Direção de arte à continuidade, que diga-se de passagem é uma etapa de extrema importância e você irá entender o motivo. Na Unidade III, abordaremos a produção propriamente dita como equipe, a gra- vação de imagens e do áudio, além de passar pelos processos de montagem de todo o material captado e da decupagem do conteúdo. Um processo também importante. A última Unidade será destinada à pós-produção de seu produto. A forma como ele será editado pode mudar toda sua estrutura, por isso é de suma relevância pensar todo o processo antes de iniciar. Veremos também os principais softwares utilizados na atualidade para ajudar os criadores no processo final. Se tudo isso soa estranho e trabalhoso para você, querido (a) aluno (a), não se preocupe. Estou aqui para te auxiliar na criação de suas peças audiovisuais de forma simples e leve. O importante aqui é você aprender e fixar o conteúdo de forma agradável. Vamos lá? Prepare a pipoca, o filme vai começar! Prof. Esp. Aleksa Marques APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Audiovisual: contextualização histórica; • Pré-produção e roteiro; • Storyboard: planejamento e enquadramento das cenas; • Orçamento e definição da equipe com 10 discentes em cada grupo. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar as produções audiovisuais; • Compreender os tipos de iniciação à criações do gênero; • Estabelecer a importância do audiovisual para a humanidade. 1UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO ÀINTRODUÇÃO À PRODUÇÃOPRODUÇÃO AUDIOVISUALAUDIOVISUAL Professora Esp. Aleksa Marques 7 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Olá, aluno (a), Se você chegou até aqui é porque realmente está interessado em aprender mais sobre este mundo tão vasto que é o audiovisual. Não sei se já parou para pensar sobre como esta prática domina e rodeia nosso dia a dia: no celular, no carro, na televisão, no supermercado. Tudo é audiovisual. A definição básica de audiovisual nada mais é do que aguçar dois dos nossos sentidos básicos simultaneamente: a visão e a audição. Com eles, somos capazes de nos transportar para longe, para lugares antes não imaginados. Podemos transmitir mensagens e utilizar a plataforma como meio de comunicação. Mais especificamente nesta Unidade, falaremos sobre as produções audiovisuais para cinema ou, por que não, canais de Youtube e vídeos para a internet. Seja longo ou cur- to, com muita ou pouca verba, todo vídeo requer o mínimo de planejamento e organização para que seu resultado seja como esperado. Faremos uma breve introdução ao mundo audiovisual para você saber de onde ele veio e quais2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA 45 LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Você conhece o trabalho de um designer de produção? Ele é responsável pela construção visual da narrativa influenciado pelos elementos de composição do filme. Neste artigo você conhece um pouco mais sobre suas funções e como executá-las. Fonte: DOURADO, Pedro. Profissionais do cinema: Designer de Produção. Dispo- nível em: https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/profissionais-do-cinema-desig- ner-de-producao. Acesso em: 19 out. 2022 https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/profissionais-do-cinema-designer-de-producao. https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/profissionais-do-cinema-designer-de-producao. 46 MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA LIVRO Título: Sangue, suor e pixels: Os dramas, as vitórias e as curiosas histórias por trás dos videogames Autor: Jason Schreier. Editora: HarperCollins. Sinopse: Os bastidores da criação e desenvolvimento de jogos de videogame são tão desafiadores e complexos quanto os jo- gos em si, como um labirinto infinito ou um abismo sem fundo. Examinando alguns dos jogos mais bem-sucedidos e falhas mais infames do mercado de games, Jason Schreier imerge os leitores no inferno que é o processo criativo que se transforma em entretenimento. Sangue, suor e pixels é uma jornada em busca do sucesso, mas também uma homenagem aos entusias- tas hiperdedicados e heróis sem nome que escalam montanhas e enfrentam epopeias perigosas na vida real para criar os me- lhores jogos de todos os tempos. FILME / VÍDEO Título: Saneamento Básico - O Filme Ano: 2007. Sinopse: Os moradores de uma pequena vila na Serra Gaúcha, querem que a cidade tenha um tratamento de esgoto decente. Eles organizam uma comissão para pedir junto à subprefeitura, que informe a eles que não tem dinheiro para a obra. Mas, o município dispõe de uma verba de quase R$ 10.000 para a pro- dução de um filme. Esse dinheiro foi dado pelo Governo Federal e se não for usado pode ser devolvido em breve. Os habitantes do lugar, decidem usar essa quantia para realizar a obra e rodar um filme da realização. Então eles se reúnem para elaborar um filme barato, que conta a história de um monstro que vive nas obras de construção de uma fossa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Decupagem; • Produção; • Áudio e foley; • Gravação: imagem e iluminação. Objetivos da Aprendizagem • Entender o ritmo das gravações; • Organizar a produção audiovisual em si; • Aprender sobre luz e áudio. 3UNIDADEUNIDADE AUDIOVISUALAUDIOVISUAL NA NA PRÁTICAPRÁTICA Professora Esp. Aleksa Marques 48 INTRODUÇÃO Como vai, aluno (a)? Tudo certo por aí? Até agora estudamos a parte inicial das produções audiovisuais que se baseiam em planejamento e mais planejamento. A vontade do diretor é apertar o rec da câmera e sair gra- vando tudo, mas vimos que não é bem assim. Filmar em si é um dos últimos processos de um filme ou uma série, pois precisamos que tudo esteja nos conformes antes de dar vida à história. Acredito que a parte teórica da Unidade III seja a mais aguardada por você. Chegou o momento de saber, na prática, como funciona um set de filmagem. Produção a todo o vapor para dar início às captações das cenas escritas por você ou pelo roteirista, hora de falar: “SILÊNCIO NO SET” ou então “AÇÃO”. No primeiro capítulo vamos entender um pouco mais a fundo formas de se fazer a decupagem do roteiro. Como vimos anteriormente, cada setor necessita fazer sua decupa- gem, mas há maneiras de se fazer para que tudo saia perfeito. No segundo capítulo veremos como atua o setor da produção durante as gravações. Essa é uma das equipes que mais trabalha antes e durante o filme, pois precisa deixar tudo planejado para que não haja nenhuma surpresa durante as filmagens e, enquanto tudo está funcionando, precisa ter certeza de que tudo está correndo bem. O terceiro capítulo será destinado ao áudio e ao foley: um dos pontos cruciais do filme. Se você não faz uma captação de áudio boa, seu filme pode estar 80% comprometi- do, pois isso espanta o público que, às vezes, não entende o porquê de não ter gostado do filme. E o foley se une ao áudio para dar vida aos movimentos e sons que podem passar despercebidos, mas ganham outro sentido com esse método. Logo na sequência veremos como funciona a gravação em si. Falaremos sobre aspectos importantes como câmeras, lentes e iluminação que é um dos fatores básicos e de extrema importância para as produções. Esta merece uma atenção especial para que seu filme fique com aspecto de profissional. Chega de enrolação, vamos ao que interessa. Te desejo uma boa leitura! UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Vamos brincar de criar por um instante. Imagine você, diretor do filme, tendo que gravar uma sequência de diversas cenas para completar sua obra. No capítulo 1, você se depara com uma cena complexa, em um local afastado da cidade que demanda gasto de transporte, equipes e locação de objetos. No capítulo 3 você tem a continuação da cena, no mesmo local e nas mesmas condições. Mas a equipe responsável pela decupagem do roteiro não a fez, pensou ser algo desnecessário pois já queriam dar início às gravações. Resultado: gasto em dobro, perda de tempo e não otimização dos recursos disponí- veis. Ou seja, acho que você já pode entender um pouco da importância de uma decupagem bem feita e de “perder tempo” com esse processo inicial. Kellison (2007 apud Peruyera, 2020) recomenda que as filmagens sejam feitas na sequência do roteiro, pois seria mais fácil para toda a equipe se familiarizar com ele de forma natural e participando da criação de maneira ativa. Entretanto, a autora reconhece que isso pode não funcionar, pois problemas de logística podem atrapalhar o andamento da produção. O interessante é agrupar as cenas no mesmo ambiente para otimizar tempo e dinheiro. Cenas gravadas em sequência também dificultam o agendamento com toda a equi- pe e traria um transtorno enorme também à produção de arte, já que a maioria dos filmes são feitos com pessoas que não trabalham somente com o audiovisual e tem seus compro- missos com empresas. Por isso, mais uma vez destacamos a importância da decupagem. 49 1 DECUPAGEM TÓPICO UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA Decupar nada mais é do que extrair do roteiro tudo o que lhe facilitará a vida, desde equipamentos, ângulos, objetos, roupas, possíveis cenários entre outros. O ideal ainda é apontar quais cenas precisam de mais recurso, despendem de maior empenho e que podem trazer mais problemas para que possam ser rodadas primeiro. Buscando um pouco de sua origem, a palavra vem do francês découpage (do verbo découper, que significa recortar). Para o audiovisual, se enquadra no processo de dividir as cenas em planos menores e transformar em parte do planejamentodo filme. Ou seja, traduzir o que está no roteiro de forma prática, ver o filme em sua cabeça e saber antecipadamente do que todos irão precisar. Um roteiro decupado é aquele que já foi pensado e essa prática não é recente. Ela começou a ser utilizada em meados de 1910, quando o cinema se tornou uma atividade em escala industrial e demandou alguns processos. Em 1940, este processo foi sofrendo alterações e começou a ser utilizado por críticos da sétima arte que foram aprimorando sua definição. Em 1960, a noção de decupagem mudou e passou a ser um processo que vai desde a planificação do roteiro, passando pelas filmagens e também pela montagem do filme. A decupagem tem seu início na pré-produção e só se encerra na sala de edição, quando os planos antes imaginados pelo diretor, tomam forma e são montados. É uma das melhores maneiras de garantir que todos farão o mesmo filme, mesmo quando o diretor não estiver presente, por exemplo. Vale ressaltar ainda que, este é um processo conjunto, não feito somente pela direção como já citado anteriormente. Mas como fazer? Será que existe uma maneira certa ou alguma errada? Na verda- de, existem alguns métodos de colocar o filme todo no papel, dependendo de quem o fizer e não existe certo ou errado. Mas algumas dicas podem facilitar e muito este processo. - Leia o roteiro imaginando as cenas detalhadamente. Releia quantas vezes forem necessárias e tente extrair dela o máximo de informações possíveis; - Anote tudo o que precisar e use canetas coloridas para destacar elementos principais; - Se observar que alguma cena será problemática, tente solucionar de diferentes maneiras. Durante a leitura é mais fácil imaginar soluções plausíveis; - Descreva movimentos de câmeras, poses, enquadramentos e todos os detalhes que achar necessários para o bom entendimento da cena incluindo jogo de luzes ou desfoque; - Caso precise, utilize desenhos ou fotos como referência. Já aprendemos sobre storyboard e você pode utilizá-lo aqui também; - Compartilhe suas ideias com outros profissionais da equipe. Duas cabeças pen- sam melhor que uma e suas ideias somadas podem ser ainda mais interessantes. 50UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA Um ponto interessante que deve ser destacado é que você não precisa (e não deve) levar a decupagem como regra absoluta. Ela é somente um ponto de apoio para que a equipe não quebre a cabeça no momento da gravação. Ela é um norte e pode ser mudado conforme a necessidade e a arte do improviso. Caso você seja uma pessoa mais perfeccionista e organizada, segue uma sugestão de planilha para se fazer a decupagem cena a cena: QUADRO 1 - TABELA DECUPAGEM Fonte: A autora (2022). Utilizando uma tabela durante a leitura, fica mais fácil fazer os apontamentos da cena. Claro que é só um exemplo e você pode incluir os campos que achar melhor para seu entendimento. O importante é fazer a decupagem para auxiliar toda sua equipe. 51UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estudamos e analisamos a necessidade e a importância de se fazer cinema ou produções audiovisuais em conjunto, como uma arte coletiva, uma produção de muitas mãos. Mas a sociedade e a indústria cinematográfica ainda centralizam toda sua atenção em uma só pessoa como sendo o autor e responsável por toda a obra: o diretor. Porém, o que muitas pessoas não analisam ou deixam em segundo plano, é outra função que também se torna primordial para a existência da obra: o produtor e toda sua equipe. Se você acompanha as premiações de cinema como o Oscar, logo pode observar que o título de responsável pelo melhor filme não vai para o diretor, e sim, para o produtor ou produtores. Historicamente a tendência é de exaltação para o diretor que se manifesta como o artista responsável por todo o filme, principalmente o viés artístico. Mas, para que isso tudo aconteça e saia como o desejado na cena, toda uma equipe de produtores precisou trabalhar (e muito) para deixar pronto, fornecer a estrutura e, também, ajudar na captação de recursos para bancar o filme. De certa forma, o produtor é uma das únicas pessoas que participa de todo o processo, desde a produção ou recebimento do roteiro até sua finalização, pois ele é o departamento de execução que tem como função principal dar suporte ao diretor. “De uma maneira mais específica, a produção de um filme se refere a tudo o que envolve fazer um filme, incluindo seu planejamento e captação de recursos” (RODRIGUES, 2007, p. 67). 52 2 PRODUÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA A produção, mais propriamente falando, cuida dos recursos, do custo do filme, da lo- gística, da tática de filmagem e também do retorno do investimento aplicado, controlando sua distribuição e exibição. Vale ressaltar ainda que, cabe à produção administrar burocraticamente e artistica- mente esses departamentos todos, a fim de prover meios para que o diretor e os diversos outros setores consigam atingir os resultados esperados. Como salienta Rodrigues (2007, p. 68) produzir um filme é saber orçar, planejar, organizar, administrar e executar. Transformar a história em um filme de sucesso também é tarefa de um produtor que pode ser chamado de produtor executivo, co-produtor, produtor associado entre outros. Independente do nome, o objetivo é fazer com que tudo flua. Ele é a pessoa que viabiliza e a quem é transferido controle total sobre a execução. Todo sucesso ou fracasso é respon- sabilidade dele. Em grandes e pequenas produções, um dos pontos mais importantes é a qualidade no contexto geral, além de fazer de tudo para seguir o teto de orçamentos e também o cro- nograma de filmagens. O lema deve ser o máximo de qualidade com o menor custo dentro do prazo antes pré-estabelecido, pois isso pode ser um fator de decisão sobre quais atores contratar e quantas pessoas na equipe poderá ter. A utilização correta do orçamento influen- cia também no número de locações, equipamentos utilizados, figurino entre outros aspectos. Além de organizar e desenvolver, o produtor pode contribuir com ideias criativas enquanto supervisiona e gere as filmagens. A pessoa que busca ser um produtor de cinema precisa ter uma boa visão do mercado, estar atento às mudanças mundiais e tendências, além de ter autoridade e voz ativa para chamar a atenção se necessário. Como dissemos anteriormente, ele acompanha o filme do início ao fim, tendo em mãos o roteiro antes mesmo do próprio diretor na grande maioria das vezes. A partir de então, é sua responsabilidade fazer com que a sinopse vire um projeto completo com início, meio e fim. Para os mais confiantes e corajosos, ser roteirista, produtor e diretor é algo corriqueiro e possível, porém arriscado. Dentro da área, uma das figuras-chave é o produtor executivo que supervisiona todos os detalhes técnicos e administrativos da produção audiovisual, entre elas a criação do orçamento e decisão final em alguns aspectos. Ele também supervisiona o andamento para evitar desperdício de tempo e dinheiro. Enquanto o diretor se preocupa com a parte artística e interpretação, o produtor executivo segue ativo nas contas e responsabilidades pela equipe. O conceito do que é ser um produtor foi pela primeira vez definido por Tho- mas H. Ince, que introduziu em Hollywood o conceito de produtor criativo: o homem que conhece o suficiente de filmes para poder planejar, executar e supervisionar todas as etapas desenvolvidas pelos outros. Tal conceito foi logo adaptado e transformado por Mack Sennet no conceito que temos hoje (RODRIGUES, 2007, p. 69-70). Um conceito arrojado que tem como principal viés a organização e produção do filme em si no significado de ação e coordenação. Realmente produzir, gerir e deixar tudo ajustado para que o diretor se preocupe apenascom as suas funções. Podemos dizer que o produtor é o coração da obra. Sem ele, nada funciona. 53UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Chegamos em um dos pontos cruciais de toda gravação: o áudio. Muitas vezes essa etapa é menosprezada ou deixada de lado por diretores que se preocupam somente com as imagens. Mas, como o próprio nome diz, a produção audiovisual depende de imagens e áudio, tanto diálogos, como trilha sonora e foley. Em grandes produções, a equipe pode ser composta por um técnico de som que centraliza o áudio e monitora a captação de todos os microfones através de um aparelho de som que geralmente fica à tira colo ou se encontra em uma mesa de som. Há também um assistente responsável pela colocação dos microfones de lapelas e o operador de boom que é o microfone que fica por cima de todos, sustentado por um cabo fixo. Lembrando que a captação das falas dos personagens necessita de equipamentos específicos como gravadores e microfones. Se sua produção é caseira, atente-se para também fazer uma captação de qualidade. Um áudio captado de forma qualquer denúncia, às vezes ainda mais do que as imagens, é uma produção mal feita. Câmeras e celulares podem até ter suas captações externas, mas são projetadas para captar todo o som ambiente, sem direcionamento. Com isso, os micro- fones embutidos capturam mais do que desejamos e não somente a fala dos personagens. Fazer uma marcação no áudio é muito importante e vai ajudar na hora da edição. Pode ser o barulho da claquete ou uma palma alta para causar um “pico” no gráfico de som do vídeo e do áudio que são captados separadamente. Depois, na edição, é só unir os dois e pronto. Outro ponto crucial são as roupas utilizadas pelos técnicos de som e também pelo elenco. Alguns tecidos com texturas podem causar ruídos indesejados, assim como cachor- ros na vizinhança, obras ou objetos como relógios. Para uma boa captação, é possível utilizar alguns tipos de microfones. 54 3 ÁUDIO E FOLEY TÓPICO UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA 3.1 Microfone direcional É responsável por captar o som vindo de uma direção específica. Utilizado bastante por cantores e apresentadores, pois agrega o som vindo de uma direção mais certa. Outros exemplos de microfones direcionais são o shotgun e o boom, os quais podem ser utilizados a uma distância maior. O shotgun costuma ser utilizado embutido na própria câmera, já o boom é utilizado por cima dos atores geralmente como uma opção a mais caso dê alguma falha nos microfones de lapela. FIGURA 1 - UTILIZANDO O BOOM Fonte: ShutterStock. Disponível em: Nos bastidores. Equipe de filmagem equipe Foto stock 663360562 | Shutterstock. Acesso em: 20 out. 2022. Em ambientes externos, por conta do ruído do vento, essa capa protetora que se chama deadcat (do inglês “gato morto” pela sua semelhança aos pelos de um felino) é muito utilizada. Ou então, aqui no Brasil, também pode ser chamado de “[...] Priscila em homenagem à cadela de pelo longo, da raça Old English Sheepdog, da Tv Colosso, um programa infantil dos anos 1990” (PERUYERA, 2020, p. 96). 55UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/behind-scene-film-crew-team-filming-663360562 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/behind-scene-film-crew-team-filming-663360562 3.2 Microfone onidirecional É aquele que capta o som em um espaço esférico ao redor de todo o microfone. Pode ser utilizado para captar o som ambiente ou o “barulho do silêncio”. 3.3 Microfone de lapela É o mais utilizado em programas de televisão, por exemplo, que fica na gola ou na lapela dos entrevistados. É um tipo de microfone onidirecional, por isso não é o mais adequado para lugares com muito barulho ambiente. Ao usá-lo, é preciso um cuidado para que ele não apareça para que a captação de imagem ou som sejam afetados. 3.4 Gravadores de som Estes são aparelhos portáteis cuja única função é gravar o som com bastante quali- dade. Vale a pena frisar que são diferentes daqueles utilizados para gravar entrevistas, cuja qualidade é bem inferior. 3.5 Celulares Se você não tem orçamento para comprar ou alugar equipamentos, seu smartpho- ne pode salvar a produção. Deixe no modo gravador com o microfone utilizado nas ligações próximo à boca do ator e pronto. Uma solução ótima, barata e muito eficaz pois a qualidade é igualmente boa. Não só os diálogos fazem parte do som de um vídeo. Portas abrindo, sapatos baten- do ao chão, barulhos propositais acrescentam na hora de contar a história. Entra aqui o foley, ou sonoplastia. Antes de entender o que é foley, é preciso saber como é composta a trilha sonora de um produto audiovisual. Segundo Stefanoni (2014, p. 11) é a junção de todos os sons do filme, sendo, a grosso modo, a voz, as músicas e ruídos. Todos unificados em uma só trilha tornando-se um só corpo a ser registrado em algum tipo de mídia, magnética ou digital, para depois ser exibido. Quando assistido, o som e a imagem parecem se fundir em um só, dando a impres- são de que falam a mesma língua. É o que os profissionais do cinema tentam nos passar desde o início dos filmes sonoros. Toda trilha sonora de filme tem suas etapas de produção, assim como todo o restante do filme. Começa-se pela pré-produção, o som durante a produção e a pós-produção. Na primeira etapa é onde se observa, ainda no roteiro, todos os diálogos, sons externos, ruí- dos, entre outros sons, que deverão ser pensados antes de a equipe sair para gravação. Na etapa da produção em si do filme, a captação de áudio tem uma importância fundamental para a construção da trilha sonora. 56UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA A pós-produção, como já adianta o nome, é feita após o término das gravações. Nesta etapa, o som vai para tratamento e edição para exclusão de possíveis ruídos e refinamentos sonoros. É nesta etapa também que são incluídos os ambientes sonoros (fundo do mar, parque de diversões, etc.) os efeitos sonoros (portas, carros, máquinas, etc.), o foley (passos, beijos, roupas, etc.) e a música definitiva (STEFANONI, 2014, p. 17) 3.6 O foley Mas afinal, o que é o foley? Para Stefanoni (2014, p. 23) foley, ou ruído de sala, é “[...] aplicado tanto à técnica de gravação em estúdio dos sons da movimentação dos atores e/ou objetos em cena, que é feita em sincronia com a imagem do filme, quanto ao conjunto de eventos sonoros em que essa gravação resulta”. Os sons adicionais são gravados separadamente em estúdios, sendo utilizados como intensificador dos ruídos e também para ajudar na narração da história. Esta técnica é utilizada na pós-produção de áudio, quando ruídos como passos, barulhos de roupas, talheres entre outros são imitados em sincronia com o que está sendo visto na imagem e depois adicionado na pós-produção. Os sons podem ser reais ou não, como no caso de filmes de ficção científica e desenhos animados. Resumindo, Stefanoni (2014, p. 25) afirma ainda que foley são os sons das ações mais delicadas e sutis do filme, que são produzidas através de gravações altamente sin- cronizadas e, por vezes, complexas de serem feitas. O foley, então, será o responsável por tornar audíveis todos os breves contatos, os diversos movimentos e atritos da cena. 57UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Hoje em dia, é muito possível e comum fazer uma produção audiovisual utilizando apenas um computador e um ou dois celulares. Mas o ideal é que seja algo mais profissional e com equipamentos qualificados. Há vários tipos de câmeras, por exemplo, que são mais acessíveis e entregam uma imagem excelente e facilitam bastanteo trabalho. Um fator importante é a resolução do equipamento. Hoje em dia há câmeras que filmam em 8k e 4k para telas de cinema enormes e arquivos muito pesados, mas para quem vai fazer algo mais caseiro ou uma produção mais enxuta câmeras com resolução Full HD (1920 pixels x 1080) já garantem uma ótima imagem. Outra questão a se pensar é o framerate, que é a quantidade de quadros captados por segundo. Os modelos mais recentes que utilizam a câmera lenta, por exemplo, conse- guem captar incontáveis frames por segundo. O interessante seria gravar em 60 que dá um movimento mais fluido ou em 30 que dá uma aparência de vídeos de televisão. Antes de começar a gravar, lembre-se de configurar sua câmera para o seu melhor desempenho ou o desempenho desejado. Também é importante manter sempre o mesmo padrão ao longo de toda a gravação. Temos algumas opções disponíveis: 58 4 GRAVAÇÃO: IMAGEM E ILUMINAÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA 4.1 Celular A câmera de um smartphone é muito vantajosa, pois está sempre a nosso alcance, são leves e fáceis de manusear. Seu celular ainda te permite baixar aplicativos de edição e fazer correções ali mesmo, como captação e melhoramento do áudio. Essas câmeras também permitem a opção de gravar em slow motion ou na função time-lapse, cujos quadros são captados em intervalos de tempo maiores, para mostrar em segundos processos que podem levar horas. As limitações, porém, também existem. Não há muita possibilidade de zoom sem perder a qualidade, a objetiva é fixa, não há como regular a câmera para fazer uma profun- didade de campo ou conseguir desfocar o fundo. Mas, se você não tem outra opção, usar seu smartphone é uma opção muito bem aceita. 4.2 Câmeras DSLR As câmeras reflex (SRL de single lens reflex) existem há décadas e se caracterizam pela presença de um espelho que faz com que a imagem do visor seja captada pela objetiva da câmera, garantido que a imagem captada seja a mesma daquela visualizada. A letra D foi acrescentada, pois a função de gravar vídeos foi acrescentada após a inclusão de um segundo sensor. Na prática, conseguimos ótimas imagens com possi- bilidade de desfoques, assim como as câmeras mais profissionais como as de cinema propriamente ditas. 4.3 Objetivas Tão importante quanto a câmera, a lente ou objetiva, é a parte óptica da câmera e faz parte da contextualização da captação das imagens. Há vários tipos delas, que podem ser classificadas pela distância focal: as normais que são como o olho humano; as grande- -angulares que capta com um ângulo mais aberto como a Go-Pro; e as teleobjetivas, que são mais fechadas. Existem as fixas, cuja distância focal não varia, e as objetivas zoom, que diferenciam sua distância focal para mais perto ou mais longe. Da mesma forma que as lentes interferem, a iluminação também diz muito sobre a produção. Há vários dispositivos que podem ser úteis principalmente para montar um pequeno estúdio em casa ou na locação que será utilizada. Soluções caseiras funcionam muito bem como abajures, lanternas ou até mesmo a luz natural que entra por uma janela. A iluminação não serve apenas para conseguir captar as imagens em ambientes escuros, ela faz parte da linguagem. É possível utilizá-la para ressaltar objetos, dar um clima diferente à cena ou ainda para ajustar as cores. 59UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA 4.4 Sungun Na maioria das vezes, os sunguns são de LED. Eles podem ser acoplados na própria câmera e ainda dão a possibilidade de utilizar filtros com cor ou para deixar a luz de forma mais suave ou difusa. 4.5 Softbox Outro equipamento é o softbox que possui uma lâmpada cuja luz é refletida por uma superfície prateada e contém dois difusores, um próximo à lâmpada e o outro cobrindo a parte refletiva para deixar a iluminação mais ou menos difusa. Na internet, você encontra diversos vídeos explicando como fazer um softbox em casa. FIGURA 2 - SOFTBOX Fonte: Shutterstock. Disponível em: Studio Lighting Stands Flash Octobox Isolated: ilustrações stock 1913322661 | Shutterstock. Acesso em: 31 out. 2022. 4.6 Rebatedores No cinema e na fotografia, temos a opção de usar rebatedores que utilizam-se da luz natural ou a do local. Geralmente são dourados e prateados e servem para rebater a luz e iluminar mais diretamente o objeto principal. Vale lembrar também que, dependendo da forma que você direciona a iluminação ou a cor que você coloca nela, você passa diferentes informações e mensagens a quem está assistindo. Uma luz com foco na parte superior do rosto do ator, dá um ar de terror e medo. Se coloca mais de lado, de forma mais suave, traz uma delicadeza e transmite uma sensação boa. Tudo vai depender da mensagem que gostaria de passar a seus espectadores. Com ajuda da equipe desde o início, você pode sugerir ângulos e curvaturas na iluminação para chegar ao ponto desejado. Estude, analise e converse sobre com seus colegas de trabalho. 60UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/studio-lighting-stands-flash-octobox-isolated-1913322661 https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/studio-lighting-stands-flash-octobox-isolated-1913322661 61UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA 61 Uma das câmeras mais utilizadas em Hollywood até hoje tem nome: Arri Alexa. Compacta, mas muito po- tente, ela é a queridinha dos diretores por sua resolução impecável. Cinco dos filmes indicados ao Oscar em 2022 utilizaram a Alexa para transpor nas telonas do cinema toda sua história. Além disso, ela é tida como uma das câmeras mais duráveis, não tem histórico de superaquecimento ou de quebra fácil. Tudo isso faz com que ela seja uma das marcas mais tradicionais quando o assunto é a indústria do cinema. Para saber mais acesse: https://www.8milimetros.com.br/por-que-a-arri-e-a-camera-mais-usada-em-hollywood-ate-hoje/#:~:- text=Por%20fim%2C%20a%20ARRI%20Alexa,ind%C3%BAstria%20de%20cinema%20do%20mundo. https://www.8milimetros.com.br/por-que-a-arri-e-a-camera-mais-usada-em-hollywood-ate-hoje/#:~:text=P https://www.8milimetros.com.br/por-que-a-arri-e-a-camera-mais-usada-em-hollywood-ate-hoje/#:~:text=P 62UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA “A questão, portanto, não é apenas em que medida as diferentes tecnologias audiovisuais se estabeleceram a partir de modos de gravar e difundir imagens em movimento. É também a maneira como elas constituem diferentes níveis de simulação para a imaginação histórica, o que nos leva a pensar não apenas em como se faz a história através do audiovisual, mas também – e sobretudo – como os audiovisuais fazem história.” Fonte: HAGEMEYER, Rafael Rosa. História & audiovisual. Editora Autêntica. 1. ed. 2013. Disponível em: https:// plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192531/epub/0?code=wU/yz+zLKn0Gw7lcmCORXJpnyTt8lwK- 0jcSsh8/4ufqsOB+tJTPVmwlV1pbCRGXWmG5ghMSDGvo3fvi63/hMrA==. Acesso em: 31 out. 2022. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192531/epub/0?code=wU/yz+zLKn0Gw7lcmCORXJpnyTt8 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192531/epub/0?code=wU/yz+zLKn0Gw7lcmCORXJpnyTt8 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192531/epub/0?code=wU/yz+zLKn0Gw7lcmCORXJpnyTt8 63 Nesta Unidade pudemos acompanhar mais um pouco do processo da produção audiovisual. Falamos especificamente de fatores que fazem total diferença ao fim da obra. Se você não conhecia os bastidores do audiovisual, tenho certeza que se surpreendeu com todas as etapas antes da gravação propriamente dita. No primeiro tópico estudamos sobre a decupagem do roteiro, retirando dele todas as informações necessárias para a pré-produção, para sabermos ao certo exatamente o que iremos precisar em todas as esferas da obra. Um trabalho meticuloso que necessita de atenção e que facilita demais o trabalho. Na sequência, falamos sobre a produção e o papel do produtor. Muito se fala da notoriedade do diretorcomo sendo o grande responsável pelo resultado, mas vimos que o produtor e sua equipe são, na maioria das vezes, os mais importantes para o desenvolvimen- to e andamento do trabalho. Logo depois e não menos importante, pudemos descobrir um pouco mais sobre o protagonismo da captação de som e também da sonoplastia ou foley. Não só os diálogos são bem vistos em um filme, os sons secundários também contam a história e ajudam na criação do clima da narração. E para finalizar a Unidade III, falamos dos equipamentos de captação de imagem e os métodos de iluminação. Se você não utilizar câmeras com uma boa resolução ou então filmar em ambientes muito escuros, de nada vale uma boa pré-produção. Um filme é um conjunto de fatores que juntos, somam um resultado final incrível. Por isso, volto a dizer que a sétima arte é feita por uma junção de equipes e esforços, como uma engrenagem que depende de tudo estar alinhado para funcionar. Da mesma forma funciona uma produção audiovisual, cada um desempenhando sua função para que no final tudo se encaixe perfeitamente. Da próxima vez que assistir a um filme ou for convidado para a gravação de um material, lembre-se disso: ninguém faz nada sozinho no cinema. Reúna sua equipe, esteja pareado com o diretor, façam acontecer. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA 64 Neste artigo você encontra diversas formas de fazer iluminação e ainda cálculos e fórmulas que mostram o melhor ângulo de posicionamento para aquilo que pretende fazer. Vale muito a pena a leitura. Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16485/16485_6.PDF LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16485/16485_6.PDF 65 LIVRO Título: Ensaios Sobre Cinema Moderno Autor: Slavoj Žižek. Editora: Boitempo. Sinopse: Lacrimae Rerum reúne um conjunto de ensaios do autor sobre o cinema moderno, propondo um estudo sobre as motivações de diretores como - Krzysztof Kieslowski, Alfred Hi- tchcock, Andrei Tarkovski e David Lynch. Zizek mostra imagens, evidenciando como as histórias, mesmo que críticas, fornece um panorama da realidade FILME / VÍDEO Título: Edifício Master Ano: 2002. Sinopse: Edifício Master é um documentário brasileiro de 2002, dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho, sobre um antigo e tradicional edifício situado em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, que tem 12 andares, 23 apartamentos por andar, 276 apartamentos conjugados e em média 500 moradores no prédio inteiro. Em novembro de 2015, o filme entrou na lista fei- ta pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Link do vídeo: https://globoplay.globo.com/v/9146118/ MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA https://globoplay.globo.com/v/9146118/ 66 • Charles Chaplin é um dos mais renomados atores e diretores de cinema. Ele utilizava da iluminação como ninguém para criar um contexto para seus filmes. Neste artigo você encontra sugestões de filmes para assistir e analisar. • Link do site: https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/lista-10-filmes-para- -conhecer-charles-chaplin WEB UNIDADE 3 AUDIOVISUAL NA PRÁTICA https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/lista-10-filmes-para-conhecer-charles-chaplin https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/lista-10-filmes-para-conhecer-charles-chaplin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Cuidados com os arquivos; • Métodos de montagem; • Estilos de edição: edição linear e edição digital; • Principais softwares de edição cinematográfica. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar a pós-produção; • Compreender os tipos de montagem; • Estabelecer a importância da organização para a pós produção audiovisual. 4UNIDADEUNIDADE PÓS-PÓS- PRODUÇÃOPRODUÇÃO AUDIOVISUALAUDIOVISUAL Professora Esp. Aleksa Marques 68 Olá, aluno (a)!! Você está gostando do conteúdo estudado? Espero que sim. Na nossa última Uni- dade juntos vamos finalmente falar sobre a pós-produção de toda a sua obra, porque ela ainda não acabou. Ao longo dos estudos, vimos que o audiovisual é repleto de etapas, todas muito importantes, e que não devemos pular nenhuma delas: a união dos detalhes faz a força. Por isso, nesta Unidade IV, veremos a fundo como fazer a montagem de todos os takes e todo o material gravado. Afinal, nem tudo foi capturado na ordem de exibição e esse é o momento de agrupá-los da forma certa. No primeiro capítulo veremos alguns cuidados necessários com os arquivos e, logo depois, métodos de montagem e como fazê-lo. Neste momento, todas as anotações que o con- tinuísta fez são importantes, principalmente para balizar o editor quanto a ordem das filmagens. Seguindo o plano de ensino, falaremos sobre os estilos de edição. Cada diretor ou produtor tem sua maneira de organizar todo o material produzido e, por isso, há algumas formas de conduzir a montagem. Veremos duas delas. Na sequência, irei apresentar os principais softwares de edição que são de extrema importância para a execução final da obra. Se você não tem conhecimento sobre nenhum deles, não se preocupe, pois eles são bem intuitivos. Por fim, iremos arrematar tudo e finalizar nossa obra. E, neste momento, um filme passa pela sua cabeça, pois é o momento de assistir todo o trabalho feito desde o início, do roteiro à montagem. Por isso eu digo, se sua vontade é produzir algum filme, vídeo ou documentário: não desista! Assim como você não deve desistir dessa disciplina que já está quase no fim. Tudo na vida é questão de processos e muita paciência. Você está quase lá. Eu desejo uma excelente leitura e que o conteúdo mencionado aqui agregue em sua vida de criador audiovisual, pois essa é uma vida sem volta. A partir do momento que você é picado por esse mundo, você nunca mais o deixará. Bons estudos! INTRODUÇÃO UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 1 CUIDADOS COM OS ARQUIVOS TÓPICO UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Bem antes de se pensar na montagem de sua obra, um detalhe não pode passar despercebido durante as gravações. Logo no primeiro dia de filmagem, com certeza você terá muitos arquivos pesados de áudio e vídeo para salvar em seu computador. Cada vez que se aperta o botão da câmera ou do celular, um novo arquivo é gerado e soma às centenas de megabytes que você terá. É muito comum e justificável ficar perdido neste momento. Isso porque os arquivos geralmente são pré-nomeados como “VID_001.mp4”, por exemplo. Além disso, um cartão de memória cheio pode interromper a gravação de uma cena que estava indo muito bem ou então uma que só poderia ser capturada em take único. Mas então o que fazer para evitar esse tipo de problema? Organize um fluxo de trabalho. Trabalhar sempre da mesma maneira pode ajudar a evitar muitas dores de cabeça e não deletar arquivos sem querer.Uma sugestão é ter um notebook na locação do dia e ir esvaziando os cartões con- forme as gravações vão acontecendo. Copie todos os arquivos em pastas nomeadas com o máximo de informações possíveis como dia, local, nome das cenas, algo que faça sentido. Separe as cenas em diferentes pastas conforme for identificado na pré-visualização. Faça isso com o vídeo e com o áudio, sempre dando os mesmos nomes para os arquivos iguais. Áudio da cena 1 com vídeo da cena 1. Por exemplo: Cena 03- tomada 2 - ok. Assim que tudo estiver copiado e renomeado, dê o play nos arquivos e confira se o áudio foi captado corretamente ou se algo não deu certo. É melhor conferir naquele momento em que a cena ainda está montada, todos os atores e equipe estão ali. Depois pode ser tarde demais. Se tudo estiver ok, na sequência formate o cartão e use novamente para as próximas tomadas. UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Se você estiver gravando com seu celular, faça o mesmo processo de descarregá- -lo de tempos em tempos e, de preferência, não espere ele ficar com a memória cheia evita muitos problemas. Talvez você só consiga transferir os arquivos quando chegar em casa, mas certifique-se de olhar um por um para ver se não há nada corrompido. Outro ponto para não esquecer: grave todos os arquivos com o mesmo formato para não haver conflito no momento da edição. Veja qual mais se adeque a sua realidade e da sua máquina de edição. Não adianta gravar em 4k se seu computador não suporta. Es- colha uma forma de manter todos com qualidade e que não sejam extremamente pesados. Mais um detalhe importante é a forma de transferência dos arquivos. Evite enviar por aplicativos de mensagens ou redes sociais, pois eles baixam muito a qualidade e dei- xarão seu filme muito aquém do que você gostaria. Prefira pendrives, HDs ou sites que transfiram o arquivo original. Por fim, e não menos importante: faça um backup dos arquivos todos os dias no final das gravações. Ter essa cópia de segurança faz com que você tenha uma maior tranquilidade caso o arquivo original suma, por exemplo. Copie para outro computador ou HD e certifique-se de que tudo esteja abrindo corretamente. O importante é que você tenha uma segunda opção caso algum imprevisto aconteça. 70 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 2 MÉTODOS DE MONTAGEM TÓPICO UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Antes de falar da edição propriamente dita, precisamos entender um pouco sobre a história desse tipo de linguagem. Segundo Moletta (2019, p. 13), os princípios fundamen- tais da montagem audiovisual começaram junto com o início do cinema com diretores como David Griffith e os cineastas Dizga Vertov, Lev Kuleshov e Serguei Eisenstein. Um dos mais emblemáticos e pioneiros, Griffith criou novos planos de corte ao perceber que seu cameraman filmava de formas diferentes. Nesse período, o cinema tinha a caracterís- tica de filmar a cena toda sem corte algum, como se fosse um plano sequencial de teatro, e o plano mais utilizado era o aberto, sem muitos closes ou enquadramentos inovadores. Griffith também foi o inventor da montagem paralela, que mostrava ao mesmo tempo duas ações acontecendo em momentos e locais diferentes na história. Isso tudo gerou uma es- pécie de revolução nas filmagens e trouxe dinamismo às narrativas e na forma de montar o filme. Inspirados por Griffith, Lev Kuleshov, Dziga Vertov e Serguei Eisenstein perceberam que poderiam transmitir ideias diferentes se mudassem a montagem do filme. Chamada de montagem intelectual, essa característica contava a história do filme além de determinar o ritmo da narrativa, a profundidade e a dramaticidade. Como todas as linguagens, a edição e a montagem naturalmente evoluíram com o passar dos anos. A popularização de softwares de edição e seu fácil acesso permitiram um aprendizado fácil também para quem grava e produz criações audiovisuais ou vídeos para a internet. Antigamente eram necessários rolos e mais rolos de filme e técnicas delicadas de corte e montagem manual. Um enorme desafio, pois um corte no local errado poderia acabar com a cena. UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Mas como podemos definir uma edição? Segundo Moletta: edição é retirar trechos para tornar o volume total menor e melhor, a fim de que o público assista somente ao necessário. Editar é tornar seu vídeo mais interes- sante e dinâmico para quem assiste, retirando as partes chatas, erros e aquilo que não nos interessa e adicionando informações complementares, como áudio, textos, imagens gráficas e legendas que ajudem na transmissão de conteúdo e na comunicação direta com o espectador (MOLETTA, 2019, p. 13) E, para isso, alguns fatores são de extrema importância. 2.1 Organização Vimos ao longo dos capítulos que ser organizado em todas as etapas é essencial, na edição não seria diferente. O editor é responsável por armazenar inúmeras cenas, diversas trilhas, imagens, sonoplastia, sincronização dos efeitos sonoros, textos, legendas e uma infinidade de processos. E se tudo isso não estiver extremamente organizado, a chance de dar errado é grande. A primeira dica é organizar tudo em pastas dentro do computador: nomeie os ar- quivos de acordo com o nome da cena, prepare os textos da forma que eles irão entrar, organize por datas. Tudo isso irá facilitar o seu próximo passo, o projeto. 2.2 Projeto de edição Vale lembrar que o projeto ainda não é o filme. Ele é um arquivo em uma plataforma digital, num ambiente virtual, que será utilizado para manipular a ponto de transformar as imagens captadas em cenas. Depois de pronto, ele precisa ser salvo e renderizado em uma nova pasta como um novo arquivo de vídeo. Isso significa que, quando você editar um vídeo, o arquivo original não sofrerá alterações, apenas servirá de base para um novo. 2.3 Recursos da Edição Há infinitas possibilidades de recursos durante a edição de um projeto. Porém, quatro deles são mais utilizados: corte seco, que é quando cortamos uma parte do vídeo anterior e juntamos ao próximo vídeo no ponto determinado; transição por fusão ou cros- sfade, que é quando uma imagem, aos poucos, vai se transformando na próxima ou se dissolvendo na tela. Temos o fade-in, que é utilizado para fazer com que uma tela escura se transforme em uma imagem de forma gradativa; fade-out é o contrário e faz com que a imagem desa- pareça devagar. Basicamente são estes os efeitos utilizados, com a criatividade você pode transformá-los em efeitos incríveis. 72 UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 2.4 Primeiro corte Este é o momento de importar todo o material bruto que foi gravado e começar a montar o quebra-cabeça na sequência que se deseja, cortar o indesejado e unir as cenas. Parece muito simples, mas é um processo bem trabalhoso. Esse primeiro corte é necessá- rio para que todos consigam ver e compreender a obra, para fazer a prova real a respeito do conteúdo e ver se realmente faz sentido. Se tudo estiver nos conformes, é o momento de seguir em frente. 2.5 Segundo corte Aqui é possível inserir a trilha sonora e fazer ajustes básicos no corte para dar ritmo às cenas. Há também a possibilidade de inserir efeitos, legendas, inserções gráficas entre outros recursos. Neste momento é comum fazer mais alguns ajustes nas cenas, acrescentar ou cortar imagens, transferir trilhas ou reorganizar fusões. Se estiver satisfeito já neste segundo corte, ótimo. Caso haja a necessidade de um terceiro, não se preocupe. O importante é a obra ser finalizada conforme o gosto de todos. 2.6 O tempo Um outro elemento muito importante é saber trabalhar com o tempo dentro da nar- rativa. Saber a hora de deixar um silêncio, um corte mais longo, um suspense, uma entrada mais rápida, a duraçãoda cena, tudo faz parte da história a ser contada. Ter esse feeling requer às vezes anos de prática associada à prática do dia a dia e à sensibilidade criativa. 2.7 Renderização Chegamos aos processos finais, a parte de transformar o projeto de edição em uma obra audiovisual. Na renderização, todos os efeitos e elementos inseridos se transformam em um único arquivo e estará pronto para ser publicado e exibido nas plataformas e nas telas. 2.8 Exportando o projeto Feita a renderização, exportar o projeto é o último passo. Acompanhe a exportação até o fim para se certificar de que nada de errado irá acontecer. Ao longo do projeto faça inúmeras cópias e backups para ter certeza de que pode recorrer a outros recursos na pior das hipóteses. Depois dos 100% exportados, é hora de divulgar e espalhar seu projeto aos quatro cantos. Feito isso, reflita sobre o que é realmente necessário para a narrativa do filme. Por exemplo, se você quer que o espectador conheça o personagem, mostre os aspectos da vida dele com mais detalhes. Se você quer dar ênfase ao local, utilize planos mais abertos. A dica geral para a montagem ficar dinâmica é: desapegue. Você pode até ter gostado daquela tomada, mas se ela não faz sentido e deixa a sequência entediante, corte. 73 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 3 ESTILOS DE EDIÇÃO: LINEAR E EDIÇÃO DIGITAL TÓPICO UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL De acordo com Canelas (2010, p. 04) há dois sistemas de edição que são os mais utilizados hoje em dia: o linear e o não-linear ou digital. O acesso a todo o material desde o início e como você fará a ordem disso tudo são conceitos básicos que definem e diferen- ciam os dois modos. Por exemplo, no sistema linear, o editor precisa visualizar todo o material captado, geralmente em fitas VHS, para montar o projeto. Por isso, ele precisa assistir tudo antes de começar, pois não há uma forma de ir e voltar sem passar por todos os outros takes. A edição linear, portanto, exige muito mais atenção e também planos de ação, pois o processo de mudança exige ainda mais organização, pois um erro seria fatal para o projeto. Já no sistema de edição não-linear ou digital, isso tudo muda completamente. Como as imagens estão armazenadas em HDs, em pastas diferentes ou até mesmo na nuvem, o editor pode ir diretamente no plano em que deseja e fazer as alterações pretendidas, sem ser necessário assistir tudo para chegar naquele ponto específico. Devemos isso à evolução dos equipamentos e sistemas de edição que passaram por diversas modificações ao longo das décadas. Veremos agora cada uma das técnicas de edição mais a fundo. UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 3.1 Edição de vídeo linear Neste sistema, o processo de seleção, ordenação e modificação é feito de forma se- quencial e já pré-determinada independente de como as imagens foram capturadas. Se tiver sido feito em fitas de vídeo, por exemplo, o acesso às fotogramas é necessariamente sequencial. Ainda antes disso, esse método de edição era mais complicado, pois não existia um sistema de identificação até o desenvolvimento do código de tempo, o timecode, que mostra as horas, minutos, segundos e frames (00:00:00:00). Segundo Canelas (2010, p. 05) “[...] essa invenção permitiu um grande avanço no campo da edição de vídeo, porque não só permitia a identificação de frames, como também facilitava o seu acesso”. Além disso, esse processo permite você saber a duração dos qua- dros com precisão, a união dos fotogramas com perfeição e também a troca de sistemas de edição sem perda na continuidade. Dentro da edição linear, existe ainda a edição por insert e a edição por ensamble. O que diferencia uma da outra é o tratamento que é dado à pista de trabalho. Na edição por insert a pista de trabalho permanece inalterada e o editor utiliza tudo o que foi gravado anteriormente. Já na edição por ensamble, os sinais de vídeo e de áudio, o código de tempo e a pista têm obrigatoriamente de ser gravados de forma simultânea. Canelas (2010, p. 06) destaca a edição linear por insert a mais vantajosa pois nela há: [...] a eliminação de saltos e distorções na imagem resultantes da irregulari- dade da pista de controlo; a possibilidade de editar imagem e som de forma independente, podendo montar primeiro as imagens e, só posteriormente, o áudio ou vice-versa; por último, permite fazer um insert, quer dizer, é possível trocar um plano ou uma cena em qualquer ponto da fita sem ter de transcre- ver a fita inteira e sem prejudicar o que já está gravado, desde que as novas imagens e/ou sons sejam recolocados com a mesma duração das imagens e/ou sons que estão a ser substituídos. 3.2 Edição de vídeo não-linear ou digital A edição digital transformou radicalmente os processos de produção de cinema e do audiovisual como um todo. Conseguimos instalar softwares de edição na grande maioria dos computadores, salvar os arquivos em plataformas diferentes e ver e rever quantas vezes forem necessárias. Mas nem sempre foi assim. O desenvolvimento dos sistemas de edição digital teve início na década de 1970 apenas, e foi evoluindo para chegar ao que conhecemos hoje. Canelas (2010, p. 10) aponta como características principais desse tipo de edição as plataformas digitais, os sistemas que permitem o acesso aleatório ao material gravado possibilitando assim, o acesso imediato a qualquer ponto da gravação. Além disso, são sistemas não-destrutivos, pois na medida em que o editor não exe- cuta nenhuma edição, ele não afeta fisicamente o material bruto. E caso precise, ele pode acessar novamente na pasta de origem o vídeo se acidentalmente for apagado do projeto. 75 UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Canelas (2010, p. 10) ainda traz as vantagens do sistema não-linear. Uma delas é o acesso aleatório do material audiovisual bruto ou editado, pois a procura das imagens e dos sons é muito mais rápida. Caso precise editar algo depois de já finalizar o corte, é possível fazer sem nenhuma dificuldade e quase que instantaneamente. É possível alterar, a qualquer momento, a ordem das cenas, acrescentar ou tirar planos sem muitos problemas e sem a necessidade de fazer tudo do zero, como na edição linear por exemplo. Não há perigo da fita queimar ou dobrar, pois esse tipo de material não é utilizado. Ainda sobre os benefícios desse método em relação ao sistema linear foi a evolução do processo de duplicar o material para discos digitais, mantendo a qualidade do material original e editado, não tendo a opção de se tornar pior ao passar para uma outra fita, por exemplo. Entre outras tantas vantagens, a possibilidade de realizar diversas experimenta- ções ao longo da edição fascina os diretores de cinema. 76 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 4 PRINCIPAIS SOFTWARES DE EDIÇÃO CINEMATOGRÁFICA TÓPICO UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Se você acha que precisa de um software de edição que custa milhões de reais, você está muito enganado. A edição, a princípio, não necessita de programas caros ou sofisticados demais. Se você não está habituado a editar, faça testes. Baixe programas gratuitos e vá experimentando até se familiarizar com algum. Todos os programas têm uma interface parecida que conta, basicamente, em uma linha do tempo na qual você irá jogar os arquivos e trabalhar nela e a pré-visualização das imagens. FIGURA 1 - INTERFACE PROGRAMA ADOBE PREMIERE Fonte: HelpX Adobe. Resumo de recursos | Premiere Pro (versão de abril de 2022). 2022. Disponível em: https://helpx.adobe.com/br/premiere-pro/using/whats-new/2022-3.html. Acesso em: 03 nov. 2022. https://helpx.adobe.com/br/premiere-pro/using/whats-new/2022-3.htmlUNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Um dos mais utilizados para edição de vídeos é o Adobe Premiere. Você precisa pagar para utilizá-lo em seu computador, mas não é muito caro. Há opção de pagar anual- mente por todo o pacote Adobe ou mensal para utilizar alguns especificamente. Além disso, a Adobe fornece um mês grátis de teste para você ver se consegue se acostumar. Outros dois softwares que são gratuitos são o iMovie, ofertado pela Macintosh, e o Movie Maker, disponibilizado pelo Windows no computador. A interface destes dois programas são muito intuitivas e fáceis de se utilizar. Neles você consegue inserir e cortar os vídeos, colocar efeitos, letras e fazer edições básicas. Outro software bastante utilizado por Youtubers e criadores de conteúdo é o Sony Vegas Pro. Ele é descomplicado de usar e conta com inúmeros recursos de edição além da excelente qualidade. Ele é fácil de mexer e tem compatibilidade com diferentes formatos. Uma desvantagem é a falta de recursos amplos de pós-produção, por exemplo. Se você estiver editando com um tablet, pode utilizar uma opção gratuita como o Filmorago ou então aplicativos de edição no próprio celular. Lembrando que editar em um computador torna a edição muito mais fácil, pois a utilização de uma tela maior facilita e muito todo o processo. O Adobe Premiere Clip é um app que você pode utilizar gratuitamente e ele é um complemento do Adobe Premiere. Nele você pode fazer cortes, adicionar trilhas gratuitas dis- ponibilizadas pelo próprio software, mas em algum momento terá que migrar para o Premiere em si para finalizar sua edição. Se você tiver orçamento disponível para comprar um software, há opções como Hit Filme e DaVinci. Este último lhe oferece opções complexas de correção de cor e utilidades que você só encontra nele. Ambos os programas têm suas versões gratuitas, mas são limitadas, porém ainda sim são mais avançadas que os programas ofertados para o público amador. Para quem não tem verba ou simplesmente prefere uma opção gratuita, o Openshot e o Shotcut são ferramentas ótimas e muito similares aos editores pagos. E se você já quer começar utilizando um software profissional que oferece ainda mais recursos, sugiro o Vegas (para Windows) e o Final Cut (para Mac) ou ainda o Adobe Premiere em sua última versão para ambas as plataformas. De acordo com Peruyera (2020, p. 138), estes últimos programas são utilizados até em produções milionárias como é o caso do seriado MindHunter e, por si só, oferece recursos muito úteis. Se seu filme tiver efeitos especiais ou se você quiser acrescentar alguma animação, você pode utilizar o After Effects que é o mais popular e conhecido. Se não quiser pagar por ele, pode usar o Natron, por exemplo. 78 UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Outros programas que podem ser úteis para você são o HandBrake, que é gratuito e serve para converter formatos de vídeo; editores de áudio como o Audacity, também gratuito e específico para isso, além de inúmeros outros que você encontra disponíveis na internet. Independente do software que você escolher, esteja ciente de que você precisa dominar a edição. Saber o que está fazendo e como fazer o que o diretor pedir é um dos itens fundamentais. Não adianta ter o melhor computador com o software de edição de última geração se você não investir no treinamento para isso. 79 UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 80 Se você é uma pessoa antenada nas redes sociais e gosta de animação, esse vídeo é para você. Um curta- -metragem de 2009 fez muito sucesso nas plataformas digitais após a utilização de blocos de papéis para a criação de um stop motion. Centenas de fotos unidas para juntas formarem um vídeo encantador. O curta foi produzido e dirigido pelo taiwanês Bang-Yao Liu para sua graduação em Artes e Design. O resultado você confere no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=BpWM0FNPZSs Antes de fazer o corte final de seu material, peça para alguém de fora da produção assistir e pergunte o que ela entendeu a respeito do que acabou de ver. Se a resposta for de acordo com seus pensamentos iniciais e objetivos, seu filme foi feito com sucesso. Fonte: A autora (2022). https://www.youtube.com/watch?v=BpWM0FNPZSs 81 CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Chegamos ao final do nosso processo de criação e produção audiovisual. O pro- cesso de montagem e edição são os últimos antes da distribuição e veiculação do material. E olha que passamos por longas etapas para chegar até aqui. Em síntese, pudemos observar a importância da organização e dos cuidados em todas as etapas. Começando pelo carinho com os arquivos. Precisamos sempre trabalhar com a possibilidade do pior, de tudo sumir ou perdermos todo o material bruto, por isso sempre faça backups em vários dispositivos e plataformas diferentes. Logo na sequência, vimos os métodos de montagem do filme. Tudo faz parte da narrativa da sua produção e, a maneira de montar também conta a história. O ritmo, as cores, o tom da música, tudo engloba seus aspectos editoriais e precisa ser bem pensado antes de finalizado. Vimos também que há dois métodos diferentes de edição, um utilizado mais nas décadas anteriores quando as fitas eram o meio de gravação e outro da era digital. A diferença básica entre eles é a possibilidade de poder ir e vir na ilha de edição para as infinitas experimentações durante a montagem do seu filme. Por fim, mas não menos importante, estudamos os diferentes softwares de edição utilizados ultimamente. Como dito, não adianta você ter tudo de última geração se você não souber operar a máquina. Invista em cursos de aprimoramento sempre que precisar, um profissional antenado conta muito nas produções audiovisuais, pois há sempre algo diferente para acrescentar na edição para que o filme fique ainda mais interessante. O processo da montagem é de extrema importância até chegar no corte final. Mudan- ças podem ser feitas a todo momento para que as cenas façam mais sentido e o editor é uma pessoa fundamental nesse momento, pois tem um olhar diferenciado do restante da equipe. Enfim, espero que você tenha gostado da nossa última Unidade juntos e que tenha aprendido um pouco mais sobre esse mundo tão encantador do audiovisual. Espero ter ajudado e até a próxima! 82 LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Se você já é craque na edição, sugiro que leia esse livro sobre a técnica de Stop Motion. Todos os dias temos contato com produções audiovisuais que utilizam desse méto- do para dar mais vida e chamar a atenção do espectador. Vale a pena a leitura. Fonte: CARVALHO, Anna Letícia Pereira. Stop Motion. Editora Intersaberes. 1. ed. 2022. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/201650/pdf/0?co- de=sJKRauqUxNjkB8NgTDh+IwpFKbdQb7d1mPqjjsBBmcWMR1A3+SQRHrGq+THNfvi- JUHqdB01Rk1rn2sLcEH8iOg==. Acesso em: 05 dez. 2022. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/201650/pdf/0?code=sJKRauqUxNjkB8NgTDh+IwpFKbdQb7d1mPqjjsBBmcWMR1A3+SQRHrGq+THNfviJUHqdB01Rk1rn2sLcEH8iOg== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/201650/pdf/0?code=sJKRauqUxNjkB8NgTDh+IwpFKbdQb7d1mPqjjsBBmcWMR1A3+SQRHrGq+THNfviJUHqdB01Rk1rn2sLcEH8iOg== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/201650/pdf/0?code=sJKRauqUxNjkB8NgTDh+IwpFKbdQb7d1mPqjjsBBmcWMR1A3+SQRHrGq+THNfviJUHqdB01Rk1rn2sLcEH8iOg== 83 MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL LIVRO Título: Adobe Premiere: Guia de iniciação Autor: Navin Kulshreshtha. Editora: Ebook Kindle. Sinopse: Um livro com o básico da edição do Premiere para todos aqueles que querem saber ainda mais sobre esse mundo mágico do Adobe Premiere. Lições desde os primeiros passos até os efeitos mais elaborados e complexos para você que quer deslanchar nas edições de produções audiovisuais sejam elas vídeos para as plataformasdigitais ou filmes para as telas de cinema. FILME / VÍDEO Título: Cinema Paradiso Ano: 1988. Sinopse: Cinema Paradiso é quase um clássico para quem quer conhecer um pouco mais sobre a história do cinema. Enquanto sua trama se desenrola, em Roma e no local que dá nome ao filme, vemos a paixão de Salvatore, o protagonista que também é um cineasta, pelas obras e como elas o faziam sentir. Retrata bastante sobre o desencadeamento de emoções, lembranças e sensações que uma pessoa pode ter enquanto assiste a um filme e aproveita toda a experiência que ele pode proporcionar. 84 WEB UNIDADE 4 PÓS - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL • Neste vídeo explicativo você vai aprender mais sobre o papel da edição para o sentido do seu filme. • Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=qm8J4Ib6z4w&ab_channel=AvMakers https://www.youtube.com/watch?v=qm8J4Ib6z4w&ab_channel=AvMakers 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADELMO, Luiz. Sessão de Terapia: desenho de som detalhado por Luiz Adelmo. Abcine. Disponível em: https://abcine.org.br/site/sessao-de-terapia-desenho-de-som-detalhado- -por-luiz-adelmo/ Acesso em: 26 set. 2022. ALEXANDRE, Douglas; GALVÃO, Guilherme. Em “Império”, a escada da sala do comendador rouba a cena do ambiente. Saiba como valorizar a sua na decoração. Extra. 2021. 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Profissionais do cinema: Designer de Produção. s/d. Disponível em: https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/profissionais-do-cinema-designer-de-pro- ducao. Acesso em: 19 out. 2022 GAMBINI, Bruna Carolina Viana. Produção de objetos na direção de arte: Estudo do caso filme “Super Pai”. 75 pág. Graduação em Comunicação Social com habilitação em radialismo. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”) 2014. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/ handle/11449/126697/000841745.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 09 out. 2022. HAGEMEYER, Rafael Rosa. História & audiovisual. Editora Autêntica. 1. ed. 2013 (BI- blioteca Virtual). Acesso em: 07 nov. 2022. Disponível em:https://plataforma.bvirtual.com. br/Leitor/Publicacao/192531/epub/0?code=wU/yz+zLKn0Gw7lcmCORXJpnyTt8lwK0jcS- sh8/4ufqsOB+tJTPVmwlV1pbCRGXWmG5ghMSDGvo3fvi63/hMrA==. Acesso em: 31 out. 2022. HELPX. Resumo de Recursos Premiere Pro. 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Edição, pós-produção e direção de arte. São Paulo: Editora Saraiva, 2021. E-book. ISBN 9786589965183. Disponível em: https://integrada. minhabiblioteca.com.br/#/books/9786589965183/. Acesso em: 08 out. 2022. RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção: para quem gosta, faz ou quer fazer cinema. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2007. SHUTTERSTOCK. Disponível em: Interior bonito e grande sala de Foto stock 328384091 | Shutterstock STEFANONI, Rosana. Foley no Brasil. STEFANONI, Rosana. Foley no Brasil. pág. 128. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Dissertação para a Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes. 2014. Disponível em: https:// www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-26052015-121357/publico/ROSANAS- TEFANONIIWAMIZUVC.pdf. Acesso em: 31 out. 2022. YAHN, Camila. Conheça os bastidores para a criação do figurino da série milionária “The Crown”. FFW. 2016. 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Ao longo das Unidades, vimos um pouco sobre os bastidores, processos de pré-produção, os afazeres durante as gravações e a finalização. Tudo parece difícil, mas conforme vamos estudando, vemos que tudo é questão de organização e cuidado. Na Unidade I vimos um pouco da história do cinema e como surgiu a necessidade de os artistas da época mostrarem seu lado criativo, que ia além da fotografia. Nesta Unida- de ainda entendemos um pouco mais sobre os primeiros passos de um projeto audiovisual e como pré-produzir tudo. Na Unidade seguinte estudamos os processos de casting, que é a escolha dos atores principais e figurantes. Além disso, vimos também a importância de escolher locais condizentes com nosso roteiro e a relevância da equipe de direção de arte que é responsá- vel por tudo o que está na cena. E por último a função do continuísta, que fica a cargo de anotar todos os detalhes das gravações para quando a gravação é feita de forma não-linear. A Unidade III entendemos mais sobre a decupagem do roteiro que é uma das mais importantes fases iniciais para se organizar um projeto. Ficamos sabendo sobre a função da equipe da produção e do próprio produtor, figura central de um filme ou vídeo, junto aos diretores. E como se trata de um projeto audiovisual, vimos separadamente a ancoragem do áudio e também da imagem. Um sendo somado ao outro e não podendo ser esquecidos, em hipótese alguma, na hora das gravações e na finalização. Dê ênfase na qualidade dos dois para um melhor resultado e, se conseguir, utilize o foley para dar mais veracidade ao seu produto. A última Unidade ficou por conta da pós-produção. Aprendemos técnicas de mon- tagens, cuidados com nossos arquivos para facilitar a edição e se precaver de possíveis problemas, além de criatividade e carinho no momento da edição. Lembre-se que é impor- tante um bom profissional para que seu filme tome a forma que você imaginou. Com isso, você conseguiu ter uma ideia de como fazer um projeto audiovisual de sucesso. Seja de baixo orçamento ou um filme milionário, os dois necessitam de organização, cuidado e dedicação. Não é tão simples como imaginamos, mas se você seguir as orientações dos profissionais e der o seu melhor, sem dúvida terá um resultado final muito bom. Espero ter acrescentado conhecimento ao seu dia a dia e que, se você for trabalhar na área, tenha muito sucesso na carreira profissional. Se for utilizar para filmes caseiros, a dedicação deve ser a mesma. Faça bem feito para fazer sempre. Continue estudando, pois conhecimento não ocupa espaço. Até logo da professora Aleksa Marques. ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE Praça Brasil , 250 - Centro CEP 87702 - 320 Paranavaí - PR - Brasil TELEFONE (44) 3045 - 9898 Shutterstock _GoBack Site UniFatecie 3: Botão 11: Botão 10: Botão 9: Botão 8: Unidade 1: Unidade 2: Unidade 3: Unidade 4: Site UniFatecie:eram seus objetivos iniciais. É sempre de muita valia entender a origem para dar continuidade ao processo histórico. Veremos a partir de agora a fase inicial de uma produção audiovisual: a pré-produção que é a fase criativa e estrutural, além de entender um pouco mais sobre o roteiro. Logo na sequência, entraremos no mundo do storyboard para planejar e pensar nos enquadramentos das cenas de seu produto. Ao final desta Unidade, mas não menos importante, falaremos sobre o orçamento e também sobre a definição de sua equipe. Ninguém faz nada sozinho, certo? E quanto mais pessoas a fim de um resultado incrível, melhor para o seu projeto. O mundo do audiovisual te dá infinitas possibilidades e cabe a você usar todo o conhecimento que irá adquirir para arrasar em suas produções. Está preparado para um caminho sem volta? Prepare-se para se apaixonar por este conteúdo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1 AUDIOVISUAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO A sétima arte, ou o cinema, surgiu em uma época em que a industrialização e a urbanização das cidades estavam ampliando a comercialização das artes e das comunica- ções e, o público, estava se acostumando a isso e buscava sempre mais. O ano era 1895 em um café em Paris com os irmãos Lumière com a exibição públi- ca do cinematógrafo a empresários e artistas da cidade. O cinematógrafo consistia em um aparelho portátil que agregava uma máquina filmadora, uma de revelar e a outra de projeção. Não poderia ser diferente: a invensão que a princípio pareceu assustadora, caiu no gosto de todos e logo começaram a aparecer os primeiros filmes. O evento causou a euforia dos trinta e poucos espectadores que pagaram para ver a exibição do primeiro filme e, de boca em boca, a notícia se alastrou. Mal sabiam que em pouco tempo aquele feito artístico se transformaria em uma indústria multimilionária e conquistaria o mundo. O filme exibido foi o “La Sortie de l’usine Lumière à Lyon, 1895 par Louis Lumière” que mostrava a saída de alguns trabalhadores da fábrica Lumière. No mesmo ano, os irmãos fizeram outro filme: o “The Sprinkler Sprinkled”, uma comédia. Seis meses depois, os Lumière projetaram seu primeiro filme, o “Vitascope”. O café em Paris em que a exibição foi feita é considerado o berço do cinema mundial. FIGURA 1 - FOTOGRAMA DO PRIMEIRO FILME DOS IRMÃOS LUMIÈRE, “LA SORTIE DE L’USINE LUMIÈRE À LYON” (A SAÍDA DA FÁBRICA LUMIÈRE EM LYON) Fonte: OLIVEIRA, T. B. De outros tempos. 2022. Disponível em: https://www.turismoehistoria.com/post/de-outros-tempos. Acesso em: 24 set. 2022 Mas o audiovisual não consiste apenas em cinema. Podemos encontrar diversos produtos culturais que cabem no conceito de audiovisual como por exemplo as animações, os jogos, clipes musicais, vídeos no geral e muito mais. Cada um deles possui sua própria história, seu desenvolvimento técnico, suas lin- guagens, forma de exploração comercial e impacto social. Os historiadores utilizam-se de registros audiovisuais como fonte de informação, objeto de análise ou para diversos outros estudos no qual faz valer a representação imagética e histórica do conteúdo. Sobre a animação, por exemplo, podemos afirmar que pode ser considerada a filha do cinema de diversas formas: “[...] inter e transdisciplinar, o cinema e as narrativas audio- visuais enriqueceram a produção das culturas, contra culturas e subculturas, promovendo cidades, pessoas, comércios, governos, produtos, ideias e ideais” (PERUYERA, 2020, p. 21). Estudiosos costumam apontar o início do cinema como a fase dos primeiros ci- nemas, pois os entusiastas da época testavam os novos limites e tentavam, de várias maneiras, criar experiências diferenciadas para as telas e para o audiovisual. De filmagens de peças de teatro a eventos esportivos, óperas e truques de mágica. De eventos cívicos e ficção: todas as produções foram constituindo um estilo de linguagem cinematográfica que, aos poucos, foi se transformando na prática que vemos hoje. 9UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL https://www.turismoehistoria.com/post/de-outros-tempos Peruyera (2020, p. 21) afirma que a linguagem audiovisual emergiu como discurso midiático que se organizava em imagem e som. A prática foi utilizada intensamente para narrar a história do lugar, as atrações turísticas, como registro documental, histórico e científico, como forma de entretenimento, berço das animações, difusão da estética e das ideologias de uma época. Ele nos faz pensar e repensar o real, analisar, ter emoções, representar, criar ilu- sões, lugares e pessoas. Não à toa, o cinema é considerado a sétima arte e é mundialmente divulgado e difundido. Quantas vezes você já foi a uma sala de cinema e pensou em seu primórdio? A reflexão é válida. Ao longo dos anos, todas as outras formas de se fazer uma produção audiovisual foram exploradas e melhoradas a partir da utilização de tecnologia e técnicas. No próximo tópico abordaremos questões relativas à preparação de um projeto audiovisual como um todo: do momento da ideia, sua execução e a finalização. Há diversas maneiras de fazer isso, mas você irá aprender da forma feita pelos grandes diretores e estúdios. Trataremos de técnicas extremamente profissionais que podem ser adaptadas à realidade amadora. 10UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 PRÉ - PRODUÇÃO E ROTEIRO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO Digamos que você já tem a ideia de seu vídeo ou filme em mãos. Qual o próximo passo? Antes de sair captando as cenas sem nenhum tipo de distinção (a ansiedade é grande, eu sei), precisamos sentar e fazer o planejamento inicial. Nele devemos levantar o orçamento e quanto dinheiro disponível você tem para a execução. Tendo o valor, você o subdividirá em três pontos: pré-produção, produção e pós- -produção. Alguns autores gostam de deixar estabelecido os custos fixos como salários da equipe, custos com cenários e equipamentos, também os custos variáveis como cachê dos autores e diretos e custos indiretos como seguros e impostos caso sua produção seja maior. A pré-produção inclui custos de elaboração do roteiro, do storyboard e a construção dos sets de filmagem, que são os cenários. Os custos de produção incluem salários da equi- pe, equipamentos, viagens se necessária, além de alimentação, transporte e hospedagem. Já na pós-produção seus custos podem ser variáveis, mas se deve ter em mente a edição, o tratamento de som e imagem, e custos extras com traduções e legendas. Mas se seu planejamento for bem feito, você não terá grandes surpresas. Se a sua produção audiovisual é caseira e não tem orçamento, você pode pegar emprestado, fazer uma ação conjunta com amigos para a produção dos cenários e atores. O autor Peruyera (2022, p. 50) embasado em Kellison (2007) elenca alguns pontos nos quais se devem pensar ao se fazer o planejamento: locação (que são os lugares a se- rem filmados), o período do dia, elenco, figurinos, cenário, elementos cenográficos, efeitos especiais, cabelo e maquiagem, equipamentos, veículos, animais, efeitos sonoros. Usare- mos tudo isso para as produções caseiras, mas são os itens considerados para produções profissionais. Veremos mais detalhadamente cada um. 2.1 Locação Partindo do princípio que vamos fazer uma produção caseira e que não temos verba, é pouco provável que você monte cenários grandiosos. O ideal é buscar lugares já existentes como a sala de casa, a praça da cidade ou prédios públicos. É ideal, neste caso, pedir autorização do órgão responsável parao uso do local. 2.2 Período do dia É importante pensar em tudo isso para saber em quais momentos é melhor de gra- var por conta da intensidade da luz. Se começar a gravar às 8h da manhã e a cena for muito longa, perto do meio dia, o sol já é diferente. À noite você precisará de uma iluminação forte e outros recursos para fazer a captação. O clima também precisa ser analisado: se o roteiro diz um dia ensolarado, não pode ser gravado em dias de chuva. 2.3 Elenco Em produções amadoras, normalmente amigos e familiares fazem parte do elenco. Pense no perfil dos personagens e convide a pessoa certa para executá-los. Tenha em mente que eles não são atores profissionais e que pode haver dificuldade em conseguir a interpretação desejada. Lembre-se de elaborar um termo com autorização de uso de imagem de todos os participantes. O documento permitirá que você use a imagem sem qualquer tipo de problema, desde que especificado no documento. 2.4 Figurantes As cenas que dependem de inúmeras pessoas participando são mais complicadas. Essas pessoas que não têm um papel importante mas que são necessárias para compor o ambiente chamam-se figurantes. Você precisará reunir o número de figurantes necessários para a cena em um campo de futebol ou em um restaurante, por exemplo. Novamente você precisa do termo de autorização de uso de imagem de todos. 2.5 Cenário Toda ação acontece em um local definido, o cenário. Por isso a importância da visita prévia a todas as locações, pois nelas se encontram os cenários. Talvez alguns ajustes de objetos e móveis serão necessários e dessa forma você consegue se programar. 12UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 2.6 Elementos cenográficos São todos os objetos que irão aparecer em uma determinada cena. No momento da gravação, todos eles precisam estar prontos e reunidos para serem utilizados. Os elemen- tos são parte da estética da filmagem, por isso precisam ser tratados com atenção. 2.7 Efeitos especiais Se o seu filme é uma produção de ficção, talvez você precise de efeitos especiais. Para isso, é necessário entender como eles são feitos e a forma de executá-los. Sangue ce- nográfico é um tipo de efeito especial e pode ser produzido com xarope de milho, corantes preto e vermelho e gelatina incolor, por exemplo. Ou então adicionados na edição. 2.8 Figurino Todas as peças de roupa e acessórios fazem parte do figurino dos atores. Se estes forem seus amigos, peça antecipadamente para que eles vistam as roupas que fazem parte da estética de seu filme. Uma observação importante: para dar continuidade à cena, caso ela seja gravada em dias diferentes, fotografe todo o figurino incluindo sapatos, acessórios e cor de esmalte no caso das meninas. 2.9 Cabelo e maquiagem Na continuidade também cabe penteados e maquiagem. Cada personagem tem seu estilo, penteado e cor de batom. Spray de cabelo, elásticos e grampos podem ser ótimos aliados na hora da arrumação. A pele dos atores pode requerer uma base ou pó, para que não fique brilhante durante a cena. 2.10 Equipamento Seja com câmeras profissionais ou com o próprio celular, tudo precisa estar funcio- nando corretamente e com espaço de memória sobrando. É importante lembrar também de pilhas, luzes, microfones, tomadas, cabos e extensões. 2.11 Veículos Seja para a composição da cena ou para o transporte de pessoas, esteja ciente de quem irá emprestar o carro e avise com antecedência. Evite que a placa fique visível para manter a segurança dos veículos. 13UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 2.12 Animais Se sua produção audiovisual inclui animais, esteja preparado. Você não consegue conter os latidos e o temperamento de um cão. Lembre-se de deixar o dono por perto para evitar deixar o animal assustado. 2.13 Efeitos sonoros Efeitos sonoros ou foley geralmente são captados depois da cena para que haja sincronia. Passos no chão, aves cantando ou o barulho de porta abrindo ficam mais reais quando gravados separadamente e colocados na edição. Feito isso, vamos ao roteiro. Jornalistas e veículos de comunicação não podem ter o luxo que escritores e dire- tores de cinema têm de esperar a inspiração chegar para escrever. Doc Comparato (2018), um dos pais dos textos dramatúrgicos, fala sobre a arte da criatividade e da inspiração em seu livro “Doc Comparato: Da criação ao roteiro”. Ele diz que ninguém cria no vazio ou com o vazio e que é necessário encher a cabeça de inspirações para se criar algo novo e surpreendente (COMPARATO, 2018, p. 22). Ele aponta ainda alguns bloqueios existentes no momento da elaboração do roteiro que não podemos deixar de tomar conta. O autor explica que não podemos descartar uma ideia por achar que não é prática ou lógica. Também não se pode ter medo de quebrar regras ou fazer somente o “politicamente correto”. Não ter medo de errar ou medo de sofrer rejeição, mas aprender a lidar com a frustração também é necessário. Assim como ocorre com os escritores, a ideia para a produção audiovisual pode vir de situações comuns do dia a dia e de sua rotina: a vizinhança, aquele tio que tem uma história inspiradora ou até mesmo a sua própria trajetória. Os desejos humanos, o bem e o mal, as alegrias e as dúvidas da humanidade sempre rendem temas interessantes. Mas é preciso saber extrair o máximo de tudo isso. Entre o escritor e a tela que projeta a imagem, visor ou telão, existe uma per- da de 20% da qualidade imaginativa presente no texto do roteirista, podendo chegar a 40% se a produção e a direção forem de baixa qualidade artística. Se o roteirista reconhecer menos de 60% de seu escrito na obra final, tem o direito de interditá-la, refutá-la ou até mesmo negá-la. A cada dia cresce o respeito pelo trabalho do roteirista e pela qualidade da direção e da produção, logo esses fatos são cada vez mais raros (COMPARATO, 2018, p. 32). Para isso, é necessário considerar alguns pontos para a elaboração de um roteiro como: quem serão os personagens? Quais as ações envolvidas? Como serão as cenas? Será um drama ou um romance? Em qual época se passará? 14UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Tudo isso subdividido no primeiro ato que é o começo, a apresentação, a confronta- ção e desenrolar de sua história que vem no segundo ato e o terceiro ato fechando a trama e apresentando a resolução. Peruyera (2020, p. 57) fala que um minuto de filme equivale a uma página rotei- rizada. Desse modo, a história vai sendo contada folha por folha, página por página, do imaginário do autor às telas para os espectadores. Resumidamente o roteiro precisa conter sua ideia principal, que geralmente dá nome à história, quem são os personagens e suas ações e o desenrolar da história como o fio de um novelo. Note que o termo não é utilizado à toa, sua história deve ter uma progressão conforme os minutos vão passando. Além da trama e das falas, o roteiro ainda deve informar marcações de cenas, ângulos de câmera, fontes de luz, trejeitos e expressões, se a cena é externa ou interna, se o personagem está em pé ou deitado, de costas ou olhando para o outro, enfim, é o momento de quem está escrevendo descrever como ele pensou. Conteúdo pronto, chega o momento de desenhar as cenas. 15UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3 STORYBOARD: PLANEJAMENTO E ENQUADRAMENTO DAS CENAS UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO O storyboard nada mais é do que uma espécie de história em quadrinhos do filme, com desenhos, mudanças de ângulos e planos além de sugestões de enquadramentos que constam no roteiro. O objetivo aqui não é contar tudo detalhadamente, mas sim auxiliar no planejamen- to da narrativa audiovisual. Perceba que tudo tem umordem de importância: o storyboard vem depois do roteiro. Em grandes produções cinematográficas, desenhistas profissionais são contratados para direcionar o diretor de fotografia e de imagem. Programas de televisão, transmissões ao vivo e vídeos comerciais também se utilizam da técnica para um melhor enquadramento do apresentador e equipe técnica, por exemplo. Cada quadro do storyboard significa uma mudança no enquadramento. Com essa prática, é possível identificar se há a repetição de determinado plano ou se enquadramentos parecidos estão muito próximos. Isso deixa o filme mais dinâmico. 3.1 Plano É o elemento mais evidente na linguagem audiovisual, pois se trata do conjunto de imagens captadas e registradas pela câmera durante a gravação (ou tomada) de uma cena. Pode ser um plano parado ou em movimento, chamado de plano sequência. Nele, um conjunto de planos formam a cena e apresentam as informações de maneira igual e sem cortes de imagens. Utilizado para dar a sensação de passagem de tempo ou quan- do diversas atividades acontecem juntas e o personagem se desloca de um local ao outro. 3.2 Tipos de plano de câmera Há diversos enquadramentos possíveis de serem feitos em suas produções. Plano geral: é o mais amplo de todos e utilizado para mostrar o conteúdo geral da cena. Nele, o ambiente, o local, é o elemento principal da cena. Plano médio: mais fechado que o aberto e geralmente enquadra os personagens do tronco para cima. Outra variação deste é o plano americano, que enquadra os personagens dos joelhos para cima. Mostra os personagens em primeiro plano contextualizando o ambien- te e alguns detalhes. Primeiro plano ou close: utilizado para mostrar algo com maior enfoque. Pode uti- lizar este plano para mostrar reações, enfatizar falas, emoções dos personagens ou objetos. Primeiríssimo plano: ainda mais fechado e utilizado em momentos especiais. Mostra com maior riqueza de detalhes o enfoque desejado. Plano detalhe: igual ao primeiríssimo plano, mas usado somente para coisas e objetos. Os planos também podem incluir o ângulo da câmera: Plongée: significa “mergulho”. É a expressão utilizada quando a câmera encontra- -se acima do objeto ou personagem, como se o operador da câmera estivesse realmente mergulhando. Utilizado para minimizar ou menosprezar o enfoque. Contra-plongée: contra-mergulho. É o contrário do plongée. Aqui a câmera está posicionada abaixo do objeto ou personagem. Utilizado para enaltecer o enfoque. 3.3 Movimentos e câmera O storyboard também aceita movimentos de atores e objetos e movimentos de câmera. Você pode utilizar de dois quadros para demonstrar uma movimentação: primeiro desenhe a cena inicial e depois como deseja que ela termine. Há algumas definições para isso: Pan, de panorâmica, ou tilt: são movimentos com base no eixo da câmera: de um lado para o outro ou de cima para baixo (ou vice-versa). No storyboard você pode represen- tar esse movimento desenhando a cena inteira e com um lápis de outra cor demonstrar o movimento desejado: marcando os enquadramentos e direções que a câmera deve seguir. Zoom: pode ser se aproximando (zoom in) ou se afastando (zoom out). Novamente a câmera não se mexe, o movimento é feito a partir dos recursos da câmera ou do celular. Travelling: é qualquer tomada na qual a câmera se movimente junto com o perso- nagem ou objeto da cena. Em produções caseiras, você pode fazer isso utilizando panos para literalmente arrastar a câmera ou então ter um pulso firme para fazer o movimento de acompanhar a cena. 17UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Este enquadramento tem um grau de dificuldade maior, mas deixa seu filme muito mais dinâmico e interessante. No storyboard ele deve ser indicado por meio de setas e anotações para especificar o pretendido. Confira exemplos retirados do livro “Laboratório de artes visuais: audiovisual e animação” que é uma das leituras obrigatórias desta disciplina. FIGURA 2 - PLANO DETALHE Fonte: Peruyera (2020, p. 66). FIGURA 3 - INDICAÇÃO DE ZOOM Fonte: Peruyera (2020, p. 68). 18UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 4 ORÇAMENTO E DEFINIÇÃO DA EQUIPE COM 10 DISCENTES EM CADA GRUPO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO Antes de entrar no orçamento propriamente dito, tenha em mente a criação de um cronograma estruturado. Ele é indispensável para a elaboração de qualquer projeto, pois estabelece datas e prazos. O cronograma deve conter as atividades a serem realizadas, mas organizadas de forma sequencial e que sejam executadas na ordem correta. Com ele é possível gerenciar o tempo de execução de cada etapa do seu projeto audiovisual. Comece elencando as atividades que irão acontecer uma única vez, definida e destaque datas mais relevantes, estipule um tempo para cada atividade. Separe um tempo específico para as etapas grandes como a pré-produção, a produção e a pós-produção. É importante também que esse planejamento seja flexível para que os imprevistos não acabem como tudo. Feito isso, vamos falar de dinheiro. Em superproduções, os diretores e produtores buscam formas de viabilizar o filme, pois milhões de reais ou dólares são necessários. Na nossa realidade, que dispõe de pouco ou quase nada, fica mais fácil de gerenciar. Como vimos no primeiro tópico, há sim despesas que podem ser diminuídas a quase zero com um planejamento correto. Com a ideia, o roteiro e o storyboard em mãos, a pergunta que deve ser feita é: quanto dinheiro eu preciso para executar e quanto dinheiro eu tenho. É muito difícil fazer um filme sem gastar nada. O que é recomendado é minimizar os custos pegando objetos emprestados, gravando em lugares públicos e convidando amigos e familiares para as participações. Se você tiver algum orçamento, divida ele em etapas como vimos anteriormente. Ain- da no detalhamento do roteiro, identifique o que pode te custar algum valor e o que pode ser reduzido: a impressão dos roteiros, o elenco, figurantes, adereços, complemento de cenários, efeitos especiais, equipamentos, direitos autorais de trilhas e músicas entre outros. Mapeie ainda a programação da produção. O que precisará para o dia da filmagem? Alimentação e água para a equipe, repelente caso seja em um ambiente externo, gasolina para o transporte de todos além de equipamentos extras caso você não os possua. Outro ponto a ser levado em consideração são os dias de gravação. Quanto maior seu roteiro, maior o tempo de execução. Pense nisso na hora de escrever. E não menos importante, o custo com a equipe. Veremos a seguir que são neces- sárias diversas pessoas com habilidades e conhecimentos diferentes para a execução de um filme. Tenha em mente que eles precisarão de pagamento. Como dito, tudo vai depender de quanto você tem para gastar e isso não tem rela- ção com a qualidade do resultado final. Há quem faça produções espetaculares gastando menos de R$ 500 e quem consiga gastar mais de R$ 10 mil e entregar um produto de baixa qualidade. O que difere os dois é a escolha da equipe. Como dito, você precisa contar com uma equipe especializada em diferentes áreas. No cenário ideal do audiovisual, quem cuida do cenário não cuida da maquiagem, por exemplo. Mas quando temos produções de baixo orçamento, uma mesma pessoa pode desempenhar diversas funções dentro da equipe. Além disso, há toda uma hierarquia que deve ser seguida e que garante um melhor aproveitamento do trabalho. As seguintes funções foram apresentadas por Kellison (2007 apud Peruyera 2020, p. 73): Diretor: é quem lidera a produção, trabalha com todos da equipe, orienta o trabalho de cada setor a fim de uma maior união e colaboração da equipe. Diretor de fotografia:responsável por executar as ideias da direção utilizando-se de câmeras, lentes, luzes e enquadramentos. Gerente de produção: é a “mãe” do set. A produção cuida dos orçamentos, planilhas, cronogramas, logística, alimentação, além de providenciar todo o necessário para a equipe. Assistente de direção: atua entre a direção e as demais equipes e fica também responsável pelas cobranças de prazos e execuções. Operador de câmera: executa as orientações do diretor de fotografia. Fotógrafo: não é extremamente necessário, mas pode servir como um documen- tador dos bastidores e criação das cenas para futura divulgação. Sonoplasta: é responsável pelo som. Seja pelo som ambiente, por amenizar ruídos na cena, microfones de lapela e boom. 20UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Diretor de arte: toda a parte visual das cenas fica à cargo do diretor de arte. Ele precisa cuidar de tudo o que aparece em cena para que esteja de acordo com a estética desejada. Continuísta: Todas as cenas, caso sejam gravadas em dias e ambientes dife- rentes, precisam ser fotografadas assim como os atores. Tudo precisa ser exatamente igual à primeira cena para que ela possa ser continuada exatamente da mesma forma e o espectador não perceba que ela foi gravada em momentos distintos. Iluminador: cuida de toda a parte da iluminação. Supervisor de pós-produção: pessoa responsável por tudo o que acontece com as imagens e o som captados. Fundamental no momento da edição de todo o material. Figurinista: responsável exclusivamente pela caracterização e roupas dos personagens. Maquiador e cabeleireiro: responsável pela parte de caracterização a partir do cabelo e da maquiagem. Dentro de todas as funções pode haver assistentes e outras derivações. Tudo irá depender novamente do quanto você terá de orçamento e como irá administrá-lo. Tendo em mente o que precisa, é só escolher as pessoas capacitadas para tal. Nas produções caseiras e de baixo orçamento, não há tantas pessoas assim. A sugestão é que as pessoas que integram a equipe dividam as funções e as respon- sabilidades. A pessoa que assumir o papel do diretor, por exemplo, pode também fazer a captura das imagens. A pessoa responsável pela produção, pode também cuidar da direção de arte e do figurino. Se você tivesse que escolher 10 integrantes ou funções, a sugestão seria: um diretor e um diretor de fotografia, um produtor, um diretor de arte, uma figurinista que tam- bém seria maquiadora, um continuísta, sonoplasta ou técnico de som, iluminador e um supervisor de pós-produção que pode ficar também como editor. Claro que as funções tendem a ficar mais bagunçadas, mas com uma boa estratégia e uma equipe unida, fica fácil cumprir todo o planejado. 21UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 22UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Se você ficou curioso e quer assistir ao primeiro filme exibido pelos irmãos Lumière, deixo abaixo o link do Youtube para que você possa ver. A exibição original não tinha som, o áudio foi inserido posteriormente para postagem na internet. Coloque-se no lugar das pessoas do café em Paris no fim dos anos de 1890 que nunca tinham visto nada do tipo. Para saber mais, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=lW63SX9-MhQ “Os espaços ficcionais estão se transformando em ambientes imersivos tridimensionais de grande riqueza gráfica e baseados na internet. O espaço será altamente expressivo, assim como nosso movimento por ele e os objetos encantados que estarão presentes.” Fonte: Comparato (2018, p. 456). https://www.youtube.com/watch?v=lW63SX9-MhQ 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Se pararmos para analisar, estamos vivendo um momento próximo ao dos anos de 1890. A ascensão de smartphones e dispositivos de mídia que permitem a todas as pessoas filmar, fotografar e editar tomou conta dos nossos dias e, a partir deles, é possível dividir histórias, narrativas, tutoriais, filmes, homenagens e documentários. De forma geral, o audiovisual vem transformando nossa linguagem e as formas de comunicação. Com um simples trecho atrelado a uma música ou com uma fala super produzida em um cenário cinematográfico, a sétima arte surge da necessidade da inovação, do diferente e do entretenimento. Algo que, até hoje, chama a atenção e deixa boquiaberto quem assiste. Vimos nessa Unidade que não é tão simples assim fazer um vídeo ou um filme. Se você quer passar o ar de mais profissionalismo, algumas etapas devem ser cumpridas para o resultado final de seu trabalho. Do roteiro à escolha das equipes, tudo precisa ser pensado de forma geral, mas ainda sim separadamente. Além disso, os elementos que compõem a linguagem audiovisual dizem muito sobre a intencionalidade do criador. Planos, ângulos, áudios e narrativas dão vida ao que antes era apenas uma ideia do imaginário. O roteirista precisa transcrever um mundo que ainda não existe em algo tangível para que o diretor consiga captar e dar vida. Seja no cinema, nos vídeos ou na televisão, o mundo do audiovisual já ganhou seu espaço em nossas vidas. Basta você saber utilizá-lo da forma certa: seja como um crítico ou como um entendedor, há infinitas possibilidades de produções com imagens bem feitas captadas em sincronia com seus áudios. E não esqueça: todas as vezes que for assistir a um filme pense na inquietação dos irmãos Lumière em exibir, pela primeira vez, películas experimentais de cenas do cotidiano francês que levaria ao mundo uma das formas de entretenimento mais consumidas atualmente. 24 LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Título: Direção de Fotografia em Video Games: A Câmera no Labirinto de God Of War 4 Se você está interessado em saber mais sobre a utilização da luz e da fotografia em jogos eletrônicos, este artigo da Academia Brasileira de Cinematografia vai te interessar. Fonte: https://abcine.org.br/site/direcao-de-fotografia-em-video-games-a-camera- -no-labirinto-de-god-of-war-4/ https://abcine.org.br/site/direcao-de-fotografia-em-video-games-a-camera-no-labirinto-de-god-of-war-4/ https://abcine.org.br/site/direcao-de-fotografia-em-video-games-a-camera-no-labirinto-de-god-of-war-4/ 25 MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL LIVRO Título: Os cinco Cs da cinematografia Autor: Joseph V. Mascelli. Editora: Summus Editorial. Sinopse: Ilustrada com mais de 500 fotografias, esta obra clássica apresenta os conceitos e as técnicas consagradas da cinematografia. Os cinco Cs são: corte, composição, close-ups, continuidade e câmera: ângulos. Pioneiro das câmera, Mascelli aborda ainda os problemas mais comuns durante as filmagens e dá dicas fundamentais para a edição. Fundamental para os estudantes de cinema, tem revisão técnica de Francisco Rama- lho Jr. FILME / VÍDEO Título: Um Homem com a Câmera de Dziga Vertov Ano: 1929. Sinopse: Um documentário que mostra um dia normal, bastan- te típico. Um cinegrafista (Mikhail Kaufman) filma um dia des- pretensioso na vida da cidade moderna: Primeiro as ruas vazias ao amanhecer que vão gradualmente se enchendo, depois os habitantes de Moscou, ou de outra cidade soviética no trabalho ou no lazer. São as pessoas comuns mostrando a verdade da vida cotidiana. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Cl_ujd5c6EY https://www.youtube.com/watch?v=Cl_ujd5c6EY 26 WEB UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL “Sessão De Terapia” – Desenho De Som Detalhado Por Luiz Adelmo Link do site: https://abcine.org.br/site/sessao-de-terapia-desenho-de-som-detalhado-por-luiz-/ https://abcine.org.br/site/sessao-de-terapia-desenho-de-som-detalhado-por-luiz-adelmo/ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Teste de Vídeo Tape e casting; • Definição das locações; • Direção de Arte: cenários, objetos de cena, figurino, cabelo e maquiagem; • Continuidade. Objetivos da Aprendizagem • Planejar os processos do projeto audiovisual; • Compreender as etapas necessárias antes da execução; • Estabelecer a importância das subpartes de um projeto. 2UNIDADEUNIDADE DO DO PLANEJAMENTOPLANEJAMENTO À PRÁTICAÀ PRÁTICA Professora Esp. Aleksa Marques 28 INTRODUÇÃO UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Olá, aluno (a), Como você está? Espero que cada vez melhor. Na primeira Unidade desta apostila vimos resumidamente as etapas necessárias para a produção de um projeto audiovisual. Conseguimos analisar tanto uma produção mais elaborada quanto uma sem orçamento, que é o caso da maioria das produções caseiras. Nesta Unidade, falaremos um pouco mais detalhadamente sobre algumas partes que, geralmente são deixadas de lado, mas são igualmente importantes. No início dos estudos vere- mos um pouco mais sobre o casting, que nada mais é do que um teste com atores para o diretor definir quem se enquadra mais na personalidade e fisionomia do personagem imaginado. Logo depois vem a escolha das locações. Onde será gravado o seu projeto? Quantos locais serão necessários para você contar sua história? Todos eles fazem parte de um contexto maior? Essas são algumas das perguntas que devem ser feitas por você antes de começar a pensar nas gravações. Outra questão que levantamos aqui será a equipe e produção da direção de arte. Para contar uma história audiovisual são necessários objetos, cenários, figurinos específi- cos e até mesmo efeitos de maquiagem para que a contextualização seja feita. Além disso, outro aspecto muito valioso dentro das produções é a continuidade, quem executa essa função é o continuísta que precisa estar atento a todas as movimentações para que as cenas saiam o mais perfeita possível quando não gravadas em um ato contínuo. Como você pode perceber, na Unidade II entenderemos um pouco mais sobre a impor- tância de cada processo separadamente e como fazê-los da melhor forma possível para que o momento das gravações saia conforme planejado. Mas, para isso, você precisa planejar. Então vamos começar? Boa leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1 TESTE DE VÍDEO-TAPE E CASTING TÓPICO UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA A ansiedade e o desconhecimento são fatos que podem estragar sua produção audio- visual e eu vou explicar o porquê. Quando pensamos em uma obra, logo queremos executá-la. A primeira ideia que vem em nossas mentes é pegar uma câmera e apertar o REC, certo? Esta seria a realidade perfeita, mas na prática apertar o botão para gravar está quase nas últimas etapas de uma execução. Antes disso, diversas etapas são necessárias para que tudo saia nos conformes. O vídeo tape ou casting é uma delas. Um dos elementos fundamentais para qualquer projeto audiovisual, seja de curta ou longa-metragem, é o casting. Muitos diretores dizem que 90% do trabalho durante todo o processo é definido nesta etapa, pois é ali que o diretor pode analisar sem medo de errar qual será o melhor ator ou atriz para encarnar seu personagem. Casting nada mais é do que a interpretação de uma pequena parte do seu filme executada em algum local específico que acontecerá ou não alguma cena de sua obra. O ator pode estar sozinho ou acompanhado, em casa ou em um estúdio específico para ser avaliado pelo diretor. Aqui conta muito a preparação do ator, os trejeitos, as características físicas como cor do cabelo, altura, cor dos olhos. Tudo vai depender também da procura de quem está dirigindo o projeto. Alguns especialistas no assunto dizem ainda que não existe um ator ruim, existe um casting mal feito. É nele que sua obra escrita ganha vida, suas cenas saem do papel e se criam na encenação dos atores presentes. Portanto, se você fizer um bom casting, tudo em volta será mais fácil, pois dirigir um ator que já está inserido em seu papel é muito mais tranquilo. Assim, o diretor não precisa despender tanta energia e dirigir a obra ficará mais fácil de conduzir o enredo. Entendendo sua importância, vamos saber como fazê-lo. Em grandes produções, o diretor conta com a ajuda de diretores de elenco e também de outras pessoas da equipe para estudar o candidato de diversas formas. Em produções menores, o diretor define a melhor forma de escolher seus atores, já que a escolha pode não ser feita exatamente dessa forma. Primeiro você deve ocupar seu roteiro e descrever a personalidade de cada papel detalhadamente. Elementos como faixa etária, aparência, altura e anotações sobre a histó- ria de fundo criam no imagético do ator um pouco do papel que ele precisará desempenhar. Descreva com o máximo de detalhes possíveis de quem ele é, como vive, o que faz, se tem ou não manias, seu humor, tudo ajudará na construção da interpretação. Feito isso, você deve enviar estas análises para o candidato à vaga. Junto, envie cenas-testes para que o ator se prepare com as falas escolhidas por você. Os diretores podem convocar os atores via divulgação, via agências de talentos ou selecionando alguns já pré-determinados. O teste pode ser feito pela internet, fazer um selftape (que seria o próprio ator executando a cena em frente ao celular ou câmera e enviando o arquivo aos responsáveis) ou presencialmente. Lembrando que, as cenas-testes podem ajudar o diretor a descartar completamente o ator ou fazê-lo se apaixonar pela atuação. Portanto, faça uma boa escolha. O próximo passo é fazer o teste de tela, que nada mais é do que a análise do diretor quanto a imagem daquele ator pelas lentes das câmeras. É nesta etapa também que os testes de figurino e maquiagem são feitos além da interpretação junto a outros atores e atrizes para a análise da química entre eles, principalmente se for um par romântico. Ligações e outros testes podem ser feitos e refeitos quantas vezes o diretor achar necessário. É uma etapa muito importante, pois estamos falando de alguém que ficará marcado para sempre em sua obra. Se há um bom ator, há um bom filme. Quando o diretor decidir a respeito do escolhido, ele deve avisá-lo. Há diversas maneiras de preparação e também de interpretação que são levadas em conta pelos responsáveis. Um destes métodos é o estudo do russo Constantin Stanis- lavski (1863-1938), precursor de um método específico de trabalho para atores. Ele acre- ditava que o uso das memórias afetivas poderia ajudar a colocar-se na situação daquele personagem e que isso traria uma maior verosimilhança na construção do papel. 30UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA E o avanço das pesquisas do russo a partir de 1918, com a experiência no Estúdio de Ópera, muda os caminhos desta compreensão. A primazia do “sentimento” do ator e da memória emotiva na construção da personagem fora substituída pela valorização da ação física, concreta e de outras memórias, como por exemplo, a memória muscular. A experiência mostrava que o ator não poderia estar à mercê das instabilidades destas forçasmotivas, mas que necessitaria de uma técnica de trabalho um pouco mais precisa, capaz de auxiliá-lo no acesso às suas emoções e na possibi- lidade de repeti-las de maneira autêntica a cada dia (LEITE, 2012, online). Já no Brasil, quem introduziu a preparação corporal para atores foi Klauss Vianna (1928-1992). Em seu livro autobiográfico de nome “A dança’’, ele realça exatamente essa característica de observador: das aves no galinheiro, dos cachorros do pai caçador, dos pés, os seus próprios e os dos outros (VIANNA, 2005, p. 22 apud LEITE, 2012). Formas inspiradoras para o mineiro que, a partir da observação íntima destes fato- res, desenvolveu técnicas e estratégias de interpretação. Uma delas, que pode ser levada em consideração pelos diretores do casting, é direcionar sua atenção no uso do corpo. A postura, o andar, gestos e principalmente a visão, o tato e a audição são peças fundamentais para um bom desempenho do ator. “Dessa forma, Klauss buscava propiciar ao intérprete os meios para alcançar uma das primeiras qualidades exigidas em sua atua- ção: a presença cênica” (BRAZ, 2004, p. 65-66 apud LEITE, 2012). Há milhares de formas possíveis de se fazer e de se avaliar um casting. Cabe ao diretor e sua equipe definir a melhor maneira e escolha do personagem. Produções caseiras ou profissionais requerem personagens que se encaixam no papel, independente do orçamento. Pense bem na hora de decidir quem serão os atores. 31UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2 DEFINIÇÃO DAS LOCAÇÕES TÓPICO UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Todo filme se passa em uma determinada época, em uma cidade e conta com locais principais como a casa do personagem principal, a igreja e a escola, por exemplo. Se você tem orçamento, tudo isso pode ser construído do zero pela equipe de produção de arte. Mas se sua produção é mais caseira, precisa encontrar formas de viabilizar estes locais. Como vimos anteriormente, é necessário pesquisar bem os locais em que seu filme passará e essa etapa entra ainda na pré-produção. Antes de mais nada, aqui a dica é seguir o planejamento. Veja quantos dias você deixou reservado para a procura de locações e dê voltas pela cidade a fim de encontrar os melhores lugares. Vale também chamar aquele amigo que sabe andar bem pela cidade e que gosta de observar as casas e praças da região. Toda ajuda é necessária para agilizar os processos. Fale para ele alguns detalhes como cor, período de tempo e como gostaria que fossem os locais de gravação para que todos possam ajudar. Ao preparar o cronograma, você precisa considerar a disponibilidade de cada lugar. Alguns fecham em determinados dias da semana, outros só abrem em um curto espaço de tempo, outros ainda precisam ser reservados para que não haja barulho ou movimento. Parques e locais públicos são mais movimentados aos domingos, o que pode ser bom ou ruim dependendo da sua intencionalidade da cena. Considere todos estes fatores no momento de elaboração do cronograma de filmagens para que nenhuma surpresa desagradável ocorra. Aqui é muito importante a participação da produção, para ficar atento a todos estes detalhes. Outra dica valiosa é começar sempre a gravar pelas cenas mais arriscadas ou que apresentam maior volatilidade. Por exemplo, você precisa gravar uma cena na chuva e hoje amanheceu chovendo. Aproveite para gravar todo o necessário, pois nunca sabemos quando irá chover novamente. Cenas internas são mais controláveis e não sofrem tanto com variações do clima e podem ser gravadas conforme necessário. Antes de tudo isso, faça uma decupagem do roteiro e retire das cenas todos os locais mencionados. Casa da Maria, casa do João, sala de jantar, igreja, sala de cinema, um jardim florido, anote absolutamente todos os lugares e procure um a um. O ideal é fazer uma planilha com o número do capítulo, número da cena e local citado (lembre-se de incluir fachada de casas ou empresas, também são locais). Por fim, coloque um espaço reservado para anotações como endereço, horário de fechamento e abertura, se é residencial ou comercial, se bate o sol da manhã ou da tarde, se é muito claro ou escuro. Veja o exemplo: QUADRO 1 - MODELO DE PLANILHA PARA PRODUÇÃO CAPÍTULO CENA LOCAL OBSERVAÇÃO 2: A decisão 3a: A confissão de José Sala de estar da casa da Maria A cena se passa durante o entardecer / (pôr do sol) DETALHES DA LOCAÇÃO Endereço: rua das Flores número XXX próximo ao mercado central. O sol da tarde entra pela janela lateral. Residência particular. Telefone de contato do proprietário XXX. A produção con- versou previamente e a casa está liberada para uso. Avisar com três dias de antecedência para liberação do espaço. A sala contém: sofá, tapete, vasos com flores amarelas, almofadas nas cores cinza e preto, paredes brancas e uma mesa de centro. Fonte: A autora (2022). Este é um modelo básico que funciona muito bem. Faça um para cada local citado no roteiro e anote com detalhes tudo o que conseguir. O ideal é que a equipe aproveite ao máximo a ida ao lugar e tire proveito de tudo para que não haja a necessidade de voltar lá. Se possível grave tudo com o celular, tire fotos de todos os ângulos, meça todos os detalhes e imagine sua cena ali. Quanto menos tempo perdido, menos estresse para toda a equipe e mais tempo útil de gravação. 33UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Se você encontrar dois ou mais locais que se encaixam à cena, leve ao diretor os detalhes e as fotos captadas. Ele definirá o local mais apropriado para a gravação das cenas e dirá para a equipe de arte o que precisará ser alterado para cumprir as características do filme. O ambiente em que a gravação será feita deve levar em consideração a ideia que você deseja passar aos telespectadores. Lembre-se que a locação diz muito sobre o background dos personagens e suas características emocionais e psicológicas. Além disso, ele faz parte da construção da sua mensagem. Não se refere apenas a onde acontece a ação da narrativa, mas também a que elementos do espaço são utilizados para complementar e destacar o es- tilo da narrativa. Por exemplo, é muito mais fácil gerar suspense à noite que à luz do dia. A locação para a confrontação ou revelação final pode fornecer não apenas elementos para a ação na cena, mas também atmosfera e su- porte simbólico para as emoções na cena. As imagens da cena ou sequência inicial indicarão aos espectadores qual é o gênero (CARDÔSO; ORTEGA e DEL TESO, 2016, p. 207). Vimos que a escolha do local não deve ser deixada de lado já que inúmeros outros processos dependem dele. Escolhida a locação é o momento de fazer uma visita técnica. Algumas pessoas podem achar que uma visita ao local é suficiente para bater o martelo. A estética está adequada, o local é apropriado, pequenos ajustes são necessários, mas nada trabalhoso, então tudo ok. Certo? Errado. Imagine você e mais dez pessoas da equipe chegando na casa escolhida para a gravação da cena de revelação do José. Equipamentos carregados, objetos da arte todos certos, figurino e maquiagem ok e, de repente, uma banda começa a ensaiar na casa ao lado bem no momento da gravação e uma obra de pavimentação da rua também estava marcada para o mesmo dia. Qual a solução? Estudar o local antes de tudo isso acontecer. Consegue entender a importância de um planejamento? Se você está seguindo o plano feito, dentro dos dias desejados, analisando os locais de gravação, uma visita técnica a todos os lugares escolhidos é de extrema necessidade para evitar transtornos maiores. O objetivo da visita técnica é descobrir o máximo de problemas possíveis que poderão ser causados no dia da gravação, bem como todas as necessidades da cena. Acessos à rua, possíveis acontecimentos,carros de som, caso haja necessidade de interdição da via, tudo deve ser pensado e analisado. O ideal é que todos os responsáveis participem da visita ou pelo menos um de cada setor: diretor de fotografia, diretor de arte, eletricista, assistente de direção, produtor, técnico de som e assim por diante. É importante pensar também em processos como o camarim dos atores, local para maquiagem, local para alimentação da equipe caso necessário, em que serão deixados os equipamentos, se tem recuo para a equipe, onde estacionar os carros, melhores ângulos para as câmeras. Se não for possível a ida de todos, quem desempenhar a visita deverá ficar res- ponsável por repassar todos os apontamentos positivos e negativos. Observar com olhos atentos a tudo e tentar prever possíveis importunações para não estragar a gravação. 34UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3 DIREÇÃO DE ARTE: CENÁRIOS, OBJETOS DE CENA, FIGURINO, CABELO E MAQUIAGEM TÓPICO UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Direção de arte é um dos pontos fundamentais para a construção da identidade de uma produção audiovisual, pois é ela quem define, junto ao diretor, a linha criativa, a concepção do estilo e também da imagem daquela obra. Além disso, o diretor de arte define junto com sua equipe os figurinos, a paleta de cores e a construção de cenários auxilia também na tipografia das letras na pós-produção. Ou seja, a direção de arte cuida de tudo o que o telespectador verá na cena. E quando digo tudo, eu não estou exagerando. De forma visual, a direção de arte ajuda a contar a história escrita. Ela recria, cria e inventa a realidade a partir do roteiro escrito. No início, a direção de arte cuidava mais dos cenários teatrais. Com o passar dos anos, ela foi evoluindo para criar uma melhor identidade visual. E mais, ela cria e pode ajudar a definir os movimentos de câmera. Segundo Butruce (2007 apud GAMBINI, 2014, p. 14): [...] a direção de arte tem importância crucial na criação da visualidade fíl- mica, já que os cenários servem não somente para emoldurar o movimento dos atores, como também na definição dos movimentos da câmera, pois a disposição visual dos espaços e elementos guia o enquadramento. O tripé responsável pela estética de qualquer filme deve se basear em diretor-geral, diretor de arte e fotografia. Os três realizam inúmeras reuniões antes mesmo de contratar qualquer pessoa da equipe. Conhecimentos sobre iluminação, lentes, equipamentos e enquadramentos são necessários para tomadas de decisões na fase inicial. É muito corriqueiro, especialmente em produções amadoras, que vários elementos que aparecem no vídeo não sejam planejados e colocados de forma proposital. Mas é muito importante lembrar que tudo o que está entre as quatro linhas da câmera ajudam a contar a história, por isso se deve ficar atento a todos os detalhes. Trazendo um exemplo do nosso dia a dia. Quando você assiste um telejornal, uma novela ou uma vídeoaula na internet, você repara em tudo, ou quase tudo, que está enqua- drado, certo? A roupa utilizada, os acessórios, a cor da parede, se a pessoa está de relógio ou despenteada, a maquiagem, enfim. Nos filmes é igual. 3.1 Cenários Nas produções profissionais, a direção de arte costuma ser rigorosa, pois é um dos elemento fundamental para a construção do significado da obra e a estética conta muito. Já nas produções caseiras, não é visto como algo tão essencial, mas deveria. Um termo bastante apropriado para relacionar a direção de arte é o mis en scène’, que em francês significa “encenação”. Originário do teatro, o termo engloba toda a estrutura que compõe a cena. “No caso da produção audiovisual, é como se fosse uma junção da direção de arte, com a de fotografia e de atores” (REDONDO, 2021, p. 52). E para fazer a composição de uma cena é preciso observar os detalhes, pois tudo tem um significado. Um dos estudos recomendados para um maior aprofundamento no tema são as Leis de Gestalt, que são pesquisas com foco nos conteúdos relacionados à designer, publicidade, cinema, moda, fotografia entre outras artes. Um destes exemplos trazidos por Redondo (2021, p 54) é a semelhança. Agrupar objetos ou elementos semelhantes entre si ordenam e organizam a cena de forma mais clara. Veja na figura abaixo: FIGURA 1 - GUARDA-CHUVAS Fonte: Shutterstock. Disponível em: Rua decorada com guarda-chuvas coloridos.Agueda, Portugal Foto stock 165855473 | Shutterstock. Acesso em: 19 de out. 2022. 36UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/street-decorated-colored-umbrellas-portugal-165855473 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/street-decorated-colored-umbrellas-portugal-165855473 O que você vê? Uma cena caótica e desorganizada ou algo que tem fluidez e organização? A imagem tende a não ficar poluída, pois a semelhança se repete e é boa aos nossos olhos. Esse é um dos cuidados que o diretor de arte deve ter no momento de concepção de suas cenas. 3.2 Objetos de cena Já sabemos que tudo o que está em cena tem um significado. Com os objetos não seria diferente. A direção de arte deve decupar o roteiro e identificar os objetos necessários para a construção de cada cena. Uma tabela ajuda muito neste momento e você pode utilizar o exemplo da figura 1 como base e adaptar para objetos. Cada personagem tem suas características e seu quarto, por exemplo, deve ser contex- tualizado conforme seu estilo. Se o José é um homem romântico, reservado e tímido, seu espaço deve estar decorado conforme estes traços. Deve ser uma fusão e continuação do enredo. Os objetos caracterizam ambientes e é através deles que conseguimos perceber particularidades dos personagens: os móveis, a qualidade dos objetos, a quantidade e sua distribuição nos ambientes. Uma escada com uma iluminação baixa e poltronas espaçosas nos dão ideia de uma família de classe alta. Veja: FIGURA 2 - SALA DE ESTAR Fonte: Interior bonito e grande sala de Foto stock 328384091 | Shutterstock. Acesso em: 19 out. 2022 37UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beautiful-large-living-room-interior-hardwood-328384091 Outro detalhe importante é sempre estar atento à paleta de cores do filme. Se não há verde fluorescente nas cores do filme, um objeto dessa cor seria um destaque negativo e chamaria demais a atenção dos espectadores. Observe também a época em que a obra está passando. Imagine colocar um smartphone em um filme de época, não seria muito legal, não é mesmo? 3.3 Figurino O figurinista é responsável por desenvolver a pesquisa e concepção de todos os figu- rinos que serão utilizados nas cenas. Na maioria das vezes, os figurinos são confeccionados de acordo com a os detalhes pedidos e o corpo do ator. Um exemplo são os filmes de época. Além das pesquisas aprofundadas sobre costumes, tecidos e formas de utilização das roupas, muitas vezes elas não são mais encontradas facilmente em lojas. A confecção é necessária em casos como este para que se chegue ao resultado esperado. Muitos figurinistas dispõem de acervos pessoais e buscam ajuda em brechós ou até mesmo no armário de conhecidos e familiares. Outro ponto que o figurinista deve levar em consideração é o risco de sujar, molhar e estragar a roupa. O figurinista deve lembrar sempre que a roupa transmite sentimentos, posição so- cial, identidade, um pouco da realidade vivida por cada personagem, estabelece vínculos e permeia as relações do filme. É de extrema importância que todos os figurinos estejam definidos e separados no início das gravações. 3.4 Cabelo e maquiagem O maquiador e o cabeleireiro são peças fundamentais para a construção dos persona- gens. As duas funções geralmente são executadaspor uma só pessoa em produções menores. Ele também entra no pré-projeto quando se há a escolha dos atores para testes prévios. O roteiro é quem define a caracterização de cada um e o profissional aplica as exigências com as adaptações necessárias quando possível. O maquiador do audiovisual além de maquiagens convencionais, precisa ter conhecimento de efeitos especiais, ma- quiagem artística para conseguir reproduzir um olhar mais cansado, uma pele envelhecida ou até mesmo uma cicatriz ou um machucado ensanguentado. Da mesma forma, o cabeleireiro precisa ter habilidades com diferentes tipos de fios, cores, cortes e penteados. Dependendo da cena ou da temática do filme, cabelos espetados ou com ondas devem ser executados com maestria e sempre da mesma forma para que não haja erro de continuidade, que será nosso assunto de agora. 38UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4 CONTINUIDADE TÓPICO UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA Antes de eu explicar, você sabe qual o papel do continuísta em um filme? Ele é uma peça mais que fundamental e imprescindível no set de filmagem. Provavelmente isso já aconteceu com você. Durante uma cena, um objeto que estava na cabeceira da cama desaparece logo na sequência, por exemplo. Truque de mágica? Não. Erro do continuísta. Ele é o profissional responsável pelo tempo e pelo espaço de sua obra e deve prestar atenção até nos mais simples detalhes da cena. Isso inclui a posição dos atores, a roupa, a maquiagem, o lado em que o cabelo estava penteado, esmalte, objetos de cena, acessórios e até mesmo a direção do olhar do ator no último plano. Esse profissional deve ser extremamente detalhista, organizado e conhecer pro- fundamente o roteiro para que ocorra o mínimo de falhas possíveis durante a execução. Você provavelmente sempre o verá no set com vários papéis, planilhas, fones de ouvido, cronômetro e lápis na mão. Geralmente, as gravações não são feitas de forma linear como as vemos. Muitas vezes, uma cena tem semanas de diferença entre suas captações e nessa hora que entra o continuísta. Esse profissional é parte da equipe de direção numa produção audiovisual. Ele deve ter diversas planilhas para anotar e tirar foto de tudo para ter em mãos o retrato fiel quando houver novamente a gravação. E mesmo com uma grande diferença de tempo, a ideia é que o público não perceba. Quando o espectador não percebe o trabalho do continuísta, quer dizer que ele trabalhou bem. Lembrando ainda que não é papel do continuísta definir a luz ou o som, mas sim manter o diálogo para que eles estejam em harmonia. Caso isso não seja possível no mo- mento da filmagem, cabe a ele anotar e avisar a pós-produção para que ela possa trabalhar se possível, na ilha de edição. Na internet, há diversos relatos de erros de continuidade. Um exemplo que foi muito falado na internet foi o copo de uma marca famosa de café que apareceu na série medieval “Game of Thrones”e virou piada. No filme “Titanic” nas cenas vistas de cima o aspecto do navio muda algumas vezes e, claro, o público percebeu. FIGURA 3 - CENA DA SÉRIE “GAME OF THRONES” Fonte: Exame, 2019. Disponível em: https://exame.com/marketing/ got-rende-publicidade-de-us-23-bi-a-starbucks-e-copo-nem-era-da-marca/. Acesso em: 09 out. 2022. Vamos a outro exemplo. Supomos que há um copo com água em uma determinada cena. No primeiro take o copo está cheio, depois, na mesma cena, ele aparece pela metade, e depois cheio novamente. Como sabemos, inúmeras tomadas são feitas durante uma mesma cena. Muitas vezes são necessárias mais de dez tentativas para que saia conforme o espera- do. Por isso, nenhum detalhe deve passar despercebido, pois isso causa um estranhamento em quem está assistindo e também passa um ar de baixo profissionalismo ao filme. Deixo aqui um exemplo de ficha de continuidade para vocês. 40UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA https://exame.com/marketing/got-rende-publicidade-de-us-23-bi-a-starbucks-e-copo-nem-era-da-marca/ https://exame.com/marketing/got-rende-publicidade-de-us-23-bi-a-starbucks-e-copo-nem-era-da-marca/ QUADRO 2 - FICHA DE CONTINUIDADE Fonte: https://doceru.com/doc/1cv881e Acesso em: 09 out 2022. Portanto, se você for o responsável pela continuidade de alguma obra audiovisual, tenha muita atenção, seja extremamente organizado e conheça o roteiro como ninguém. Você será o responsável pelo cumprimento da narrativa além de cuidar dos aspectos visuais. 41UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA https://doceru.com/doc/1cv881e 42UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA 42 A série original da Netflix “The Crown” conta a história da Rainha Elizabeth II. A produção custou mais de R$ 300 milhões de reais e o figurino é de tirar o fôlego. A história se passou nos anos de 1930 e 1940 e contou com uma caracterização impecável pelas mãos da figurinista Michele Clapton. Ela estudou os costumes por fotos e vídeos da época, além de estilistas como Christian Dior e Norman Hartnell, responsável pelo vestido de noiva da rainha. Uma curiosidade: a equipe para reproduzir o vestido, contou com seis bordadeiras e estudantes de moda que trabalham 10 horas por dia durante seis semanas. O valor foi de R$ 120 mil. Para saber mais acesse: https://ffw.uol.com.br/noticias/moda/conheca-os-bastidores-para-a-criacao-do-figurino-serie-miliona- ria-the-crown/ https://ffw.uol.com.br/noticias/moda/conheca-os-bastidores-para-a-criacao-do-figurino-serie-milionar https://ffw.uol.com.br/noticias/moda/conheca-os-bastidores-para-a-criacao-do-figurino-serie-milionar 43UNIDADE 2 DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA “Tudo que você vê na tela, enquadrado pela câmera, é direção de arte.” Fonte: (CHAMIE, Lina apud GAMBINI, 2014, p. 12). Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/126697/000841745.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/126697/000841745.pdf?sequence=1&isAllowed=y 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma unidade e eu acredito que você deve estar surpreso com a quantidade de processos que envolvem uma produção audiovisual. Em meu primeiro trabalho com produção de cinema, fiquei encantada com todas as etapas presentes em um mundo encantador como aquele. Cada detalhe fazia a diferença e o trabalho em equipe era crucial para um resultado satisfatório. Produção audiovisual assim como outros trabalhos e empresas funciona como uma engrenagem: todos os dentes precisam se movimentar em um tempo preciso para que se encaixem e, juntos, façam acontecer. Neste ramo funciona da mesma forma. Desde o início roteirista e diretores precisam estar em sintonia e em sincronia para ajustar as ideias e formas de tornar real algo que está no papel. Aí entram equipes de produção, equipes de arte, desenvolvimento e criação. Todas unidas com o único propósito de fazer um filme tomar forma e transparecer as ideias iniciais de quem a escreveu. Nesta Unidade vimos o trabalho desenvolvido pelos examinadores do casting, pe- los produtores na definição das locações, na direção de arte que engloba inúmeras outras etapas e processos e, não menos importante, o trabalho desenvolvido pela continuidade. Como podemos perceber, não há uma função melhor ou mais importante. Todos dependem de todos. O diretor não consegue dirigir nada se os objetos de cena não estiverem lá posicionados junto aos personagens devidamente vestidos e arrumados. É uma somatória. E assim devemos ser na vida, em casa, no trabalho. Pensar sempre que suas ações podem determinar as funções e ações do outro, seja de forma positiva ou negativa. Então, execute seu trabalho da melhor forma possível, pois outras pessoas podem depen- der disso. O audiovisual é espetacular e sempre nos aplica lições, não é mesmo? 44UNIDADE