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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL DELEGADO GOIÁS SEMANA 01/14 446 3) Deixar de deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível, dentro de prazo razoável (inc. III). Por se tratar de crime omissivo próprio, a tentativa é inadmissível. É dizer, se ainda não houve o decurso do prazo razoável para que o magistrado proferisse sua decisão, não há falar em tentativa, pois sequer teve início a execução do delito. Porém, expirado o prazo razoável, se a autoridade judiciária permanecer inerte, o delito já estará consumado. Obs.: NÃO REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA O art. 310 do CPP, com a redação dada pelo pacote anticrime, prevê a realização da audiência de custódia. Por sua vez, o §3º determina que a autoridade que deixar de realizar a audiência de custódia, sem motivação idônea, responderá administrativa, civil e penalmente. Vejamos: § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão Diante disso, indaga-se: a não realização de audiência de custódia configura crime de abuso de autoridade? 1ªC – o parágrafo único do art. 9º da Lei 13.869/2019 não previu a não realização de custódia como crime de abuso de autoridade, por isso não poderá ser tipificado. Além disso, é possível conceder liberdade provisória, o que não causará prejuízo à pessoa presa. 2ªC – de fato a Lei de Abuso de Autoridade não previu a não realização de audiência de custódia. Contudo, o §4º do art. 31013 prevê que, transcorrido o prazo de 24h após o decurso do prazo em que deveria ter sido realizada a audiência de custódia (24h da prisão), a prisão passa a ser ilegal, devendo ser relaxada. Perceba, portanto, que estaremos diante da hipótese prevista no inciso I, do parágrafo único, do art. 9º da Lei 13.869/2019. Conclui-se, assim, que o crime, em si, não seria a não realização da audiência de custódia, mas sim o fato da não realização da audiência de custódia acarretar a ilegalidade da prisão, e o juiz se omitir quanto ao dever de relaxamento em prazo razoável. 13 § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3