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No trecho, há um argumento
a) político, que reconhece a importância da emancipação dos escravos, ainda que de forma
paulatina, para a construção de novos elementos de cidadania social, condição mínima para o
país abandonar a violência cotidiana e sistemática contra a maioria da população.
b) social, que assinala a inconsistência da defesa do fim da escravidão no país, em razão da
incapacidade dos homens escravizados de participar das estruturas hierárquicas e culturais,
estabelecidas ao longo dos séculos, durante os quais prevaleceu o trabalho compulsório.
c) econômico, que distingue os cidadãos ativos dos passivos, estes considerados um estorvo para
as atividades produtivas, fossem na agricultora ou na procura de metais preciosos, por causa
da desmotivação para o trabalho, elemento central para explicar a estagnação econômica do
país.
d) cultural, que se consubstancia na impossibilidade da convivência entre homens livres e
homens libertos e tenderia a produzir efeitos sociais devastadores, como tensões raciais
violentas e permanentes, a exemplo do que já ocorria no sul dos Estados Unidos.
e) moral, que aponta para os malefícios que a experiência da escravidão provoca nos próprios
escravos e que esses malefícios terminam por contaminar toda a sociedade, mostrando, em
síntese, que os brancos eram muito prejudicados pela ordem escravocrata.
146 - (UNESP SP)
O fato mais significativo desta crise da mão de obra foi a alta do preço do escravo. Após 1850, ano
da lei da abolição do tráfico, os preços praticamente triplicam. Em 1865, uma escrava valia mais
que o escravo homem, pois seu papel reprodutor tornava-a mais valiosa.
(Ana Luiza Martins, Império do Café)
Para solucionar essa crise, o governo imperial
a) criou o bem-sucedido sistema de parceria, a fim de conseguir trabalhadores de outras regiões
do país.
b) enfrentou as pressões militares inglesas, para garantir a continuidade do abastecimento de
escravos africanos.
c) contratou migrantes nordestinos que fugiam das secas, oferecendo-lhes emprego na
cafeicultura paulista.
d) decretou o fim da escravidão com a Lei Eusébio de Queirós, indenizando os senhores para
evitar crise na economia.
e) passou a atrair imigrantes para trabalharem nas fazendas de café, por meio de propaganda na
Europa.
147 - (IFSC)
Em 1850, por meio da Lei Eusébio de Queiroz, o tráfico de escravos para o Brasil foi proibido
definitivamente. Sobre a importação de escravos e sua proibição, assinale a alternativa CORRETA.
a) A Lei Eusébio de Queiroz foi uma resposta à pressão estrangeira, principalmente exercida pela
França sobre o Brasil, após a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
b) O fim do tráfico de escravos baseou-se em mais uma lei sem aplicação no Brasil, pois quando
ela foi promulgada, já não existia mais escravidão no país.
c) O fim do tráfico foi resultado dos crescentes movimentos armados empreendidos pelos
escravos brasileiros.
d) A proibição do tráfico de escravos para o Brasil não surtiu efeito, pois o trabalho realizado por
eles já não era economicamente relevante.
e) A Lei Eusébio de Queiroz levou ao aumento do comércio interno e do preço dos escravos entre
as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.
148 - (Mackenzie SP)
A respeito da Lei Áurea, leia o texto.
“Na verdade, não havia mais como adiar o processo. Redigido de maneira simples, o texto da lei era
curto e direto: ‘É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Revogam-se as
disposições em contrário’. O Treze de Maio redimiu 700 mil escravos, que representavam, a essa
altura, um número pequeno no total da população, estimada em 15 milhões de pessoas. Como se
vê, a libertação tardou demais, e representava o fim do último apoio da monarquia: os fazendeiros
cariocas da região do Vale do Paraíba, os quais se divorciavam de seu antigo aliado”.
Lilia M. Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II,
um monarca nos trópicos. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, pp. 437-438
Assinale a alternativa que contenha a questão central para o “divórcio” mencionado no texto.
a) No âmbito das camadas dominantes, o abolicionismo gradual era a defesa principal. Entretanto
a assinatura da Lei Áurea, em 1888, foi entendida como um ato radical e desesperado do
Império, resultando na cisão entre os fazendeiros e o governo.
b) A abolição definitiva gerou perdas materiais e levou ao desprestígio de uma minoria muito
ativa e extremamente ligada ao trono. A falta de indenização, portanto, selou o rompimento
com o Estado e a adesão, daquela minoria, ao republicanismo.
c) Com o crescimento da campanha abolicionista, o Império não teve como negar ações de
caráter mais populares. A Lei Áurea representou o último ato de um governo estável e sem
oposições internas, garantindo, assim, o início de um futuro Terceiro Reinado.
d) A abolição representou a vitória de setores mais progressistas da sociedade, representado pelo
fazendeiro do Vale do Paraíba. Por isso, tal ato freou, ao menos momentaneamente, as
aspirações republicanas e deu uma sobrevida ao Império.
e) Resultado das pressões de diversos fatores sociais, o abolicionismo teve seu ponto alto com a
assinatura da Lei Áurea. Entretanto, em virtude dos interesses oligárquicos, foi cerceada
qualquer medida em prol da consolidação dos direitos dos recém libertos.
TEXTO: 1 - Comum à questão: 149
“Criada em 1883, com sede no jornal Gazeta da Tarde, no Rio de Janeiro, a Confederação
Abolicionista era uma organização política cujo programa defendia, simplesmente, o fim do trabalho
escravo.
E o quilombo produtor de camélias do Leblon fazia parte de uma imensa rede de quilombos
abolicionistas ligados à Confederação, como o Clube do Cupim, em Recife, o quilombo Carlos
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Deodoro é afastado do Rio de Janeiro
Apesar das boas pazes em que Deodoro vivia com
o Govêrno, era natural que êste estivesse sempre de
sobreaviso com as possíveis atitudes do marechal, conhe
cidos que eram o seu feitio movediço, as suas contradições
e a facilidade com que se deixava influenciar por quem
melhor lhe falasse aos ouvidos. João Alfredo conhecia-o
bem, e estava ainda lembrado do trabalho que êle dera
ao Barão de Cotegipe quando se encontrava ainda no
Rio Grande do Suf e, pouco depois, quando viera para
a Côrte. J;: verdade que até agora não tinha queixas
dêle. Mas até quando se manteria o marechal nessa
atitude conciliat6ria? Era o que ninguém sabia.
Nessas incertezas, pareceu ao Govêrno que seria de
bom alvitre uma medida qualquer que o afastasse, ainda
que temporàriamente, mas sem o ferir, do ambiente peri
goso da Côrte, subtraindo-o da ascendência que tinha
sôbre êle o grupo que pràticamente dominava no Clube
Militar. Foi quando ocorreu a lembrança de o mandar
em missão a Mato Grosso, sob o pretexto de ir defender,
ali, as nossas fronteiras, contra qualquer tentativa de
invasão, por parte das fôrças militares da Bolívia ou do
Paraguai, que estavam então em véspera de se fazerem
guerra, por causa da velha disputa do Chaco. Nomeado
para a dupla comissão de "Comandante das Fôrças de
Terra e Mar em observação na Província de Mato
Grosso" e Comandante das Armas da Província, {oram
DEODORO É AFASTADO DO RIO DE JANEIRO - 259
destacadas, para seguirem com êle várias unidades mili
tares, adicionais àquelas que iria encontrar em Mato
Grosso.
A idéia dessa comissão ocorreu, parece, ao Govêrno
por ocasião dos distúrbios havidos na Capital paulista,
ou melhor, de sua repercussão no Rio, sobretudo quando
da tal sessão no Clube Militar, presidida por Deodoro,
que não tendo embora maiores conseqüências devido
sobretudo à atitude conciliatória dêste, sempre votou
aquela moção intimando, ainda que veladamente, o Go
vêrno a demitir o Chefe da Polícia de São Paulo. Pelo
menos o Aviso do Ministro da Guerra, convidando Deodoro para chefiar a missão, tem a data de 30 de novembro
de 88, isto é, o mesmo dia em que o irmão Severiano
fazia ver ao Govêrno a impossibilidade de ser mantido
em seu cargo aquêle funcionário.
Tratava-se, dizia Tomás Coelho, de um convite que
se fazia a Deodoro sob tôdas as aparências de uma
honraria, mas que valia, como bem diz R. Magalhães
Júnior, por uma "deportação dissimulada". Foi, aliás,
o que muitos compreenderam, inclusive seu irmão Seve
riano, que em carta com que o alertou lhe disse que se
tratava de "um plano para anulá-lo", aconselha•ndo-o a
que não embarcasse sem instruções por escrito, deixando
bem claro que êle não iria ficar subordinado em Mato
Grosso ao Presidente da Província, a igual dos demais
Comandantes das Armas, e acrescentando: ":É uma
questão de tudo ou nada; ou você continuará com o
respeito, simpatias e admiração do povo, e o futuro é
seu; ou bigodeado, como uma criança, e será completa
mente abandonado"244.
Seguindo o conselho do irmão, Deodoro ainda tentou
obter que o desligassem de qualquer laço de subordi-
(244) Idem.
260 - HISTÓRIA DA QUEDA DO íMPÉRIO
nação com o presi,dente já nomeado da Província, que
era, aliás, um amigo seu245
; ou que lhe dessem então
êsse cargo, cumulativamente com o Comando das Armas.
Mas não foi atendido. E para não criar dificuldades ao
Govêmo nem deixar seu irmão Ajudante-General em
situação difícil, não teve outro remédio senão aceitar a
comissão. Assim que a 27 de dezembro de 88 êle embaT
cava para Mato Grosso.
João Alfredo iria declarar mais tarde246, que ao
designar Deodoro para essa comissão em Mato Grosso,
não fôra sua intenção ver-se livre dêle, mas sim por ser
realmente necessária a sua presença naquela longínqua
Província. Podia ser, mas custa a acreditar que êle não
tivesse podido encontrar para essa comissão nenhum
outro oficial-general com os mesmos requisitos que Deo
doro, e fôsse escolher justamente êste, que embora agora
mais sossegado, era sempre, por sua constante inquietação
e repetidos atos de indisciplina, um homem dos mais
incômodos para todos os Governos.
No fundo, o que se deve presumir, é que João
Alfredo, fazendo aquela declaração, procurava simples
mente esconder a verdade, isto é, não queria confessar
que temia a presença de Deodoro na Côrte. Mas foi o
que todos perceberam, a começar pelo ministro inglês,
que num Ofício de 19 de dezembro de 1888 mandava
dizer para Londres : "A tal ponto chegou o grau de
insolência e de insubordinação dos militares, que se
acredita em meios bem informados estar o Govêmo
ansioso por afastar muitas dessas tropas para uma distante
( 245) Antônio Herculano de Sousa Bandeira, "jovem," inteligente e
criterioso, meu afeiçoado", dizia Deodoro em Ofício ao Ministro da Guerra.
Tratava-se de um pernambucano amigo e protegido do Barão de Lucena,
através do qual Deodoro o devia ter conhecido. Já tinha sido Presidente
da Paraíba, e seria, sob a República, senador e governador do Estado de
Pernambuco.
(246) Ver eui Ouro-Prêto, Adoento da Ditadura Militar do BrtUU.
DF.ODORO É AFASTADO DO RIO DE JANEIRO - 261
e quase despovoada Província, como é a de Mato Grosso,
pretextando para isso um litígio existente entre a Bolívia e
o Paraguai". E num outro Ofício dessa mesma data
adiantava que a verdadeira razão dessa expedição militar
era afastar officers and men who have been wanting in
discipline to a Province where they can be of compara
tívely little danger to the State.
Mas fôsse levado por que fôsse, o fato era que o
afastamento de Deodoro, num momento como aquêle,
tinha uma significação altamente política, porque valia,
por um lado, tirar das mãos do grupo de oficiais que o
cercavam o seu pri-ncipal e mais dócH instrumento, dei
xando-os, assim, desorientados e pràticamente sem ação;
e, por outro, impossibilitá-los de encontrarem um outro
chefe. Porque o único em quem podiam pensar, para
isso, seria Pelotas. Mas Pelotas era um homem bem dife
rente de Deodoro: mais inteligente, antes de tudo, mais
hábil, quer dizer, mais político. E sobretudo, mais senhor
de si, com uma personalidade que o outro estava longe
de possuir. Se Pelotas tivesse consentido em se pôr à
frente dêsse grupo, -não seria êle que se iria deixar
manobrar, como Deodoro, nem seria jamais um mero
instrumento nas mãos de uns tantos cadetes e tenentes
turbulentos e irresponsáveis.