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(Storni, Careta, ano 18, n. 897, 29 de agosto de 1905) A charge acima apresenta uma das práticas políticas que caracterizaram o governo republicano no Brasil, entre 1889 e 1930. Assinale a opção que a identifica corretamente. a) política dos governadores b) política de valorização do café c) coronelismo d) política do café-com-leite e) voto de cabresto 16 - (UNIMONTES MG) Comparando-se as estruturas político-administrativa e de poder, vigentes durante o Império e a República Velha, analise as afirmativas abaixo. I. O principal grupo social de sustentação do poder no Império era representado por pequenos e médios proprietários rurais, enquanto, na República Velha, o governo se apoiou na classe média urbana. II. As eleições no Império eram indiretas e censitárias, enquanto, na República Velha, eram diretas, com voto a descoberto para maiores de 21 anos. III. No Império, a religião católica era a religião do Estado e, em função disso, o clero secular atuava de modo semelhante aos funcionários do governo, enquanto, na República, o Estado se tornou laico. IV. No Império, predominou a descentralização política das províncias, enquanto, na República Velha, o sistema federativo impôs uma ampla centralização. Estão CORRETAS as afirmativas a) II e III, apenas. b) III e IV, apenas. c) I e II, apenas. d) II, III e IV, apenas. 17 - (FFFCMPA RS) “A rarefação do poder público em nosso país contribuiu muito para preservar a ascendência dos ‘coronéis’, já que, por esse motivo, estão em condições de exercer, extraoficialmente, grande número de funções do Estado em relação aos seus dependentes”. (Victor Nunes Leal. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: AlfaÔmega, 1975, p.42). Sobre o voto e a participação política na Primeira República, assinale a alternativa correta. a) Com a proclamação da República em 1889, o voto deixou de ser visto como uma moeda de troca pela população, a qual passou a participar mais ativamente da vida política do país exercendo a cidadania. b) A Constituição de 1891 garantia o amplo direito de voto a todos os brasileiros maiores de 21 anos, inclusive aos analfabetos. c) Com a federalização do Brasil, os latifundiários perderam seu espaço político para a classe média urbana, a qual era composta majoritariamente por profissionais liberais. d) O coronelismo pode ser definido como um conjunto de práticas políticas caracterizadas pela base familiar e rural, pelo voto de cabresto e pelo fisiologismo. e) A continuidade do sistema oligárquico na primeira república engendrou um processo político marcado pela democratização, na medida em que diferentes grupos e partidos políticos se revezavam no poder. 18 - (Mackenzie SP) (...) A pergunta “Quem é você?” recebia invariavelmente a resposta: “Sou gente do coronel Fulano”. Essa maneira de redargüir dava imediatamente a quem ouvia as coordenadas necessárias para conhecer o lugar socioeconômico do interlocutor, além de sua posição política. Maria I. P. de Queiroz – História Geral da Civilização Brasileira O fenômeno sociopolítico, a que se alude no fragmento acima e que alcançou seu maior vigor nas primeiras décadas do Brasil republicano, pode ser entendido como a) a expressão do poder político dos empresários industriais, que, embora formassem uma classe numericamente pequena, experimentavam desde o Império um significativo crescimento de sua importância econômica. b) o resultado da militarização das instituições políticas brasileiras em virtude de a liderança do movimento republicano ter sido exercida por militares, como Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. c) uma reação dos líderes políticos nos Estados à instituição do voto secreto pela Constituição de 1891, inovação que reduziu drasticamente o poder dos grandes proprietários rurais. d) uma forma de clientelismo em que chefes políticos locais (geralmente proprietários rurais), dominando grupos de eleitores e lançando mão sistematicamente da fraude eleitoral, sustentavam o poder das oligarquias no plano estadual e, indiretamente, no federal. e) a conseqüência da ascensão social – por meio das escolas militares – de membros das classes médias urbanas, formando uma oficialidade coesa de tenentes, capitães, majores e coronéis. 19 - (UECE) “Havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa e o positivismo de Augusto Conte, defendido por Benjamin Constant. As três correntes combateram-se intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas”. Fonte: CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, pp. 9-11. A corrente vencedora foi: a) A corrente Positivista de Benjamin Constant. b) A corrente Liberal Americana. c) A corrente Jacobina Francesa. d) Um misto das correntes Positivista e Jacobina. 20 - (UFSM RS) Com a desestruturação da ordem escravista em 1888, deixou de existir a instituição que definia o lugar de cada um na sociedade brasileira. A 1ª República, a partir de 1889, adota pra´ticas políticas que provocam reações dos setores sociais populares, que passam a defender seus direitos, utilizando as estratégias a seguir, EXCETO a) movimentos operário, que se mobilizava em greves e outras ações, contra as longas jornadas de trabalho, habitações precárias e ausência de políticas sociais. b) atuação das camadas sociais populares, como na cidade do Rio de Janeiro, que desenvolviam atividades culturais como o futebol e o samba. c) oposição de parcela significativa da população carioca à vacinação obrigatória, à nomeação de um interventor estadual e à nacionalização do petróleo. d) resistência de populares às reformas urbanas do governo municipal carioca que pretendia expulsar do centro da cidade as “classes perigosas” constituídas, entre outras, pelos moradores dos cortiçoes considerados insalubres pelas autoridades públicas. e) revolta de marinheiros que pedia o fim dos castigos físicos, melhoria nos vencimentos e nas condições higiênicas e de alimentação existentes nos navios. Historia do Bra.sil 37 tuintes (1). Diga-se embora que não são relevantes as diferenças entre o trabalho dos juristas e o do ministério, verdade é que Ruy, relator nas reuniões a que presidiu Deodoro (de 10 a 18 de Junho), o refundiu, e por isto se proclamou mais tarde seu "autor" (2). A autoria de Ruy consiste na redação do texto, calcado no da comissão, mas sem sacrificio das vistas originais, com que o alterou; e de tal modo, que podemos considera-los como duas fases do mesmo planejamento, a que o Congresso ajuntou pormenores valiosos. A constituição. Instalada em 15 de Novembro de 90 em improvisado recinto no palacio de São Cristovão, "sem um grito, sem um viva ... " (3) - a Constituinte não perdeu tempo. Achou em Prudente de Moraes (que representava o par tido republicano paulista) o presidente respeitavel, que lhe encaminhou habil e apressadamente os trabalhos. Antes de mais nada se conveiu em lhe restringir a com- (1) Compunha-se a comissão de Joaquim Saldanha Marinho, Ame rico Brasiliense, Santos Werneck, Rangel Pestana e Magalhães Castro. Os tres projetos que produziu foram unificados num texto, que Ruy, relator do governo, em reuniões diariamente realizadas na sua casa (entrevista ao Comercio de 8. Paulo, 1908, tambem ln Revista do Insti tuto Historico e Geografico Brasileiro, LXXIII, p. II), refundiu em har monia com os colegas, lendo depois para Deodoro o trabalho refeito. Fellsbelo Freire, Historia Constitucional da Republica doa Estados Unidos do Brasil Rio 1894, divulga, em colunas paralelas, esses projetos (negando a Ruy a "autoria") . TAVARES DE LIDA, Organização Politicae adminis trativa do Brasil, S. Paulo 19'1, ps. U0-240, estabelece o cotêjo dos tres documentos (comissão. governo e Constituição de 1891). Melhor Impressão da parte que cabe a lluy nessa magna tarefa nos dá o vol. XVII de suas Obras Completas (edição da casa de Ruy Barbosa, Rio 1946), com prefacio em que lhe analisamos a contribuição pessoal. (2) Palavras de Ruy: "Autor da Constituição republicana •. . ", O Habeas corpus, p. 25, Bahia , 1892, "Profissional que o concebeu . . . " (ao dito texto), O artigo 6.° Constituição e a Intervenção de 1990 na Bahia, p. 15, Rio 1920. "Quando, em 1890 . .. organizava a Constituição atual •.• ", Discurso do jubileu, 1918. (3) Visconde de TAUNAY, art. de , de Out. de 1918. O grande impe rador, p. 80, S. Paulo 1932). 38 Pedro Calmon petencia "ao objeto e termos de sua convocação" (1). Proibia-lhe qualquer interferencia no governo (razão do descrédito da primeira constituinte imperial) e a discussão de dois pontos pacificos: a republica e a federação (2). Esta adesão inabalavel ao "fato consumado" varreu as possiveis resistencias abrigadas na desilusão ou na reação da "velha guarda"; e foi num ambiente de urgência e acôrdo que correram os debates (3). O liberalismo oficial estampára-se no projeto. Chefiada por Castilhos, a bancada sul riograndense se destacou, tanto pela prévia divulgação do seu programa doutrinário (afinal, um sistema!) como pela energia com que o apresentou. De fendia sobrétudo a autonomia dos Estados; e a univer salidade do voto. Manteve-se por fim o presidencialismo. Em vão pediu o senador Saraiva, para o moderar, que fôsse de dois anos o mandato do presidente ... (4) Ficou sendo de quatro (não de 6 como propuzéra a comissão). Os ministros ficavam impedidos de participar da discussão legislativa; seriam o presidente e os senadores eleitos pelo povo, e não como quizera Ruy, por um colegio eleitoral reduzido e pelas assembléias estaduais; reforçou-se a economia dos Estados dando-se-lhes a pro priedade de terras e minas, e novas fontes de receita; especificaram-se os direitos individuais ... (5) Caíram certas disposições extremadas, como a obrigatoria prece dencia do casamento civil, a expulsão dos jesuitas ... (1) JoÃo BARBALHo, Constituição federal brasUeira, comentarias, 2.• ed., p. 6, Rio 1924. (2) Art. 17 do Regimento da Constituinte. Consagrava o art. do projeto do governo provisório cristalizado no 90, § 4,0 da Const. de 91. (8) Vd. AURELINo LEAL, Historia constitucional do Brasil, p. 223, Rio 1015. ( 4) MACHADO DE Assis, A Semana, II, 301 (Crônica de 27 de Jimeiro de 1804), ed. Jackson, S. Paulo 1988. (5) CARLOS MAXIMILIANO, Comentarias à Constituição brasileira, 8,• ed., p. oo, Rio 1029, cataloga as modificações introduzidas no projeto. Sobre a ação castilhista, V1cron RussOMANo, Historia constit11cional do Rio Grande do Sul, p. 215, Pelotas 1982, Historia do Brasil 39 Mas não havia relações com a Igreja! (1) Equilibra vam-se, nos seus "freios e contrapesos" (como nos Estados Unidos) os poderes; - e afinal a clareza, a síntese, a limpidez verbal da Constituição - promulgada em 24 de Fevereiro de 1891 - lhe garantiam uma duração razoavel. Estabilizava a autoridade central, franquiára aos Estados vida própria, proclamára as liberdades demo craticas. Tanto fôsse cumprida! É escusado acrescentar que não foi. Na verdade jamais a observaram no espírito de algumas de suas disposições básicas, sofismadas, na prática do governo, por um presidencialismo autocratico associado às oligar quias regionais. Permitiria (veremos) que à sua sombra se formasse outra "ordem" politica, qual a dos "costumes", em contradição com a ordem teórica da Lei. Confesse-se embora que nenhum país é regido estrictamente por sua Carta magna; e a proposito da Inglaterra (modêlo na espécie) dissesse um autor, que são quatro na realidade as suas Constituições, a simbolica (dos signos), a legal (dos textos), a convencional (das concessões), a existente (dos hábitos) ... (2) De fato a república legalizou-se. Mas - "prometida e adiada", argumentou Ruy (3) - longe de adaptar-se às normas clássicas expostas pelo legislador, continuaria metida na conjuntura de sua vis ceral imperfeição combinada com duas séries de pro blemas, que, com aquela Constituição tão norte americana (4), ou sem ela, tinham de ser resolvidos: da conservação (combatida por todas as forças da oposição) (1) Vd. Verdades históricas, Nlterol 1002, p. 22 (o episcopado ao clero e aos fieis, 6 de Janeiro de 1900). (2) A. KouLICHER, in Archives de Philosophie du droit, ns. 8-4, ps, 480-529, Paris 1032. (3) Rov DABBOSA, Osvaldo Ontz, p. 5, Rio 1017. (4) AMARO CAVALCANTI, cf. Anais da Constituinte, 1, 160: era