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Historia do Brasil 225 fosse Bernardino de Campos (1). Não lhes servia a subver são da autoridade cm proveito de um militarismo sem oportunidade, com volta à sistemática positivista, à paixão do florianismo retinto, num clima de reivindicações ran corosas. Queriam o funcionamento da "máquina", a con servação do poder, essa legalidade de compromisso que su perára o periodo das dissenções sanguinárias. Encarna vam o presidencialismo ambicioso de duração. Era a "po lítica", que se sobrepuzera à "ideologia" - e o mais que exigiu, no ano seguinte, foi o direito de fazer o novo p1esidente sem a intervenção do sucessor. Pela "poli tica" .. . Amainada a tempestade, viu-se que o progresso quasi puzera abaixo o governo, mas, com este preço, pagava os sacrifícios, que tinham anunciado. A cidade, transformára-se. A revolta popular valera-se da pedraria das demolições para agredir a autoridade: foi antes de surgir, do entulho dos bairros destruídos, a beleza larga das avenidas. ( 1) A FONSO ARINOS DE MELO FRANCO, Um estadista da republica, I, 459, Rio 1055. XXII CIVILIZAÇÃO MODERNA Novas cidades. A idéia da "cidade moderna" foi das poucas que viéram da periferia para o centro. O Rio deixou-se conquistar pelo espírito revolucionário produzido pelas audácias da riqueza - como no caso de Manáos (1) e de Belem - e pelo arrôjo da política - que creára em Minas Gerais, novidade magnifica, Belo Horizonte (2). Explica-se o prodígio amazônico pela alta da borracha, a cujo consumo universal atendía o Brasil com 98%: permitira a governos engenhosos (Eduardo Ribeiro) substituir a sua cidade humilde por uma capital de belas ruas, adornada de arquitetura faceira, servida de trans portes eletricos. O exemplo mineiro particulariza-se na reação municipal (com a séde em Barbacena) à centrali zação do poder publico em Ouro Preto, fóra das grandes (1) A.C. Ferreira Reis, História do Amazonas, p. 260. De Belem dizia Euclides da Cunha, ao de Dez. de 1004: "Nunca S. Paulo e o Rio terão as suas avenidas monumentais, la rgas de 40 metros . .. ", Euclides da Cunha a seus amigos, p. 141. Sua Impressão de Manáos, ibid., p. 144. (2) Vd. NELSON DE SENA, Corograffa de Minas Gerais, p. 288, ecl, da Soe. de Geogr. rio Rio de Janeiro, 1022. A Constituição e.staclual autorlzára a mudança da capital de Ouro Preto para outro sitio, o que foi facllltado pelo funcionamento temporário da. assembléia em Barbacena (onde se creou, em 1804, a comissão construtora da nova cidade, sob a direção do engenheiro Aarão Reis). O sucessor deste, eng. Francisco Bicalho, entregou ao governo mineiro, em 12 de Dez. de 1897, as primeiras instalações da Cidade de Minas (como então se chamou). Teve o nome defenltivo de Belo Horizonte por lei rle l de Julho de 1901 - como aliás já determinára o decreto de 12 de Abril rle 1890 para o primitivo a rraial de Curral dei Rei. O presidente Afonso Pena começou e o presidente Blas Fortes concluiu o empreendimento enorme, de passar a séde do governo d a a rcaica .Vila Rica para aqueles arejados Jogares - donde, no decurso de melo seculo, brotou uma das maiores cidades do pa is. Historia do Brasil 227 linhas de circulação da provincia: foi possível, exata mente porque, com a ruptura da tradição, o desloca mento da influencia oficial (de Ouro Preto para Bar bacena), a coragem de homens empreendedores (presi dentes Afonso Pena, Bias Fortes), os desesperados pro testos da cidade prejudicada não puderam alterar a decisão tomada. Déram-lhe um traço dramatico, de heroismo administrativo. O fato é que a comissão incum bida da mudança (sob a chefia de Aarão Reis) se fixou no arraial do Curral del Rei (que um decreto de 1890 denominou, republicanamente, de Belo Horizonte), e entre 1894 e 97 construiu em axadrezado racional, cortado de vastas avenidas diagonais, a metropole futura. Ao ins talar-se ali o governo mineiro, o país o admirou tanto pela tenacidade, como pelo descortino: a um tempo rompera com a rotina e déra aos brasileiros, a ela agar rados, o modêlo antecipado de uma civilização de ângulos rétos, de pistas de tráfego, de engenharia urba nistica, de disciplina geometrica aliada de um roman tismo saudavel - com a perspectiva de parques vêrdes entre massas de alvenaria nobre - num ar higiênico, de sertão. O que o governo federal, apesar da Constituição, que lhe previra a transferencia para o planalto central, não ousava, nem ousaria, fizéra depressa, e cientifi camente, aquela administração discreta ... São Paulo apresentava-se como um fenômeno de desenvolvimento explosivo, graças a dois fatôres con jugados: o café e o imigrante (1). Em 1900 juntou-se-lhes outro elemento decisivo: a eletricidade. Em tres anos (1890-93) subira-lhe a população de 64.394 a 130. 755 (2). Quasi um milhão de estrangeiros recebeu o Estado de 1889 a 1900: a maioria (618.721) italianos. A alta do (I) Vd. 1.° Centenario do conselheiro Antonio da Silva Prado, p. 101 passim, S. Paulo 1946. (2) AFONSO n'E. TAUNAY, Historia da cidade de São Paulo, p. 254, S. Paulo 1954, 228 Pedro Calmon café permitia consideraveis obras publicas, a técnica européia auxiliou a remodelação urbana, e graças à energia eletrica (da The São Paulo Light and Power, com a primeira usina hidroeletrica do Parnaíba) se conciliou ela com o surto industrial que lhe completou a metamor fose. Não tardaria a esboçar-se, na cidade acanhada e fria de outrora, cujo centro virtual fôra a Academia de Direito, o lineamento vigoroso que a transfigurou - com a canalização dos rios, as grandes praças, avenidas como a Paulista (1), imitando os bairros de Paris e Milão, num luxo de fórmas novas (no folhudo estílo de 1890) a exaltar o sentido creador, de uma sociedade impaciente, seduzida por todas as fantasias de progresso. O novo Rio. Fazendo correr em 1892 o seu primeiro tramway, a Companhia do Jardim Botanico inaugurou o processo infalível de expansão da cidade: o transporte eletrificado que iria ligar aos subúrbios amênos o centro velho e insalubre do Rio de Janeiro: projetou-a para as praias. A usina termo-eletrica de 62 kw da rua Dois de Dezembro foi o núcleo inicial de uma revolução técnica: a substi tuição dos combustôres de gaz pela "féerie" da iluminação total, dos lentos bondes de burro por aqueles carros velozes, da modestia de uma capital às escuras pelo esplendor da vida noturna, da concentração pela dis persão do povoamento urbano com a conquista dos arrabaldes (2). Rasgou aquela emprêsa os túneis velho (1) Aberta por Joaquim Eugenia de Lima, vd. Roc1u AZEVEDO F1Lno, Um pioneiro em São Paulo, S. Paulo 1954. (2) Ao Dr. Coelho Cintra, diretor do Jardim Botanico, diz C. J. DuNLOP, coube a gloria de ter sido o reallznclor do primeiro sistema eletrlco definitivo na Amerlca do Sul, para a substituição da trnção animal, Apontamentos para a história dos bondes no Rio de Janeiro, p. 195, 1958. Tnmbem NonoNHA SANTOS, Meia de transportes no Rio de Janeiro, 1, 409, 1034. Em Pnris experimentárn-se n aplicação da eletricidade nessa espécie de transporte. Os boncle11 "americanos", porem, foram pela primeira vez utilizados em Cleveland, em 1884. d) aumentou o desgaste dos governos militares e desencadeou a volta da luta armada. e) provocou o descontentamento do general Geisel, que culminou na imposição do AI-5. 19 - (UEPB) Durante o governo militar foram instituídos os famigerados Atos Institucionais. Embora, todos eles fossem extremamente nocivos á vida democrática, um se notabilizou pelo grau de intervenção na vida política do país. Trata-se do Ato Institucional Nº 05 ou AI-5. Quais das medidas abaixo NÃO estão contidas no AI-5? a) Autorizou o presidente da República, independente de qualquer apreciação judicial, a decretar o recesso do Congresso Nacional e de outros órgãos legislativos. b) Autoriza a intervenção nos estados e municípios sem as limitações previstas na Constituição. c) Autoriza a cassaçãode mandatos eletivos e a suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão. d) Autoriza a decretação de confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido ilicitamente e a suspender a garantia de hábeas corpus. e) Autoriza a dissolução de todos os partidos políticos então existentes e estabelece a eleição indireta para a presidência da República. 20 - (FGV) A tabela abaixo fornece dados sobre as eleições de 1974. Essas eleições representaram uma importante mudança nos rumos da política brasileira porque: a) A derrota do partido da situação na Câmara dos Deputados demonstrava o processo de desgaste do regime militar junto ao eleitorado brasileiro. b) Marcaram o início do bipartidarismo no Brasil e a vitória da oposição nas eleições para o Senado Federal. c) Apesar da adoção da Lei Falcão, que impedia os candidatos de discursar e expor suas idéias no rádio e na televisão, a oposição saiu-se amplamente vitoriosa. d) A campanha pelo voto nulo, levada à frente pela oposição, mobilizou milhões de brasileiros que demonstraram seu descontentamento com a ditadura. e) Pela primeira vez desde a introdução do bipartidarismo, a oposição conseguiu uma votação maior que o partido do governo nas eleições para o Senado. 21 - (PUC RJ) No final da década de 70 houve, na sociedade brasileira, mobilizações pela anistia ampla, geral e irrestrita. Acerca desses acontecimentos estão corretas as afirmativas, à EXCEÇÃO de: a) Entre as mudanças que contemplaram reivindicações populares, destacou-se a concessão de anistia a presos e exilados políticos. b) A resposta do governo do General Geisel às mobilizações políticas e sociais correspondeu à promoção de uma abertura lenta, gradual e segura. c) Entre as mudanças políticas destacaram-se: a revogação do Ato Institucional nº 5 e o restabelecimento do direito de habeas corpus. d) O processo de anistia foi seletivo, não contemplando os militantes de esquerda contrários ao golpe de 1964. e) A abertura política caracterizou-se, entre outros aspectos, pelo fim do bipartidarismo e pelo retorno do pluripartidarismo. 22 - (UFRRJ) “Ao chegar à Oban, fui conduzido à sala de interrogatórios. A equipe do capitão Maurício passou a acarear-me com duas pessoas. O assunto era o congresso da UNE em Ibiúna, em outubro de 1968. Queriam que eu esclarecesse fatos ocorridos naquela época. Apesar de declarar nada saber, insistiam para que eu "confessasse". Pouco depois levaram-me para o pau-de-arara. Dependurado, nu, com mãos e pés amarrados, recebi choques elétricos, de pilha seca, nos tendões dos pés e na cabeça. Eram seis os torturadores, comandados pelo capitão Maurício. Davam-se "telefones" (tapas nos ouvidos) e berravam impropérios. Isso durou cerca de uma hora.” Frei Betto. Batismo de sangue: os dominicanos e a morte de Carlos Marighella. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. O texto acima discorre sobre os procedimentos dos militares e demais grupos responsáveis pela repressão contra aqueles que lutavam contra a ditadura instaurada no Brasil em 1964. Sobre a ação do regime ditatorial, podemos afirmar que a) A suspensão dos direitos e garantias individuais serviu ao propósito de debelar a oposição com violência. b) A tolerância política dos generais-presidentes conteve os excessos dos simpatizantes da ditadura. c) A sociedade brasileira estava indiferente às questões da democracia e da justiça social. d) Os tenentes foram os responsáveis pelo questionamento da ordem e exigiram medidas modernizadoras. e) O estabelecimento do Estado Novo garantiu a entrada do país na etapa da redemocratização política. 23 - (UNIFOR CE) Analise o trecho da música de Chico Buarque e a ilustração que seguem. “Hoje você é quem manda falou, tá falado não tem discussão A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão (...) Apesar de você amanhã há de ser outro dia (...) (Chico Buarque) Referem-se a um período da história republicana do Brasil: a) Regime militar, instalado, aparentemente, para combater a corrupção e o comunismo, pretensamente restaurando a democracia, e que governou através de Atos Institucionais. b) Estado Novo, instalado pelo Presidente Getúlio Vargas, com o fechamento do Congresso Nacional e leis de exceção. c) Reformas de base, defendidas por João Goulart, para que a população tivesse acesso à saúde, educação e moradia. d) Integralismo, movimento fascista que combatia o capitalismo financeiro e pretendia que o Estado controlasse a economia. Seu lema era Deus, Pátria e Família. e) República Velha, dominada pelos cafeicultores paulistas que faziam uma política de proteção à produção e comercialização do café. 24 - (UNIMONTES MG) Sobre os órgãos de informação e repressão, existentes no Brasil durante o regime militar (SNI, CENIMAR, DOICODI, entre outros), é INCORRETO afirmar que: