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FUFUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO AULA 05 Abertura O Mito da Caverna Olá, Nesta aula, você vai estudar algumas questões filosóficas que permeiam o cotidiano das escolas. Com isso, você vai perceber o quanto a filosofia faz parte do seu dia a dia, mesmo que você não se dê conta. Além disso, você vai notar como a filosofia da educação é necessária para a formação dos professores, bem como a importância dessa reflexão na sua prática enquanto docente. BONS ESTUDOS! REFERENCIAL TEÓRICO O Mito da Caverna é uma alegoria retirada de “A República”, de Platão, que fala sobre o conhecimento verdadeiro e o governo político. A Alegoria da Caverna está em um diálogo de A República, obra de Platão, e fala sobre o conhecimento da verdade. Nesta aula,vamos conhecer essa metáfora mais a fundo e sua relação com a educação. Ao final desta aula, você será capaz de: • Reconhecer a importância da filosofia da educação para a formação e para a prática do educador. • Relacionar o mito da caverna com os desafios da educação. • Identificar questões filosóficas no cotidiano escolar. BOA LEITURA. Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar questões filosóficas da atualidade que fazem parte do cotidiano das escolas. � Reconhecer a importância da filosofia da educação para a formação e para a prática do educador. � Relacionar o Mito da Caverna com os desafios da educação. Introdução Neste capítulo, você vai estudar algumas questões filosóficas que per- meiam o cotidiano das escolas. Com isso, você vai perceber o quanto a filosofia faz parte do seu dia a dia, mesmo que você não se dê conta. Além disso, você vai notar como a filosofia da educação é necessária para a formação dos professores, bem como a importância dessa reflexão na sua prática enquanto docente. Mais adiante, o Mito da Caverna vai convidar você a refletir sobre as “prisões” e sobre o quanto uma única fonte de informação, um único ângulo da realidade, pode torná-lo refém e impedi-lo de conhecer novas versões e pontos de vista sobre o mundo. Século XXI e o cotidiano da escola: questões filosóficas Cada vez mais a humanidade vive e sobrevive de forma globalizada. Aconte- cimentos de qualquer espécie ocorridos no Oriente interferem no Ocidente e vice-versa. Dessa forma, a escola não poderia passar ilesa. Muitas questões filosóficas interferem em seu modo de ser e agir enquanto instituição de ensino. Além disso, as relações entre os alunos, os professores e a comunidade escolar são regidas por influências do meio no qual eles estão inseridos. Aspectos relacionados à filosofia permeiam a vida escolar de diferentes maneiras, uma vez que questões filosóficas estão mais inseridas no cotidiano do que você pode imaginar. No entanto, a ideia aqui é focar apenas nas questões pertinentes às tecnologias e às redes sociais digitais, por representarem um tema latente e muito presente no dia a dia das escolas. Atualmente, com os avanços tecnológicos e as redes sociais digitais, é possível destacar um ponto importante para reflexão. Tal ponto está relacionado à questão da autonomia dos indivíduos em relação ao uso das tecnologias. Os jovens e adolescentes, e até mesmo as crianças e os adultos, acabam reféns das tecnologias e seus hábitos passam a girar em torno delas. E você já parou para pensar se exerce seu senso crítico e sua autonomia ao dedicar tempo excessivo a tais tecnologias? Outra questão se refere à perda da identidade dos indivíduos. Muitas vezes, eles vivem uma vida editada e em busca da tão sonhada “perfeição” e da “vida ideal” para postar nas redes. Ou, ainda, em busca do “melhor ângulo”, como se fosse possível, na prática, escolher apenas os melhores momentos da vida. Com isso, outra questão que vem à tona e possibilita o debate na escola se refere à exposição da vida privada: qual é o preço a pagar em nome dessa exposição? Tal exposição sem limites seria em nome da liberdade de expressão ou decorrente do fato de as pessoas não suportarem o medo de cair no anonimato e/ou no esquecimento? Ainda em relação a questões filosóficas, é possível destacar o respeito às diferentes culturas, em um mundo cada vez mais miscigenado e globalizado. Independentemente dos motivos, cada vez mais o movimento migratório entre as nações aumenta a necessidade de se discutir a importância do respeito e, principalmente, do conhecimento em relação às diferentes culturas do mundo. O que motiva tais hábitos, crenças e atitudes? O melhor é comer carne de vaca ou cultuar a vaca? Essas questões estão colocadas aqui propositalmente para você refletir o quanto a discussão e o conhecimento sobre as diferentes culturas são necessários para respeitar as crenças de cada povo, de cada indivíduo, indepen- dentemente de você aceitá-las ou não, gostar delas ou não. Afinal, o fato de gostar de carne vermelha não faz um brasileiro melhor do que um indiano; tampouco dá ao primeiro o direito de desrespeitar a crença do segundo e vice-versa. Vivemos um momento histórico conturbado em que não só a filosofia da história, mas também a razão e a subjetividade, os fundamentos e os valores, as identidades e as certezas se tornam ambíguos. O estremecimento desses conceitos angulares, que orientam o pensamento e a ação do homem moder- no, afeta a vida em todas as suas dimensões. Particularmente a educação se vê diante de novos desafios que são cruciais para o estabelecimento de seus objetivos e suas práticas. Não sendo possível voltar no tempo e recuperar os Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna2 fundamentos e valores do passado nem tolerável seguir vivendo na instabi- lidade, torna-se premente encontrar novas formas de legitimação. Essa é a tarefa que a Filosofia e, no contexto da educação, a Filosofia da Educação pode e deve assumir (GOERGEN, 2006, p. 591). Vem daí a necessidade de discutir esses e outros aspectos em sala de aula, com os alunos, colegas professores, direção escolar. Tais questões já estão instauradas e, como você acabou de ver, não é possível voltar no tempo e tampouco ignorar tais fatos, já que eles provocam uma mudança nos hábitos, como ocorre no caso das tecnologias e das redes sociais digitais. Como fechar os olhos para o fato de que um aluno está postando toda a sua rotina nas redes sociais digitais e pode ter sua vida íntima “invadida” e exposta, sem sua permissão, para outros colegas e até mesmo para pessoas desconhecidas? Em vez de você questionar de quem é a responsabilidade em relação aos jovens (até mesmo crianças), o debate deveria girar em torno do que fazer para evitar esse tipo de acontecimento. E, ainda, de que forma a escola e os professores podem preparar os alunos para agir e reagir diante dessas e de tantas outras situações da vida cotidiana? A Figura 1 remete a uma reflexão acerca desse novo comportamento rela- cionado ao uso das redes sociais digitais e às questões filosóficas, já destacadas anteriormente, resultantes desses novos hábitos. A partir da figura, você pode refletir sobre o quanto está refém e prisioneiro dessa tecnologia que veio para trazer benefícios, mas que abre o debate para novas questões importantes, que envolvem toda a comunidade escolar. Figura 1. O comportamento humano em relação às redes sociais. Fonte: Iconic Bestiary/Shutterstock.com. 3Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna A ética é a arte da convivência: esse é o tema da palestra do professor Clóvis de Barros Filho no TEDxSãoPaulo. Essa palestra é uma oportunidade para você compreender um pouco mais sobre ética e refletir acerca do assunto. Assista ao vídeo acessando o link ou código a seguir. https://goo.gl/NB9GeU A filosofia da educação inspirando a formação e a prática docente Quando se pensa em filosofia, logo vêm à mente nomes como Platão, Sócrates, Aristóteles e tantos outros pensadores importantes da área.Mas e a filosofia da educação? Com qual objetivo surgiu e, nos dias atuais, como pode contribuir para a formação dos professores? A filosofia da educação no Brasil surgiu com a chegada dos jesuítas (MAURANO; HENNING, 2013) e, conforme aponta Severino (2000, p. 273): “[...] a formação dos educadores bem como de seus educandos confundia-se com sua formação religiosa”. Assim, a filosofia da educação no Brasil assumiu um cunho muito mais ideológico, fugindo da essência da filosofia e da educação que visam, juntas, promover uma análise reflexiva em relação à vida e às suas diferentes situações. Maurano e Henning (2013, p. 8.265) consideram que a filosofia da educação, quando surgiu, não cumpria com seu principal papel, uma vez que: [...] o seu surgimento não ocorreu sob o pensamento crítico, questionador, exigente, mas sim sob um pensamento que só perpetuava a situação vigente, o poder da Igreja. A disciplina era desenvolvida simplesmente como elemento de ensino, não promovendo questionamentos sobre si mesma e sobre os fins da Educação “brasileira”. Nesse sentido, você pode considerar que a essência da filosofia não estava sendo contemplada, tampouco a da filosofia da educação, pois esta consiste em promover uma visão crítica da realidade. Por isso a filosofia da educação é tão importante na formação dos professores: ela contribui Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna4 em sua formação enquanto profissionais capazes de assumir uma postura crítica e um pensamento autônomo diante de diferentes situações. Além disso, essa formação possível com a filosofia da educação possibilita que o aluno, ao partir para a sua prática enquanto professor, compartilhe essa postura crítica com seus estudantes. Dessa forma, ele poderá fazer com que eles sejam questionadores e curiosos em seu dia a dia. Afinal, como você sabe, a escola e os ensinamentos promovidos por ela vão além de fórmulas matemáticas e conjugações verbais. O papel principal da escola, por meio de seus professores, é o de promover a educação. Para Dewey (1979b, p. 10), “A educação é para a vida social aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida fisiológica”. Assim, para aprender fórmulas e verbos, o aluno (seu aluno e você enquanto aluno) não precisa sair da sua casa, basta acessar a internet e tudo está disponível nela, com exemplos práticos e reais. A escola tem um papel muito maior e, para desenvolver esse papel, o professor é seu principal aliado. Ele está à frente dos alunos no dia a dia, sendo capaz de auxiliá-los na busca pelo entendimento da prática, além de aliar essa prática com a teoria dos livros didáticos, já que: A virada da prática no campo do conhecimento moderno não significa, en- tretanto, um esquecimento da teoria, esvaziada dos seus fundamentos em benefício de metodologias e técnicas. Antes disso, significa que há uma nova interdependência entre o teórico e o prático, e não a simples diluição de um dos polos contrastantes no outro. Em síntese, de certo ponto de vista, se a teoria não for prática, isto é, se ela não impelir à ação, torna-se inócua, vazia e sem sentido para o mundo em que vivemos. E, de outro, a prática nesse contexto não pode mais ser concebida como um agir empírico e sem princípios, uma vez que ela surge impulsionada justamente por uma teoria (TREVISAN, 2011, p. 204). Por esse motivo, o professor é fundamental para fazer o elo entre o aluno, a teoria e a prática. Essa ligação será significativa para ambos, pois não é apenas o aluno que aprende: quando aluno e professor assumirem essa postura indaga- dora diante da realidade apresentada, quando forem além do que está posto e exposto e buscarem na origem da filosofia uma atitude questionadora, a escola terá cumprido seu papel de transformar os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Isso mesmo que ao fim desses questionamentos eles se deem conta de que, assim como Sócrates, nada sabem. A filosofia da educação, nas palavras de Antônio Severino (1994, p. 28), “É uma reflexão filosófica sobre a educação”. Ou seja, é o olhar da filosofia sobre a educação. A educação é posta como uma questão, como um problema. 5Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna Por esse motivo, ela passa a ser tratada como uma questão filosófica. Assim, alguns questionamentos resultam desse olhar, por exemplo, o ser humano é educável? Num primeiro momento, sua resposta será imediatamente sim, pois essa questão soa como obviedade. Mas obviedade não existe na filosofia. Nesse sentido, então, você deve ir em busca de uma resposta. Se responder que sim, então afirma que o ser humano é, sim, passível de ser educado. Assim, ao conceber o ser humano como educável, você pode perceber que ele não nasce pronto, que precisa ser desenvolvido e que o que pode proporcionar isso é a educação, por meio dos professores. “Só sei que nada sei”: essa é uma frase célebre de um grande nome da filosofia. Ela foi dita por Sócrates. O pensamento do filósofo grego Sócrates, que viveu entre 469 e 399 a.C., marca uma reviravolta na história humana. Antes de Sócrates, a filosofia tentava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. A partir dele, o ser humano voltou-se para si mesmo, concentrando a filosofia no homem e em sua alma. Sócrates tinha a preocupação de levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Vem daí a importância de você conhecer mais sobre esse grande pensador. Assim, pode compreender como melhorar seu entendimento da prática docente. A frase “Só sei que nada sei” tem muito significado para os professores. Afinal, eles têm o papel de atuar como mediadores em sala de aula, na posição daquele que não sabe tudo e que está disposto a dividir o pouco que sabe com seus alunos. Saiba mais sobre quem foi Sócrates e conheça a origem dessa e de outras frases no link a seguir. https://goo.gl/h1UBhS Desafios da educação: do Mito da Caverna à atualidade Ao estudar filosofia, mesmo em uma disciplina isolada, o Mito da Caverna de Platão estará presente, pois se trata de um clássico da filosofia. Além disso, Platão geralmente é um dos primeiros filósofos a ser estudado, uma vez que é indiscutivelmente reconhecido como um dos maiores pensadores da filosofia. Você pode considerar o Mito da Caverna uma importante passagem para o Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna6 surgimento da filosofia. Ele também é chamado de “alegoria da caverna” e é parte integrante do Livro VII de A República, de Platão. Aranha e Martins (1997) contam que o mito é um diálogo apresentado por Platão, com falas de Sócrates na primeira pessoa e dois interlocutores, Glauco e Adimanto, irmãos mais novos de Platão. A descrição feita por Platão (1993) apresenta uma imagem (veja a Figura 2) de muitos homens em uma caverna. Esses homens, na verdade, se encontram aprisionados na caverna. Desde seu nascimento eles foram acorrentados no interior dela, podendo olhar apenas para uma parede iluminada por uma fogueira. A fogueira, conforme a descrição, é utilizada para iluminar uma espécie de cenário. Esse cenário representa o cotidiano, com alguns seres vivos (homens, plantas, animais, etc.) que estão dispostos de forma a representar uma espécie de rotina, o dia a dia de uma vida corriqueira. Aos prisioneiros é permitido ver apenas a imagem projetada na parede por meio da luz da fogueira que reflete o cenário. Ao visualizarem as sombras, eles pensam que essas sombras são os seres vivos, pois desconhecem o cenário existente na caverna. O tempo vai passando e esses homens vão dando nomes a essas sombras (assim como se faz nos dias de hoje com os objetos e seres novos que são descobertos). Além disso, eles vão registrando a regularidade das aparições dessas sombras. Os prisioneiros criam inclusive campeonatos para ver quem acerta os nomes e a regularidade das aparições, como uma forma de se divertirem. Ainda na descrição de Platão (1993), um dosprisioneiros, certo dia, é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Assim que se depara com a fogueira e o cenário, ele percebe que o que permitia a visão era a fogueira. Também se dá conta de que as imagens, que para os prisioneiros pareciam seres reais, não passavam das sombras que o fogo criava ao ser projetado no cenário. O que era real eram as estátuas, e não as sombras. O prisioneiro se dá conta de que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Assim, ele é arrastado para fora da caverna e, quando sai, a luz do sol ofusca sua visão imediatamente. Por isso, é necessário certo tempo para que ele se habitue a essa nova realidade, podendo assim voltar a enxergar as maravilhas fora da caverna. Ele percebe então que os seres que eles consideravam vivos possuíam outras características e qualidades que as sombras não mostravam. Além disso, percebe que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é dessa fonte que provém toda existência. 7Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna O ex-prisioneiro fica entusiasmado com o novo mundo e com todas as suas possibilidades, então ele se lembra dos seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. De imediato, sente pena deles, da escuridão que os cercava. Então decide voltar à caverna para compartilhar com os amigos o novo mundo que descobriu. Porém, seus amigos continuam prisioneiros e apenas com a visão da caverna, assim debocham do amigo e dizem que ele está louco e que, se não parar com suas maluquices, irão matá-lo. Figura 2. O Mito da Caverna. Fonte: Oliveira ([2018?]). Agora, voltando aos dias de hoje, você pode se questionar o seguinte: quanto o Mito da Caverna, descrito por Platão, tem relação com a contemporaneidade? O que é a caverna? O mundo de aparência em que vivemos. Que são as som- bras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A Filosofia (CHAUÍ, 2004, p. 12). De forma bem sucinta e direta, a filósofa Chauí relaciona a transcrição de Platão com os dias atuais. Indo além, você pode considerar que a caverna é Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna8 uma prisão, mas não necessariamente uma prisão formal, como as que você conhece. Enquanto professor, você pode considerar que na caverna podem estar aprisionados os desejos que os professores têm de uma educação de qualidade, com condições melhores para todos os envolvidos no contexto educacional. O prisioneiro que fugiu pode ser um professor que iniciou sua prática docente decidido a fazer a diferença e, ao tentar pequenas mudanças, percebe que é possível. Imediatamente quer compartilhar com seus colegas, mas eles, já cansados dos desafios e da árdua caminhada, o consideram louco. O sistema educacional brasileiro, suas condições de trabalho e remuneração podem ser a caverna. Mesmo que muitos professores tenham o desejo de tentar o novo, assim como o prisioneiro que conseguiu sair, ao voltarem para contar que é possível, são mortos por esse sistema, que é mais forte do que o desejo de mudança. Além disso, a televisão e as redes sociais digitais também podem ser uma caverna e aprisionar as pessoas, mostrando apenas um ângulo das situações. Quem não consegue se desprender das amarras passa a considerar esse único ângulo que conhece como uma verdade absoluta, e o que for diferente dessa sombra projetada passa a ser visto como loucura ou devaneio. Porém, seu papel enquanto professor é o de lutar contra as amarras, sejam elas representadas por seus medos, seus preconceitos em relação ao próximo ou a conceitos que você forma da realidade. Essas amarras também podem ser representadas pelas incertezas da trajetória profissional e pelas dificuldades relacionadas à infraestrutura e à remuneração da carreira docente. Você precisa se des- prender e, ao encarar esse novo, a luz que ofusca seu olhar, enfrentá-lo e descobrir um novo mundo, de grandes descobertas e diferentes ângulos, capaz de transformar vidas. O Mito da Caverna de Platão propõe (de forma provocativa) uma reflexão acerca da libertação. As correntes, as sombras, a prisão e a falta de luz podem ser vistas como a comodidade, a preguiça ou o medo que as pessoas têm de sair da zona de conforto e tentar algo novo, seja na área que for das suas vidas. Esses sentimentos, de forma metafórica, estão presentes no Mito da Caverna. Além deles, você também pode se deparar com a enganação, que impossibilita os prisioneiros de saírem daquela falta de movimento. Mas, de repente, um deles consegue soltar-se, sair da caverna e ver como o mundo é, sem desvios e de forma consciente, livre e racional. A partir daí, pode comparar as di- ferentes realidades e fazer suas escolhas. Dessa forma, você pode perceber que o Mito da Caverna possibilita diversas interpretações muito atuais para o mundo contemporâneo. 9Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna ARANHA, M. L. A. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997. CHAUÍ, M. S. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2004. DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 4. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979. (Atualidades Pedagógicas, v. 21). GOERGEN, P. Questões im-pertinentes para a filosofia da educação. Educação e Pes- quisa, v. 32, n. 3, p. 589-606, 2006. Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018. MAURANO, L. M. S.; HENNING, L. M. P. A origem da filosofia da educação brasileira está atrelada à preocupação com a formação de professores? In: SEMINÁRIO INTER- NACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO, 2., 2013, Curitiba. Anais... Curitiba: PUCPR, 2013. p. 8252-8268. Disponível em: Acesso em: 9 maio 2018. OLIVEIRA, C. Prisioneiros da caverna. [2018?]. Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018. PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993 SEVERINO, A. J. Filosofia da educação: construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 1994. TREVISAN, A. L. Filosofia da educação e formação de professores no velho dilema entre teoria e prática. Educar em Revista, n. 42, p. 195-212, 2011. Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018. Leituras recomendadas BARROS FILHO, C. A ética é a arte da convivência. Youtube, 3 jan. 2018. Disponível em: Acesso em: 9 maio 2018. DEMO, P. Ironias da educação: mudanças e contos sobre mudança. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SUPER INTERESSANTE. “Só sei que nada sei”, Sócrates. 2016. Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018. Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna10 Para este portfólio, releia o Mito da Caverna e faça uma redação estabelecendo um paralelo entre: - os homens que viviam aprisionados na caverna - homens diante da televisão - alunos em fileiras em frente ao quadro em uma sala de aula PORTFÓLIO OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 35 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. PESQUISA AUTOESTUDO! Vamos construir juntos a base para seu melhorconhecimento. GRANDES MESTRES Conheça suas histórias, suas principais obras, suas idéias. PLATÃO Teve grande influência na teologia cristã e na filosofia ocidental. Para ele, o homem vivia preso num mundo de sombras, sem conseguir ver a realidade. Foi o primeiro filósofo a produzir uma obra substancial que sobreviveu ao tempo. A Academia, fundada por ele – e considerada a primeira instituição de ensino superior do Ocidente – sobreviveu por mais de 800 anos. N VV7 - 012 - 05 - 10315 - NOCOES DE FILOSOFIA - MITO DA CAVERNA.pdf máscara pronta.pdf