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DIREITO AUTORAL DO PROGRAMA DE COMPUTADOR

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DIREITO AUTORAL
Vilma Maria de Lima
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Propriedade intelectual
É uma expressão genérica que pretende garantir a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto (seja nos domínios industrial, científico, literário e/ou artístico) o direito de auferir, ao menos por um determinado período de tempo, recompensa pela própria criação. 
Segundo definição da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), constituem propriedade intelectual as invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes, imagens, desenhos e modelos utilizados pelo comércio. www.wipo.int/about-ip/en.
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Propriedade intelectual:
A propriedade intelectual abrange duas grandes áreas: Propriedade Industrial (patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e proteção de cultivares) e Direito Autoral (obras literárias e artísticas, programas de computador, domínios na Internet e cultura imaterial). 
Direito Autoral: são protegidos os direitos de autor, programas de computador e direitos conexos (aos artistas, intérpretes e veiculadores de obras
Propriedade Industrial : A propriedade industrial regula tudo o que vem da indústria: marcas, patentes, desenho industrial, indicação geográfica e segredo industrial e concorrência desleal). 
	Obs: Proteção Sui Generis: refere-se a itens mais sutis como circuitos integrados, os chips, plantas das variedades conhecidas como cultivar, além dos conhecimentos tradicionais e o patrimônio genético. 
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DIREITO AUTORAL
Direito autoral é o que tem o autor de obra literária, científica ou artística de ligar o seu nome às produções do seu espírito e reproduzi-las. 
Ao ligar seu nome às produções ele manifesta a sua personalidade, e ao reproduzi-las manifesta a natureza real e econômica. 
Deste modo, ele representa uma relação jurídica de natureza pessoal-patrimonial, pois traduz numa fórmula sintética o resultado da natureza especial da obra da inteligência e do regulamento determinado por esta natureza especial.
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Software
O software é tipicamente uma obra do espírito na medida em que requer criatividade do seu autor.
A elaboração de programa de computador é altamente criativa e pessoal. 
A proteção das expressões de seu intelecto significa ao homem, a um tempo, não só o respeito à sua personalidade mas também a possibilidade de fruição dos proventos advindos da exploração econômica dessa expressão. Isso representa o reconhecimento dos valores culturais que a criação injeta no mundo fático e estimula o nascimento de novas manifestações criativas do espírito e o aperfeiçoamento daquelas já existentes.
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ALBUQUERQUE(1995) explica que os indivíduos diretamente interessados no mercado de programas de computador dividem-se na verdade em três categorias: 
Produtores = Os produtores de software esperam que os investimentos dedicados à pesquisa, desenvolvimento do produto e marketing sejam rentáveis não sendo aniquilados por meio da pirataria.
 Comerciantes = O comerciante visa lucrar com as mercadorias que vende. E o usuário pretende ter à sua disposição bens de boa qualidade com preços bastante razoáveis
Consumidores = que é que utiliza do software e recebe proteção do CDC.
 Boa parte dos investimentos mundiais no setor de informática, concentra-se na área de desenvolvimento de tecnologias associadas a produção de programas de computador. No entanto pode-se vislumbrar facilmente quão mais fácil é piratear um software do que um hardware qualquer. Uma das maiores preocupações dessa indústria se concentra na proteção jurídica deste bem imaterial, sem a qual os produtores ao contrário de estarem vendendo seus produtos e se capitalizando, na verdade estarão desperdiçando seus ativos.
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De acordo com matéria publicada na Revista COMPUTERWORLD(1997), a indústria brasileira de software poderia estar indo muito melhor, caso o índice de pirataria fosse menor. Fazendo uma correlação, para cada software instalado, haveria quatro cópias adquiridas ilegalmente. 
Outro artigo publicado na Revista INFO(1998), coloca como grandes responsáveis pelo alto índice de pirataria no país a utilização ilegal de programas de computador nas empresas e a prática de venda de computadores com cópias ilegais instaladas.
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PROTEÇÃO DO DIREITO AUTORAL
REGISTRO DO SOFTWARE:
A proteção do direito autoral sobre o software é independente de registro e é facultado apenas o registro do programa no INPI.
	Pode-se obter um instrumento de comprovação da autoria, por exemplo, enviado para si, correspondência lacrada com aviso de recebimento, contendo o código fonte, fluxogramas e/ou Print Screen em meio impresso e/ou em mídia de armazenamento. Este envelope lacrado e devidamente datado poderá ser apresentado em eventual demanda judicial como prova de que,na data indicada no envelope, o emitente tinha em seu poder o conteúdo da Correspondência. 
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O registro de Software assume caráter declaratório e não constitutivo de direito. 
O Artigo 2º, parágrafo 3º da Lei do Software estabelece que :
“A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro”. 
Esta também é a orientação genérica
assumida pela Lei Autoral em seu artigo
18: 
“A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro”. 
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INPI:
caso a opção seja pelo registro, o órgão legítimo para tanto é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (www.inpi.gov.br). 
A Lei do Software (LEI Nº 9.609 , DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Artigo 3º, § 1º) estabelece que o registro deverá conter, pelo menos:
A- os dados referentes ao autor do programa de computador e ao seu titular, quando distintos;
B- a identificação e descrição funcional do Software e trechos do programa suficientes para identificá-lo e caracterizar sua originalidade. 
Diferentemente do que ocorre com marcas e patentes, o registro de Software não implica em qualquer exame de substância ou de anterioridade. Trata-se de mero depósito de conteúdo, regra geral, de caráter sigiloso (Artigo 3º, § 2º da Lei nº. 9609/98), sendo que as informações depositadas só serão reveladas por ordem judicial ou por solicitação do próprio titular. 
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Contrato de Trabalho e Software sob Encomenda: Direitos do Contratante 
Regra geral- DIREITO DO EMPREGADOR: O contratante, empregador ou órgão público é considerado legalmente o titular dos direitos de Software desenvolvido durante a vigência do vínculo laboral, seja estritamente contratual, celetista ou estatutário (Artigo 4º da Lei nº. 9609/98). 
Porém, admite-se exceção em respeito ao princípio da autonomia da vontade, ou seja, as partes podem convencionar de forma diversa. 
Para o empregado = A compensação do trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado (Artigo 4º, § 1º da Lei nº. 9609/98). 
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DIREITO DO EMPREGADO: 
Ao empregado, prestador de serviço, ou servidor público pertencerão com exclusividade os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a
utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público (Artigo 4º, § 2º da Lei nº. 9609/98) 
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Co- titularidade
Na hipótese do programa ser desenvolvido sem qualquer relação com a natureza do contrato de trabalho, mas com uso de recursos materiais e tecnológicos do empregador, embora a Lei não mencione pontualmente esta situação, a melhor interpretação leva ao entendimento que, nesta situação caracteriza-se a co-titularidade, ou seja, ambos serão proprietários do software na proporção de suas participações 
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BOLSISTAS E ESTAGIÁRIOS
Todas as condições mencionadas ANTERIORMENTE aplicam-se também para software desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados (Artigo 4º, § 3º da Lei nº. 9609/98). 
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Limitações aos Direitos do Autor
do Software 
Excepcionalmente, a legislação estabelece condições em que o uso ou reprodução, desprovidos de prévia licença, não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de computador (Artigo 6º da Lei nº. 9609/98). Assim, considera-se lícita: 
a) a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, pelo usuário, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda; 
b) a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos respectivos; 
c) a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão; 
d) a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu. 
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Suporte e Assistência ao Usuário: Prazo de Validade Técnica 
O usuário ou consumidor, durante o prazo de validade técnica da respectiva versão adquirida (este prazo, É definido pelo titular do Software ), tem direito à prestação de serviços técnicos complementares objetivando ao correto funcionamento do programa por aquele que comercializou o programa. E se a versão for retirada de circulação durante o prazo de validade, o usuário tem direito a indenização.
Constitui obrigação dos fabricantes ou distribuidores do software, a partir da sua distribuição, a colocação do prazo de garantia da assistência e suporte técnico em local visível ao usuário ou comprador do software.
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Licença de Uso
A legislação brasileira (Artigo 9º da Lei nº. 9.609/98) proíbe qualquer forma de contrato para o uso de programa de computador que não seja a licença. 
Obs: nenhum usuário que tenha comprado um programa é dono dele. Na verdade, ele não comprou, mas sim, pagou para ter o direito de usar o programa, portanto, o contrato neste caso é uma licença de uso. 
Portanto, o PRINCIPAL e, nesta condição, ÚNICO DIREITO que o usuário tem sobre o software é o de USÁ-LO para os fins a que ele se destina. 
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Transferência de Tecnologia
Tendo em vista a natureza jurídica de direito autoral do software, os conhecimentos tecnológicos expressos no código-fonte são preservados em sigilo, visto estar no código-fonte todo o processo criativo do autor. 
 A transferência do uso do código-fonte a terceiros é formalizada por meio de contrato de transferência de tecnologia. Pelo contrato de transferência de tecnologia, o titular dos direitos sobre o software aliena ao contratante os conhecimentos tecnológicos que detém.
 Na transferência definitiva, o licenciante disporá dos conhecimentos tecnológicos que originaram o software (código-fonte), possuindo a faculdade de se beneficiar do software como melhor lhe aprouver. 
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Transferência de Tecnologia 
Como modalidade contratual, a Transferência de Tecnologia (Artigo 10º da Lei nº. 9.609/98) tem por objetivo transmitir todo o domínio tecnológico de um programa de computador. 
Para que esta operação gere efeitos perante terceiros, é indispensável que o instrumento contratual de transferência de tecnologia seja registrado no INPI. Somente com esta formalização o adquirente poderá ter a garantia de efetiva transferência integral da titularidade do software 
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Sanções Penais- Lei nº. 9.609/98 
Em relação ao uso ou reprodução não autorizado, a Legislação aponta sanções de ordem civil e penal. 
A violação a direitos de autor de Programa de Computador sujeita o infrator a detenção de seis meses a dois anos ou multa (Artigo 12º da Lei nº. 9.609/98). 
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Caso a violação compreenda a reprodução, aquisição, exposição, distribuição, depósito, para fins de comércio, sem a devida permissão do autor, a pena prevista é de reclusão de um a quatro anos e multa (Artigo 12º, § 1º e 2º da Lei nº. 9.609/98). 
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Código Penal:
Art. 184 do CP- Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
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CONTRAFAÇÃO ou PIRATARIA
A CONTRAFAÇÃO Trata-se simplesmente da reprodução não autorizada. É o ato de copiar obra, sem autorização do autor ou sem respeito aos direitos de autoria e cópia, para fins de comercialização ilegal ou para uso pessoal. 
Existem três tipos básicos de contrafação de software: a comercial, a corporativa e a doméstica.
A CONTRAFAÇÃO COMERCIAL caracteriza-se por cópias em grande quantidade para venda, com fins eminentemente lucrativos. É uma das modalidades mais comuns e eticamente mais reprováveis, pois não comporta qualquer escusa por parte do infrator, que age com total conhecimento de causa. Aqui, o “pirata” adquire cópias legalizadas e, com o auxílio de um hardware e de um ou outro software, insere no mercado várias copias ilegais. Este é o mesmo tipo de “pirataria” cometido por lojas de informática que vendem computadores com programas ilegalmente instalados como “brindes” para seus clientes;
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CONTRAFAÇÃO
A CONTRAFAÇÃO CORPORATIVA é aquela na qual uma empresa extrapola o número de instalações de um determinado programa, adquirido legalmente. Aqui, não há o lucro direto por parte do infrator, que não comercializa software “pirata”, contudo, a cada instalação a mais, a empresa “economiza” em um novo licenciamento;
A CONTRAFAÇÃO DOMÉSTICA é a instalação de programas ilegais para uso individual e residencial. Assim como a última modalidade, não gera lucro direto, sendo também de difícil fiscalização e, consequentemente, rara punição.
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PLÁGIO
O plágio pode ser definido como a reprodução, mesmo que apenas parcial ou mesmo levemente disfarçada, dos elementos criativos de obra de outrem, conjugada com a usurpação de paternidade.
É permitida a similaridade de software, desde que por força de características funcionais, por aspectos normativos e técnicos e por limitação de forma alternativa para sua expressão. Nesse caso, não é plágio.
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Sanções Cíveis 
O autor/titular do software, tem o direito de promover medidas judiciais que impeçam a continuidade do ato delitivo - ação de abstenção de prática de ato (Artigo 14º da Lei nº. 9.609/98). 
Cumulativamente, é facultado ao autor titular exigir indenização por perdas e danos (Artigo 14º, § 1º da Lei nº. 9.609/98). 
Para efeito de perdas e danos, o valor a ser definido deverá considerar as peculiaridades da violação, caso a caso, mensurando-se o benefício econômico auferido pelo infrator e o prejuízo efetivamente causado ao titular dos direitos. 
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Curiosidades:
Baixar músicas e filmes da Internet
A questão da Internet sempre suscita dúvidas, mas, como vimos, a legislação também alcança o que é veiculado na Internet, pois nem tudo que está disponível na Web pode ser usado de forma livre e indiscriminada. Somente é correto baixar músicas e filmes da Internet se as obras tiverem sido disponibilizadas gratuitamente pelos titulares de seus direitos autorais ou se o interessado tiver pago o valor relativo à
sua reprodução.
Em 2003, houve alteração no Código Penal e uma das modificações foi no sentido de incluir a penalização daqueles que disponibilizam publicamente o download não autorizado de músicas pela Internet. A punição para esses casos implica em reclusão de 2 a 4 anos e pagamento de multa.
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Cópia de fotografias e ilustrações
Existem formas adequadas de copiar fotografias e ilustrações sem infringir os direitos autorais, a própria legislação estabelece os critérios para que isso ocorra. A título de exemplo, digamos que você tenha encomendado uma caricatura sua e queira fazer
cópias para presentear seus amigos, nesse caso, sua reprodução é permitida.
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Publicação de obras em domínio público
No Brasil, se a obra entrou em domínio público, sua reprodução é livre. Porém, é importante que se preserve sua originalidade e se divulgue sua autoria.
Obras de domínio público na Internet
Recomenda-se que as pessoas visitem sites oficiais para apurar se uma obra está ou não em domínio público. Dessa forma, evita-se a violação, não-intencional, de direitos autorais.
Obs: Domínio público significa que obras literárias, artísticas e científicas, assim como programas de computador, já não são propriedades exclusivas de um único titular. Quando determinada obra entra em domínio público, não é mais necessário observar
os direitos patrimoniais do autor pelo seu uso, pois ela passou a ser de todos e poderá ser utilizada livremente. Isso ocorre em benefício cultural da população em geral.

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