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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1. Rever a morfofisiologia da hipófise; 
2. Compreender a definição, etiologia, 
fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e 
tratamento das síndromes hipofisárias. 
Morfofisiologia da hipófise 
ANATOMIA DA HIPÓFISE 
↠ A glândula hipófise é uma estrutura em forma de 
ervilha com 1 a 1,5 cm de diâmetro e que se localiza na 
fossa hipofisial da sela turca do esfenoide (TORTORA, 14ª 
ed.). 
↠ A hipófise ou pituitária é um pequeno órgão que pesa 
cerca de 0,5 g no adulto (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ Fixa-se ao hipotálamo por um pedículo, o infundíbulo, 
e apresenta duas partes anatômica e funcionalmente 
separadas: a adeno-hipófise (lobo anterior) e a neuro-
hipófise (lobo posterior) (TORTORA, 14ª ed.). 
 
↠ A adeno-hipófise representa cerca de 75% do peso 
total da glândula e é composta por tecido epitelial. No 
adulto, a adeno-hipófise consiste em duas partes: a parte 
distal, que é a porção maior, e a parte tuberal que forma 
uma bainha ao redor do infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ A neuro-hipófise é composta por tecido neural. 
Também consiste em duas partes: a parte nervosa, a 
porção bulbosa maior, e o infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.). 
IMPORTANTE: Os lobos apresentam origem embrionária diferente, o 
que se manifesta na sua estrutura e função. A hipófise posterior ou 
neurohipófise forma-se durante o desenvolvimento embrionário, da 
parte inferior do cérebro, e assim os seus axónios estendem-se desde 
a parte inferior do hipotálamo. As secreções desta glândula são 
denominadas neurohormonas. A adenohipófise ou lobo anterior da 
hipófise é formada a partir do tecido embrionário do epitélio oral, não 
apresentando conexões neurais com o hipotálamo. Apresenta 
capacidade de produzir as suas próprias hormonas, mas a sua 
secreção é regulada pelo hipotálamo (LIMA, 2015). 
SISTEMA PORTA HIPOFISÁRIO 
O sangue arterial chega à hipófise através de dois ramos da artéria 
carótida interna, uma das grandes artérias que fornecem sangue para 
o encéfalo (MARIEB, 7ª ed.). 
A artéria hipofisária superior irriga a adeno-hipófise e o infundíbulo, 
enquanto a artéria hipofisária inferior irriga a parte nervosa da neuro-
hipófise. As veias dos amplos leitos capilares na hipófise drenam sangue 
para o seio cavernoso e para outros seios da dura-máter vizinhos 
(MARIEB, 7ª ed.). 
As artérias hipofisárias superiores, ramos das artérias carótidas internas, 
levam sangue para o hipotálamo (TORTORA, 14ª ed.). 
Na junção da eminência mediana do hipotálamo e o infundíbulo, essas 
artérias se dividem em uma rede capilar chamada de plexo primário 
do sistema porta hipofisário. Do plexo primário, o sangue drena para 
as veias porto-hipofisárias que passam por baixo da parte externa do 
infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.). 
Na adenohipófise, as veias porto-hipofisárias se dividem mais uma vez 
e formam outra rede capilar chamada de plexo secundário do sistema 
porta hipofisário (TORTORA, 14ª ed.). 
 Acima do quiasma óptico há grupos de neurônios especializados 
chamados de células neurossecretoras (TORTORA, 14ª ed.). 
 
SECREÇÃO E REGULAÇÃO DOS HORMÔNIOS 
↠ O hipotálamo está relacionado com a adenohipófise e 
a neurohipófise devido ao sistema portal sanguíneo, onde 
o suprimento sanguíneo arterial para a eminência mediana 
e para a hipófise é assegurado pelas artérias hipofisárias 
superior medial e inferior. Os neurónios magocelulares dos 
núcleos supraótico (NSO) e núcleos paraventricular (NPV) 
apresentam axónios longos, que terminam na 
neurohipófise (LIMA, 2015). 
Síndromes hipofisárias
APG 23 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
CONEXÕES COM A NEURO-HIPÓFISE 
O feixe hipotálamo-hipofisário é uma via nervosa constituída pelos 
axónios, que se estendem desde o hipotálamo, pelo infundíbulo, até à 
neurohipófise. Nos neurônios magnocelulares hipotalâmicos, localizados 
no corpo celular, ocorre no retículo endoplasmático a síntese da pré 
e pró-hormona da hormona anti-diurética (ADH) e da ocitocina (LIMA, 
2015). 
O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise, que 
são feitas através dos tratos hipotálamo-hipofisário e túbero-
infundibular: (MACHADO, 3ª ed.). 
• Trato hipotálamo-hipofisário: é formado por fibras que se 
originam nos neurônios grandes (magnocelulares) dos 
núcleos supraóptico e paraventricular e terminam na 
neuro-hipófise. As fibras deste trato, que constituem os 
principais componentes estruturais da neuro-hipófise, são 
ricas em neurossecreção, transportando os hormônios 
vasopressina e ocitocina; 
• Trato túbero-infundibular (ou túbero-hipofisário): é 
constituído de fibras que se originam em neurônios 
pequenos (parvicelulares) do núcleo arqueado e em áreas 
vizinhas do hipotálamo tuberal e terminam na eminência 
mediana e na haste infundibular. Essas fibras transportam os 
hormônios que ativam ou inibem as secreções dos 
hormônios da adeno-hipófise. 
 
↠ O hipotálamo controla a atividade secretora da 
adenohipófise, e a adenohipófise controla a atividade 
secretora das glândulas da tiróide, suprarrenais e gónadas 
sexuais. Por sua vez, as atividades secretoras destes 
órgãos influenciam a atividade secretora da hipófise e, 
consequentemente do hipotálamo. A atividade do sistema 
endócrino é regulada por um mecanismo de "feedback”. 
O "feedback negativo" ou inibidor ocorre quando a 
concentração das hormonas secretadas por uma glândula 
(tiróide, suprarrenais e gónadas sexuais) atingem uma 
concentração maior do que o necessário, condicionando 
assim a interrupção da secreção hormonal e a 
interrupção deste mecanismo. O "feedback" é 
denominado "feedback positivo" quando a concentração 
da hormona diminui, surgindo a necessidade da glândula 
secretá-la para garantir a atividade fisiológica (LIMA, 2015). 
 
ADENO-HIPÓFISE 
↠ A adeno-hipófise secreta hormônios que regulam uma 
ampla variedade de atividades corporais, desde o 
crescimento até a reprodução (TORTORA, 14ª ed.). 
OBS.: Cinco tipos de células da adeno-hipófise – somatotrofos, 
tireotrofos, gonadotrofos, lactotrofos e corticotrofos – secretam sete 
hormônios (TORTORA, 14ª ed.). 
 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Os somatotrofos secretam o hormônio do 
crescimento (GH), também conhecido como 
somatotrofina. O hormônio do crescimento estimula 
o crescimento corporal geral e regula aspectos do 
metabolismo. 
• Os tireotrofos secretam o hormônio tireoestimulante 
(TSH), também conhecido como tireotrofina. O TSH 
controla as secreções e outras atividades da glândula 
tireoide. 
• Os gonadotrofos secretam duas gonadotrofinas: o 
hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio 
luteinizante (LH). Tanto o FSH quanto o LH atuam 
nas gônadas (testículos e ovários). Nos homens, 
estimulam os testículos para a produção de 
espermatozoides e a secreção de testosterona. Nas 
mulheres, estimulam os ovários para a maturação dos 
ovócitos e a secreção de estrogênios e 
progesterona. 
• Os lactotrofos secretam a prolactina (PRL), que inicia 
a produção de leite nas glândulas mamárias. 
• Os corticotrofos secretam o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido 
como corticotrofina, que estimula o córtex da 
suprarrenal a secretar glicocorticoides, como o 
cortisol. Alguns corticotrofos, remanescentes da parte 
intermédia, também secretam o hormônio 
melanócito-estimulante (MSH). 
A liberação dos hormônios da adeno-hipófise é regulada, em parte, 
pelo hipotálamo. O hipotálamo secreta cinco hormônios liberadores, 
que estimulam a secreção dos hormônios adeno-hipofisários 
(TORTORA, 14ª ed.). 
• O hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH), 
também conhecido como somatocrinina, estimula a 
secreção do hormônio do crescimento. 
• O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) estimula a 
secreção do hormônio tireoestimulante. 
• O hormônio liberador de corticotrofina (CRH) estimula a 
secreção do hormônio adrenocorticotrófico. 
• O hormôniorecorrência, nos quais a cirurgia esteja contraindicada 
(grande tumor com invasão do seio cavernoso), ou 
quando não se dispõe de um neurocirurgião experiente. 
A radiação da hipófise pode levar até 2 a 5 anos para ser 
efetiva e, em geral, resulta em pan-hipopituitarismo. Se 
não for possível demonstrar com certeza a existência de 
tumor hipofisário, a suprarrenalectomia laparoscópica 
bilateral cura o hipercortisolismo, sendo necessária, então, 
a reposição pós-operatória de esteroides durante toda a 
vida do paciente (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
TUMORES PRODUTORES DE HORMÔNIO FOLICULOESTIMULANTE 
E HORMÔNIO LUTEINIZANTE 
↠ Do ponto de vista clínico, os tumores hipofisários são, 
em sua maioria, classificados como adenomas não 
secretores ou não funcionais. Entretanto, com uma 
investigação mais detalhada, a maioria (70 a 80%) secreta 
pequenas quantidades da subunidade α ou da subunidade 
β do LH ou do FSH (que não produziriam nenhuma 
manifestação clínica) ou, raramente, de LH ou FSH 
completos com subunidades α e β. O FSH é mais comum 
do que o LH, e as subunidades α livres são mais comuns 
do que as subunidades β. Pouco se sabe sobre a base 
molecular desses tumores (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Quadro clínico 
↠ Os tumores produtores de gonadotropinas são, em 
sua maioria, clinicamente silenciosos, exceto quando seu 
tamanho resulta em achados neurológicos, como 
problemas de campo visual ou cefaleias. Em geral, os 
pacientes apresentam hipogonadismo, visto que as 
gonadotropinas secretadas são ineficazes na estimulação 
das gônadas (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ As mulheres na pré-menopausa podem apresentar 
cistos ovarianos e distúrbios menstruais. Os homens 
geralmente apresentam hipogonadismo, devido aos 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
baixos níveis de testosterona, mas também desenvolvem 
aumento dos testículos em consequência de tumores 
secretores de FSH. Em raros tumores que secretam LH, 
os homens apresentam níveis elevados de testosterona 
e de hemoglobina (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Diagnóstico 
↠ Não existe nenhuma síndrome clínica exclusivamente 
associada a esses tumores. Alguns pacientes podem 
apresentar elevações moderadas inespecíficas dos níveis 
de prolactina, porém quase todos os casos são 
diagnosticados no pós-operatório, quando se analisa a 
peça cirúrgica (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Tratamento 
↠ Como os principais sintomas dos tumores produtores 
de gonadotropinas ou dos adenomas não funcionantes 
estão relacionados com efeitos expansivos locais e 
extensão extrasselar, a meta do tratamento consiste em 
reduzir o tamanho do tumor (GOLDMAN; SCHAFER, 
2022). 
↠ Em geral, a cirurgia transesfenoidal pode reverter por 
completo ou parcialmente qualquer hipopituitarismo e 
comprometimento dos campos visuais, porém é 
raramente curativa, devido ao grande tamanho dos 
tumores (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ A radioterapia pós-operatória pode beneficiar os 
pacientes que apresentam tumor residual mínimo. Se não 
for observado nenhum tumor na RM do pós-operatório, 
indica-se um monitoramento anual com campimetria mais 
TC ou RM. Os marcadores tumorais também podem 
monitorar a atividade do tumor. Nos tumores que 
crescem, indicam-se a cirurgia repetida, a radioterapia ou 
ambas (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
TUMORES SECRETORES DE HORMÔNIO TIREOESTIMULANTE 
↠ Raramente, adenomas hipofisários conhecidos como 
TSHomas ou adenomas hipofisários secretores de TSH 
podem produzir o hormônio TSH. Esses tumores 
representam menos de 1% de todos os casos de 
hipertireoidismo. Além dos achados clássicos de 
hipertireoidismo, os achados clínicos no TSHoma incluem 
bócio difuso, defeitos dos campos visuais, cefaleia e, nas 
mulheres, irregularidades menstruais (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
 ↠ Em certas ocasiões, os pacientes não apresentam 
sintomas de hipertireoidismo, provavelmente em razão 
de uma habituação às concentrações ligeiramente 
elevadas de hormônio (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ Deve-se considerar um diagnóstico de TSHoma 
quando um paciente apresenta níveis séricos elevados de 
tiroxina e tri-iodotironina totais e livres. Em alguns casos, 
podem ser observados níveis séricos elevados da 
subunidade alfa da molécula de TSH e TSH não suprimido 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ O diagnóstico raramente é direto. O diagnóstico pode 
ser confirmado por uma combinação de testes (p. ex., 
testes repetidos da tireoide em outro laboratório, 
determinação da subunidade α, medição de outros 
hormônios hipofisários), porém não existe nenhum teste 
que seja diagnóstico (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ Na ausência de qualquer história ou teste sugestivo de 
adenoma hipofisário, e tendo em vista a dificuldade de 
distinguir pacientes com tumores secretores de TSH de 
uma resistência ao hormônio tireoidiano, deve-se 
considerar a realização de uma análise (quando disponível) 
para mutações do gene do receptor β do hormônio 
tireoidiano em pacientes com níveis elevados de T4 e 
T3 livres, TSH não suprimido e nível sérico normal de 
subunidade α (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ O tratamento tem por objetivo reduzir o tamanho do 
tumor. Os tratamentos e o prognóstico assemelham-se 
aos dos adenomas produtores de gonadotropinas. Pode-
se administrar um betabloqueador como propranolol (80 
a 160 mg/dia) ou atenolol (25 a 50 mg/dia) para melhorar 
alguns dos sinais e sintomas de hipertireoidismo 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
 
 
 
Referências 
LIMA, N. F. S. O. Distúrbios da hipófise. Dissertação de 
mestrado. Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2015. 
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia 
humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 
2014. 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e 
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível 
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016. 
18 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional, 
Atheneu, 3ª ed. 
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins & 
Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Grupo 
GEN, 2023. 
GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil 
Medicina Grupo GEN, 2022. 
NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 
2021. 
VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. Grupo GEN, 2020.liberador de prolactina (PRH) estimula a 
secreção de prolactina. 
• O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) estimula a 
secreção de FSH e de LH. 
O hipotálamo também produz dois hormônios inibidores, que 
suprimem a secreção dos hormônios da adeno-hipófise (TORTORA, 
14ª ed.). 
• O hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), 
também conhecido como somatostatina, suprime a 
secreção do hormônio do crescimento. 
• O hormônio inibidor de prolactina (PIH), que é a dopamina, 
suprime a secreção de prolactina. 
Hormônio do crescimento 
↠ O hormônio do crescimento (GH) é o hormônio mais 
abundante da adeno-hipófise. O GH promove o 
crescimento dos tecidos corporais, incluindo ossos e 
músculo esquelético, e regula certos aspectos do 
metabolismo (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ O GH exerce os seus efeitos na promoção do 
crescimento indiretamente por meio de pequenos 
hormônios proteicos, denominados fatores de 
crescimento semelhantes à insulina (IGF) ou 
somatomedinas. Em resposta ao hormônio do 
crescimento, as células no fígado, no músculo esquelético, 
na cartilagem e no osso secretam IGF. Os IGF sintetizados 
no fígado entram na corrente sanguínea como 
hormônios que circulam até as células-alvo em todo o 
corpo, causando crescimento. Os IGF produzidos no 
músculo, na cartilagem e no osso atuam localmente como 
hormônios autócrinos ou parácrinos, induzindo o 
crescimento desses tecidos. Diferentemente dos efeitos 
do GH sobre o crescimento do corpo, os efeitos do GH 
no metabolismo são diretos, o que significa que o GH 
interage diretamente com as células-alvo, causando 
reações metabólicas específicas (TORTORA, 14ª ed.). 
O GH, utilizando os IGF como mediadores, induz o crescimento dos 
ossos e de outros tecidos do corpo. Por meio de seus efeitos diretos, 
o GH ajuda a regular certas reações metabólicas nas células do corpo. 
As funções específicas dos IGF e do GH incluem as seguintes: 
(TORTORA, 14ª ed.). 
Aumentam o crescimento dos ossos e dos tecidos moles. Nos ossos, 
os IGF estimulam os osteoblastos, promovem a divisão celular na 
lâmina epifisial e intensificam a síntese das proteínas necessárias para 
a formação de mais matriz óssea. Nos tecidos moles, como o músculo 
esquelético, os rins e os intestinos, os IGF fazem com que as células 
cresçam por meio de aumento da captação de aminoácidos nas 
células e aceleração da síntese de proteínas. Os IGF também reduzem 
a degradação das proteínas e o uso de aminoácidos para a produção 
de ATP. Devido aos efeitos dos IGF, o GH aumenta o crescimento do 
esqueleto e dos tecidos moles durante a infância e a adolescência. Nos 
adultos, o GH (atuando por meio dos IGF) ajuda a manter a massa dos 
ossos e dos tecidos moles e promove a cicatrização de lesões e o 
reparo tecidual (TORTORA, 14ª ed.). 
Aumentam a lipólise. O GH aumenta a lipólise no tecido adiposo, o que 
resulta em aumento da utilização dos ácidos graxos liberados para a 
produção de ATP pelas células corporais (TORTORA, 14ª ed.). 
Diminuição da captação de glicose. O GH influencia o metabolismo dos 
carboidratos por meio de redução da captação de glicose, o que 
diminui a utilização de glicose para a produção de ATP pela maioria 
das células corporais. Essa ação preserva a glicose, de modo a deixá-
la disponível para os neurônios para a produção de ATP em períodos 
de escassez de glicose. O GH também estimula os hepatócitos a liberar 
glicose no sangue (TORTORA, 14ª ed.). 
OBS.: Os somatotrofos na adeno-hipófise liberam salvas de hormônio 
do crescimento com intervalos de poucas horas, particularmente 
durante o sono. A sua atividade secretora é controlada principalmente 
por dois hormônios hipotalâmicos: (1) o hormônio liberador de hormônio 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
do crescimento (GHRH), que promove a secreção de hormônio do 
crescimento, e (2) o hormônio inibidor do hormônio do crescimento 
(GHIH), que o suprime (TORTORA, 14ª ed.). 
A regulação da secreção de hormônio do crescimento pelo GHRH e 
pelo GHIH ocorre da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). 
1. O GHRH é secretado pelo hipotálamo. Os fatores que 
promovem a secreção de GHRH incluem hipoglicemia 
(baixo nível de glicemia); diminuição dos níveis sanguíneos 
de ácidos graxos; aumento dos níveis sanguíneos de 
aminoácidos; sono profundo (estágios 3 e 4 do sono sem 
movimentos oculares rápidos); aumento da atividade do 
sistema nervoso simpático, como o que pode ocorrer em 
caso de estresse ou exercício físico vigoroso; e outros 
hormônios, incluindo testosterona, estrogênios, hormônios 
tireoidianos e grelina. 
2. Uma vez secretado, o GHRH entra no sistema porta 
hipofisário e flui para a adeno-hipófise, onde estimula os 
somatotrofos a secretar GH. 
3. O GH atua diretamente sobre várias células para promover 
reações metabólicas. No fígado, nos ossos, no músculo 
esquelético e na cartilagem, o GH é convertido em IGFs, 
os quais, por sua vez, promovem o crescimento dos ossos, 
do músculo esquelético e de outros tecidos. 
4. Os níveis elevados de GH e de IGF inibem a liberação de 
GHRH e de GH (inibição por retroalimentação negativa). 
5. O GHIH é secretado pelo hipotálamo. Os fatores que 
promovem a secreção de GHIH incluem hiperglicemia 
(nível elevado de glicemia); aumento dos níveis sanguíneos 
de ácidos graxos; diminuição dos níveis sanguíneos de 
aminoácidos; obesidade; envelhecimento; e níveis 
sanguíneos elevados de GH e de IGF. 
6. Após ser secretado, o GHIH entra no sistema porta 
hipofisário e flui para a adeno-hipófise, onde impede a 
secreção de GH pelos somatotrofos ao interferir na via de 
sinalização utilizada pelo GHRH. 
 
Hormônio tireoestimulante 
↠ O hormônio tireoestimulante (TSH) estimula a síntese 
e a secreção dos dois hormônios tireoidianos, a tri-
iodotironina (T3) e a tiroxina (T4), que são produzidos 
pela glândula tireoide (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do 
hipotálamo controla a secreção de TSH. Por sua vez, a 
liberação de TRH depende dos níveis sanguíneos de T3 
e T4; os níveis elevados de T3 e de T4 inibem a 
secreção de TRH por meio de retroalimentação negativa 
(TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Não há nenhum hormônio inibidor da tireotrofina 
(TORTORA, 14ª ed.). 
Hormônio foliculoestimulante 
↠ Nas mulheres, os ovários constituem os alvos do 
hormônio foliculoestimulante (FSH). A cada mês, o FSH 
inicia o desenvolvimento de vários folículos ovarianos, que 
são arranjos em forma de saco de células secretoras que 
circundam o óvulo em desenvolvimento. O FSH também 
estimula as células foliculares a secretar estrogênios 
(hormônios sexuais femininos) (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Nos homens, o FSH estimula a produção de 
espermatozoides nos testículos. O hormônio liberador de 
gonadotrofina (GnRH) do hipotálamo estimula a liberação 
de FSH. A liberação de GnRH e de FSH é suprimida pelos 
estrogênios nas mulheres e pela testosterona (o principal 
hormônio sexual masculino) nos homens por sistemas de 
retroalimentação negativa. Não existe nenhum hormônio 
inibidor de gonadotrofina (TORTORA, 14ª ed.). 
Hormônio luteinizante 
↠ Nas mulheres, o hormônio luteinizante (LH) 
desencadeia a ovulação, que consiste na liberação de um 
ovócito secundário (futuro ovo) por um ovário. O LH 
estimula a formação do corpo lúteo (uma estrutura 
formada após a ovulação) no ovário e a secreção de 
progesterona (outro hormônio sexual feminino) pelo 
corpo lúteo. Em conjunto, o FSH e o LH também 
estimulam a secreção de estrogênios pelas células 
ovarianas (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Os estrogênios e a progesterona preparam o útero 
para a implantação de um óvulo fertilizado e ajudam a 
preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite 
(TORTORA, 14ª ed.). 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Nos homens, o LH estimula as células dos testículos a 
secretar testosterona. À semelhança do FSH, a secreção 
de LH é controlada pelo hormônio liberadorde 
gonadotrofina (GnRH) (TORTORA, 14ª ed.). 
Prolactina 
↠ A prolactina (PRL), juntamente com outros hormônios, 
inicia e mantém a produção de leite pelas glândulas 
mamárias. A prolactina por si só exerce apenas um efeito 
fraco. Somente após a preparação das glândulas 
mamárias pelos estrogênios, progesterona, 
glicocorticoides, hormônio do crescimento, tiroxina e 
insulina, que exercem efeitos permissivos, é que a PRL 
promove a produção de leite. A ejeção de leite das 
glândulas mamárias depende da ocitocina, um hormônio 
liberado pela neuro-hipófise. Em conjunto, a produção e 
a ejeção de leite constituem a lactação (TORTORA, 14ª 
ed.). 
↠ O hipotálamo secreta hormônios tanto inibitórios 
quanto excitatórios, que regulam a secreção de prolactina. 
Nas mulheres, o hormônio inibidor de prolactina (PIH), que 
é a dopamina, inibe a liberação de prolactina da adeno-
hipófise na maior parte do tempo. Todo mês, 
imediatamente antes do início da menstruação, a 
secreção de PIH diminui, e ocorre elevação dos níveis 
sanguíneos de prolactina, porém não o suficiente para 
estimular a produção de leite. A hipersensibilidade das 
mamas imediatamente antes da menstruação pode ser 
causada pela elevação da prolactina. Quando o ciclo 
menstrual começa de novo, o PIH é mais uma vez 
secretado, e o nível de prolactina cai. Durante a gravidez, 
o nível de prolactina aumenta, devido à estimulação pelo 
hormônio liberador de prolactina (PRH) do hipotálamo. A 
ação de sucção do recém-nascido provoca uma redução 
na secreção hipotalâmica de PIH (TORTORA, 14ª ed.). 
OBS.: A função da prolactina não é conhecida nos homens, porém a 
sua hipersecreção provoca disfunção erétil (impotência, a incapacidade 
de apresentar ereção do pênis). Nas mulheres, a hipersecreção de 
prolactina causa galactorreia (lactação inapropriada) e amenorreia 
(ausência de ciclos menstruais) (TORTORA, 14ª ed.). 
Hormônio adrenocorticotrófico 
↠ Os corticotrofos secretam principalmente o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH controla a 
produção e a secreção de cortisol e de outros 
glicocorticoides pelo córtex das glândulas suprarrenais. O 
hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo 
estimula a secreção de ACTH pelos corticotrofos. 
Estímulos relacionados com o estresse, como baixo nível 
de glicemia ou trauma físico, e a interleucina-1, uma 
substância produzida por macrófagos, também estimulam 
a liberação de ACTH. Os glicocorticoides inibem a 
liberação de CRH e de ACTH por retroalimentação 
negativa (TORTORA, 14ª ed.). 
Hormônio melanócito-estimulante 
↠ O hormônio melanócito-estimulante (MSH) aumenta a 
pigmentação da pele nos anfíbios ao estimular a dispersão 
dos grânulos de melanina nos melanócitos. A sua função 
exata nos seres humanos é desconhecida, porém a 
presença de receptores de MSH no encéfalo sugere que 
esse hormônio pode influenciar a atividade encefálica. 
Existe pouco MSH circulante nos seres humanos. 
Entretanto, a administração contínua de MSH por vários 
dias produz um escurecimento da pele. Os níveis 
excessivos de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) 
podem estimular a liberação de MSH; a dopamina inibe a 
liberação de MSH (TORTORA, 14ª ed.). 
NEURO-HIPÓFISE 
↠ Embora não sintetize hormônios, a neuro-hipófise 
armazena e libera dois hormônios. É composta por 
axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 células 
neurossecretoras hipotalâmicas (TORTORA, 14ª ed.). 
 
↠ A liberação dos hormônios pela neuro-hipófise ocorre 
da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). 
1. As células neurossecretoras nos núcleos 
paraventriculares e supraópticos do hipotálamo 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
sintetizam ocitocina e hormônio antidiurético (ADH). 
Em seguida, esses hormônios são acondicionados em 
vesículas. 
2. As vesículas são conduzidas por transporte axônico 
rápido ao longo do trato hipotálamo-hipofisial até os 
terminais axônicos na neuro-hipófise, onde são 
armazenadas. 
3. Quando um estímulo apropriado excita o hipotálamo, 
os impulsos nervosos desencadeiam a exocitose e 
liberação de ocitocina ou de ADH na corrente 
sanguínea (artéria hipofisária inferior, plexo capilar do 
infundíbulo e veia hipofisária). 
4. Após a sua liberação, a ocitocina ou o ADH são 
transportados até seus tecidos-alvo no corpo. 
Ocitocina 
↠ Durante e após o parto, a ocitocina afeta dois tecidos-
alvo: o útero e as mamas da mãe. Durante o parto, o 
estiramento do colo do útero estimula a liberação de 
ocitocina, que, por sua vez, intensifica a contração das 
fibras musculares lisas na parede do útero; depois do 
parto, a ocitocina estimula a ejeção de leite (“descida”) das 
glândulas mamárias em resposta ao estímulo mecânico 
proporcionado pela sucção do lactente (TORTORA, 14ª 
ed.). 
↠ A função da ocitocina nos homens e nas mulheres 
não grávidas não está bem esclarecida. Experimentos 
realizados em animais sugeriram que a ocitocina possui 
ações no encéfalo, que promovem o comportamento 
parental de cuidados com a prole. Ela também é 
responsável, em parte, pelas sensações de prazer sexual 
durante e após o coito (TORTORA, 14ª ed.). 
Hormônio antidiurético 
↠ Como o próprio nome sugere, um antidiurético é uma 
substância que diminui a produção de urina. O ADH faz 
com que os rins devolvam mais água ao sangue, 
diminuindo, assim, o volume de urina. Na ausência de ADH, 
o débito urinário aumenta mais de 10 vezes, passando do 
normal de 1 a 2 ℓ para cerca de 20 ℓ por dia. Com 
frequência, o consumo de álcool provoca micção 
frequente e copiosa, visto que o álcool inibe a secreção 
de ADH. (Esse efeito desidratante do álcool pode causar 
tanto a sede quanto a cefaleia típicas de uma ressaca.) O 
ADH também diminui a perda de água pela sudorese e 
provoca constrição das arteríolas, o que eleva a pressão 
arterial. Outro nome desse hormônio, a vasopressina, 
reflete esse efeito sobre a pressão arterial (TORTORA, 
14ª ed.). 
↠ A secreção de ADH é promovida por dois estímulos 
principais: a elevação da osmolaridade do sangue e a 
diminuição do volume sanguíneo (TORTORA, 14ª ed.). 
A osmolaridade sanguínea elevada é detectada por osmorreceptores, 
que são neurônios no hipotálamo que monitoram mudanças na 
osmolaridade do sangue. A diminuição do volume sanguíneo é 
detectada por receptores de volume nos átrios do coração e por 
barorreceptores nas paredes de certos vasos sanguíneos. Uma vez 
estimulados, os osmorreceptores, os receptores de volume atriais e 
os barorreceptores ativam as células neurossecretoras hipotalâmicas, 
que sintetizam e liberam ADH na corrente sanguínea. O sangue 
transporta o ADH para dois tecidos-alvo: os rins e a musculatura lisa 
das paredes dos vasos sanguíneos. Os rins respondem com retenção 
de mais água, diminuindo o débito urinário. A musculatura lisa nas 
paredes das arteríolas (pequenas artérias) se contrai em resposta a 
níveis elevados de ADH, causando constrição do lúmen desses vasos 
sanguíneos e elevando a pressão arterial (TORTORA, 14ª ed.). 
OBS.: A secreção de ADH também pode ser alterada de outras 
maneiras. A dor, o estresse, o trauma, a ansiedade, a acetilcolina, a 
nicotina e substâncias como morfina, tranquilizantes e alguns 
anestésicos estimulam a secreção de ADH (TORTORA, 14ª ed.). 
Síndromes hipofisárias 
↠ As patologias da hipófise caracterizam-se por afetar 
primariamente o lobo anterior ou o lobo posterior, e 
estão associadas ao hiperfuncionamento da hipófise, que 
desencadeia excesso de secreção de hormonas, ou 
hipofuncionamento, com diminuição da secreção 
hormonal trófica (LIMA, 2015). 
Hipopituitarismo 
↠ O hipopituitarismo é uma condição em que há 
deficiência de um ou mais hormônios hipofisários 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ A prevalência situa-se entre 290 e 455 casos por 
milhão, com incidência de 42 casos por milhão por ano 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
ETIOLOGIA 
ATENÇÃO: É conveniente classificar o hipopituitarismoem 
duas categorias principais: o hipopituitarismo congênito 
(com causas genéticas conhecidas e desconhecidas) e o 
hipopituitarismo adquirido. Embora os tipos congênitos 
possam envolver a deficiência de um único ou de vários 
hormônios hipofisários, os tipos adquiridos de 
hipopituitarismo habitualmente envolvem mais de um dos 
hormônios hipofisários simultaneamente (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
OBS.: O pan-hipopituitarismo refere-se a um defeito em todos os 
hormônios hipofisários. Além dos defeitos congênitos e adquiridos, o 
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hipopituitarismo pode resultar de um distúrbio hipotalâmico. As 
manifestações clínicas do diabetes insípido e do hipopituitarismo 
habitualmente sugerem defeitos hipotalâmicos e hipofisários 
combinados. Além disso, a hiperprolactinemia sugere uma interrupção 
da inibição dopaminérgica hipotalâmica da prolactina e pode resultar 
de defeitos hipotalâmicos (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
 
 
↠ Os defeitos congênitos são habitualmente observados 
logo após o nascimento, quando as consequências da 
ausência de um hormônio hipofisário tornam-se 
evidentes, em decorrência de retardo do crescimento ou 
falha de desenvolvimento (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Foram relatados defeitos genéticos em todos os níveis do eixo hipotálamo-
hipófise, incluindo defeitos nos fatores hipotalâmicos, nos receptores dos fatores 
hipotalâmicos e nos genes dos hormônios hipofisários. Esses pacientes 
apresentam deficiência congênita de uma função específica da hipófise e 
manifestam defeitos do crescimento de início precoce, puberdade tardia ou 
hipotireoidismo. Os defeitos nos genes que codificam o hormônio específico 
quase sempre resultam em baixa concentração sérica desse hormônio, e 
fatores como os genes PIT1 e PROP1 podem comprometer a diferenciação 
celular da hipófise. Além disso, o receptor de hormônios hipofisários nas 
respectivas glândulas pode estar defeituoso, resultando, assim, em resistência 
à ação dos hormônios hipofisários. Por fim, defeitos genéticos no gene que 
codifica o hormônio ou seu receptor podem causar deficiência hormonal 
profunda (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ O hipopituitarismo adquirido manifesta-se 
habitualmente mais cedo em mulheres em idade 
reprodutiva, visto que qualquer perturbação no ambiente 
hipotalâmico-hipofisário provavelmente resultará em 
anormalidade nos ciclos menstruais (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
A menstruação normal exige a coordenação de múltiplos hormônios, 
que são muito sensíveis a alterações dos hormônios hipofisários. Os 
homens de todas as idades e as mulheres na pós-menopausa 
habitualmente apresentam hipopituitarismo por vários anos antes do 
estabelecimento do diagnóstico. Nesses pacientes, os sintomas podem 
ser indefinidos e não percebidos durante muitos anos após o início do 
hipopituitarismo (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ Os defeitos adquiridos, como tumor, especificamente 
macroadenoma na sela turca, constituem a causa mais 
comum de hipopituitarismo. O aumento do tumor dentro 
dos limites da sela turca pode comprimir as células 
hipofisárias normais, com consequente falha de sua 
função. A irradiação da hipófise, o infarto hipofisário, a 
lesão cirúrgica e a doença infiltrativa podem 
comprometer o funcionamento normal da hipófise. Além 
do dano estrutural às células, pode ocorrer disfunção na 
presença de desnutrição, doença crítica e transtornos 
psiquiátricos (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Doenças congênitas 
Síndrome de Laurence-Moon-Biedl 
Esse distúrbio autossômico recessivo caracteriza-se por 
hipogonadismo hipogonadotrófico, retardo mental, obesidade, 
retinite pigmentosa, hexadactilia, braquidactilia ou sindactilia. No 
caso dessa doença, aos 30 anos de idade, a maioria dos 
pacientes está cega. Embora a deficiência de GnRH seja a causa 
preponderante do hipogonadismo, cerca de 25% dos indivíduos 
do sexo masculino com a síndrome podem ter insuficiência 
testicular primária (VILAR, 2020). 
Síndrome de Prader-Willi 
↠ A síndrome de Prader-Willi é um distúrbio genético 
caracterizado por retardo mental discreto, baixa estatura, 
hipotonia muscular, hiperfagia intensa e obesidade. Essa 
condição tem sido atribuída a translocação ou deleção do 
cromossomo 15 (VILAR, 2020). 
↠ Acredita-se que tal alteração genética leve à disfunção de 
vários centros hipotalâmicos, sendo comuns a DGH e o 
hipogonadismo (presente em dois terços dos casos em uma 
série com 19 pacientes). Nos indivíduos hipogonádicos, o 
criptorquidismo bilateral e a ausência das pregas escrotais são 
acompanhados por secreção atenuada de GnRH. Os níveis de 
LH e FSH, às vezes, podem ser restaurados por meio do 
tratamento crônico com GnRH. Também têm sido relatados 
problemas na síntese de ocitocina e vasopressina (VILAR, 2020). 
Hipogonadismo hipogonadotrófico congênito 
↠ O hipogonadismo hipogonadotrófico congênito (HHC) resulta 
da deficiência isolada do hormônio liberador de gonadotrofina 
(GnRH); na sua origem, mutações em mais de 30 genes já 
foram identificadas em cerca de 40% dos casos. Neste grupo 
incluem-se a síndrome de Kallmann (SK) e, menos 
frequentemente, o hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático 
(HHI). A SK se caracteriza por HHC combinado com alterações 
do olfato (anosmia ou hiposmia). Tal associação é resultado da 
migração inadequada de neurônios produtores de GnRH e 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
neurônios olfatórios, determinando agenesia ou hipoplasia dos 
bulbos e tratos olfatórios (VILAR, 2020). 
↠ No HHI não há distúrbios do olfato, daí ser também chamado 
de HHC normósmico (VILAR, 2020). 
Miscelânea 
↠ São raros os exemplos em que causas de hipopituitarismo 
congênito são doenças infecciosas (p. ex., sífilis congênita), 
agenesia da artéria carótida interna, ausência de haste hipofisária 
etc. O hipopituitarismo congênito com ectopia da neuro-hipófise 
pode também vir associado à aplasia ou à hipoplasia do nervo 
óptico e, em casos mais raros, à síndrome da glória matinal 
(baixa estatura, nistagmo, desvio do olhar para dentro e baixa 
visão) (VILAR, 2020). 
Hipopituitarismo adquirido 
Tumores hipofisários 
↠ Adenomas hipofisários representam as neoplasias 
intracranianas mais comuns e são responsáveis por 10,7% dos 
tumores primários do sistema nervoso central (SNC). Estudos 
de prevalência demonstraram a presença dessa condição em 
até 35% das séries de necropsia e em aproximadamente 10% 
da população adulta submetida a avaliações por RM, como 
incidentalomas (VILAR, 2020). 
↠ O hipopituitarismo pode resultar de compressão ou 
destruição do parênquima hipofisário ou compressão da haste 
hipofisária pelo tumor. Pode também ser consequência do 
tratamento ablativo do tumor por meio de cirurgia ou 
radioterapia. Nos casos de prolactinomas, o hipogonadismo 
hipogonadotrófico resulta da inibição, pela hiperprolactinemia, da 
secreção de kisspeptina por neurônios hipotalâmicos, uma vez 
que esse neuropeptídeo é um potente secretagogo da 
secreção do GnRH. Adenomas hipofisários apenas 
excepcionalmente cursam com diabetes insípido (DI), mesmo 
os mais volumosos. Em contraste, o achado de hipopituitarismo 
e DI é comum em outras lesões hipofisárias (p. ex., hipofisites, 
abscesso, metástases etc.) (VILAR, 2020). 
 
Linfomas hipofisários 
↠ Em alguns casos raros, comprometimento da adeno-hipófise 
ou do hipotálamo por distúrbios linfoproliferativos é a causa do 
hipopituitarismo. Os linfomas mais comuns do SNC são linfomas 
não Hodgkin e, mais raramente, linfoma de células B ou de 
células T. Manifestam-se à RM com aumento difuso da hipófise, 
invasão de seios cavernosos e padrão de crescimento rápido. 
Em contraste, o achado de hipopituitarismo e DI é comum em 
casos de metástases hipofisárias (VILAR, 2020). 
Síndrome da sela vazia 
↠ Sela vazia, também chamada de aracnoidocele selar, é um 
achado de imagem caracterizado pela presença de herniação 
aracnóidea para dentro do espaçoselar, o que resulta em 
compressão da hipófise contra o assoalho da sela. Pode resultar 
de uma incompetência congênita do diafragma selar, o que 
caracteriza a chamada sela vazia primária (SVP). Esta última é 
mais comum em mulheres obesas ou multíparas (VILAR, 2020). 
↠ A terminologia sela vazia secundária aplica-se aos casos em 
que a condição surge após infarto de adenoma hipofisário, 
necrose hipofisária pós-parto (síndrome de Sheehan), dano no 
assoalho selar induzido por cirurgia ou radioterapia, hipofisites, 
doenças infiltrativas, bem como após terapia com agonistas 
dopaminérgicos ou, menos frequentemente, com análogos da 
somatostatina (VILAR, 2020). 
A síndrome de Sheehan (SSh) se caracteriza pelo hipopituitarismo pós-
parto secundário à necrose hipofisária, decorrente de hipotensão ou 
choque, em virtude de hemorragia maciça durante ou logo após o 
parto. Sua frequência vem caindo em todo o mundo, principalmente 
em países e regiões mais desenvolvidos, em razão da melhora nos 
cuidados obstétricos; contudo, ainda é frequente em países em 
desenvolvimento onde os cuidados obstétricos são mais precários. A 
SSh pode levar a graus variados de hipopituitarismo, agalactia e 
hipoplasia hipofisária ou síndrome de sela vazia secundária. Os sinais e 
sintomas costumam aparecer lentamente, após um período de meses 
a anos. Existem pacientes cujo diagnóstico foi realizado 2 a 3 décadas 
após o último parto. Contudo, é frequente a ausência de lactação 
(agalactia) após o parto (VILAR, 2020). 
 
↠ Embora a sela vazia seja, em geral, um achado acidental, o 
hipopituitarismo tende a acontecer se mais de 90% do tecido 
hipofisário estiver comprimido ou atrofiado. Estudos atuais 
mostraram que a sela vazia primária pode ser acompanhada 
por graus variados de hipopituitarismo, desde pan-
hipopituitarismo até deficiência isolada de GH. Entre 175 casos 
de SVP, cerca de um terço tinha algum grau de hipopituitarismo. 
A hiperprolactinemia é outra potencial complicação da sela vazia 
(VILAR, 2020). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
Doenças infecciosas ou parasitárias 
↠ Várias doenças infecciosas podem acometer a região 
hipotalâmico-hipofisária e provocar inflamação, seguida de 
necrose, hemorragia e fibrose. Foram descritos casos de 
hipopituitarismo em pacientes com neurocisticercose, 
tuberculoma intrasselar, sífilis e infecções fúngicas (VILAR, 
2020). 
↠ Abscesso hipofisário pode também levar a hipopituitarismo 
e DI Em alguns casos, pode clinicamente simular uma apoplexia 
hipofisária. Hipopituitarismo pode também ser uma sequela de 
meningite viral ou bacteriana. Hipopituitarismo e DI já foram 
relatados em pacientes imunossuprimidos com toxoplasmose 
cerebral (VILAR, 2020). 
Doenças inflamatórias | Hipofisites 
↠ A hipofisite é uma condição rara caracterizada por 
inflamação da hipófise, frequentemente resultando em 
hipopituitarismo e aumento da hipófise. A inflamação da hipófise 
pode ocorrer por processo primário (hipofisite primária 
granulomatosa, xantomatosa ou, sobretudo, linfocítica) ou ser 
secundária a doenças sistêmicas inflamatórias ou autoimunes, 
medicações ou distúrbios da região selar (p. ex., germinoma ou 
ruptura de cisto da bolsa de Rathke) (VILAR, 2020). 
Cirurgia 
↠ Cirurgia de tumores hipofisários ou hipotalâmicos pode 
resultar em hipopituitarismo, cuja prevalência é inversamente 
proporcional à experiência do neurocirurgião, à extensão do 
procedimento e à via de abordagem (p. ex., maior com a 
cirurgia transcraniana do que com a transesfenoidal). Em uma 
série, entre pacientes submetidos a cirurgia por via 
transesfenoidal, a ocorrência de hipopituitarismo foi 88% com 
hipofisectomia, 33% com hemi-hipofisectomia e 14% com 
adenomectomia seletiva (VILAR, 2020). 
Radioterapia 
↠ Hipopituitarismo é uma complicação frequente do 
tratamento radioterápico para tumores hipofisários e 
hipotalâmicos, tumores cerebrais primários, tumores 
nasofaringianos, tumores de cabeça e pescoço, tumores 
ósseos que afetam o crânio ou leucemia linfoblástica aguda 
(VILAR, 2020). 
↠ De modo geral, estima-se que graus variados de 
hipopituitarismo surjam em cerca de 50% dos pacientes, 5 a 10 
anos após a radioterapia da região selar. A ocorrência de 
hipopituitarismo parece ser similar às radioterapias convencional 
e estereotáxica. O eixo do GH é o mais vulnerável aos efeitos 
da radioterapia. Em crianças pré-puberais, a irradiação craniana 
pode resultar em deficiência de gonadotrofinas ou, de modo 
contraditório, em puberdade precoce (VILAR, 2020). 
Traumatismo cranioencefálico 
↠ O traumatismo cranioencefálico (TCE) tem emergido como 
uma das causas mais importantes de hipopituitarismo, à medida 
que estudos sobre o assunto têm se avolumado nos últimos 15 
anos. O TCE que causa hipopituitarismo pode ser caracterizado 
por um único traumatismo na cabeça, como o de um acidente 
de trânsito (cerca de 50% dos casos) ou queda, ou por 
traumatismo craniano repetitivo crônico, como visto em 
esportes de combate, incluindo boxe, kickboxing, hóquei no 
gelo e futebol americano (VILAR, 2020). 
OBS: Entre boxeadores em atividade ou já aposentados, mostraram-se 
frequentes as deficiências de GH (15 a 50%) e ACTH (cerca de 10%). 
Outro tipo de esporte que pode causar lesão cerebral é o futebol 
americano. Entre jogadores aposentados com uma qualidade de vida 
relativamente baixa, 23,5% tinham hipopituitarismo. O hipopituitarismo 
pode se tornar evidente logo depois do acidente, mas em 15% dos 
casos só foi diagnosticado após, no mínimo, 5 anos. A história natural 
do hipopituitarismo pós-traumatismo é desconhecida, e são relatados 
casos de recuperação funcional espontânea. O padrão de déficit 
hormonal pode se modificar com o tempo após o TCE. De fato, 
anormalidades durante a fase aguda podem reverter, enquanto novos 
distúrbios hormonais podem surgir até 6 meses após o TCE. (VILAR, 
2020). 
Hipopituitarismo funcional 
↠ O termo hipopituitarismo funcional tem sido utilizado para os 
casos em que não haja lesão orgânica hipotalâmico-hipofisária, 
sendo potencialmente reversível com a eliminação do fator 
desencadeante (VILAR, 2020). 
Hipopituitarismo induzido por medicamentos ou drogas ilícitas 
↠ Algumas medicações (p. ex., inibidores do checkpoint imune, 
interferon-α etc.) podem causar hipofisite e hipopituitarismo. 
Disfunção hipotalâmico-hipofisária pode também acontecer 
após quimioterapia de tumores não localizados no SNC. Entre 
31 pacientes, 81% tinham deficiência de GH, deficiência de TSH, 
puberdade precoce e/ou deficiência de gonadotrofinas. 
Deficiência de GH e/ou de TSH estava presente em cerca de 
metade dos casos. Infarto hipofisário induzido pelo uso de 
cocaína já foi relatado (VILAR, 2020). 
QUADRO CLÍNICO 
↠ O quadro clínico e as complicações do hipopituitarismo 
dependem da etiologia, do tipo e da gravidade da 
insuficiência hormonal (VILAR, 2020). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
A reserva funcional da hipófise é grande, e as manifestações clínicas 
do hipopituitarismo são evidentes apenas quando ocorre o 
comprometimento de, pelo menos, 75% de seu parênquima (VILAR, 
2020). 
↠ As deficiências na secreção dos hormônios hipofisários 
manifestam-se, em geral, na seguinte ordem: 
gonadotrofinas (hormônio luteinizante [LH], hormônio 
foliculestimulante [FSH]), hormônio do crescimento (GH) 
ou somatotrofina, hormônio tireoestimulante (TSH), 
seguido de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e, por 
último, prolactina (PRL) (VILAR, 2020). 
OBS.: Embora a deficiência de hormônio de crescimento possa ocorrer 
em até 60% dos pacientes com hipopituitarismo, em um adulto, essa 
deficiência não tende a causar os mesmos sintomas notáveis, em 
comparação com a baixa estatura observada em crianças. Na 
deficiência de múltiplos hormônios, as manifestações na idade adulta 
podem ser sutis, como alterações cutâneas, diminuição da função 
sexual, redução da massamuscular e aumento da massa adiposa 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ Pacientes com lesões hipotalâmico-hipofisárias podem 
apresentar sintomas compressivos, caracterizados por 
cefaleia (compressão da dura-máter ou hipertensão 
intracraniana), alterações de campo visual (compressão do 
nervo óptico), paralisias de nervos periféricos (extensão 
lateral da lesão) ou relativos à deficiência hormonal. Em 
relação à deficiência hormonal, o quadro clínico é variável 
e depende do grau de comprometimento da glândula e 
da época em que a doença surgiu (VILAR, 2020). 
 
Deficiência de GH 
Na criança, a DGH manifesta-se por diminuição na velocidade de 
crescimento, baixa estatura, implantação anômala dos dentes, 
micropênis, hipoglicemia, lipodistrofia abdominal, hipotrofia muscular. No 
adulto, caracteriza-se por fraqueza, depressão, osteoporose, labilidade 
emocional, redução da massa magra e da capacidade para o exercício, 
aumento da massa gorda (com distribuição predominante no tronco), 
esteatose hepática, aumento do LDL-colesterol e aumento do risco 
de doença cardiovascular. A maior morbimortalidade cardiovascular em 
adultos com DGH deve-se, pelo menos em parte, à alta prevalência 
de síndrome metabólica nesses pacientes (VILAR, 2020). 
Deficiência de gonadotrofinas 
A deficiência de gonadotrofinas ocorre de modo precoce no curso do 
hipopituitarismo. Quando surge antes da puberdade, os pacientes não 
apresentam os caracteres sexuais secundários. Após esse período, as 
principais manifestações clínicas na mulher são amenorreia secundária, 
perda da libido, atrofia mamária, dispareunia, osteoporose e infertilidade. 
No homem, o quadro clínico caracteriza-se por redução da massa 
muscular, astenia, atrofia testicular, ginecomastia, redução do líquido 
ejaculado e azoospermia (VILAR, 2020). 
Deficiência de TSH 
Ocorre no momento em que o curso do hipopituitarismo já está bem 
avançado e tem como manifestações mais marcantes: astenia, 
sonolência, intolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, 
hiporreflexia profunda, edema facial, anemia e bradicardia. Entretanto, 
muitos pacientes são assintomáticos ou oligossintomáticos. Pacientes 
com deficiência de TSH tendem a ter menor riqueza de sintomas do 
que aqueles com hipotireoidismo primário. Isso se deve ao fato de que 
10 a 15% da função tireoidiana não dependem do TSH (VILAR, 2020). 
Deficiência de ACTH 
A deficiência de ACTH leva à perda da estimulação das camadas 
fasciculada e reticular das glândulas adrenais, o que prejudica a 
secreção de glicocorticoides (sobretudo o cortisol) e androgênios. A 
secreção de mineralocorticoides permanece íntegra, pois é regulada 
principalmente pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona; portanto, 
são incomuns os sintomas referentes a distúrbios hidreletrolíticos 
graves. As principais manifestações clínicas são fraqueza, astenia, 
anorexia, perda de peso, hipotensão postural leve, hipoglicemia e, 
somente em casos mais graves, hiponatremia (VILAR, 2020). 
Deficiência de prolactina 
É bastante rara, pois ocorre apenas quando a hipófise anterior é 
completamente destruída (p. ex., após apoplexia) ou em pacientes com 
deficiência congênita de prolactina. É raro surgir após cirurgia e 
radioterapia da região hipotalâmico-hipofisária. Quando presente, está 
associada à deficiência grave de outros hormônios, e o principal sinal 
clínico é a incapacidade para a lactação (VILAR, 2020). 
DIAGNÓSTICO 
↠ A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de 
hipopituitarismo deve determinar: (VILAR, 2020). 
• a presença, o tipo e o grau de deficiência 
hormonal; 
• a etiologia; 
• a presença de alterações visuais. 
↠ Um rastreamento inicial da função hipofisária pode ser 
realizado a partir das dosagens basais dos hormônios 
hipofisários e/ou das glândulas-alvo (VILAR, 2020). 
O diagnóstico de hipopituitarismo em pacientes com massas 
hipofisárias secretoras ou não secretoras envolve habitualmente uma 
combinação de exames de sangue estáticos e de estimulação. Embora 
se disponha de múltiplos testes, cada um deles tem suas vantagens e 
desvantagens, e a escolha do exame pode depender da idade do 
paciente e do contexto clínico. Algumas vezes, podem ser realizados 
múltiplos exames caso os resultados de um deles sejam equivocados 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
Deficiência de TSH 
Níveis baixos de TSH e tiroxina (T4) livre confirmam o diagnóstico de 
hipotireoidismo central. Entretanto, em alguns indivíduos acometidos, o 
TSH pode estar normal ou ainda discretamente elevado (em geral, 15 a 18 μg/dℓ virtualmente exclui IA. A 
maioria dos autores recomendam que se faça um teste de estímulo 
diante de valores de cortisol sérico entre 3 e 5 até 15 a 18 μg/dℓ. O 
padrão-ouro é o ITT, no qual o cortisol e a glicemia são dosados 30 
e 60 minutos após a administração intravenosa de insulina Regular (0,1 
U/kg) (VILAR, 2020). 
No ITT, um pico de cortisol 65 anos) nem 
pacientes com doença cardiovascular, cerebrovascular ou história de 
convulsões. Como alternativa mais segura, pode-se utilizar o teste de 
estímulo com ACTH sintético (Cortrosina), em que se administram 
250 μg da substância por via intravenosa ou intramuscular e dosa-se 
o cortisol sérico após 30 e 60 minutos. Um pico do cortisol↠ O hiperpituitarismo surge da secreção excessiva de 
hormônios tróficos. Ele resulta, mais frequentemente, de 
um adenoma da hipófise anterior, mas também pode ser 
causado por outras lesões hipofisárias e extra-hipofisárias. 
ETIOLOGIA 
Tumores hipofisários 
↠ A proliferação clonal dos diferentes tipos de células na 
hipófise resulta em formação de tumores. Embora a base 
molecular dessa proliferação clonal não esteja bem 
elucidada, os tumores hipofisários são clinicamente 
classificados como “funcionantes”, para indicar que eles 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
produzem um ou mais hormônios em excesso, ou “não 
funcionantes”, para indicar que eles não produzem 
hormônio em excesso no sangue. Como os tumores 
funcionantes não apresentam, em sua maioria, um 
mecanismo de retroalimentação fisiológica apropriada em 
virtude de sua natureza oncológica, eles habitualmente 
secretam hormônio(s) em excesso, causando uma 
variedade de síndromes clínicas (GOLDMAN; SCHAFER, 
2022). 
• Os prolactinomas, que podem responder por até 
50% dos tumores hipofisários, são provavelmente 
causados quando a proliferação do lactotrofo resulta 
em excesso de prolactina e ocorrência subsequente 
de galactorreia e hipogonadismo (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
• Os somatotrofos, que produzem hormônio de 
crescimento; os corticotrofos, que produzem ACTH; 
e os gonadotrofos, que sintetizam LH e FSH, são, 
em seu conjunto, responsáveis por 10 a 20% dos 
adenomas (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
OBS.: O tamanho do tumor é habitualmente proporcional à quantidade 
de hormônio que ele produz quando ativo. Dependendo da gravidade 
da perturbação clínica provocada, certos tumores são habitualmente 
diagnosticados mais precocemente e, portanto, são, em geral, 
menores do que outros por ocasião do diagnóstico. Assim, por 
exemplo, os gonadotropinomas são habitualmente diagnosticados 
como macroadenomas, visto que os sintomas que eles produzem são, 
em geral, mais sutis do que aqueles dos tumores secretores de TSH, 
cujos sintomas aparecem precocemente, e os tumores são 
habitualmente menores no momento do diagnóstico (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
↠ Além de sua classificação como funcionantes e não 
funcionantes, os tumores também são classificados pela 
sua anatomia, com base nos exames de imagem: os 
microadenomas têm menos de 10 mm de diâmetro, 
enquanto os macroadenomas medem mais de 10 mm de 
diâmetro (e, normalmente, com extensão extrasselar) 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
 
EXCESSO DE HORMÔNIO DE CRESCIMENTO: ACROMEGALIA E 
GIGNTISMO 
↠ A acromegalia é uma doença caracterizada por 
excesso de crescimento e alterações metabólicas 
causadas pela proliferação de somatotrofos hipofisários e 
secreção excessiva do hormônio de crescimento. Se não 
for tratada, a acromegalia resulta em desfiguração acral e 
facial visível, doença cardíaca, câncer, anormalidades 
metabólicas, incluindo diabetes melito e aumento da 
mortalidade (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
ATENÇÃO: Quando se desenvolvem na infância ou adolescência, antes 
da fusão das placas epifisárias, apresentam-se com o fenótipo de 
gigantismo; quando o excesso de GH ocorre na vida adulta, 
desenvolve-se a acromegalia (VILAR, 2020). 
ETIOLOGIA: Aproximadamente 98% dos pacientes com 
acromegalia albergam um adenoma hipofisário secretor de GH 
(somatotropinoma), que pode ser um adenoma de células puras 
de GH ou um adenoma misto, com células de GH e prolactina 
(PRL). Cerca de 80% desses adenomas são macroadenomas 
(≥ 10 mm) por ocasião do diagnóstico. Muito raramente, a 
acromegalia resulta de hipersecreção de GHRH, hipotalâmica ou 
ectópica (cerca de 2% dos casos) (VILAR, 2020). 
Iatrogenia: Características acromegálicas (p. ex., aumento do tamanho 
dos pés, nariz e mandíbula) podem aparecer durante a administração 
exógena de GH em indivíduos sem deficiência do hormônio, com o 
intuito de melhorar o desempenho atlético ou como tratamento 
antienvelhecimento (VILAR, 2020). 
Quadro clínico 
↠ Acromegalia é um distúrbio insidioso, com progressão 
gradual dos sinais e sintomas, os quais podem resultar de: 
(VILAR, 2020). 
• compressão do tumor sobre as estruturas 
adjacentes (cefaleia, distúrbios visuais ou 
hipopituitarismo); 
• exposição prolongada e excessiva ao GH 
(aumento das mãos e dos pés, alterações 
cutâneas, modificações fisionômicas e 
manifestações musculoesqueléticas, osteoartrite, 
síndrome do túnel do carpo, apneia do sono); 
• complicações (cardiovasculares, respiratórias, 
endócrinas, metabólicas e neoplásicas) 
resultantes do excesso de GH. 
↠ As modificações fisionômicas na acromegalia se 
caracterizam por alargamento do nariz, aumento dos 
lábios, crescimento exagerado da mandíbula com 
prognatismo (causando separação dos dentes e má 
oclusão dentária), macroglossia, aumento dos arcos 
zigomáticos e fronte proeminente (VILAR, 2020). 
 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
Não raramente o diagnóstico da acromegalia é estabelecido de modo 
casual ou a partir das complicações da doença (VILAR, 2020). 
 
Diagnóstico 
↠ Como o estresse, o exercício e o sono causam 
aumentos fisiológicos dos níveis séricos do hormônio de 
crescimento, a medição do nível de IGF-I (que apresenta 
uma boa correlação com a secreção diária do hormônio 
de crescimento e com a atividade da doença), após um 
teste de tolerância à glicose oral de 75 g de 2 h, fornece 
melhor índice integrado da produção do hormônio de 
crescimento e constitui maneira mais útil de proceder ao 
rastreamento para acromegalia (GOLDMAN; SCHAFER, 
2022). 
↠ Na acromegalia, a administração de glicose não irá 
suprimir os níveis do hormônio de crescimento para 
valores inferiores a 1 ng/mℓ por um imunoensaio de 
anticorpo policlonal ou abaixo de 0,4 ng/mℓ por um 
ensaio imunorradiométrico quimioluminescente. A 
resposta a uma carga de glicose também é útil para 
determinar a eficácia da terapia, visto que ela deve se 
normalizar rapidamente após a normalização dos níveis 
do hormônio de crescimento. Deve-se medir a secreção 
concomitante de prolactina, visto que uma porcentagem 
considerável de tumores cossecretam hormônio de 
crescimento e prolactina, e esses achados apresentam 
implicações no tratamento clínico com agonistas da 
dopamina (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Uma vez estabelecido o diagnóstico de acromegalia com base em uma 
avaliação endocrinológica completa, deve-se obter uma RM para definir 
a extensão do crescimento do tumor. 
OBS.: O diagnóstico de gigantismo deve ser considerado em crianças 
que estejam mais de três desvios padrões acima da altura média para 
a idade ou mais de dois desvios padrões além da altura ajustada em 
relação à dos pais (VILAR, 2020). 
Tratamento 
Os objetivos do tratamento consistem em reduzir o tamanho do 
tumor, prevenir seus efeitos expansivos e eliminar sua função, 
reduzindo a morbidade e a mortalidade a longo prazo, que resultam 
da produção excessiva do hormônio de crescimento. Em geral, o 
tratamento é bem-sucedido, visto que é capaz de reverter muitas 
anormalidades dos tecidos moles, bem como o diabetes melito e 
outros distúrbios metabólicos. Entretanto, as alterações acrais são 
habitualmente interrompidas, de modo que é possível prevenir a 
desfiguração física, em vez de corrigi-la. Embora qualquer redução nos 
níveis de hormônio de crescimento possa melhorar os sintomas, a 
meta é normalizar os níveis do hormônio de crescimento e de IGF-I, 
prevenir a recrudescência do tumor e evitar precipitar o 
hipopituitarismo. Em geral, a cura é definida pela normalização dos 
níveis sanguíneos de amostras aleatórias, bem como dos níveis após 
a realização de teste provocativo, como teste de tolerância à glicose 
oral (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ O tratamento clínico para a acromegalia inclui análogos 
da somatostatina (octreotida, lanreotida e pasireotida), 
agonistas da dopamina (p. ex., cabergolina) e um agonista 
do receptor do hormôniode crescimento (pegvisomanto). 
Os análogos da somatostatina podem ser utilizados como 
terapia adjuvante quando a cirurgia ou a radioterapia não 
curam o tumor, ou como terapia primária quando a cura 
cirúrgica não é possível, como nos casos em que o tumor 
invadiu o seio cavernoso (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
HIPERPROLACTINEMIA 
↠ Entre as causas de elevação dos níveis de prolactina, 
destacam-se os medicamentos que antagonizam a ação 
da dopamina ou que aumentam a atividade das endorfinas 
ou da serotonina. Esses mecanismos resultam em 
hiperprolactinemia leve (à glicose ou diabetes melito 
flagrante, dependendo da elevação absoluta do nível de cortisol, bem como de 
sua cronicidade. Os níveis elevados relativamente constantes de cortisol não 
seguem a variação diurna fisiológica. Outro achado na doença de Cushing 
dependente de ACTH consiste na hiperpigmentação, devido ao hormônio 
estimulante dos melanócitos (MSH), que é secretado juntamente com o ACTH 
pelo adenoma. Embora a hiperpigmentação não seja tão pronunciada quanto 
aquela observada na doença de Addison (em que os níveis de ACTH são 
habitualmente 10 a 100 vezes mais altos) nem no hipercortisolismo ectópico, ela 
é certamente mais acentuada do que aquela que ocorre nas causas de 
síndrome de Cushing independentes de ACTH. A hipertensão, que é comum, 
é causada pela capacidade direta do ACTH de estimular a secreção de 
mineralocorticoides pelo córtex suprarrenal, bem como pelo excesso de 
glicocorticoides. O excesso de mineralocorticoides também leva 
frequentemente a caliurese e hipopotassemia (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
 
Diagnóstico 
↠ A maioria dos pacientes com obesidade, hipertensão 
e intolerância à glicose ou diabetes não apresentam 
síndrome de Cushing, porém há achados físicos clássicos, 
que podem sugerir a necessidade de maior investigação. 
Não existe nenhum exame complementar único que 
possa confirmar o diagnóstico de doença de Cushing, 
porém um conjunto de resultados de exames 
habitualmente determina a sua existência. O primeiro 
passo, que frequentemente é o mais difícil, consiste em 
documentar o hipercortisolismo (GOLDMAN; SCHAFER, 
2022). 
Medição do nível sérico de cortisol 
A confirmação do hipercortisolismo pela determinação de um nível sérico de 
cortisol aleatório representa um desafio, visto que o 80% do cortisol sérico 
estão ligados à globulina de ligação do cortisol, 10% estão ligados à albumina, e 
apenas 10% estão livres. Por conseguinte, as alterações na globulina de ligação 
do cortisol (p. ex., durante a gravidez) e na albumina podem afetar a medição 
do cortisol. Embora a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de 
massas em tandem (LC-MS/MS) tenha altas sensibilidade analítica e 
especificidade, um nível sérico aleatório raramente é considerado diagnóstico, 
em virtude da secreção episódica de cortisol (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Medição do cortisol livre na urina de 24 horas 
Uma amostra de urina de 24 horas adequadamente coletada para 
determinação do cortisol livre urinário evita as flutuações que tornam os níveis 
séricos de cortisol pouco confiáveis e é segura o suficiente, de modo que a 
obtenção de um nível elevado de cortisol livre na urina em um paciente não 
estressado com função normal é, em geral, suficiente para estabelecer o 
diagnóstico de síndrome de Cushing. Por outro lado, um resultado normal 
fornece uma forte evidência contra esse diagnóstico. Entretanto, devido a 
variações biológicas, bem como a problemas relacionados com a coleta 
excessiva ou insuficiente de urina, esse teste não é ideal para o rastreamento 
inicial da síndrome de Cushing (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Medição do cortisol salivar à noite 
O teste do cortisol salivar à noite (23h a 0h) está sendo cada vez mais utilizado 
como exame inicial para avaliar pacientes com suspeita clínica de síndrome de 
Cushing. A sensibilidade diagnóstica desse teste é alta (80 a 90%), porém sua 
especificidade é mais baixa (70 a 90%). Entretanto, trata-se de um exame de 
rastreamento satisfatório em virtude de sua excelente sensibilidade 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Determinação do ACTH plasmático 
As medições do ACTH, embora estejam sujeitas à mesma variabilidade 
circadiana dos níveis de cortisol, não dependem dos efeitos da globulina de 
ligação do cortisol. Níveis de ACTH superiores a 100 pg/mℓ são sugestivos de 
insuficiência suprarrenal primária, enquanto valores acima de 500 pg/mℓ são 
diagnósticos. A baixa concentração plasmática de ACTH não é diagnóstica, 
exceto para os níveis indetectáveis observados nos adenomas suprarrenais 
produtores de cortisol. A concentração plasmática de ACTH também está 
baixa em pacientes em uso de esteroides exógenos (GOLDMAN; SCHAFER, 
2022). 
Teste de supressão com dexametasona 
Foram descritas pelo menos cinco variações do teste de supressão com 
dexametasona. Todas as versões exigem a administração de dexametasona 
pelo paciente em horas inconvenientes do dia (23h) ou até 4 vezes/dia. As 
amostras exigem a coleta de urina de 24 horas ou a ida ao consultório do 
médico ou laboratório às 8h da manhã para múltiplas coletas de sangue 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Uma opção popular consiste em uma dose única de 1 mg de dexametasona 
administrada às 23h, com obtenção de uma amostra de sangue na manhã 
seguinte, às 8h. A resposta normal consiste em concentração sérica de cortisol 
inferior a 1,8 μg/dℓ. Um ponto de corte alternativo, inferior a 5 μg/dℓ, é mais 
específico, porém menos sensível. Se o nível de cortisol ultrapassar 10 μg/dℓ, 
a probabilidade de hipercortisolismo é alta. Pacientes com macroadenomas 
secretores de corticotropina ou com tumores muito ativos podem apresentar 
níveis de cortisol livre na urina superiores a 1.000 μg/dℓ e necessitarão de doses 
mais altas de dexametasona para confirmar a supressão e excluir a possibilidade 
de produção ectópica de ACTH (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Teste de estimulação com CRH 
O teste de estimulação com CRH é um dos mais sensíveis para determinar a 
existência de alguma anormalidade no eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e 
para diagnosticar a etiologia do hipercortisolismo na síndrome de Cushing 
dependente de ACTH. As concentrações médias de ACTH 15 e 30 minutos 
após a administração de CRH devem aumentar em pelo menos 35% acima do 
valor basal médio em pacientes com doença de Cushing, mas não naqueles 
com secreção ectópica de ACTH. Essa medida proporciona as melhores 
sensibilidade (93%) e especificidade (100%) (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
RM 
O próximo passo mais adequado na avaliação de pacientes com 
hipercortisolismo documentado (i. e., ausência de supressão com dexametasona 
em baixa dose e hiperestimulação com CRH) consiste na realização de RM para 
confirmar a existência de massa hipofisária. Infelizmente, 10% de todos os 
indivíduos normais podem exibir pequenas anormalidades da hipófise na RM, e 
muitos pacientes com doença de Cushing podem apresentar tumores muito 
pequenos para serem detectados na RM. Entretanto, submeter um paciente a 
uma exploração cirúrgica da hipófise na ausência de massa demonstrável tende 
a levar a uma cirurgia sem sucesso (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Cateterismo do seio petroso inferior 
Se a supressão com dexametasona e o teste com CRH forem equívocos, 
deve-se efetuar o cateterismo do seio petroso inferior para confirmar a fonte 
hipofisária de ACTH. Embora esse exame seja menos confiável na lateralização 
da fonte de ACTH (i. e., esquerda versus direita) do que na confirmação de 
que o ACTH é de origem central, ele pode excluir a possibilidade de produção 
ectópica de ACTH por um tumor. Todavia, ele habitualmente não consegue 
distinguir um tumor secretor de CRH ectópico de uma doença de Cushing 
verdadeira (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
Tratamento 
↠ A cirurgia transesfenoidal oferece a melhor chance de 
cura de um adenoma secretor de ACTH. São observadas 
recorrências em 7% dos casos, quando o nível plasmático 
de cortisol no pós-operatório imediato é inferior a 3 
μg/dℓ, em comparação com 100% quando o nível de 
cortisol pós-operatório é de 3 a 8 μg/dℓ. Em pacientes 
com doença de Cushing e macroadenomas, apenas cerca 
de um terço apresenta remissão a longo prazo. Quando 
a cirurgia inicial não tem sucesso, a realização de uma 
segunda cirurgia de hipófise apresenta uma taxa de 
sucesso de apenas cerca de 50% (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
↠ A radiação da hipófise ou a suprarrenalectomia bilateral 
podem ser recomendadas em pacientes que apresentam

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