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FLOW: CRIATIVIDADE E ALTA PERFORMANCE APRESENTAÇÃO DE APOIO Docente permanente do programa de pós-graduação stricto sensu em Psicologia da PUC-Campinas, pesquisadora da linha de Instrumentos e processos em avaliação psicológica. Visiting scholar na University of California - Berkeley (dez/2019 a dez/2020, bolsista Fapesp). Pós Doutorado na Universidade São Francisco (2009, bolsista Fapesp). Mestrado em Psicologia Escolar (2003, Puc-Campinas, bolsista CNPq) e Doutorado em Psicologia pela PUC-Campinas (2006, bolsista CNpq). Pesquisadora produtividade nível 2 CNPq. Presidente passado da Associação Brasileira de Criatividade e Inovação (Criabrasilis, 2014-2017), membro colaborador do Conselho Brasileiro para Superdotação (Conbrasd, 2018-atual) e membro do grupo de trabalho Psicologia Positiva e Criatividade na Anpepp. Editora associada da Revista Estudos de Psicologia e Revista Iberoamericana de Criatividade e Inovação. Atua principalmente na área de Avaliação Psicológica, Criatividade, Altas Habilidades /Superdotação, Inteligência, Competências Socioemocionais e Psicologia Positiva. TATIANA DE CÁSSIA NAKANO PRIMI Professora Convidada LUÍS HUMBERTO VILLWOCK Professor PUCRS Engenheiro Agrônomo, Graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS - 1989), especialista em Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS/FGV/RJ - 1990), Mestre em Economia Rural (UFRGS - 1993), Doutor em Administração (UFRGS 2002). Atualmente é coordenador do CriaLab - Tecnopuc. Também é Professor Adjunto TI 40 da Escola de Negócios da PUCRS e sócio- fundador da Villwock Consultores Associados Ltda, desde 1997. Foi Gestor de Relacionamento do Tecnopuc/PUCRS. Coordenador da Rede Inovapucrs. Coordenador do Núcleo Empreendedor da FACE/PUCRS. Professores Experiências de pico, experiências culminantes e outros tipos de experiências ótimas. Definição da excelência humana. Funcionamento psicológico ótimo. Flow e experiências de foco e imersão. Altas habilidades e experiências ótimas. O potencial criativo e inovador. As bases da criatividade enquanto traço psicológico. Métodos de inovação. Criatividade, inovação e empreendedorismo. Criatividade e desenvolvimento humano. Times de inovação em organizações. Estratégias educativas para a criatividade e inovação. Ementa da disciplina Flow: alta performance e resultado Profa. Dra. Tatiana de Cassia Nakano Flow • Csikszentmihalyi (1997) descreveu a experiência de fluxo como: ''aquela que muitas pessoas usaram para descrever a sensação de ação sem esforço que sentem em momentos que se destacam como os melhores em suas vidas” (p.29) • Nesse estado, as pessoas estão intensamente envolvidas em uma atividade e, portanto, nada mais parece importar • Além do prazer na atividade e do interesse intrínseco em continuar a praticá- la, a imersão total em uma atividade parece ser um aspecto central da experiência de flow (Salanova, Bakker, & Llorens, 2006) Definições Flow pode ser traduzido como “estado de fluxo” ou “experiência de fluxo”. Estado de consciência no qual as pessoas ficam totalmente imersas em uma atividade, gostando intensamente do que estão fazendo. Caracteriza-se como um estado psicológico que pode se fazer presente em situações que são avaliadas, pelo indivíduo, como desafiadoras e, perante as quais, ele percebe que tem habilidades e recursos para obter êxito. Também é definido como um estado mental caracterizado por alto envolvimento, concentração profunda, motivação intrínseca, absorção, criatividade e alta performance. (Kamei, 2017; Mendonça & Ferreira, 2018) Estado transitório O indivíduo avalia que está frente a um desafio Avalia que tem habilidades para ser bem- sucedido Está motivado para se envolver nessa situação Sente prazer ao realizá-la (Farina, Freitas, & Hutz, 2020) O conceito ganhou destaque ao abordar aspectos importantes do funcionamento humano, tais como relacionamentos positivos e sentimentos de competência que dão significado e propósito à vida. Compreendido como a experiência de um estado positivo, no qual o indivíduo consegue permanecer com sua atenção focada nas atividades que realiza, sem esforço. esportes atividades artísticas atividades musicais atividades sociais atividades profissionais qualquer etapa do ciclo vital em homens e mulheres dançando correndo praticando esportes trabalhando Diferentes contextos: • Quando a pessoa está em flow, ela obtém seu melhor desempenho. • Geralmente a pessoa entra em flow quando está fazendo aquilo que ela mais gosta de fazer. • Nessas situações, a pessoa encontra mais motivação, se concentra com mais facilidade na atividade e fica tão profundamente absorvido e envolvido naquela atividade que nem percebe o tempo passar. • Naquele momento ela não pensa em mais nada, nem nos acontecimentos anteriores e nem no que terá que fazer depois. • Fica inteiramente focada no presente, no aqui e agora. A teoria • O conceito e teoria do flow foram desenvolvidos pelo co-fundador da Psicologia Positiva, Mihaly Csikszentmihalyi. • Durante seu doutorado sobre criatividade, na década de 1960, ele descobriu o estado de flow ao entrevistar e observar artistas plásticos e escultores em processo de criação. • Observou a capacidade desses profissionais de trabalharem, por períodos prolongados, na realização de suas obras, desconsiderando aspectos fisiológicos como fome, fadiga e desconforto. • Buscavam apenas concluir suas tarefas, mesmo que, ao seu final, essa atividade promovesse pouca recompensa extrínseca. (Kamei, 2017) • Chamou a atenção o fato de não haver uma explicação lógica para o envolvimento prazeroso dos artistas em seus trabalhos e o fato de continuarem buscando desafios mais complexos. • Nas décadas seguintes, Csikszentmihalyi persistiu na investigação desse tipo de comportamento, observando jogadores de xadrez, alpinistas, dançarinos, atletas e até mesmo cirurgiões, que enfatizavam prazer na realização de uma atividade. • Depois expandiu suas pesquisas para outras áreas, como dança, música, literatura, esportes e educação, concluindo que a sensação era similar, independendo do fato de serem contextos de lazer ou trabalho. • Em 1990 o autor publicou o livro intitulado Flow: the psychology of optimal experience. Essa obra virou um best- seller, tornando-o conhecido mundialmente. (Garcia & Fiorese, 2020) Popularidade • Tal conceito ganhou destaque ao englobar aspectos importantes do funcionamento positivo, tais como relacionamentos positivos e sentimentos de competência que trazem significado e propósito à vida. • Consiste na combinação da experiência de sentir-se bem, podendo ser visto como sinônimo de um elevado nível de bem-estar e sinal de saúde mental. • Compreende um estado em que o corpo e a mente fluem em perfeita harmonia. Altos índices de motivação intrínseca Confiança em suas habilidades Envolvimento cognitivo e afetivo com a atividade Sentimentos relacionados ao afeto positivo (felicidade, satisfação e alegria) Durante a vivência do estado de flow: • A forma como as pessoas interpretam os eventos dependem de fatores sociais e culturais mas, mais do que isso, o significado que dão para as próprias experiências individuais. • Dentro dessa concepção, o autor considera o flow como um estado mental que ocorre quando a pessoa está totalmente imersa em uma atividade, caracterizada por um envolvimento total, motivação intrínseca, otimismo e gratidão enquanto desempenha uma tarefa. (Maeran & Cangiano, 2013) Felicidade Não é resultado de fatores externos ou sorte Resultado das nossas motivações, das interpretações dos eventos e das experiências de vida • Apesar da semelhança na vivência desse ciclo entre as pessoas, há bastante margem para que as iniciativas e escolhas pessoais façam uma diferença real na forma como decidimos usar o nosso tempo • O autor afirma que a tudo que fazemos na visa a felicidade. No fundo,benéficas. • Começar um novo esporte pode fazer com que a pessoa passe a dedicar muito tempo a essa nova atividade, deixando, em segundo plano, o tempo dedicado ao trabalho, o tempo gasto com a família e nas atividades em casa. • Uma situação semelhante pode ocorrer no local de trabalho se um diretor se interessar por uma nova área de negócios que o afaste de se dedicar a resolver os problemas atuais enfrentados por sua equipe. • Jogos de azar e algum comportamento antissocial também podem fornecer experiência de fluxo. • Como um bom coach, podemos discutir os prós e os contras de buscar a experiência ideal por meio do fluxo. Isso pode ter um efeito positivo de longo prazo, permitindo que o cliente diferencie entre as atividades que conduzem ao crescimento e as que não o são. (Wessa & Boniwell, 2007) Avaliação do Flow Work-related Flow scale (WOLF; Bakker, 2001) • O WOLF inclui treze itens medindo absorção (4 itens), prazer no trabalho (4 itens) e motivação intrínseca para o trabalho (5 itens). • Os exemplos são: '' Quando estou trabalhando, esqueço tudo ao meu redor '' (absorção), • '' Quando estou trabalhando muito intensamente, sinto-me feliz '' (prazer no trabalho) • '' Recebo minha motivação do trabalho em si, e não das recompensas por ele '' (motivação intrínseca ao trabalho). • Os participantes são solicitados a indicar quantas vezes eles tiveram cada uma das experiências durante a semana anterior (0 = nunca, 6 = sempre). • Quanto maior a pontuação, maior a probabilidade de se experienciar o flow. Item Quando estou trabalhando, não penso em mais nada Eu me deixo levar pelo meu trabalho Quando estou trabalhando, eu esqueço de tudo ao meu redor Eu estou totalmente envolvido no meu trabalho Meu trabalho faz eu me sentir bem Eu faço meu trabalho com muito prazer Eu me sinto feliz durante o meu trabalho Item Eu me sinto alegre quando estou trabalhando Eu continuaria nesse trabalho mesmo que eu recebesse um salário menor Eu percebo que também quero trabalhar no meu tempo livre Eu trabalho porque eu gosto Quando estou trabalhando em alguma coisa, estou fazendo isso por mim mesmo Eu me sinto motivado pelo trabalho por si só, e não do que recebo por ele Versão brasileira da Work-related Flow scale The Flow state scale -2 (FSS-2) • Instrumento de autorrelato desenvolvido para avaliar o flow experimentado dentro de um determinado evento. Composta por 36 itens que avaliam nove dimensões do flow (4 itens para cada dimensão): equilíbrio desafio-habilidade, fusão ação-consciência, objetivos claros; feedback inequívoco, concentração total na tarefa em mãos, senso de controle, perda de autoconsciência avaliativa, transformação do tempo e experiência autotélica. • Um fator geral (flow) e nove fatores específicos. • As respostas são dadas dentro de uma escala likert de 5 pontos, indo de discordo totalmente a concordo totalmente. Item Fator Não estou preocupada com o que os outros possam estar pensando de mim Perda de autoconsciência Está muito claro para mim como está meu desempenho Feedback claro e direto Eu faço os movimentos corretos sem pensar em tentar fazer isso Fusão entre ação e consciência Minha atenção está inteiramente voltada para o que estou fazendo Concentração na tarefa presente A forma como o tempo passa parece diferente do normal Distorção na percepção de tempo Eu sou desafiado mas acredito que minhas habilidades me permitirão enfrentar o desafiar Equilíbrio entre habilidade e desafio Gosto muito da experiência Experiência autotélica Tenho um senso de controle sobre o que estou fazendo Percepção de controle Sei claramente o que quero fazer Objetivos claros Dispositional Flow Scale – 2 (DFS-2) (Jackson & Eklund, 2004) • Instrumento de autorrelato para avaliar a frequência de experiências de flow na atividade física escolhida. • Composta por 36 itens que avaliam as nove dimensões do flow citadas anteriormente no FSS-2 (4 itens para cada dimensão) • Um fator geral (flow) e nove fatores específicos. • Os participantes são solicitados a pensarem sobre a frequência com que experimentam as características descritas em cada item durante a prática de um exercício específico. • As pontuações para cada dimensão resultam da pontuação média dos respectivos itens. Uma pontuação total da escala também pode ser obtida pela média das pontuações em todas as dimensões. • Valores altos correspondem a uma maior probabilidade de fluxo de experiência durante aquela atividade ou exercício. Item Fator Não estou preocupada com o que os outros possam estar pensando de mim Perda de autoconsciência Está muito claro para mim como está meu desempenho Feedback claro e direto Eu faço os movimentos corretos sem pensar em tentar fazer isso Fusão entre ação e consciência Minha atenção está inteiramente voltada para o que estou fazendo Concentração na tarefa presente A forma como o tempo passa parece diferente do normal Distorção na percepção de tempo Eu sou desafiado mas acredito que minhas habilidades me permitirão enfrentar o desafiar Equilíbrio entre habilidade e desafio Gosto muito da experiência Experiência autotélica Tenho um senso de controle sobre o que estou fazendo Percepção de controle Sei claramente o que quero fazer Objetivos claros Short Flow Scale (Jackson et al., 2008) • Versão reduzida da The Flow State Scale, composta por 9 itens que avalia somente o flow global que os indivíduos experimentam em diferentes atividades. • Um item para cada dimensão avaliada. Escala de estado de fluidez (Garcia Calvo et al., 2008) • Composta por 9 itens • Cinco opções de resposta: totalmente de acordo; de acordo; nem de acordo e nem desacordo, em desacordo; totalmente em desacordo. • Em todos os itens, a soma da pontuação direta (1 a 5) dá origem a um valor total da experiência ideal relatada pelo próprio sujeito. Item Fator Enquanto faço a atividade, meus problemas e preocupações são apagados Perda de autoconsciência Tenho uma boa ideia, quando estou fazendo a atividade, de como estou indo Feedback claro e direto Faço as coisas de forma espontânea e automática, sem ter que pensar sobre elas União entre ação e consciência Tenho concentração total Concentração na tarefa presente O modo como o tempo passa parece ser diferente do normal Distorção na percepção de tempo Sinto que sou competente o suficiente para atender às demandas da situação Equilíbrio entre habilidade e desafio A experiência é extremamente gratificante Experiência autotélica Tenho uma sensação de controle total Percepção de controle Tenho uma noção ampla do que quero fazer Objetivos claros Escala de Disposición a Fluir en el Trabajo (EDFT-2) (Millán, D’Aubeterre, & Garassini, 2012) • 20 itens agrupados em 5 fatores: sensação de funcionamento ótimo, implicação sobre a atividade laboral, união entre ação e consciência, sentido de controle e sentido alterado de tempo • Cada item pode ser respondido em uma escala likert de 5 pontos • A correção dá origem a uma pontuação total e pontuações em cada um dos fatores Fator 1 – Sensação de funcionamento ótimo Item Sinto que sou suficientemente capaz para estar a altura das dificuldades em uma situação de trabalho Em meu trabalho, estou consciente do bem que estou fazendo Meu trabalho é um desafio para mim, mas acredito que tenho toda a capacidade para superá-lo. Meus objetivos com respeito ao meu trabalho, estão claramente definidos Sinto que tenho controle total do que faço quando estou trabalhando Sinto que tenho controle sobre o meu trabalho Fator 2 – Implicação sobre a atividade laboral Item Estar em meu trabalho me faz me sentir bem Para mim o trabalho é uma experiência muito valiosa e reconfortante Realmente desfruto fazendo meu trabalho Minha atuação é para mim um feedback de que tão bem faço meu trabalho Gosto muito do que experimento quando estou trabalhando e gostaria de sentir isso de novo Estou seguro do que quero fazer em meu trabalho Fator 3 – União entreação e consciência Item Faço meu trabalho de forma espontânea e automática Faço de forma automática (sem pensar muito), as atividades corretas para resolver os desafios do meu trabalho Fator 4 – Sentido de controle Item Não me custa colocar toda minha atenção no que estou fazendo em meu trabalho Sinto um controle total do meu corpo e mente enquanto trabalho Não é um esforço me manter concentrado em meu trabalho Fator 6 – Sentido alterado de tempo Item Perco a noção de tempo durante meu trabalho Quando trabalho, sinto como se o tempo passasse muito rápido Quando estou trabalhando, o tempo parece ir mais lento ou mais rápido Escala de Disposición a Fluir nos Estudos Universitários (Simon et al., 2016) • Adaptação da Escala de Disposición a Fluir en el Trabajo (EDFT-2) • 20 itens, distribuídos em 6 fatores: sensação de funcionamento ótimo, união entre ação e consciência, sentido de controle, sentido alterado de tempo, sensação de autoeficácia, implicação sobre a vida universitária. Fator 1 – Sensação de funcionamento ótimo Item Em minha carreira, estou consciente do bem que estou fazendo Meus objetivos com respeito a minha carreira estão claramente definidos Sinto que tenho controle sobre minha carreira Realmente desfruto estudando minha carreira Estou seguro do que quero fazer na minha carreira Fator 2 – União entre ação e consciência Item Faço minhas atividades na aula de forma espontânea e automaticamente Faço de forma automática (sem pensar muito), as atividades corretas para resolver os desafios da minha carreira Os resultados que obtenho são uma demonstração de que também faço meu trabalho na carreira que escolhi Não me custa colocar toda minha atenção no que estou fazendo na aula Fator 3 – Sentido de controle Item Sinto um controle total do meu corpo e mente enquanto estudo Sinto que tenho controle total do que faço quando estou estudando Manter-me concentrado em meus estudos não representa nenhum esforço para mim Fator 4 – Implicações sobre a vida universitária Item Estar em minha faculdade me faz sentir-me bem Para mim o estudo é uma experiência muito valiosa e reconfortante Eu gosto muito do que experimento quando estou estudando e gostaria de voltar a sentir de novo Fator 5 – Sentido alterado de tempo Item Perco a noção de tempo durante o estudo Quando estudo, sinto como se o tempo passasse muito rápido Quando estou estudando, o tempo parece passar mais lento ou mais rápido Fator 6 – Sensação de autoeficácia Item Sinto que sou suficientemente capaz para estar a altura das dificuldades em uma situação de estudo Minha carreira é um desfio para mim, mas sei que tenho toda a capacidade para superá-lo Algumas considerações finais.... Indicações de leitura:Flow Referências Csikszentmihalyi, M. (2020). Flow: a psicologia do alto desempenho e da felicidade. Rio de Janeiro: Objetiva. Farina, L. S. A., Freitas, C. P. P., & Hutz, C. S. (2020). Estados de flow: definição e interfaces com o contexto do trabalho. In M. N. Baptista el al. (Orgs.), Compêndio de avaliação psicológica (pp. 333-348). Petrópolis: Vozes. Farina, L. S. A., Rodrigues, G. R., & Hutz, C. S. (2018). Flow and engagement at work: a literature review. Psico-USF, 23(4), 633-642. Garcia, W. F., & Fiorese, L. (2020). Flow no esporte. Em T. C. Nakano & E. M. Peixoto (Orgs.), Psicologia Positiva aplicada ao esporte e ao exercício físico (pp. 27-44). São Paulo: Vetor. García Calvo, T., Jiménez Castuera, R., Santos-Rosa Ruano, F. J., Reina Vaíllo, R., & Cervelló Gimeno, E. (2008). Psychometric Properties of the Spanish Version of the Flow State Scale. The Spanish Journal of Psychology 11(2), 660-669. Jackson, S., Martin, A., & Eklund, R. (2008). Long and Short Measures of Flow: The Construct Validity of the FSS-2, DFS-2, and New Brief Counterparts. Journal of Sport and Exercise Psychology, 30, 561-587. Jackson, S. A. and Eklund, R. C. (2002). Assessing flow in physical activity: The flow state scale–2 and dispositional flow scale–2. Journal of Sport & Exercise Psychology, 24, 133- 150. Jackson, S. A. and Eklund, R. C. (2004). The flow scale manual. Morgantown, WV: Fitness Information Technology. Kamei, H. (2017). Flow no trabalho: estado de fluxo, concentração, engajamento e alto desempenho. Em S. T. M. Boehs e N. Silva (Orgs.), Psicologia Positiva nas organizações e no trabalho (pp. 110-121). São Paulo: Vetor. Maeran, R., & Cangiano, F. (2013). Flow experience and job characteristisc: analysing the role of flow in job satisfaction. TPM, 20(1), 13-26. Mendonça, H., & Ferreira, M. C. (2018). Florescimento no trabalho: novo conceito, velho fenômeno. Em A. C. S. Vasquez e C. S. Hutz (Orgs.), Aplicações da psicologia positiva – trabalho e organizações (pp.187-200). São Paulo: Hogrefe. Millan, A. C., & D’Aubeterre, M.E. (2013). Confirmación de la estructura factorial de la escala de disposición a fluir en el trabajo. Enm A. Salcedo (Ed.), Estadística en la Investigación: competencia transversal en la formación universitária (pp. 117-144). Caracas, Venezuela: Programa de Cooperación Interfacultades, Vicerrectorado Académico de la Universidad Central de Venezuela. Ribeiro, A. D. S., Boehs, S. T. M., Farsen, T. C., & Biavati, V. P. (2017). Felicidade, bem- estar e qualidade de vida no trabalho. Em S. T. M. Boehs e N. Silva (Orgs.), Psicologia Positiva nas organizações e no trabalho (pp. 150-166). São Paulo: Vetor. Salanova, M., Bakker, A. B., & Llorens, S. (2006). Flow at work: evidence for an upward spiral of personal and organizational resources. Journal of Happiness Studies, 7, 1-22. Wesson, K., & Boniwell, I. (2007). Flow theory - its application to coaching psychology. International Coaching Psychology Review, 2(1), 33-43. Template de capa PPT - 16-9 Slide 1: FLOW: CRIATIVIDADE E ALTA PERFORMANCE Slide 2 Slide 3 Aula Flow 2024 Slide 1: Flow: alta performance e resultado Slide 2: Flow Slide 3: Definições Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8: A teoria Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14: Benefícios do Flow Slide 15: Aplicações Slide 16 Slide 17: Flow no dia a dia Slide 18: Resultados Slide 19: Na vida cotidiana Slide 20 Slide 21: Os elementos do flow Slide 22: Elemento 1: Equilíbrio entre habilidades e desafio Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31: Um exemplo: os jogos Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35: Elemento 2 : Fusão entre ação e atenção Slide 36 Slide 37: Elemento 3: Metas claras Slide 38: Um exemplo Slide 39: Elemento 4: Feedback imediato Slide 40 Slide 41: Elemento 5: Concentração intensa na tarefa Slide 42: Elemento 6: Controle absoluto das ações Slide 43: Elemento 7: Perda da autoconsciência Slide 44 Slide 45: Elemento 8: Distorção da experiência temporal Slide 46: Elemento 9: Experiência autotélica Slide 47 Slide 48: Atividades que favorecem a vivência do flow Slide 49: Diagrama Slide 50: Diagrama Slide 51: Diagrama Slide 52: Diagrama Slide 53: Diagrama Slide 54: Diagrama Slide 55 Slide 56: Fatores que dificultam o flow Slide 57 Slide 58: E em condições adversas? Slide 59: Alguns exemplos de flow em situações adversas Slide 60 Slide 61: Outro exemplo Slide 62: Sem-teto e moradores de rua Slide 63: Algumas conclusões Slide 64: E como isso se aplica às pessoas? Slide 65 Slide 66: Recursos pessoais importantes Slide 67 Slide 68: Por que alguns ficam debilitados com o estresse enquanto outros crescem com a experiência? Slide 69: 1. Autoconfiança não autoconsciente Slide 70: 2. Focando a atenção no mundo Slide 71: 3. A descoberta de novas soluções Slide 72: E como o flow pode ser aplicado no contexto do trabalho? Slide 73 Slide 74: Por quê? Slide 75 Slide 76 Slide 77: Flow no contexto organizacional Slide 78 Slide 79 Slide 80 Slide 81: Facilitadores do flow no trabalho Slide 82 Slide 83: Duas estratégias importantes Slide 84 Slide 85: Flow no trabalho Slide 86: O ambientelaboral se mostra favorável ao flow quando.... Slide 87 Slide 88: Um exemplo Slide 89: Outro exemplo Slide 90: Na prática Slide 91: Cinco Fatores importantes para o flow no ambiente de trabalho Slide 92: 1) Ter um propósito claro Slide 93: 2) Feedback rápido e adequado Slide 94: 3) Desafios e habilidades altas e equivalentes Slide 95 Slide 96 Slide 97: 4) Autonomia Slide 98: 5) Foco, atenção e concentração Slide 99 Slide 100: Dimensões do flow no trabalho Slide 101 Slide 102 Slide 103: Fatores inibidores do flow no trabalho Slide 104: Estresse Slide 105 Slide 106: Trabalho x vida pessoal Slide 107: Como trabalhar o flow no processo de coaching? Slide 108: Metodologia favorecedora do flow Slide 109: 1. Ter metas claras Slide 110: 2. Balanço entre desafio e habilidade Slide 111: 3. Importância de um bom desempenho Slide 112: 4. Mantendo meta congruentes Slide 113: 5. Feedback claro e imediato Slide 114: 6. Ampliação da autonomia Slide 115: 7. Ampliação da capacidade de absorção na atividade Slide 116: Outras sugestões Slide 117: Ferramentas que podem facilitar o alcance do flow Slide 118 Slide 119: Flow e lazer Slide 120 Slide 121: Lazer ativo x lazer passivo Slide 122 Slide 123 Slide 124: Um exemplo Slide 125 Slide 126: O mito do “gênio solitário” Slide 127: Potenciais malefícios do flow Slide 128: Avaliação do Flow Slide 129: Work-related Flow scale (WOLF; Bakker, 2001) Slide 130 Slide 131 Slide 132: Versão brasileira da Work-related Flow scale Slide 133: The Flow state scale -2 (FSS-2) Slide 134 Slide 135: Dispositional Flow Scale – 2 (DFS-2) (Jackson & Eklund, 2004) Slide 136 Slide 137: Short Flow Scale (Jackson et al., 2008) Slide 138: Escala de estado de fluidez (Garcia Calvo et al., 2008) Slide 139 Slide 140: Escala de Disposición a Fluir en el Trabajo (EDFT-2) (Millán, D’Aubeterre, & Garassini, 2012) Slide 141: Fator 1 – Sensação de funcionamento ótimo Slide 142: Fator 2 – Implicação sobre a atividade laboral Slide 143: Fator 3 – União entre ação e consciência Slide 144: Fator 4 – Sentido de controle Slide 145: Fator 6 – Sentido alterado de tempo Slide 146: Escala de Disposición a Fluir nos Estudos Universitários (Simon et al., 2016) Slide 147: Fator 1 – Sensação de funcionamento ótimo Slide 148: Fator 2 – União entre ação e consciência Slide 149: Fator 3 – Sentido de controle Slide 150: Fator 4 – Implicações sobre a vida universitária Slide 151: Fator 5 – Sentido alterado de tempo Slide 152: Fator 6 – Sensação de autoeficácia Slide 153: Algumas considerações finais.... Slide 154: Indicações de leitura:Flow Slide 155 Slide 156: Referências Slide 157 Slide 158 Slide 159 Template de capa PPT - 16-9 Slide 4as pessoas não querem riqueza, saúde ou fama por si mesmas; querem essas coisas porque esperamos que elas nos façam felizes • Nesse sentido, a qualidade de vida depende daquilo que fazemos para ser feliz • Essa proporção varia de acordo com a idade, sexo e atividade: crianças têm maior sensação de escolha que os pais, homens mais do que mulheres e as atividades no ambiente doméstico é visto como mais voluntário do que no ambiente de trabalho 1/3 fazem o que querem 1/3 fazem o que tem que fazer Dia normal 1/3 porque não tem mais nada para fazer Benefícios do Flow impacto positivo dessa experiência para o indivíduo que a vivencia, para as pessoas ao seu redor e para o ambiente em que está inserido. vivência individual e transitória, que se caracteriza por altos níveis de bem-estar permite que o indivíduo busque o desenvolvimento, de forma plena, de aspectos psicológicos, biológicos e sociais amplia a sensação de bem-estar e reduz os índices de estresse (Farina, Freitas, & Hutz, 2020) Para que tais benefícios sejam alcançados, a promoção de um contexto e clima que permita sua manifestação é essencial, visto que, quando uma pessoa gosta do que faz e está motivada para fazê-lo, fica mais fácil focar a mente na tarefa, mesmo na presença de dificuldades Aplicações Psicologia Para promover saúde mental e bem-estar Educação Para facilitar a aprendizagem Esportes Para promover alta performance Organizações Para promover engajamento, alto desempenho e produtividade (Kamei, 2017) Os estudos sobre flow possuem raízes na Psicologia Positiva e buscam compreender as experiências favoráveis vivenciadas em diferentes áreas. • O flow tem sido aplicado a uma variedade de questões práticas nas quais o objetivo seja melhorar a qualidade de vida: (Csikszentmihalyi, 2020) • Inspirou a criação de currículos escolares experimentais • Treinamento de executivos • Planejamento de serviços de lazer • Práticas na psicoterapia clínica • Reabilitação de delinquentes juvenis • Organização de atividades para idosos • Terapia ocupacional para pessoas com deficiência Flow no dia a dia • Com que frequência entramos em flow no cotidiano? • As pesquisas apontam que cerca de 20% das pessoas relatam entrar em flow com bastante frequência, enquanto cerca de 15% dizem nunca entrar. • Para medir e identificar as atividades que conduzem ao flow no dia a dia, Csikszentmihalyi e sua equipe desenvolveram, em 1975, na Universidade de Chicago, uma experiência. • Diversos voluntários utilizavam um pager eletrônico, o qual, após emitir um sinal, indicava que o indivíduo deveria preencher um formulário em um livro de bolso que carregavam consigo. • Os sinais eram emitidos cerca de 8 vezes por dia, durante uma semana. • Ao tocar o bipe, o participante tinha que escrever onde estava, o que estava fazendo, sua motivação, em que estava pensando, com quem estava e atribuíam pontos ao seu nível de concentração, motivação e felicidade. (Kamei, 2017) Resultados • Os resultados mostraram que as pessoas reportavam maior felicidade quando estavam comendo, conversando e praticando atividades de lazer (esportes e hobbies). • Por outro lado, reportavam menor felicidade quando estavam trabalhando, estudando, assistindo TV e fazendo atividades domésticas. • Lazer ativo era a atividade que mais trazia felicidade, concentração, motivação e flow. • A mais negativa era a realização de atividades domésticas. (Kamei, 2017) Na vida cotidiana • No trabalho, a atenção pode estar focada porque o chefe me atribuiu uma tarefa que requer pensamento intenso. Mas essa tarefa em particular não é algo que eu gostaria de fazer, então não me sinto motivado intrinsicamente. • Ao mesmo tempo que a realizo, sou distraído por sentimentos de preocupação com os comportamentos atuais do meu filho. Assim, ainda que parte da minha mente esteja concentrada na tarefa, não estou totalmente envolvido nela. Pensamentos, emoções e intençoes entram em foco e desaprarecem, atraindo minha atenção para focos diferentes. • Outro exemplo: fui tomar um drink com amigos depois do trabalho, mas me sinto culpado por não ficar em casa com a minha família e com raiva de mim por desperdiças tempo e dinheiro • Não é possível entrar em flow nessas situações !!!! “imersão” “estar em êxtase” “arrebatame nto estético” ritual religioso tocamos uma música tecemos um tapete escrevemos um código de programação escalamos uma montanha realizamos uma cirurgia Para que o flow ocorra, é necessário haver harmonia entre o que sentimos, o que desejamos e o que pensamos. Nesse momentos, costumamos vivenciar momentos excepcionais, que o autor chamou de experiência de flow. Na realidade, o flow é alcançado quando nossas habilidades estão totalmente envolvidas na superação de um desafio manejável. Os elementos do flow • No ápice de uma experiência positiva, as pessoas mencionam um e, muitas vezes, vários dos nove componentes: • A experiência de flow atinge sua maior intensidade e profundidade quando o indivíduo vivencia altos índices nessas dimensões Fl o w Metas claras Feedback imediato Habilidades e desafios equivalentes Sensação de controle Concentração profunda Foco no presente Distorção da experiência temporal Perda de autoconsciência Experiência autotélica Elemento 1: Equilíbrio entre habilidades e desafio • Refere-se à percepção, do indivíduo, de que ele possui habilidades suficientes para realizar a tarefa na qual está envolvido. • Para entrar em flow, as habilidades da pessoa devem ser exigidas para a superação de um desafio que está no limiar da sua capacidade. Ou seja, uma pré-condição para o flow é o equilíbrio entre os desafios percebidos e as habilidades percebidas. Quando ambos estão equilibrados, a atenção é plena. • Essa dimensão é compreendida como a primeira etapa do estado de flow visto que, se o sujeito não avalia a situação como desafiadora, poderá não investir a energia necessária para se envolver na atividade. • Quanto mais desafios e mais habilidades, maior é a probabilidade de experimentar o flow. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) • Assim, o flow tende a ocorrer quando as nossas habilidades estão totalmente envolvidas na superação de um desafio, de modo que existe um equilíbrio entre a capacidade de agir e as oportunidades disponíveis para ação • Se os desafios são muito grandes, ficamos frustrados, depois preocupados e, por fim, ansiosos. • Se os desafios são muito pequenos em relação às nossas habilidades, ficamos relaxados e, depois, entediados. • Se os desafios e as habilidades são vistos como pequenos, nos sentimos apáticos • Mas quando grandes desafios são combinados a uma grande habilidade, é provável que ocorra o profundo envolvimento que caracteriza o flow. • Nesse estado, as metas são claras, o feedback é relevante, os desafios e habilidades estão em equilíbrio e a atenção é aplicada integralmente na tarefa. • Nesse sentido, a vivência do flow atua como um imã para o aprendizado, ou seja, para o desenvolvimento de novos graus de desafios e habilidades. Você já se envolveu em algo, de forma tão profunda, que nada mais parecia importar e você perdeu a noção de tempo? • Cerca de 1 a cada 5 norte americanos responderam “sim”, que isso acontece com frequência, até várias vezes ao dia. Outros 15% disseram que não, que isso nunca acontece com eles. • Se não houver desafio, a pessoa entrará em estado de tédio; se as habilidades forem insuficientes, a pessoa entrará em estado de ansiedade. • Idealmente: ajuste do equilíbrio ideal, evitando-se ou adequando-se as situações em que os desafios ou habilidades não estejam igualmente equilibrados. • Quando o desafio se mostra aversivo, tedioso ou apático, geralmente as pessoas desenvolvem outras atividades para tornar essa experiência ruim em algo suportável • Uns rabiscam compulsivamente no papel, outros mascam coisas, fumam, mexem no cabelo, cantarolam, durante a realização de umaação padronizada. Essas atividades são chamadas de “microflow” e nos ajudam a superar momentos tediosos. (Csikszentmihalyi, 2020) Devido à demanda total de energia psíquica, podemos dizer que uma pessoa está em flow quando está completamente focada. Nessa situação, a noção de tempo é distorcida: horas parecem passar em minutos. Nesse contexto, Csikszentmihalyi afirma que é o envolvimento total no flow, e não a felicidade, que contribui para uma vida plena. Um exemplo: os jogos • Há uma atividade comum de lazer capaz de gerar enxurradas de flow – jogar videogame. Pensa só: eles proporcionam uma experiência de imersão; estabelecem metas claras; oferecem um feedback imediato de sua performance (você sabe se está indo bem ou mal); e, principalmente, regulam o desafio de acordo com as habilidades do jogador (por meio de níveis). • Os videogames se encaixam tão bem no conceito que passaram a ser usados para desencadear o estado de fluxo em participantes de pesquisas sobre o tema (Tetris é uma das opções mais usadas). Isso também explica por que os games são tão viciantes, principalmente para adolescentes: os jovens podem ainda não ter descoberto outras atividades que geram flow. Obviamente, o ideal é transportar esse estado para tarefas produtivas. https://super.abril.com.br/comportamento/a-neurociencia-do-flow • Um exemplo é o Flappy Bird. O objetivo do jogo é claro e o feedback é imediato e preciso: se fracassar, seu pássaro morrerá em segundos. O que confere essa qualidade quase viciante ao game de tentar e continuar jogando partida após partida é o fato do projeto aparentar ser um jogo fácil de ser superado. • O objetivo do jogo é claro e o feedback é imediato e preciso: se fracassar, seu pássaro morrerá em segundos. O que confere essa qualidade quase viciante ao game de tentar e continuar jogando partida após partida é o fato do projeto aparentar ser um jogo fácil de ser superado • O game gerou mais de 16 milhões de comentários no Twitter, com a maioria dos jogadores reclamando do nível de dificuldade do jogo e como era difícil desistir de mais uma partida. • "[É] o jogo mais chato e ainda assim não consigo parar” • “o jogo está “consumindo lentamente a minha vida” • "13 crianças na minha escola quebraram seus telefones por causa de seu jogo, e eles ainda o jogam porque é viciante” https://materialpublic.imd.ufrn.br/curso/disciplina/5/4/9/3 • As experiências de flow costumam ser relatadas quando as pessoas estão realizando suas atividades preferidas: cuidar do jardim, ouvir música, praticar algum esporte, preparar uma boa refeição. Elas também ocorrem quando se está dirigindo, conversando com amigos e, com uma frequência surpreendente, no trabalho. • É raro que seja relatado durante atividades passivas como assistir TV. Há necessidade de envolvimento ativo para que o flow aconteça. Elemento 2 : Fusão entre ação e atenção • Engloba os comportamentos do indivíduo de focar-se e se concentrar, de forma profunda, na atividade que está sendo realizada. • As atividades se tornam tão espontâneas, quase automáticas, que o indivíduo tem sua atenção inteiramente focada no que está fazendo. • Não há espaço para pensamentos vagos ou divergentes, marcando-se por um total envolvimento. • Nesse caso, o sujeito pode perceber uma fusão entre seu corpo e mente. • Qualquer lapso de concentração, dúvidas ou questionamento pode interromper esse fluxo, retirando-o da experiência de flow. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) “eu meio que perco o contato com o resto do mundo, fico totalmente absorvida no que estou fazendo” “concentrar-se fica como respirar, você nem pensa a respeito. O teto pode cair, mas, contanto que não caia na sua cabeça, você nem ia perceber” (Csikszentmihalyi, 2020) Elemento 3: Metas claras • Compreensão das etapas e objetivos da atividade que está sendo desenvolvida. • O indivíduo sabe qual é a meta da atividade, tarefa, ação ou passo que executa, e não apenas o objetivo final. • Tal dimensão contribui para que o indivíduo possa se envolver com a tarefa, auxilia a ter clareza sobre as ações que ele deve focar sua atenção e diminui as chances dele se distrair com estímulos externos ou aspectos não relevantes. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) Um exemplo • Algumas vezes as metas não são claramente estabelecidas de antemão. Nesses casos, a pessoa precisa ter uma forte determinação do que quer fazer. • O artista pode não ter uma imagem visual clara de como ficará o quadro após terminado, mas, quando a pintura tiver progredido a certo ponto, deve saber se aquilo é o que queria obter ou não. (Csikszentmihalyi, 2020) Elemento 4: Feedback imediato • Envolve a relação do sujeito com as demandas ambientais. • O feedback imediato informa, a sujeito, quão bem ele está progredindo na atividade, determinando se deve fazer algum ajuste ou se deve manter o curso de ação atual. • Deixa-o com poucas dúvidas sobre o que deve fazer a seguir. • O indivíduo sabe, imediatamente, como está seu desempenho, tendo a oportunidade de manter ou corrigir rapidamente. Pode se caracterizar como um feedback negativo ou positivo. • O feedback negativo não é prejudicial, desde que o indivíduo perceba que tem as habilidades para assumir os desafios da atividade. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) • Contribui para que o sujeito continue focado na realização da atividade e possa aprimorar seu desempenho durante seu desenvolvimento. • Esse feedback pode ajudá-lo a ter consciência sobre seu desempenho, observar quais aspectos necessitam ser melhorados, quais ações devem ser realizadas e se há necessidade de fazer algum ajuste em suas metas. • Possibilita a comparação do desempenho atual com o desempenho considerado ideal. Elemento 5: Concentração intensa na tarefa • Abrange o estado de profunda concentração, podendo, tal habilidade, ser desenvolvida para ajudar o indivíduo a vivenciar o flow. • Toda a atenção está concentrada na tarefa em ação, não deixando espaço para informações irrelevantes. • No flow, a concentração é tão intensa que as preocupações e ansiedades são automaticamente descartadas ou mantidas em suspenso durante a realização da atividade. • O indivíduo fica tão envolvido na atividade que não se distrai com estímulos externos do ambiente e nem com seus próprios pensamentos, que muitas vezes fazem a mente divagar e perder o foco. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) Elemento 6: Controle absoluto das ações • Caraterizado pela sensação de segurança ao realizar aquela atividade e a percepção de que possui controle sobre as formas como irá desenvolvê-la. • Apesar de não ser possível controlar toda a situação, o indivíduo tem bastante autonomia e sente-se capaz de controlar suas ações, obtendo o melhor desempenho possível. • Ao compreender que tem domínio sobre a forma como uma tarefa será desenvolvida pode auxiliar o sujeito a avaliar essa experiência como prazerosa, mantendo-o concentrado e persistente. • As atividades que produzem experiência de flow, mesmo as aparentemente mais arriscadas, são construídas de modo a permitir que o indivíduo desenvolva habilidades suficientes para reduzir, a margem de erro, a um valor mais próximo de zero. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) Elemento 7: Perda da autoconsciência • Pode ser compreendida como um estado em que o indivíduo perde, temporariamente, a representação de si mesmo, deixa de comparar seu desempenho com o de outras pessoas e envolve-se mais profundamente na atividade que está realizando. • Quando a atividade é envolvente, não resta atenção suficiente para permitir que a pessoa preste atenção no passado, futuro ou qualquer outro estímulo irrelevante, não havendo espaço para autocrítica. • O indivíduo “esquece” de si mesmo. Não sente fome, frio, cansaço, sono, como se estivesse “unido” com o ambiente. • Exemplo: ao disputar um torneio acirrado, jogadores de xadrez podempassar horas sem sentir fome, nem dor; atletas em competição podem ignorar a dor e a fadiga até que a competição termine. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) • É importante esclarecer que a ausência da autoconsciência de uma pessoa em flow não significa que ela não tenha consciência do que acontece em seu corpo ou sua mente. • Na verdade ela se mostra mais consciente de seus processos internos, vivenciando um sentimento de unidade com a tarefa em questão. A perda da autoconsciência pode levar à autotranscendência, à sensação de que as fronteiras do ser se expandiram. “É uma sensação zen, como meditar ou se concentrar” “Você esquece de si mesmo, se esquece de tudo” (Csikszentmihalyi, 2020) Elemento 8: Distorção da experiência temporal • Uma das descrições mais comuns da experiência do flow é que o tempo não parece passar da mesma maneira como normalmente transcorre. • A percepção de passagem do tempo não equivale ao tempo cronológico. • De modo geral, as pessoas relatam que o tempo passa muito rápido ou que não perceberam o tempo passar. • No flow é relatada essa perda de noção de tempo. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) Elemento 9: Experiência autotélica • A atividade torna-se um fim em si mesma e não necessita de nenhum incentivo externo ou recompensa posterior. • A motivação é intrínseca e não extrínseca. • Mesmo se a atividade foi inicialmente realizada por outros motivos ou que somos forçados a fazer conta nossa vontade, pode tornar-se intrinsicamente gratificante, não precisando de objetivos ou recompensas externas. • Envolve uma atividade que não é realizada com a expectativa de algum benefício futuro, mas porque o “fazer em si” é a recompensa, representada pelo envolvimento, prazer, sentimento de controle. (Farina, Freitas, & Hutz, 2020; Garcia & Fiorese, 2020 ) • O indivíduo executa aquela atividade porque lhe traz satisfação. • Quando a experiência é autotélica, a pessoa presta atenção na atividade em si; quando não é, sua atenção se concentra nas consequências. • É importante destacar que uma experiência autotélica é bem diferente das nossas sensações normais no decorrer da vida. Grande parte do que fazemos no dia a dia não tem valor em si e só fazemos porque somos obrigados ou porque esperamos algum benefício futuro. (Csikszentmihalyi, 2020) Atividades que favorecem a vivência do flow • Usualmente as atividades ou experiências que as pessoas apreciam realizar são favoráveis a experiência do flow: artes, rituais, esportes. • São aquelas que proporcionam: • Sentimento de descoberta • Sensação criativa de ser transportado a uma nova realidade • Níveis mais elevados de desempenho • Estados de consciência ampliados Diagrama O diagrama representa as duas dimensões mais importantes do flow: desafios e habilidades, que estão representadas nos eixos principais. A letra A representa Alex, um menino que está aprendendo a jogar tênis. O diagrama mostra Alex em quatro diferentes pontos no tempo. (Csikszentmihalyi, 2020) Diagrama A1: quando começa a praticar, Alex praticamente não tem habilidade nenhuma e o único desafio que enfrenta é passar a bola por cima da rede. Não é uma tarefa muito difícil mas Alex provavelmente irá apreciar realiza-la pois o grau de dificuldade é proporcional a sua habilidade ainda baixa. . Nesse ponto, provavelmente ele estará em flow. Mas não conseguirá permanecer nele por muito tempo. Diagrama A2: Se continua treinando, suas habilidades melhorarão e ele começará achar sem graça somente jogar a bola sobre a rede. Provavelmente se sentirá entediado e esse é uma experiência negativa. Alex tentará voltar ao estado de flow. Como fazer isso? Nesse ponto, Alex só tem uma escolha: aumentar os desafios. (Csikszentmihalyi, 2020) Diagrama A3: Por outro lado, Alex pode decidir enfrentar um adversário muito melhor do que ele. Provavelmente ele irá perceber que existem desafios muito mais difíceis do que simplesmente rebater a bola por cima de rede. Nesse caso provavelmente sentirá ansiedade relativa ao seu fraco desempenho e, novamente, estará vivenciando uma experiência negativa. O caminho de volta ao flow exige que ele desenvolva suas habilidades. Ele também pode reduzir os desafios enfrentados e, assim, voltar ao flow inicial (A1), mas, na prática, uma vez cientes dos desafios, é difícil ignorá-los. (Csikszentmihalyi, 2020) Diagrama A4: se estabelecer uma meta mais difícil, que se equipare às suas habilidades, por exemplo, derrotar um adversário um pouco mais avançado do que ele, Alex estará de volta ao flow (A4). (Csikszentmihalyi, 2020) Diagrama O diagrama mostra que tanto A1 quanto A4 representam situações em que Alex está em flow, havendo equilíbrio entre o nível de desafio e o nível de habilidade. Embora em ambos os casos ofereçam essa experiência, os dois são bem diferentes. A4 é uma experiência bem mais complexa do que A1 porque envolve mais desafios e exige maiores habilidades. (Csikszentmihalyi, 2020) • O diagrama ilustra porque as atividades de flow levam ao crescimento e à autodescoberta. • Uma pessoa não consegue fazer a mesma coisa no mesmo nível por muito tempo. Isso gera tédio ou frustração. • O desejo de voltar a gostar da atividade nos leva a ampliar as habilidades ou procurar por novas oportunidades de usá-las. • A situação ideal envolve um equilíbrio entre a complexidade da tarefa e as habilidades que o indivíduo possui, visto que o flow requer que o sujeito esteja totalmente envolvido na realização da atividade e perceba que possui domínio sobre as atividades que estão sendo realizadas. (Csikszentmihalyi, 2020) Fatores que dificultam o flow • Excessiva autoconsciência: uma pessoa que vive preocupada com os outros a vêem, que tem medo de passar uma impressão errada ou de fazer algo inapropriado, provavelmente não experimentará o flow porque sua consciência encontra-se alterada. • Ser autocentrado: se a pessoa avalia somente as informações com base em seus desejos, provavelmente ela considera que nada tem valor em si mesmo. Nesse tipo de comportamento, uma pessoa que não sirva aos seus interesses não merece maior atenção. • Ou seja, tudo é julgado em termos de seus próprios interesses, de modo que a consciência estará alterada, dificultando a vivência do flow. (Csikszentmihalyi, 2020) • Além disso, o hábito e a pressão social são tão fortes que as pessoas não tem ideia de quais componentes de suas vidas elas realmente apreciam e quais contribuem para o estresse e depressão. • Manter um diário ou parar para refletir a noite sobre o dia que passou, são formas de fazer um balanço sistemático das várias influências que atuam sobre o nosso estado de humor. • Para que haja uma mudança na qualidade das experiências, pode ser útil testar diferentes ambientes, atividades e companhias. Passeios e férias, mudar perspectvas e encarar uma situação com um novo olhar, ajuda. E em condições adversas? • Como a qualidade de vida por ser melhorada quando as situações não se mostram favoráveis? • Parece fácil pensar em ser feliz quando a pessoa não tem que se preocupar com as contas no final do mês, ou quando tem tempo de sobra para lazer. Do mesmo jeito, parece mais fácil pensar em desafios quando se tem uma profissão interessante e bem remunerada. • Mas e se o trabalho for desumanizado? E o que esperar de pessoas doentes, pobres ou vítimas de adversidade? • Seria muito ingênuo afirmar que, independentemente da situação, a pessoa que tem controle sobre sua consciência será feliz. Existe um limite para a quantidade de dor, privação ou fome que o corpo pode aguentar. • Do mesmo modo, saúde, dinheiro e outros bens materiais podem ou não melhorar a vida das pessoas. (Csikszentmihalyi, 2020) Alguns exemplos de flow em situações adversas • Pessoas que ficaram incapacitadas por conta de uma doença ou acidente se adaptaram à situação e afirmaram que suas vidas melhoraram. • Lucio, um dos entrevistados era um feliz e descontraído frentistasde posto de gasolina quando sofreu um acidente de moto e ficou paralisado da cintura para baixo. Suas paixões eram jogar rúgbi e escutar música, mas ele se lembra da sua vida como monótona e sem objetivo. Relata que, após o acidente, suas experiências de flow aumentaram em número e complexidade. Quando se recuperou da tragédia, matriculou-se na faculdade, formou-se em línguas e hoje trabalha como consultor tributário. Tanto o estudo como o trabalho se mostraram fontes intensas de flow. Hoje, competindo em uma cadeira de rodas, ele é campeão regional de arco e flecha. (Csikszentmihalyi, 2020) • Em uma das suas falas, ele afirmou: “Quando fiquei paraplégico, foi como se tivesse renascido. Tive que aprender, do zero, tudo o que costumava saber, e de maneira diferente. Tive de aprender a me vestir, a usar melhor a cabeça. Tive de me tornar parte do ambiente e aprender a usá-lo sem tentar controlá-lo. Precisei de comprometimento, força de vontade e paciência. Quanto ao futuro, espero continuar a melhorar, romper com as limitações da minha deficiência. Todo mundo deve ter um propósito. Depois de ficar paraplégico, essas melhorias se tornaram meu objetivo de vida”. • Esse tipo de relato mostra que essas pessoas aprenderam a alcançar o flow na prática das habilidades mais simples, como se vestir, andar pela casa ou dirigir. Os que foram além, conseguiram muito mais do que reaprender as tarefas básicas do dia a dia. Temos exemplo de pessoas que se tornaram jogadores reconhecidos de xadrez e atletas paralímpicos. Outro exemplo • Paolo, hoje com 30 anos, perdeu a visão completamente há 6 anos. Nas entrevista ele menciona quatro desdobramentos positivos desse evento: “Primeiro, embora perceba e aceite minhas limitações, continuarei tentando superá-las. Segundo, decidi sempre tentar mudar as situações de que não gosto. Terceiro, tomo muito cuidado para não repetir nenhum dos erros que cometi. E, finalmente, hoje não tenho ilusões, mas tento ser tolerante comigo mesmo para conseguir ser tolerante também com os outros”. (Csikszentmihalyi, 2020) Sem-teto e moradores de rua • É surpreendente descobrir quantas pessoas nessas condições foram capazes de transformar essas condições em uma existência com as características de uma gratificante experiência de flow. • Richard é um morador de rua de 33 anos. Durante sua entrevista, afirmou: “Cada um tem seu destino e devemos ser como o leão do provérbio. Quando corre atrás de um banco de gazelas, ele só consegue pegar uma de cada vez. Tento ser assim, e não como as pessoas que enlouquecem de tanto trabalhar, mesmo não podendo comer mais do que seu pão diário. Se viver mais vinte anos, tentarei apreciar cada momento, em vez de me matar para conseguir mais coisas. Se viver como um homem livre que não depende de ninguém, posso me dar ao luxo de levar as coisas com calma; se não ganhar nenhum dinheiro hoje, não tem importância”. Algumas conclusões • A mesma capacidade de transformar uma situação trágica em algo tolerável é demonstrada por vítimas que sobreviveram ao confinamento solitário ou prisioneiros de campos de concentração. • Nessas condições, o ambiente leva as pessoas ao desespero. Aqueles que sobrevivem são capazes de ignorar, seletivamente, as condições externas e redirecionar a atenção para uma vida interior. • O que parece um evento devastador para algumas pessoas, pode vir a enriquecer a vida de outras, de maneiras novas e inesperadas. • Como a mesma situação pode destruir uma pessoa e transformar outra? A resposta está nas estratégias de enfrentamento. • Perante uma situação de estresse, duas maneiras de lidar podem ser desenvolvidas: a resposta positiva (chamada de defesa madura ou enfrentamento transformacional) ou a resposta negativa (chamada de defesa neurótica ou enfrentamento regressivo). E como isso se aplica às pessoas? • Vamos pegar o exemplo de Jim, um analista financeiro que, aos 40 anos, acaba de ser despedido de um emprego confortável. Perder o emprego é considerado um evento de gravidade média em relação aos estresses da vida. • Seu impacto varia conforme a idade e as habilidades da pessoa, quanto dinheiro ela economizou e as condições do mercado de trabalho. • Diante desse evento, Jim pode assumir uma das duas reações contrárias: 1. pode se retrair, dormir até atarde, negar o que aconteceu, evitar pensar a respeito e se deprimir. Pode descarregar sua frustração em sua família ou amigos, ou mascarar o problema bebendo mais. Esses são exemplos de enfrentamento regressivo. 2. Ou ele pode manter a calma, tentando controlar os sentimentos de medo e raiva, analisando o problema de maneira lógica e estabelecendo prioridades. Pode buscar formas de resolver esse problema: decidindo se mudar para um lugar onde haja mais ofertas de empregos com suas habilidades ou se dedicando a obter mais habilidades para fazer um trabalho diferente. Se tomar esse rumo, estará utilizando defesas maduras e enfrentamento transformacional. Recursos pessoais importantes • Essa capacidade de criar algo bom a partir de uma adversidade é chamada de resiliência sendo, tal habilidade, um recurso pessoal muito importante. • Ela amplia o senso de competência, de controle e de impacto sobre o ambiente. • Outro recurso essencial é a autoeficácia, que envolve a percepção da capacidade de fazer determinadas tarefas. Quando positiva, ela tem um impacto positivo no bem- estar do funcionário e seu engajamento no trabalho, amortecendo o impacto negativo das demandas (burnout) e contribuindo para a motivação. • As crenças de autoeficácia influenciam diretamente: nos desafios que as pessoas buscam, o esforço que despendem na sua realização, e na perseverança perante os obstáculos. (Salanova, Bakker, & Llorens, 2006) • Isso porque, as chances de acontecer somente coisas boas na vida das pessoas é quase zero. Mais cedo ou mais tarde, todos terão que enfrentar eventos negativos como decepções, doenças, problemas financeiros, e até a morte. • Cada evento desse é considerado um feedback negativo, que produz confusão na mente. Se o trauma for muito intenso, a pessoa pode perder a capacidade de se concentrar nos objetivos necessários. • Nesse sentido, é essencial que o ambiente de trabalho favoreça tais recursos pessoais. (Salanova, Bakker, & Llorens, 2006) Por que alguns ficam debilitados com o estresse enquanto outros crescem com a experiência? • Aqueles que conseguem transformar uma situação negativa em uma atividade que possa ser controlada, conseguem apreciar a experiência, aprender com ela e se tornarem mais fortes. • Para isso, 3 passos principais geralmente precisam ser envolvidos nessas transformações: Autoconfiança não autoconsciente Descoberta de novas soluções Focando a atenção no mundo 1. Autoconfiança não autoconsciente • essas pessoas não duvidam que de dispõem de recursos suficientes para superar a situação. Se sentem parte do que acontece a sua volta e tentam fazer o melhor dentro dessa situação. • Suponha que você está atrasado para o trabalho em uma certa manhã gelada e o carro não pega. Nessas circunstâncias muito ficam tão obcecados com seu objetivo (chegar ao trabalho), que não conseguem formular nenhum outro plano. Xingam o carro, tentam dar a partida cada vez mais freneticamente, socam o painel, geralmente sem resultado. O ego impede essas pessoas de lidarem com a frustração e manter seu objetivo em mente. Uma abordagem mais sensata seria compreender que nada vai mudar somente porque você está com pressa. O carro está com problema, então, se você não faz ideia do que está errado, é melhor chamar um táxi ou pensar em um objetivo alternativo: cancelar seus compromissos, por exemplo. 2. Focando a atenção no mundo • É difícil perceber o ambiente quando a atenção da pessoa está focada somente em si. • Se a pessoa conseguir, diante de um problema, focar sua atenção no ambiente, aumentam as chances delas encontrar uma maneira de se adaptar a uma situação problema. • Voltando ao exemplo do carro: se sua atençãoestá completamente voltada ao objetivo de chegar ao trabalho a tempo, sua mente pode estar tomada por imagens do que acontecerá com o atraso, além da hostilidade contra o veículo que se recusa a cooperar. Então é menos provável perceber que o motor afogou ou a bateria está descarregada. 3. A descoberta de novas soluções • Envolve focar a atenção na situação inteira, incluindo você, para descobrir se metas alternativas (planos B) não são mais apropriadas, abrindo possibilidade de encontrar diferentes soluções. • O problema é que a maioria das pessoas fica com uma ideia tão fixa na cabeça, baseada na rotina, que ignora outras opções. • Essa abertura a novas ideia e soluções é uma das características da criatividade e pode ser utilizada na resolução de problemas. E como o flow pode ser aplicado no contexto do trabalho? • Csikszentmihalyi se mostrou surpreso ao descobrir que é mais fácil adultos encontrarem o flow no trabalho do que em seu tempo livre. • Os momentos em que uma pessoa se encontra diante de situações desafiadoras, que exigem grande habilidade e são acompanhadas por sentimentos de concentração, criatividade e satisfação, foram relatadas, com mais frequência, no trabalho do que em casa. • O motivo é que o trabalho se parece com um jogo: ele costuma ter metas claras e regras, oferece feedback (de modo a sabermos se foi bem feito, por exemplo a partir da avaliação do supervisor ou em termos de vendas mensuráveis), estimula a concentração (evita distrações) e permite um certo grau de controle. • Por esse motivo, a experiência no trabalho é mais positiva do que poderíamos imaginar. Mas, ao mesmo tempo, se tivéssemos a oportunidade, gostaríamos de trabalhar menos. Por quê? • Condições objetivas do trabalho: em alguns casos, parece não haver preocupação com o bem-estar do trabalhador, sendo necessário muitos recursos internos para alcançar o flow • Exemplo: quanto se está trabalhando em uma mina a quilômetros de profundidade ou cortando cana em uma fazenda sob um sol escaldante • Mesmo hoje em dia, apesar do fortalecimento do setor de “recursos humanos”, ainda há pouco interesse em saber como os funcionários vivenciam o trabalho • Como resultado, as pessoas acreditam que não podem encontrar recompensa no trabalho, precisando esperar até o final da jornada para começar a se divertir • Condições desumanas: durante muito tempo, as pessoas trabalhavam jornadas intensas, sendo que o tempo livre era tão raro que se tornou um dos bens mais preciosos • Os trabalhadores presumiam que, se tivessem mais tempo livre, seriam mais felizes; no entanto, o tempo livre por si só não basta para garantir felicidade, ele precisa ser usado de forma adequada • É claro que há algumas diferenças: em profissões altamente individualizadas (artistas, empresários, cientistas): a pessoa é livre para estabelecer suas metas e definir as dificuldades da tarefa, parece ser mais fácil encontrar felicidade no trabalho • Mas também é fácil encontrar pessoas bem-sucedidas que odeiam suas atividades profissionais, e, por outro lado, encontrar profissionais em áreas menos “valorizadas”que amam o que fazem • Não são as condições externas ao trabalho que determinam o quanto o trabalho contribui para que uma pessoa se sinta feliz, mas sim a forma como se trabalha e as experiências que ela obtém ao enfrentar os desafios que o trabalho apresenta • É importante ressaltar que não se trata de se tornar workaholic; este corre o risco de enxergar apenas os desafios relacionados ao próprio trabalho e só aprender as habilidades relacionadas a ele; assim é incapaz de experimentar o flow em outras atividades • Esse tipo de pessoa desperdiça grande parte das oportunidades que contribuem para a felicidade e, muitas vezes, chega ao fim da vida infeliz, depois de um vício exaustivo em trabalhar • Experiência de fluxo de curto prazo no trabalho que é caracterizada pela absorção, prazer no trabalho e motivação intrínseca ao trabalho. Absorção refere-se a um estado de concentração total, em que os funcionários estão totalmente imersos em seu trabalho. O tempo voa e eles se esquecem de tudo ao seu redor. • Os funcionários que gostam de seu trabalho e se sentem felizes fazem um julgamento muito positivo sobre a qualidade de sua vida profissional, mantendo-os continuamente interessados no trabalho que estão desenvolvendo. Flow no contexto organizacional • As pesquisas voltadas ao florescimento no trabalho visam compreender e explicar o papel que as emoções positivas e o funcionamento positivo pode ter no comportamento dos indivíduos no trabalho. • Também buscam orientar a aplicação de iniciativas que permitam melhorar o bem-estar no trabalho. • Essas ações se tornam cada vez mais importantes se considerarmos que todo gestor tem, como objetivo, atrair e reter funcionários que sejam proativos e que vejam o trabalho como fonte de prosperidade e desenvolvimento. • De modo geral, as pessoas relatam pouca felicidade e motivação durante o trabalho, preferindo, na maior parte das vezes, estar fazendo outra atividade. • Algumas pesquisas têm indicado que cerca de 80% das pessoas continuariam trabalhando se ganhassem na loteria ou herdassem dinheiro suficiente para não precisar trabalhar mais. • Por outro lado, é comum as pessoas relatarem que, se tivessem a chance, trabalhariam menos e dedicariam mais tempo ao lazer (ler, praticar esportes, viajar, ver televisão). • Os mais jovens são mais insatisfeitos, mais ansiosos por mudanças e menos tolerantes à rotina. • E como mudar essa ideia negativa de trabalho? (Csikszentmihalyi, 2020;Kamei, 2017; Mendonça & Ferreira, 2018) • Nesse contexto laboral, busca-se compreender e explicar o papel que as emoções positivas e o funcionamento positivo podem ter no comportamento dos indivíduos no trabalho e seu impacto na motivação, bem como orientar e fundamentar a aplicação de iniciativas que permitam melhorar o bem-estar e florescimento no trabalho. • Transformar as tarefas em oportunidades de expressar criatividade e autonomia pode ajudar a apreciar o trabalho conforme o enriquecemos. • Quanto mais desafiador for a atividade desenvolvida e, mais parecida com um jogo (variedade, desafios adequados e flexíveis, metas claras e feedback imediato), maior a possibilidade do flow acontecer, independentemente do nível de desenvolvimento de quem o realiza. (Csikszentmihalyi, 2020; Kamei, 2017; Mendonça & Ferreira, 2018) Facilitadores do flow no trabalho • Aqueles que experimentam altos níveis de autonomia, apoio social, coaching de supervisão e feedback são mais propensos a experimentar o fluxo no trabalho. • Recursos organizacionais podem ser compreendidos como aqueles aspectos físicos, psicológicos, sociais ou organizacionais do trabalho que: (1) são funcionais para atingir os objetivos de trabalho; (2) reduzir as demandas de trabalho e os custos fisiológicos e psicológicos associados; (3) estimular o crescimento e desenvolvimento pessoal. • Esses recursos impactam diretamente na redução das faltas, melhorando o clima do trabalho e a performance do grupo. (Salanova, Bakker, & Llorens, 2006) • Por outro lado, sua ausência impacta a motivação dos trabalhadores, seu envolvimento e performance, atrapalhando o cumprimento de metas e prejudicando as oportunidades de aprendizagem dos funcionários. • O flow no contexto do trabalho é definido como uma “experiência de pico”, caracterizada pelo envolvimento, prazer no trabalho e motivação intrínseca laboral. • O prazer no trabalho indica que se encontra presente um julgamento positivo sobre a qualidade da vida laboral, compreendendo-o como fonte de prazer e satisfação para a pessoa durante sua execução • Nesse sentido, o flow tende a acontecer quando a pessoa realiza uma tarefa caracterizada por objetivos claros nos quais a pessoa sabe exatamente que deve fazer, sem ter que perguntar aos outros sobre o que precisa ser feito. • O feedback, nesse contexto, pode ser dado pelo supervisor ou colegas de trabalho, mas deve se restringirsomente ao trabalho em si. (Maeran & Cangiano, 2013 ; Salanova, Bakker, & Llorens, 2006) Duas estratégias importantes • Os empregos precisam ser repensados para serem prazerosos • Os empregados precisam ser treinados para reconhecerem oportunidades, refinarem suas habilidades e determinarem metas passíveis de serem alcançadas • Nenhuma dessas estratégias sozinha vai se mostra eficaz para o alcance do flow no trabalho, mas juntas sim • Busca-se uma situação de prosperidade, de desenvolvimento e um estado progressivo de satisfação e bem-estar no contexto laboral • Além das consequências pessoais para os funcionários, o flow também se mostra relevante para as organizações • Funcionários que experimentam o flow no trabalho mostram-se mais criativos, atentos e capazes de reduzir o desgaste psicológico associado à diminuição da produtividade. Consequentemente, conseguem contribuir, de forma mais eficaz e eficiente, para a organização. • Nos contextos em que o florescimento não é favorecido, uma série de resultados negativos pode ser encontrada: vulnerabilidade, estresse, desequilíbrio psicossocial, limitações na vida diária e perda de dias de trabalho. (Mendonça & Ferreira, 2018) Flow no trabalho Benefícios para o trabalhador Maior criatividade e atenção Influência de aspectos individuais como traços de personalidade e estratégias de enfrentamento Benefícios para a organização Funcionários mais produtivos e que contribuem de forma mais efetiva Influência de aspectos ambientais como demandas e controle do tempo O ambiente laboral se mostra favorável ao flow quando.... • As atividades laborais estão em equilíbrio com as habilidades dos trabalhadores, nem acima das suas capacidades (o que poderia levar à exaustão) e nem abaixo (o que podem levar ao tédio) • As atividades laborais envolvem uma diversidade de atividades realizadas, sem excesso de estímulos e nem sejam predominantemente repetitivas. • As metas de trabalho são desafiadoras e flexíveis • Há clareza sobre o papel de cada profissional • Os colaboradores têm oportunidade de receber feedback imediato O flow no trabalho caracteriza-se como um estado transitório de intenso bem- estar, no qual os trabalhadores estão envolvidos na realização de suas atividades, avaliam as tarefas como prazerosas e estão intrinsicamente motivados para realizá-las (Farina, Freitas, & Hutz, 2020) Um exemplo Um operário relata, frequentemente, a sensação de flow no seu emprego. Ele trabalha em uma empresa, na linha de montagem. Quando a peça chega , ele tem 43 segundos para realizar a sua tarefa, que desempenha 600 vezes por dia. A maioria das pessoas ficaria cansada muito rápido com um trabalho assim, mas ele está no emprego há mais de 5 anos e ainda gosta dele. O motivo? Ele encara a atividade como um desafio: como posso bater meu recorde? Assim como um atleta treina por anos para tirar segundos do seu melhor tempo, ele treina para melhorar seu tempo na linha de montagem. Com a concentração e precisão, ele elaborou uma rotina particular de uso das ferramentas e execução dos movimentos. Após 5 anos, ele demora cerca de 28 segundos por unidade. Nesses momentos em que se desempenha ao máximo, a experiência é tão fascinante que ele relata ser penoso diminuir o ritmo: “Não tem coisa melhor” (Csikszentmihalyi, 2020) Outro exemplo Uma jovem advogada, com modesta participação em um escritório, quando tem a sorte de se envolver em casos complexos e desafiadores, passa horas na biblioteca, pesquisando referências e delineando possíveis cursos de ação para os sócios mais antigos. Muitas vezes sua concentração é tão intensa que ela se esquece de almoçar e, quando percebe que está com fome, já escureceu. Nesses dois exemplos, a rotina de trabalho, geralmente entediante, passa a ser significativa e apreciada. A atenção pode ser livremente investida na conquista de suas metas pessoais e isso leva à autorrealização. (Csikszentmihalyi, 2020) Na prática • No contexto competitivo atual, os gestores têm se preocupado principalmente com os problemas relacionados à produtividade, deixando de lado os aspectos relacionados à saúde dos trabalhadores. • Isso pode ser visto quando há implementação de iniciativas de mudança no trabalho focadas na produtividade e competitividade organizacional. • No entanto é necessário que os gestores compreendam que os aspectos emocionais relacionados ao trabalho é um ponto importante quando se busca melhorias no desempenho organizacional. • Deve-se abandonar a abordagem “tradicional” focada nos aspectos negativos e identificação do que não está funcionando, voltando-se a compreensão do trabalhador a partir de suas potencialidades. (Mendonça & Ferreira, 2018) Cinco Fatores importantes para o flow no ambiente de trabalho Ter um propósito claro Feedback rápido e adequado Desafios e habilidades altas e equivalentes Autonomia Foco, atenção e concentração 1) Ter um propósito claro • Os funcionários geralmente sabem o que fazem, mas não sabem o porquê. • Na maioria das vezes não conhecem nem as metas da organização. • Nesse sentido, é essencial que os funcionários conheçam a missão da empresa e como ela está alinhada com seu propósito pessoal. • O funcionário deve ser consciente de suas metas individuais e saiba quais são as expectativas reais de seu superior em relação ao seu desempenho. 2) Feedback rápido e adequado • Os empregadores raramente oferecem feedback adequado aos seus colaboradores. Em geral predomina o feedback negativo (que é pouco eficaz) ou não há feedback (o que é ainda pior). • Em muitas empresas o feedback é semestral ou anual, consistindo mais em uma atividade burocrática do que um instrumento de desenvolvimento pessoal. • Pela teoria do flow, o feedback precisa ser imediato ou o mais rápido possível. • Recomenda-se, por exemplo, reuniões individuais dos gestores com cada membro da equipe, com a finalidade de dar oportunidade para que o trabalhador continuar executando ações eficazes e se manter motivado, ou corrigir rapidamente ações ineficazes (gerando aprendizado e crescimento) 3) Desafios e habilidades altas e equivalentes Desafio alto Habilidade baixa Habilidade alta Desafio baixo Ansiedade Tédio Se não houver equilíbrio entre desafios e habilidades, o trabalhador não entra em flow e seu desempenho cai Desafio alto Habilidade baixa Impacto Se isso acontecer todos os dias durante muito tempo, a motivação, concentração e engajamento no trabalho irão cair. Riscos Aumento do estresse e insatisfação, baixo desempenho e mal-estar físico e mental. Ações Redução parcial dos desafios e/ou aumento das habilidades por meio de capacitações. Impacto Tédio e desânimo Riscos Queda no engajamento e desempenho. Os trabalhadores podem se sentir subaproveitados e buscar um novo emprego, gerando perda de um colaborador bastante competente. Ações Elevar ou proporcionar novos desafios a esses colaboradores. Habilidade alta Desafio baixo 4) Autonomia • As pessoas gostam da sensação de controle em suas tarefas e, usualmente, não gostam de se sentirem controladas. • O controle pode aumentar a produtividade a curto prazo mas prejudica a autonomia e, a médio prazo, resultará em desengajamento e baixo desempenho. • Os líderes devem ser incentivados e controlar menor e delegar mais, dando mais autonomia e confiança aos colaboradores de sua equipe. 5) Foco, atenção e concentração • Para entrar em flow, a principal habilidade é a de concentrar e manter sua atenção focada. • Atualmente as TICs tem dificultado essa habilidade devido a velocidade e excesso de informações que geram interrupções e distrações quase todo o tempo (email, mensagens, whatsapp, redes sociais). • Para melhorar a capacidade de concentração, a meditação e prática do mindfulness (atenção plena) são recomendadas e têm sido adotadas em empresas como Google, por meio de treinamentos. Foco e concentração Motivação Alta performance Satisfaçãono trabalho Flow (Kamei, 2017) Fatores ligados à excelência Consistem em benefícios almejados pela empresa Fatores ligados ao Engajamento Benefícios almejados pelos trabalhadores Dimensões do flow no trabalho • Ao vivenciar o estado de absorção, o profissional dedicar muitas horas consecutivas para a execução do trabalho, sem perceber ou sentir desgaste Absorção • Indica que o trabalhador avalia suas tarefas laborais e condições de trabalho de forma positivaPrazer • Engloba o desejo de realizarem suas tarefas laborais pela satisfação que obtêm em seu desenvolvimento Motivação Intrínseca • Cinco fatores contribuem para obter e preservar instituições positivas onde se vivencia o flow: Contexto social Manutenção da identidade Oportunidade de tomar decisões Criação de oportunidades Construção de confiança Resultados positivos, especialmente relacionados ao engajamento • Consertou um limpador de para-brisa e se recusou a ser pago por um esforço tão pequenoFrentista • Permaneceu no aeroporto depois que toda a tripulação foi embora a fim de ajudar a encontrar uma carteira perdida Comissário de bordo Nesses exemplos, o valor da atividade do trabalho era maior porque o trabalhador estava disposto a investir um pouco mais de energia e, assim, era capaz de extrair um significado adicional do seu trabalho. Fatores inibidores do flow no trabalho É considerado inútil não proporciona bem a ninguém, podendo até ser prejudicial Vendedores sob pressão; cientistas que trabalham na indústria tabagista É chato e repetitivo pode ser feito sem nenhum desafio Sentimento de estagnação ao invés de crescimento É estressante especialmente quando não se consegue conviver com chefe ou colegas Esperam demais de você ou não reconhecem seu valor Podem determinar se a pessoa ficará satisfeita ou não com trabalho; mais do que o dinheiro Estresse • Dificulta a vivência de experiência de flow • Necessidade de estabelecer prioridades e discernir entre o que é importante ou não • Fluxograma ou listas ajudam a lembrar as tarefas que precisa cumprir e decidir quais delas podem delegar ou deixar de fazer, quais precisam ser resolvidas pessoalmente e em que ordem • Algumas pessoas vão fazer primeiro as tarefas mais fáceis da lista, preparando-se para as mais difíceis • Outros vão preferir a ordem inversa, acreditando que, depois de resolver os problemas mais difícei, os mais fáceis vão se resolver mais facilmente • Ambas as estratégias funcionam: necessidade de descobrir a melhor para aquela pessoa • Algumas vezes nos sentimos incapazes de fazer determinada tarefa e podemos nos questionar: • Haverá tarefas que podem ser delegadas a outras pessoas? • É possível aprender as habilidades necessárias a tempo? • Há como obter ajuda? • A tarefa pode ser transformada ou dividida em partes mais simples? • A resposta a essas questões oferece a oportunidade de transformar uma situação potencialmente estressante em uma experiência positiva, inclusive de flow Trabalho x vida pessoal • Muitas vezes há conflito entre as duas áreas • A pessoa que ama seu trabalho pode acabar negligenciando a família e amigos, ou vice-versa • Encontrar um modo de equilibrar as recompensas que obtemos do trabalho e dos relacionamentos, focando a atenção na tarefa que está desenvolvendo no momento, pode ajudar a reduzir esse conflito “quando estou com a minha filha, quando ela está descobrindo algo novo, uma nova receita de biscoito que ela mesma preparou, um trabalho artístico que ela fez e a deixou orgulhosa.... Ela gosta muito de ler, e nós lemos juntas. Ela lê para mim, eu leio para ela, e esse é um momento em que eu meio que perco o contato com o resto do mundo, em que estou totalmente absorta no que estou fazendo” (Csikszentmihalyi, 2022, p. 105) Como trabalhar o flow no processo de coaching? • Sabemos que quando o indivíduo se envolve em atividades específicas que gosta, algumas mudanças psicológicas acontecem no cérebro, resultando em sentimentos como prazer, felicidade e satisfação. • Nesse sentido, diversas áreas de conhecimento têm se dedicado, nos últimos 40 anos, a compreender situações que favorecem a vivência do flow, suas características e condições que favorecem sua ocorrência. • Mais recentemente, devido os resultados que podem ser obtidos por meio das experiências de flow (maior envolvimento, energia, motivação, aumento das emoções positivas, maior criatividade, flexibilidade mental, resiliência e desempenho) esse conceito tem despertado o interesse na abordagem de coaching. (Wessa & Boniwell, 2007) Metodologia favorecedora do flow 1. Procura maximizar oportunidades para encontrar fluxo durante as atividades de coaching. 2. Transforma os padrões da experiência do dia a dia, permitindo ao cliente identificar momentos de experiência ótima. 3. Ajuda o cliente a identificar a competição pela atenção que vem de fontes externas, equipando-o para tomar decisões mais informadas no futuro a respeito de como eles escolhem usar seu tempo e energia. (Wessa & Boniwell, 2007) 1. Ter metas claras • A clarificação das metas que se almeja no processo de coaching pode ser iniciada durante o contrato e a sessão de avaliação, e ser continuada durante todos os encontros seguintes. • O papel do coach envolve o incentivo ao pensamento divergente, fazendo perguntas como ‘Como você vai atingir esse objetivo?’, ‘O que você vai precisar?’ e ‘Quando você vai completar isso?’. Isso ajuda a fornecer uma imagem mais clara do que está sendo buscado. • Uma vez que as metas são definidas, é mais fácil para o cliente conceituar e enfrentar o desafio, comprometendo-se com a tarefa da melhor maneira possível. Sem essa estrutura de metas fica difícil saber onde aplicar seu esforço e essa incerteza pode levar a uma redução na capacidade de fluxo. (Wessa & Boniwell, 2007) 2. Balanço entre desafio e habilidade • O papel do coach inclui encorajar o cliente a acompanhar um desafio, estabelecer metas para que sejam alcançáveis ou encorajar maiores níveis de desafio em cada ponto. • Ao mesmo tempo, as oportunidades de aprimoramento de habilidades são prestados, ajudando assim o cliente a trabalhar em novas áreas. Isso pode incluir a aquisição de novas habilidades ou o desenvolvimento de habilidades existentes que ajudariam o cliente a atingir seus objetivos. • Se um cliente chega a uma sessão ansioso, um coach sensível será capaz de trabalhar para aumentar a confiança do cliente em lidar com a sessão. Se o cliente vier para a sessão entediado, o coach pode tentar aumentar o desafio fornecido. • Em um estágio posterior, conforme aumenta a confiança e se busca um maior desafio, o coach pode encontrar oportunidades de trabalhar com um cliente para ampliar habilidades que são menos fortes. (Wessa & Boniwell, 2007) 3. Importância de um bom desempenho • Se um coach ajudar um cliente a ver por que a competência em uma atividade particular é importante, isso pode permitir que o cliente dedique mais tempo a esse esforço. • Um cliente que é inicialmente indiferente ou entediado por uma atividade pode então experimentar o fluxo ao descobrir que pode dominá-la com sucesso. • Em um estágio posterior, pode tornar-se aparente que existem barreiras substanciais ao progresso e que o interesse do cliente em atingir seus objetivos é limitado. Pode então ser necessário explorar as razões para isso e realinhar os objetivos para que sejam mais significativos para o cliente. • O ritmo cuidadoso da atividade e o aumento do feedback podem permitir que o cliente sinta satisfação enquanto trabalha em áreas que antes não havia experimentado. (Wessa & Boniwell, 2007) 4. Mantendo meta congruentes • Um cliente pode vir para a primeira sessão listando um conjunto de metas que deseja alcançar. No entanto, depois de algumas sessões, pode ficar claro que outro conjunto de interesses representa com mais precisão as aspirações do cliente. • Pode-se imaginar que esse estreitamentode opções possivelmente melhore a congruência dos objetivos restantes, encorajando a atividade a ser focada em áreas onde mais satisfação será encontrada. • O coach pode ajudar os clientes a estabelecer congruência de metas, por exemplo, as prioridades e a roda do equilíbrio, desenhando a vida agora e no futuro e escrevendo uma declaração de missão pessoal. (Wessa & Boniwell, 2007) 5. Feedback claro e imediato • Como o fluxo ocorre em um alto nível de desafio, é provável que um indivíduo, em algum estágio, receba feedback negativo. Contanto que a pessoa perceba que tem habilidade adequada para enfrentar o desafio, esse feedback ajudará a estabelecer ações corretivas sem que a experiência de fluxo seja diminuída. • Enquanto experimenta o fluxo, a atenção está focada e a pessoa geralmente está bem ciente de como está se saindo. É importante, portanto, que qualquer feedback dado pelo coach seja preciso e possa ser contestado, caso contrário, pode confundir a própria avaliação do cliente. • Ter um feedback correto ajuda o cliente a permanecer na tarefa, reforçando sua própria consciência de como as diferentes atividades estão progredindo. (Wessa & Boniwell, 2007) 6. Ampliação da autonomia • Um coach pode trabalhar para ajudar um cliente a diferenciar entre comportamentos que indicam autonomia e aqueles que não. • O processo de aumentar a autonomia tem importância ao longo de um programa de coaching. A aquisição de autonomia talvez se torne mais evidente mais tarde, quando a pessoa tiver maior percepção dos desafios que enfrenta. • Um coach pode ajudar um cliente a desenvolver independência, encorajando-o a explorar e estender seus próprios interesses. • Pode também ajudar os clientes a identificar fatores externos que impactam negativamente em seu estilo de vida e a planejar situações em que tenham maior autonomia. (Wessa & Boniwell, 2007) 7. Ampliação da capacidade de absorção na atividade • Uma pessoa para encontrar uma atividade que absorva sua atenção precisa encontrar um assunto de seu interesse. Isso ampla a capacidade de direcionar e regular a atenção. • Em todas as fases, é útil que o coach e o cliente estejam abertos a novas possibilidades e estejam cientes dos problemas e oportunidades emergentes. • Também é importante que, juntos, eles sejam capazes de explorar essas novas questões em profundidade. • O coach atua de modo a ajudar o cliente a ver os desafios futuros dentro de uma visão mais positiva e como oportunidades de crescimento. (Wessa & Boniwell, 2007) Outras sugestões • Sugerimos que uma versão modificada de um "diário de amostragem de experiência" possa ser preenchida por alguns dias fora das sessões de coaching. • Esse diário pode ser projetado para permitir que o cliente registre: • (a) a data e a hora • (b) seu estado afetivo atual (por exemplo, ansiedade, apatia, tédio e fluxo) • (c) a atividade que está sendo realizada naquele momento • (d) uma explicação de como se sentiram • (e) uma consideração de como eles poderiam influenciar uma situação semelhante no futuro, que talvez pudesse ser discutida com seu treinador em sua próxima reunião. (Wessa & Boniwell, 2007) Ferramentas que podem facilitar o alcance do flow Metas claras Pontos de ação claros Equilíbrio desafio e habilidade Descobrir pontos fortes Desenvolver novas habilidades Importância de um bom desempenho Considerar as implicações do sucesso Comemorar pequenos passos (Wessa & Boniwell, 2007) Congruência de metas Desenhando a vida agora e no futuro Escrever sua missão pessoal Feedback claro e imediato Livro de registro Reflexão Aumento da autonomia Estabelecimento de prioridades Trabalho autobiográfico Aumento da absorção Leitura do contexto social e cultural (Wessa & Boniwell, 2007) Flow e lazer • Ter mais tempo livre é uma das metas mais desejadas pelas pessoas • Enquanto o trabalho é considerado um mal necessário, relaxar e não ter nada para fazer parece, para muitas pessoas, o caminho para a felicidade • Isso nem sempre é verdade: férias e feriados se mostram períodos em marcados por diminuição da tranquilidade psicológica. Em finais de semana, quando estão sozinhas e sem fazer nada, as pessoas relatam mais sintomas doença “Para pessoas que se identificaram com seu trabalho durante toda a vida, a aposentadoria costuma ser uma transição para uma depressão crônica” (Czikszentimihalyi, 2022, p. 65)) De modo geral, os indivíduos não são preparados para o ócio Sem metas a maioria começa a perder a motivação e concentração A mente divaga e começa a se encontrar em problemas que geram ansiedade Para evitar isso, a pessoa recorre a estratégias / estímulos que diminuam essa ansiedade a curto prazo (envolver-se em apostas, fazer uso abusivo de álcool ou drogas, ver televisão) Lazer ativo x lazer passivo • Possuem efeitos psicológicos bem diferentes TV Hobbies Esportes e jogos • Adolescentes norte-americanos experimentam o flow de forma mais frequente quando estão em momentos de lazer ativo • Lazer passivo envolveria atividades que não exige muito gasto de energia, nem concentração ou habilidade (sair com amigos, ouvir música, ligar a televisão) Dados de pesquisa com 824 adolescentes norte-americanos (Czikszentimihalyi, 2022) • O lazer passivo não proporciona muito prazer mas, também, não leva a pensar em problemas. Muitas pessoas consideram essa troca válida. • É importante citar que relaxar não é ruim. Todo mundo precisa desse tempo. O problema é a dosagem. • Quando o lazer passivo se torna a principal ou única estratégia no tempo livre, pode ter efeitos negativos na qualidade de vida como um todo. • Ao refletirem sobre os melhores e piores sentimentos da vida, a maior parte das pessoas pensa em outras pessoas Uma palavra do chefe pode alegar seu dia Ou acabar com ele Um filho pode ser uma benção E, às vezes, uma dor de cabeça Um exemplo • Uma das participantes do método de amostragem da experiência (pager) estava sozinha na cozinha às 9:10h da manhã de sábado, tomando café e lendo jornal. Deu nota 5 para seu grau de felicidade naquele momento (em uma escala de 1 – triste a 7 – muito feliz). Por volta das 11:30h, ainda estava sozinha, fumando um cigarro, triste com a ideia de que o filho estava prestes a se mudar para outra cidade. Agora sua felicidade tinha caído para 3. • Às 13h, ela estava sozinha, passando o aspirador na sala, e sua felicidade chegou a 1. às 14:30h, ela estava no quintal, na piscina com os netos. A nota de felicidade foi perfeita (7). Menos de uma hora depois, quando ela estava tomando sol e tentando ler um livro enquanto os netos jogavam água nela, o índice de felicidade caiu para 2. • À medida em que avançamos pelo dia, pensar nas pessoas e interagir com elas mexe constantemente com o nosso humor. Importante compreender como as interações nos afetam e aprender a transformá-las em experiências positivas As experiências mais positivas que as pessoas relatam são vividas na companhia de amigos Em geral, as pessoas são mais motivadas e felizes quando estão com amigos, independentemente do que estejam fazendo (Czikszentimihalyi, 2022) As pessoas, em geral, relatam humor mais deprimido quando estão sozinhas do que quando estão com outras pessoas O mito do “gênio solitário” • O estereótipo do “gênio solitário” é forte. É necessário, muitas vezes, ficar sozinho para escrever, pintar ou fazer experimentos em um laboratório. • No entanto, muitas vezes, esses indivíduos precisam de outras pessoas, para ouví-las, trocar impressões e entrar em contato com seus trabalhos. “É impossível trabalhar completamente isolado no seu canto. Você deseja que um colega venha e converse com você sobre as coisas: O que você acha disso? É preciso ter algum tipo de feedback” Potenciais malefícios do flow • Embora o flow possa ser útil e levar a um maior aprendizado, também pode envolver malefícios. • É equivocado pensar que todas as atividades que resultam em fluxo são