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Aula 4 - Direito Empresarial I

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José Carlos H Silva
 Dir. Empresarial I - Aula 4
José Carlos H Silva
Dir. Empresarial I - Aula 4
 
4. Classificação DAS SOCIEDADES
As sociedades tiveram o prazo de um ano a partir da vigência do NCC (11/01/2004) para se adaptar às novas disposições. O NCC introduziu novos conceitos, que, em função de seu objeto ou da forma societária adotada, poderão ser de duas espécies: SOCIEDADE EMPRESÁRIA ou SOCIEDADE SIMPLES. Igualmente, introduziu nova classificação: SOCIEDADES PERSONIFICADAS e NÃO PERSONIFICADAS.
 A Sociedade Empresária passa a desfrutar da personalidade jurídica com o arquivamento de seus atos constitutivos (Contrato Social ou Estatuto) na Junta Comercial; a simples, com a inscrição do Contrato Social no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
 Com a personalidade jurídica, a sociedade é capaz de direitos e obrigações, passando a ter existência distinta de seus membros.
    
 
4.1 Atos Constitutivos 
 1.1 Elaboração
	Descrição
	No ato constitutivo, que para uma sociedade geralmente é um contrato ou, no caso de empresa individual, a Declaração de Empresário, constarão o tipo jurídico da empresa, o objetivo social e as demais normas que regerão o funcionamento, a administração e as relações entre os sócios da empresa.
	Ato Regulador
	Código Civil Brasileiro – Lei 10406/2002 - artigos 968, 997 e 998 e Lei 9841/1999
	Órgão Competente
	O próprio interessado na constituição da empresa
	Periodicidade
	Não há
	Tratamento Diferenciado ME/PP
	A empresa que apresentar declaração de enquadramento de ME ou EPP ficará dispensada do visto de advogado no Contrato Social e poderá declarar o desimpedimento do titular ou administrador em cláusula específica do contrato social ou em documento à parte.
	Prazo
	Antes do início das atividades
	Responsáveis
	Titular da empresa individual ou sócios
	Validade/Efetividade
	A empresa pode ser constituída por prazo determinado ou indeterminado, a critério dos sócios da sociedade ou do titular da empresa individual.
	Penalidade pelo Descumprimento
	A falta do ato constitutivo, se comprovada à existência da empresa por outros meios, pode ensejar a responsabilidade pessoal dos sócios ou do titular pelas obrigações sociais contraídas.
	Custo/Incidência
	Custo de elaboração dos documentos
	Documentação
	Carteira de Identidade, CPF e demais documentos necessários para elaboração dos atos constitutivos
	Observações
	Para algumas atividades é exigida a indicação, no contrato ou em outro documento, do responsável técnico pela empresa, o que deverá ser anotado no respectivo órgão de fiscalização profissional.
As sociedades prestadoras de serviços profissionais devem observar as normas regulamentadoras fixadas pelos respectivos Conselhos Profissionais ou a OAB. Algumas entidades não admitem sociedade entre profissionais de áreas diferentes ou com pessoas leigas. Geralmente, é exigido que o contrato especifique o profissional ou profissionais responsáveis pelo exercício da atividade.
Os contratos destas empresas devem ser registrados nos respectivos Conselhos Profissionais, antes do arquivamento na Junta Comercial ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas – RCPJ. As sociedades de advogados devem arquivar seus atos constitutivos, exclusivamente, na Ordem dos Advogados do Brasil, que substitui o registro no RCPJ.
1.2. Arquivamento
	Descrição
	A existência legal das pessoas jurídicas começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.
	Ato Regulador
	Código Civil Brasileiro – artigos 45, 967 e 1150 a 1154 e Lei 9841/99
	Órgão Competente
	Junta Comercial: para Sociedades Empresariais e Empresas Individuais
RCPJ: para Sociedades Simples e Cooperativas
	Periodicidade
	Antes da constituição da empresa, sendo obrigatório o arquivamento das alterações contratuais ou das condições para exercício da empresa individual.
	Tratamento Diferenciado ME/PP
	Se Declaração de ME e EPP for entregue, na Junta Comercial ou no RCPJ, juntamente com os atos constitutivos, a empresa estará dispensada:
 da prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito tributário em nome dos sócios ou do titular;
 das Certidões Criminais em relação ao titular ou ao administrador da empresa.
	Prazo
	O ato constitutivo deve ser registrado no prazo de 30 dias da data de assinatura, sob pena de ter validade somente a partir do registro.
	Responsáveis
	Titular da empresa individual ou sócios e o administrador
	Validade/Efetividade
	O registro pode ter prazo determinado ou indeterminado, conforme constar no contrato social ou a critério do titular da empresa individual, mas deve ser mantido atualizado
	Penalidade pelo Descumprimento
	O titular ou os sócios respondem, pessoalmente, por perdas e danos causados a terceiros no período em que a empresa ficou sem registro.
	Custo/Incidência
	Taxas de Registro:
JUCERJA = de R$ 40,95 e R$ 80,94 (em 2003)
Além das taxas a empresa terá o custo dos formulários, reconhecimento das firmas, das fotocópias e autenticações.
	Documentação
	A Junta Comercial exige:
 Capa de Processo;
 Requerimento de Empresário, em 4 vias;
 Ficha de Cadastro Nacional (sociedades);
 Original ou cópia autenticada de procuração, se for o caso;
 3 vias do Contrato Social da sociedade;
 Declaração de Desimpedimento do administrador, se não constar do contrato;
 Cópias autenticadas do CPF e identidade do titular ou sócios;
 Guia da Taxa para a Junta Comercial;
 Guia da Taxa para a Receita Federal;
 Guia da Taxa de Consulta Prévia do Nome, devidamente aprovado.
O Registro Civil de Pessoas Jurídicas – RCPJ exige:
 Requerimento dirigido ao Cartório;
 Contrato Social com pelo menos duas vias;
 Cópias autenticadas da identidade e CPF do titular ou sócios;
 Requerimento de Consulta Prévia do Nome, devidamente aprovado.
§ Pagamento da taxa de registro
	Observações
	Ver informações importantes na Ficha: ELABORAÇÃO, EM ATO CONSTITUTIVO.
1.3. Declaração de ME/EPP
	Descrição
	O arquivamento da Declaração de Microempresa - ME ou de Empresa de Pequeno Porte - EPP garante o tratamento diferenciado e favorecido no âmbito administrativo, de crédito, trabalhista, previdenciário e de desenvolvimento empresarial, nos termos do Estatuto aprovado pela Lei 9841/99.
As empresas serão enquadradas de acordo com a sua receita bruta anual, dentro dos seguintes limites:
 até R$ 244.000,00: como Microempresa – ME;
 de R$ 244.000,01 a R$ 1.200.000,00: como Empresa de Pequeno Porte – EPP;
Não pode ser enquadrada como ME ou EPP a empresa que:
 tiver sócia ou titular pessoa física domiciliada no exterior;
 tiver sócia pessoa jurídica;
 tiver como sócia ou titular, pessoa que participe de outra empresa enquadrada no Estatuto, em valor superior a 10% do capital social, salvo se a receita bruta global anual não ultrapassar os limites estabelecidos.
	Ato Regulador
	Constituição Federal – artigos 179 e Lei 9841/99 - Estatuto da Micro e Pequena Empresa
	Órgão Competente
	Junta Comercial: para Sociedades Empresariais e Empresas Individuais
RCPJ: para Sociedades Simples e Cooperativa
	Periodicidade
	Não há
	Prazo
	Não há
	Responsáveis
	Titular da empresa individual ou sócios
	Validade/Efetividade
	Os efeitos da opção são produzidos a partir do arquivamento da declaração e vigoram enquanto a empresa preencher as condições para enquadramento.
	Penalidade pelo Descumprimento
	O enquadramento irregular sujeita a empresa ao cancelamento de ofício de seu registro como microempresa ou empresa de pequeno porte e à multa de 20% sobre os empréstimos obtidos com os benefícios do Estatuto da Micro e Pequena Empresa. O titular ou os sócios também responderão por crime de falsidade ideológica.
Sobre o enquadramento indevido no SIMPLES, ver as penalidades na Ficha: OPÇÃO PELO SIMPLESFEDERAL.
	Custo/Incidência
	Custo do reconhecimento das assinaturas na Declaração de ME e EPP
 na Junta Comercial: custo da Capa do Processo.
 no RCPJ: apesar de prevista isenção para esse fim, alguns Cartórios têm cobrado taxa para arquivamento desta Declaração de ME e EPP.
	Documentação
	Além da Declaração de ME ou EPP com firma reconhecida, deve ser entregue também:
 na Junta Comercial - Capa do Processo;]
 no RCPJ - requerimento solicitando o arquivamento.
	Observações
	
4.2 Sociedades Regulares e Irregulares
As sociedades de fato e as sociedades irregulares não foram tratadas expressamente pelo Código Comercial de 1850, nem mesmo pelo CC de 1916 e nem pelo CC de 2002. Na inexistência de previsão legal específica quanto à matéria, sua distinção e classificação ficavam a cargo dos doutrinadores que, na maioria das vezes, não se entendiam, posicionando-se de maneiras absolutamente distintas. 
Alguns entendiam ser possível classificar as sociedades de fato como aquelas que não possuíam contrato social. Por sua vez, as irregulares seriam aquelas que, embora possuíssem contrato social, não o levava a registro. 
Fato é, que nenhuma das duas sociedades possuía personalidade jurídica e, por este motivo, a maioria dos autores afirmava que os efeitos de ser uma ou outra considerada, seriam exatamente o mesmo e, ainda, que a sociedade em comum do Código de 2002 seria sua sucessora. 
Não obstante existirem entendimentos contrários, não se nega que elas não possuam personalidade jurídica. Entretanto, sua compreensão não deve estar adstrita a, tão somente, verificar a existência ou não de personalidade jurídica. 
Na realidade, é necessário observar o direito de ação dos sócios e a prova da existência das sociedades; critérios mais seguros na tentativa de compreender os institutos de maneira sistemática.
O Código Comercial Brasileiro não tratava das sociedades comerciais irregulares ou de fato, deixando para a doutrina a responsabilidade pela elaboração dos conceitos, efeitos e repercussões de ambas no mundo empresarial.
Enquanto o art. 300 do Cód. Comercial prescrevia que o contrato de qualquer sociedade comercial deveria ser provado por escritura pública ou particular, o art. 301 afirmava que, enquanto não registrado, o instrumento não teria validade entre sócios nem contra terceiros, o que levou vários doutrinadores clássicos a entenderem que a sociedade sem contrato social seria inexistente, enquanto outros entendiam ser hipótese de nulidade. 
Por sua vez, o art. 304, visando a proteger terceiros, afirmou que estes não precisariam apresentar contrato social escrito para ajuizar ação contra a sociedade em comum ou contra os sócios individualmente.
Por não tratar a matéria de maneira mais assertiva, o referido diploma legal causou confusão entre os doutrinadores, que se dividiam em posicionamentos diametralmente opostos. Alguns entendiam sinônimas as expressões “de fato” e “irregular”, outros as diferenciavam na teoria, mas afirmavam que o efeito prático de assim serem consideradas as sociedades seria o mesmo. Igualmente tormentosa era a tarefa de identificar a existência ou não de personalidade jurídica nestas situações, quando também se dividiam os autores.
O CC de 1916, em seu art. 16, incluiu as sociedades mercantis no rol das pessoas jurídicas de direito privado, mantendo, contudo, o regramento especial das sociedades comerciais, dispondo que estas continuariam regidas pelas leis comerciais, o que fomentou as discussões acerta da existência ou não de personalidade jurídica para estas sociedades.
Tais fatos levaram os doutrinadores clássicos a tentar formular seus conceitos de sociedades de fato e irregulares com base dois critérios diferenciadores: a) a prova da existência da sociedade e; b) serem elas dotadas, ou não, de personalidade jurídica.
4.3 Sociedades de Pessoas e de Capitais
Sociedades de Pessoas
Aquela sociedade em que a realização do objeto social depende fundamentalmente dos atributos individuais dos sócios. A pessoa do sócio é mais importante que sua contribuição material para a sociedade. Ex.: duas pessoas que se organizam para criar uma empresa de prestação de serviços. Como os atributos individuais do adquirente de uma participação podem interferir na realização do objeto social, a cessão da participação societária depende da anuência dos demais sócios. O ingresso de novo sócio está condicionado à aceitação dos outros sócios, cujos interesses podem ser afetados. As sociedades em nome coletivo e em comandita simples são de pessoas. A sociedade limitada pode ser de pessoas e capital.
Sociedades de Capitais
Nesse tipo de sociedade, as aptidões, a personalidade e o caráter do sócio são irrelevantes para o sucesso ou insucesso da empresa explorada pela sociedade. Por exemplo: quando uma pessoa compra uma ação de uma instituição financeira, as qualidades subjetivas desse acionista não interferem de forma nenhuma com o desempenho da sociedade bancária. O único fator a considerar é a contribuição material dada para a sociedade. O sócio pode alienar sua participação societária a quem quer que seja, independentemente da anuência dos demais. A sociedade limitada pode ser de capital. As sociedades anônimas e em comandita por ações são sempre de capital. 
4.4 Sociedades de Responsabilidade Limitada, Ilimitada e Mista 
Os sócios têm, pelas obrigações, responsabilidade subsidiária. A solidariedade, no Direito Societário brasileiro, quando existe, verifica-se entre os sócios, e nunca entre sócio e sociedade.
Isto é, enquanto não exaurido o patrimônio social, não se pode cogitar de comprometimento do patrimônio do sócio para a satisfação de dívida da sociedade. A única exceção está na responsabilização do sócio que atua como representante legal de sociedade irregular, não registrada na Junta Comercial. Para ele, prevê a lei a responsabilidade direta.
Há no entanto o instituto da desconsideração da personildiade jurídica, previsto em vários diplomas brasileiros (art. 50 do Código Civil; art. 28 do [CDC]; Lei 8.884/1994; Lei 6.938/81 etc), que parece dar a entender seja possível a responsabilização do sócio mesmo sem exaurir o patrimônio social da empresa. Vejamos 2 artigos:
Art. 50 do CC 2002: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Art. 28 do Cód. Defesa do Consumidor: O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. (grifo nosso)
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, além de subsidiária, pode ser limitada (quando o limite é relacionado ao valor do investimento que se propuseram a realizar) ou ilimitada (arcam com o valor integral da dívida).
O sócio também responde ilimitadamente se não realizar a integralização do capital. Assim, quando os sócios constituem uma sociedade, esta recebe, deles sócios, valores correspondentes a bens ou serviços. No entanto há possibilidade denão se fazer essa integralização de imediato. Desse modo, o sócio ou os sócios prometem realizar essa integralização em determinado período, e enquanto não o fazem respondem ilimitadamente (com o patrimônio pessoal).
Sociedades de Responsabilidade Ilimitada
Todos os sócios respondem pela obrigações sociais ilimitadamente
Sociedades de Responsabilidade Mista
Apenas parte dos sócios responde de forma ilimitada (sociedade em comandita simples ou por ações).
Sociedade de Responsabilidade Limitada
Todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais (sociedades por quotas de responsabilidade e anônimas). Em geral, somente depois de decretada a quebra da sociedade empresária será possível executar os bens do patrimônio particular dos sócios, para garantia da obrigação social.
4.5 O Sócio
Como o Direito, representado pela lei ou contrato social, regula as relações dos sócios entre si e com a sociedade. A primeira disposição que temos que aprender é que o sócio não é proprietário da sociedade empresária. É comum dizermos “o dono da empresa”. A sociedade empresária é uma pessoa jurídica, portanto é inapropriavel.
O sócio também não é credor da sociedade empresária. Em caso de falência da pessoa jurídica ele não concorrerá à massa; ele apenas terá direito a participar nos lucros. O que é falência? Nada mais é que um concurso de credores. Quando é decretada a falência, o sócio não se habilita. Depois de pagos os credores é que haverá o rateio, se sobrar algo. 
O sócio tem direito de participar do lucro. Ele submete-se a regime jurídico decorrente da lei ou contrato social, que lhe impõem obrigações e asseguram direitos. É o que falamos todo o curso. O cidadão é livre para fazer o que a lei não proíbe. No caso da sociedade, ele poderá colocar no contrato aquilo que não está proibido por lei. O regime jurídico da sociedade é previsto no contrato e na lei.
O sócio, no campo das obrigações, que é o que vamos ver agora, tem duas previstas em lei: 
Participar da formação do capital, pois não existe sócio que não tenha uma participação no capital;
Participar dos prejuízos. O sócio, ao entrar em sociedade, assume um risco e, se a sociedade tiver prejuízo, o sócio terá que arcar com eles. 
O sócio, ao participar da sociedade mediante contrato social, se compromete a integralizar as cotas subscritas – em outras palavras, comprá-las. Ele tem que integralizar a vista ou a prazo. Neste último caso, se o sócio não pagar no vencimento, ele se tornará inadimplente. Nessa situação, o sócio é chamado de remisso. Deverá então indenizar a sociedade pelas perdas e danos decorrentes da mora. E nisso vêm às consequências de o sócio se tornar remisso: mantida a inadimplência, os demais sócios podem optar pela cobrança judicial da dívida ou pela exclusão do sócio remisso. 
No caso da cobrança, esta será feita em execução. Não esqueçam os tipos de processo que sabemos que existem: de conhecimento, de execução e cautelar. Aqui, os demais sócios ajuizarão ação de execução (que, por lógica, desencadeará um processo de execução) para cobrar do remisso. Mas, para que a cobrança da cota não paga possa ser feita diretamente em execução, há a condição de que o contrato esteja assinado por duas testemunhas. Neste caso, ele valerá como um título executivo extrajudicial. Temos, de acordo com o Código de Processo Civil, dois tipos de título executivo: o judicial e o extrajudicial. Se o contrato estiver assinado por duas testemunhas, a execução poderá ser instrumentada diretamente.
Se houver necessidade de fazer apuração de perdas e danos, deverá haver uma ação de conhecimento, portanto ação de conhecimento. A execução só permite cobrar a cota acrescida de correção e multa; se houver que apurar prejuízos, será exigida a dilação probatória, que só será feita em processo de conhecimento.
Possa então os demais sócios optar pela exclusão do sócio remisso, deduzido dos encargos e da mora contratualmente previstos. Ora, se ele está para ser excluído, terá que ser devolvida a ele sua cota pelo valor patrimonial. Neste caso, isso implicará em redução do capital social da pessoa jurídica.
Poderão os sócios simplesmente reduzir a participação do sócio remisso no capital social. Ou seja, ele pagou uma parte das cotas, integralizou então ele continua sócio, mas somente com o que já pagou. Essa decisão também implicará em redução do capital, pois a parte integralizada não será mais integralizada. Então o contrato social tem que ser mudado para reduzir o capital.
O capital é um fator importante no tamanho do crédito que a pessoa jurídica obtém junto a instituições financeiras, daí, ter condições de levar o negócio adiante. Dependendo do tamanho da redução do capital social decorrente da exclusão de um sócio isso poderá implicar redução do crédito da pessoa jurídica. Para evitar isso, e se tratar de uma sociedade LTDA, os demais sócios poderão decidir por ficar com a cota do remisso. Redistribui entre os outros sócios para evitar a redução no capital social e consequente dificuldade de obter crédito.
Transferir a terceiros (admitir novo sócio) ou deixar com a própria sociedade são outras possibilidades. Essa última se chama “cotas em tesouraria.” Não pode ficar assim indefinidamente. Se não for entregue a outro sócio, o capital terá que ser reduzido. Essa providência só cabe em caso de LTDA. Vide artigos 1004 e 1058 do Código Civil.
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