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UNIVERSIDADE POSITIVO CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA GIOVANI PRESTES MAGALHÃES ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA TENDINITE DO BÍCEPS BRAQUIAL E EPICONDILITES CURITIBA 2023 GIOVANI PRESTES MAGALHÃES ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA TENDINITE DO BÍCEPS BRAQUIAL E EPICONDILITES TRABALHO APRESENTADO AO CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA COMO REQUISITO PARA OBTENÇÃO DE NOTA PARCIAL NA DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA SUPERVISÃO: PROFª DRA. CHRISTINA P. CRUZ CEPEDA CURITIBA 2023 SUMÁRIO ANATOMIA E CINESIOLOGIA DO BÍCEPS, MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO E PUNHO TENDINITE DO BÍCEPS CABEÇA LONGA EPICONDILITES TESTES FISIOTERAPÊUTICOS TESTE DE PALM UP TESTE DE YERGUSON TESTE DE COZEN TESTE DE MILL TESTE DO COTOVELO DE GOLFISTA TRATAMENTO DA TENDINITE DO BÍCEPS TRATAMENTO DA EPICONDILITE CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 1. ANATOMIA E CINESIOLOGIA DO BÍCEPS E MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO Dada sua origem na escápula e sua inserção no rádio, o bíceps braquial é capaz de atuar tanto na articulação do ombro como na articulação do cotovelo, e é por isso que esse músculo participa em vários movimentos do membro superior. Possui um papel na estabilização da articulação glenoumeral, com base em estudos eletromiográficos e biomecânicos, tendo suas disfunções implicações clínicas (TEIXEIRA-SALMELA, 2001). O nome “bíceps” faz referência às suas duas cabeças, que se fundem distalmente em um único ventre, dando-lhe sua forma distinta. Origem Cabeça curta: processo coracoide da escápula Cabeça longa: tubérculo supraglenoidal da escápula Inserção Tuberosidade radial do rádio Fáscia profunda do antebraço (inserção da aponeurose bicipital) Função Flexão e supinação do antebraço na articulação do cotovelo Flexão fraca do braço na articulação glenoumeral Antebraço Ossos: rádio, ulna Articulações: úmero-radial, articulações radoulnares (proximal, distal) Músculos: - Extensores: superficiais (braquiorradial, extensor longo radial do carpo, extensor curto radial do carpo, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo e ancôneo) e profundos (supinador, adutor longo do polegar, extensor curto do polegar, extensor longo do polegar e extensor do indicador) - Flexores: superficiais (flexor ulnar do carpo, palmar longo, flexor radial do carpo e pronador redondo), intermediários (flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos e flexor longo do polegar) e profundo (pronador quadrado). Articulação do cotovelo Ossos: úmero, rádio, ulna Tipo: sinovial, articulação em dobradiça Ligamentos: ligamento anular e ligamentos colaterais (radial, ulnar) Movimentos: - Flexão: - bíceps braquial, músculo braquiorradial - Extensão: - músculo tríceps braquial 2. TENDINITE DO BÍCEPS CABEÇA LONGA O tendão da cabeça longa do bíceps braquial origina-se no tubérculo supraglenoidal e no lábio glenoidal superior. Sua origem labral é principalmente posterior em mais da metade dos casos. Dentro da articulação, o tendão é extra-sinovial e passa obliquamente em direção ao sulco bicipital (VARACALLO, 2018). O tendão do bíceps cabeça longa une-se distalmente ao tendão da cabeça curta do bíceps à medida que ambos fazem a transição para seus respectivos ventres musculares no terço central do braço e, após cruzar a face volar do cotovelo, se insere na tuberosidade radial e no antebraço medial fáscia. Este último ocorre através da aponeurose bicipital (VARACALLO, 2018). A tendinite do bíceps é uma inflamação do tendão ao redor da cabeça longa do músculo bíceps. A tendinose do bíceps é causada pela degeneração do tendão devido ao atletismo que exige movimento acima da cabeça ou pelo processo normal de envelhecimento. A inflamação do tendão do bíceps no sulco bicipital, conhecida como tendinite primária do bíceps, ocorre em 5% dos pacientes com tendinite do bíceps (CHURGAY, 2009). A tendinopatia do bíceps pode surgir devido à tração repetitiva, fricção e rotação glenoumeral, que levam a forças de pressão e cisalhamento que atuam sobre o tendão. O sulco bicipital é um ambiente restrito, pelo que os processos inflamatórios afetam frequentemente o tendão do bíceps à medida que o percorrem (RANEY, 2017). Além disso, o tendão do bíceps cabeça longa tem uma bainha sinovial, tornando-o sujeito a tenossinovite. A tendinopatia isolada ou primária do bíceps é relativamente pouco frequente; no entanto, pode ocorrer secundária a trauma direto ou indireto, bem como a doença inflamatória subjacente ou em concomitância com instabilidade tendinosa. No entanto, o mecanismo fisiopatológico que faz com que um tendão do bíceps progrida para tendinopatia é largamente desconhecido e controverso (RANEY, 2017). Este tema é atualmente de grande interesse e tem havido muita discussão sobre diagnóstico, tratamento e prevenção. A patologia do tendão do bíceps existe em muitas formas e está frequentemente associada a outras doenças do ombro (EJNISMAN, 2010). Esses fatos devem ser levados em consideração na avaliação e tratamento de pacientes com patologia da cabeça longa do bíceps. O significado clínico para a função, diagnóstico e tratamento do ombro ainda é fonte de debate (EJNISMAN, 2010). Segundo Cong et al 2018 destaca-se nesse aspecto a importância do diagnóstico precoce e do tratamento conservador antes de considerar a cirurgia, assim como em lesões de manguito rotador (POST, 1989). 3. EPICONDILITES A epicondilite comumente acomete o cotovelo medial ou lateralmente, tipicamente na 4ª ou 5ª década de vida e sem predileção por sexo. A epicondilite é um processo inflamatório que pode ser descrito com mais precisão como tendinose (Walz, 2010). Na região epicondilar lateral esse processo afeta o tendão extensor comum; na região epicondilar medial, o tendão flexor comum é afetado. Acredita-se que a condição se origine do uso excessivo repetitivo com microrupturas resultantes e degeneração progressiva devido a uma resposta reparadora imatura (Walz, 2010). A epicondilite lateral é a doença do cotovelo mais comumente diagnosticada e afeta cerca de 1–3% da população em geral. Produz uma pesada carga de dias de trabalho perdidos e incapacidades residuais. Embora muitas modalidades de tratamento sejam utilizadas, poucas delas se baseiam em evidências científicas e nenhuma se mostrou mais eficaz que as outras (HONG, 2004) Esta escassez de evidências sobre tratamentos para a epicondilite lateral pode resultar de diversas fontes, incluindo a possível natureza autolimitada da doença, a falta de dados fisiopatológicos, as deficiências metodológicas dos estudos disponíveis e a existência de numerosos fatores que influenciam o resultado (HONG, 2004). 4. TESTES FISIOTERAPÊUTICOS 4.1 TESTE DO BÍCEPS OU TESTE DE SPEED OU PALM-UP TEST Posição do paciente: paciente em pé, em frente ao examinador com o membro superior em posição de extensão máxima, supinação e rotação externa. Descrição do teste: o terapeuta deverá impor uma resistência ao movimento de flexão do membro superior do paciente estando o mesmo com o cotovelo em extensão. Este teste serve para detectar a presença de inflamação na bainha que recobre a porção longa do músculo bíceps. Sinais e sintomas: durante o teste, o paciente refere dor localizada na porção inicial do tendão do bíceps no sulco intertubercular ou ainda impotência funcional de todo o membro superior quando da presença de uma inflamação. 4.2. TESTE DE YERGASON Posição do paciente: sentado ou em pé, com o cotovelo a 90º ao lado do corpo e com o punho cerrado e em pronação. Descrição do teste: Nesse teste, o terapeuta coloca uma das mãos sobre o sulco intertubercular do ombro e a outra mão sobre o punho do paciente. O terapeuta realiza então um movimento no sentido da extensão do antebraço e resiste ao movimento de supinação do antebraço e rotação externa efetuado pelo paciente. O teste de yergason serve paraidentificar tendinites ou tenossinovites do bíceps como também poderá revelar uma instabilidade do tendão do bíceps no sulco intertubercular. Sinais e sintomas: No caso de instabilidades do tendão do bíceps, o terapeuta ouvirá um estalido nítido seguido ou não de dor. Já em casos de tendinites ou tenossinovites o teste será positivo pelo aparecimento da condição dolorosa. 4.3. TESTE DE COZEN O terapeuta deve posicionar o cotovelo do paciente a 90º e manter seu antebraço em pronação. Logo em seguida, o médico solicita ao paciente que realize a extensão ativa do punho, realizando um movimento contrário à resistência imposta pelo terapeuta. Quando o resultado do teste de Cozen é positivo significa que o paciente referiu dor no epicôndilo lateral durante a realização do mesmo, o que indica, na maioria dos casos, epicondilite lateral. 4.4. TESTE DE MILL O teste alternativo, conhecido como de Mill, é realizado com o paciente com a mão fechada, o punho em dorsiflexão e o cotovelo em extensão. O examinador, então, forçará o punho em flexão e o paciente é orienta- do a resistir ao movimento. Em caso positivo, o paciente sentirá dor no epicôndilo lateral. 4.5.TESTE DO COTOVELO DE GOLFISTA Este teste reproduz a dor do cotovelo de golfista. Enquanto palpa o epicôndilo medial do paciente, o fisioterapeuta coloca passivamente o antebraço do paciente em supinação, cotovelo e punho em extensão. 5. TRATAMENTO DA TENDINITE DE BÍCEPS Conforme apontado por Cong et al 2018 o tratamento conservador para tendinite do bíceps cabeça longa é muito aconselhável antes de qualquer procedimento cirúrgico. É de extrema importância estabelecer um diagnóstico adequado através do exame físico e principalmente pela utilização da artrografia do ombro. Este último é o meio mais definitivo de eliminar a possibilidade de ruptura do manguito rotador ou de subluxação glenoumeral anterior recorrente como causa dos sintomas do paciente (NEVIASER, 1980). Após o diagnóstico correto ser feito, uma abordagem não cirúrgica pode ser útil em muitos casos. Se isso não der certo ou se o bíceps estiver subluxando ou se deslocando, uma operação bem-sucedida estará disponível para aliviar o problema (NEVIASER, 1980). Segundo Nho et al, 2010 A tendinopatia da cabeça longa do bíceps braquial abrange um espectro de patologia que vai desde tendinite inflamatória até tendinose degenerativa. Os distúrbios da cabeça longa do bíceps geralmente ocorrem em conjunto com outras patologias do ombro. Ainda segundo o autor uma história completa do paciente, exame físico e avaliação radiográfica são necessários para o diagnóstico. O manejo não cirúrgico, incluindo repouso, antiinflamatórios não esteroides, fisioterapia e injeções, é tentado primeiro em pacientes com doença leve. O manejo cirúrgico é indicado para doença refratária ou grave (NHO, 2010). Além da tenotomia simples do bíceps, uma variedade de técnicas de tenodese foram descritas. A tenodese aberta do bíceps tem sido usada historicamente. No entanto, resultados promissores foram recentemente relatados com tenodese artroscópica (NHO, 2010). 6. TRATAMENTO DA EPICONDILITE Segundo Weber et al, 2015 a fisioterapia para o tratamento da epicondilite lateral geralmente compreende terapias de movimento, terapia extracorpórea por ondas de choque , terapia com laser de baixa intensidade, estimulação elétrica de baixa frequência ou campos eletromagnéticos pulsados. No entanto segundo Kohia et al, 2008 apontam que pesquisas futuras são necessárias para fornecer uma melhor compreensão das opções de tratamento benéficas para pessoas que vivem com essa condição. Pois segundo pos autores, existem numerosos tratamentos para a epicondilite lateral e nenhuma intervenção provou ser a mais eficiente. No que tange o tratamento para epicondilite medial resultados conflitantes foram encontrados. O tratamento com aparelho ortodôntico pode ser útil como terapia inicial. Porém a terapia combinada não tem vantagem adicional em comparação à fisioterapia, mas é superior à órtese apenas por curto prazo (STRUSS, 2004). Segundo uma revisão desenvolvida por Almeida et al, 2013 apesar das limitações dos artigos, é possível afirmar que a melhor opção para o tratamento da epicondilite lateral é a combinação de modalidades terapêuticas, o que condiz com a realidade clínica do fisioterapeuta, que geralmente não realiza somente um tipo de tratamento. Para o autor a combinação de exercícios terapêuticos, ultrassom pulsátil e massagem profunda transversa parece ser uma boa opção para o tratamento da epicondilite lateral. O uso de modalidades terapêuticas como uma única opção de tratamento, como o ultrassom, o laser, a iontoforese e ondas de choque, não mostraram evidências de benefícios tanto a curto como a longo prazo. 7. CONCLUSÃO Tanto a tendinite do bíceps cabeça longa quanto a epicondilite estão associadas a diversos fatores e ainda não há um consenso sobre qual a melhor abordagem de tratamento para ambas as patologias. Os resultados dos estudos destacam a atual ausência de intervenções da fisioterapia bem definidas usadas para tratar a tendinopatia do bíceps. Os especialistas chegaram a um consenso de que uma abordagem multimodal, incluindo exercícios, terapia manual e educação do paciente, poderia ser usada para tratar a tendinopatia da bíceps (MCDEVITT,2022). Dada natureza crônica da condição combinada com a falta de diretrizes estabelecidas para a intervenção, são necessárias pesquisas futuras para orientar os fisioterapeutas que gerenciam as doenças 8. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Matheus Oliveira de et al. Tratamento fisioterapêutico para epicondilite lateral: uma revisão sistemática. Fisioterapia em movimento, v. 26, p. 921-932, 2013. CHENG, Cong et al. Efficacy of concomitant acromioplasty in the treatment of rotator cuff tears: a systematic review and meta-analysis. PLoS One, v. 13, n. 11, p. e0207306, 2018. CHURGAY, Catherine A. Diagnosis and treatment of biceps tendinitis and tendinosis. American family physician, v. 80, n. 5, p. 470-476, 2009. EJNISMAN, Benno et al. Disorder of the long head of the biceps tendon. British journal of sports medicine, v. 44, n. 5, p. 347-354, 2010. HONG, Quan Nha; DURAND, Marie-José; LOISEL, Patrick. Treatment of lateral epicondylitis: where is the evidence?. Joint Bone Spine, v. 71, n. 5, p. 369-373, 2004. KOHIA, Mohamed et al. Effectiveness of physical therapy treatments on lateral epicondylitis. Journal of sport rehabilitation, v. 17, n. 2, p. 119-136, 2008. MCDEVITT, Amy W. et al. Physical therapy interventions for the management of biceps tendinopathy: an international Delphi study. International Journal of Sports Physical Therapy, v. 17, n. 4, p. 677, 2022. NEVIASER, Robert J. Lesions of the biceps and tendinitis of the shoulder. Orthopedic Clinics of North America, v. 11, n. 2, p. 343-348, 1980. NHO, Shane J. et al. Long head of the biceps tendinopathy: diagnosis and management. JAAOS-Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, v. 18, n. 11, p. 645-656, 2010. POST, MELVIN; BENCA, PAUL. Primary tendinitis of the long head of the biceps. Clinical Orthopaedics and Related Research®, v. 246, p. 117-125, 1989. RANEY, Elise B. et al. Pain and the pathogenesis of biceps tendinopathy. American journal of translational research, v. 9, n. 6, p. 2668, 2017. STRUIJS, P. A. A. et al. Conservative treatment of lateral epicondylitis: brace versus physical therapy or a combination of both—a randomized clinical trial. The American journal of sports medicine, v. 32, n. 2, p. 462-469, 2004. TEIXEIRA-SALMELA, Luci Fiscaldi; DE SOUZA MONTEIRO, Cristina Márcia. Papel do músculo bíceps braquial na estabilização da articulação glenoumeral: revisão anatômico-funcional e implicações clínicas. Fisioterapia e Pesquisa, v. 8, n. 1, p. 19-29, 2001. VARACALLO, Matthew; MAIR, Scott D. Proximal biceps tendinitis and tendinopathy. 2018. WEBER, Christoph et al. Efficacy of physical therapy for the treatment of lateral epicondylitis: ameta-analysis. BMC musculoskeletal disorders, v. 16, n. 1, p. 1-13, 2015. Walz, D. M., Newman, J. S., Konin, G. P., & Ross, G. (2010). Epicondylitis: pathogenesis, imaging, and treatment. Radiographics, 30(1), 167-184. 17 image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.png image6.jpeg image7.jpeg image8.png image9.jpeg image10.jpeg image11.png image12.png image13.png image1.png