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Protocolo de dor torácica Dor torácica de causa cardíaca: — Doença aterosclerótica — Síndromes isquemicas agudas — Pericardite — Angina variante de Prinzmetal (vasoespástica) — Angina microvascular — Anomalias coronarianas — Doenças valvares aórticas — Miocardiopatia hipertrófica. No caso de síndromes isquêmicas agudas, a dor torácica pode ocorrer de forma atípica (33% dos casos) ou ser substituída pelos equivalentes isquêmicos como: dispneia, síncope, sudorese, palidez, arritmias. Pacientes com maior probabilidade de apresentar dor torácica atípica ou equivalentes isquêmicos como manifestação da SCA? • Mulheres • Idosos • Diabéticos • Pacientes com doença renal crônica • Pacientes com quadro demencial. O que fazer em TODO paciente com dor torácica que chega na emergência? • Anamnese + exame físico. Diagnóstico diferencial: São múltiplas as causas de dor torácica, desde condições benignas a outras potencialmente fatais. A história permanece extremamente importante na avaliação inicial. A definição de dor torácica anginosa é o dado clínico de maior preditivo positivo para o diagnóstico de síndromes isquêmicas agudas. O diagnóstico de dor torácica de causa psicogênica é relativamente comum. É um diagnóstico de exclusão, pois não existem exames complementares que confirme. Se apresenta em indivíduos ansiosos, depressivos ou com síndrome do pânico. A dor pode ser opressiva, mas sem outras características tipicamente anginosas. Doenças do aparelho gastrointestinal (refluxo gastroesofágico, úlcera péptica, pancreatite, colecistite aguda) e as síndromes isquêmicas agudas podem ser facilmente confundidas. • A relação com jejum e alimentação e alterações no exame físico do abdômen são informações que sugerem doenças gastrointestinais. Diagnósticos diferenciais de dor torácica: • Dissecção da aorta • Pericardite • TEP • Pneumotórax • Refluxo gastroesofágico • Psicogênicas • Dor musculoesquelética 5 diagnósticos principais de dor torácica ameaçadores a vida: 1. Síndromes coronarianas agudas 2. Embolia pulmonar 3. Dissecção da aorta 4. Pneumotórax hipertensivo 5. Ruptura de esofágico. Caracterização da dor Dados fundamentais da anamnese: 1. Localização e tipo 2. Irradiação ou sintomas associados 3. Fatores desencadeastes, de melhora e piora. A dor sugestiva de isquemia miocárdica localiza-se em região precordial, retroesternal e/ou epigástrica. É tipo aperto, queimação, constrição ou desconforto torácico não adequadamente caracterizado. Laiana Brito Protocolo de dor torácica • Não se recomenda o uso isolado da localização para definição diagnóstica. • Várias condições clinicas podem se manifestar com dor na região torácica. • A irradiação pode ocorrer para o ombro direto, esquerdo ou ambos, mandíbula, região cervical, andar superior do abdome e interescapular. Características da dor que aumentam a probabilidade de SCA: 1. Irradiação para braço direito ou ombros 2. Irradiação para ambos os braços ou ombros 3. Associação ao exercício 4. Irradiação para braço esquerdo 5. Associação à diaforese 6. Associação a náuseas/vômitos 7. Similar a IAM prévio 8. Dor em opressão Características da dor que reduzem a probabilidade de SCA: 1. Dor pleurítica 2. Dor que se altera com a movimentação 3. Dor em pontada 4. Dor reprodut'ível à palpação 5. Dor em região inframamária 6. Dor não relacionada aos esforços. Classificação da dor torácica Tipo A: definitivamente anginosa. • Dor/desconforto restroesternal ou precordial, geralmente precipitados pelo esforço físico, podendo irradiar para ombro, mandíbula ou face interna do braço, com duração de alguns minutos, e aliviada por repouso ou nitrato em menos de 10 minutos. Tipo B: provavelmente anginosa. • Tem a maioria, mas não todas as características da dor definitivamente anginosa. Tipo C: provavelmente não anginosa. • Tem poucas características da dor definitivamente anginosa. Tipo D: definitivamente não anginosa. • Nenhuma característica da dor anginosa, mesmo se localizada na região precordial ou restroesternal. Fatores desencadeantes geralmente são esforço, estresse, após refeição copiosas e/ou frio intenso. Repouso e uso de nitrato são considerados fatores de melhora. • A dor, muitas vezes, se inicia gradual e e insidiosamente. IMPORTANTE!! A avaliação das características da dor torácica de forma isolada, ou seja, sem considerar o contexto clínico, tem baixa acurácia para o diagnóstico da insuficiência coronária obstrutiva. A característica da dor não é definidora, devendo sempre ser considerada em relação a idade, sexo, presença ou não de comorbidades e às alterações no exame físico e ECG. HEART: score que auxilia bastante neste tipo de avaliação. Fatores de risco e exame físico Após a adequada caracterização da dor, é necessário utilizar dados da anamnese identificando os fatores de risco para doença cardiovascular, bem como a realização do exame físico que na AÇA muitas vezes não se encontra alterado. Laiana Brito Protocolo de dor torácica Fatores de risco: • HAS • Idade avançada (>60 anos) • Dislipidemia • Tabagismo • DM Alterações ao exame físico: • Sinais de ICA • Hipotensão arterial • B3 • Insuficiência mitral nova • Congestão pulmonar Ecg • Após coleta de história, realização de exame físico e ECG, podemos definir a alocação do paciente no setor de emergência, caso possua alterações que sugiram isquemia. • Caso esses fatores não consigam definir um diagnóstico, devemos iniciar o protocolo de dor torácica. Alterações eletrocardiográficas: • Supra ou infradisnivelamento do segmento ST • Bloqueio de ramo novo • Onda Q • Plus/minus de onda T na parede superior • Supra de aVR e/ou V1 + infra de ST difuso (>7 derivações) • Alteração dinâmica • Taquicardia ventricular. Protocolo de dor torácica • Paciente que se apresenta no setor de emergência com dor torácica aguda, idealmente, deve ter a possibilidade de SCA confirmada ou descartado no menor tempo possível, com ferramentas de grande acurácia. • Fluxogramas atuais exigem menos tempo para a correta alocação do paciente, utilizando-se recursos, geralmente coletados à admissão ou em até 3 horas da chegada ao PA. • Existem protocolos para o manejo do paciente com dor torácica que se apresenta na emergência, sem evidência de supradesnivelamento de segmento ST no ECG, em que se leva em consideração: fatores clínicos, alterações laboratoriais e eletrocardiográficas da admissão para a tomada de decisão diagnóstica e terapêutica em curto tempo de acurácia. Score heart Considera 5 pontos chaves onde a soma leva a 3 grupos de risco: Fator Características Pontos História Altamente suspeita de SCA (apenas componentes de dor típica) Moderadamente suspeita de SCA (componentes de dor típica e outros de atípica) Baixa suspeita de SCA (apenas componentes de dor atípica) 2 1 0 ECG Depressão segmento ST Alteração de repolarização inespecífica Normal 2 1 0 Idade >65 anos 45-64 anos 3 fatores de risco ou história de aterosclerose 1 ou 2 fatores de risco Nenhum fator de risco 2 1 0 Troponina (inicial) >3x o limite da normalidade 1-3x o limite da normalidade Dentro do limite da normalidade 2 1 0 História: padrão da dor, início e duração, reação com exercício, estresse ou frio, localização da dor, sintomas concomitantes e reação a nitrados sublinguais. Alteração de repolarização inespeficífica: sobrecarga ventricular, bloqueio de ramo, efeitos da digoxina, ritmo de marca-passo. Fatores de risco: hipercolesterolemia, hipertensão, DM, tabagismo ativo ou abstêmio há menos de 1 mês, história familiar d e doença aterosclerótica e obesidade (IMC >30kg/m2). Baixo risco: 0-3 pts. • pode ser dada a alta precoce da emergencia • risco de ventos cardiovasculares inferior a 1-2% em seguimento de curto/médio prazo. Risco intermediário: 4-6 pts. • Manterem observação • Considerar a realização de exames não invasivos X invasivos de forma individualizada, tratamento medicamentoso para SCA. Alto risco: 7-10 pts. • Estratificação invasiva precoce (cateterismo cardíaco). Laiana Brito Protocolo de dor torácica • Observação por, no mínimo 6h do inicio da dor (para tempo hábil de alteração dos marcadores cardíacos) se disponíveis apenas troponina convencional ou CK-MB. • Exame físico de 3/3h ou se houver dor • ECG de 3/3h ou se houver dor • Marcadores de necrose miocárdica de 3/3h (troponina) • Considerar dosagem de CK-MB se ausência de troponina ou se disponibilidade apenas de troponina qualitativa. • Caso a troponina ultrassensível esteja disponível, o protocolo poderá ser abreviado com realização de ECG e tropo US na chegada e após 1 e 3 horas. APÓS A APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE DOR TORÁCICA, HÁ 2 POSSIBILIDADES: PROTOCOLO NEGATIVO: • Evolui sem dor • Sem alterações no exame físico • ECG seriado sem alterações • Marcadores de necrose miocárdica negativos. PROTOCOLO POSITIVO: • Pelo menos uma das seguintes alterações: — Exame físico sugestivo de ICA — Novas alterações no ECG (bloqueio de ramo, alteração do segmento ST) — Elevação de marcadores de necrose miocárdica. Confirmada SCA e deve ser iniciado o tratamento adequado. Laiana Brito I Protocolo de dor torácica PROTOCOLO NEGATIVO: • Não descarta SCA, porém a de IAM. Mesmo se for SCA, esta não apresenta alto risco de evoluir com IAM ou morte. • Há duas possibilidades: alta hospitalar e orientação para consulta ambulatorial e programação de teste não invasivo para avaliar isquemia em 72h. • Outra possibilidade é realizar teste não invasivo em ambiente hospitalar no final do protocolo (avalia prognóstico do paciente). • Se os testes não invasivos forem positivos, especialmente com alterações moderadas ou importantes, os pacientes devem ser tratados como SCA. • Pacientes com testes não invasivos normais podem receber alta. ECG E TROPONINA NORMAIS NÃO DESCARTAM SCA NA DOR TORÁCICA AGUDA. • 6% dos pacientes sem supra têm ECG completamente normal e outra parcela considerável apresenta alterações inespecíficas. • Os marcadores de necrose miocárdica são negativo nos casos de angina instável e quando coletados precocemente. • Lembrar que a troponina convenciona costuma demorar pelo menos 4 a 6h para começar a apresentar alterações significativas. Como fica o protocolo quando a troponina ultrassensível for disponível? • A TnUs é capaz de detectar níveis 10-100x menores no sangue, aumentando de forma significativa a sensibilidade do método, possibilitado o diagnóstico mais precoce de infarto. • Permite reduzir o tempo gasto “seriando marcadores, de forma que uma segunda amostra com intervalo de 3h consegue uma sensibilidade próxima a 100% para o diagnóstico de IAM. Exames complementares: 1. Eletrocardiograma: • Apesar de sua importância, tem uma serie de limitações, incluindo uma sensibilidade diagnóstica relativamente baixa para SCAA, sobretudo angina instável. • Alterações isquêmicas evidentes como supra e infradesnivelamento acima de 0.5mm estão presentes, na admissão em aproximadamente 20-30% dos pacientes com IAM. • ECG realizado e interpretado até 10 minutos em todo paciente com dor torácica na sala de emergência. • Novo ECG obtido em no máximo 3h em suspeita de SCA, mesmo com ECG normal. • Aumento de sensibilidade de 95% com ECG seriados 3/3h após a admissão (até 12h). • ECG união inicial normal não descarta o diagnóstico de SCA. 2. Ecocardiograma transtorácico: • Em pacientes com SCA, avalia as contratilidades miocárdica global e segmentar e ajuda a excluir outras causas de dr torácica (dissecção da aorta, TEP, tamponamento cardíaco). • Em casos de dor torácica duvidosa, pode ser usado como parte da avaliação inicial. • Se houver alteração segmentar, deve-se pensar em SCA. • Se houver aumento da pressão sistólica de artéria pulmonar (PSAP) com alteração de ventrículo direito, pensar em TEP. Laiana Brito Protocolo de dor torácica • Embora o eco não defina qua a alteração na contratilidade segmentar seja recente ou preexistente, a sua identificação reforça a probabilidade de isquemia e infarto. • Na avaliação das SCA tem uma alta sensibilidade, mas uma especificidade relativamente menor. • Ausência de alteração a contratilidade segmentar ventricular tem sensibilidade de até 94%para SCA, porém com valor preditivo positivo (VPP) inferior (85%). 3. Teste ergométrico: • Método de estresse de escolha para fins diagnósticos e/ou prognóstico em pacientes com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coronária e que tenham capacidade de realizar exercício eficaz (sem limitações ortopédicas, vasculares como DAOP etc.) • Baixo custo, valor preditivo (VP) negativo (98%). • Considerar nos casos em que não houve recorrência de dor, tropo e ECG seriado foram normais e o HEART score fica acima de 3 e menor que 7. 4. Cintilografia de perfusão miocárdica em repouso: • Investigação de dor torácica em pacientes com suspeita de SCA de baixo risco com eletrocardiograma normal ou não diagnóstico. • Deve ser realizada idealmente até 3h do início da dor. • Não é útil para pacientes com IAM prévio (alteração segmentar prévia), pois não permite diferenciar área de fibrose de isquemia aguda. 5. Angiotomografia coronária: • Grau de recomendação I e nível de evidência A nos pacientes com suspeita de SCA de risco baixo/intermediário, eletrocardiografia normal ou não diagnóstico e marcadores de necrose miocárdica negativos. • Grau de recomendação II, nível de evidência B na investigação de dor torácica aguda pela técnica do descarte triplo (triple rule-out), quando a avaliação é incapaz de direcionar a etiologia da dor torácica. • Limitações: pacientes com score de cálcio alto. • Caso positiva, confirma o diagnóstico de doença coronariana (DAC), mas não de SCA. • No entanto, existe a possibilidade de IAM com coronárias normais. • Há a necessidade de infusão de contraste iodado endovenoso e exposição à radiação. • Comparada ao protocolo de do torácica, não altera a mortalidade e/ou desfechos combinados (AVC), IAM, porém permite alta precoce do serviço de emergência. Outros exames complementares: • Radiografia de tórax— avaliação de alargamento mediastinal, presença de pneumotórax, derrame pleural. • Tomografia de tórax com protocolo para TEP. Laiana Brito