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1 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Dor torácica Objetivos 1- Discutir as principais etiologias, fatores de risco, sinais e sintomas, evolução, exames complementares e plano de cuidado do paciente com dor torácica típica e atípica. 2- Diferenciar o tratamento ambulatorial e de urgência e emergência em pacientes com dor torácica. 3- Abordar as modalidades de tratamento para IAM 4- Discutir a importância da Classificação de Manchester. Dor torácica A dor torácica é uma das queixas mais comuns do departamento de emergência (DE). Trata-se de um sintoma comum a diversas patologias, como doenças do coração, aorta, pulmões, pleura, mediastino, esôfago, estômago e outros órgãos abdominais. A dor torácica é a terceira razão mais comum de idas a emergências nos Estados Unidos, resultando em 6 a 7 milhões de consultas anuais a esses departamentos. Mais de 60% dos pacientes com esse problema são hospitalizados para a realização de exames mais detalhados e o restante é submetido a uma avaliação adicional no próprio departamento de emergência. Apenas cerca de 15% dos pacientes avaliados acabam recebendo o diagnóstico de síndrome coronariana aguda (SCA), com índices de 10 a 20% na maioria das séries de populações não selecionadas e uma taxa de apenas 5% em alguns estudos. Os diagnósticos mais comuns são causas gastrintestinais, e menos de 10% são de outras condições cardiopulmonares potencialmente fatais. Em uma grande proporção de pacientes com dor torácica aguda transitória, são excluídas a SCA ou outra causa cardiopulmonar, mas a causa não é determinada. - Artigo- diagnóstico diferencial de dor torácica na emergência 2019- Marcos Roscine Andrade Leite A dor torácica tem como descrição clássica, uma sensação de dor, irritação, formigamento ou sentimento de enclausuração, encontrada na retroesternal, que vai se irradiando para o ombro, braço esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula, frequentemente acompanhada de vômitos, náuseas ou dispnéia. O paciente também pode relatar um quadro clínico atípico como mal-estar, fraqueza ou apenas sudorese. Essa dor geralmente dura em torno de dez a vinte minutos. Atualmente um dos maiores desafios para o profissional médico é um paciente com dor torácica no pronto atendimento, este sintoma é bastante frequente que pode advir de múltiplas causas e representar uma grande diversidade de diagnóstico e tratamento, que por muitas vezes leva o médico a ter dúvidas em diferenciar qual o tipo de dor presente. Portanto, o paciente com essa queixa na emergência precisa de um o diagnóstico rápido e preciso, objetivando primordialmente o manuseio e cuidados das condições que oferecem risco de óbito ao paciente. Dor torácica - é a sensação de dor ou desconforto percebida de diversas formas, mas com localização na região anterior ou posterior do tórax. A dor torácica pode ser classificada pela característica anginosa da dor: • Dor TIPO A: DEFINITICAMENTE ANGINOSA: Desconforto retroesternal precipitado pelo esforço, com irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço esquerdo, aliviado pelo repouso ou nitrato. Características que dão certeza de Síndrome Coronariana Aguda, independentemente dos exames complementares. • Dor TIPO B: PROVAVELMENTE ANGINOSA: Dor torácica cujas características faz da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, porém com necessidade de exames complementares para a confirmação do diagnóstico. Tem a maioria das características da dor definitivamente anginosa, podendo ser típica sob alguns aspectos, mas atípica em outras. • Dor TIPO C: PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não faz da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, mas devido à existência de múltiplos fatores de risco, doença coronária prévia ou mesmo dor sem causa aparente, necessita de outros exames para excluí-la. Definida como um padrão atípico de dor torácica que não se adapta à descrição da dor definitivamente anginosa. • Dor TIPO D: DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não incluem a Síndrome Coronariana Aguda no diagnóstico diferencial. Dor com aspectos evidentes de origem não cardíaca. Principais etiologias de dor torácica Principais etiologias de dor torácica Cardiovasculares Insuficiência coronariana Dissecção de aorta Embolia pulmonar Cardiomiopatia hipertrófica 2 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Pericardite Estenose valvar aórtica Psicogênicas Ansiedade Transtorno do pânico Gastroesofágicas Espasmo/rotura/refluxo esofágico Dispepsia Colecistopatias Pancreatite Pulmonares Pneumotórax Pneumomediastino Pneumonia Musculoesqueléticas Costocondrite Mialgia Causas cardiopulmonares Doenças pericárdicas e outras miocárdicas A inflamação do pericárdio devido a causas infecciosas ou não infecciosas pode ser responsável pela dor torácica aguda ou crônica. A superfície visceral e a maioria da superfície parietal do pericárdio são insensíveis à dor. Assim, acredita-se que a dor da pericardite surja principalmente da inflamação pleural associada. Por causa dessa associação pleural, a dor da pericardite em geral é pleurítica e exacerbada pela respiração, pela tosse ou por alterações na posição. Além disso, devido ao suprimento sensitivo sobrejacente do diafragma central via nervo frênico com fibras sensitivas somáticas originárias do terceiro ao quinto segmentos cervicais, a dor da pericardite pleural costuma irradiar-se para o ombro e o pescoço. O acometimento da superfície pleural do diafragma lateral pode resultar em dor na parte superior do abdome. Doenças inflamatórias agudas e outras miocárdicas não isquêmicas também podem causar dor torácica. Os sintomas da miocardiopatia Takotsubo (relacionada com estresse) em geral começam abruptamente, com dor torácica e dificuldade respiratória. Essa forma de miocardiopatia, em sua apresentação mais reconhecível, é desencadeada por um evento estressante e pode simular o IAM pelas anormalidades comumente associadas do ECG, inclusive elevação do segmento ST e dos biomarcadores de lesão miocárdica. Estudos de observação confirmam uma predileção por mulheres > 50 anos de idade. Os sintomas de miocardite aguda são extremamente variáveis. A dor torácica pode originar-se de lesão inflamatória do miocárdio ou ser causada por aumentos severos no estresse da parede miocárdica relacionados com mau desempenho ventricular. Artigo- Síndrome de Takotsubo: uma revisão de literatura 2024- Ana Karina Borges de Moura Síndrome de Takotsubo (STT), também conhecida como síndrome do coração partido ou, ainda, cardiomiopatia induzida por estresse, é uma doença rara caracterizada por uma disfunção sistólica e diastólica ventricular esquerda. Ela simula uma síndrome coronariana aguda (SCA). Porém, na síndrome de Takotsubo, as coronárias são lisas .Ou seja, não há obstrução por placa nem ruptura. Os fatores de risco estão associados com idade avançada, tabagismo, etilismo, dislipidemia, estados de ansiedade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e história doença cardiovascular. É comum no eletrocardiograma (ECG) apresentar elevação do seguimento ST nas derivações laterais, porém não é específico para o diagnóstico da STT. Inúmeros mecanismos fisiopatológicos têm sido postulados para elucidar a STT, porém sua principal conjectura é decorrente de um excesso de catecolaminas, associada com estresse físico ou emocional, ocasionando uma sobrecarga de cálcio nos músculos cardíacos, causando uma disfunção na contração e função dos ventrículos. Outra situação de excesso de catecolaminas é o feocromocitoma. -------- DoençasEm pacientes que não foram submetidos à fibrinólise, o introdutor arterial deve ser retirado após 6 h da última dose de HNF ou 12 h da última dose de enoxaparina (o que durar mais). Todos os pacientes são submetidos a ecocardiograma transtorácico no primeiro dia pós-IAM, preferencialmente após a retirada do introdutor arterial. O exame deve ser repetido a qualquer momento caso haja deterioração clínica do paciente, principalmente em busca de complicações mecânicas associadas ao IAM. Após o tratamento inicial, todos os pacientes devem idealmente ser transferidos à unidade coronariana, onde permanecem com telemetria contínua. O tempo médio de internação de pacientes com IAMCSST é de 7 dias. Eventualmente, em pacientes em Killip I, rapidamente reperfundidos, com função ventricular preservada e sem ocorrência de arritmias, a alta hospitalar pode ser considerada de maneira mais precoce, por volta do quinto dia de internação. Classificação de Manchester No Brasil, a classificação mais comum é o Protocolo de Manchester. Trata-se de um protocolo de seleção de pacientes adotado no mundo todo. Foi aplicado pela primeira vez na cidade de Manchester, na Inglaterra, em 1997 — e por isso tem esse nome. Ele é resultado do trabalho colaborativo de médicos e enfermeiros de 9 (nove) hospitais de Manchester, no Reino Unido, entre 1994 e 1995. Na prática, é um método de triagem de pacientes que determina escalas de urgência, ou seja, os pacientes que necessitam de atendimento médico são classificados de acordo com a gravidade do quadro clínico apresentado e o tempo de espera recomendado. O uso do protocolo de Manchester é importante para que os atendimentos sejam feitos no tempo que os pacientes realmente precisam. Em um hospital que recebe muitos pacientes, por exemplo, é fundamental ter um critério claro sobre quem deve ser atendido primeiro. Desse modo, a fila de atendimento se torna mais organizada, ao mesmo tempo em que atende a todos conforme as suas necessidades. Além disso, o processo de atendimento fica mais previsível, facilitando o controle e a avaliação do desempenho da equipe. O protocolo de Manchester classifica os pacientes por meio de uma tabela de cores, em que cada cor representa o nível de gravidade dos sintomas. Confira a seguir: • Vermelho: significa emergência. O paciente deve ser atendido imediatamente. São os casos em que o paciente apresenta risco de morte; • Laranja: muito urgente. O paciente pode esperar no máximo 10 (dez) minutos para ser atendido. Aqui, o paciente também apresenta risco de morte, embora esteja um pouco mais estável que o anterior; • Amarelo: casos urgentes, nos quais a gravidade é moderada. O tempo de espera pode ser de 50 minutos; • Verde: pouco urgente, é indicado para os casos menos graves. O paciente pode esperar até 2 (duas) horas; 19 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 • Azul: não urgente. É a classificação mais baixa, que envolve problemas simples. Assim, o paciente pode esperar até 4 (quatro) horas. Referencias FAVARATO, Maria Helena S.; SAAD, Rafael; IVANOVIC, Lígia F.; e outros. Manual do residente de clínica médica . 3ª edição. Barueri: Manole, 2023. E-book. pág.418. ISBN 9788520462669. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 88520462669/. Acesso em: 12 out. 2024. MARTINS, Milton de A.; e outros. Semiologia clínica . Barueri: Manole, 2021. E-book. pág.299. ISBN 9786555765250. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 86555765250/. Acesso em: 12 out. 2024. JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Medicina interna de Harrison - 2 volumes. 20th ed. Porto Alegre: ArtMed, 2019. E-book. p.77. ISBN 9788580556346. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 88580556346/. Acesso em: 12 out. 2024. NETO, Rodrigo Antonio B.; SOUZA, Heraldo Possolo de; MARINO, Lucas O.; e outros. Manual de medicina de emergência: disciplina de emergências clínicas: Hospital das Clínicas da FMUSP . 3ª edição. Barueri: Manole, 2022. E-book. pág.146. ISBN 9786555767827. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 86555767827/. Acesso em: 12 out. 2024. JATENE, Ieda B.; FERREIRA, João Fernando M.; DRAGER, Luciano F.; et al. Tratado de cardiologia SOCESP. 5th ed. Barueri: Manole, 2022. E-book. p.618. ISBN 9786555765182. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 86555765182/. Acesso em: 12 out. 2024. SOEIRO, Alexandre de M.; LEAL, Tatiana de Carvalho A.T.; ACCORSI, Tarso Augusto D.; e outros. Manual da residência em cardiologia . 2ª edição. Barueri: Manole, 2021. E-book. pág.457. ISBN 9786555766646. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/97 86555766646/. Acesso em: 12 out. 2024. ROSCINE ANDRADE LEITE, M. et al. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORÁCICA NA EMERGÊNCIA. Revista interdisciplinar em saúde, v. 6, n. 5, p. 111–127, 25 nov. 2019. SILVA DOS SANTOS, E.; TIMERMAN, A. DOR TORÁCICA NA SALA DE EMERGÊNCIA: QUEM FICA E QUEM PODE SER LIBERADO? Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, v. 28, n. 4, p. 394–402, 15 dez. 2018. MORAES, L. U. DE; BERNARDES, V. R. M. SÍNDROME DE DOR TORÁCICA. As Bases do Diagnóstico Sindrômico, p. 30–37, 2023. Programa de Cuidados Clínicos. [s.l: s.n.]. Disponível em: . Programa de Cuidados Clínicos. Protocolo de Conduta no Atendimento da Dor Torácica 2021. Disponível em: . NICOLAU et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST – 2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 117, n. 1, p. 181- 264, 2021. MORAES, L. U. DE; BERNARDES, V. R. M. SÍNDROME DE DOR TORÁCICA. As Bases do Diagnóstico Sindrômico, p. 30–37, 2023. SILVA DOS SANTOS, E.; TIMERMAN, A. DOR TORÁCICA NA SALA DE EMERGÊNCIA: QUEM FICA E QUEM PODE SER LIBERADO? Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, v. 28, n. 4, p. 394–402, 15 dez. 2018. ROSCINE ANDRADE LEITE, M. et al. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORÁCICA NA EMERGÊNCIA. Revista interdisciplinar em saúde, v. 6, n. 5, p. 111–127, 25 nov. 2019. ACLS 2020 ACLS 2022da aorta - A dissecção aórtica aguda é uma causa menos comum de dor torácica, mas é importante pela história natural catastrófica de certos subgrupos de casos, quando o diagnóstico é tardio ou o problema não é tratado. A dissecção aórtica envolve uma laceração na íntima aórtica, resultando em separação da média e criação de um lúmen “falso” separado. Comumente, o fenômeno tem origem a partir de uma lesão da camada íntima, em regiões de maior estresse de cisalhamento, frequentemente observadas na parede lateral direita da aorta ascendente (oposta à artéria pulmonar) ou, ainda, na porção proximal da aorta descendente. 3 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Os principais fatores de risco para a DA são hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, dislipidemia, uso de drogas ilícitas (como cocaína), doenças do tecido conjuntivo, história familiar de doença aórtica, doenças vasculares hereditárias (valva aórtica bicúspide, coarctação aórtica), doenças vasculares inflamatórias e infecciosas (sífilis e tuberculose); trauma torácico contuso e manipulação cirúrgica da aorta. As DA podem ser classificadas de acordo com as porções do vaso acometidas pela doença, sendo duas classificações comumente utilizadas. A classificação de DeBakey separa as DA em tipo I (acomete a aorta ascendente e descendente), tipo II (envolve apenas a aorta ascendente) e tipo III (envolve apenas a aorta descendente, a partir da origem da artéria subclávia esquerda). A classificação de Stanford é mais simples e classifica as DA em Tipo A, que acomete a aorta ascendente, e tipo B, que se restringe apenas à aorta descendente. Dois fenômenos são atribuídos como causas iniciais da dissecção aórtica: 1) a ruptura dos vasa vasorum levando ao sangramento intramural (mais rara, caracterizada pela ausência de comunicação entre a falsa luz e a luz verdadeira, favorecendo a trombose da falsa luz); 2) a lesão da camada íntima com infiltração de sangue na parede do vaso (mais frequentemente observada, a qual possibilita a pressurização da falsa luz pelo fluxo pulsátil arterial e a progressão do processo de dissecção). Característica da dor Dissecção de aorta Dor súbita precordial lancinante/dilacerante, irradiada para o dorso - Hematoma intramural é um hematoma na parede aórtica sem flap ou laceração da íntima demonstrável em radiografias e também sem lúmen falso. O hematoma intramural pode ocorrer devido à ruptura dos vasa vasorum ou, menos comumente, a uma úlcera penetrante. Cada um desses subtipos de síndrome aórtica aguda costuma apresentar-se com dor torácica em geral intensa, de início súbito e às vezes descrita como de qualidade “dilacerante”. As síndromes aórticas agudas que envolvem a aorta ascendente tendem a causar dor na linha média da parte anterior do tórax, enquanto as síndromes aórticas descendentes manifestam-se com maior frequência por dor nas costas. Assim, a dissecção que começa na aorta ascendente e segue para a aorta descendente tende a causar dor torácica anterior, estendendo-se para o dorso, entre as escápulas. - Embora os aneurismas aórticos sejam mais frequentemente assintomáticos, os aneurismas da aorta torácica podem causar dor torácica e outros sintomas pela compressão de estruturas adjacentes. Essa dor tende a ser constante, profunda e ocasionalmente intensa. A aortite, seja de etiologia infecciosa ou não, na ausência de dissecção aórtica, é uma causa rara de dor torácica ou nas costas. Condições pulmonares As condições pulmonares e vasculares pulmonares que causam dor torácica em geral o fazem em conjunto com dispneia e costumam acarretar sintomas de natureza pleurítica. - Embolia pulmonar. Êmbolos pulmonares (com incidência anual de aproximadamente 1 por 1.000) podem causar dispneia e dor torácica de início súbito. Tipicamente de padrão pleurítico, a dor torácica associada à embolia pulmonar pode resultar de (1) envolvimento da superfície pleural do pulmão adjacente ao infarto pulmonar resultante; (2) distensão da artéria pulmonar; ou (3), possivelmente, estresse da parede ventricular direita e/ou isquemia subendocárdica relacionada com hipertensão pulmonar aguda. A dor associada a pequenos êmbolos pulmonares geralmente é lateral e pleurítica, e acredita-se que esteja relacionada com o primeiro dos três mecanismos. Em contraste, a embolia pulmonar maciça pode causar dor subesternal intensa, que pode simular um IAM e ser atribuída de maneira plausível ao segundo e ao terceiro desses mecanismos potenciais. A embolia pulmonar maciça ou submaciça também pode estar associada a síncope, hipotensão e sinais de insuficiência cardíaca direita. Característica da dor Embolia pulmonar Dor súbita pleurítica Pode estar acompanhada de hemoptise e dispneia 4 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 - Pneumotórax. O pneumotórax espontâneo primário é uma causa rara de dor torácica, com incidência anual estimada nos Estados Unidos de 7 por 100 mil homens eincluindo colecistite e cólica biliar, podem simular doenças cardiopulmonares agudas. Embora a dor causada por esses distúrbios em geral se localize no quadrante superior direito do abdome, ela é variável, podendo ser sentida no epigástrio e se irradiar para as costas e para a parte inferior do tórax. Às vezes, essa dor é sentida na escápula ou, em raros casos, no ombro, sugerindo irritação diafragmática. A dor é constante, em geral dura várias horas e passa espontaneamente, sem sintomas entre as crises. A dor que resulta de pancreatite é normalmente epigástrica intensa e se irradia para as costas. Causas musculoesqueléticas e outras - A dor torácica pode ser causada por qualquer distúrbio musculoesquelético que envolva a parede torácica ou seus nervos, o pescoço ou os membros superiores. A costocondrite, que causa sensibilidade das articulações costocondrais (síndrome de Tietze), é relativamente comum. A radiculite cervical pode manifestar-se como uma dor intensa prolongada ou constante na parte superior do tórax e nos membros. A dor pode ser exacerbada pela movimentação do pescoço. Ocasionalmente, a dor torácica pode ser causada por compressão do plexo braquial pelas costelas cervicais, e a tendinite ou a bursite que envolve o ombro esquerdo pode simular a irradiação de angina. A dor na distribuição de um dermátomo também pode ser causada por cãibra de músculos intercostais ou por herpes- zóster Transtornos emocionais e psiquiátricos Até 10% dos pacientes que chegam à emergência com dor torácica aguda têm um transtorno do pânico ou condição relacionada. Os sintomas podem incluir aperto no tórax ou dor associada a uma sensação de ansiedade e dificuldade respiratória. Os sintomas podem ser prolongados ou transitórios. Característica da dor Musculoesquelética Dor que piora à movimentação de tórax e/ou membros superiores Reprodutível à palpação Psicológico Variável; em geral, se manifesta como aperto e dispneia com sensação de pânico ou morte iminente 5 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Isquemia/lesão miocárdica A isquemia miocárdica que causa dor torácica, denominada angina pectoris, é uma preocupação clínica primária em pacientes que se apresentam com sintomas torácicos. A isquemia miocárdica é precipitada por um desequilíbrio entre a necessidade miocárdica e o fornecimento miocárdico de oxigênio, resultando em fornecimento insuficiente de oxigênio para satisfazer as demandas metabólicas cardíacas. O consumo miocárdico de oxigênio pode estar elevado por aumentos na frequência cardíaca, estresse da parede ventricular e contratilidade miocárdica, enquanto o fornecimento miocárdico de oxigênio é determinado pelo fluxo sanguíneo coronariano e pelo conteúdo de oxigênio arterial coronariano. Quando a isquemia miocárdica é grave o suficiente e prolongada (mesmo que apenas 20 minutos), ocorre lesão celular irreversível, resultando em IAM. A causa mais comum de cardiopatia isquêmica é uma placa ateromatosa que obstrui uma ou mais artérias coronárias epicárdicas. Mecanismos de isquemia miocárdica Placas ateroscleróticas com estreitamento da luz do vaso Vasoespasmo coronariano Disfunção microvascular Cardiomiopatia isquêmica Associação de alguns ou de todos os mecanismos acima Doenças clínicas que diminuem a oferta ou aumentam o consumo de oxigênio A cardiopatia isquêmica estável em geral resulta do estreitamento aterosclerótico gradual das coronárias. A angina estável caracteriza-se por episódios isquêmicos que costumam ser precipitados por um aumento superposto na demanda de oxigênio durante exercício físico e aliviados com repouso. A cardiopatia isquêmica torna-se instável mais comumente quando uma ruptura ou erosão de uma ou mais lesões ateroscleróticas desencadeia trombose coronariana. A cardiopatia isquêmica instável é classificada clinicamente pela presença ou ausência de lesão miocárdica detectável e pela presença ou ausência de elevação do segmento ST no eletrocardiograma (ECG) do paciente. Acentuada por sintomas isquêmicos em repouso, com atividade mínima ou em um padrão “em crescendo”, a cardiopatia isquêmica instável é classificada como angina instável quando não há lesão miocárdica detectável e como IAM sem elevação do ST (IAMSEST) quando há evidência de necrose miocárdica. Quando o trombo coronariano causa obstrução aguda e completa, em geral segue-se isquemia miocárdica transmural, com elevação do segmento ST no ECG e necrose miocárdica, levando a um diagnóstico de IAM com elevação do ST (IAMEST). A dor anginosa típica é definida por três características associadas: dor retroesternal, desencadeada/piorada pelo esforço e que melhora dentro de 10 minutos de repouso. Quando há apenas duas características, ela é dita atípica. Probabilidade de síndrome coronariana aguda (SCA) • Os fatores de risco (FR) considerados são: idade (> 60 anos), hipertensão, diabetes mellitus (DM), tabagismo, dislipidemia, doença aterosclerótica conhecida (DAC) e história familiar de doença coronariana precoce (homens 60 anos). • Intermediária probabilidade: 2 FR (exceto DM, DAC ou idade > 60 anos). • Alta probabilidade: mais de 2 FR ou DM ou DAC (coronariopatia, insuficiência arterial periférica ou doença carotídea) ou idade > 60 anos. Angina Estável A angina estável, também chamada de angina clássica, permanece relativamente constante e previsível em termos de qualidade e duração, eventos precipitantes e resposta ao tratamento. Caracteriza-se por breves episódios de desconforto torácico relacionados a atividades que aumentam a necessidade de oxigênio do coração. Os sintomas geralmente começam gradualmente, duram menos de 5 minutos e geralmente são aliviados em 5 minutos com repouso, GTN de ação curta ou ambos. Embora os achados do ECG possam ser normais em repouso, o ECG geralmente revela infradesnivelamento do segmento ST nas derivações que enfrentam a área afetada do ventrículo durante um episódio de angina. Angina Variante A angina variante, também chamada de angina de Prinzmetal ou angina vasoespástica, é uma forma de angina resultante de vasoespasmo coronário intenso. O vasoespasmo coronariano pode ocorrer em pacientes com ou sem ateRCElerose coronariana, pode ser focal ou difuso e pode afetar as artérias coronárias epicárdicas ou microvasculares Os episódios geralmente duram apenas alguns minutos, mas podem ser longos o suficiente para produzir arritmias graves, como bloqueio AV, taquicardia ventricular (TV), fibrilação ventricular (FV), bem como morte súbita cardíaca. Se o espasmo for prolongado, pode ocorrer infarto. 6 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Os pacientes com angina variante são geralmente mais jovens (geralmente na faixa dos 40 ou 50 anos) e têm menos fatores de risco coronariano (exceto tabagismo) em comparação com pacientes com angina crônica estável. O fator de risco predisponente mais importante para a angina variante é o tabagismo. O paciente com angina variante queixa-se de desconforto torácico que muitas vezes é descrito como grave e pode ser acompanhado de síncope. . Embora a angina típica produza infradesnivelamento do segmento ST, a angina variante geralmente produz elevação do segmento ST durante períodos de desconforto torácico ou durante o exercício. Os segmentos ST normalmente retornam à linha de base após a resolução do episódio de desconforto torácico. Como o Nitroglicerina (NTG) é eficaz no alívio do espasmo coronário, a evidência ECG de angina variante pode ser perdida se nenhum ECG pré-tratamento for obtido. O tratamento geralmente inclui um bloqueador de cálcio, sozinho ou em combinação com um nitrato de ação prolongada. Como váriosestudos mostraram que as estatinas são eficazes na prevenção do vasoespasmo da artéria coronária, os profissionais podem optar por adicionar a terapia com estatina ao regime de medicação convencional do paciente • Os betabloqueadores devem ser usados com cautela nesses pacientes, pois podem exacerbar o vasoespasmo coronariano. Avaliação do paciente com dor torácica Sistematização do atendimento de pacientes com dor torácica aguda Gov.br O acolhimento deve incluir as seguintes informações: • Situação/Queixa/Duração • Classificar a dor em intensidade pela escala de 1 a 10 (Escala visual analógica) • Breve histórico (relatado pelo próprio paciente, familiar ou testemunhas) • Uso de medicações • Verificação de sinais vitais • Verificação da glicemia e eletrocardiograma A classificação de risco se dará nos seguintes níveis: Vermelho: Prioridade zero - emergência, necessidade de atendimento imediato. Amarelo: Prioridade 1 – urgência, atendimento o mais rápido possível. Verde: Prioridade 2 – prioridade não urgente. Azul: Prioridade 3 – consultas de baixa complexidade – atendimento de acordo com o horário de chegada. Presença de supradesnivelamento de ST ou sinais de isquemia definem classificação de risco em emergência / urgência. Protocolo Clínico de Síndromes Coronarianas Aguda 2023- Gov. br Critérios clínicos sugestivos de SCA que exigem a avaliação imediata do paciente, com realização de ECG até 10 minutos após o atendimento inicial: - dor ou desconforto torácico significativo, de início recente, durando mais que 15 minutos; - localização em qualquer local do tórax, possivelmente incluindo pescoço, braços, dorso e abdome superior. Fatores que indicam possível maior gravidade e favorecem o atendimento rápido: - sintomas associados com sudorese, náuseas, vômitos ou perda transitória da consciência; - idade acima de 30 anos, em ambos os sexos; - semelhança com episódio conhecido de angina ou ataque cardíaco prévio; - irradiação para o membro superior direito. -------- A caracterização da dor é feita de forma objetiva, com base nas seguintes variáveis: ■ Característica e localização: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/infarto-agudo-do-miocardio/unidade-de-pronto-atendimento/acolhimento-triagem/ 7 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 – característica: aperto, queimação, opressão, peso; – localização: retroesternal, precordial, epigástrica. Uma localização subesternal com irradiação para pescoço, mandíbula, ombros ou braços é típica da dor miocárdica isquêmica. A irradiação para ambos os braços tem associação particularmente forte com IAM como etiologia. Alguns pacientes têm como único sintoma da isquemia uma dor contínua nos locais da dor irradiada. Entretanto, a dor altamente localizada – por exemplo, a que pode ser demarcada pela ponta de um dedo – é bastante incomum na angina. Uma localização retroesternal deve levar à consideração imediata de dor esofágica, embora outras condições gastrintestinais geralmente se manifestem com dor mais intensa no abdome ou epigástrio e possível irradiação para o tórax. A angina também pode ocorrer em localização epigástrica. Porém, a dor que ocorre exclusivamente acima da mandíbula ou abaixo do epigástrio raramente é angina. A dor grave que se irradia para as costas, em particular entre as escápulas, deve levar à consideração imediata de uma síndrome aórtica aguda. A irradiação para a crista do trapézio é característica de dor pericárdica e não costuma ocorrer com angina. ■ Irradiação e/ou sintomas associados: – irradiação: dorso, mandíbula, membros superiores (principalmente esquerdo), ombros, pescoço; – sintomas associados: náuseas, dispneia, sudorese, vômitos, palidez. Os sintomas que acompanham a isquemia miocárdica podem incluir diaforese, dispneia, náuseas, fadiga, desmaio e eructações. Além disso, esses sintomas podem estar presentes isoladamente como equivalentes anginosos (i.e., outros sintomas de isquemia miocárdica que não a angina típica), particularmente em mulheres e idosos. ■ Fatores de melhora e/ou piora: – piora: esforço físico, estresse emocional; – melhora: uso de nitrato, repouso. Pacientes com dor miocárdica isquêmica em geral preferem ficar em repouso, sentados ou parar de caminhar. Contudo, os clínicos devem lembrar o fenômeno da “angina do aquecimento”, em que alguns pacientes têm alívio da angina à medida que continuam com o mesmo nível de exercício ou até maior. Alterações na intensidade da dor com mudanças na posição ou à movimentação dos membros superiores e do pescoço são menos prováveis com isquemia miocárdica e sugerem uma etiologia musculoesquelética. A dor da pericardite, no entanto, costuma ser grave na posição supina e aliviada quando o paciente senta-se ereto e inclina-se para frente. O refluxo gastresofágico pode ser exacerbado por álcool, alguns alimentos ou uma posição reclinada. É possível ocorrer alívio ao sentar. A exacerbação à alimentação sugere uma etiologia gastrintestinal, como úlcera péptica, colecistite ou pancreatite. A doença ulcerosa péptica tende a tornar-se sintomática 60 a 90 minutos após as refeições. Todavia, no contexto de aterosclerose coronariana grave, a redistribuição do fluxo sanguíneo para a vasculatura esplâncnica após a alimentação pode desencadear angina pós-prandial. A dor do refluxo ácido e da úlcera péptica em geral diminui imediatamente com tratamentos com antiácido. Com base nesses grupos de variáveis, é possível proceder à categorização da dor: ■ Tipo A (definitivamente anginosa): apresenta todas as características dos 3 grupos. ■ Tipo B (provavelmente anginosa): apresenta características de 2 dos 3 grupos. ■ Tipo C (provavelmente não anginosa): apresenta características de apenas 1 dos 3 grupos. ■ Tipo D (definitivamente não anginosa): não apresenta as características descritas. Uma vez categorizada a dor, é importante definir a intensidade de esforço necessária para desencadeá-la, conforme classificação da Canadian Cardiovascular Society (CCS): ■ CCS I: esforços extra-habituais (ex.: esforço extenuante, rápido ou prolongado). ■ CCS II: esforços habituais (ex.: caminhar mais do que 2 quarteirões em terreno plano ou subir mais de um lance de escada). ■ CCS III: esforços menores que os habituais (ex.: caminhada por 1 a 2 quarteirões em terreno plano ou ao subir um lance de escada). ■ CCS IV: mínimos esforços ou repouso. Na história clínica, além da avaliação da dor torácica, quando existente, é fundamental que os antecedentes pessoais e familiares sejam explorados adequadamente. Pacientes com fatores de risco conhecidos estão mais sujeitos a ter ou a desenvolver a doença, o que torna sua abordagem diferente daqueles sem qualquer um dos fatores. Fatores de risco para doença arterial coronariana Idade Diabetes melito Hipertensão arterial Dislipidemia Obesidade Sedentarismo Tabagismo 8 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 História familiar positiva Em 2010, Boesner et al.9 propuseram cinco características para que em um contexto de atendimento primário fosse possível confirmar ou descartar a hipótese de doença coronariana: • Homens com idade superior a 55 anos e mulheres com idade superior a 65 anos. • Doença cardiovascular conhecida. • Crença, pelo paciente, que a dor seja de origem cardíaca. • Piora da dor durante os esforços. • Ausência de dor à palpação torácica. Ainda, segundo os autores, quando apenas duas características (ou menos) estiverem presentes, é possível descartar a hipótese de DAC com especificidade de 81%. No entanto, quando 3 a 5 características estão presentes, a sensibilidade do teste chega a 87%. Ainda, segundo os autores, quando apenas duas características (ou menos) estiverem presentes, é possíveldescartar a hipótese de DAC com especificidade de 81%. No entanto, quando 3 a 5 características estão presentes, a sensibilidade do teste chega a 87%. Sintomas “atípicos”, quando valorizar? Queixas isoladas como sudorese, náusea, dor epigástrica, dispepsia, dispneia e síncope podem ser os primeiros/únicos sintomas referidos por pacientes idosos (>75 anos), mulheres, diabéticos, portadores de doença renal crônica, demência ou transplantados cardíacos. Os pacientes que estão passando por uma SCA e com maior probabilidade de apresentar atipicamente incluem os seguintes • Adultos mais velhos Os idosos podem apresentar sintomas atípicos, como dispneia, dor no ombro ou nas costas, fraqueza, fadiga, alteração do estado mental, síncope, náuseas inexplicáveis e desconforto abdominal ou epigástrico. Eles também são mais propensos do que os pacientes mais jovens a apresentar condições preexistentes mais graves, como hipertensão, insuficiência cardíaca ou infarto agudo do miocárdio prévio • Indivíduos diabéticos Indivíduos diabéticos podem apresentar-se de forma atípica devido à neuropatia autonômica que impede a percepção da dor. Os sinais e sintomas podem incluir alteração do estado mental, fadiga, náuseas ou vômitos, dispneia, fraqueza generalizada ou tontura. •Mulheres As mulheres que sofrem de SCA são menos propensas do que os homens a sentir dor ou desconforto no peito; no entanto, a maioria apresenta sintomas prodrômicos (ou seja, sintomas que são novos e intermitentes antes de um evento agudo e desaparecem espontaneamente após o evento), como falta de ar ou fadiga incomum por semanas ou mesmo meses antes de um evento cardíaco agudo. Estudos revelam que as mulheres referem-se ao desconforto torácico de forma diferente dos homens usando descritores como pontada, pontada, dor ou aperto e podem sentir dor ou desconforto em outros locais do corpo, como o localizado no(s) braço(s), ombro, meio das costas , mandíbula ou epigástrio. Ao experimentar uma SCA, as mulheres podem relatar sintomas que incluem fadiga incomum, ansiedade, indigestão frequente, batimentos cardíacos, novos problemas de visão, alterações no pensamento ou na lembrança, perda de apetite, formigamento nas mãos ou braços, dormência ou queimação nas mãos ou dedos, tosse e aumento da frequência ou intensidade das dores de cabeça. • Pacientes com doença renal crônica Os pacientes em diálise apresentam atrasos pré- hospitalares mais longos, são menos frequentemente reconhecidos como tendo um infarto agudo do miocárdio e têm menos frequentemente elevação do segmento ST ou bloqueio de ramo esquerdo (BRE) no ECG inicial do que os pacientes que não estão em diálise. • Pacientes com demência • Pacientes com cirurgia cardíaca prévia • Pacientes no pós-operatório imediato após cirurgia não cardíaca Exame físico Além de proporcionar uma avaliação inicial da estabilidade clínica do paciente, o exame físico daqueles com dor torácica pode fornecer evidência direta de etiologias específicas de dor torácica (p. ex., ausência unilateral de sons pulmonares) e identificar fatores precipitantes potenciais de causas cardiopulmonares agudas de dor torácica (p. ex., hipertensão não controlada), comorbidades relevantes (p. ex., doença pulmonar obstrutiva crônica) e complicações da síndrome de apresentação (p. ex., insuficiência cardíaca). - Geral. A aparência geral do paciente é útil para estabelecer uma impressão inicial da gravidade da doença. Pacientes com IAM ou outros distúrbios cardiopulmonares agudos em geral parecem ansiosos, desconfortáveis, pálidos, cianóticos ou diaforéticos. Os que massageiam ou 9 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 apertam seu tórax podem descrever a dor com o punho cerrado contra o esterno (sinal de Levine). - Sinais vitais. Taquicardia e hipotensão significativas são indicativas de consequências hemodinâmicas importantes da causa subjacente da dor torácica e devem levar a uma pesquisa imediata e rápida de condições mais graves, como IAM com choque cardiogênico, embolia pulmonar maciça, pericardite com tamponamento ou pneumotórax hipertensivo. Emergências aórticas agudas em geral se apresentam com hipertensão grave, mas podem estar associadas à hipotensão grave na vigência de comprometimento coronariano ou dissecção no pericárdio. Taquicardia sinusal é uma manifestação importante de embolia pulmonar submaciça. Taquipneia e hipoxemia indicam uma causa pulmonar. A presença de febre baixa é inespecífica porque pode ocorrer com IAM e com tromboembolismo, além de infecção. - Pulmonares. O exame dos pulmões pode localizar uma causa pulmonar primária de dor torácica, como nos casos de pneumonia, asma ou pneumotórax. Disfunção ventricular esquerda decorrente de isquemia/infarto graves e complicações valvulares agudas do IAM ou dissecção aórtica podem ocasionar edema pulmonar, um indicador de alto risco. - Sistema cardíaco O pulso venoso jugular costuma estar normal em pacientes com isquemia miocárdica aguda, mas também pode revelar padrões característicos com tamponamento pericárdico ou disfunção ventricular direita aguda. A ausculta cardíaca pode revelar uma terceira bulha cardíaca ou, mais comumente, uma quarta, refletindo disfunção miocárdica sistólica ou diastólica. Sopros de insuficiência mitral ou de um defeito ventricular-septal podem indicar complicações mecânicas de IAMEST. Um sopro de insuficiência aórtica pode ser uma complicação de dissecção aórtica proximal. Outros sopros podem revelar distúrbios cardíacos subjacentes que contribuem para isquemia (p. ex., estenose aórtica ou miocardiopatia hipertrófica). Sons de atrito pericárdico refletem inflamação do pericárdio. Exames que devem ser solicitados Eletrocardiograma (ECG) O ECG é o exame complementar mais importante na avaliação de qualquer paciente com dor torácica e deve ser realizado em até 10 min da chegada ao serviço de emergência. As diretrizes de sociedades de especialidade recomendam a realização de um ECG até 10 minutos após a chegada do paciente, com o objetivo principal de identificar aqueles com elevação do segmento ST diagnóstica de IAM que sejam candidatos a intervenções imediatas para o restabelecimento do fluxo sanguíneo na artéria coronária ocluída. Depressão do segmento ST e inversões simétricas da onda T de pelo menos 0,2 mV de profundidade são úteis para detectar isquemia miocárdica na ausência de IAMEST e também são indicativas de maior risco de morte ou isquemia recorrente. Alterações de ECG, como inversões de onda T, bloqueio de ramo esquerdo novo, infradesnivelamento ou supradesnivelamento de ST, podem caracterizar a presença de síndrome coronariana aguda (SCA) e definir o tratamento a ser instituído. Presença de área inativa pode refletir antecedente de aterosclerose coronariana manifesta. A realização de ECG completamente dentro dos limites da normalidade não exclui a possibilidade de SCA, devendo ser repetido, no mínimo, em 3, 6 e 9 h após a chegada do paciente ou imediatamente, caso haja recorrência da dor. 10 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Podem ocorrer anormalidades do segmento ST e da onda T em uma variedade de condições, inclusive embolia pulmonar, hipertrofia ventricular, pericardite aguda e crônica, miocardite, desequilíbrio eletrolítico e distúrbios metabólicos. É importante observar que a hiperventilação associada ao transtorno do pânico também pode causar anormalidades inespecíficas de ST e ondas T. A embolia pulmonar está associada com mais frequência à taquicardia sinusal, mas também pode ocasionar desvio para a direita do eixo do ECG, que se manifesta como uma onda S na derivação I, com uma onda Q e uma T na derivação III Nos pacientes com elevação do segmento ST, a presença de acometimentodifuso em derivações não correspondente a uma distribuição anatômica coronariana específica e a depressão do segmento PR podem ajudar a distinguir pericardite de IAM. Infarto do Miocárdio com Elevação do ST Durante um IMEST agudo, o ECG evolui por três estágios A onda T se torna apiculada e é seguida de uma inversão (A e B, na figura a seguir). Elevação do segmento ST (C). Aparecimento de novas ondas Q (D). • Ondas T hiperagudas. Minutos após a interrupção do fluxo sanguíneo coronariano, ondas T hiperagudas podem ser observadas no ECG. As ondas T hiperagudas são altas, positivas, pontiagudas e de base ampla. Eles podem ser vistos tão cedo quanto 30 minutos após o início da dor torácica e geralmente aparecem antes da elevação dos biomarcadores cardíacos ou alterações de ST no ECG • Alterações do segmento ST. Durante a fase aguda (minutos a horas), alterações no segmento ST (por exemplo, elevação, depressão) podem ser evidentes no ECG. Reconhecer essas alterações no ECG e comunicar esses achados é essencial ao cuidar do paciente com suspeita de SCA. Em um paciente com SCA, nova depressão do segmento ST horizontal ou descendente de 0,5 mm ou mais é sugestiva de isquemia miocárdica quando observada em duas derivações anatomicamente contíguas. A inversão progressiva das ondas T também pode estar presente. Evidência de lesão miocárdica pode ser vista no ECG como STE. STE novo ou presumido de 1 mm ou mais no ponto J em todas as derivações, exceto V2 e V3, em um paciente com SCA é sugestivo de lesão miocárdica quando observada em duas ou mais derivações anatomicamente contíguas • Alterações QRS. No período inicial (horas a dias) após STEMI, uma perda gradual de ondas R e o desenvolvimento de ondas Q patológicas podem ser observados nas derivações que visualizam a área infartada • Inversão da onda T. No período indeterminado (dias a semanas) após STEMI, as ondas Q patológicas e as ondas T invertidas geralmente persistem, enquanto os segmentos ST normalizam. As ondas T invertidas podem permanecer invertidas por períodos variados que variam de dias a semanas ou meses, ou podem permanecer invertidas permanentemente Infarto do miocárdio sem elevação de ST Nem todos os infartos do miocárdio estão associados à elevação do segmento ST. Esses infartos, ou IMSESTs, também não levam ao aparecimento de ondas Q profundas. Mais frequentemente, eles são causados por uma trombose não oclusiva de uma artéria coronária importante ou pela oclusão completa de um pequeno ramo de uma das artérias maiores. Ao contrário dos IMESTs, esses infartos envolvem menos do que a espessura total do músculo cardíaco e não podem ser localizados em uma região particular do coração suprida por uma única artéria coronária. As únicas alterações do ECG vistas nos IMSESTs são a inversão da onda T e a depressão do segmento ST (não elevação). Os IMSESTs são, na verdade, mais comuns do que os IMESTs. Eles se comportam como pequenos infartos incompletos e têm uma taxa de mortalidade inicial mais baixa, mas um risco maior de reinfarto e morte do que os IMESTs. Inicialmente eles são tratados de forma clínica, porém os cardiologistas muitas vezes assumem uma postura mais diligente com esses pacientes, em particular 11 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 aqueles com alto risco de reinfarto e morte, muitas vezes enviando-os para angiografia coronária e procedendo à revascularização imediatamente. Marcadores de Necrose Miocárdica A necrose do músculo cardíaco promove a liberação de enzimas e proteínas estruturais dos miócitos que podem ser quantificadas por técnicas específicas no sangue dos pacientes com IAM Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB): A creatinofosfoquinase é uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia, sendo por isso encontrada em tecidos que as consomem (músculos cardíaco e esquelético e tecido nervoso). A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio é baixa (30%-50%). Já a sua utilização dentro das primeiras três horas de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80% a 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada 3-4h, desde a admissão até a nona hora (ou 12h após o início da oclusão coronariana). Troponinas T e I: As troponinas cardíacas são proteínas do complexo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas sejam atualmente consideradas o marcador padrão-ouro para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Entretanto é preciso frisar que a troponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas não-isquêmicas que causam necrose do músculo cardíaco, tais como miocardites, sepse, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, como as miosites, a embolia pulmonar, a insuficiência renal e as miocardites. Além da sua importância diagnóstica, as troponinas têm sido identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e tardio, definindo estratégias terapêuticas médicas e/ou intervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes. Troponina: Ultrassensível: na entrada e após uma hora (protocolo de Sociedade de Cardiologia Europeia também aceita duas horas de intervalo entre os exames) da coleta do primeiro exame (a segunda dosagem pelo menos 2 horas após o início dos sintomas). Troponina convencional: na entrada e após 3 horas. Radiografia de tórax A radiografia simples do tórax é feita rotineiramente quando os pacientes apresentam-se com dor torácica aguda e de maneira seletiva quando aqueles avaliados no contexto ambulatorial têm dor subaguda ou crônica. A radiografia de tórax é mais útil para identificar processos pulmonares, como pneumonia ou pneumotórax. Os achados em geral nada têm de notável nos pacientes com SCA, mas edema pulmonar pode ser evidente. Outros achados específicos incluem alargamento do mediastino em alguns pacientes com dissecção aórtica, corcova de Hampton ou sinal de Westermark em pacientes com embolia pulmonar ou calcificação pericárdica na pericardite crônica. Em casos de síndrome coronariana aguda, a maioria das radiografias de tórax é normal. A radiografia de tórax apresenta alguma alteração em 85% dos pacientes com dissecção de aorta, como alargamento de mediastino. A radiografia ainda pode detectar outras causas de dor torácica, como pneumotórax, pneumonia, embolia pulmonar e pneumomediastino. Teste complementares de isquemia/doença arterial coronariana Teste ergométrico: indicado para pacientes estáveis e com baixa/intermediária probabilidade após 8-12 h de observação e com eletrocardiograma (ECG) e marcadores de necrose miocárdica negativos. Pacientes com ECG basal com alterações de repolarização, bloqueio de ramo esquerdo, sobrecarga de ventrículo esquerdo, ritmo de marca-passo, pré-excitação ou ação digitálica têm avaliação de isquemia no esforço prejudicada. Além disso, pacientes com limitação física ao esforço ou em uso de 12 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 betabloqueadores podem não alcançar 85% da frequência cardíaca máxima, não sendo possível descartar isquemia nessas situações. Ecocardiograma transtorácico de repouso: em pacientes com dor persistente, o ecocardiograma mostrou sensibilidade de 90% com especificidade de 78%. Na ausência de sintomas, o método é limitado com sensibilidade de 17%. Pode ser útil em estabelecer diagnósticos diferenciais como dissecção aguda de aorta, embolia pulmonar, estenose valvar aórtica,cardiomiopatia hipertrófica e pericardite. Ecocardiograma sob estresse: em pacientes de baixa/intermediária probabilidade com dor torácica, nos quais o ECG é normal e os marcadores de necrose miocárdica são negativos, pode-se considerar a realização de ecocardiograma sob estresse com dobutamina. Cintilografia de perfusão miocárdica em repouso: os melhores resultados são obtidos quando a injeção do radioisótopo é realizada durante o episódio de dor ou em até 3-6 h. A maior limitação para a sua realização é a presença de IAM prévio, sendo impossível distinguir entre alteração de perfusão crônica ou aguda. Escores de avaliação de dor Atualmente, a literatura tem sugerido rotineiramente o uso de escores de probabilidade pré-teste objetivos na avaliação de dor torácica. Entre eles, o escore com maior validação é o escore Heart. Quando a pontuação for ≥ 4, o paciente deve ser internado e estratificado. Já um escore 180mg/dL). O alvo dessa terapia é reduzir os níveis glicêmicos e evitar episódios de hipoglicemia (● Hipotensão, bradicardia ou taquicardia. Evite o uso de nitroglicerina em pacientes com hipotensão (PAS inferior a 90 mmHg), bradicardia acentuada (frequência cardíaca inferior a 50/min) ou taquicardia acentuada. ● Uso recente de inibidor da fosfodiesterase. Evite usar nitroglicerina se houver suspeita ou conhecimento de que o paciente tenha ingerido sildenafil ou vardenafil nas últimas 24 horas ou tadalafil nas últimas 48 horas. Esses agentes geralmente são usados para disfunção erétil ou em casos de hipertensão pulmonar e, em conjunto com nitratos, podem provocar hipotensão refratária grave em agentes vasopressores. - Betabloqueadores Assim como com os nitratos, a experiência clínica controlada do emprego de betabloqueadores na AI é limitada. A evidência de efeitos benéficos baseia-se em seu mecanismo de ação, em estudos clínicos controlados de pequeno porte, e na extrapolação de resultados de estudos em angina estável e IAM com supra de ST. Os betabloqueadores inibem competitivamente os efeitos das catecolaminas circulantes. Na AI, seus benefícios estão relacionados com sua ação nos receptores beta-1. Diminuem a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contratilidade miocárdica, provocando redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio Assim, recomenda-se o uso rotineiro de betabloqueador oral nos pacientes sem contraindicação (mais detalhes na Parte 2 desta Diretriz). Caso o paciente apresente dor isquêmica persistente e/ ou taquicardia (não compensatória de um quadro de insuficiência cardíaca), pode-se utilizar a formulação venosa. São usados vários regimes terapêuticos na dependência do betabloqueador selecionado. A seguir, há uma relação das doses de metoprolol e atenolol, os mais usados em nosso país com essa indicação. Metoprolol: IV – 5mg (1 a 2min) a cada 5min até completar a dose máxima de 15mg. VO – 50 a 100mg a cada 12h, iniciado 15min após a última administração IV. Atenolol: IV – 5mg (1 a 2min) a cada 5min até completar a dose máxima de 10mg. VO – 25 a 50mg a cada 12h, iniciado 15min após a última administração IV. Durante a administração intravenosa, deverão ser monitorados, cuidadosamente, a frequência cardíaca, a pressão arterial, o ECG e a ausculta pulmonar. Betabloqueadores não devem ser utilizados em pacientes com sintomas relacionados a vasospasmo por uso de cocaína durante intoxicação aguda. Em pacientes com asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica, são contraindicados apenas na vigência de broncospasmo – nessa situação, betabloqueadores beta-1 seletivo são preconizados Terapia Antitrombótica Inicial (Sala de Emergência/ Ambulância) Antiplaquetários Orais O fenômeno de instabilidade da placa aterosclerótica coronariana consequente à ruptura ou erosão, com subsequente ativação plaquetária e trombose, é um reconhecido mecanismo de deflagração das SCA.1 Esse conceito direcionou os estudos e avanços na terapia antiplaquetária e o conceito atual da dupla terapia com AAS e um fármaco inibidor de receptor plaquetário P2Y. 15 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Ácido acetilsalicílico (AAS) Na dose de 150 a 300 mg, macerados, por via oral (VO), salvo se houver contraindicação absoluta (como sangramento digestivo ativo ou alergia grave comprovada); seguidos de 100 mg, VO, 1 vez ao dia. Inibidores do receptor P2Y12 (iP2Y12) Dispomos de 3 opções de iP2Y12 na prática clínica: o clopidogrel, prasugrel e ticagrelor. ■ Clopidogrel: o mais antigo e mais disponibilizado no SUS, recomenda-se a utilização de clopidogrel, em dose de ataque de 300-600 mg, VO, e manutenção com 75 mg/dia em todos os cenários de SCA. As doses são as seguintes: – SCAsSSST → 300 mg; – SCAcSSST candidato à fibrinólise: 300 mg. Se ≥ 75 anos, a dose de ataque deve ser de 75 mg; – SCAcSSST candidatos à angioplastia primária: 600 mg. Anticoagulantes São recomendados em todos os cenários das SCA sem supradesnivelamento do segmento ST. As opções possíveis são: fondaparinux, heparinas não fracionadas ou enoxaparina (não se recomenda associação ou substituição entre os tipos de heparina durante o tratamento, em razão de associação com aumento de sangramento). ■ Enoxaparina: na SCA com supradesnivelamento do segmento ST, inicia-se com ataque de 30 mg, EV, seguido de 1 mg/kg, SC, a cada 12 horas (pacientes com idade > 75 anos devem receber a dose de 0,75 mg/kg, SC, a cada 12 horas e não devem receber ataque EV. Em pacientes com clearance de creatinina 80 kg, deve-se realizar ataque de 5.000 UI, EV, seguido de infusão em bomba de 1.000 UI/h, EV. Realiza- se medida de TTPa a cada 6 horas em todas as situações para correção de infusão, visando TTPA entre 1,5-2,0. Outras medicações: ■ Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa: Cada vez menos utilizados na prática clínica, sendo mais utilizados conforme critério da equipe de hemodinâmica. No Brasil, dispõe-se da tirofibana, que deve ser utilizada na dose de 0,4 mg/kg/min, EV, por 30 minutos, seguida de manutenção de 0,1 mg/kg/min, EV, e do abciximabe. Deve- se ajustar a dose de acordo com a função renal. ■ Betabloqueadores: devem ser introduzidos nas primeiras 24 horas das SCA, se o quadro clínico permitir. Dá-se preferência a doses iniciais menores e fármacos de meia- vida mais curta, como o propranolol, 10-20 mg, VO, a cada 8 horas, podendo-se avaliar a resposta e ampliar a dose nas administrações seguintes, se necessário. ■ iECA: devem ser introduzidos nas primeiras 24 horas das SCA se o quadro clínico permitir. Dá-se preferência a doses iniciais menores e fármacos de meia-vida mais curta, como o captopril, 6,25-12,5 mg, VO, a cada 8 horas, podendo-se avaliar a resposta e ampliar a dose nas administrações seguintes, se necessário. É importante atentar para as contraindicações, como injúria renal aguda, hiperpotassemia, estenose bilateral de artéria renal, hipotensão e infarto de ventrículo direito. ■ Estatinas: devem ser mantidas no paciente que já as utiliza e introduzidas para os que ainda não as utilizavam, em todas as SCA. Habitualmente, é indicado o uso de estatinas de alta potência: atorvastatina (40-80 mg) de rosuvastatina (20-40 mg_) 16 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 Síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento de ST Estratificação coronariana Em SCASSST de risco intermediário/alto, a cineangiocoronariografia deve ser o exame de escolha caso haja disponibilidade no serviço. Principalmente em pacientes de alto risco, a estratificação invasiva é capaz de mudar favoravelmente o prognóstico. Nos pacientes de alto risco, o cateterismo deve ser realizado precocemente (a cada 12 h e/ou dupla antiagregação plaquetária. Considerar betabloqueador por via oral. Sempre introduzir estatinas. Caso a troponina esteja normal em tempo hábil e o paciente permaneça estável sem recorrência da dor, deve-se considerar a alta hospitalar com encaminhamento para acompanhamento ambulatorial em até 72 h ou realizar teste provocativo de isquemia ainda no hospital (quando disponível). Conduta medicamentosa nos pacientes de risco intermediário e alto Estes pacientes devem ser internados e, sempre que possível, em unidade coronariana. AAS deve ser administrado em todos os pacientes, o mais precocemente possível na dose de ataque de 200-300 mg macerados por via oral, e continuado indefinidamente, na dose de 100 mg/dia. A utilização de um segundo antiagregante plaquetário (inibidor P2Y12) associado ao AAS é considerada obrigatória no tratamento de qualquer SCA. Atualmente, existem três medicamentos (clopidogrel, prasugrel e ticagrelor), sendo sua escolha realizada de acordo com a disponibilidade do serviço e suas indicações e contraindicações específicas. Todos devem ser mantidos por, no mínimo, 1 ano. Caso o serviço disponha de hemodinâmica e consiga realizar o cateterismo em menos de 24 horas, a recomendação atual é que se utilizem antiplaquetários potentes (prasugrel ou ticagrelor) e que só sejam administrados no momento da angioplastia. Da mesma maneira, a terapia anticoagulante também deve ser iniciada, uma vez feito o diagnóstico. Existem três opções para uso: enoxaparina, heparina não fracionada (HNF) e fondaparinux. Mais importante que saber qual o tipo de heparina escolher para o tratamento da SCASSST, é nunca alterar o tipo de heparina escolhida (não fracionada ou baixo peso) em uma mesma internação, para não aumentar o risco de sangramento associado. Nos casos de alto risco de sangramento, a preferência é pelo fondaparinux. Síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento de ST Terapia de reperfusão Em pacientes com até 12 horas de evolução (ou até 24 horas em casos específicos) que dão entrada em centro capacitado a realizar intervenção coronariana percutânea (ICP), a melhor estratégia é a realização da angioplastia primária, devendo o tempo porta-balão (ou seja, entre a chegada ao hospital e a reperfusão da artéria culpada pela angioplastia) ser inferior a 90 minutos. Nos casos com até 12 horas do início dos sintomas que procuram atendimento em locais sem sala de hemodinâmica e/ou nos quais a transferência a um centro com ICP demore mais de 120 minutos, a escolha é pelo uso do fibrinolítico. Quando utilizá-los, sempre tomar o cuidado de manter dois acessos venosos calibrosos, sendo o segundo usado caso o 17 @sarahellen_figueredo/N (73)988292101 paciente apresente hipotensão (efeito colateral comum da medicação). Os fibrinolíticos disponíveis no mercado nacional são estreptoquinase, TNK (Metalyse®) e rt-PA (Actilyse®) Sempre que existe indicação ao uso do fibrinolítico, é fundamental realizar um checklist dos critérios de contraindicação ao medicamento. Ao utilizar o fibrinolítico, considera-se sucesso na reperfusão quando ocorre redução > 50% na amplitude do supradesnivelamento de ST, levando em conta a derivação na qual ele for maior, comparando-se o eletrocardiograma (ECG) inicial e o ECG 60 a 90 min após o início da infusão do medicamento. Idealmente, o tempo porta-agulha (entre a chegada ao hospital e o início da infusão do medicamento) não deve ultrapassar 30 minutos. Nos casos em que ocorrer falência de reperfusão e/ou sinais de disfunção aguda do ventrículo esquerdo (VE) e/ou choque cardiogênico ou quando existir contraindicação ao fibrinolítico, deve-se transferir o paciente para um centro capacitado, a fim de realizar angioplastia primária/de resgate. Terapia antitrombótica adjuvante Imediatamente após o diagnóstico, o paciente com IAMCSST deve receber, se não tiver contraindicações, dose de ataque de ácido acetilsalicílico (AAS) de 200-300 mg, macerado, associada à dose de ataque de um antagonista do ADP. Este último vai depender da estratégia de recanalização utilizada. A dose de manutenção diária do AAS é de 100 mg/dia, que deve ser mantida indefinidamente. Nos casos submetidos à fibrinólise, é recomendado o clopidogrel, na dose de 300 mg, se o paciente tiver menos de 75 anos, ou na dose de 75 mg (ou seja, sem dose de ataque), em pacientes com 75 anos ou mais. A partir do segundo dia, é mantido o clopidogrel na dose de 75 mg, uma vez ao dia. Nos pacientes tratados com ICP, podem ser utilizados: a) clopidogrel, na dose de ataque de 300-600 mg, independentemente da idade, seguida de dose de manutenção de 75 mg/dia; b) prasugrel, na dose de ataque de 60 mg, seguida por manutenção de 10 mg diários (após conhecimento da anatomia coronariana). O prasugrel é contraindicado em pacientes com AVC ou ataque isquêmico transitório (AIT) prévio e deve ser utilizado com cautela (com metade da dose) em casos de pacientes com menos de 60 kg de peso ou mais de 75 anos de idade; c) ticagrelor, na dose de ataque de 180 mg, seguida por manutenção de 90 mg duas vezes ao dia. O ticagrelor deve ser utilizado com cautela em indivíduos com risco aumentado de bradicardia (p. ex., bloqueios atrioventriculares, frequência cardíaca de base 75 anos, deve-se utilizar a dose de 0,75 mg/kg, SC, em 12 h sem dose de ataque e, nos indivíduos com clearance de creatinina (ClCr) entre 15-30 mL/min, utilizar 1 mg/kg, SC, uma vez ao dia (com dose de ataque em pacientes