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Módulo I –
Da Educação, da Cultura e do Desporto 
Prof. Me. Wilson Francisco Domingues
Da Educação, da Cultura e do Desporto 
Título VIII da CF/88 → denominado “Da Ordem Social”; 
→ Complementa o art. 6.º, CF/88 que traz os direitos sociais dos cidadãos brasileiros;
→ Prevê mecanismos e aspectos organizacionais da Ordem Social brasileira.
→ Nesse título encontramos normas natureza principiológica (mandamentos de otimização), cabendo aos Poderes Públicos o dever de efetivá-los.
Nesse módulo vamos estudar:
Educação → arts. 205 a 214, CF/88
Cultura → arts. 215 a 216-A, CF/88
Desporto → art. 217, CF/88
Da Educação
Art. 205, CF/88 → “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
→ O direito à educação tem um sentido amplo, não se refere somente à educação escolar. 
→ O processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no momento da morte. 
→ A aprendizagem acontece em diversos âmbitos, na família, na comunidade, no trabalho, no grupo de amigos e também na escola.
Da Educação
Art. 205, CF/88 
→ Essa previsão coloca a educação como um “serviço público essencial”;
→ Colocando como incumbência do Poder Público possibilitá-la a todos.
Ensino Público → recebe tratamento constitucional preferencial;
Ensino Privado → embora livre, apresenta-se como secundário e condicionado (arts. 209 e 213, CF/88).
Objetivos da educação no Brasil:
pleno desenvolvimento da pessoa;
preparo da pessoa para o exercício da cidadania; e
(3) qualificação da pessoa para o trabalho.
Da Educação
DOUTRINA: “Vale dizer: todos tem direito à educação e o Estado tem o dever de prestá-la, assim como a família. [...] A consecução prática dos objetivos da educação [...] pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, requer que o Poder Público organize os sistemas de ensino público, para cumprir com seu dever constitucional para com a educação.” (José Afonso da Silva)
DOUTRINA: “[...] a parcela da educação que caberá ao Estado administrar deve se exteriorizar em atividade que possa ser organizada, gerenciada e fiscalizada pelos poderes públicos, em harmonia com a competência da família. Parte significativa da atividade estatal se exaure no ensino. A educação é uma realidade mais ampla.“ (Jorge Pereira Junior)
Da Educação
→ A CF/88 é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394/1996)
→ O acesso à educação básica é direito público subjetivo (art. 208, §1.º, CF/88)
LDB: “Art. 5º: O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.” 
LDB: “Art. 4º: O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio;”
Da Educação
Educação básica → divide-se em:
 			1) educação infantil (pré escola) - (0 a 5 anos);
			2) ensino fundamental - (6 a 14 anos);
			3) ensino médio - (15 a 17 anos);
JÁ SE DECIDIU: “A educação básica em todas as suas fases – educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – constitui direito fundamental de todas as crianças e jovens, assegurado por normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata. [...] O Poder Público tem o dever jurídico de dar efetividade integral às normas constitucionais sobre acesso à educação básica.” (RE 1.008.166, Rel. Min. Luiz Fux, j. 22-9-2022] 
Deveres do Estado com relação à educação
Art. 208, CF/88 → Os deveres do Estado serão efetivados mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
Deveres do Estado com relação à educação
Art. 208, CF/88 
§1º → O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§2º → O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§3º → Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
DOUTRINA: “O acesso à educação básica é direito público subjetivo (CF, art. 208, § 1.°). O Estado tem o dever de oferecer, de forma regular, o ensino obrigatório, sob pena de responsabilização da autoridade competente (CF, art. 208, §2.°).” (MARCELO NOVELINO)
Da educação como direito humano
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (DUDH)
→ Art. 26.º: “1.Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos.”
Da educação como direito humano
→ O direito humano à educação, reconhecido na DUDH, foi principalmente fortalecido como norma jurídica internacional através:
(1) do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (arts. 13 e 14);
(2) da Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino;
(3) da Convenção sobre os Direitos da Criança (arts. 28 e 29); e 
(4) do Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 13).
→ Como direito humano a educação não deve depender das condições econômicas, sociais, nacionais, culturais, de gênero ou étnico-raciais da pessoa dos estudantes;
→ O acesso à educação contribui para que todas as pessoas possam estar conscientes e exercer os seus direitos. 
Princípios que regem a educação no país
Art. 206, CF/88 → No Brasil o ensino é ministrado com base nos seguintes princípios (valores):
→ Igualdade de acesso e permanência;
→ Liberdade de aprender e ensinar a arte e o saber; 
→ Pluralismo de ideias; 
→ Gratuidade do ensino público;
→ Valorização dos profissionais; 
→ Gestão democrática; 
→ Garantia de padrão de qualidade;
→ Piso salarial para os profissionais da educação escolar pública
→ Garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. 
Ensino Superior e Universidades
→ O Ensino Superior compete às Universidades, Faculdades e outras Instituições.
LDB: Art. 45. “A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização.”
Art. 207, CF/88 → As Universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativae de gestão financeira e patrimonial; 
→ e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Art. 207, §1º, CF/88 → É facultado às Universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros.
Art. 213, §2º, CF/88 → “As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público.      
Ensino Superior e Universidades
JÁ SE DECIDIU: “A autonomia universitária, prevista no art. 207 da Constituição Federal, não pode ser interpretada como independência e, muito menos, como soberania. A sua constitucionalização não teve o condão de alterar o seu conceito ou ampliar o seu alcance, nem de afastar as universidades do poder normativo e de controle dos órgãos federais competentes.” (STJ, MS 3.318, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro) 
DOUTRINA: “As universidades foi assegurada autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial (CF, art. 207). A autonomia universitária impede determinadas ingerências no núcleo essencial de suas funções, conferindo uma margem de ação para dispor acerca de questões estruturais nos planos pedagógico, administrativo e financeiro. Por considerar que a criação ou modificação de um serviço a ser prestado pela Instituição de Ensino Superior sem a sua anuência afronta referida autonomia, o Supremo declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que determinava aos escritórios de prática jurídica da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN a manutenção de plantão criminal para atendimento, nos finais de semana e feriados [...].” (Marcelo Novelino) 
Participação da iniciativa privada na educação
Art. 209, CF/88 → embora a CF/88 tenha consagrado a opção pelo ensino público, prevê também a liberdade de ensino à iniciativa privada;
→ O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: 
I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; e 
II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
DOUTRINA: “É inequívoca a preferência da Constituição pelo ensino público [...] tanto que os recursos públicos serão destinados às escolas públicas (art. 213). No entanto, o dispositivo declara livre o ensino à iniciativa privada, atendidas as condições ali indicadas. Emprega "ensino" com sua conotação aberta, o que significa que iniciativa privada pode oferecer o ensino em todos os seus níveis e modalidades. [...] Apenas tem ela que cumprir as normas gerais da educação nacional [...] A outra condição é que os estabelecimentos de ensino privado ficam sujeitos a autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.” (José Afonso da Silva)
Fixação de conteúdo para o ensino fundamental
Art. 210, CF/88 → serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§1.º → O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina das escolas públicas de ensino fundamental.
→ Por conta do direito fundamental de liberdade religiosa (art. 5.º, VI) o ensino religioso não pode ser disciplina obrigatória.
§2º → O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa;
→ assegurando-se às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
DOUTRINA: “Veja-se que o "também" é signo normativo, no sentido de complementaridade, valendo dizer que não se pode ministrar ensino fundamental exclusivamente em Língua indígena.” (José Afonso da Silva)
Organização dos sistemas de ensino
Art. 211, CF/88 → A União, os Estados, o DF e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino.
 §1º → A União → organizará o sistema federal de ensino; financiará as instituições de ensino públicas federais; garantirá equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino; prestará assistência técnica e financeira aos Estados, ao DF e aos Municípios;
§2º → Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
§3º → Os Estados e o DF atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
§4º → Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o DF e os Municípios definirão formas de colaboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a equidade do ensino obrigatório. 
§6º → A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão ação redistributiva (de acordo com a necessidade) em relação a suas escolas. 
Aplicação de recursos públicos na educação
Art. 212, CF/88 – Aplicação anual da receita de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino:
União → nunca menos de 18%; Estados, DF e Municípios → nunca menos de 25%.
OBS: No caso destes últimos entra também, no cálculo desse percentual de investimento em educação, a receita oriunda das transferências obrigatórias de outros entes.
DOUTRINA: “O mínimo que a União tem que aplicar na manutenção e desenvolvimento do ensino é de 18%; e o mínimo que as demais entidades hão que destinar ao mesmo objeto é de 25% da receita de impostos, compreendida a proveniente das transferências. A União não tem receita de transferência; só os Estados, Distrito Federal e Municípios. Todas essas entidades recebem receitas de transferência provenientes de participação nas receitas tributárias da União [...]. ] E os Municípios recebem, ainda, receitas de transferências em decorrência de sua participação na receita dos impostos estaduais sobre propriedade de veículos automotores e sobre operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS).Vale dizer, a União deve aplicar na manutenção e desenvolvimento do ensino 18% da receita de todos os seus impostos, descontada a parcela da arrecadação dos impostos por ela transferidos as outras entidades (arts. 157, I e II, 158, 1 e Il, e 159, 1, e II, c/c o art. 212, §1º). Por outro lado, os Estados devem aplicar 25% da receita de todos os impostos que lhes compete instituir e arrecadar (art. 155, I-III), descontada a parcela que eles, por força da Constituição, transferem aos respectivos Municípios (art. 158, c/c art. 212, §1º).” (José Afonso da Silva)
Aplicação de recursos públicos na educação
Art. 212-A, CF/88 – FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação
“Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais [...].” 
Art. 213, CF/88 
“Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: 
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.”
Aplicação de recursos públicos na educação
Art. 214, CF/88 - PNE - Plano Nacional de Educação
“A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:        
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.”
Da Cultura
Conceitode cultura 
→ “[...] conjunto de atributos e produtos resultantes das sociedades que não são transmitidas através da hereditariedade biológica, vale dizer, todo o registro, memória ou informação não inscrita no biológico [...].” (Edward Sapir)
→“Cultura é o conjunto das relações sociais que servem de modelo estruturante de um determinado modo de vida.” (Radcliffe-Brown)
→ “[...] compreende tudo o que o homem tem realizado e transmitido através dos tempos na sua passagem pela terra. Envolve: comportamento, desenvolvimento intelectual, crenças, enfim, o aprimoramento tanto dos valores espirituais como materiais do indivíduo.“ (Celso Bastos)
Da cultura como direito humano
Cultura como direito humano (universal)
→ Os direitos culturais são do gênero direito humano e estão previstos em inúmeros Tratados Internacionais firmados entre Estados;
→ P. ex.: Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (1.ª previsão); Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966; Pacto de São José da Costa Rica de 1969, dentre outros.
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
→ No campo da cultura a UNESCO (agência especializada da ONU, fundada em 1945) atua na cooperação cultural internacional; 
→ Dentre as suas missões está a de “promover políticas tendentes a assegurar direitos culturais subscritos pelos Estados” e a "promoção da cultura das mais diversas origens”. 
Da Cultura
Cultura como direito fundamental (social) 
→ Os direitos culturais integram, ao lado dos direitos sociais e econômicos, a segunda dimensão dos direitos fundamentais; 
→ Encontram-se previstos no art. 215 e ss. da CF/88;
→ São imprescindíveis ao pleno desenvolvimento e à promoção das condições de vida digna no seio do Estado.
Competência em matéria de cultura 
Art. 23, inc. III a V, CF/88 → É competência comum (administrativa) da União, dos Estados, do DF e dos Municípios proteger documentos, obras e outros bens de valor cultural, impedindo sua evasão, destruição e descaracterização, bem como proporcionar os meios de acesso à cultura.
Art. 24, IX,CF/88 → É competência concorrente (legislativa) da União, dos Estados e do DF legislar sobre cultura.
Da Cultura
Art. 215, caput, CF/88 → “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”
→ O Estado brasileiro deve garantir, a todos, o pleno exercício dos direitos culturais e o amplo acesso às fontes de cultura nacional.
→ E apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais brasileiras. 
Art. 215, §2º , CF/88 → “A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.” 
DOUTRINA: “Entre as datas comemorativas estão incluídos os feriados, que são um dos elementos de "identidade cultural" do Estado Constitucional, ao lado do hino nacional e da bandeira (CF, art. 13, §1.º).” (Marcelo Novelino) 
Da Cultura
Art. 215, §1º, CF/88 → “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.”
DOUTRINA: “A CF avançou significativamente ao reconhecer esses grupos e, no caso específico dos índios, suas indissociáveis organizações sociais, seus costumes, línguas, crenças e tradições, aliados ao espaço territorial de habitação. [...] Os direitos culturais do conhecimento, dos modos de ser, fazer e viver dos povos indígenas e dos grupos formadores da cultura nacional configura um novo modo democrático de relação entre os diferentes povos que integram a realidade multiétnica brasileira, que compõe uma sociodiversidade formada, [...] sobretudo, pela pluralidade de povos brancos de origem. europeia; de povos orientais e árabes; povos negros de diversas etnias africanas e, povos indígenas autóctones do continente sul-americano, que conformam um complexo mosaico étnico-cultural e, cujos modos de ser, fazer e viver, consequentemente, integra o patrimônio cultural brasileiro.” (Carlos Alberto Molinaro)
Plano Nacional de Cultura
Art. 215, §3º, CF/88 → “A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:      
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;  
II - produção, promoção e difusão de bens culturais;         
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;         
IV - democratização do acesso aos bens de cultura;         
V - valorização da diversidade étnica e regional.”
→ Encontra-se disponível em: http://pnc.cultura.gov.br/
Patrimônio Cultural brasileiro
Art. 216, CF/88 → “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. ”
Patrimônio Cultural brasileiro
Art. 216, CF/88 
§2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.         
§3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. 
§4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. 
§5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. 
§6º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais [...].
Sistema Nacional de Cultura
Art. 216-A, CF/88 (incluído pela EC 71/2012) 
→ Buscando reforçar a participação dos diferentes entes da Federação na promoção da cultura, a CF/88 passou a dispor sobre o Sistema Nacional de Cultura;
→ organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, instituindo um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade;
→ tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
§1.º → Elenca os princípios que regem o Sistema Nacional de Cultura;
§2.º → Prevê a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da Federação.
Desporto
Art. 217,CF/88 → “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: 
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; 
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional* e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento*; 
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional* e o não- profissional*; 
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.”
(*) OBS: Desporto educacional → integrado no projeto pedagógico da educação básica (educação física); Desporto de alto rendimento → desporto de competição. Visa obter resultado desportivo. Tem a organização e a prática previstas em regras internacionaisde cada modalidade; Desporto profissional → É aquele praticado por atletas remunerados. Tem por objetivo gerar renda, nos termos estabelecidos em contrato de trabalho ou patrocínio; Desporto não- profissional → Identifica-se pela liberdade de prática e inexistência de contrato de trabalho.
Desporto
CF88 → inovou ao trazer normas referentes à organização e política de desenvolvimento do desporto; 
→ Uma vez que o esporte trata-se de um instrumento de pleno desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, seja na esfera educacional, seja nos demais aspectos da vida em sociedade (cf. art. 1.°da Carta Internacional de Educação Física e Esporte da UNESCO de 1978)
Art. 217, §1º, CF/88 → “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.” 
Lei 9.615/98 (Lei Pelé) → atualmente regula o desporto no plano infraconstitucional;
Art. 217, §2º, CF/88 → “A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.”
Justiça desportiva
→ Apesar da denominação ela não integra o Poder Judiciário, tendo a natureza de órgão administrativo;
→ Ao exigir o prévio esgotamento de uma instância administrativa, a própria CF/88 consagrou uma exceção ao princípio da inafastablilidade da jurisdição (CF, art. 5.°, XXXV); 
→ A justiça desportiva encontra-se disciplinada nos artigos 49 a 55 da Lei Pelé. 
→ Ela está limitada ao processo e ao julgamento das infrações disciplinares em competições desportivas, tendo suas atribuições definidas em códigos desportivos, facultando-se às ligas constituir seus próprios órgãos judicantes, com atuação restrita às suas competições (art. 50, Lei 9.615/98). 
DOUTRINA: “A Constituição valorizou a Justiça Desportiva quando estabeleceu que o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após se esgotarem as instâncias daquela. Mas impôs a ela um prazo máximo para proferir a decisão final, que é de 60 dias - após o qual, evidentemente, o Poder Judiciário poderá conhecer da controvérsia.” (José Afonso da Silva)
Justiça desportiva
→ Cabe às entidades de administração do desporto (Confederação, Federação) o custeio do funcionamento da Justiça Desportiva que funciona junto delas. 
→ Mas seus órgãos são autônomos e independentes em relação a essas entidades. 
DOUTRINA: “A Justiça Desportiva compõe-se do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que funciona junto às entidades nacionais da administração do desporto; Tribunais de Justiça Desportiva, que funcionam junto às entidades regionais da administração do desporto; Comissões Disciplinares, com competência para processar e julgar as questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva - sempre assegurados a ampla defesa e o contraditório (art. 50, Lei 9.615/98).” (José Afonso da Silva)
Lazer e Desporto
Art. 217, §3º, CF/88 → “O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.” 
→ Nesse ponto importante destacar que existem formas de lazer que têm natureza desportiva, mas nem todo lazer tem essa natureza. 
Art. 6º, CF/88 → inclui entre os direitos sociais o lazer.
DOUTRINA: “Lazer e recreação tem natureza social decorre do fato de que constituem prestações estatais que interferem com as condições de trabalho e com a qualidade de vida - donde sua relação com o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado. Lazer é entrega à ociosidade repousante. Recreação é entrega ao divertimento, ao esporte, ao brinquedo. Ambos destinam-se a refazer as forças depois da labuta diária e semanal.” (José Afonso da Silva)
Do desporto como direito humano
 Carta Internacional de Educação Física e Esportes – UNESCO, 1978
Preâmbulo, item 6: →“Educação Física pode trazer diversos benefícios individuais e sociais, como a saúde, o desenvolvimento social e econômico, o empoderamento dos jovens, a reconciliação e a paz”. 
→ O desafio para os Estados é desenvolver ações que garantam o direito humano ao esporte e à educação física; 
→ objetivando através do desenvolvimento de atividades transformar a população, considerando os mais diferentes perfis e necessidades das crianças e adolescentes. 
→ O direito ao deporto e à educação física só serão alcançados por meio do reconhecimento e do atendimento às demandas próprias das diferentes populações e de seus indivíduos.

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