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Série Van Wylen BORGNAKKE · SONNTAG B O R G N A K K E · S O N N TA G TEXTO INTEGRAL tr adução da E D IÇÃO AMERIC A N A8ª TEXTO INTEGRAL tr adução da E D IÇÃO AMERIC A N A8ª TERMODINAMICA FUNDAMENTOS DA TER M O D IN A M ICA FU N D A M EN TO S D A A obra Fundamentos da Termodinâmica, em sua oitava edição, reafirma sua importância como literatura de referência para o estudo da termodinâmica sob a perspectiva da engenharia. Sua adoção pelas melhores escolas de engenharia do mundo se deve a sua qualidade e sua capacidade de renovação. As principais características da oitava edição são: • Aplicações na engenharia, relacionadas ao assunto de cada capítulo, que procuram deixar mais clara a importância da termodinâmica na atividade do engenheiro. • Questões conceituais ao longo do texto, para provocar reflexões e melhorar a assimilação dos conceitos. Houve uma reorganização dos capítulos e todo o conteúdo foi revisto e complementado pelos autores. Vale destacar a ênfase dada às aplicações com os fluidos refrigerantes dióxido de carbono e R-410a, este último em substituição ao já abolido R-22. Série Van Wylen TERMODINAMICA FUNDAMENTOS DA BORGNAKKE · SONNTAG conteúdo 1 Introdução e Comentários Preliminares 2 Propriedades de uma Substância Pura 3 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 4 Análise Energética para um Volume de Controle 5 A Segunda Lei da Termodinâmica 6 Entropia 7 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 8 Exergia 9 Sistemas de Potência e Refrigeração – com Mudança de Fase 10 Sistemas de Potência e Refrigeração – Fluidos de Trabalhos Gasosos 11 Mistura de Gases 12 Relações Termodinâmicas 13 Reações Químicas 14 Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico 15 Escoamento Compressível Apêndice A Propriedades Gerais Apêndice B Propriedades Termodinâmicas Apêndice C Calor Específico de Gás Ideal Apêndice D Equações de Estado Apêndice E Figuras Respostas para Problemas selecionados Índice Remissivo 2ª edição brasileira C M Y CM MY CY CMY K capa_termodinamica_P1.pdf 1 04/03/2018 15:36:49 1Prefácio SÉRIE VAN WYLEN Fundamentos da Termodinâmica Tradução da 8ª edição norte-americana termodinamica 00.indd 1 08/09/14 17:41 2 Fundamentos da Termodinâmica Tradução Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto Prof. Dr. Marcello Nitz Prof. Dr. Marco Antonio Soares de Paiva Prof. Dr. José Alberto Domingues Rodrigues Prof. Dr. Efraim Cekinski Prof. Dr. Antônio Luiz Pacífico Prof. Dr. Celso Argachoy Prof. MSc. Joseph Saab Prof. MSc. João Carlos Coelho Prof. MSc. Arivaldo Antonio Rios Esteves Prof. MSc. Clayton Barcelos Zabeu Instituto Mauá de Tecnologia – IMT Escola Politécnica da USP Coordenação e Revisão Técnica Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto Instituto Mauá de Tecnologia – IMT termodinamica 00.indd 2 08/09/14 17:41 3Prefácio SÉRIE VAN WYLEN Claus Borgnakke Richard E. Sonntag University of Michigan Fundamentos da Termodinâmica Tradução da 8ª edição norte-americana termodinamica 00.indd 3 08/09/14 17:41 Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4º andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil Tel.: 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme 5. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, março de 2009. É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da editora. Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Borgnakke, Claus Fundamentos da termodinâmica [livro eletrônico] / Claus Borgnakke, Richard E. Sonntag; coordenação e tradução de Roberto de Aguiar Peixoto. – São Paulo: Blucher, 2018. (Série Van Wylen) 730 p. ; PDF. Tradução da 8ª edição norte-americana ISBN 978-85-212-0793-1 (e-book) Título original: Fundamentals of Thermodynamics 1. Termodinâmica – engenharia I. Título II. Sonntag, Richard E. III. Peixoto, Roberto de Aguiar IV. Série 13-0856 CDD 621.4021 Índices para catálogo sistemático: 1. Termodinâmica Título original Fundamentals of Thermodynamics A 8ª edição em língua inglesa foi publicada por JOHN WILEY & SONS, INC. © 2013 by John Wiley & Sons, Inc. Fundamentos da Termodinâmica © 2013 Editora Edgard Blücher Ltda. 2ª reimpressão – 2016 1ª edição digital – 2018 p.iv_fundamentos_da_termodinamica.indd 4 21/02/2018 13:59:30 5Prefácio Prefácio Nesta oitava edição, os objetivos básicos das edições anteriores foram mantidos: • apresentar um tratamento abrangente e rigoroso da termodinâmica clássica, mantendo uma perspectiva do ponto de vista da engenharia e, fazendo isso; • preparar a base para subsequentes estudos em áreas como mecânica dos fluidos, transferência de calor e termodinâmica estatística, e, também; • preparar o estudante para o uso efetivo da termodinâmica na prática da engenharia. Nossa apresentação é deliberadamente voltada aos estudantes. Novos con ceitos e definições são apresentados no contexto em que são, em princípio, re levantes em uma progressão natural. O capítulo inicial foi reorganizado com uma breve introdução, seguida pelas primeiras propriedades termodinâmicas a serem definidas que são aquelas que podem ser prontamente medidas: pressão, volume específico e temperatura. No Capítulo 2, são introduzidas tabelas de propriedades termodinâmicas, mas apenas as que são relativas a essas proprie dades mensuráveis. Energia interna e entalpia são apresentadas, relacionadas à primeira lei; entropia, à segunda lei, e as funções de Helmholtz e Gibbs são apresentadas no capítulo sobre relações termodinâmicas. Muitos exemplos ex traídos do mundo real foram incluídos neste livro para ajudar o aluno a enten der a termodinâmica, e os problemas apresentados ao final de cada capítulo foram cuidadosamente sequenciados para que se relacionassem com o assunto, e estão agrupados e identificados dessa forma. Principalmente os primeiros ca pítulos apresentam um elevado número de exemplos, ilustrações e problemas. Em todo o livro são incluídos resumos ao final de cada capítulo, seguidos de um conjunto de problemas de fixação conceitual e estudo que serão de grande valia para os estudantes. Esta é a primeira edição que preparo sem as importantes observações do meu colega e coautor, o saudoso Professor Richard E. Sonntag, que contribuiu de forma substancial para as versões anteriores deste livro. Eu sou grato pela colaboração e pelas discussões frutíferas que tive com meu amigo e colega de termodinamica 00.indd 5 08/09/14 17:41 6 Fundamentos da Termodinâmica confiança, com quem tive o privilégio de trabalhar ao longo das três últimas décadas. O Professor Sonntag compartilhou generosamente o seu vas to conhecimento e experiência, relacionados com o nosso trabalho mútuo, em edições anteriores deste livro e em diversos projetos de pesquisa, na orientação de estudantes de doutoramento e na execução de várias tarefas profissionais no nosso departamento. Em honra às muitas contribuições do meu colega, o Professor Sonntag ainda aparece como um coautor desta edição. NOVAS CARACTERÍSTICAS DESTA EDIÇÃO Reorganização dos Capítulos e Revisões A introdução e os primeiros cinco capítulos da sé tima edição foram totalmente reorganizados. Uma introdução mais concisa nos levou à descrição, no novo Capítulo 1, de alguns conceitos fundamen tais da física, propriedades termodinâmicas e uni dades. No desenvolvimento das ferramentas para a análise termodinâmica, a ordem de apresentação das edições anteriores foi mantida, de modo que o comportamento das substâncias puras é apresen tado no Capítulo 2, com uma ligeira expansão e separação da descrição dos comportamentos das fases sólido, líquido e gás. Novas figuras e explica ções foram adicionadas para mostrar a região de gás ideal como comportamento limite paraNeste livro, o volume específico e a massa es- pecífica serão dados em base mássica ou molar. Um traço sobre o símbolo (letra minúscula) será usado para designar a propriedade na base mo- lar. Assim v– designará o volume específico molar e ρ– a massa específica molar. A unidade de volu- me específico, no sistema SI, é m3/kg em3/mol (ou m3/kmol na base molar) e a de massa específica é kg/m3 e mol/m3 (ou kmol/m3 na base molar). Embora a unidade de volume no sistema de unidades SI seja o metro cúbico, uma unidade de volume comumente usada é o litro (L), que é um nome especial dado a um volume correspon- dente a 0,001 m3, ou seja, 1 L = 10–3 m3. A Figura 1.8 apresenta as faixas de variação dos valores das massas específicas dos sólidos, dos líquidos e dos gases. As Tabelas A.3, A.4 e A.5 apresentam valo- res de massa específica para algumas substâncias no estado sólido, no líquido e no gasoso. v δ V δ V δ m δ V � Figura 1.7 Limite do contínuo para o volume específico. termodinamica 01.indd 29 15/10/14 14:36 30 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 1.2 O recipiente mostrado na Figura 1.9, com volume interno de 1 m3, contém 0,12 m3 de granito, 0,15 m3 de areia e 0,2 m3 de água lí- quida a 25 °C. O restante do volume interno do recipiente (0,53 m3) é ocupado por ar, que apresenta massa específica igual a 1,15 kg/m3. Determine o volume específico médio e a massa específica média da mistura contida no recipiente. Solução: As definições de volume específico e massa específica são: v = V/m e ρ = m/V = 1/v A determinação das massas dos constituintes da mistura pode ser feita utilizando os valores de massa específica apresentados nas Tabelas A.3 e A.4 do Apêndice A. Desse modo, mgranito = ρgranitoVgranito = 2 750 kg/m3 × 0,12 m3 = 330,0 kg mareia = ρareiaVareia =1 500 kg/m3 × 0,15 m3 = 225,0 kg mágua = ρáguaVágua = 997 kg/m3 × 0,2 m3 = 199,4 kg mar = ρarVar =1,15 kg/m3 × 0,53 m3 = 0,6 kg A massa total de mistura é mtotal = mgranito + mareia + mágua + mar = = 755,0 kg Assim, o volume específico médio e a massa específica média da mistura são iguais a v = Vtotal/mtotal = 1 m3/755,0 kg = = 0,001 325 m3/kg ρ = mtotal/Vtotal = 755,0 kg/1 m3 = 755,0 kg/m3 Ar Figura 1.9 Esboço para o Exemplo 1.2. Comentário: É enganoso incluir a massa de ar nos cálcu- los, uma vez que ele está separado do resto da massa. FibrasAr atm. Gases sob vácuo Madeira Al Chumbo Tecido de algodão Propano Água Hg Poeira de gelo Ag Au 10–2 10–1 100 101 Massa específica [kg/m3] 102 103 104 Sólidos Líquidos Gases Figura 1.8 Densidade de substâncias comuns. termodinamica 01.indd 30 15/10/14 14:36 31Introdução e Comentários Preliminares QUESTÕES CONCEITUAIS c. No Mar Morto as pessoas flutuam mais fa- cilmente que em um lago comum. Por que isso ocorre? d. A massa específica da água líquida é ρ = 1 008 – T/2 [kg/m3] com T em °C. Se a temperatura se elevar, o que acontece com a massa específica e com o volume específico? 1.7 PRESSÃO Normalmente, falamos de pressão quando lidamos com líquidos e gases e falamos de tensão quando tratamos dos sólidos. A pressão em um ponto de um fluido em repouso é igual em todas as direções e definimos a pressão como a componente normal da força por unidade de área. Mais especificamen- te: seja δA uma área pequena e δA′ a menor área sobre a qual ainda podemos considerar o fluido como um meio contínuo. Se δFn é a componente normal da força sobre δA, definimos a pressão, P, como: limP F AA A nδ δ = δ δ→ em que δA tem um significado análogo ao estabe- lecido para δV, na definição do volume específico, que referencia a Figura 1.7. A pressão P em um ponto de um fluido em equilíbrio é a mesma em todas as direções. Em um fluido viscoso em mo- vimento, a mudança no estado de tensão com a orientação passa a ser importante. Essas conside- rações fogem ao escopo deste livro e considerare- mos a pressão apenas em termos de um fluido em equilíbrio. A unidade de pressão no Sistema Internacio- nal é o pascal (Pa) e corresponde à força de 1 newton agindo em uma área de um metro quadra- do. Isto é, 1 Pa = 1 N/m2 Há duas outras unidades, que não fazem parte do SI, mas são largamente utilizadas. Uma delas é o bar 1 bar = 105 Pa = 0,1 MPa e a atmosfera padrão é definida por 1 atm = 101 325 Pa = 14,696 lbf/in.2 e é ligeiramente maior que o bar. Neste livro, normalmente utilizaremos como unidades de pressão as unidades do SI, o pascal e os seus múltiplos (o quilopascal e o megapascal). O bar será frequentemente utilizado nos exemplos e nos problemas, porém a unidade atmosfera não será usada, exceto na especificação de determina- dos pontos de referência. Considere o gás contido no conjunto cilindro- -pistão móvel indicado na Figura 1.10. A pressão exercida pelo gás em todas as fronteiras do sistema é a mesma desde que admitamos que o gás esteja em um estado de equilíbrio. O valor dessa pressão é fixado pelo módulo da força externa que atua no pistão, porque é necessário que exista equilíbrio de forças para que o pistão permaneça estacioná- rio. Assim, nessa condição, o produto da pressão no gás pela área do pistão móvel precisa ser igual à força externa. Agora, se alterarmos o módulo da força externa, o valor da pressão no gás preci- sará se ajustar. Note que esse ajuste é alcançado a partir do movimento do pistão de modo que se estabeleça o balanço de forças no novo estado de equilíbrio. Outro exemplo interessante é: admita que o gás no cilindro seja aquecido por um corpo externo e que a força externa seja constante. Esse processo tenderia a aumentar a pressão no gás se o volume do sistema fosse constante. Entretanto, o pistão se moverá de tal modo que a pressão per- manecerá constante e igual à pressão imposta pela força externa que atua no pistão. Gás P Fext Figura 1.10 Equilíbrio de forças em uma fronteira móvel. termodinamica 01.indd 31 15/10/14 14:36 32 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 1.3 A Figura 1.11 mostra um conjunto cilindro- -pistão utilizado em um sistema hidráulico. O diâmetro do cilindro (D) é igual a 0,1 m e a massa do conjunto pistão-haste é 25 kg. O diâmetro da haste é 0,01 m e a pressão atmosférica (P0) é 101 kPa. Sabendo que o conjunto cilindro-pistão está em equilí- brio e que a pressão no fluido hidráulico é 250 kPa, determine o módulo da força que é exercida, na direção vertical e no sentido descendente, sobre a haste. Solução: Considerando que o conjunto cilindro-pis- tão está em equilíbrio estático e que as for- ças atuam na direção vertical, Fvert = ma = 0 Pcil Acil – P0(Acil – Ahaste) – F – mPg Assim, a força aplicada na haste é F = Pcil Acil – P0(Acil – Ahaste) – mPg As áreas são iguais a: /4 4 0,1 m 0,007 854 m /4 4 0,01 m 0,000 078 54 m cil 2 2 2 2 2 haste 2 2 2 2 2 A r D A r D π π π π π π = = = = = = = = e o módulo da força que atua na haste é F = (250 × 103) 7,854 ×10−3 – (101 × 103) × (7,854 × 10−3 – 7,854 × 10−5 ) – 25 × 9,81 = 1 963,5 – 785,3 – 245,3 = 932,9 N Observe que foi preciso converter kPa em Pa para obter a unidade N. P0 Ahaste Pcil F Figura 1.11 Esboço para o Exemplo 1.3. A pressão absoluta é utilizada na maioria das análises termodinâmicas. Entretanto, em sua maioria, os manômetros de pressão e de vácuo indicam a diferença entre a pressão absoluta e a atmosférica, diferença esta chamada de pressão manométrica ou efetiva. Isto está mostrado, gra- ficamente, na Figura 1.12 e os exemplos a seguir ilustram os princípios envolvidos. As pressões, abaixo da atmosférica e ligeiramente acima, e as diferenças de pressão (por exemplo, através de um orifício em um tubo) são medidas frequente- mente com um manômetro que utiliza água, mer- cúrio, álcool ou óleo como fluido manométrico. Considere a coluna de fluido com altura H, medi- da acima do ponto B, mostrada na Figura 1.13. A força que atua na base desta coluna é Patm A + mg = Patm A + ρAHg em que m é a massa de fluidocontido na coluna, A é a área da seção transversal da coluna e ρ é a massa específica do fluido na coluna. Essa for- ça deve ser balanceada por outra força vertical e com sentido para cima que é dada por PBA. Deste modo, PB = patm + ρHg Os pontos A e B estão localizados em se- ções que apresentam mesma elevação. Assim, as pressões nos pontos A e B são iguais. Se a mas- Pabs,1 Patm Pabs,2 Manômetro comum P = Pabs,1 – Patm Manômetro de vácuo P = Patm – Pabs,2 Barômetro lê a pressão atmosférica O P ∆ ∆ Figura 1.12 Ilustração dos termos utilizados em medidas de pressão. termodinamica 01.indd 32 15/10/14 14:36 33Introdução e Comentários Preliminares sa específica do fluido contido no reservatório for pequena em relação à massa específica do fluido manométrico, temos que a pressão no reservató- rio é muito próxima de PA. Nessa condição, a pres- são manométrica do fluido contido no reservatório é dada por ∆P = P – Patm = ρHg (1.2) Neste livro, para distinguir a pressão absoluta da pressão efetiva, o termo pascal irá se referir sempre à pressão absoluta. A pressão efetiva será indicada apropriadamente. Considere agora o barômetro usado para medir pressão atmosférica, como mostrado na Figura 1.14. Como a condição acima do fluido (normalmente mercúrio) da coluna é muito próxima do vácuo ab- soluto, a altura de fluido na coluna indica a pressão atmosférica, pela utilização da Equação 1.2: Patm = ρgH0 (1.3) EXEMPLO 1.4 Um barômetro de mercúrio está em uma sala a 25 °C e tem uma coluna de 750 mm de altura. Qual é a pressão atmosférica em kPa? Solução: A massa específica do mercúrio a 25 °C é obtida na Tabela A.4, do Apêndice. Ela vale 13 534 kg/m3. Usando a Equação 1.3, Patm = ρgH0 = 13 534 kg/m3 × 9,807 m/s2 × × 0,750 m/1000 = 99,54 kg/m3 kPa Fluído P A Patm = P0 gH B Figura 1.13 Exemplo de medição de pressão com uma coluna de líquido. EXEMPLO 1.5 Um manômetro de mercúrio é utilizado para medir a pressão no recipiente mostrado na Figura 1.13. O mercúrio apresenta massa específica igual a 13 590 kg/m3. A diferen- ça entre as alturas das colunas foi medida e é igual a 0,24 m. Determine a pressão no recipiente. Solução: O manômetro mede a pressão relativa, ou seja, a diferença entre a pressão no reci- piente e a pressão atmosférica. Deste modo, da Equação 1.2, ∆P = Pmanométrico = ρHg = 13 590 kg/m3 × 0,24 m × 9,807 m/s2 ∆P = 31 985 Pa = 31,985 kPa = 0,316 atm A pressão absoluta no recipiente é dada por ∆PA = Precipiente = PB = ∆P + Patm Assim, precisamos conhecer o valor da pressão atmosférica, que é medida com um barômetro, para determinar o valor da pres- são absoluta no recipiente. Se admitirmos que a pressão atmosférica é igual a 750 mm Hg, a pressão absoluta no recipiente é Precipiente = ∆P + Patm = 31 985 Pa + 13 590 kg/m3 × 0,750 × 9,807 m/s2 = 31 985 + 99 954 = 131 940 Pa = 1,302 atm P ≈ 0 Patm g H0 Figura 1.14 Barômetro. termodinamica 01.indd 33 15/10/14 14:36 34 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 1.6 O tanque esférico mostrado na Figura 1.15 apresenta diâmetro igual a 7,5 m e é utilizado para armazenar fluidos. Determine a pressão no fundo do tanque considerando que: a. O tanque contém gasolina líquida a 25 °C e a pressão na superfície livre do líquido é 101 kPa. b. O fluido armazenado no tanque é o refrige- rante R-134a e a pressão na superfície livre do líquido é 1 MPa. H Figura 1.15 Tanque do Exemplo 1.6. Solução: A Tabela A4 do Apêndice fornece os valores das massas específicas dos líquidos. ρgasolina = 750 kg/m3; ρR-134a = 1 206 kg/m3 A diferença de pressão, em razão da ação da gravidade, pode ser calculada com a Equação 1.2. Assim, ∆P = ρgH A pressão no fundo do tanque é P = Ptopo + ∆P Quando o tanque contém gasolina, P = 101 × 103 + 750 × 9,81 × 7,5 = = 156 181 Pa = 156,2 kPa Quando o tanque contém o fluido refrigerante R-134a, P = 1,0 × 106 + 1 206 × 9,81 × 7,5 = = 1,0887 × 106 Pa = 1 089 kPa Se a massa específica for variável, devemos considerar a Equação 1.2 na forma diferencial, dP = −ρgdh incluindo o sinal, de forma que a pressão diminui com o aumento da altura. Desta forma, a equação de diferenças finitas é d0 0 P P g h H ∫ ρ= − (1.4) com o valor da pressão P0 na cota zero. QUESTÕES CONCEITUAIS e. O manômetro de um sistema de enchimen- to de pneu de automóvel indica 195 kPa; qual é a pressão no interior do pneu? f. Pode-se sempre desprezar o correspon- dente ao fluido que está acima do ponto A na Figura 1.13? Quais circunstâncias in- fluenciam esse aspecto? g. Um manômetro em U tem a coluna da es- querda conectada a uma caixa com pres- são de 110 kPa e a da direita, aberta. Qual dos lados tem a maior coluna de fluido? 1.8 ENERGIA Uma quantidade de massa macroscópica pode possuir energia na forma de energia interna, ine- rente a sua estrutura interna, energia cinética, em decorrência de seu movimento e energia potência l, associada às forças externas que atuam sobre ela. A energia total pode ser escrita como: E = Interna + Cinética + Potência l = U + EC + EP e a energia total especifica é: e = E/m = u + ec + ep = u + ½ V2 + gz (1.5) onde a energia cinética é considerada como a energia de movimento translacional e a energia potência l considera a força gravitacional constan- te. Se a massa apresenta rotação, devemos adicio- nar o termo da energia cinética rotacional (½ω2). A energia interna na escala macroscópica tem um conjunto de energias similares associado com o movimento microscópico das moléculas indivi- duais. Podemos então escrever u = uext molécula+ utranslação molécula + uint molécula (1.6) termodinamica 01.indd 34 15/10/14 14:36 35Introdução e Comentários Preliminares como a soma da energia potêncial, em razão das forças intermoleculares, a energia cinética trans- lacional da molécula e a energia associada com a estrutura interna molecular e atômica. Sem entrar em detalhes, nos damos conta de que existe uma diferença entre as forças inter- moleculares. Assim, o primeiro termo da energia para uma configuração em que as moléculas estão muito próximas, como em um sólido ou um líquido (alta massa específica), contrasta com a situação de um gás como o ar, no qual a distância entre as moléculas é grande (baixa massa específica). No limite de um gás com muito baixa massa específi- ca, as moléculas estão tão distantes que não inte- EXEMPLO 1.7 Um conjunto cilindro-pistão, com área de seção transversal igual a 0,01 m2, está conectado, por meio de uma linha hidráulica, a outro conjun- to cilindro-pistão que apresenta área da seção transversal igual a 0,05 m2. A massa específica do fluido hidráulico que preenche tanto as câ- maras dos conjuntos quanto a linha é igual a 900 kg/m3 e a superfície inferior do pistão com diâmetro grande está posicionada 6 m acima do eixo do pistão com diâmetro pequeno. O braço telescópico e as cestas presentes no caminhão esboçado na Figura 1.16 são acionados por esse sistema. Admitindo que a pressão atmosférica é de 100 kPa e que a força líquida, que atua no pistão, com diâmetro pequeno é 25 kN, deter- mine o módulo da força que atua no pistão com diâmetro grande. Solução: Podemos admitir que as pressões interna e ex- terna que atuam no pistão inferior são constan- tes porque é pequeno. Lembre que a pressão é constante em um plano horizontal quando o meio fluido está estagnado. Se também consi- derarmos que as áreas das seções transversais das hastes são pequenas, o balanço de forças no pistão pequeno resulta em F1 + P0 A1 = P1 A1 A pressão interna no pistão inferior é P1 = P0 + F1/A1 = 100 kPa + 25 KN/0,01 = 2 600 kPa A Equação 1.2 pode ser utilizada para calcular a pressão que atua na superfície inferior do pis- tão grande. Desse modo, P2 = P1 – ρgH = 2 600 kPa × 103 – 900 kg/m3 × 9,81 m/s2 × 6 m = 2,547 × 106 Pa = 2547 kPa O balanço de forças no pistão grande nos fornece F2 + P0A2 = P2 A2 F2 = (P2 – P0)A2 = (2 547 – 100) kPa× 0,05 m2 = 122,4 kN H F2 F1 P1 P2 Figura 1.16 Esboço para o Exemplo 1.7. ragem, a menos que colidam e o primeiro termo se torna próximo de zero. Esse é o limite que temos quando consideramos uma substância como um gás ideal, como será abordado no Capítulo 2. A energia translacional depende apenas da massa e da velocidade do centro de massa das mo- léculas, considerando que o último termo da ener- gia depende da estrutura detalhada. De um modo geral, podemos escrever a energia como uint molécula = upotêncial + urotacional + uvibração + uátomos (1.7) termodinamica 01.indd 35 15/10/14 14:36 36 Fundamentos da Termodinâmica Para ilustrar a energia potêncial associada com as forças intermoleculares, considere uma molécula de oxigênio de dois átomos, como mos- trado na Figura 1.17. Se queremos separar os dois átomos, exercemos uma força e, assim, fazemos algum trabalho sobre o sistema, como explicado no Capítulo 3. A quantidade de trabalho é igual à energia potêncial associada com os dois átomos, que são mantidos juntos na molécula de oxigênio. Considere um gás monoatômico simples como o hélio em que cada molécula é constituída por um átomo de hélio. Cada átomo de hélio possui energia eletrônica, resultado do momento angu- lar orbital dos elétrons e do momento angular dos elétrons que rotacionam sobre seus próprios ei- xos (spin). A energia eletrônica é normalmente muito pequena quando comparada com a energia cinética molecular. (Os átomos também possuem energia nuclear que, excetuando os casos nos quais ocorre reação nuclear, é constante. Nesta análise, não estamos nos preocupando com esse tipo de reação.) Quando consideramos moléculas complexas, como as constituídas por dois ou três átomos, outros fatores devem ser considerados. Juntamente com a energia eletrônica, as molécu- las podem rotacionar em relação ao eixo que passa sobre o seu centro de massa e, desse modo, apre- sentar energia rotacional. Além disso, os átomos podem vibrar e, assim, apresentar energia vibra- cional. Em algumas situações, pode ocorrer o aco- plamento entre os modos de vibrar e rotacionar. Para avaliar a energia de uma molécula, cos- tuma-se fazer uso do número de graus de liber- dade f, desses modos de energia. Para uma mo- lécula monoatômica, como a do gás hélio, f = 3, representando as três direções x, y e z nas quais a molécula pode se movimentar. Para uma molécula diatômica, como a do oxigênio, f = 6, em que três dos graus de liberdade referem-se ao movimento global da molécula nas direções, x, y e z, e dois ao movimento de rotação. A razão pela qual existem apenas dois graus de liberdade para o movimento de rotação fica evidente na Figura 1.17, em que a origem do sistema de coordenadas fica no cen- tro de gravidade da molécula e o eixo y ao longo do eixo que liga os dois núcleos. A molécula terá, então, um grande momento de inércia em relação aos eixos x e z, o que não ocorre em relação ao eixo y. O sexto grau de liberdade da molécula é o da energia vibracional, relacionado à deforma- ção da ligação entre os átomos no eixo y. Em moléculas mais complexas, como a da água (H2O), existem graus vibracionais adicionais, conforme representado na Figura 1.18, em que fica evidente a existência de três graus de liber- dade vibracionais. Como é possível existir ainda três modos de energia rotacional, resulta um total de nove graus de liberdade (f = 9): três translacio- nais, três rotacionais e três vibracionais. A maioria das moléculas mais complexas, como as poliatômicas, tem estrutura tridimen- sional e múltiplos modos vibracionais, cada um deles contribuindo para o armazenamento de ener- gia, o que eleva o número de graus de liberdade. O Apêndice C, escrito para aqueles que desejam conhecer mais sobre o comportamento molecular das substâncias, apresenta informações adicionais sobre os modos de armazenamento de energia nas moléculas e, também, como essa energia pode ser estimada. x y z Figura 1.17 Sistema de coordenadas para uma molécula diatônica. O H H O H H O HH Figura 1.18 Os três principais modos de vibração para a molécula de H2O. termodinamica 01.indd 36 15/10/14 14:36 37Introdução e Comentários Preliminares A Figura 1.19 mostra um recipiente que con- tém água e que está sendo “aquecida” (a transfe- rência de calor é para a água). A temperatura do líquido e do vapor aumentará durante esse pro- cesso e, ao final, todo o líquido terá se transforma- do em vapor. Do ponto de vista macroscópico, es- tamos preocupados somente com a quantidade de calor que está sendo transferida e com a mudança das propriedades, tais como temperatura, pressão e quantidade de energia que a água contém (em relação a algum referencial), detectadas a cada instante. Assim, questões sobre como a molécu- la de água acumula energia não nos interessa. Do ponto de vista microscópico, estamos preocupa- dos em descrever como a energia é acumulada nas moléculas. Poderíamos até estar interessados em desenvolver um modelo de molécula que pudesse prever a quantidade de energia necessária para al- terar a temperatura de certo valor. A abordagem utilizada neste livro é a clássica macroscópica e não nos preocuparemos com questões microscó- picas. Mas sempre é bom lembrar que a perspec- tiva microscópica pode ser útil no entendimento de alguns conceitos básicos, como foi no caso da energia. 1.9 IGUALDADE DE TEMPERATURA Embora a temperatura seja uma propriedade mui- to familiar, é difícil encontrar uma definição exata para ela. Estamos acostumados à noção de tempe- ratura, antes de mais nada, pela sensação de calor ou frio quando tocamos um objeto. Além disso, aprendemos que, ao colocarmos um corpo quen- te em contato com um corpo frio, o corpo quen- te esfria e o corpo frio aquece. Se esses corpos permanecerem em contato por algum tempo, eles parecerão ter o mesmo grau de aquecimento ou resfriamento. Entretanto, reconhecemos também que a nossa sensação não é muito precisa. Algu- mas vezes, corpos frios podem parecer quentes e corpos de materiais diferentes, que estão à mes- ma temperatura, parecem estar a temperaturas diferentes. Em razão dessas dificuldades para definir temperatura, definimos igualdade de temperatu- ra. Consideremos dois blocos de cobre, um quente e outro frio, cada um em contato com um termô- metro de mercúrio. Se esses dois blocos de cobre são colocados em contato térmico, observamos que a resistência elétrica do bloco quente decres- ce com o tempo e que a do bloco frio cresce com o tempo. Após certo período, nenhuma mudança na resistência é observada. De forma semelhante, quando os blocos são colocados em contato tér- mico, o comprimento de um dos lados do bloco quente decresce com o tempo, enquanto o do blo- co frio cresce com o tempo. Após certo período, nenhuma mudança nos comprimentos dos blocos é observada. A coluna de mercúrio do termômetro no corpo quente cai e no corpo frio se eleva, mas após certo tempo nenhuma mudança nas alturas das colunas de mercúrio é observada. Podemos di- zer, portanto, que dois corpos possuem igualdade de temperatura se não apresentarem alterações, em qualquer propriedade mensurável, quando co- locados em contato térmico. 1.10 A LEI ZERO DA TERMODINÂMICA Consideremos agora os mesmos blocos de cobre e, também, outro termômetro. Coloquemos em con- tato térmico o termômetro com um dos blocos, até que a igualdade de temperatura seja estabelecida, e, então, o removamos. Coloquemos, então, o ter- mômetro em contato com o segundo bloco de co- bre. Suponhamos que não ocorra mudança no nível de mercúrio do termômetro durante essa opera- ção. Podemos dizer que os dois blocos estão em equilíbrio térmico com o termômetro dado. A lei zero da termodinâmica estabelece que, quando dois corpos têm igualdade de temperatu- Vapor H2O Líquido H 2O Calor Figura 1.19 Calor transferido para água. termodinamica 01.indd 37 15/10/14 14:36 38 Fundamentos da Termodinâmicara com um terceiro corpo, eles terão igualdade de temperatura entre si. Isso nos parece muito ób- vio porque estamos familiarizados com essa ex- periência. Entretanto, como essa afirmação não é derivada de outras leis e como precede as forma- lizações da primeira e da segunda lei da termodi- nâmica, na apresentação lógica da termodinâmi- ca, é chamada lei zero da termodinâmica. Essa lei constitui a base para a medição da temperatura, porque podemos colocar números no termômetro de mercúrio e, sempre que um corpo tiver igual- dade de temperatura com o termômetro, podere- mos dizer que o corpo apresenta a temperatura lida no termômetro. O problema permanece, en- tretanto, em relacionar as temperaturas lidas em diferentes termômetros de mercúrio ou as obti- das por meio de diferentes aparelhos de medida de temperatura, tais como pares termoelétricos e termômetros de resistência. Isso sugere a neces- sidade de uma escala padrão para as medidas de temperatura. 1.11 ESCALAS DE TEMPERATURA A escala utilizada para medir temperatura no sis- tema de unidades SI é a Celsius, cujo símbolo é °C. Anteriormente foi chamada escala centígrada, mas agora tem esta denominação em honra ao as- trônomo sueco Anders Celsius (1701-1744) que a idealizou. Até 1954, esta escala era baseada em dois pontos fixos, facilmente reprodutíveis, o pon- to de fusão do gelo e o de vaporização da água. A temperatura de fusão do gelo é definida como a temperatura de uma mistura de gelo e água, que está em equilíbrio com ar saturado à pressão de 1,0 atm (0,101 325 MPa). A temperatura de vapo- rização da água é a temperatura em que a água e o vapor se encontram em equilíbrio à pressão de 1 atm. Esses dois pontos, na escala Celsius, rece- biam os valores 0 e 100. Na Décima Conferência de Pesos e Medidas, em 1954, a escala Celsius foi redefinida em função de um único ponto fixo e da escala de tempera- tura do gás ideal. O ponto fixo é o ponto triplo da água (o estado em que as fases sólida, líquida e vapor coexistem em equilíbrio). A magnitude do grau é definida em função da escala de temperatu- ra do gás ideal (que será discutida no Capítulo 5). Os aspectos importantes dessa nova escala são o ponto fixo único e a definição da magnitude do grau. O ponto triplo da água recebe o valor 0,01 °C. Nessa escala, o ponto de vaporização normal da água determinado experimentalmente é 100,00 °C. Assim, há uma concordância essencial entre a es- cala velha de temperatura e a nova. Deve-se observar que ainda não consideramos uma escala absoluta de temperatura. A possibili- dade de tal escala surge da segunda lei da termo- dinâmica e será discutida no Capítulo 5. Com base na segunda lei da termodinâmica, podemos definir uma escala de temperatura que é independente da substância termométrica. Essa escala absoluta é usualmente referida como escala termodinâmica de temperatura. Entretanto, é difícil operar dire- tamente nessa escala. Por esse motivo foi adotada a Escala Internacional de Temperatura que é uma aproximação muito boa da escala termodinâmica e é de fácil utilização. A escala absoluta relacionada à escala Cel- sius é chamada escala Kelvin (em honra a William Thompson, 1824-1907, que é também conhecido como Lord Kelvin) e indicada por K (sem o símbo- lo de grau). A relação entre essas escalas é K = °C + 273,15 (1.8) Em 1967, a CGPM definiu o kelvin como 1/273,16 da temperatura no ponto triplo da água e a escala Celsius passou a ser definida por essa equação. Várias escalas empíricas de temperatura têm sido utilizadas nos últimos 70 anos para propiciar a calibração de instrumentos e normalizar as me- dições de temperatura. A Escala Internacional de Temperatura de 1990 (ITS-90) é a mais recente dessas e é baseada em um conjunto de pontos fixos facilmente reprodutíveis, que receberam valores numéricos de temperatura definidos, e em certas fórmulas que relacionam as temperaturas às lei- turas de determinados instrumentos de medição de temperatura (para que seja possível efetuar a interpolação entre os pontos fixos). Não apresen- taremos mais detalhes da ITS-90 neste texto, mas é importante ressaltar que essa escala fornece um modo prático de efetuar medidas que fornecem resultados coerentes com a escala termodinâmica de temperatura. termodinamica 01.indd 38 15/10/14 14:36 39Introdução e Comentários Preliminares 1.12 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Quando lidamos com materiais para transportá-los ou comercializá-los, temos de especificar a quan- tidade; o que, muitas vezes, é feito pelo volume ou pela massa total. No caso de substâncias com massa específica razoavelmente bem definida, po- demos usar ambas as medidas. Por exemplo, água, gasolina, óleo, gás natural, e muitos itens alimen- tares são exemplos comuns de materiais para os quais usamos volume para exprimir a quantida- de. Outros exemplos são as quantidades de ouro, carvão, e itens alimentares em que usamos massa para quantificar. Para armazenar ou transportar materiais, muitas vezes precisamos saber ambas as medidas (massa e volume) para sermos capazes de dimensionar o equipamento adequadamente. A grandeza pressão é usada em controle de processos e na imposição de condições limites (segurança). Na maioria das vezes, utiliza-se a pressão manométrica. Para exemplificar o uso da grandeza, considere um tanque de armazenamen- to dotado de um indicador de pressão para indicar quão cheio ele está. Ele pode conter também uma válvula de segurança, que se abre e deixa mate- rial escapar do tanque quando a pressão atinge um valor máximo preestabelecido. Um cilindro de ar com compressor montado sobre ele é apresentado na Figura 1.20; por ser um equipamento portátil, é utilizado para acionar ferramentas pneumáticas. Um manômetro ativará um contato elétrico1 para ligar o compressor quando a pressão atingir certo limite inferior, e o desligará quando a pressão atin- gir certo limite superior. Os manômetros apresentados na Figura 1.21 são conectados aos bicos dos pneus. Alguns ma- nômetros têm um indicador digital. A pressão no interior dos pneus é importante, por questões de segurança e durabilidade dos pneus. Com pres- sões muito baixas os pneus deformam muito e po- dem superaquecer; com pressões muito elevadas os pneus têm desgaste excessivo no centro. Na Figura 1.22, é mostrada uma válvula de segurança com mola. Um sistema de aperto pode regular a compressão da mola para que a válvu- la abra em pressões mais baixas ou mais eleva- das. Esse tipo de válvula é utilizado em sistemas pneumáticos. 1 O conjunto manômetro mais um contator elétrico recebe a desig- nação de pressostato (N.T.). Quando a borboleta do sistema de admissão de ar do motor de um veículo é fechada (Figura 1.23), diminuindo o fluxo de ar, ela cria um vácuo atrás de si que é medido por um manômetro, o qual envia um sinal para a central de controle do veículo. A menor pressão absoluta (maior vácuo) ocorre quando se tira completamente a pressão do acelerador e a maior pressão quando o motorista o abaixa completamente (exigindo a máxima acele- ração do veículo). Um diferencial de pressão pode ser utilizado para medir indiretamente a velocidade de esco- amento de um fluido, como mostrado esquema- ticamente na Figura 1.24 (este efeito você pode sentir quando estende sua mão para fora de um veículo em movimento; na face voltada para frente do veí culo a pressão é maior que na face oposta, Figura 1.20 Compressor de ar com cilindro de armazenamento. (© zilli/ iStockphoto) 10 20 30 40 50 60 0. 5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 100 20200 30300 4040 5050 6060 0. 5 0. 5 11 1.55 22 22.5 33 33.5 44 000000000000 Figura 1.21 Manômetro para calibração da pressão de pneus automotivos. termodinamica 01.indd 39 15/10/14 14:36 40 Fundamentos da Termodinâmica resultando em uma força líquida que tenta empur- rar sua mão para trás). A análise de engenharia de tal processo é desenvolvida e apresentada no Capítulo 7. Emum jet ski, um pequeno tubo tem um de seus extremos voltado para frente, medin- do a pressão mais elevada, que ocorre por causa do movimento relativo entre ele e a água. O outro extremo transmite um sinal de pressão que é utili- zado por um velocímetro. Saída de fluido Figura 1.22 Desenho esquemático de uma válvula de segurança. Ar para o motor Borboleta Linha para o retardamento do vácuo Trava da borboleta Borboleta Batente Linha para o avanço do vácuo Figura 1.23 Dispositivo para regulagem da vazão de ar de admissão em um motor automotivo. Fluxo Pressão estática + dinâmica ∆P Pressão estática Manômetro Figura 1.24 Esquema de sistema de medição da velocidade de um fluido. 750 720 73 0 74 0 760 770 780 790 700 710 940950 960 97 0 98 0 99 0 1000 1010 1020 1030 1040 1050 1060 Figura 1.25 Barômetro aneroide. A Figura 1.25 mostra um barômetro aneroide utilizado para medir a pressão absoluta do ar am- biente, a qual é importante na predição de condi- ções climáticas. Ele consiste em uma lâmina fina metálica ou de um fole que expande ou contrai com a pressão atmosférica. A leitura é feita por um ponteiro de deslocamento ou por meio da va- riação da capacitância elétrica que ocorre pelo distanciamento de duas lâminas. termodinamica 01.indd 40 15/10/14 14:36 41Introdução e Comentários Preliminares Inúmeros tipos de dispositivos são utili- zados para medir temperatura. Talvez o mais comum seja o de vidro, no qual o líquido em seu interior é normalmente o mercúrio. Uma vez que a massa específica do líquido diminui com a elevação da temperatura, isso provoca a elevação da altura do líquido na coluna. Outros líquidos são também utiliza- dos em tal tipo de termômetro, dependendo da faixa de temperatura de trabalho. Dois tipos de dispositivos usualmente utilizados para medir temperatura são o ter- mopar e a termistor. Exemplos de termopa- res são mostrados na Figura 1.26. Um ter- mopar consiste na junção (solda em uma das pontas) de dois metais diferentes. As pontas soltas se estiverem em uma temperatura diferente da junção soldada, apresentarão diferença de potencial proporcional à diferença de temperatura. Se as pontas soltas estiverem coloca- das em um banho de temperatura conhecida (por exemplo, gelo fundente), o sistema pode ser cali- brado e a diferença de potencial ser uma indicação da temperatura da junta soldada. Vários pares de metais podem ser utilizados, dependendo da faixa de temperatura em que o termopar será utilizado. O tamanho da junta2 deve ser o mínimo possível para diminuir o tempo de resposta do instrumento. Termistores são componentes que mudam sua resistência elétrica de acordo com a temperatura. Se uma corrente elétrica conhecida passa por um termistor, a tensão nos seus terminais será propor- cional à resistência elétrica. Há formas de amplifi- car tal sinal e esse componente pode ser assim uti- lizado para, em função da medida de tensão, indicar uma medida de temperatura. Medidas de tempera- tura de elevada precisão são feitas de maneira simi- lar, utilizando-se um termômetro de resistência de platina. Para medir temperaturas muito elevadas, utiliza-se a intensidade da radiação com compri- mento de onda na faixa do visível. É possível também medir temperatura in- diretamente por meio de medidas de pressão. Se a pressão de vapor (discutida no Capítulo 2) é conhecida de forma precisa como uma função da temperatura, então ela pode ser utilizada para indicar o valor de temperatura. Em certas condi- ções, um termômetro de gás de volume constante 2 E mesmo o diâmetro dos fios do termopar. (N.T.) 750 720 73 0 74 0 760 770 780 790 700 710 940950 960 97 0 98 0 99 0 1000 1010 1020 1030 1040 1050 1060 Figura 1.25 Barômetro aneroide. Termopar com capa de proteção Termopar com capa de proteção e com fios isolados da capa Termopar soldado na capa de proteção Termopar com junta exposta para resposta rápida Temopar com junta exposta Figura 1.26 Termopares. (como será discutido no Capítulo 5) pode também ser utilizado para determinar a temperatura por meio de uma série de medidas de pressão. RESUMO Neste capítulo definimos o sistema termodinâmico como um volume de controle, que para uma massa fixada é um sistema (massa de controle). Tal sis- tema pode ser isolado, não ocorrendo transferên- cias de massa, quantidade de movimento e ener- gia com as vizinhanças. O sistema também pode ser designado como aberto ou fechado, conforme possa existir ou não fluxo de massa pela fronteira. Quando há uma variação de qualquer propriedade da substância que está sendo analisada, o estado termodinâmico é alterado e ocorre um processo. Quando uma substância, em um dado estado ini- cial, passa por mudanças de estado, ou processos e, finalmente, retorna ao estado inicial, dizemos que executa um ciclo. As unidades básicas de propriedades termodi- nâmicas e físicas foram mencionadas e as tabelas do Apêndice A apresentam seus valores. As pro- priedades termodinâmicas massa específica ρ, o volume específico v, a pressão P e a temperatura T foram introduzidas junto com suas respectivas uni- dades. As propriedades foram classificadas como intensivas e extensivas. As propriedades intensivas independem da massa (como o volume específico v) e as extensivas são proporcionais à massa (como termodinamica 01.indd 41 15/10/14 14:36 42 Fundamentos da Termodinâmica o volume total V). Os estudantes devem estar fa- miliarizados com outros conceitos básicos da física, como por exemplo: o de força, F, de velocidade, V, e de aceleração a. O cálculo da variação de pressão nas colunas de fluido foi realizado com a aplicação da segunda lei de Newton. Essa avaliação é funda- mental para compreender a medição de pressões absolutas e relativas com barômetros e manôme- tros. As escalas de temperatura normais e absolu- tas também foram apresentadas neste capítulo. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Fazer um esquema para iniciar a análise do processo que deseja estudar, identificar se existem fluxos de massa na fronteira escolhida e definir se a situação deve ser analisada com um sistema ou um volume de controle. • Conhecer o significado físico das propriedades P, T, v e ρ e suas unidades básicas. • Saber utilizar a tabela de conversão de unida- des que está disponível no Apêndice A. • Saber que a energia é acumulada, em nível mo- lecular, em diversos modos. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Volume de controle: Região sobre a qual nossa atenção é dirigida. Definição da pressão: P F A = (limite matemático para A infinitesimal) Volume específico: V m ν = Massa específica: m V ρ = (Tabelas. A.3, A.4 e A.5) Variação de pressão estática: ∆P = ρgH = – ∫ ρg dh (H é a altura da coluna de fluido, g é uma aceleração e ρ é a massa específica do fluido) Temperatura absoluta: K = °C + 273,15 Energia total específica: 1 2 2e u V gz= + + Unidades: Tabela A.1 do Apêndice • Saber que a energia pode ser transferida. • Reconhecer a diferença entre as propriedades intensivas (v e ρ) e as extensivas (V e m). • Aplicar um balanço de forças em um sistema e relacioná-lo à pressão. • Identificar a diferença entre os significados das pressões relativas e das absolutas. • Entender o funcionamento dos manômetros e barômetros e calcular as variações de pressão, P, e as pressões absolutas, P. • Conhecer a diferença entre as escalas de tem- peratura (normal e absoluta). • Conhecer as ordens de grandeza das proprie- dades abordadas (v, ρ, P e T). Ao longo do texto, será realizada uma repeti- ção e um reforço dos conceitos abordados neste capítulo. As propriedades termodinâmicas serão reanalisadas no Capítulo 2; e a transferência de energia, nas formas de trabalho e calor, e a energia interna serão novamente abordadas no Capítulo 3 junto com suas aplicações. termodinamica 01.indd 42 15/10/14 14:36 43Introdução e ComentáriosPreliminares Conceitos da Física Segunda lei de Newton: F = ma Aceleração: 2 2a d x dt d dt V = = Velocidade: dx dt V = PROBLEMAS CONCEITUAIS 1.1 Considere toda a central de potência mos- trada na Figura 1.1 como um volume de controle e faça uma lista com os fluxos de massa e energia de entrada e saída. Existe acumulação de energia no volume de con- trole? Tenha cuidado ao identificar o que está dentro e o que está fora do volume de controle. 1.2 Englobe o refrigerador da Figura 1.3 com um volume de controle. Identifique os flu- xos de massa de ar externo e mostre onde você tem uma significativa transferência de calor e onde há variação no armazenamen- to de energia. 1.3 Classifique a lista formada por: P, F, V, v, ρ, T, a, m, L, t e V em três grupos, de acordo com as seguintes características: proprie- dades intensivas, propriedades extensivas e o não propriedades. 1.4 Um recipiente contendo água líquida é co- locado em um congelador e é resfriado de 20 °C para –5 °C. Identifique o(s) fluxo(s) de energia e a acumulação de energia de- tectados no processo e explique as mudan- ças que ocorrem. 1.5 A massa específica das fibras, dos isola- mentos térmicos, das espumas isolantes e do algodão é pequena. Por que isso ocorre? 1.6 A massa específica é a única medida de como a massa é distribuída em um volume? O valor da massa específica pode variar de um ponto para outro? 1.7 A água pode ser encontrada na natureza em três fases diferentes: sólida, líquida e vapor. Indique a ordem de grandeza da massa específica e do volume específico da água nas três fases. 1.8 Qual é a massa aproximada de 1 L de gaso- lina? E a do hélio em um balão a T0 e P0? 1.9 Você consegue levantar 1 m3 de água líquida? 1.10 Um refrigerador doméstico tem quatro pés ajustáveis. Qual é a característica desses pés que pode garantir que eles não marca- rão o piso? 1.11 A pressão no fundo de uma piscina é bem distribuída. Suponha que uma placa de fer- ro fundido esteja apoiada no solo. A pres- são abaixo dele é bem distribuída? 1.12 O que determina, fisicamente, a variação da pressão atmosférica com a altitude? 1.13 Dois mergulhadores descem a uma profun- didade de 20 m. Um deles se encaminha para baixo de um superpetroleiro e o outro fica distante dele. Qual deles é submetido à maior pressão? 1.14 Um manômetro com água indica um equi- valente a Pamb/20. Qual é a diferença de al- tura das colunas de líquido? 1.15 A pressão tem de ser uniforme para que exista equilíbrio em um sistema? 1.16 Um esquiador aquático não afunda muito na água se a velocidade é relativamente alta. O que diferencia essa situação daque- la em que os cálculos são feitos consideran- do fluido parado? 1.17 Qual é a mínima temperatura possível? Forneça o resultado em graus Celsius e em Kelvin. termodinamica 01.indd 43 15/10/14 14:36 44 Fundamentos da Termodinâmica 1.18 Converta a equação para a massa específi- ca da água, apresentada na questão concei- tual “d”, para que ela opere com a tempera- tura expressa em Kelvin. 1.19 Um termômetro que indica a temperatura por uma coluna de líquido tem um bulbo com grande volume de líquido. Qual é a ra- zão disso? 1.20 Qual é a principal diferença entre a energia cinética macroscópica de um movimento de ar (vento) versus energia cinética mi- croscópica das moléculas individuais? Qual delas você pode sentir com a mão? 1.21 Como se pode descrever a energia de liga- ção entre os três átomos em uma molécula de água. Dica: imagine o que deve aconte- cer para criar três átomos separados. PROBLEMAS PARA ESTUDO Propriedades e Unidades 1.22 Uma maçã apresenta, respectivamente, massa e volume iguais a 60 g e 75 cm3 quan- do está em um refrigerador a 8 °C. Qual é a massa específica da maçã? Faça uma lista que apresente duas propriedades extensi- vas e três propriedades intensivas da maçã no estado fornecido. 1.23 Um kgf é o peso de um kg no campo gravita- cional padrão. Qual é o peso de 1 kg em N? 1.24 Um cilindro de aço, que inicialmente está evacuado, é carregado com 5 kg de oxigê- nio e 7 kg de nitrogênio. Determine, nessa condição, o número de kmols contidos no cilindro. 1.25 Um cilindro de aço, com massa igual a 4 kg, contém 4 litros de água líquida a 25 °C e 100 kPa. Determine a massa total e o volu- me do sistema. Apresente duas proprieda- des extensivas e três propriedades intensi- vas da água no estado fornecido. 1.26 A aceleração “normal” da gravidade (no ní- vel do mar e a 45° de latitude) é 9,806 65 m/s2. Qual é a força necessária para manter imobilizada uma massa de 2 kg nesse cam- po gravitacional? Calcule a massa de outro corpo, localizado nesse local, sabendo que é necessária uma força de 1 N para que o corpo permaneça em equilíbrio. 1.27 Um pistão de alumínio de 2,5 kg está sub- metido à aceleração “normal” da gravidade, quando é aplicada uma força vertical as- cendente de 25 N. Determine a aceleração do pistão. 1.28 A variação da aceleração da gravidade, g, com a altura, z, pode ser aproximada por g = 9,807 − 3,32 × 10−6 z, em que a altura está em metros e a aceleração em m/s2. De- termine a variação percentual do valor da aceleração da gravidade que ocorre entre a altura nula e a altura de 11 000 m. 1.29 Um modelo de automóvel é solto em um plano inclinado. A força na direção do mo- vimento apresenta módulo igual a um déci- mo daquele da força gravitacional padrão (veja o Problema 1.26). Determine a acele- ração no modelo, sabendo que sua massa é igual a 2 500 kg. 1.30 Um automóvel se desloca a 60 km/h. Su- ponha que ele seja imobilizado em 5 s por meio de uma desaceleração constante. Sa- bendo que a massa do conjunto automó- vel-motorista é 2075 kg, determine o mó- dulo da força necessária para imobilizar o conjunto. 1.31 Um automóvel com massa de 1 500 kg se desloca a 20 km/h. Sabendo que ele é ace- lerado até 75 km/h, com uma aceleração constante e igual a 4 m/s2, determine a for- ça e o tempo necessários para a ocorrência desse movimento. 1.32 A aceleração da gravidade na superfície da Lua é aproximadamente igual a 1/6 daquela referente à superfície da Terra. Uma mas- sa de 5 kg é “pesada” em uma balança de braço na superfície da Lua. Qual é a leitu- ra esperada? Se a pesagem fosse efetuada em uma balança de mola, calibrada corre- tamente em um ponto em que a acelera- termodinamica 01.indd 44 15/10/14 14:36 45Introdução e Comentários Preliminares ção da gravidade é normal (ver Problema 1.26), que leitura seria obtida? 1.33 O elevador de um hotel tem uma mas- sa de 750 kg, e carrega seis pessoas com uma massa total de 450 kg. Qual a força necessária no cabo para que o elevador te- nha uma aceleração de 1 m/s2 no sentido ascendente? 1.34 Uma das pessoas, no problema anterior, pesa 80 kg. Qual o peso que essa pessoa sen- te quando o elevador começa a se mover? 1.35 Um recipiente de aço, que apresenta massa igual a 12 kg, contém 1,75 kmols de propa- no na fase líquida. Qual é a força necessária para movimentá-lo com aceleração de 3 m/s2 na direção horizontal? 1.36 Uma caçamba contendo concreto, com mas- sa total igual a 700 kg, é movimentado por um guindaste. Sabendo que a aceleração da caçamba, em relação ao chão, é 2 m/s2, determine a força realizada pelo guindaste. Admita que a aceleração local da gravidade apresente módulo igual a 9,5 m/s2. Volume Específico 1.37 Um reservatório estanque e com volume de 1 m3 contém uma mistura obtida com 400 kg de granito, 200 kg de areia seca e 0,2 m3 de água líquida a 25 °C. Utilizando as propriedades apresentadas nas Tabelas A.3 e A.4, determine o volume específico médio e a massa específica média da mistu- ra contida no reservatório. Desconsidere a presença do ar no reservatório. 1.38 Uma central de potência separa CO2 dos gases de exaustão da planta. O CO2 é então comprimido para uma condição em que a massa específica é de 110 kg/m3 e armaze- nado em uma jazida de carvão inexplorá-vel, que contém em seus poros um volume de vazios de 100 000 m3. Determine a mas- sa de CO2 que pode ser armazenada. 1.39 Um tanque de aço, com massa igual a 15 kg, armazena 300 L de gasolina que apresen- ta massa específica de 800 kg/m3. Qual é a força necessária para movimentar esse conjunto com uma aceleração que é duas vezes a aceleração da gravidade? 1.40 Um reservatório estanque e com volume de 5 m3 contém 900 kg de granito (massa específica de 2 400 kg/m3) e ar (massa es- pecífica de 1,15 kg/m3). Determine a massa de ar e o volume específico médio. 1.41 Um tanque apresenta duas partições sepa- radas por uma membrana. A partição A con- tém 1 kg de ar e apresenta volume igual a 0,5 m3. O volume da partição B é 0,75 m3 e esta contém ar com massa específica igual a 0,8 kg/m3. A membrana é rompida e o ar atin- ge um estado uniforme. Determine a massa específica do ar no estado final do processo. 1.42 Um quilograma de oxigênio diatômico (massa molecular igual a 32) está contido num tanque que apresenta volume de 500 L. Calcule o volume específico do oxigênio na base mássica e na molar. Pressão 1.43 Um elefante de massa 5 000 kg tem uma área de seção transversal em cada pata igual a 0,02 m2. Admitindo uma distribui- ção homogênea, qual é a pressão sob suas patas? Psaída Aválvula Pcil FIGURA P1.44 1.44 A área da seção transversal da válvula do cilindro mostrado na Figura P1.44 é igual a 11 cm2. Determine a força necessária para abrir a válvula, sabendo que a pressão no cilindro é 735 kPa e que a pressão externa é 99 kPa. 1.45 O diâmetro do pistão de um macaco hidráu- lico é igual a 200 mm. Determine a pressão no cilindro para que o pistão levante uma massa de 740 kg. termodinamica 01.indd 45 15/10/14 14:36 46 Fundamentos da Termodinâmica 1.46 A pressão máxima no fluido utilizado em um macaco hidráulico é 0,5 MPa. Sabendo que o macaco deve levantar um corpo com massa de 850 kg, determine o diâmetro do conjun- to cilindro-pistão que movimenta o corpo. 1.47 Uma sala de laboratório está sob um vácuo de 0,1 kPa. Qual é a força com que uma por- ta de 2 m por 1 m é puxada para dentro? 1.48 Um conjunto cilindro-pistão vertical apre- senta diâmetro igual a 125 mm e contém fluido hidráulico. A pressão atmosférica é igual a 1 bar. Determine a massa do pistão sabendo que a pressão no fluido é igual a 1 500 kPa. Admita que a aceleração da gra- vidade seja a “normal”. 1.49 Uma pessoa de 75 kg tem uma área de con- tato com o chão de 0,05 m2 quando está usando botas. Vamos supor que ela deseja caminhar sobre a neve que pode suportar 3 kPa; adicionais, qual deveria ser a área total dos seus sapatos de neve? 1.50 Um conjunto cilindro-pistão apresenta área da seção transversal igual a 0,01 m2. A massa do pistão é 100 kg e está apoiado nos esbarros mostrados na Figura P1.50. Se a pressão no ambiente for igual a 100 kPa, qual deve ser a mínima pressão na água para que o pistão se mova? P0 g Água FIGURA P1.50 1.51 A diferença entre as pressões no corredor e na sala de um laboratório, provocada pela ação de um grande ventilador, foi medi- da com um manômetro de coluna d’água. Sabendo que a altura da coluna de líquido medida foi igual a 0,1 m, determine o mó- dulo da força líquida que atua na porta que separa o laboratório do corredor. Admita que a altura e a largura da porta são, res- pectivamente, iguais a 1,9 m e 1,1 m. 1.52 Um tornado arrancou o teto horizontal de um galpão. A área e o peso do teto são, res- pectivamente, iguais a 100 m2 e 1 000 kg. Qual é a pressão mínima necessária (vá- cuo) para que isso ocorra? Admita que o teto estivesse simplesmente apoiado. 1.53 Um projétil de canhão, com diâmetro de 0,15 m e massa de 5 kg, pode ser modelado como um pistão instalado em um cilindro. A pressão gerada pela combustão da pól- vora na parte traseira do projétil pode ser considerada como igual a 7 MPa. Determi- ne a aceleração do projétil, sabendo que o canhão aponta na horizontal. 1.54 Refaça o problema anterior, admitindo que o ângulo formado pelo cano do canhão e a horizontal é igual a 40 graus. 1.55 O cilindro de aço mostrado na Figura P1.55 apresenta área da seção transversal igual a 1,5 m2. Sabendo que a pressão na superfí- cie livre da gasolina é 101 kPa, determine a pressão na superfície inferior da camada de água. Gasolina1 m 0,5 m 2,5 m Ar P0 Água FIGURA P1.55 1.56 Uma boia submarina é ancorada no mar com um cabo, apresentando uma massa to- tal de 250 kg. Determine o volume da boia para que o cabo a mantenha submersa com uma força de 1 000 N. 1.57 A pressão ao nível do mar é 1 025 mbar. Suponha que você mergulhe a 15 m de pro- fundidade e depois escale uma montanha com 250 m de elevação. Admitindo que a massa específica da água é 1 000 kg/m3 e a do ar é 1,18 kg/m3, determine as pressões que você sente nesses dois locais. 1.58 Determine a pressão no fundo de um tan- que que apresenta 5 m de profundidade e cuja superfície livre está exposta a uma pressão de 101 kPa. Considere que o tan- que esteja armazenando os seguintes líqui- termodinamica 01.indd 46 15/10/14 14:36 47Introdução e Comentários Preliminares dos: (a) água a 20 °C; (b) glicerina a 25 °C; e (c) gasolina a 25 °C? 1.59 O tanque sem tampa mostrado na Figura P1.59 é construído com aço e apresenta massa igual a 10 toneladas. A área da seção transversal e a altura do tanque são iguais a 3 m2 e 16 m. Determine a quantidade de concreto que pode ser introduzida no tanque para que este flutue no oceano do modo indicado na figura. Concreto Oceano Ar 10 m FIGURA P1.59 1.60 Um conjunto cilindro-pistão, com área de seção transversal igual a 15 cm2, contém um gás. Sabendo que a massa do pistão é 5 kg e que o conjunto está montado em uma centrífuga que proporciona uma ace- leração de 25 m/s2, calcule a pressão no gás. Admita que o valor da pressão atmos- férica seja o normal. 1.61 Um cilindro que apresenta área de seção transversal A contém água líquida, com massa específica ρ, até a altura H. O cilin- dro apresenta um pistão inferior que pode ser movido pela ação do ar comprimido (veja a Figura P1.61). Deduza a equação para a pressão do ar em função de h. g Ar H h FIGURA P1.61 Manômetros e Barômetros 1.62 Um sensor está a 16 m de profundidade em um lago. Qual é a pressão absoluta nessa profundidade? 1.63 Admita que a massa específica do ar na at- mosfera é constante e igual a 1,15 kg/m3 e que a pressão no nível do mar é 101 kPa. Qual é a pressão absoluta detectada por um piloto de balão que voa a 2000 m acima do nível do mar. 1.64 A pressão padrão na atmosfera em um local com elevação (H) acima do nível do mar pode ser correlacionado como P = P0 (1 – H/L)5,26 com L = 44 300 m. Com a pressão ao nível do mar local P0 em 101 kPa, qual é a pressão a 10 000 m de elevação? 1.65 A altura da coluna de mercúrio em um ba- rômetro é 725 mm. A temperatura é tal que a massa específica do mercúrio vale 13 550 kg/m3. Calcule a pressão no ambiente. 1.66 Um manômetro montado em um recipien- te indica 1,25 MPa e um barômetro local indica 0,96 bar. Calcule a pressão interna absoluta no recipiente. 1.67 Qual é a ∆P medida por um manômetro em U que indica uma diferença de níveis de mercúrio de 1 m? 1.68 Uma das extremidades de um manômetro em U está conectada a uma tubulação e a outra está exposta ao ambiente (Patm = 101 kPa). A diferença entre as alturas das colunas de fluido manométrico é 30 mm e a altura da coluna adjacente à tubulação é maior do que a outra. Sabendo que a massa específica do fluido manométrico é 925 kg/m3, determine a pressão absoluta no interior da tubulação. 1.69 Qual é a diferença de pressão entre o topo e base de uma coluna de ar atmosférico de 10 m de altura? 1.70 A altura da coluna de mercúrio em um ba- rômetro é 760 mm quando está posiciona- do junto ao chão e 735 mm, quando o equi- pamento está instalado na coberturade um edifício. Determine a altura do edifício, admitindo que a massa específica do ar é constante e igual a 1,15 kg/m3. 1.71 O medidor de pressão acoplado a um tan- que de ar indica 75 kPa, quando o mergu- lhador está nadando a uma profundidade de 10 m no oceano. Determine a profundi- dade de mergulho em que a pressão indica- da é nula. O que significa essa situação? termodinamica 01.indd 47 15/10/14 14:36 48 Fundamentos da Termodinâmica 1.72 Um submarino de pesquisa deve submergir até a profundidade de 1200 m. Admitindo que a massa específica da água do mar é constante e igual a 1 020 kg/m3, determine a pressão que atua na superfície externa do casco do submarino na profundidade máxi- ma de mergulho. 1.73 Um submarino mantém a pressão interna de 101 kPa e submerge a uma profundi- dade de 240 m, em que a massa específica média é de 1 030 kg/m3. Qual é a diferença de pressão entre o interior e a superfície externa do submarino? 1.74 Um barômetro que apresenta imprecisão de medida igual a 1 mbar (0,001 bar) foi utilizado para medir a pressão atmosfé- rica no nível do chão e na cobertura de um edifício alto. Determine a incerteza no valor da altura do prédio calculada a par- tir dos valores das pressões atmosféricas medidas. 1.75 A pressão absoluta em um tanque é igual a 115 kPa e a pressão ambiente vale 97 kPa. Se um manômetro em U, que utiliza mer- cúrio (ρ = 13 550 kg/m3) como fluido baro- métrico, for utilizado para medir o vácuo, qual será a diferença entre as alturas das colunas de mercúrio? 1.76 O medidor de pressão absoluta acoplado a um tanque indica que a pressão no gás con- tido no tanque é 135 kPa. Gostaríamos de utilizar um manômetro em U e água líqui- da como fluido manométrico para medir a pressão relativa no gás. Considerando que a pressão atmosférica seja igual a 101 kPa, determine a diferença entre as alturas das colunas de água no manômetro. 1.77 A diferença de altura das colunas de água (ρ = 1 000 kg/m3) em um manômetro em U é igual a 0,25 m. 30∞ h L FIGURA P1.77 Qual é a pressão relativa? Se o ramo direito do manômetro for inclinado do modo in- dicado na Figura P 1.77 (o ângulo entre o ramo direito e a horizontal é 30º) e supon- do a mesma diferença de pressão, qual será o novo comprimento da coluna? 1.78 Um manômetro está instalado em uma tu- bulação de transporte de óleo leve do modo indicado na Figura P1.78. Considerando os valores indicados na figura, determine a pressão absoluta no escoamento de óleo. 0,7 m P0 = 101 kPa 0,1 m Óleo Água0,3 m FIGURA P1.78 1.79 Um manômetro U que utiliza um fluido mano- métrico com massa específica de 900 kg/m3 apresenta uma diferença de 200 mm no nível das colunas. Qual é a diferença de pressão medida? Se a diferença de pressão se manti- vesse inalterada, qual seria o novo desnível, caso o fluido fosse mudado para mercúrio de massa específica 13 600 kg/m3? 1.80 O conjunto formado pelos cilindros e tu- bulação com válvula, mostrado na Figura P1.80, contém água (ρ = 1 000 kg/m3). As áreas das seções transversais dos cilindros A e B são respectivamente iguais a 0,1 e 0,25 m2. A massa d’água no cilindro A é 100 kg, enquanto a de B é 500 kg. Admitindo que h seja igual a 1 m, calcule a pressão no flui- do em cada seção da válvula. Se abrirmos a válvula e esperarmos o equilíbrio, qual será a pressão na válvula? g P0 A B h P0 FIGURA P1.80 termodinamica 01.indd 48 15/10/14 14:36 49Introdução e Comentários Preliminares 1.81 A Figura P1.81 mostra dois conjuntos cilin- dro-pistão conectados por uma tubulação. Os conjuntos A e B contêm um gás e as áreas das seções transversais são respec- tivamente iguais a 75 e 25 cm2. A massa do pistão do conjunto A é igual a 25 kg, a pressão ambiente é 100 kPa e o valor da aceleração da gravidade é o normal. Cal- cule, nessas condições, a massa do pistão do conjunto B, de modo que nenhum dos pistões fique apoiado nas superfícies infe- riores dos cilindros. g P0 A B P0 FIGURA P1.81 1.82 Reconsidere o arranjo analisado no Proble- ma 1.81. Admita que as massas dos pistões sejam desprezíveis e que uma força pontual de 250 N empurra o pistão A para baixo. Nessas condições, determine o valor da força adicional que deve atuar no pistão B para que não se detecte qualquer movi- mento no arranjo. 1.83 Um dispositivo experimental (Figura P1.83) está localizado em um local em que a temperatura vale 5 ºC e g = 9,5 m/s2. O fluxo de ar nesse dispositivo é medido, determinando-se a queda de pressão no escoamento através de um orifício, por meio de um manômetro de mercúrio (veja o Problema 1.91). Determine o valor da queda de pressão em kPa quando a dife- rença de nível no manômetro for igual a 200 mm. Ar g FIGURA P1.83 Energia e Temperatura 1.84 Um elevador leva quatro pessoas, cuja mas- sa total é de 300 kg, a altura de 25 m em um prédio. Explique o que acontece com relação à transferência de energia e ener- gia armazenada. 1.85 Um carro se desloca a 75 km/h; a sua mas- sa, incluindo pessoas, é de 3200 kg. Quanta energia cinética o carro tem? 1.86 Um pacote de 52 kg é levado até o topo de uma prateleira em um armazém que está 4 m acima do piso térreo. Qual o aumento da energia potêncial do pacote? 1.87 Um automóvel de massa 1 775 kg desloca- -se com velocidade de 100 km/h. Determi- ne a energia cinética. Qual a altura que o carro pode ser levantado no campo gravita- cional padrão para ter uma energia potên- cial é igual à energia cinética? 1.88 Uma molécula de oxigênio com massa mo = 32 × 1,66 × 10-27 kg se move com uma velocidade de 240 m/s. Qual é a energia cinética da molécula? Qual a temperatura correspondente a essa energia cinética, considerando que tem de ser igual a (3/2 ) kT, onde k é constante de Boltzmans e T é a temperatura absoluta em Kelvin? 1.89 Qual é o valor da temperatura absoluta (em Kelvin) equivalente a –5 °C? 1.90 A zona de conforto humana está entre 18 e 24 °C. Qual é a faixa de variação em Kelvin? Qual é a mudança relativa máxima da baixa à alta temperatura? 1.91 Uma coluna de mercúrio é usada para me- dir uma diferença de pressão de 100 kPa em um aparelho colocado ao ar livre. Nesse local, a temperatura mínima no inverno é −15 °C e a máxima no verão é 35 °C. Qual será a diferença entre a altura da coluna de mercúrio no verão e aquela referente ao inverno, quando estiver sendo medida a diferença de pressão indicada? Admita aceleração da gravidade “normal” e que a massa específica do mercúrio varie com a temperatura de acordo com ρHg = 13 595 − 2,5 T (kg/m3) com T em °C. termodinamica 01.indd 49 15/10/14 14:36 50 Fundamentos da Termodinâmica 1.92 Os termômetros de mercúrio indicam a temperatura pela medida da expansão vo- lumétrica de uma massa fixa de mercúrio líquido. A expansão volumétrica é em vir- tude de variação da massa específica do mercúrio com a temperatura (veja o Pro- blema 21.91). Determine a variação per- centual do volume ocupado pelo mercúrio quando a temperatura varia de 10 °C para 20 °C. 1.93 A massa específica da água líquida é calcu- lada por: ρ = 1 008 – T/2 [kg/m3]; T em °C. Se a temperatura se eleva em 10 °C, qual é a elevação da espessura de uma lâmina de água de 1 m? 1.94 Elabore uma equação para a conversão de temperaturas de °F para °C. Utilize como base as temperaturas dos pontos de soli- dificação e de vaporização da água. Faça o mesmo para as escalas Rankine e Kelvin. 1.95 A temperatura do ar na atmosfera cai com o aumento da altitude. Uma equação que fornece o valor local médio da temperatura absoluta do ar na atmosfera é Tatm = 288 − 6,5 × 10−3 z, em que z é a altitude em me- tros. Qual é a temperatura média do ar em um ponto localizado em uma altitude de 12 000 m. Forneça seu resultado em graus Celsius e em Kelvin. Problemas para Revisão 1.96 Repita o Problema 1.83 supondo que o flui- do que escoa no dispositivo é água (ρ = 1 000 kg/m3). Observeque você não pode desprezar os efeitos das duas colunas desi- guais de água. 1.97 A profundidade do lago esboçado na Figura P1.97 é igual a 6 m e a comporta vertical apresenta altura e largura respectivamente iguais a 6 m e 5 m. Determine os módulos das forças horizontais que atuam nas su- perfícies verticais da comporta em razão da água e do ar. Corte lateral Vista superior Lago 6 m 5 m Lago Corte lateral Vista superior Lago 6 m 5 m Lago FIGURA P1.97 1.98 O reservatório d’água de uma cidade é pressurizado com ar a 125 kPa e está mos- trado na Figura P1.98. A superfície livre do líquido está situada a 25 m do nível do solo. Admitindo que a massa específica da água é igual a 1 000 kg/m3 e que o valor da ace- leração da gravidade é o normal, calcule a pressão mínima necessária para o abasteci- mento do reservatório. H g FIGURA P1.98 1.99 Considere uma tubulação vertical para a distribuição de água em um prédio alto, conforme mostrado na Figura P1.99. A pressão da água em um ponto situado a 5 m abaixo do nível da rua é 600 kPa. Deter- mine qual deve ser o aumento de pressão promovido pela bomba hidráulica acoplada à tubulação para garantir que a pressão em um ponto situado a 150 m acima do nível da rua seja igual a 200 kPa. termodinamica 01.indd 50 15/10/14 14:36 51Introdução e Comentários Preliminares 5 m Alimentação de água Bomba 150 m Último piso Solo FIGURA P1.99 1.100 A Figura P1.100 mostra um pistão especial montado entre as câmaras A e B. A câma- ra B contém um gás, enquanto a A contém óleo hidráulico a 500 kPa. Sabendo que a massa do pistão é 25 kg, calcule a pressão do gás no cilindro B. A B DB = 25 mm P0 = 100 kPa Bomba DA = 100 mm g FIGURA P1.100 1.101 O diâmetro do pistão mostrado na Figu- ra P1.101 é 100 mm e sua massa é 5 kg. A mola é linear e não atua sobre o pistão enquanto estiver encostado na superfície inferior do cilindro. No estado mostrado na figura, o volume da câmara é 0,4 L e a pressão é 400 kPa. Quando a válvula de ali- mentação de ar é aberta, o pistão sobe 20 mm. Admitindo que a pressão atmosférica seja igual a 100 kPa, calcule a pressão no ar nessa nova situação. Linha de ar comprimido g Ar P0 FIGURA P1.101 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 1.102 Escreva um programa de computador que faça uma tabela de correspondência entre °C, °F, K e R, na faixa de −50 °C a 100 °C, utilizando um intervalo de 10 °C. 1.103 Represente graficamente a pressão atmos- férica em função da altitude (0-20 000 m) em um local em que a pressão no solo a 500 m de altitude é de 100 kPa. Use a varia- ção apresentada no Problema 1.64. 1.104 Escreva um programa de computador que transforme o valor da pressão, tanto em kPa como em atm ou lbf/in2, em kPa, atm, bar e lbf/in2. 1.105 Escreva um programa de computador para a correção da medida de pressão em um barômetro de mercúrio (Veja Problema 1.70). Os dados de entrada são a altura da coluna e a temperatura do ambiente e as saídas são a pressão (kPa) e a leitura corri- gida a 20 °C. 1.106 Faça uma relação dos métodos utilizados, direta ou indiretamente, para medir a mas- sa dos corpos. Investigue as faixas de utili- zação e as precisões que podem ser obtidas nas medições. 1.107 O funcionamento dos termômetros é basea- do em vários fenômenos. A expansão de um líquido com o aumento de temperatura é utilizado em muitas aplicações. As resis- tências elétricas, termistores e termopares termodinamica 01.indd 51 15/10/14 14:36 52 Fundamentos da Termodinâmica são usualmente utilizados como transdu- tores, principalmente nas aplicações re- motas. Investigue os tipos de termômetros existentes e faça uma relação de suas fai- xas de utilização, precisões, vantagens e desvantagem operacionais. 1.108 Deseja-se medir temperaturas na faixa de 0 °C a 200 °C. Escolha um termômetro de resistência, um termistor e um termopar adequados para essa faixa. Faça uma tabela que contenha as precisões e respostas uni- tárias dos transdutores (variação do sinal de saída por alteração unitária da medida). É necessário realizar alguma calibração ou correção na utilização desses transdutores? 1.109 Um termistor é utilizado como transdu- tor de temperatura. Sua resistência varia, aproximadamente, com a temperatura do seguinte modo: R = R0 exp[α(1/T –1/T0)] em que R0 é a resistência a T0. Admitindo que R0 = 3 000 Ω e T0 = 298 K, determine α, de modo que a resistência seja igual a 200 Ω quando a temperatura for igual a 100 ºC. Escreva um programa de computador que forneça o valor da tem- peratura em função da resistência do ter- mistor. Obtenha a curva característica de um termistor comercial e a compare com o comportamento do termistor referente a este problema. 1.110 Pesquise quais são os transdutores ade- quados para medir a temperatura em uma chama que apresenta temperatura próxima a 1000 K. Existe algum transdutor dispo- nível para medir temperaturas próximas a 2000 K? 1.111 Para determinar a pressão arterial de uma pessoa, utiliza-se um aparato com manô- metro (esfigmomanômetro) enquanto a pulsação é ouvida por meio de um estetos- cópio. Investigue como o sistema funcio- na, liste a faixa de pressões normalmente medidas (sistólica – ou seja, a máxima – e a diastólica – isto é, a mínima) e apresente essas informações na forma de um breve relatório. 1.112 Um micromanômetro utiliza um fluido com massa específica 1 000 kg/m3 e é capaz de medir uma diferença de altura com uma precisão de ±0,5 mm. Sabendo que a dife- rença máxima de altura que pode ser me- dida é 0,5 m, pesquise se existe outro me- didor de pressão diferencial disponível que possa substituir esse micromanômetro. termodinamica 01.indd 52 15/10/14 14:36 53Propriedades de uma Substância Pura Propriedades de uma Substância Pura Consideramos, no capítulo anterior, três propriedades bem conhecidas de uma substância: volume específi co, pressão e temperatura. Agora voltaremos nos- sa atenção para as substâncias puras e consideraremos algumas das fases em que uma substância pura pode existir, o número de propriedades independen- tes que pode ter e os métodos utilizados na apresentação das propriedades termodinâmicas. O conhecimento do comportamento e das propriedades das substâncias é essencial na análise de dispositivos e sistemas termodinâmicos. A usina de ge- ração de energia a vapor mostrada na Figura 1.1 e outras usinas de geração de energia que usam combustíveis diferentes, como o óleo, o gás natural ou a ener- gia nuclear, apresentam processos muito similares, que utilizam a água como fl uido de trabalho. O vapor d’água é obtido a partir da ebulição de água a alta pressão, no gerador de vapor, seguida de expansão para a turbina com pressão mais baixa, resfriamento no condensador e retorno para o gerador de vapor através de uma bomba que aumenta sua pressão, como mostrado na Figura 1.2. É necessário conhecer as propriedades da água para dimensionar corretamente os equipamentos tais como queimadores, trocadores de calor, turbinas e bom- bas, e obter a transferência de energia e escoamento da água desejados. Quando a água passa do estado líquido para vapor, necessitamos conhecer a temperatu- ra em uma dada pressão, bem como a densidade ou volume específi co, para que a tubulação seja dimensionada corretamente para o escoamento desejado. Caso as tubulações sejam muito pequenas, a expansão criará velocidades excessi- vas, causando perda da pressão e aumentando o atrito. Isso demandará bombas maiores, o que reduzirá a produção de trabalho da turbina. Outro exemplo é o refrigerador mostrado na Figura 1.3. Nessa aplicação, precisamos de uma substância que evapore a uma temperatura baixa, digamos –20 °C. Esse processo absorve energia do ambiente refrigerado, mantendo-o frio. Na “grade” preta localizada na parte traseira ou na base do refrigerador, o fl uido, agora quente, é resfriado pela passagemde ar ambiente através da grade. Nesse processo, o fl uido é condensado a uma temperatura ligeiramente maior que a do ambiente. Quando um sistema desses é projetado, precisamos conhe- cer as pressões em que ocorrem esses processos, e as quantidades de energia envolvidas – assunto coberto nos Capítulos 3 e 4. Precisamos conhecer também 2 termodinamica 02.indd 53 15/10/14 14:42 54 Fundamentos da Termodinâmica qual o volume ocupado pela substância, isto é, o volume específico, para selecionar os diâmetros das tubulações como mencionado na usina de pro- dução de vapor. A substância deve ser seleciona- da de modo que a pressão seja razoável durante o processo; não deve ser muito alta para evitar va- zamentos e também por questões de segurança, e não deve ser muito baixa para evitar a possibilida- de de contaminação da substância pelo ar. Um último exemplo de um sistema em que é necessário o conhecimento das propriedades da substância é a turbina a gás e sua variação, motor a jato. Nesses sistemas, a substância de trabalho é um gás (muito semelhante ao ar) e não ocorre mudança de fase. Combustível e ar são queima- dos, liberando uma grande quantidade de energia, provocando o aquecimento e consequente ex- pansão do gás. Precisamos saber o quanto o gás é aquecido e expandido para analisar o processo de expansão na turbina e no bocal de descarga do motor a jato. Nesses dispositivos, a velocidade do fluido de trabalho deve ser alta no interior da tur- bina e no bocal de descarga do motor a jato. Essa alta velocidade “empurra” as palhetas da turbina, produzindo trabalho de eixo, ou, no caso do motor a jato, empurra as palhetas do compressor (dan- do um impulso) para movimentar a aeronave para frente. Esses são apenas alguns exemplos de sis- temas termodinâmicos em que uma substância percorre vários processos, sofrendo mudanças de estado termodinâmico e, portanto, alterando suas propriedades. Com a progressão dos seus estudos, outros exemplos serão apresentados para ilustrar os diversos temas. 2.1 A SUBSTÂNCIA PURA Uma substância pura é aquela que tem composi- ção química invariável e homogênea. Pode existir em mais de uma fase, mas a composição química é a mesma em todas as fases. Assim, água líqui- da, uma mistura de água líquida e vapor d’água ou uma mistura de gelo e água líquida são todas subs- tâncias puras, pois cada fase apresenta a mesma composição química. Por outro lado, uma mistu- ra de ar líquido e ar gasoso não é uma substância pura, porque as composições das fases líquida e gasosa são diferentes. Às vezes, uma mistura de gases, tal como o ar, é considerada uma substância pura desde que não haja mudança de fase. Rigorosamente falando, isso não é verdade. Como veremos mais adiante, pode-se dizer que uma mistura de gases, tal como o ar, exibe algumas das características de uma substância pura, contanto que não haja mudança de fase. Neste livro, daremos ênfase às substâncias simples e compressíveis. Este termo designa substâncias cujos efeitos de superfície, magnéti- cos e elétricos não são significativos. Por outro lado, as variações de volume, tais como aquelas associadas à expansão de um gás em um cilindro, são muito importantes. Entretanto, faremos re- ferência a outras substâncias nas quais os efeitos de superfície, magnéticos ou elétricos são impor- tantes. Chamaremos o sistema que consiste de uma substância compressível simples de sistema compressível simples. 2.2 AS FRONTEIRAS DAS FASES Consideremos como sistema certa quantidade de água contida no conjunto pistão-cilindro mantido a uma pressão constante, como na Figura 2.1a e cuja temperatura consigamos monitorar. Assuma que a água comece o processo nas condições ambientais P0 e T0, em que o estado seja líquido. Se a água é aquecida gradativamente, a temperatura aumenta, o volume aumenta apenas ligeiramente, porém, por definição, a pressão permanece constante. Quando a temperatura atinge 99,6 ºC, uma transfe- rência adicional de calor resulta em uma mudança de fase, com a formação de alguma quantidade de vapor, como indica a Figura 2.1b. Nesse processo, a temperatura permanece constante, mas o volume aumenta consideravelmente. Mais aquecimento gera mais e mais vapor e um aumento substancial do volume até a última gota do líquido vaporizar. Uma transferência adicional de calor resulta em um aumento da temperatura e do volume específi- co do vapor, como mostra a Figura 2.1c. O termo temperatura de saturação designa a temperatura em que ocorre a vaporização a uma dada pressão, também conhecido como tempera- tura de ebulição. Se o experimento for repetido para diferentes pressões teremos uma temperatu- ra de saturação diferente que pode ser marcado na termodinamica 02.indd 54 15/10/14 14:42 55Propriedades de uma Substância Pura Água líquida Água líquida Vapor d’água Vapor d’água (a) (c) b)( Figura 2.1 Mudança da fase líquida para vapor de uma substância pura a pressão constante. P T VLS Figura 2.2 A separação das fases de um diagrama de fases. P S L Vb a T Ponto crítico Ponto triplo Linha de fusão Linha de sublimação Figura 2.3 Esboço de um diagrama de fase de água. Figura 2.2, separando as regiões de líquido (L) e vapor (V). Se o experimento for feito para resfria- mento, ao invés de para o aquecimento, verificare- mos que quando a temperatura diminui, alcança- mos o ponto no qual o gelo (S para estado sólido) começa a se formar, com um aumento de volume associado. Durante o resfriamento, o sistema for- ma mais gelo e menos líquido a uma temperatura constante, que é uma temperatura de saturação diferente comumente chamada ponto de congela- mento. Quando todo o líquido se transforma em gelo, um resfriamento adicional reduzirá a tem- peratura e o volume será praticamente constante. O ponto de congelamento é também marcado na Figura 2.2 para cada conjunto de pressão, e estes pontos separam a região de líquido da região de sólido. Cada um destes dois conjuntos de marca- dores, caso se formem suficientemente próximos, formam a curva e ambos são curvas de saturação. A curva da esquerda é conhecida como a linha de fusão (praticamente uma reta), como se fosse uma fronteira entre a fase sólida e a fase líquida, enquanto a curva da direita é chamada curva de vaporização. Se o experimento é repetido para pressões cada vez mais baixas, observa-se que as duas cur- vas de saturação se encontram, e uma redução adicional na pressão resulta em uma curva simples de saturação denominada de a linha de sublima- ção, separando a fase sólida da fase vapor. O ponto em que as curvas se encontram é chamado ponto triplo e é a única combinação em que as três fases (sólida, líquida e gasosa) podem coexistir; abai- xo o ponto triplo, na temperatura ou pressão, ne- nhuma fase líquida pode existir. As três diferentes curvas de saturação estão apresentadas na Figura 2.3 denominada diagrama de fases. Este diagrama mostra os diferentes conjuntos de propriedades de saturação (Tsat, Psat) em que é possível ter duas fases em equilíbrio. Para uma pressão superior, 22,09 MPa, no caso da água, a curva de vaporiza- ção termina em um ponto chamado ponto crítico. Acima dessa pressão, não há nenhum fenômeno de ebulição, e aquecer o líquido produzirá um va- por sem ebulição em uma transição suave. As propriedades no ponto triplo podem variar significativamente entre as substâncias, como está evidenciado na Tabela 2.1. O mercúrio, como ou- tros metais, tem um ponto triplo de pressão baixo, e o dióxido de carbono tem um ponto triplo alto, termodinamica 02.indd 55 15/10/14 14:42 56 Fundamentos da Termodinâmica o que é incomum. Lembre-se do uso do mercúrio como um fluido barométrico no Capítulo 1, no qual se mostrou útil, em virtude da baixa pressão de vapor. Uma pequena amostra dos dados do ponto crítico é mostrada na Tabela 2.2, sendo que um conjunto maior de dados é dado na Tabela A.2, no Apêndice A. O conhecimento sobrevapor com baixa densidade. A discussão sobre trabalho e calor agora é in cluída no Capítulo 3, junto com a equação da ener gia, para ressaltar que calor e trabalho são termos referentes à transferência de energia, explicando como a energia de uma determinada massa em um local pode ser alterada em decorrência da transfe rência de energia para ou de uma massa em outra localização. A equação da energia é apresentada ini cialmente para uma massa de controle (volume de controle) como: alteração no armazenamento de energia = trans ferência líquida de energia (entrada – saída) Em seguida, o capítulo discute o armazena mento de energia a partir das várias energias in ternas, associadas com a massa e a sua estrutura, para melhor compreender como a energia é real mente armazenada. Isso também ajuda na com preensão de por que a energia interna e a entalpia podem variar de forma não linear com a tempera tura, resultando em calores específicos variáveis. Energias potencial e cinética macroscópicas são adicionadas à energia interna para a contabiliza ção da energia total. A primeira lei da termodinâ mica que, muitas vezes, é considerada como um sinônimo da equação da energia, é mostrada como uma consequência natural da equação da energia aplicada a um processo cíclico. Nesse caso, a apre sentação atual é baseada na física moderna, em vez de no desenvolvimento histórico apresentado em edições anteriores. Após a discussão sobre o armazenamento de energia, o lado esquerdo da equação da energia, os termos de transferência, calor e trabalho são ava liados, de modo que a apresentação toda se tornou menor do que em edições anteriores. Isso permite que menos tempo seja gasto no material utilizado para preparação da apresentação da aplicação da equação da energia em sistemas reais. Todas as equações de balanço de massa, quan tidade de movimento, energia e entropia seguem o mesmo formato para mostrar a uniformidade dos princípios básicos e tornar o conceito como algo a ser compreendido e não meramente memoriza do. Esta é também a razão para o uso dos nomes equação da energia e equação da entropia para a primeira e segunda leis da termodinâmica, pa ra salientar que são válidas universalmente, não apenas no campo da termodinâmica, mas se apli cam a todas as situações e campos de estudo, sem exceções. Evidentemente, casos especiais reque rem extensões de tratamento de questões não abrangidas neste texto, como efeitos de tensão superficial em gotas ou líquidos em pequenos po ros, relatividade e processos nucleares, para citar algumas. A equação da energia aplicada a um volume de controle é apresentada da mesma forma que nas edições anteriores, com a adição de uma seção sobre dispositivos de múltiplos escoamentos. No vamente, isto ocorre para reforçar aos alunos que a análise é feita aplicandose os princípios básicos aos sistemas sob análise. Isso significa que a forma matemática das leis gerais se baseia nos diagramas e figuras do sistema, e a análise a ser realizada não é uma questão de encontrar uma fórmula adequa da no texto. termodinamica 00.indd 6 08/09/14 17:41 7Prefácio Para mostrar o aspecto geral da equação da entropia, um pequeno exemplo é apresentado no Capítulo 6, com a aplicação das equações da ener gia e da entropia a motores térmicos e bombas de calor. Isso demonstra que a apresentação histórica da segunda lei no Capítulo 5 pode ser totalmente substituída pela postulação da equação da entro pia e da existência da escala absoluta de tempe ratura. A partir das leis gerais básicas são apre sentadas as eficiências do ciclo de Carnot e o fato de que os dispositivos reais têm menor eficiência. Além disso, o sentido da transferência de calor de um corpo a uma temperatura mais alta para um de menor temperatura é previsto pela equação da entropia, em virtude da exigência de uma geração de entropia positiva. Esses são exemplos que mos tram a aplicação de leis gerais para casos específi cos e melhoram a compreensão dos assuntos pelo aluno. Os outros capítulos também foram atualizados de modo a melhorar a compreensão do aluno. A palavra disponibilidade foi substituída por exer- gia, como um conceito geral, embora não esteja estritamente de acordo com a definição original. Os capítulos sobre ciclos foram ampliados, adi cionandose alguns detalhes para determinados ciclos e algumas questões para integrar a teoria às aplicações com sistemas reais nas indústrias. O mesmo ocorre no Capítulo 13 com a apresentação sobre combustão, de forma a ressaltar a compreen são da física básica do fenômeno, que pode não ser evidente na definição abstrata de termos como a entalpia de combustão. Material disponível na web Novos documentos estarão disponíveis no site da Editora Willey, em inglês, para o livro (www.wiley. com). O material descrito a seguir estará acessível para os alunos, com material adicional reservado para os instrutores do curso. Notas de termodinâmica clássica. Um conjun to resumido de notas abrangendo a análise termo dinâmica básica com as leis gerais (equações da continuidade, energia e entropia) e algumas das leis específicas, tais como equações para determi nados dispositivos e equações de processo. Esse material é útil para que os alunos façam a revisão do conteúdo do curso ou na preparação para exa mes, na medida contendo uma apresentação com pleta, de forma condensada. Conjunto ampliado de exemplos. Esse docu mento inclui uma coleção de exemplos adicio nais para que os alunos estudem. Esses exemplos apresentam soluções um pouco mais detalhadas que as apresentadas para os exemplos contidos no livro e, portanto, são excelentes para o estudo in dividual. Há cerca de oito problemas em unidades do SI para cada capítulo, cobrindo a maior parte do material dos capítulos. Notas sobre como fazer. As perguntas mais frequentes estão listadas para cada conjunto de assuntos do livro, com respostas detalhadas. Exemplos: Como posso encontrar um determinado esta do para R410a nas tabelas da Seção B? Como posso fazer uma interpolação linear? Devo usar energia interna (u) ou entalpia (h) na equação da energia? Quando posso utilizar a lei dos gases perfeitos? Material do instrutor. O material para os ins trutores abrange ementas típicas e trabalhos ex traclasse para um primeiro e um segundo curso em termodinâmica. Além disso, são apresentados exemplos de dois exames parciais de uma hora e um exame final de duas horas para cursos padrões de Termodinâmica I e Termodinâmica II. CARACTERÍSTICAS CONTINUADAS DA 7ª EDIÇÃO Questões Conceituais nos Capítulos As questões conceituais, ao longo dos capítulos, são formuladas após as principais seções para que o aluno possa refletir sobre o material apresenta do. São questões que servem para uma autoavalia ção ou para que o instrutor ressalte os conceitos apresentados para facilitar o seu entendimento pelos alunos. termodinamica 00.indd 7 08/09/14 17:41 8 Fundamentos da Termodinâmica Aplicações na Engenharia ao Final dos Capítulos A última seção ao final de cada capítulo, que cha mamos aplicações na engenharia, foi revisada com uma atualização das figuras e alguns exemplos adicionais. Essas seções apresentam material in teressante com exemplos informativos, de como o assunto do capítulo em questão é aplicado na engenharia. A maioria desses itens não apresenta nenhum material com equações ou desdobramen tos teóricos, mas contém figuras e explicações so bre alguns sistemas físicos reais em que o material de tal capítulo é relevante para a análise e projeto da engenharia. Nossa intenção foi manter esses itens curtos e não tentamos explicar todos os de talhes sobre os dispositivos que são apresentados, de modo que o leitor terá uma percepção geral da ideia, em um tempo relativamente pequeno. Resumos ao Final dos Capítulos Os resumos incluídos, ao final dos capítulos, pro porcionam uma breve revisão dos principaisos dois pontos finais da curva de vaporização fornece al- guma indicação sobre onde se encontra a inter- secção entre a fase vapor e a fase líquida, porém são necessárias informações mais detalhadas para conseguir determinar a fase numa dada pressão e temperatura. Tabela 2.1 Dados de alguns pontos triplos – sólido–líquido–vapor Temperatura, °C Pressão, kPa Hidrogênio (normal) –259 7,194 Oxigênio –219 0,15 Nitrogênio –210 12,53 Dióxido de carbono –56,4 520,8 Mercúrio –39 0,00 000 013 Água 0,01 0,6113 Zinco 419 5,066 Prata 961 0,01 Cobre 1 083 0,000 079 Tabela 2.2 Alguns dados do ponto crítico Temperatura crítica, °C Pressão crítica, MPa Volume críti- co, m3/kg Água 374,14 22,09 0,003 155 Dióxido de carbono 31,05 7,39 0,002 143 Oxigênio –118,35 5,08 0,002 438 Hidrogênio –239,85 1,30 0,032 192 Enquanto a Figura 2.3 é apenas um esboço em coordenadas lineares, as curvas reais estão plota- das em escala na Figura 2.4 para a água e, a esca- la da pressão é logarítmica, para cobrir uma faixa extensa. Neste diagrama de fase, são mostradas diferentes regiões de fase sólida; da mesma for- ma, esse pode ser o caso para outras substâncias. Todos os sólidos são formados por gelo, mas cada região apresenta uma estrutura cristalina dife- rente e dividem uma quantidade de contornos de fase com diversos pontos triplos; no entanto, há apenas um único ponto triplo em que o equilíbrio sólido-líquido-vapor é possível. Embora tenhamos feito esses comentários com referência específica à água, todas as subs- tâncias puras exibem o mesmo comportamento geral. Foi mencionado anteriormente que os da- dos de ponto triplo varia significativamente entre as substâncias; isto também é verdade para os dados de ponto crítico. Por exemplo, a tempera- tura crítica do hélio, de acordo com a Tabela A.2, é 5,3 K, e a condição de temperatura ambiente é, portanto, cerca de 50 vezes maior que sua tem- peratura crítica. A temperatura crítica da água é de 647,29 K, o que é mais que o dobro da tempe- ratura ambiente. A maioria dos metais apresen- ta temperatura crítica muito mais alta que a da água. O diagrama de fases do dióxido de carbono plotado em escala é mostrado na Figura 2.5, e, 10–5 10–4 10–3 10–2 10–1 100 101 102 103 104 Gelo VII Gelo VI Gelo V Gelo III Gelo II G el o I Líquido Vapor Ponto triplo Ponto crítico 200 300 400 500 600 700 800 T [K] P [M Pa ] Figura 2.4 Diagrama de fases da água. termodinamica 02.indd 56 15/10/14 14:42 57Propriedades de uma Substância Pura novamente, o eixo da pressão está em escala lo- garítmica para cobrir a larga faixa de valores. Não é normal que o ponto triplo de pressão esteja aci- ma da pressão atmosférica (veja também a Tabela 2.2) nem a inclinação da linha de fusão direciona- da para direita, o que é o oposto do comportamen- to da água. Portanto, na pressão atmosférica de 100 kPa, o dióxido de carbono sólido fará uma fase de transição diretamente do vapor, sem se trans- formar, em princípio, em líquido. Esse processo se denomina sublimação. É usado para transportar carne congelada em embalagens, em que, em vez de gelo, é adicionado o dióxido de carbono sólido, de modo que, mesmo com a mudança de fase, as embalagens permanecem secas. Por isso também é conhecido como gelo seco. A Figura 2.5 mostra que essa mudança de fase ocorre a cerca de 200 K e, portanto, é muito frio. QUESTÕES CONCEITUAIS a. Se a pressão for menor que a menor Psat em uma T dada, qual será a fase? b. Uma torneira de água externa tem sua vál- vula acionada por um longo eixo, de modo que o mecanismo de fechamento localize- -se na parte de dentro da parede. Por quê? c. Qual é a menor temperatura (aproximada- mente) em que a água pode ser encontrada na fase líquida? 2.3 A SUPERFÍCIE P-v-T Vamos considerar o experimento da Figura 2.1, novamente, mas agora também admitindo que me- dimos o volume total de água, que, junto com sua massa, fornece a propriedade volume específico. Podemos plotar a temperatura em função do vo- lume, seguindo o processo de pressão constante. Admitindo que iniciamos nas condições de tempe- ratura ambiente e que aquecemos a água líquida. A temperatura aumenta e o volume se expande li- geiramente, como indicado na Figura 2.6, inician- do com o estado A e indo na direção do estado B. Quando chegamos ao estado B, temos água líqui- da a 99,6 °C, que é denominada líquido saturado. Um aquecimento adicional aumenta o volume a temperatura constante (temperatura de ebulição) produzindo mais vapor e menos líquido que even- tualmente alcança em C, denominado vapor satu- rado, quando todo o líquido se vaporiza. Um aque- cimento adicional produzirá vapor a temperaturas superiores, em um estado denominado vapor su- peraquecido, em que a temperatura é superior da temperatura de saturação para uma dada pressão. A diferença entre uma determinada temperatura T e a temperatura de saturação na mesma pressão é denominada grau de superaquecimento. Para pressões maiores a temperatura de sa- turação é superior, como 179,9 °C no estado F para uma pressão de 1 MPa, e assim por diante. Na pressão crítica de 22,09 MPa, o aquecimento 150 200 250 T [K] P [k Pa ] 300 350 Vapor Ponto triplo Sólido Líquido Ponto crítico 100 101 102 103 104 105 Figura 2.5 Diagrama de fases do dióxido de carbono. Volume Ponto crítico K G C L H D O 22 ,09 M Pa N Q T 40 M Pa P M I A E Linha de líquido saturado Linha de vapor saturado 0,1 MPa 1 MPa 10 MPa J F B 99,6 179,9 311 374 °C Figura 2.6 Diagrama temperatura-volume para a água mostrando as fases líquida e vapor. termodinamica 02.indd 57 15/10/14 14:42 58 Fundamentos da Termodinâmica se dá do estado M para o estado N e para o estado O em uma transição suave do estado líquido para o vapor, sem passar pela vaporização à tempera- tura constante (ebulição) do processo. Durante o aquecimento, nessas pressões maiores, jamais ha- verá presença de duas fases ao mesmo tempo, e na região em que a substância passa diretamente da fase líquida para a de vapor ela é chamada fluido denso. Os estados que a temperatura de saturação é atingida no líquido (B, F, J) são os estados de saturação que formam a linha de líquido saturado. Da mesma forma, os estados ao longo de outras fronteiras na região de duas fases (N, K, G, C) são estados de vapor saturado, que formam a linha de vapor saturado. Agora podemos mostrar as possí- veis combinações P-v-T de substâncias típicas como uma superfície em um dia- grama P-v-T, mostrada nas Figuras 2.7 e 2.8. A Figura 2.7 mostra uma substân- cia como a água, que aumenta o volu- me durante a refrigeração, portanto, a superfície do sólido tem um volume específico maior que da superfície líqui- da. A Figura 2.8 mostra a superfície de uma substância que diminui de volume com a refrigeração, que é uma condição mais comum. Quando olhar para as superfícies bi ou tridimensionais, observe que o diagrama de fases P-T pode ser visto quando se olha para a superfície para- lela com o eixo de volume; a superfície líquido-vapor é plana nessa direção, por isso cai para a curva de vaporização. O mesmo acontece com a superfície só- lido-vapor, a qual é mostrada como a linha de sublimação, e a superfície só- lido-líquido torna-se a linha de fusão. Para essas três superfícies, não é possí- vel determinar onde, na superfície, um estado se encontra, tendo apenas as coordenadas (P-T). As duas proprieda- des não são independentes, elas são um par: P e T saturadas. É necessária uma propriedade, como o volume específico, para indicar onde, na superfície, o es- tado se encontra em uma determinada T ou P. Se a superfície é vista de cima para baixo, pa- ralelamente ao eixo da pressão, vemos o diagra- ma T-v, um esboço mostrado na Figura 2.6, sem as complexidades associadas com a fase sólida. Cortando a superfície em P, T ou v constante, vai deixar um registro mostrando uma proprieda - de como função de outra,com a terceira proprie- dade constante. Um exemplo dessa situação é ilus- trado com a curva de g-h-i-j, que mostra P como uma função do v seguindo uma curva T constante. Isso está mais claramente indicado no diagrama P-v, mostrando a região de duas fases L-V na su- perfície P-v-T quando vistos em paralelo com o eixo T, como mostrado na Figura 2.9. Pr es sã o Ponto crítico Vapor Ponto triplo S L Sólido Temperatura L Líquido Pr es sã o Volume n kga Gás f j m o Só lid o Linha tripla Líquido-vapor Sólido-vapor Gás V Lí qu id o Só lid o- líq ui do l i b c Ponto crítico de Vapor h n k e a Pr es sã o Volume Gás Vapor Sólido Líquido Líquido j m o Sólido Linhatripla Líquido--vapor Sólido-vapor i b c Ponto crítico Vapor h l Temperatura Temperatura d f g P S L L V S V V S Figura 2.7 Superfície pressão-volume-temperatura para uma substância que expan- de na solidifcação. termodinamica 02.indd 58 15/10/14 14:42 59Propriedades de uma Substância Pura Uma vez que a superfície tridimensional é muito complicada, vamos indicar processos e esta- dos em diagramas P-v, T-v, ou P-T para obter uma visualização de como ocorrem as mudanças de estado durante um processo. Desses diagramas, o diagrama P-v será particularmente útil quando falarmos sobre o trabalho feito durante um pro- cesso, no capítulo seguinte. Olhando para a superfície da P-v-T de cima, em paralelo com o eixo de pressão, toda a super- fície é visível e não sobreposta. Isto é, para cada par de coordenadas (T, v) existe é um e somente um estado na superfície, de modo que P é, então, uma função única de T e v. Isto é um princípio geral que afirma que, para uma subs- tância pura simples, o estado é definido por duas propriedades independentes. Para entender o significado do ter- mo propriedade independente, consi- dere os estados líquido saturado e vapor saturado de uma substância pura. Es- ses dois estados têm a mesma pressão e a mesma temperatura, mas não são definitivamente o mesmo estado. Por- tanto, em um estado de saturação, a pressão e a temperatura não são pro- priedades independentes. São necessá- rias duas propriedades independentes, tais como pressão e volume ou pressão e título, para especificar um estado de saturação de uma substância pura. A razão para mencionar anterior- mente que uma mistura de gases, como o ar, tem as mesmas características que uma substância pura, enquanto apenas uma fase está presente, tem a ver pre- cisamente com esse ponto. O estado do ar, que é uma mistura de gases de composição definida, é determinado es- pecificando-se duas propriedades, con- tanto que permaneçam na fase gasosa. Em seguida, o ar pode ser tratado como uma substância pura. Pr es sã o Ponto crítico Vapor Ponto triplo S L Sólido Temperatura L V S Líquido Pr es sã o Volume n k a f m o Só lid o Linha tripla Líquido-vapor Sólido-vapor Gás V Líquido Só lid o- líq ui do l c de Gás b Ponto crítico Vapor Pr es sã o Volume Gás f j m o Sólido Linhatripla Líquido--vapor Sólido-vapor Só lid o- líq ui do i b c Ponto crítico d e Vapor h l Temperatura n k g a Vapor Sólido Líquido Temperatura P S L L V S V Figura 2.8 Superfície pressão-volume-temperatura para uma substância que contrai na solidifcação. v P L L + V T = constante h j i g V Figura 2.9 Diagrama P-v para a região de duas fases L-V. termodinamica 02.indd 59 15/10/14 14:42 60 Fundamentos da Termodinâmica 2.4 TABELAS DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS Existem tabelas de propriedades termodinâmi- cas para muitas substâncias e, em geral, todas apresentam o mesmo formato. Nesta seção, va- mos nos referir às tabelas de vapor d’água. Estas foram selecionadas como veículo para apresenta- ção das tabelas termodinâmicas porque o vapor d’água é largamente empregado em instalações geradoras e processos industriais. Uma vez en- tendidas as tabelas de vapor, as outras tabelas termodinâmicas podem ser usadas prontamen- te. Várias versões diferentes de tabelas de va- por d’água foram publicadas ao longo do tempo. O conjunto apresentado no Apêndice B (Tabela B.1) é um resumo baseado em um complexo ajus- te ao comportamento da água. Os resultados des- sa tabela são similares aos das Tabelas de Vapor de Keenan, Keyes, Hill e Moore, publicadas em 1969 e 1978. Nós concentraremos a atenção nas três propriedades já discutidas no Capítulo 1 e na Seção 2.3, são elas T, P e v, mas note que existem outras propriedades – u, h e s – relacionadas no conjunto de Tabelas B.1, que serão apresentadas mais adiante. O conjunto de tabelas de vapor do Apêndi- ce B é formado por cinco tabelas distintas, como representado na Figura 2.10. A região de vapor superaquecido é descrita na Tabela B.1.3 e a do líquido comprimido, na Tabela B.1.4. O Apêndice B não contém uma tabela referente à região de só- lido comprimido. As regiões do líquido saturado e do vapor saturado, vistas na Figura 2.6 e 2.9 (e como linha de vaporização na Figura 2.4), estão representadas de acordo com os valores de T na Tabela B1.1 e de acordo com os valores de P (T e P não são independentes nas regiões de duas fa- ses) na Tabela B1.2. Da mesma forma, a região de sólido saturado e vapor saturado é representada de acordo com T na Tabela B1.5, mas a região de sólido saturado e líquido saturado, a terceira linha de fronteira entre fases mostrada na Figura 2.4, não está listada no Apêndice B. Na Tabela B.1.1, a primeira coluna ao lado da temperatura fornece a pressão de saturação correspondente em quilopascal. As três colunas seguintes fornecem o volume específico em me- tro cúbico por quilograma. A primeira delas in- dica o volume específico do líquido saturado, vl, a terceira fornece o volume específico do vapor saturado, vv, e a segunda coluna fornece a dife- rença entre as duas, vlv, como definido na Seção 2.5. A Tabela B.1.2 apresenta as mesmas informa- ções da Tabela B.1.1, mas os dados estão organi- zados em função da pressão, como já explicado anteriormente. A Tabela B.1.5 das tabelas de vapor forne- ce as propriedades do sólido saturado e do va- por saturado que estão em equilíbrio. A primei- ra coluna apresenta a temperatura, e a segunda mostra a correspondente pressão de saturação. Como seria esperado, todas essas pressões são menores que a pressão do ponto triplo. As três colunas seguintes fornecem o volume específico do sólido saturado, vi, do vapor saturado, vv, e da diferença, viv. O Apêndice B também inclui tabelas termodi- nâmicas para diversas outras substâncias; fluidos refrigerantes R-134a e R-140a, amônia e dióxido de carbono, e os fluidos criogênicos nitrogênio e metano. Em cada caso, são fornecidas apenas duas tabelas: uma para a região de saturação lí- quido-vapor ordenada pela temperatura (equi- valente à Tabela B.1.1 para a água) e uma para a região de vapor superaquecido (equivalente à Tabela B.1.3). v T B. 1.4 B.1.1 B.1.2 : L + V B.1.3 : V B.1.5 : S + V B.1.5 S Sem tabela Sem tabela L B.1.4 V B.1.3 L T P B.1.1 + B.1.2 Figura 2.10 Regiões das tabelas de vapor. termodinamica 02.indd 60 15/10/14 14:42 61Propriedades de uma Substância Pura 2.5 OS ESTADOS BIFÁSICOS Os estados de duas fases, bifásicos, já foram mos- trados nos diagramas P-v-T e as projeções corres- pondentes em duas dimensões nos diagramas P-T, T-v e P-v. Cada uma dessas superfícies descreve a mistura da substância em duas fases, como se fosse a combinação de certa quantidade de líqui- do com outra quantidade de vapor, como mostra- do na Figura 2.1b. Admitimos, para este tipo de misturas, que as duas fases estão em equilíbrio na mesma P e T e cada uma das massas em um estado de líquido saturado, sólido saturado ou vapor satu- rado, de acordo com a mistura. Trataremos a mis- tura líquido-vapor em detalhes, pois é a aplicação técnica mais comum; as outras misturas de duas fases podem ser tratadas exatamente da mesma maneira.Por convenção os subscritos l e v são utiliza- dos para designar os estados de líquido saturado e de vapor saturado respectivamente (o subscrito v é usado para designar temperatura e pressão de saturação). Uma condição de saturação em que existe mistura de líquido e vapor saturados, como a mostrada na Figura 2.1b, pode ser representada em coordenadas T-v como na Figura 2.12. Todo o líquido está no estado l, com volume específico vl, e todo o vapor no estado v, com volume específico vv. O volume total é igual à soma do volume de líquido com o volume de vapor, ou seja, V = Vlíq + Vvap = mlíq vl + mvap vv EXEMPLO 2.1 Determine a fase de cada um dos estados for- necidos, utilizando as tabelas do Apêndice B, e indique a posição desses estados nos diagra- mas P-v, T-v, e P-T. a. 120 °C e 500 kPa b. 120 °C e 0,5 m3/kg Solução: Encontre a temperatura de 120 °C na Tabela B.1.1. A correspondente pressão de saturação é 198,5 kPa, o que indica que temos um líqui- do comprimido – ponto a na Figura 2.11. Esse ponto está acima da linha de saturação a 120 °C. Poderíamos também ter consultado a Tabela B.1.2 que mostra que a temperatura de satura- ção para a pressão de 500 kPa é 151,86 °C. Po- deríamos dizer que é um líquido subresfriado. Isto é, à esquerda da linha de saturação para 500 kPa do diagrama P-T. Consulte a Tabela B.1.1 e veja que vl = 0,001 06 m3/kgao longo de curvas como K-L na Figura 2.6, iniciando com a temperatura de sa- turação para uma dada pressão, apresentada en- tre parênteses, após a pressão. Como um exemplo, considere um estado a 500 kPa e 200 °C, em que a temperatura de ebulição mostrada no cabeçalho é de 151,86 °C. Neste caso, o estado é superaque- cido a 48 °C e o volume específico é 0,4249 m3/kg. Se a pressão for maior que a pressão crítica, como na curva P-Q na Figura 2.6, a temperatura de sa- turação não está listada. A baixa temperatura no final da curva P-Q está listada na Tabela B.1.4, e esses estados são de líquido comprimido. Alguns exemplos do uso das tabelas de vapor superaquecido, incluindo possíveis interpolações, são apresentados a seguir. termodinamica 02.indd 63 15/10/14 14:42 64 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 2.3 Determine a fase de cada um dos estados se- guintes usando as tabelas do Apêndice B e in- dique as posições dos estados nos diagramas P-v, T-v, e P-T. a. Amônia a 30 °C e 1000 kPa b. R-134a a 200 kPa, e 0,125 m3/kg Solução: a. Procure na Tabela B.2.1 a temperatura de 30 °C. A pressão de saturação correspondente é 1 167 kPa. Como nossa P é mais baixa, a amô- nia se encontra como vapor superaquecido. A mesma tabela indica que a temperatura de sa- turação para a pressão de 1 000 kPa é um pou- co inferior a 25 °C, de modo que, nesse estado, o superaquecimento é de cerca de 5 °C. 30 1167 1000 P S L V P.C. T 1167 1000 P v P.C. 30 °C 25 °C 30 25 T v P.C. 1000 1167 kPa FIGURA 2.13 Diagramas para o Exemplo 2.3a. b. Procure na Tabela B.2.1 (ou B.5.1) a pressão de 200 kPa e veja que v > vv = 0,1000 m³/kg Do diagrama P-v na Figura 2.14, conclui tra- tar-se de vapor superaquecido. Podemos en- contrar o estado na Tabela B.5.2 entre 40 °C e 50 °C. 200 P S L V P.C. T 1318 200 P v P.C. 50 °C –10,2 °C 50 40 –10,2 T v P.C. 200 kPa FIGURA 2.14 Diagrama para o Exemplo 2.3b. termodinamica 02.indd 64 15/10/14 14:42 65Propriedades de uma Substância Pura na região do vapor superaquecido. Uma segunda observação é que as linhas se encaminham para a origem, o que significa não apenas uma relação li- near, mas uma relação sem um deslocamento. Isso pode ser expresso matematicamente como T = Av para P = constante (2.5) P = BT para v = constante (2.6) A observação final é que o multiplicador A au- menta com P e o multiplicador B diminui com v, seguindo as funções matemáticas simples: A = AoP e B = Bo/v Ambas as relações são satisfeitas pela equa- ção de estado do gás ideal Pv = RT (2.7) Onde a constante R é a constante do gás ideal e T é a temperatura absoluta em kelvin ou ranki- ne, denominado escala de gás ideal. Discutiremos a temperatura absoluta mais adiante, no Capítulo 5, mostrando que ele iguala a escala termodinâ- mica de temperatura. Se compararmos gases di- ferentes podemos ter mais simplificações como as escalas R com a massa molecular: R = R M (2.8) Nesta relação, R é a constante universal dos gases com o valor R = 8,3145 kJ kmol K EXEMPLO 2.4 Um vaso rígido contém vapor saturado de amô- nia a 20 °C. Transfere-se calor para o sistema até que a temperatura atinja 40 °C. Qual é a pressão final? Solução: Como o volume não muda durante esse pro- cesso, o volume específico também permanece constante. Com as tabelas de amônia, Tabela B.2.1, temos v1 = v2 = 0,149 22 m3/kg Como vv a 40 °C é menor que 0,149 22 m3/kg, é evidente que a amônia está na região de vapor superaquecido no estado final. Interpolando en- tre os valores das colunas referentes a 800 kPa e 1 000 kPa da Tabela B.2.2, obtemos P2 = 945 kPa QUESTÕES CONCEITUAIS d. Algumas ferramentas precisam ser limpas com água líquida a 150 °C. Que valor de P é necessário? e. Para a água a 200 kPa e título 50%, a fração Vv/Vtot é menor ou maior do que 50%? f. Por que grande parte das propriedades nas regiões de líquido comprimido e sólido não estão incluídas nas tabelas? g. Por que não é comum encontrar tabelas como as da Apêndice B para o argônio, o hélio, o neônio ou o ar? h. Qual é a mudança percentual do volume da água quando ela congela? Cite alguns efei- tos possíveis dessa mudança de volume na natureza e em nossas casas. 2.8 OS ESTADOS DE GÁS IDEAL Longe da curva do vapor saturado, a uma deter- minada temperatura, a pressão é menor e o volu- me específico é maior, portanto, as forças entre as moléculas são menores, resultando em uma corre- lação simples entre as propriedades. Se traçarmos curvas de P, T ou v constantes nas projeções bidi- mensionais das superfícies tridimensionais, obte- remos curvas como as mostradas na Figura 2.17. A curva de pressão constante no diagrama T-V e a curva do volume específico constante no dia- grama P-T movem-se na direção das linhas retas termodinamica 02.indd 65 15/10/14 14:42 66 Fundamentos da Termodinâmica e, nas unidades inglesas R = 1545 ft-lbf lbmol R O comportamento descrito pela lei de gás ide- al na Equação 2.7 é muito diferente do comporta- mento descrito por leis semelhantes para estados líquidos ou sólidos, como nas Equações 2.3 e 2.4. EXEMPLO 2.5 Determine a pressão da água a 200 °C com v = 0,4 m3/kg. Solução: A Tabela B.1.1 com 200 °C mostra que v > vv = 0,127 36 m3/kg. Portanto, temos vapor supe- raquecido. Proceda à Tabela B.1.3 em qualquer valor de pressão a 200 °C. Suponha que parta mos de 200 kPa. Nesse estado, v = 1,080 34 m3/kg, que é muito alto, de modo que a pressão deve ser maior. Para 500 kPa, v = 0,424 92 m3/kg e para 600 kPa v = 0,352 02 m3/kg. Por isso está entre colchetes. Isso é mostrado na Figura 2.15. 600 500 0,35 0,4 0,42 P v FIGURA 2.16 Interpolação linear para o Exemplo 2.5. A verdadeira curva de T constante é levemente curvada e não linear, mas para efetuar a inter- polação manual, admitimos a variação linear 1554 200 0,13 0,35 0,42 1,08 0,13 0,35 0,42 1,08 600 500 P v P.C. 200 T v P.C. 1554 600 500 200 kPa200 °C FIGURA 2.15 Diagramas para o Exemplo 2.5. 0 P T v v1 T1 T1 T2 T2 T3 T3v2 > v1 P 0 v P3 > P2 P2 > P1 P1 T Figura 2.17 Curvas P, T e v constantes. termodinamica 02.indd 66 15/10/14 14:42 67Propriedades de uma Substância Pura Um gás ideal tem um volume específico que é muito sensível para ambos, P e T, variando line- armente com a temperatura e inversamente com a pressão, e, a sensibilidade para a pressão é carac- terística de uma substância altamente compressí- vel. Caso a temperatura seja dobrada a uma deter- minada pressão, o volume dobrará e, se a pressão for dobrada para uma dada temperatura, o volume será reduzido para a metade do valor. Multiplicando a Equação 2.7 pela massa, for- nece a versão escalar da lei do gás ideal como PV = mRT = nRT (2.9) Se utilizarmos em base mássica ou base molar, onde n é o número de moles: N = m/M (2.10) Com base na lei do gás ideal dado na Equação 2.9, percebe-se que um mol de substância ocupa o mesmo volume para um determinado estado (P, T), independentemente da sua massa molecular. Moléculas pequenas e leves como o H2 ocupam o mesmo volume de moléculas muito mais pesadas e maiores como o R-134a, para a mesma (P, T). Nas aplicações posteriores, analisaremos si- tuações com uma vazão mássica (m· em kg/s ou lbm/s) entrando ou saindo do volume de controle. Quando temos um escoamento de gás ideal com um estado (P, T), podemos diferenciar a Equação 2.9 com o tempo para obter P !V = !mRT = !nRT (2.11) A utilização do modelo de gás ideal é mui- to conveniente nas análises termodinâmicas, em EXEMPLO 2.6 Qual é a massa de ar contida dentro de uma sala de 6 m × 10 m × 4 m quando a pressão e a temperatura forem iguais a 100 kPa e 25 °C? Solução: Admita que o ar se comporte como um gás ideal. Utilizando a Equação 2.9 e o valor de R da Tabela A.5, temos m = PV RT = 100 kN/m2 × 240 m3 0,287 kN m/kg K × 298,2 K = 280,5 kg EXEMPLO 2.7 Um tanque com capacidade de 0,5 m3 contém 10 kg de um gás idealque apresenta massa mo- lecular igual a 24. A temperatura é 25 °C. Qual é a pressão? Solução: Em princípio, determina-se a constante do gás R = R M = 8,3145 kN m/kmol K 24 kg/kmol = 0,346 44 kN m/kg K Agora resolvemos para P P = mRT V = 10 kg × 0,346 44 kN m/kg K × 298,2 K 0,5 m3 = 2066 kPa termodinamica 02.indd 67 15/10/14 14:42 68 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 2.8 A Figura 2.18 mostra um reservatório de gás, com selo de água, cuja massa é contrabalança- da pelo sistema constituído de cabo e polias. A pressão interna é cuidadosamente medida e vale 105 kPa e a temperatura é igual a 21 °C. Em um intervalo de 185 s foi medido um au- mento de volume de 0,75 m3. Nessas condi- ções, determine a vazão volumétrica e a vazão mássica do escoamento que alimenta o reser- vatório, admitindo que se trate de dióxido de carbono gasoso. CO2 mCO2 • m FIGURA 2.18 Esboço para o Exemplo 2.8. Solução: A vazão volumétrica é dada por !V = dV dt = DV Dt = 0,75 185 = 0,004 054 m3 /s e a vazão mássica por m· = rV · = V · /v. Nós vamos admitir que o CO2 possa ser modelado como um gás ideal na condição próxima à ambiente. Desse modo, PV = mRT ou v = RT/P. A Tabela A.5 indica que o valor da constante de gás ideal R para o CO2 é 0,1889 kJ/kg K. Utilizando esses dados, a vazão mássica de CO2 é !m = P !V RT = 105 × 0,004 054 0,1889(273,15 + 21) kPa m3 /s kJ/kg = 0,007 66 kg/s 10–3 10–2 10–1 100 101 102 10 kPa 100 kPa 1 MPa 10 MPa 270% 50% 7,5% 1,5% 1% 0,3% 0,2% Erro de carbono a 20 °C, 1,0 MPa e c. Amônia a 20 °C, 1,0 MPa. Solução: Para cada caso, é necessário, em princípio, ve- rificar a fase e as propriedades críticas. a. A temperatura e a pressão crítica do nitrogê- nio são iguais a 126,2 K e 3,39 MPa (Tabela A.2). A temperatura fornecida no problema, 293,2 K, é superior ao dobro da temperatura crítica e a pressão reduzida é inferior a 0,3. Nessa condi- ção, o modelo de gás ideal é adequado. b. A temperatura e a pressão crítica do dióxido de carbono são iguais a 304,1 K e 7,38 MPa. A temperatura reduzida e a pressão reduzida do estado fornecido no problema são, respec- tivamente, iguais a 0,96 e 0,136. O diagrama de compressibilidade generalizado, Figura D.1, indica que o CO2 é um gás (embora Tdeter- mina a máxima pressão do fluido. Quanto mais se comprime, maior a pressão. Quando o refrigeran- te condensa, a temperatura é determinada pela temperatura de saturação correspondente àquela pressão, de modo que o sistema deve ser projeta- do para manter a temperatura e a pressão dentro dos limites desejáveis (Figura 2.25). O efeito de expansão e contração dos mate- riais com a temperatura é importante em muitas EXEMPLO 2.12 Determine os estados pedidos nos Exemplos 2.1 e 2.3 com o programa (CATT) e relacione as propriedades que não forem fornecidas den- tre P-v-T e x, se aplicável. Solução: Estados da água do Exemplo 2.1 podem ser de- terminados assim: Clique na aba Water, clique no botão da calculadora e selecione o Caso 1 (entradas T e P). Digite (T, P = 120; 0,5). O resultado será o indicado na Figura 2.22: Líquido comprimido v = 0,0106 m3/kg (como na Tabela B.1.4) Clique novamente no botão da calculadora, es- colha o Caso 2 (T e v). Digite (T, v) = (120; 0,5): ⇒ Duas fases x = 0,5601, P = 198,5 kPa Estado da Amônia do Exemplo 2.3: Clique na aba Cryogenics; verifique se é amônia. Caso contrário, selecione Ammonia, clique no bo- tão da calculadora, e, então, selecione Caso 1 (T, P). Digite (T, P) = (30,1): Vapor superaquecido v = 0,1321 m3/kg (como na Tabela B,2,2) Estado do R-134a do Exemplo 2.3: Clique na aba Refrigerants, verifique se é o R-134a. Caso contrário, selecione-o (Alt-R), clique no botão da calculadora e, então, escolha Caso 5 (P, v). Digite (P, v) = (0,2; 0,125). ⇒ Vapor superaquecido T = 44,0 °C FIGURA 2.22 Resultado do CATT para o Exemplo 2.12. termodinamica 02.indd 73 15/10/14 14:42 74 Fundamentos da Termodinâmica © E le m en ta llm ag in g /i St o ck p ho to Figura 2.27 Balão de ar quente. (b) Topo de uma lata de aerosol (a) Tanque de aço inoxidável Figura 2.23 Tanques de estocagem. (a) Compressor (b) Condensador Figura 2.25 Componentes de um refrigerador doméstico. (a) Trilhos de ferrovias (b) Juntas de expansão de pontes © V ic to r M af fe /i St o ck p ho to © D av id R . F ra zi er P ho to lib ra ry , I nc . / A la m y Figura 2.26 Juntas de expansão térmica. NATALIA KOLESNIKOVA/AFP//Getty Images, Inc. Figura 2.24 Navio-tanque para transporte de gás natural liquefeito (GNL), que consiste prin- cipalmente em metano. termodinamica 02.indd 74 15/10/14 14:42 75Propriedades de uma Substância Pura situações. Duas delas são mostradas na Figura 2.26; os trilhos de uma ferrovia têm pequenos vãos para permitir a expansão, que produz o som carac- terístico das rodas do trem ao passarem por esses vãos. Uma ponte pode ter uma junta de expansão que provê uma superfície de sustentação contínua para os pneus dos automóveis para que eles não pulem, como acontece com os trens. Quando o ar se expande a pressão constan- te, ele ocupa um volume maior, portanto, a massa específica é menor. É assim que um balão de ar quente consegue erguer uma gôndola e pes soas com uma massa total igual à diferença entre a massa de ar quente no balão e a massa de ar mais frio ao redor; a esse efeito dá-se o nome empuxo (Figura 2.27). RESUMO Foram discutidas as propriedades das substâncias puras e as fronteiras entre as fases sólida, líquida e vapor. Os equilíbrios entre as fases na vaporização (ebulição de um líquido para vapor), na conden- sação (de vapor para líquido), na sublimação (de vapor para sólido), na solidificação (de vapor para sólido), na fusão (de sólido para líquido), na soli- dificação (de líquido para sólido), devem ser iden- tificados. A superfície tridimensional P-v-T e suas representações planas, os diagramas (P-T), (T-v) e (P-v ), e as linhas de vaporização, sublimação e fusão estão relacionadas com as tabelas impres- sas no Apêndice B. Foram apresentados tanto os dados das tabelas impressas como os obtidos pelo computador para várias substâncias, incluin- do misturas líquido-vapor para as quais usamos a fração mássica de vapor (título). O modelo de gás ideal é adequado para descrever o comportamen- to dos gases quando a massa específica é baixa. Uma extensão do modelo de gás ideal é apresen- tada com a inclusão do fator de compressibilidade, Z, e outras equações de estado mais complexas são mencionadas. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Conhecer as diferentes fases e a nomenclatura utilizada para descrever as fases e as situações de mudança de fase. • Identificar a fase a partir de um estado defini- do (T, P). • Posicionar um estado em relação ao ponto crí- tico e saber utilizar a Tabela A.2 (F.1) e 2.2. • Reconhecer diagramas de fases e as regiões de mudança de fase. • Localizar um estado nas tabelas do Apêndice B a partir de um conjunto qualquer de dados: (T, P), (T, v) ou (P, v). • Reconhecer como as tabelas representam as regiões dos diagramas (T, P), (T, v) ou (P, v). • Determinar as propriedades dos estados bifá- sicos e utilizar o título x. • Localizar os estados utilizando qualquer com- binação de propriedades (T, P, v, x) e fazendo uso de interpolação linear, se necessário. • Saber quando o estado é solido ou líquido e sa - ber utilizar as Tabelas A.3 e A.4 (F.2 e F.3). • Saber quando um vapor se comporta como gás ideal (e como determinar se o modelo de gás ideal é adequado). • Conhecer o modelo de gás ideal e a Tabela A.5 (F.4). • Conhecer o fator de compressibilidade Z e o diagrama de compressibilidade generalizado, Figura D.1. • Saber que existem equações de estado mais gerais. • Saber utilizar o programa de computador para obter propriedades. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Fases: Sólida, líquida e vapor (gás) Equilíbrio entre fases Tsat, Psat, vl, vv, vi termodinamica 02.indd 75 15/10/14 14:42 76 Fundamentos da Termodinâmica Fronteiras de mudanças de fase: Linhas de vaporização, sublimação e fusão: geral (Figura 2.3), água (Figura 2.4) e CO2 (Figura 2.5); Ponto triplo: Tabela 2.1 Ponto crítico: Tabela 2.2, e Tabela A.2 (F.1) Estado de equilíbrio: Duas propriedades independentes (#1, #2) Título: x = mvap/m (fração mássica de vapor) 1 – x = mlíq/m (fração mássica de líquido) Volume específico médio: v = (1 – x ) vl + xvv (apenas para misturas entre duas fases) Superfície de equilíbrio: P–v–T (tabelas ou equação de estado) Equação dos gases ideais: Pv = RT PV = mRT = nR – T Constante universal dos gases: R – = 8,3145 kJ/kmol K Constante dos gases: R = R – /M kJ/kg K, Tabela A.5 ou M da Tabela A.2 Fator de compressibilidade Z: Pv = ZRT (Z obtido no Diagrama D.1) Propriedades reduzidas: Pr = P Pc Tr = T Tc (entradas para o diagrama de compressibilidade) Equações de estado: Cúbica, explícita na pressão, Apêndice D, Tabela D.1; Lee Kesler: Apêndice D, Tabela D.2 e Figura D.1 PROBLEMAS CONCEITUAIS 2.1 As pressões nas tabelas são absolutas ou relativas? 2.2 Qual é a pressão mínima do dióxido de car- bono líquido? 2.3 Um filme de água líquida é formado sob as lâminas dos patins quando você patina no gelo. Por quê? 2.4 Em altitudes elevadas, como nas monta- nhas, a pressão do ar é mais baixa; como isso afeta o cozimento dos alimentos? 2.5 A água à temperatura e pressão ambientes possui v ≈ 1 × 10n m3/kg; quanto vale n? 2.6 O vapor pode existir abaixo da temperatu- ra de ponto triplo? 2.7 No Exemplo 2.1b, existe alguma massa de substância com o volume específico indica- do? Explique. 2.8 Faça o esquema de duas linhas de pressão constante (500 kPa e 30 000 kPa) em um diagrama T-v e mostre nessas curvas em que tabelas as propriedades da água são encontradas. 2.9 Se temos 1 L de R-410a a 1 MPa e 20 °C, qual será a massa? 2.10 Localize a posição relativa da amônia nos diagramas T-v e P-v, quando a temperatu- ra e a pressão são iguais a −10 °C e 200 kPa. Indique nesses diagramas os estados mais próximos relacionados na Tabela B.2. 2.11 Por que grande parte das regiões de líquido comprimido e sólidonão está relacionada nas tabelas? 2.12 Como um processo v constante sofrido por um gás ideal aparece no diagrama P-T? 2.13 Se v = RT/P para um gás ideal, qual é a equação semelhante para os líquidos? 2.14 Para encontrar v para um dado (P, T) na Equação 2.14, qual é a dificuldade matemática? 2.15 Quando a pressão do gás aumenta, Z se tor- na maior que 1. O que isso indica? termodinamica 02.indd 76 15/10/14 14:42 77Propriedades de uma Substância Pura PROBLEMAS PARA ESTUDO Diagramas de Fases, Pontos Triplos e Críticos 2.16 O dióxido de carbono a 280 K pode existir em três fases diferentes: vapor, líquido e sólido. Indique a faixa de pressão para cada fase. 2.17 Uma técnica moderna de extração é basea- da na dissolução do material em um fluido supercrítico, como o dióxido de carbono. Quais são os valores da pressão e da mas- sa específica do dióxido de carbono quan- do os valores da temperatura e da pressão são próximos dos valores críticos? Refaça o problema para o álcool etílico. 2.18 Determine a pressão e a correspondente temperatura de fusão no fundo da calota polar do polo norte, considerando que ela apresenta 1 000 m de espessura e massa específica igual 920 kg/m3. 2.19 Determine a menor temperatura em que ainda é possível encontrar a água na fase líquida. Qual é o valor da pressão nesse estado? 2.20 A água a 27 °C pode existir em diferentes fases, dependendo da pressão. Indique as faixas aproximadas de pressão (em kPa) em que a água se encontra nas fases vapor, líquida e sólida. 2.21 Gelo seco é o nome dado ao dióxido de car- bono na fase sólida. À pressão atmosférica (100 kPa), qual deve ser sua temperatura? O que acontece se ele for aquecido a 100 kPa? 2.22 Quais são as mínimas temperaturas (em K) em que um metal pode existir no estado lí- quido se o metal for (a) mercúrio ou (b) zinco? 2.23 Uma substância está em um tanque rígido a 2 MPa e 17 °C. É possível determinar a fase da substância apenas a partir de suas pro- priedades críticas, considerando que essa substância seja oxigênio, água ou propano? 2.24 Determine a fase para os seguintes casos: a. CO2 a T = 40 °C e P = 0,5 MPa b. Ar atmosférico a T = 20 °C e P = 200 kPa c. NH3 a T = 170 °C e P = 600 kPa Tabelas Gerais 2.25 Determine a fase da água para os seguintes casos: a. T = 260 °C, P = 5,0 MPa b. T = –2 °C, P = 100 kPa 2.26 Determine a fase para as seguintes substân- cias utilizando as tabelas do Apêndice B: a. Água: 100 °C, 500 kPa b. Amônia: –10 °C, 150 kPa c. R-410a: 0 °C, 350 kPa 2.27 Determine as propriedades que faltam em P-v-T e x para água a: a. 10 MPa; 0,003 m3/kg b. 1 MPa; 190 °C c. 200 °C; 0,1 m3/kg d. 10 kPa; 10 °C 2.28 Determine a fração volumétrica do vapor de água a 200 kPa e título de 10%. 2.29 Verificar se o refrigerante R-410a, em cada um dos estados seguintes, é um líquido comprimido, um vapor superaquecido ou uma mistura de líquido e vapor saturados: a. 50 °C, 0,05 m3/kg b. 1 MPa, 20 °C c. 0,1 MPa, 0,1 m3/kg d. −20 °C, 200 kPa 2.30 Represente os estados do Problema 2.29 em um esboço de diagrama P-v. 2.31 Qual é a mudança no volume específico da água a 20 °C quando ela passa do estado i para o estado j na Figura 2.14, alcançando 15 000 kPa? 2.32 Complete a tabela seguinte para a amônia: P [kPa] T [°C] v [m3/kg] x a. 25 0,1185 b. –30 0,5 2.33 Posicione os dois estados a e b relaciona- dos no Problema 2.32 em esboços dos dia- gramas P-v e T-v. 2.34 Encontre a propriedade que falta entre P, T, v e x para o R-410a a: termodinamica 02.indd 77 15/10/14 14:42 78 Fundamentos da Termodinâmica a. T = –20 °C, P = 450 kPa b. P = 300 kPa, v = 0,092 m³/kg 2.35 Complete a tabela seguinte para a água: P [kPa] T [°C] v [m3/kg] x a. 500 20 b. 500 0,20 c. 1 400 200 d. 300 0,8 2.36 Posicione os quatro estados, de a até d, relacionados no Problema 2.35 em esboços dos diagramas P-v e T-v. 2.37 Determine o volume específico do R-410a nos seguintes casos: a. –15 °C, 400 kPa b. 20 °C, 1 500 kPa c. 20 °C, título 25% 2.38 Encontre a propriedade que falta entre P, T, v, e x para o CH4 a: a. T = 155 K, v = 0,04 m³/kg b. T = 350 K, v = 0,25 m³/kg 2.39 Determine os volumes específicos do dióxido de carbono a –20 °C e 2 000 kPa e a 1 400 kPa. 2.40 Calcule o volume específico para os seguin- tes casos: a. Dióxido de carbono: 10 °C, título 80% b. Água: 4 MPa, título 90% c. Nitrogênio: 120 K, título 60% 2.41 Encontre a propriedade que falta entre P, T, v, e x para: a) R-140a a 25 °C, v = 0,01 m³/kg b) R-410a a 400 kPa, v = 0,075 m³/kg c) Amônia a 10 °C, v = 0,1 m³/kg 2.42 Você quer que a água ferva a 105 °C, em um recipiente de 15 cm de diâmetro. Qual deve ser a massa da tampa desse recipien- te, considerando Patm = 101 kPa? 2.43 Água a 400 kPa e título 25% tem sua pres- são aumentada em 50 kPa, em um processo a volume constante. Determine a tempera- tura e o título finais. 2.44 Um vaso de pressão rígido e selado de 1 m3 contém 2 kg de água a 100 °C. O vaso é aquecido. Se uma válvula de segurança for instalada, qual deverá ser a regulagem de pressão para que a temperatura máxima seja igual a 200 °C? 2.45 Um conjunto cilindro-pistão contém, ini- cialmente, vapor d’água saturado a 200 kPa. Nesse estado, a distância entre o pistão e o fundo do cilindro é 0,1 m. Determine qual será essa distância e a temperatura se a água for resfriada até que o volume ocupa- do passe a ser a metade do volume original. 2.46 Água líquida saturada a 60 °C é colocada sob pressão para ter seu volume diminuído em 1%, enquanto a temperatura permane- ce constante. Até que pressão a água deve ser comprimida? 2.47 Água a 400 kPa e título 25% tem sua tem- peratura aumentada em 20 °C em um pro- cesso a pressão constante. Determine o vo- lume e o título finais. 2.48 No seu refrigerador, a substância refrige- rante muda de fase (evapora) a −20 °C no interior de um tubo que envolve a câmara fria. Na parte externa (atrás ou abaixo do refrigerador) existe uma grade preta, den- tro da qual a substância condensa, passan- do da fase vapor para líquida, a +45 °C. De- termine a pressão e a variação do volume específico (v) detectadas no evaporador e no condensador dessa geladeira, admitindo que o fluido refrigerante seja amônia. 2.49 Refaça o problema anterior considerando que o fluido refrigerante seja: a. R-134a b. R-410a. 2.50 Refaça o Problema 2.48 para o CO2, consi- derando o condensador a +20 °C e o evapo- rador a −30 °C. 2.51 Um recipiente de vidro, rígido e fechado, contém água a 500 kPa e título igual a 25%. Qual será a fração mássica de sólido encontrada no recipiente se for resfriado até −10 °C? 2.52 Considere os dois tanques, A e B, ambos contendo água, conectados conforme a Figura P2.52. O tanque A está a 200 kPa, v = 0,5 m3/kg e VA = 1 m3, e o tanque B termodinamica 02.indd 78 15/10/14 14:42 79Propriedades de uma Substância Pura contém 3,5 kg a 0,5 MPa e 400 °C. A vál- vula é aberta e atinge-se a condição de equilíbrio. Determine o volume específico final. A B FIGURA P2.52 2.53 Vapor saturado de R-410a a 60 °C sofre um processo isotérmico até que seu volume específico atinja o dobro do valor inicial. Determine, no estado final, a pressão e o título, no caso de o estado ser saturado. Refaça o problema considerando que o vo- lume específico final do processo seja igual à metade do inicial. 2.54 Um tanque de aço, com volume interno de 0,015 m3, contém 6 kg de propano (líquido + vapor) a 20 °C. O tanque é, então, aque- cido lentamente. Determine se o nível do líquido (altura da interface líquido-vapor) subirá até o topo do tanque ou descer até o fundo. O que aconteceria com o nível do líquido se a massa contida no tanque fosse 1 kg em vez de 6 kg? 2.55 Vapor d’água saturado a 60 °C tem sua pressão reduzida para aumentar o volume em 10% enquanto a temperatura é mantida constante. Até que pressão o vapor deve ser expandido?2.56 Uma massa de 2 kg de amônia a 20 °C e título de 50% é mantida em um tanque rí- gido que possui uma válvula para descarga no seu fundo. Qual é a massa de vapor que pode ser removida por essa válvula até o momento que todo o líquido desapareça, admitindo que a temperatura permaneça constante? 2.57 Um reservatório rígido e estanque, com ca- pacidade de 2 m3, contém uma mistura de líquido e vapor de R-134a saturados a 10 °C. Se o refrigerante for aquecido, a fase lí- quida desaparecerá quando a temperatura atingir 50 °C. Determine a pressão a 50 °C e a massa inicial de líquido. 2.58 Um tanque armazena metano saturado a 120 K e com título igual a 25%. A tempera- tura do metano contido no tanque aumen- ta a uma taxa de 5 °C por hora em razão de uma falha no sistema de refrigeração do tanque. Calcule o tempo decorrido en- tre a falha do sistema de refrigeração e o momento em que o tanque contém meta- no monofásico. Qual é a pressão no tanque nesse instante? 2.59 Um conjunto cilindro-pistão contém 10 kg de amônia a 10 °C e volume inicial de 1 m3. Nesse estado, o pistão está apoiado sobre esbarros. A pressão interna necessária para erguer o pistão dos esbarros de modo que ele flutue é 900 kPa. A amônia é aque- cida vagarosamente até que a temperatura atinja 50 °C. Determine a pressão e a tem- peratura finais. 2.60 Um tanque, com volume de 400 m3, está sendo construído para armazenar gás na- tural liquefeito (GNL). Admita, neste pro- blema, que o GNL seja constituído por me- tano puro. Se o tanque deve conter 90% de líquido e 10% de vapor, em volume, a 100 kPa, qual será a massa, em kg, de GNL contida no tanque? Qual será o título nesse estado? 2.61 Uma bomba utilizada na alimentação de uma caldeira fornece 0,05 m3/s de água a 240 °C e 20 MPa. Qual é a vazão mássica (kg/s)? Qual seria o erro percentual se no cálculo fossem utilizadas as propriedades da água no estado de líquido saturado a 240 °C? E se fossem utilizadas as proprie- dades da água no estado de líquido satura- do a 20 MPa? 2.62 A Figura P2.62 mostra um conjunto cilin- dro-pistão sobre o qual se exerce a força decorrente da pressão atmosférica e a for- ça proveniente de uma mola linear. Inicial- mente, o conjunto contém 0,1 m³ de água a 5 MPa e 400 °C. Se o pistão está encostado no fundo do cilindro, a mola exerce uma força tal que é necessária uma pressão de 200 kPa para movimentar o pistão. O sis- tema é, então, resfriado até que a pressão atinja 1 200 kPa. Calcule a massa d’água contida no conjunto e também a tempera- termodinamica 02.indd 79 15/10/14 14:42 80 Fundamentos da Termodinâmica tura e o volume específico no estado final (T2, v2). Mostre o processo em um diagra- ma P-v. P0 H2O FIGURA P2.62 2.63 Uma panela de pressão (recipiente fecha- do) contém água a 100 °C e o volume ocu- pado pela fase líquida é 1/20 do ocupado pela fase vapor. A água é, então, aquecida até que a pressão atinja 2,0 MPa. Calcule a temperatura final do processo. No estado final há mais ou menos vapor que no estado inicial? 2.64 Uma panela de pressão tem a união da tam- pa com o corpo da panela bem rosqueada. Uma pequena abertura de A = 5 mm² é co- berta com um pino que pode ser levantado para deixar o vapor escapar. Qual é a mas- sa do pino para que a água ferva a 120 °C nessa panela, sendo a pressão atmosférica igual a 101,3 kPa? Vapor Vapor Líquido FIGURA P2.64 Gás Ideal 2.65 Determine a mudança percentual relativa na pressão P se dobrarmos a temperatura absoluta de um gás ideal mantendo a massa e o volume constantes. Repita para o caso em que dobramos o valor de V e mantemos m e T constantes. 2.66 Um tanque com volume interno de 1 m³ contém um gás à temperatura e pressão ambientes: 20 °C e 200 kPa. Qual é a massa contida no tanque se o gás é a) ar; b) neô- nio; ou c) propano? 2.67 Calcule as constantes de gás ideal do argô- nio e do hidrogênio utilizando os dados da Tabela A.2. Verifique seus resultados com os valores da Tabela A.5. 2.68 Um cilindro pneumático (um pistão–cilindro com ar) deve fechar uma porta aplicando uma força de 500 N. A área da seção trans- versal do cilindro vale 5 cm2 e V = 50 cm3 e T = 20 °C. Quais são os valores da massa e da pressão do ar considerando que o volume é igual a 50 cm3 e a temperatura igual a 20 °C? 2.69 O modelo de gás ideal é adequado para re- presentar o comportamento destas subs- tâncias nos estados indicados? a. Oxigênio a 30 °C, 3 MPa b. Metano a 30 °C, 3 MPa c. Água a 30 °C, 3 MPa d. R-134a a 30 °C, 3 MPa e. R-134a a 30 °C, 100 kPa 2.70 Gás hélio armazenado em um tanque de aço de 0,1 m3 a 250 kPa e 300 K é utilizado para encher um balão. Quando a pressão cai para 125 kPa, o fluxo de hélio é inter- rompido. Se todo o hélio ainda estiver a 300 K, qual terá sido o tamanho do balão produzido? 2.71 Uma esfera oca de metal, com diâmetro in- terno igual a 150 mm, é “pesada” em uma balança de braço precisa, quando está eva- cuada, e é novamente “pesada” quando car- regada com um gás desconhecido a 875 kPa. A diferença entre as leituras é 0,0025 kg. Admitindo que o gás seja uma substância pura, presente na Tabela A.5, e que a tem- peratura é uniforme e igual a 25 °C, deter- mine o gás que está armazenado na esfera. 2.72 Um balão esférico com diâmetro de 10 m contém hélio à pressão e temperatura at- mosféricas (100 kPa e 15 °C). Qual é a massa de hélio contida no balão? O balão é capaz de erguer uma massa igual à massa de ar atmosférico deslocada. Determine a massa total (inclui a massa do material uti- lizado para construir o balão) que pode ser erguida por esse balão. termodinamica 02.indd 80 15/10/14 14:42 81Propriedades de uma Substância Pura 2.73 Um copo é lavado com água a 45 °C e é colocado de boca para baixo em uma mesa. O ar ambiente a 20 °C que foi aprisionado no copo é aquecido até 40 °C. No processo de aquecimento, ocorrem vazamentos, de modo que, quando a temperatura do ar no copo atinge o valor fornecido, a pressão do ar no copo é 2 kPa acima da pressão am- biente de 101 kPa. Após algum tempo, a temperatura do ar aprisionado no copo vol- ta a ser igual à do ambiente. Determine a pressão no interior do copo, sabendo que a pressão atmosférica é 101 kPa. 2.74 O ar no interior de um motor de combustão interna está a 227 °C, 1 000 kPa e ocupa um volume de 0,1 m3. A combustão o aque- ce até 1 800 K, em um processo a volume constante. Qual é a massa de ar e qual é o valor que a pressão atinge nesse processo? 2.75 O ar confinado em um pneu está inicial- mente a −10 °C e 190 kPa. Depois de per- correr certo percurso, a temperatura subiu para 10 °C. Calcule a nova pressão. Você deve formular uma hipótese para resolver este problema. Ar P FIGURA P2.75 2.76 Inicialmente, um tanque rígido, com volu- me de 1 m3, contém N2 a 600 kPa e 400 K. Suponha que ocorra o vazamento acidental de 0,5 kg de N2 para a atmosfera. Sabendo que a temperatura final do N2 no tanque, após o vazamento é 375 K, determine a pressão final. 2.77 Considere os seguintes estados do R-134a: vapor saturado a + 40 °C, vapor saturado a 0 °C e vapor saturado a −40 °C. Determine o volume específico do R-134a nesses esta- dos com o modelo de gás ideal, utilizando as correspondentes pressões de saturação. Determine também o erro percentual re- lativo originado pela utilização do modelo de gás ideal = 100(v – vv)/vv, em que vv é obtido da tabela do R-134a saturado. 2.78 Faça o Problema 2.77 para o R-410a. 2.79 Faça o Problema 2.77 para a amônia. 2.80 Um tanque rígido com volume de 1 m3 con- tém propano a 100 kPa e 300 K e está conec- tado, por meio de uma tubulação com vál- vula, a outro tanque com volume de 0,5 m3, que contém propano a 250 kPa e 400 K. A válvula é aberta e espera-se até que a pres- são se torne uniforme a 325 K. Determine a pressão no final desse processo. A B FIGURA P2.80 2.81 Uma bomba de vácuo éutilizada para eva- cuar uma câmara utilizada na secagem de um material que está a 50 °C. Se a vazão vo- lumétrica da bomba é 0,5 m3/s, a tempera- tura e a pressão na seção de alimentação da bomba são iguais a 50 °C e 0,1 kPa, determi- ne a quantidade de vapor d’água removida da câmara em um período de 30 minutos. 2.82 Um tanque rígido com volume interno de 1 m3 contém ar a 1 MPa e 400 K. O tanque está conectado a uma linha de ar compri- mido do modo mostrado na Figura P2.82. A válvula é, então, aberta e o ar escoa para o tanque até que a pressão alcance 5 MPa, quando, então, a válvula é fechada e a tem- peratura do ar no tanque é 450 K. a) Qual é a massa de ar antes e depois do processo? b) Quando o tanque for resfriado até a temperatura ambiente de 300 K, qual será a pressão no seu interior? Tanque Linha de ar comprimido FIGURA P2.82 termodinamica 02.indd 81 15/10/14 14:42 82 Fundamentos da Termodinâmica 2.83 Um cilindro para armazenamento de gás apresenta diâmetro e comprimento iguais a 20 cm e 1 m. O cilindro é evacuado e de- pois carregado com CO2 (gás) a 20 °C. Qual deve ser a pressão para que se tenha 1,2 kg de dióxido de carbono no cilindro? 2.84 Um conjunto cilindro-pistão contém amô- nia a 700 kPa e 80 °C. A amônia é resfriada a pressão constante até que atinja o estado de vapor saturado (estado 2). Nesse esta- do, o pistão é travado com um pino. O res- friamento continua até que a temperatura seja igual a −10 °C (estado 3). Mostre, nos diagramas P–v e T–v, os processos do esta- do 1 para o 2 e do estado 2 para o 3. Fator de Compressibilidade 2.85 Determine o fator de compressibilidade (Z) para o vapor saturado de amônia a 100 kPa e a 2 000 kPa. 2.86 Determine o fator de compressibilidade do nitrogênio a a. 2 000 kPa, 120 K b. 2 000 kPa, 300 K c. 120 K, v = 0,005 m3/kg 2.87 Determine o fator de compressibilidade do dióxido de carbono a 60 °C e 10 MPa por meio da Figura D.1. 2.88 Qual é o erro percentual no volume es- pecífico, se for adotado o modelo de gás ideal para representar o comportamento do vapor superaquecido de amônia a 40 °C e 500 kPa? Qual será o erro percentual se for usado o diagrama generalizado de com- pressibilidade, Figura D.1? 2.89 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém butano a 25 °C e 500 kPa. O mode- lo de gás ideal é adequado para descrever o comportamento do butano nesse estado? 2.90 Estime a pressão de saturação do cloro a 300 K. 2.91 Uma garrafa rígida, com volume de 0,1 m³, contém butano saturado a 300 K e título 75%. Estime a massa de butano contida no tanque, utilizando o diagrama de compres- sibilidade generalizado. 2.92 Determine o volume de 2 kg de etileno a 270 K e 2 500 kPa, usando Z obtido da Fi- gura D.1. 2.93 Para o caso de Tr = 0,7, determine a relação vv/vl usando a Figura D.1 e comparado com a Tabela D.3. 2.94 Um tanque rígido com volume de 5 m³ ar- mazena argônio a −30 °C e 3 MPa. Determi- ne a massa de argônio contida no tanque, utilizando o diagrama de compressibilidade generalizado. Qual é o erro percentual na determinação dessa massa se admitirmos que o argônio se comporta como um gás ideal? 2.95 O refrigerante R-32 está a –10 °C e com tí- tulo de 15%. Determine a pressão e o volu- me específico. 2.96 Para o projeto de um sistema comercial de refrigeração que utiliza R-123, determine a diferença entre o volume ocupado por kg de vapor saturado de R-123 a −30 °C em comparação ao do líquido saturado. 2.97 Um recipiente contém 1,5 kg do novo fluido refrigerante R-125 como líquido saturado a −20 °C com uma pequena quantidade de vapor. Determine o volume e a pressão in- terna no recipiente. Equações de Estado Para estes problemas, veja o Apêndice D para con- sultar as equações de estado e o Capítulo 12. 2.98 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando o modelo de gás ideal, a equação de estado de van der Waals e a tabela de propriedades do nitrogênio. 2.99 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong e a tabela de propriedades do nitrogênio. 2.100 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando a equação de estado de Soave e a tabela de proprieda- des do nitrogênio. 2.101 Dióxido de carbono a 60 °C é bombeado para dentro de um poço de petróleo a uma termodinamica 02.indd 82 15/10/14 14:42 83Propriedades de uma Substância Pura pressão muito alta, 10 MPa. O objetivo é re- duzir a viscosidade do petróleo, facilitando o escoamento. Encontre o volume especí- fico nas tabelas de propriedades do dióxi- do de carbono, por meio do modelo de gás ideal, pela equação de estado de van der Waals, empregando cálculo iterativo. 2.102 Resolva o problema anterior, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong. Observe que o cálculo deve ser iterativo. 2.103 Resolva o Problema 2.101, empregando a equação de estado de Soave. Observe que o cálculo deve ser iterativo. 2.104 Um tanque de 0,1 m3 contém 8,35 kg de metano a 250 K. Determine a pressão, em- pregando o modelo de gás ideal, a equação de estado de van der Waals e a tabela de propriedades do metano. 2.105 Resolva o problema anterior, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong. 2.106 Resolva o Problema 2.104, empregando a equação de estado de Soave. Problemas para Revisão 2.107 Determine o título (se saturado) ou a tem- peratura (se superaquecido) das seguintes substâncias, nos dois estados dados: a. Água: 120 °C e 1 m³/kg; 10 MPa e 0,01 m³/kg b. Nitrogênio: 1 MPa e 0,03 m³/kg; 100 K e 0,03 m³/kg 2.108 Determine a fase e as propriedades que faltam entre P, T, v e x para os seguintes casos: a. R-410a em T = 10 °C v = 0,01 m³/kg b. Água em T = 350 °C v = 0,2 m³/kg c. R-410a em T = –5 °C e P = 600 kPa d. R-134a em P = 294 kPa e v = 0,05 m³/kg 2.109 Determine a fase, o título x (se aplicável) e a propriedade que falta, P ou T. a. H2O em T = 120 °C com v = 0,5 m³/kg b. H2O em P = 100 kPa com v = 1,8 m³/kg c. H2O em T = 263 K com v = 200 m³/kg 2.110 Determine a fase, o título (se aplicável) e a propriedade que falta, P ou T. a. NH3 em P = 800 kPa com v = 0,2 m³/kg b. NH3 em T = 20 ºC com v = 0,1 m³/kg 2.111 Determine a fase e as propriedades que faltam entre P, T, v e x para os seguintes casos. A determinação pode ser mais difícil empregando-se as tabelas de propriedades, em vez do programa de computador: a. R-410a, T = 10 °C, v = 0,02 m³/kg b. H2O, v = 0,2 m³/kg, x = 0,5 c. H2O, T = 60 °C, v = 0,001 016 m³/kg d. NH3, T = 30 °C, P = 60 kPa e. R-134a, v = 0,005 m³/kg, x = 0,5 2.112 Um conjunto cilindro-pistão-mola contém R-410a inicialmente a 15 °C e título igual a 1. O fluido é expandido em um processo em que P = Cv−1 até que a pressão se torne igual a 200 kPa. Determine a temperatura e o volume específico finais. 2.113 Considere os dois tanques, A e B, conecta- dos com uma tubulação com válvula (veja a Figura P2.113). A capacidade de cada tan- que é 200 L, e o tanque A contém R-410a a 25 °C, sendo 10% de líquido e 90% de va- por, em volume, enquanto o tanque B está evacuado. BA FIGURA P2.113 A válvula que liga os tanques é então aber- ta e vapor saturado sai de A até que a pres- são em B se torne igual à pressão em A. Nesse instante, a válvula é fechada. Esse processo ocorre lentamente, de modo que todas as temperaturas permanecem cons- tantes e iguais a 25 °C durante o processo. Determine a variação de título que ocorre no tanque A durante este processo. 2.114 Um conjunto cilindro–pistão contém água a 90 °C e 100 kPa. A pressão está relaciona- da com o volume interno do conjunto por meio da relação P = CV. A água é, então, aquecida até que a temperatura se torne igual a 200 °C. Determine a pressão e tam- termodinamica 02.indd 83 15/10/14 14:42 84 Fundamentos da Termodinâmica bém o título caso a água estejacon ceitos tratados no capítulo, com as palavraschave em evidência. Para melhorar ainda mais o resumo listamos o conjunto de habilidades que o aluno deve ter desenvolvido, após ter estudado o capí tulo. Tais habilidades podem ser testadas com os problemas conceituais juntamente com os proble mas para estudo. Conceitos e Fórmulas Principais Conceitos e Fórmulas principais foram incluídos como referência ao final de cada capítulo. Problemas Conceituais Os problemas conceituais, ao final de cada seção principal, servem como uma rápida revisão do ma terial apresentado. Esses problemas são selecio nados para que sejam breves e direcionados a um conceito muito específico. Um aluno pode respon der a todas essas perguntas para avaliar seu ní vel de entendimento e determinar se é necessário que se aprofunde em algum dos assuntos. Esses problemas também podem fazer parte de tarefas e trabalhos, juntamente com os outros problemas para estudo. Problemas para Estudo O número de problemas oferecidos como prática de aprendizado foi ampliado, sendo agora mais de 2800, com mais de 700 problemas novos ou mo dificados. É apresentado um grande número de problemas introdutórios para cobrir todos os as pectos do material do capítulo. Além disso, os pro blemas foram divididos por assunto para facilitar a seleção, de acordo com o material estudado. Em muitas seções, os problemas apresentados ao fi nal são relacionados com processos e equipamen tos industriais e os problemas mais abrangentes são apresentados ao final, como problemas para revisão. Tabelas Foram mantidas as tabelas de substância da edi ção anterior, com o refrigerante R410A, que substituiu o R22, e o dióxido de carbono, que é um refrigerante natural. Várias novas substân cias foram incluídas no software. As tabelas de gases ideais foram impressas em base mássica assim como em base molar, para atender ao seu uso em base mássica no início do texto, e em base molar nos capítulos sobre combustão e equilíbrio químico. Software Incluído Esta edição inclui acesso ao software CATT3 estendido, disponível gratuitamente no site da editora, www.blucher.com.br, que inclui várias substâncias adicionais além daquelas incluídas nas tabelas impressas no Apêndice B. O conjunto atual de substâncias para as quais o software pode construir tabelas completas são: Água Fluidos Refrigerantes: R11, 12, 13, 14, 21, 22, 23, 113, 114, 123, 134a, 152a, 404A, 407C, 410a, 500, 502, 507A e C318 Fluidos criogênicos: Amônia, argônio, etano, etileno, isobutano, meta no, neônio, nitrogênio, oxigênio e propano Gases Ideais: ar, CO2, CO, N, N2, NO, NO2, H, H2, H2O, O, O2, OH termodinamica 00.indd 8 08/09/14 17:41 9Prefácio Alguns deles estão impressos no livreto Ther- mo-dynamic and Transport Properties, Claus Borgnakke e Richard E. Sonntag, John Wiley and Sons, 1997. Além das propriedades das subs tâncias que acabamos de mencionar, o software pode também construir a carta psicrométrica e os diagramas de compressibilidade e diagramas generalizados usando a equação de LeeKessler modificada para se ter maior precisão com o fa tor acêntrico. O software também pode traçar um número limitado de processos nos diagramas T-s e log Plog v, oferecendo as curvas do processo real em vez dos esboços apresentados ao longo do texto. FLEXIBILIDADE NA COBERTURA E ESCOPO O livro procura cobrir, de forma muito abrangen te, o conteúdo básico da termodinâmica clássica. Acreditamos que o livro proporcione preparo ade quado para o estudo da aplicação da termodinâmi ca nas várias áreas profissionais, assim como para o estudo de tópicos mais avançados da termodi nâmica, como aqueles relacionados a materiais, fenômenos de superfície, plasmas e criogenia. Sa bese que várias escolas oferecem um único curso de introdução à termodinâmica para todos os de partamentos, e tentamos cobrir os tópicos que os vários departamentos gostariam de ter incluídos. Entretanto, uma vez que prerrequisitos, objetivos específicos, duração e base de preparo dos alunos variam consideravelmente nos cursos específicos, o material está organizado, especialmente nos úl timos capítulos, visando proporcionar muita flexi bilidade na quantidade de material que pode ser tratado. O livro abrange mais material do que o neces sário para uma sequência de dois cursos semes trais, oferecendo flexibilidade para escolhas sobre cobertura de determinados tópicos. Os instruto res podem visitar o site da editora em www.wiley. com/college/borgnakke para obter informações e sugestões sobre possíveis estruturas para o curso e programações, além de material adicional, refe rido como material web, que será atualizado para incluir as erratas atuais para o livro. AGRADECIMENTOS Agradeço as sugestões, os conselhos e o encora jamento de muitos colegas, tanto da Universida de de Michigan como de outros locais. Essa aju da nos foi muito útil durante a elaboração desta edição, assim como nas edições anteriores. Tanto os alunos de graduação como os de pósgraduação foram muito importantes, uma vez que suas per guntas perspicazes fizeram com que, várias vezes, reescrevesse ou reavaliasse certa parte do texto ou, ainda, tentasse desenvolver uma maneira me lhor de apresentar o material de forma a respon der antecipadamente a essas perguntas ou evitar tais dificuldades. Finalmente o encorajamento de minha esposa e familiares foi essencial, tornando o tempo que passei escrevendo agradável e pra zeroso, apesar da pressão do projeto. Gostaria de fazer um agradecimento especial a vários colegas de outras instituições que revisaram as edições anteriores do livro e, também, forneceram dados para as revisões. Alguns dos revisores são: Ruhul Amin, Montana State University Edward E. Anderson, Texas Tech University Cory Berkland, University of Kansas Eugene Brown, Virginia Polytechnic Institute and State University Sung Kwon Cho, University of Pittsburgh Sarah Codd, Montana State University Ram Devireddy, Louisiana State University Fokion Egolfopoulos, University of Southern California Harry Hardee, New Mexico State University Hong Huang, Wright State University Satish Ketkar, Wayne State University Boris Khusid, New Jersey Institute of Technology Joseph F. Kmec, Purdue University Roy W. Knight, Auburn University Daniela Mainardi, Louisiana Tech University Randall Manteufel, University of Texas, San Antonio termodinamica 00.indd 9 08/09/14 17:41 10 Fundamentos da Termodinâmica Harry J. Sauer, Jr., Missouri University of Science and Technology J. A. Sekhar, University of Cincinnati Ahned Soliman, University of North Caroli- na, Charlotte Reza Toossi, California State University, Long Beach Thomas Twardowski, Widener University Etim U. Ubong, Kettering University Yanhua Wu, Wright State University Walter Yuen, University of California, San- ta Barbara Gostaria também de dar as boasvindas à nos sa nova editora, Linda Ratts, e agradecêla pelo encorajamento e ajuda durante a elaboração desta edição. Espero que este livro contribua para o ensino efetivo da termodinâmica aos alunos que encon tram desafios e oportunidades muito significativos durante suas carreiras profissionais. Os comentá rios, as críticas e as sugestões serão muito apre ciados e podem ser enviados para o meu endereço claus@umich.edu. CLAUS BORGNAKKE Ann Arbor, Michigan Julho de 2012 termodinamica 00.indd 10 08/09/14 17:41 11Prefácio Prefácio à Edição Brasileira Este livro, 8a edição da série Van Wylen, em homenagem a um dos principais autores das primeiras edições, é um dos livros mais importantes para o ensino de Termodinâmica. Ao longo dos anos e das suas várias edições, o livro tem con tribuído para a formação de estudantes, nos princípios básicos desta ciência, e de engenheiros, para atuarem nos desafios da área de engenharia térmica. Na presente edição, foram mantidas e aperfeiçoadas as seguintes seções introduzidasna região de duas fases. 2.115 Um tanque contém 2 kg de nitrogênio a 100 K e título igual a 50%. Retira-se 0,5 kg de fluido do tanque por meio de uma tubu- lação com válvula e medidor de vazão em um processo a temperatura constante. De- termine o estado final dentro do tanque e o volume de nitrogênio extraído, se a tubula- ção estiver localizada a. no topo do tanque b. no fundo do tanque 2.116 Um conjunto cilindro-pistão com mola contém água a 500 °C e 3 MPa. A pressão está relacionada com o volume interno do conjunto por meio da relação: P = CV. A água é, então, resfriada até que se atinja o estado de vapor saturado. Faça um esboço desse processo em um diagrama P-v, e de- termine a pressão no estado final. 2.117 Um recipiente contém nitrogênio líquido a 100 K e apresenta área da seção trans- versal igual a 0,5 m2 (Figura P2.117). Em razão da transferência de calor para o ni- trogênio, parte do líquido evapora e, em 1 hora, o nível de líquido no recipiente baixa 30 mm. O vapor que deixa o recipiente pas- sa através de um aquecedor e sai a 500 kPa e 260 K. Calcule a vazão volumétrica de gás descarregado do aquecedor. Aquecedor Vapor Líquido N 2 FIGURA P2.117 2.118 Para um determinado experimento, vapor de R-410a é mantido em um tubo de vi- dro selado a 20 °C. Precisamos conhecer a pressão nessa condição, mas não há meios de medi-la, pois o tubo está selado. No en- tanto, se o tubo é resfriado até –20 °C, gotí- culas de líquido podem ser observadas nas paredes do vidro. De quanto é a pressão inicial? 2.119 Inicialmente, o conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P2.119 contém 1 L de água a 105 °C e com título igual a 85%. O conjunto é aquecido e o pistão se movi- menta e encontra uma mola linear. Nesse instante, o volume interno do conjunto é 1,5 L. O aquecimento continua até que a pressão atinja 200 kPa. Sabendo que o diâ- metro do pistão é 150 mm e que a constan- te de mola é 100 N/mm, calcule a tempera- tura da água no final do processo. H2O FIGURA P2.119 2.120 Determine a massa de gás metano contida em um tanque de 2 m3 a –30 °C, 2 MPa. Estime o erro percentual na determinação dessa massa decorrente do emprego do modelo de gás ideal. 2.121 Um conjunto cilindro-pistão contém amô- nia. A força externa que atua sobre o pistão é proporcional ao volume confinado eleva- do ao quadrado. Inicialmente, o volume da câmara é 5 L, a temperatura é 10 °C e o título é igual a 90%. É aberta uma válvu- la no cilindro, e a amônia escoa para den- tro da câmara até que a massa contida no conjunto se torne igual ao dobro da inicial. Sabendo-se que a nova pressão na câma- ra é igual a 1,2 MPa, calcule a temperatura nesse estado. 2.122 Um cilindro possui um pesado pistão ini- cialmente contido por um pino, como mostra a Figura P.2.122. O cilindro con- tém dióxido de carbono a 200 kPa e à temperatura ambiente, 290 K. O material do pistão tem massa específica igual a 8 000 kg/m3 e a pressão ambiente é igual a 101 kPa. O pino é então removido e espe- ra-se até que a temperatura no gás atinja a temperatura do ambiente. O pistão encos- ta nos esbarros? termodinamica 02.indd 84 15/10/14 14:42 85Propriedades de uma Substância Pura 100 mm CO2 100 mm 50 mm 100 mm Pino FIGURA P2.122 2.123 Qual será o erro percentual na pressão, se for adotado o modelo de gás ideal para repre- sentar o comportamento do vapor supera- quecido de R-410a a 60 °C e 0,03470 m3/kg? E no caso de usar-se o diagrama de com- pressibilidade generalizado (Figura D.1)? (Observe que será necessário um procedi- mento iterativo de cálculo). 2.124 Um balão murcho está conectado, por meio de uma válvula, a um tanque de 12 m3 que contém gás hélio a 2 MPa e temperatura ambiente de 20 °C. A válvula é, então, aber- ta e o balão é inflado a pressão constante, P0 = 100 kPa (pressão ambiente), até que se torna esférico com D1 = 1 m. Acima des- se tamanho, a elasticidade do material do balão é tal que a pressão interna passa a ser dada por: P = P0 +C 1− D1 D ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ D1 D Esse balão é inflado até que o diâmetro atin- ja 4 m, condição em que a pressão interna é igual a 400 kPa. Admitindo que temperatu- ra seja constante e igual a 20 °C, determine a pressão interna máxima no balão durante o processo de enchimento. Qual é a pres- são no tanque quando a pressão interna no balão atinge o valor máximo? 2.125 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Fi- gura P2.125 contém ar a 250 kPa e 300 °C. O pistão de 50 kg apresenta diâmetro igual a 0,1 m, e inicialmente pressiona os esbar- ros. A pressão e a temperatura atmosféri- cas são iguais a 100 kPa e 20 °C. O cilindro é resfriado pela transferência de calor para o ambiente. a. Em que temperatura o pistão começa a se mover. b. Qual será o deslocamento do pistão quando o ar contido no conjunto apresen- tar temperatura igual à atmosférica? c. Represente o processo nos diagramas P-v e T-v. Ar g 25 cm P0 FIGURA P2.125 Interpolação Linear 2.126 Determine a pressão e a temperatura do vapor saturado de R-410a, com v = 0,1 m3/kg. 2.127 Empregue interpolação linear para estimar as propriedades da amônia que faltam para completar a tabela a seguir P [kPa] T [°C] v [m3/kg] x a. 550 0,75 b. 80 20 c. 10 0,4 2.128 Empregue uma interpolação linear para es- timar Tsat do nitrogênio a 900 kPa. Esboce a curva Psat(T) utilizando alguns valores tabelados em torno de 900 kPa da Tabela B.6.1. O resultado obtido na interpolação linear é superior ou inferior ao valor que pode ser obtido no gráfico construído? 2.129 Empregue uma dupla interpolação linear para encontrar a pressão do R-134a supe- raquecido a 13 °C e v = 0,3 m³/kg. 2.130 Determine o volume específico do dióxido de carbono a 0 °C e 625 kPa. termodinamica 02.indd 85 15/10/14 14:42 86 Fundamentos da Termodinâmica Tabelas Computadorizadas 2.131 Utilize o programa de computador para de- terminar as propriedades da água nos qua- tro estados definidos no Problema 2.35. 2.132 Utilize o programa de computador para determinar as propriedades da amônia nos quatro estados definidos no Problema 2.32. 2.133 Utilize o programa de comutador para de- terminar as propriedades da amônia nos três estados definidos no Problema 2.127. 2.134 Estime a temperatura de saturação a 900 kPa para o nitrogênio utilizando uma interpola- ção linear realizada com os dados existen- tes na Tabela B.6.1. Compare o valor cal- culado com o fornecido pelo programa de computador. 2.135 Utilize o programa de computador para construir um gráfico da pressão em função da temperatura no processo descrito no Problema 2.44. Faça uma pequena exten- são da curva para a região monofásica. PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 2.136 Construa uma planilha com uma tabela e um gráfico dos valores de pressão de satu- ração em função da temperatura da amô- nia, começando em T = –40 °C e terminado no ponto crítico, com intervalos de 10 °C. 2.137 Construa uma planilha com uma tabela e gráfico dos valores de pressão em função da temperatura da água para um volume específico constante. Considere que a pres- são e o título do estado inicial são iguais a 100 kPa e 50% e a pressão final é 800 kPa. 2.138 Empregue o programa de computador dis- ponível no site da editora para representar a variação da pressão com a temperatura no Problema 2.58. Estenda um pouco a curva obtida para a região monofásica. 2.139 Utilizando o programa de computador dis- ponível no site da editora, determine al- guns estados intermediários do processo descrito no Problema 2.114 e mostre a va- riação da pressão e da temperatura com o volume. 2.140 Utilize o programa de computador dispo- nível no site da editora para reproduzir, estado por estado, o processo descrito no Problema 2.112. 2.141 Como a temperatura e pressão atmosfé- rica variam com a elevação, a densidade de ar também varia, porém, a variaçãoda pressão não é linear com a elevação. De- senvolva uma expressão para a variação da pressão com a elevação, que contenha uma integral sobre uma expressão contendo T. Dica: Inicie com a Equação 1.2 na forma diferencial e use a lei dos gases ideais, ad- mitindo que se conheça a relação de varia- ção da temperatura com a elevação. 2.142 Em um refrigerador doméstico, o fluido re- frigerante muda da fase líquida para a fase vapor a baixa temperatura, no interior do aparelho. O fluido também muda da fase vapor para a fase líquida a uma tempera- tura mais alta no trocador de calor que fornece energia para o ar ambiente. Meça ou estime essas temperaturas. Utilize essas temperaturas para construir uma tabela que apresente as pressões no condensador e no evaporador para cada um dos refrige- rantes presentes no Apêndice B. Discuta os resultados e mostre quais são as caracterís- ticas necessárias para que uma substância possa ser considerada um refrigerante em potencial. 2.143 Repita o problema anterior para os refrige- rantes da Tabela A.2 e utilize o diagrama generalizado de compressibilidade (Figura D.1) para estimar as pressões. 2.144 A pressão de saturação, em função da tem- peratura, pode ser aproximada pela corre- lação de Wagner: ln Pr = [w1τ + w2τ1,5 + w3τ3 + w4τ6]/Tr em que a pressão reduzida, Pr , é dada por P/Pc, a temperatura reduzida, Tr, é dada por T/Tc e a variável τ é definida por τ = 1 –Tr. Os parâmetros wi para o refrigerante R-134a são: termodinamica 02.indd 86 15/10/14 14:42 87Propriedades de uma Substância Pura w1 w2 w3 w4 R-134a –7,598 84 1,488 86 –3,798 73 1,813 79 Compare os resultados da correlação com os fornecidos pelas tabelas de proprieda- des do Apêndice B. 2.145 Determine os parâmetros wi da equação de Wagner mostrado no exercício anterior para a água e para o metano. Procure ou- tras correlações na literatura e compare os resultados fornecidos com os obtidos das tabelas e apresente o desvio máximo. 2.146 O volume específico do líquido satura- do pode ser aproximado pela equação de Rackett: vl = RTc MPc Zc n ;n = 1+ 1−Tr( )2/7 em que Tr é a temperatura reduzida (T/Tc) e o fator de compressibilidade Zc é dado por: Zc = Pcvc/RTc. Calcule o volume espe- cífico do líquido saturado das substâncias presentes no Apêndice B em vários estados e os compare com os fornecidos pelas tabe- las. Utilize as constantes críticas indicadas na Tabela A.2. termodinamica 02.indd 87 15/10/14 14:42 88 Fundamentos da Termodinâmica termodinamica 02.indd 88 15/10/14 14:42 89A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3 Tendo completado a análise das defi nições básicas e dos conceitos, estamos prontos para iniciar a discussão da primeira lei da termodinâmica e da equa- ção da energia. Essas são expressões semelhantes que retratam a mesma lei fundamental da física. Mais adiante veremos a diferença entre elas e reconhe- ceremos que são consistentes entre si. O procedimento a ser adotado será es- tabelecer a equação da energia para um sistema submetido a um processo de mudança de estado com o tempo. Faremos, então, a aplicação da mesma lei para o ciclo completo, e identifi caremos a primeira lei da termodinâmica, que histo- ricamente veio a ser a primeira formulação da lei. Depois da equação da energia ser formulada, a usaremos para relacionar a mudança de estado no volume de controle com o total de energia que é transfe- rida no processo na forma de trabalho ou calor. Como o motor de carro transfere trabalho para o automóvel, aumentando sua velocidade, assim podemos relacio- nar energia cinética com trabalho; ou, se um fogão fornece certa quantidade de calor para um recipiente com água, poderemos relacionar a elevação da tem- peratura da água com o calor transferido. Um processo mais complicado pode ocorrer, tal como a expansão de gases a alta temperatura em um cilindro-pistão, como no motor de carro, no qual trabalho é fornecido ao mesmo tempo em que calor é transferido para a parede fria do cilindro. Em outras aplicações, pode- mos constatar uma mudança de estado sem fl uir trabalho ou calor, tal como um objeto caindo em que há mudança na energia cinética, ao mesmo tempo em que há alteração na sua elevação. Em todos os casos, a equação da energia relaciona as várias formas de energia no sistema com a transferência de energia na forma de calor ou trabalho. termodinamica 03.indd 89 15/10/14 14:47 90 Fundamentos da Termodinâmica 3.1 A EQUAÇÃO DA ENERGIA No Capítulo 1 discutimos a energia associada com uma substância e seu estado termodinâmico, que foi chamada energia interna U e adicionadas algu- mas formas de energia, tais como energia cinética e energia potencial. A combinação é a energia to- tal E, que escrevemos como E = me = U + EC + EP = m (u + ec + ep) (3.1) observamos que todos os termos estão diretamen- te relacionados com a massa total, sendo assim, u, ec e ep são energias específicas. Antes de evoluirmos no desenvolvimento da equação da energia com análises e exemplos, va- mos considerar os diversos termos da energia to- tal. A energia total, escrita com a energia cinética, e a potencial, associada ao campo gravitacional, toma a configuração E = mu + 1 2 mV 2 + mgZ (3.2) permitindo que, em um processo, seja possível identificar mudanças em quaisquer das formas de energia. Uma bola subindo uma rampa vai desa- celerar com o ganho de altura, consequentemen- te reduzindo a energia cinética e aumentando a energia potencial durante o processo, que é um simples caso de conversão de energia. A ener- gia cinética e a potencial são relacionadas com o estado físico e localização da massa, e generica- mente são rotuladas como energia mecânica para distingui-las da energia interna, que é caracteriza- da pelo estado termodinâmico da massa e, assim, identificada como energia térmica. Para um volume de controle com massa cons- tante, ou seja, sistema, expressamos a conserva- ção de energia como um princípio físico básico em uma equação matemática. Esse princípio esta- belece que não podemos criar ou destruir energia dentro dos limites da física clássica. Essa condicio- nante significa que efeitos da mecânica quântica, que poderiam alterar a energia considerando uma mudança na massa, são ignorados, assim como a relatividade, ou seja, admitimos que qualquer ve- locidade é significativamente menor que a veloci- dade da luz. Sendo assim, deduzimos que, se o sis- tema tiver uma mudança em energia, a mudança terá de ser em virtude da energia transferida para dentro ou para fora da massa. Tal fluxo de energia não está relacionado com qualquer transferência de massa (estamos considerando sistema), e sim somente ocorrerá com transferência de calor ou trabalho. Escrevendo essa interpretação por uni- dade de tempo, obtemos dEvc dt = !Evc = !Q − !W = + entrada – saída (3.3) onde a convenção de sinais segue o procedimento usual para um volume de controle, em que o calor absorvido é positivo e o trabalho produzido para o exterior também, como ilustrado na Figura 3.1. Observe que a convenção de sinais é uma escolha, e em sistemas mais complicados podemos adotar um critério diferente; o conceito importante para entendermos é que a Equação 3.3 e a Figura 3.1 trabalham juntas, ou seja, se for mudada a dire- ção da seta que foi adotada na figura, o corres- pondente sinal na equação deve ser mudado. Esta equação nos diz que a razão com que é alterada a energia armazenada é igual à razão com que energia é adicionada menos a razão com que ela é removida. O saldo na energia armazenada é expli- cado pela transferência que ocorre no lado direito da equação, e não há outra explicação. Observe que a transferência tem de vir ou ir do entorno do volume de controle e, dessa forma, afeta o arma- zenado na região externa, de uma maneira oposta comparada ao que ocorre no volume de controle. Um processo podedeslocar energia de um local para outro, mas não pode alterar a energia total. Em diversos casos, estamos interessados em alterações finitas que se desenvolvem do início ao fim do processo e não focados nas variações ins- tantâneas que ocorrem. Para esses casos, integra- mos no tempo a equação da energia, Equação 3.3, do início do processo t1 até o final do processo t2 multiplicando por dt e obtendo dEvc = dU + d(EC) + d(EP) = δQ – δW (3.4) W Evc Q Figura 3.1 Convenção de sinais para os termos da energia. termodinamica 03.indd 90 15/10/14 14:47 91A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia e integrando dEvc = E t2( ) − E t1( ) = E2 − E1∫ E o lado direito da equação integramos da se- guinte forma !Q − !W[ ]dt =∫ δQ − linha ∫ δW = 1Q2 − 1W2 linha ∫ Aqui a integral não só depende do estado ini- cial como final, mas também do caminho que o processo percorreu entre eles; então, δQ é usado, em vez de dQ para indicar uma diferencial inexa- ta. Subscritos são usados para distinguir, ou seja, E1 refere-se à energia total do volume de controle no estado 1 e tão somente é uma função de pon- to. Por outro lado, 1Q2 indica o calor acumulado (integrado) na realização do processo, que é uma função não só dos estados 1 e 2, mas também do caminho em que o processo se desenvolveu; o mesmo aplicamos ao trabalho 1W2. Na Seção 3.4 discutiremos em detalhe a integração do trabalho e do calor transferido, para futuramente explicar- mos esse processo. A equação da energia para mu- danças finitas apresenta-se E2 – E1 = 1Q2 – 1W2 (3.5) combinada com E2 − E1 = U2 −U1 + 1 2 m V2 2 − V1 2( ) + mg Z2 − Z1( ) Em geral, dependendo da análise nos referire- mos a ambas as equações (Equação 3.3 e Equação 3.5) como equação da energia, se queremos uma abordagem no tempo ou em mudanças finitas. Isto se assemelha ao caso de expressarmos o salário de um profissional por hora ou para um período de tempo definido, como mensal ou anual. Ambas as apresentações da equação da energia pode ser resumida como Alterações no conteúdo = + entrada – saída que nada mais é que uma equação básica de balan- ço de fluxos, tal como em uma conta bancária. Se você faz um depósito, o saldo cresce (uma parcela entrou); se você faz um saque, o saldo cai (houve uma saída). Equações semelhantes são apresenta- das nos capítulos subsequentes para outras quan- tidades, como massa, quantidade de movimento e entropia. Para ilustrar a relação entre um diagrama de um sistema real e a equação da energia, observe a Figura 3.2. Para esse volume de controle, a equa- ção da energia por tempo, Equação 3.3 é !Evc = !EA + !EB + !EC = !QA + !QC − !WB (3.6) e para a conservação de massa temos !mvc = !mA + !mB + !mC = 0 (3.7) Cada um dos três termos, que armazenam energia, é escrito como na Equação 3.2 incluindo os diferentes tipos de energia que pode haver nos componentes A, B e C. A representação das mu- danças finitas contidas na Equação 3.5 agora tem uma expressão não trivial que junta a conservação de massa com a equação da energia m2 – m1 = ( m2A + m2B + m2C ) – – (m1A + m1B + m1C) = 0 (3.8) (E2A + E2B + E2C ) – ( E1A + E1B + E1C ) = = 1Q2A + 1Q2C – 1W2B (3.9) A massa total não sofre mudanças; entretan- to a distribuição entre elas em A, B e C pode ter sofrido mudanças durante o processo, assim, se uma tiver um aumento de massa, as outras terão de mostrar um decréscimo de massa. O mesmo se aplica a energia, com o efeito adicional de que a energia total pode se alterar com a troca de ca- lor e trabalho através da fronteira do volume de controle. F A B C QA QC WB Superfície de controle Figura 3.2 Um volume de controle com diversos subsistemas distintos. termodinamica 03.indd 91 15/10/14 14:47 92 Fundamentos da Termodinâmica 3.2 A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Considere um sistema no qual a substância per- corra um ciclo. Isso pode ser a água em uma plan- ta de potência a vapor como na Figura 1.2 ou uma substância em um cilindro-pistão, mostrado na Fi- gura 1.6, percorrendo diversos processos que são repetitivos. Quando a substância retorna ao seu estado original, não há variação líquida da energia total do volume de controle e, consequentemen- te, sua variação no tempo é zero. A soma líquida das parcelas do lado direito da equação da energia ficará 0 = δQ!∫ − δW!∫ (3.10) A notação δQ, que denominamos de integral cíclica do calor transferido, representa o calor lí- quido transferido no ciclo, e δW é a integral cícli- ca do trabalho, que representa o trabalho líquido durante o ciclo. Reescrevendo a equação teremos δQ!∫ = δW!∫ (3.11) que estabelece a primeira lei da termodinâmica. Embora essa equação tenha sido apresentada como uma consequência da equação da energia, historicamente foi postulada primeiro e a equa- ção da energia dela derivou. A equação anterior pode ser escrita em razão da taxa de variação e mostrada com na Figura 3.3, em que as integrais expressam o somatório ao longo de toda fronteira do volume de controle como Ciclo: !Qlíq entrada = !Wlíq saída (3.12) Essa equação foi originalmente definida para máquinas térmicas, em que o propósito era reti- rar trabalho, injetando calor, o que explica a tra- dicional convenção de sinais para calor e trabalho. Aplicações modernas incluem bombas de calor e refrigeradores, em que o trabalho é o que in- jetamos e a transferência de calor é o resultado líquido de saída. Podemos consequentemente ca- racterizar todos os ciclos como um dispositivo de conversão de energia; a energia é conservada, mas sai de uma forma diferente da que entrou. Outras discussões sobre tais ciclos são desenvolvidas no Capítulo 5, e detalhes dos ciclos são apresentados nos Capítulos 9 e 10. Antes de aplicar a equação da energia ou a primeira lei da termodinâmica, precisamos nos en- volver mais com as formas de trabalho e de trans- ferência de calor, assim como da energia interna. 3.3 A DEFINIÇÃO DE TRABALHO A definição clássica de trabalho é o trabalho mecâ- nico definido como uma força agindo em um des- locamento x, assim de forma incremental Qlíq Wlíq Figura 3.3 Uma máquina cíclica. EXEMPLO 3.1 O fluido contido em um tanque é movimentado por um agitador. O trabalho fornecido ao agita- dor é 5 090 kJ. O calor transferido do tanque é 1 500 kJ. Considere o tanque e o fluido dentro de uma superfície de controle e determine a variação da energia interna desse sistema. A equação da energia é (Equação 3.5) U2 −U1 + 1 2 m V2 2 − V1 2( ) + mg Z2 − Z1( ) = 1Q2 − 1W2 Como não há variação de energia cinética ou de energia potencial, essa equação fica reduzida a U2 – U1 = 1Q2 – 1W2 U2 – U1 = – 1500 – (–5090) = 3590 kJ termodinamica 03.indd 92 15/10/14 14:47 93A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia δW = F dx e o trabalho finito torna-se 1W2 = F dx 1 2 ∫ (3.13) Para calcular o trabalho realizado é necessário saber como F varia com x. Nesta seção, mostra- remos exemplos relacionados com arranjos físi- cos que levem a simples equacionamento da força atuante, de tal forma que a integração será direta. Sistemas reais podem ser muito complexos, e al- guns exemplos matemáticos serão mostrados sem uma descrição mecânica. Trabalho é energia em transferência e, conse- quentemente, cruzando as fronteiras do volume de controle. Em adição ao trabalho mecânico rea- lizado por uma única força pontual, podemos ter um eixo rodando, como em um sistema de trans- missão automotivo; trabalho elétrico, como o for- necido por uma bateria ou sistema de potência; ou o trabalho químico, só mencionando algumas possibilidades. Observe a Figura 3.4, que é um sis- tema simples de bateria, motor e polia. Dependen- do da escolha do volume de controle, o trabalho cruzando a superfície, como na fronteira A, B ou C, pode ser elétrico via fios, mecânico, pelo torque de saída do motor, ou força, através de um cabo em uma polia. A energia potencial expressa na Equação3.2 vem da energia trocada com o campo gravi- tacional, em razão da mudança de elevação da massa. Considere o peso da Figura 3.4, inicial- mente parado e mantido a certa altura de um re- ferencial. Se a polia começa a girar lentamente, eleva o peso, e teremos a força e o deslocamento expressos como F = ma = mg δW = –F dZ = – d EP com o sinal negativo, porque o trabalho está ele- vando o peso. Assim obtemos d EP = F dZ = mg dZ e na integração teremos d EP = m EP1 EP2∫ g dZ Z1 Z2∫ Admitindo que g não varia com Z (o que é uma premissa razoável para moderadas variações em elevação), obtemos EP2 – EP1 = mg(Z2 – Z1) (3.14) Quando a energia potencial é incluída na energia total, como na Equação 3.2, a força gravi- tacional não deve ser incluída no trabalho calcula- do pela Equação 3.13. O outro termo na equação da energia é a energia cinética da sistema, que é gerada por uma força aplicada à massa. Para esse termo, considere o deslocamento horizontal de uma massa, inicialmente em repouso, sobre a qual aplicamos uma força F na direção x. Considere que não temos transferência de calor e que não haja alteração na energia interna. A equação da energia, Equação 3.4, ficará δW = –F dx = – d EC Mas F = ma = m dV dt = m dx dt dV dx = mV dV dx Então d EC = F dx = m V dV Integrando, obtemos d EC EC=0 EC ∫ = mV dV V=0 V ∫ EC = 1 2 mV 2 (3.15) Fronteira do sistema –+ Peso Polia Bateria Motor A C B Figura 3.4 Exemplos de trabalho cruzando a fronteira de um sistema. termodinamica 03.indd 93 15/10/14 14:47 helen Realce helen Realce helen Realce 94 Fundamentos da Termodinâmica Unidades de Trabalho Nossa definição de trabalho envolve o produto de uma unidade de força (um newton) atuando por meio de uma unidade de distância (um me- tro). Essa unidade de trabalho no SI é chamada joule (J). 1 J = 1 N m Potência é a variação no tempo da realização do trabalho e é designada pelo símbolo W · : !W ≡ δW dt A unidade de potência é o trabalho de um jou- le por segundo, que é um watt (W): 1W = 1 J/s A unidade familiar de potência no sistema In- glês é o horsepower (hp), onde 1 hp = 550 ft lbf/s Note que o trabalho que atravessa a fronteira na Figura 3.4 é aquele relacionado com um eixo em rotação. Para chegarmos a uma expressão para a potência, partirmos do trabalho diferencial δW = F dx = Fr dθ = T dθ isto é, força agindo em uma distância dx ou um torque (T = Fr) atuando em um ângulo de rota- ção, como mostrado na Figura 3.5. Agora, potên- cia passa a ser !W = δW dt F = dx dt = FV = Fr dθ dt = Tω (3.16) Ou seja, força vezes a variação do desloca- mento no tempo (velocidade) ou torque vezes a velocidade angular. É frequentemente conveniente falarmos de trabalho por unidade de massa do sistema, nor- malmente designado por trabalho específico. Essa grandeza é designada por w e definida como w = W m F Tr dθ dx Figura 3.5 Força atuando em um raio r gera um torque T = Fr. EXEMPLO 3.2 Um carro com massa de 1 100 kg se des- loca com uma velocidade tal que sua ener- gia cinética é de 400 kJ (veja a Figura 3.6). Encontre a velocidade desse veículo. Se o carro fosse içado por um guindaste, a que altura ele atingiria – no campo gravitacio- nal padrão – que chegasse a uma energia potencial igual à energia cinética citada inicialmente? g H V FIGURA 3.6 Esquema para o Exemplo 3.2. Solução: A energia cinética da massa é EC = 1 2 mV 2 = 400 kJ A partir daí podemos encontrar a velocidade V = 2 EC m = 2× 400 kJ 1100 kg = = 800 ×1000 Nm 1100 kg = 8000 kg ms–2m 11 kg = 27 m/s A definição de energia potencial é EP = mgH Quando condicionamos que este valor seja igual a energia cinética, temos H = EC mg = 400 000 Nm 1100 kg × 9,807 ms−2 = 37,1 m Observe a necessidade de converter kJ em J nos dois cálculos realizados. termodinamica 03.indd 94 15/10/14 14:47 95A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.3 Considere uma pedra tendo massa de 10 kg e um reservatório com 100 kg de água na fase lí- quida. Inicialmente a pedra está a 10,2 m acima da água, e a pedra e a água estão a mesma tem- peratura, o que é chamado estado 1. A pedra é solta e cai dentro d’água. Determine ΔU, ΔEC, ΔEP, Q e W para as seguin- tes mudanças de estado, considerando a acele- ração gravitacional padrão de 9,806 65 m/s2. a. A pedra está na iminência de entrar na água, estado 2. b. A pedra acaba de atingir o repouso no reci- piente, estado 3. c. O calor foi transferido para o ambiente ex- terno de tal forma que a pedra e a água estão na mesma temperatura, T1, estado 4. Análise e Solução: Para qualquer um dos casos questionados, a equação da energia é ΔU + ΔEC + ΔEP = Q – W Onde cada termo pode ser ajustado para a mu- dança de estado solicitada. a. A pedra cai de Z1 a Z2, assumindo que não haja transferência de calor durante essa queda. A água não sofre nenhuma mudança de estado, então ΔU = 0, 1Q2 = 0, 1W2 = 0 Assim, a primeira reduz-se a ΔEC + ΔEP = 0 ΔEC = – ΔEP = – mg(Z2 – Z1) = – 10 kg × 9,806 65 m/s2 × (–10,2 m) = 1 000 J = 1 kJ Isto é, para o processo do estado 1 para o esta- do 2 encontramos, ΔEC = 1 kJ e ΔEP = –1 kJ b. Para o processo do estado 2 para o estado 3 com zero de energia cinética, temos ΔEP = 0, 2Q3 = 0, 2W3 = 0 Então ΔU + ΔEC = 0 ΔU = – ΔEC = 1 kJ c. No estado final, não há energia cinética ou potencial, e a energia interna é a mesma do es- tado 1. ΔU = –1 kJ, ΔEC = 0, ΔEP = 0, 3W4 = 0 3Q4 = ΔU = –1 kJ QUESTÕES CONCEITUAIS a. Em um ciclo completo, qual é a variação líqui- da de energia e de volume? b. Descreva o que ocorreu com as parcelas da energia da pedra no Exemplo 3.3. O que acon- teceria se o objeto fosse uma bola flexível caindo em uma superfície dura? c. Faça uma lista de ao menos cinco sistemas que armazenam energia, explicando quais as de energia que estão em jogo. d. Um corpo de massa constante passa por um processo em que recebe 100 J de calor e li- bera 100 J de trabalho. Esse corpo muda de estado? e. A concessionária de energia elétrica cobra ao consumidor kW·hora. Que unidade é essa no SI? f. Torque, energia e trabalho tem a mesma uni- dade (Nm). Explique a diferença. termodinamica 03.indd 95 15/10/14 14:47 96 Fundamentos da Termodinâmica 3.4 TRABALHO REALIZADO NA FRONTEIRA MÓVEL DE UM SISTEMA COMPRESSÍVEL SIMPLES Já observamos que existem vários modos nos quais um sistema pode receber trabalho ou for- necer. Essas opções incluem trabalho realizado por um eixo rotativo, trabalho elétrico ou trabalho produzido pelo movimento da fronteira de um sis- tema, tal como o desenvolvido pelo deslocamento de um êmbolo em um cilindro. Nesta seção consi- deraremos, com algum detalhamento, o trabalho realizado pelo movimento da fronteira de um sis- tema compressível simples em um processo quase estático. Considere como sistema o gás contido em um cilindro com êmbolo, como mostrado na Figura 3.7. Removendo-se um dos pequenos pesos lo- calizados sobre o êmbolo, ocorrerá o movimento do êmbolo para cima de uma distância dL. Esse processo pode ser considerado quase estático, e calcular o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo. A força total no êmbolo é PA, em que P é a pressão do gás e A é a área do êmbolo. Conse- quentemente, o trabalho δW é: δW = P A dL Mas A dL = dV, que é a variação do volume do gás. Assim, δW = P dV (3.17) O trabalho realizado pelo deslocamento da fronteira durante o processo quase estático pode ser encontrado integrando a Equação 3.17. En- tretanto, essa integração somente pode ser feita dL Figura 3.7 Exemplo de trabalho efetuado pelo movimento de fronteira de um sistema, em um processo quase estático. P ab V dV 1 2 2 1 Figura 3.8 Uso do diagrama P-V para mostrar o trabalho realizado pela fronteira móvel de um sistema em um processo quase estático. se conhecermos a relação entre P e V durante o processo. Essa relação podeser expressa em uma equação ou apresentada em um gráfico. Consideremos, em princípio, o caminho da so- lução gráfica e, como exemplo, o processo de com- pressão como o que ocorre ao ser comprimido o ar em um cilindro, Figura 3.8. No início do processo, o êmbolo está na posição 1 e a pressão é relati- vamente baixa. Esse estado está representado no diagrama pressão-volume (usualmente referen- ciado como diagrama P-V). No final do processo, o êmbolo está na posição 2 e o estado correspon- dente do gás é representado pelo ponto 2 no dia- grama P-V. Consideremos que essa compressão seja um processo quase estático e que durante toda a sua realização o sistema passe pelos esta- dos representados pela linha que liga os pontos 1 e 2 do diagrama P-V. A premissa de o processo ser quase estático é essencial nesse contexto porque cada ponto da linha 1-2 somente representará um estado definido, e esses estados um retrato dos estados reais, se a evolução for através de desvios infinitesimais de um estado para o seguinte. O tra- balho realizado sobre o ar durante esse processo de compressão pode ser determinado integrando Equação 3.17: 1W2 = δW 1 2 ∫ = P dV 1 2 ∫ (3.18) A notação 1W2 deve ser interpretada como o trabalho realizado durante o processo do estado termodinamica 03.indd 96 15/10/14 14:47 97A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 1 ao estado 2. É evidente, observando o diagrama P-V, que o trabalho realizado durante esse proces- so, ou seja, P dV 1 2 ∫ é representado pela área sob a curva 1-2, ou seja, a área a-1-2-b-a. Nesse exemplo o volume dimi- nui, e a área a-1-2-b-a representa o trabalho reali- zado sobre o sistema. Se o processo tivesse ocorri - do do estado 2 para o estado 1, ao longo do mesmo caminho, a mesma área passaria a representar o trabalho realizado pelo sistema. Outra consideração sobre o diagrama P-V, da Figura 3.9, conduz a mais uma conclusão im- portante. É possível ir do estado 1 para o estado 2 por diferentes caminhos quase estáticos, tais como A, B ou C. Como a área sob cada curva re- presenta o trabalho de cada processo, é evidente que o trabalho envolvido em cada caminho não é somente uma função dos estados inicial e final, mas também depende do caminho que se per- corre ao ir de um estado para o outro. Por essa razão, o trabalho é chamado função de linha, ou no jargão matemático, δW é uma diferencial inexata. Esse conceito nos leva a uma breve conside- ração sobre as funções de ponto e as de linha ou, usando outras denominações, sobre as diferen- ciais exatas e as inexatas. As que, para um dado ponto no diagrama (tal como na Figura 3.9) ou na superfície (tal como na Figura 2.7) o estado está fixado, e assim só existe um valor definido para cada propriedade correspondente ao ponto. As diferenciais de funções de ponto são diferenciais exatas e a integração é simplesmente dV = V2 −V1 1 2 ∫ Assim podemos falar de volume no estado 2 e de volume no estado 1 e a variação de volume depende dos estados inicial e final. O trabalho, entretanto, é uma função de li- nha, pois, como já foi mostrado, o trabalho rea- lizado em um processo quase estático, entre dois estados, depende do caminho percorrido. As di- ferenciais de funções de linha são diferenciais inexatas. Neste texto, será usado o símbolo δ para designar as diferenciais inexatas (e o sím- bolo d para diferenciais exatas). Assim, para o trabalho, escrevemos δW = 1W2 1 2 ∫ Seria mais preciso usar a notação 1W2A, que indicaria o trabalho realizado durante a mudança do estado 1 para o 2 pelo caminho A. Entretanto, subentende-se na notação 1W2 que o processo en- tre o estado 1 e 2 tenha sido especificado. Atente que nunca usaremos a terminologia de trabalho existente no estado 1 ou no estado 2, e por isso nunca escreveremos W2 – W1. Até aqui, discutimos o trabalho do movimen- to de fronteira em um processo quase estático. Temos de estar cientes de que, com muita cer- teza, em um processo de não equilíbrio, defron- tamos com trabalho de movimento de fronteira . Então, a força total exercida sobre o êmbolo pelo gás dentro do cilindro, PA, não iguala a força ex- terna, Fext, e o trabalho não é dado pela Equação 3.17. O trabalho pode, entretanto, ser avaliado em termos de Fext ou, dividindo-se pela área, em termos de uma pressão externa equivalente, Pext. Nesse caso, o trabalho realizado na fronteira mó- vel é δW = Fext dL = Pext dV (3.19) A avaliação da Equação 3.19, em qualquer si- tuação particular, requer o conhecimento de como a força ou pressão externa varia durante o proces- so. Por essa razão, a integral na Equação 3.18 é chamada frequentemente de trabalho efetivo. P ab V C 1 2 B A Figura 3.9 Vários processos quase estáticos entre dois estado dados, mostrando que trabalho é uma função de linha. termodinamica 03.indd 97 15/10/14 14:47 98 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.4 Considere o conjunto cilindro-pistão ligeira- mente diferente, como mostrado na Figura 3.10. Neste exemplo o pistão tem massa mp e atua sobre ele a pressão atmosférica P0, uma mola linear e uma força F1. O pistão retém o gás dentro do cilindro com a pressão P. Um ba- lanço de forças no pistão, na direção do movi- mento, fornece mpa ≅ 0 = F↑∑ − F↓∑ mp x P0 F1 km g FIGURA 3.10 Esboço do sistema físico para o Exemplo 3.4. Como uma aceleração nula em um processo quase estático. As forças, quando a mola está em contato com o pistão, são: F↑∑ = PA, F↓∑ = mpg + P0 A + km x − x0( ) + F1 onde km é a constante da mola linear. A posição do pistão para a força exercida pela mola ser nula é x0, e x0 depende do modo como é insta- lada a mola. Dividindo-se o balanço de forças pela área do pistão, A, obtemos a pressão no gás, ou seja P = P + [mpg + F1 + km(x – x0)]/A Para visualizar o processo em um diagrama P-V, a distância x é convertida para volume di- vidindo-se e multiplicando-se por A assim P = P0 + mpg A + F1 A + km A2 V −V0( ) = C1 +C2V Essa relação fornece a pressão como uma fun- ção linear do volume, com inclinação C2 = km/A2. A Figura 3.11 mostra possíveis valores de P e V para uma expansão. Independentemente de qual substância está dentro do cilindro, qual- quer processo terá de percorrer a linha no dia- grama P-V. O trabalho para um processo quase estático é dado por 1W2 = P dV = área sob a curva do processo1 2 ∫ 1W2 = 1 2 P1 + P2( ) V2 −V1( ) V P 1 2 km––– 1W2 A2 FIGURA 3.11 Diagrama do processo mostrando uma possí- vel combinação P-V para o Exemplo 3.4. Se fosse uma compressão, em vez de expansão, o processo iniciaria no ponto 1 e deslocaria no sentido inverso, descrevendo uma linha com a mesma inclinação mostrada na Figura 3.11. termodinamica 03.indd 98 15/10/14 14:47 99A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.5 Considere o conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura 3.12, em que a massa do pistão é mp e, inicialmente, o pistão está travado com um pino. O gás armazenado no cilindro apresen- ta, inicialmente, a pressão P1 e o volume V1. Quando o pino é removido, a força externa por unidade de área que atua sobre a fronteira do sistema (gás) compreende duas parcelas: Pext = Fext/A = P0 + mp g/A Calcule o trabalho realizado pelo sistema quan- do o pistão atinge a nova posição de equilíbrio. P1 P0 mp FIGURA 3.12 Exemplo de um processo de não equilíbrio. Após a liberação do pistão, a pressão no siste- ma passa a ser ditada pela pressão na fronteira móvel, como discutido na Seção 1.7 em con- junto com a Figura 1.10. Observe que nenhu- ma das duas componentes da força externa se modifica com o movimento da fronteira, uma vez que o cilindro é vertical (sujeito à força gravitacional) e sua parte superior é aberta à atmosfera (o movimento do pistão para cima simplesmente empurra o ar para fora do cilin- dro). Se a pressão inicial P1 é maior que a pres- são imposta pela fronteira móvel, o pistão se deslocará paracima em uma velocidade finita, ou seja, em um processo de não equilíbrio, com a pressão no cilindro atingindo, eventualmen- te, o equilíbrio com a pressão Pext. Se puder- mos representar a pressão média no cilindro como função do tempo, o comportamento se- ria tipicamente o da Figura 3.13. Entretanto, o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo é feito contra a força resistente na fronteira móvel e, portanto, dado pela Equação 3.19. Assim, como a força externa é constante durante o processo, o resultado é 1W2 = Pext dV = 1 2 ∫ Pext V2 −V1( ) em que V2 é maior que V1 e o trabalho realizado pelo sistema é positivo. Se a pressão inicial fos- se menor que a pressão imposta pela fronteira móvel, o pistão teria movido para baixo, P P1 Tempo P2 = Pext FIGURA 3.13 Pressão no cilindro em função do tempo. comprimindo o gás, com o sistema finalmente atingindo uma pressão de Pext em um volume menor que o inicial, e com trabalho negativo, ou seja, a vizinhança empurrando o sistema. A parcela do trabalho pode ser examina- da medindo-se a pressão e o volume durante o processo, informações que nos permitem ava- liar a integral da Equação 3.18. E, usando cur- vas adequadas ou métodos numéricos, podemos chegar ao trabalho por meio da área sob a curva do processo, no diagrama P-V. Entretanto, será muito útil se toda a curva representativa do pro- cesso puder ser expressa por uma função ana- lítica. Nesse caso, a integração poderá ser feita matematicamente, conhecendo-se os valores dos parâmetros dessa função. Com esse propósito, temos usado uma formulação matemática simples de uma curva chamada processo politrópico, com termodinamica 03.indd 99 15/10/14 14:47 100 Fundamentos da Termodinâmica somente dois parâmetros, ou seja, um expoen te e uma constante, como PVn = constante (3.20) O expoente politrópico n é o referencial do tipo de processo com o qual estamos lidando, e pode variar entre menos infinito a mais infinito. Diversos processos se enquadram nessa classe de funções. Por exemplo, para n = 0, teremos um processo a pressão constante, e, para os extremos n → ± ∞, estaremos em um processo a volume constante. Nessas condições, ou seja, com a equa- ção analítica do processo, calculamos a integral na Equação 3.14 assim PV n = constante = P1V1 n = P2V2 n P = constante = P1V1 n V n = P2V2 n V n P dV = constante 1 2 ∫ dV V n = constante V −n+1 −n +1 ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 1 2 1 2 ∫ P dV = constante 1− n V2 1−n −V1 1−n( ) = 1 2 ∫ = P2V2 nV2 1−n − P1V1 nV1 1−n 1− n = P2V2 − P1V1 1− n (3.21) Note que o resultado da Equação 3.21 é válido para qualquer valor do expoente n, exceto para n = 1. Para n = 1, temos PV = constante = P1 V1 = P2 V2 e P dV = P1V1 1 2 ∫ dV V = 1 2 ∫ P1V1 ln V2 V1 (3.22) Observe que nas Equações 3.21 e 3.22 não dizemos que o trabalho é igual às expressões indi- cadas nessas equações. Essas expressões nos dão o valor de uma integral, ou seja, um resultado ma- temático. Considerar, ou não, que aquela integral corresponde ao trabalho em um dado processo depende do resultado de uma análise termodinâ- mica do processo. É importante manter separado o resultado matemático da análise termodinâmica, porque haverá muitos casos em que o trabalho não é dado pela Equação 3.18. O processo politrópico, como já descrito, de- monstra uma especial relação funcional entre P e V durante um processo. Existem muitas outras relações possíveis, algumas das quais serão exami- nadas nos problemas apresentados ao final deste capítulo. EXEMPLO 3.6 Considere como um sistema o gás contido em um conjunto cilindro-êmbolo mostrado na Fi- gura 3.14.Vários pequenos pesos são colocados sobre o êmbolo. A pressão inicial é de 200 kPa, e o volume inicial do gás é de 0,04 m3. Gás FIGURA 3.14 Esboço para o Exemplo 3.6. a. Posicione um bico de Bunsen embaixo do cilindro e deixe o volume do gás aumentar para 0,1 m3, enquanto a pressão permanece cons- tante. Calcule o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo. 1W2 = P dV 1 2 ∫ Como a pressão é constante, concluímos da Equação 3.18 e da Equação 3.12 com n = 0 que 1W2 = dV 1 2 ∫ = P V2 −V1( ) 1W2 = 200 kPa ×(0,1− 0,04) m3 = 12,0 kJ termodinamica 03.indd 100 15/10/14 14:47 101A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.6 (continuação) b. Considere o mesmo sistema e as mesmas condições iniciais, porém ao mesmo tempo em que o bico de Bunsen está sob o cilindro e o êmbolo está se elevando, remova os pesos do êmbolo, de tal forma que, durante o processo, a temperatura do gás se mantenha constante. Se admitirmos que o modelo gás ideal é válido, então, da Equação 2.9, PV = m RT Observamos que esse é um processo politró- pico com o expoente n = 1. Da nossa análise, concluímos que o trabalho pode ser calculado com a Equação 3.18 e que a integral é dada pela Equação 3.22. Portanto 1W2 = P dV 1 2 ∫ = P1V1 ln V2 V1 = 200 kPa × 0,04 m3 × ln 0,10 0,04 = 7,33 kJ c. Considere o mesmo sistema, porém, durante a transferência de calor, remova os pesos de tal maneira que a expressão PV 1,3 = constante descreva a relação entre a pressão e o volume durante o processo. Novamente, o volume final é 0,1 m3. Calcule o trabalho no processo. Esse processo é politrópico, com n = l,3. Anali- sando o processo, concluímos novamente que o trabalho pode ser calculado com a Equação 3.18 e que a integral é dada pela Equação 3.21. Assim P2 = 200 0,04 0,10 ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 1,3 = 60,77 kPa 1W2 = P dV 1 2 ∫ = P2V2 − P1V1 1−1,3 = = 60,77 × 0,1− 200 × 0,04 1−1,3 kPa m3 = 6,41 kJ d. Considere o sistema e o estado inicial dados nos três primeiros exemplos, porém mantenha o êmbolo preso por um pino, de modo que o volume permaneça constante. Adicionalmente, faça com que calor seja transferido do sistema até que a pressão caia para 100 kPa. Calcule o trabalho nesse processo. Como δW = P dV para um processo quase está- tico, o trabalho é nulo porque, nesse caso, não há variação de volume. Isso também pode ser interpretado como o limite do processo politró- pico quando n → ∞, e assim obtendo trabalho zero na Equação 3.21. O processo para cada um dos quatro exemplos é mostrado no diagrama P-V da Figura 3.15. O processo 1-2a é um processo a pressão cons- tante e a área 1-2a-f-e-1 representa o traba- lho. Analogamente, a linha 1-2b representa o processo em que PV = constante, a linha 1-2c o processo em que PV1,3 é constante e a linha 1-2d representa o processo a volume constan- te. O estudante deve comparar as áreas sob cada curva com os resultados numéricos obti- dos para as quantidades de trabalho realizado. V P 2d 2b 2c 2a1 e f Figura 3.15 Diagrama P-V mostrando o trabalho realizado nos vários processos do Exemplo 3.6. termodinamica 03.indd 101 15/10/14 14:47 102 Fundamentos da Termodinâmica QUESTÕES CONCEITUAIS g. Qual é aproximadamente o valor percen- tual do trabalho feito no processo 1-2c em comparação ao processo 1-2a mostrados na Figura 3.15? h. Gás hélio expande de 125 kPa, 350 K e 0,25 m3 para 100 kPa em um processo poli- trópico com n = 1,667. O trabalho é positi- vo, negativo, ou zero? i. Um gás ideal é submetido a um processo de expansão no qual o volume dobra. Que processo levará ao maior trabalho produzi- do: um processo isotérmico ou um politró- pico com n = 1,25? 3.5 DEFINIÇÃO DE CALOR A definição termodinâmica de calor é um tanto di- ferente do entendimento cotidiano que ela tem. É importante compreender claramente a definição de calor dada aqui, porque é aplicável a muitos problemas da termodinâmica. Se um bloco de cobre quente for colocado em um béquer com água fria, sabemos, pela vivência, que o bloco de cobre esfria e a água aquece até que o cobre e a água atinjam a mesma temperatura. O que provoca essa diminuição de temperatura do cobre e o aumento de temperatura da água? Di- zemos que isso é um resultado da transferência de energiado bloco de cobre para a água. É dessa transferência de energia que chegamos a uma de- finição de calor. O calor é definido como sendo a forma de transferência de energia através da fronteira de um sistema, em uma dada temperatura, para outro sistema (ou o ambiente), que apresenta uma temperatura inferior, em virtude da diferença entre as temperaturas dos dois sistemas. Isto é, o calor é transferido do sistema com temperatu- ra superior ao sistema que apresenta temperatura inferior e a transferência de calor ocorre unica- mente em razão da diferença entre as temperatu- ras dos dois sistemas. Outro aspecto dessa defini- ção de calor é que um corpo nunca contém calor. Ou melhor, o calor somente pode ser identificado quando atravessa a fronteira. Assim, o calor é um fenômeno em trânsito. Se considerarmos o bloco quente de cobre como um sistema e a água fria do béquer como outro sistema, reconhecemos que, originalmente, nenhum sistema contém calor (na- turalmente, eles contêm energia). Quando o bloco de cobre é colocado na água e os dois sistemas entram em contato térmico, calor é transferido do cobre para a água até que seja estabelecido o equilíbrio de temperatura. Nessa situação não mais ocorre transferência de calor porque não há qualquer diferença de temperatura. No final do processo nenhum sistema contém calor. Também concluímos que o calor é identificado na fronteira do sistema, e é definido como energia transferida através dessa fronteira. O calor, semelhante ao trabalho, é uma forma de transferência de energia para ou de um siste- ma. Portanto, as unidades de calor, ou de qualquer outra forma de energia, são as mesmas das do tra- balho ou, pelo menos, são diretamente proporcio- nais a elas. Assim, no Sistema Internacional, SI, a unidade de calor (energia) é o joule. No Sistema Inglês, a libra-pés-força é a unidade usual de calor. Entretanto, ao longo dos anos, fomos assimilando naturalmente outra unidade, fruto do processo de aquecimento d’água, como o que usamos para de- finir calor na seção anterior. Considere um sistema com 1 lbm de água a 59,7 F. Coloquemos na água um bloco quente de cobre de massa e temperatu- ra apropriados, tal que, quando for estabelecido o equilíbrio térmico, a temperatura da água seja de 60,5 F. Esse padrão de quantidade de calor transfe- rida do cobre para a água nesse processo é chama- do Unidade Térmica Britânica (Btu – British ter- mal unit). Mais exatamente, é chamado 60-graus Btu, definido como o total de calor requerido para elevar 1 lbm de água de 59,5 F para 60,5 F. (O Btu usado atualmente é, na realidade, definido em termos de unidades do SI.) Vale aqui comentar que a unidade de calor do sistema métrico, a calo- ria, teve uma origem análoga a do Btu no sistema Inglês. A caloria é definida com o calor necessá- rio para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5 °C para 15,5 °C. Considera-se positivo o calor transferido para um sistema, e negativo o calor transferido de um sistema. Assim, uma transferência de calor positi- va representa um aumento de energia no sistema e uma transferência negativa representa uma di- minuição de energia no sistema. O calor é repre- termodinamica 03.indd 102 15/10/14 14:47 103A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia sentado pelo símbolo Q. Um processo em que não haja transferência de calor (Q = 0) são denomina- dos processos adiabáticos. Do ponto de vista matemático, o calor, assim como o trabalho, é uma função de linha e, por isso, apresenta diferencial inexata. Isto é, a quantida- de de calor transferida para um sistema que passa do estado 1 para o estado 2 depende do caminho que o sistema percorre durante o processo. Como o calor tem uma diferencial inexata, a diferencial é escrita δQ. Na integração escrevemos δQ 1 2 ∫ = 1Q2 Em palavras, 1Q2 é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 e o estado 2. Também é conveniente exprimir a transferên- cia de calor por unidade de massa do sistema, q, frequentemente chamada calor específico transfe- rido, definido como q ≡ Q m 3.6 MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR A transferência de calor é o transporte de energia em virtude da diferença de temperatura entre quan- tidades de matéria. Sabemos que um cubo de gelo tirado de um congelador derreterá quando colocado em um local mais quente, como, por exemplo, um copo de água líquida ou sobre um prato exposto ao ar ambiente. Da discussão sobre energia na Seção 1.8, vimos que as moléculas da matéria apresentam energia translacional (cinética), rotacional e vibra- cional. A energia nesses modos pode ser transferida às moléculas vizinhas por meio de interações (co- lisões) ou por intercâmbio de moléculas, de modo que as moléculas com energia, em média, maior (temperatura mais alta) transferem energia para as moléculas que têm, em média, menos energia (tem- peratura mais baixa). Essa transferência de ener- gia entre moléculas é denominada transferência de calor por condução, e aumenta com a diferen- ça de temperatura e com a habilidade em realizar transferência de energia, que a substância possua. Isso é expresso pela lei de Fourier da condução, !Q = −kA dT dx (3.23) que fornece a taxa de transferência de calor por condução como diretamente proporcional à con- dutibilidade térmica, k, a área total, A, e ao gradien- te de temperatura. O sinal negativo indica que o sentido da transferência de calor é da região que apresenta temperatura mais alta para a que apre- senta temperatura mais baixa. Muitas vezes, quan- do não temos disponível uma solução analítica ou numérica do problema, estimamos o gradiente, di- vidindo a diferença de temperatura pela distância, Os valores típicos das condutibilidades térmi- cas, k, são da ordem de 100 W/m K para os metais, de 1 a 10 para os sólidos não metálicos como vidro, gelo, e rocha, 0,1 a 10 para líquidos, no entorno de 0,1 para materiais isolantes, e de 0,1 até menos de 0,01 para gases. Um modo diferente de transferência ocorre quando o meio está escoando e é chamado trans- ferência de calor por convecção. Nesse modo de transferência, o movimento da substância como um todo − o escoamento − desloca matéria, que apresenta certo nível energético, sobre ou próxi- mo a uma superfície que apresenta uma tempe- ratura diferente daquela do meio que escoa. Nes- se caso, a transferência de calor por condução é dominada pela maneira como o escoamento leva as duas substâncias, fluido e superfície, a inte- ragirem. São exemplos: o vento soprando sobre um edifício ou escoando em trocadores de calor, que pode ser ar fluindo sobre ou através de um radiador com água passando na tubulação. Essa troca de calor geralmente é formatada pela lei de Newton do resfriamento como !Q = Ah DT (3.24) em que as propriedades de transferência estão agrupadas no coeficiente de transferência de calor por convecção, h, que é função das propriedades físicas médias do fluido que escoa, do escoamento e da geometria. É necessário um estudo mais detalha- do dos aspectos da mecânica dos fluidos e da trans- ferência de calor de todo um processo para avaliar o coeficiente de transferência de calor para uma dada situação. Os valores típicos do coeficiente de transfe- rência de calor por convecção, em W/m2K, são: termodinamica 03.indd 103 15/10/14 14:47 104 Fundamentos da Termodinâmica Convecção natural gás h = 5-25 líquido h = 50-1 000 Convecção forçada gás h = 25-250 líquido h = 50-20 000 Ebulição (mudança de fase) h = 2 500-100 000 O último modo de transferência de calor é a radiação, que transmite a energia por ondas ele- tromagnéticas no espaço. A transferência de calor por radiação pode ocorrer no vácuo e não requer a presença de matéria, mas é necessário um meio material para que ocorra tanto a emissão (gera- ção) quanto a absorção de energia. A emissão de uma superfície é usualmente escrita como uma fração, emissividade ε, da emissãode um corpo negro perfeito, ou seja, !Q = εσ ATs 4 (3.25) em que Ts é a temperatura da superfície e σ é a constante de Stefan-Bolztmann. Valores típicos de emissividade variam entre 0,92 para superfícies EXEMPLO 3.7 Considere a transferência de energia de uma sala a 20 °C para o ambiente externo, que se encontra a −10 °C, através da janela simples mostrada na Figura 3.16. A variação de temperatura com a distância, medida a partir da superfície de fora do vidro, é apresentada pela transferência de calor por convecção na camada externa, mas, por simpli- ficação, não é mostrada a correspondente ca- mada na parte interna. A placa de vidro tem a espessura de 5 mm (0,005 m) com uma condu- tibilidade 1,4 W/m K e a área total da superfície é de 0,5 m2. O vento provoca um coeficiente de transferência de calor por convecção na su- perfície externa do vidro igual a 100 W/m2 K. Admitindo que a temperatura externa do vidro é de 12,1 °C, determine a taxa de transferência de calor no vidro e a taxa de transferência de calor para o ambiente externo por convecção. Para a condução através do vidro temos !Q = −kA dT dx = −kA DT Dx = −1,4 W mK × × 0,5 m2 20 −12,1 0,005 K m = −1106 W Ambiente externo qcondqconv Ambiente interno T∞ T Tsala Tsala Ts Ts T x0 t x0 t Vidro FIGURA 3.16 Transferência de calor por condução e convecção através do vidro da janela. e o sinal negativo indica que a energia está dei- xando a sala. Para a transferência de calor por convecção na camada externa temos !Q = hADT = 100 W m2K × × 0,5 m2[12,1−(−10)] K = 1105 W com o sentido da transferência de calor da re- gião de alta para a região de baixa temperatura, ou seja, em direção ao ambiente externo1. 1 Considere que houve uma diferença de aproximação porque na verda- de os dois resultados deveriam ser rigorosamente iguais, porque é um processo em regime permanente (N.T.). termodinamica 03.indd 104 15/10/14 14:47 105A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia não metálicas e 0,6 a 0,9 para superfícies metálicas não polidas, chegando a menos de 0,1 para super- fícies metálicas altamente polidas. A radiação se distribui em uma faixa de comprimentos de ondas, sendo emitida e absorvida de maneira diferente por diferentes superfícies, mas o detalhamento desses aspectos estão além do escopo deste livro. 3.7 ENERGIA INTERNA – UMA PROPRIEDADE TERMODINÂMICA A energia interna é uma propriedade extensiva, visto que depende da massa do sistema. As ener- gias cinética e potencial também são propriedades extensivas. O símbolo U designa a energia interna de uma dada massa de uma substância. Seguindo a con- venção usada para as outras propriedades exten- sivas, o símbolo u designa a energia interna por unidade de massa. Pode-se dizer que u é a energia interna específica, conforme fizemos no caso do volume específico. Entretanto, como usualmente o contexto deixará claro, se estamos lidando com u (energia interna específica) ou a U (energia in- terna total), adotaremos para ambos os casos sim- plesmente a notação energia interna. No Capítulo 2 observamos que na ausência de movimento, da gravidade, efeitos de superfí- cie, elétricos e outros, o estado de uma substância pura é especificado por duas propriedades inde- pendentes. É muito expressivo que, com essas restrições, a energia interna possa ser uma das propriedades independentes de uma substância pura. Isso significa, por exemplo, que, se especi- ficarmos a pressão e a energia interna (com refe- rência a uma base arbitrária) do vapor superaque- cido, a temperatura estará também determinada. Assim, em uma tabela de propriedades termo- dinâmicas, como as tabelas de vapor, os valores de energia interna podem ser tabelados juntamente com as outras propriedades termodinâmicas. As Tabelas 1 e 2 de vapor (Tabelas B.1.1 e B.1.2) lis- tam a energia interna dos estados saturados. In- cluem os valores da energia interna do líquido sa- turado ul, da energia interna do vapor saturado uv e a diferença entre as energias internas do líquido saturado e do vapor saturado ulv. Os valores são fornecidos em relação a um estado de referência arbitrário que, para a água nas tabelas de vapor, é tomado como zero, para a energia interna do líquido saturado na temperatura do ponto triplo, 0,01 °C. Todos os valores de energia interna nas tabelas de vapor são calculados relativamente a essa referên- cia (note que o estado de referência deixa de ser preponderante quando se calcula a diferença de u entre dois estados). Valores para a energia inter- na são encontrados nas tabelas da mesma maneira que manipulamos o volume específico. Na região de saturação líquido-vapor, U = Ulíq + Uvap ou mu = mlíq ul + mvap uv Dividindo por m e introduzindo o título x, temos u = (1 – x)ul + xuv u = ul + xulv Como exemplo, calculamos a energia interna específica do vapor d’água saturado à pressão de 0,6 MPa, com título de 95%, do seguinte modo: u = ul + xulv = 669,9 + 0,95(1 897,5) = = 2 472,5 kJ/kg Os valores de u para a região de vapor supe- raquecido estão tabulados na Tabela B.1.3, para líquido comprimido na Tabela B.1.4, e para os va- lores referentes aos estados em que o sólido e o vapor coexistem em equilíbrio, na Tabela B.1.5. QUESTÕES CONCEITUAIS j. A água é aquecida de 100 kPa, 20 °C até 1 000 kPa, 200 °C. Em um caso, a pressão é aumentada a T constante, e depois T é ele- vada a P constante. Em um segundo caso, a ordem dos processos é invertida. Isso acarreta uma diferença para 1Q2 e 1W2? k. Um tanque A, rígido e isolado termicamente, contém água a 400 kPa, 800 °C. Um tubo com uma válvula liga esse tanque a outro tanque B também rígido, isolado e de igual volume, contendo vapor d’água saturado a 100 kPa. A válvula é aberta e permanece assim até que a água atinja um estado final uniforme nos dois tanques. Quais são as duas propriedades que definem o estado final? termodinamica 03.indd 105 15/10/14 14:47 106 Fundamentos da Termodinâmica 3.8 ANÁLISE DE PROBLEMAS E TÉCNICA DE SOLUÇÃO Neste ponto do nosso estudo da termodinâmica já fomos suficientemente longe (ou seja, acumu- lamos ferramentas suficientes para trabalhar) e é muito oportuno desenvolver um procedimento ou uma técnica formal para analisar e solucionar pro- blemas termodinâmicos. No momento, pode não parecer extremamente necessário usar um rigoro- so procedimento para muitos dos nossos proble- mas, porém, devemos lembrar que, à medida que adquirirmos mais ferramenta analítica, os proble- mas com os quais seremos capazes de lidar tornar- -se-ão muito mais complexos. Assim, é convenien- te começarmos agora a praticar essa técnica para nos prepararmos para os problemas futuros. A sequência a seguir mostra uma abordagem sistemática para os problemas de termodinâmica, para que sejam entendidos e se garanta que ne- nhuma simplificação seja adotada, eliminando as- sim muitos erros que, de outra forma ocorreriam em decorrência de premissas simplificadoras que venhamos a assumir e que não sejam aplicáveis. 1. Faça um esboço do sistema físico com seus componentes e identifique todos os fluxos de massa, de calor e trabalho. Evidencie as for- ças decorrentes de pressões externas e as pontuais. 2. Defina (ou seja, escolha) a sistema ou o vo- lume de controle, estabelecendo a superfície de controle que contenha a substância que você deseja analisar. Indique todas as trans- ferências que entram ou que saiam do volu- me de controle e rotule as diferentes partes do sistema, caso não tenham o mesmo estado termodinâmico. 3. Escreva as leis básicas para cada volume de controle (até aqui só usamos a equação da energia, no futuro teremos diversas leis). Se uma parcela de transferência deixa um volu- me de controle e entra em outro, devemos ex- pressá-la, em cada uma das equações, com o sinal trocado. 4. Relacione as leis auxiliares e específicas para tudo que estiver em cada um dos volumes de controle. A característicade uma substância ou está explicitada ou referida a valores ta- EXEMPLO 3.8 Determine, para a água e nos estados indi- cados, as propriedades que faltam (P, T, x ou v): a. T = 300 oC, u = 2 780 kJ/kg b. P = 2 000 kPa, u = 2 000 kJ/kg As propriedades fornecidas nos dois estados são independentes e, assim, determinam completamente o estado termodinâmico. Temos que, inicialmente, identificar a fase da água em cada estado comparando-se as informações fornecidas com os valores das propriedades nos limites entre as fases. a. Para T = 300 oC , na Tabela B.1.1, obte- mos uv = 2 563,0 kJ/kg. A água se encon- tra como vapor superaquecido porque u > uv a uma pressão menor que Pv, que é 8 581 kPa. Pesquisando na Tabela B.1.3 em 300 oC, encontramos que o valor de u = 2 780 kJ/kg está entre o valor de u para P = 1 600 kPa (u = 2 776,8 kJ/kg) e para P = 1 800 kPa (u = 2 781,0 kJ/kg). Fazendo uma interpolação linear, obte mos P = 1 648 kPa Observe que o título não tem sentido na região de vapor superaquecido. A essa pressão, por interpolação linear, temos v = 0,1542 m3/kg. b. Para P = 2 000 kPa, na Tabela B.1.2, ve- mos que u = 2 000 kJ/kg é maior que ul = 906,4 kJ/kg, porém menor que uv = 2 600,3 kJ/kg. Assim, a água se encon- tra em um estado saturado líquido-vapor com T = Tv = 212,4 oC, e u = 2 000 = 906,4 + x1 693,8; x = 0,6456 E para o volume específico, v = 0,001 177 + 0,6456 × 0,09845 = 0,064 74 m3/kg termodinamica 03.indd 106 15/10/14 14:47 107A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia belados. A equação para um dado processo é normalmente fácil de ser escrita; e advém da forma como o sistema e componente se inte- ragem, sendo frequentemente uma aproxima- ção de realidade. Isto é, fazemos um modelo matemático simplificado, que retrate o com- portamento do mundo real. 5. Conclua a formulação combinando todas as equações (não use números ainda); e, en- tão, confira os valores que são conhecidos e as incógnitas. É importante especificar todos os estados, caracterizando-os com duas pro- priedades independentes. Essa tarefa é mais facilmente elaborada se esboçarmos todos os processos e estados em um diagrama (P-v), (T-v) ou similar. Esses diagramas também são úteis para selecionar tabelas e localizar es- tados. EXEMPLO 3.9 Um recipiente com volume de 5 m3 contém 0,05 m3 de água líquida saturada e 4,95 m3 de água no estado de vapor saturado à pressão de 0,1 MPa. O calor é transferido à água até que o recipiente contenha apenas vapor saturado. Determine o calor transferido nesse processo. Sistema: A água contida no recipiente. Esboço: Figura 3.17 Estado inicial: Pressão, volume de líqui- do, volume de vapor. Assim, o estado 1 está determinado. Estado final: Algum estado sobre a curva de vapor saturado. A água é aquecida, portanto, P2 > P1. Processo: Volume e massa constantes; portan- to, o volume específico é constante. Diagrama: Figura 3.18. Modelagem: Tabelas de vapor d’água. 1Q2 Vapor d’água Água líquida FIGURA 3.17 Esboço para o Exemplo 3.9. T V2 = V1 Vapor saturado no estado 2 Processo a volume constante 1 2 Ponto crítico V P1 FIGURA 3.18 Diagrama para o Exemplo 3.9. Como escrevemos na equação da energia U2 −U1 + 1 2 m V2 2 −V1 2( ) + +mg Z2 − Z1( ) = 1Q2 − 1W2 (3.26) nós também temos que considerar as várias parce- las de armazenamento. Se a massa não se desloca de forma considerável, ou em velocidade ou em elevação, consideramos que mudanças da energia cinética e/ou potencial são pequenas. Não é necessário seguir todos esses passos sempre. Na maioria dos exemplos deste livro não nos fixaremos a essa abordagem formal. Entre- tanto, quando o estudante tiver de enfrentar um problema novo e não familiar, deve sempre – ao menos – pensar nesse conjunto de questões que permitirão desenvolver a habilidade para resolver situações mais desafiantes. Resolvendo o proble- ma a seguir, aplicaremos essa técnica em detalhe. termodinamica 03.indd 107 15/10/14 14:47 108 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.9 (continuação) Análise Da equação da energia temos: U2 −U1 + m V2 2 − V1 2 2 + +mg Z2 − Z1( ) = 1Q2 − 1W2 Pelo exame da superfície de controle, para os vários modos de trabalho, concluímos que o trabalho nesse processo é nulo. Além disso, o sistema não está se movendo, assim, não há variação de energia cinética. Há uma pequena mudança do centro de massa do sistema, po- rém admitiremos que a variação de energia potencial (em kJ) seja desprezível. Portanto 1Q2 = U2 – U1 Solução: O calor transferido será determinado com a equação da energia. O estado 1 é conhecido, de modo que U1 pode ser encontrado. O volume específico do estado 2 é também conhecido (a partir do estado 1 e do processo). Como o es- tado 2 é vapor saturado, ele está determinado, como podemos ver na Figura 3.18. Portanto, podemos obter o valor de U2. A solução se processa como segue m1 líq = Vlíq v f = 0,05 0,001 043 = 47,94 kg m1 vap = Vvap vg = 4,95 1,6940 = 2,92 kg Portanto U1 = m1 líqu1 líq + m1 vapu1 vap = 47,94(417,36) + 2,92(2 506,1) = 27 326 kJ Para determinar u2 precisamos conhecer duas propriedades termodinâmicas independentes para o estado 2. A propriedade termodinâmica que conhecemos é o título x2 = 100%, e a que pode ser calculada de imediato é o volume es- pecífico final (v2). m = m1 líq + m1 vap = 47,94 + 2,92 = 50,86 kg v2 = V m = 5,0 50,86 = 0,098 31 m3 /kg Na Tabela B.1.2 encontramos, por interpola- ção, que na pressão de 2,03 MPa vv = 0,098 31 m3/kg. A pressão final do vapor é, então, 2,03 MPa. Assim u2 = 2 600,5 kJ/kg U2 = mu2 = 50,86(2 600,5) = 132 261 kJ 1Q2 = U2 – U1 = 132 261 – 27 326 = 104 935 kJ termodinamica 03.indd 108 15/10/14 14:47 109A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.10 O conjunto cilindro-pistão do Exemplo 3.4 con- tém 0,5 kg de amônia a –20 oC e título igual a 25%. A amônia é aquecida até +20 oC, nesse estado o volume ocupado pela amônia é 1,41 vez maior. Determine a pressão final, o traba- lho realizado pela amônia e o calor transferido. Solução: As forças que agem sobre o pistão, sob uma gravidade constante, a atmosfera externa a pressão constante e a mola linear impondo uma relação linear entre P e v(V). Processo: P = C1 + C2v, veja Exemplo 3.5, Fi- gura 3.12 Estado 1: (T1, x1) da Tabela B.2.1 P1 = Psat = 190,2 kPa v1 = vl + x1 vlv = 0,001 504 + 0,25 × 0,621 84 = = 0,156 96 m3/kg u1 = ul + x1 ulv = 88,76 + 0,25 × 1 210,7 = = 391,44 kJ/kg Estado 2: (T2, v2 = 1,41v1 = 1,41 × 0,156 96 = = 0,2213 m3/kg) A Tabela B.2.2 indica que a pressão no estado 2 é muito próxima de 600 kPa, e u2 ≈ 1 347,9 kJ/kg O trabalho pode ser integrado, conhecendo P em função de v, e pode ser interpretado como a área no diagrama P-v, mostrado na Figura 3.19. Aplicando a definição de trabalho 1W2 = P dV = 1 2 ∫ Pm dv 1 2 ∫ = área = m 1 2 P1 + P2( ) v2 − v1( ) = 0,5 kg 1 2 (190,2+ 600) kPa (0,2213 = 0,156 96) m3/kg = 12,7 kJ 1Q2 = m u2 − u1( ) + 1W2 = 0,5 kg (1 347,9 − 391,44) kJ kg +12,71 kJ = 490,94 kJ NH3 600 190 P v P.C. 1 2 20 –20 T v P.C. 1 2 FIGURA 3.19 Diagrama para o Exemplo 3.10. termodinamica 03.indd 109 15/10/14 14:47 110 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.11 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura 3.20 contém 0,1 kg de água a 1 000 kPa e 500 oC. A água é, então, resfriada e sob a ação de uma força sobre o pistão até que seu volume alcan- ce metade do inicial. Após essa etapa, a água é resfriada até 25 oC enquanto o pistão fica en- costado no esbarro. Determine a pressão da água no estado final, o trabalho total realiza- do e o calor transferido em todo o processo, e mostre o processo em um diagrama P-v. FÁgua FIGURA 3.20 Esboço para o Exemplo 3.11. Solução: Reconhecemos que o processo se dá em dois passos, um a P constante e outro a V constan- te. Esse comportamento é determinado pela construção do dispositivo.Estado 1: (P,T) Da Tabela B1.3; v1 = 0,354 11 m3/kg, u1 = 3 124,34 kJ/kg Processo 1 –1a: P = constante = F/A 1a – 2 : v = constante = v1a = v2 = v1/2 Estado 2: (T, v2 = v1/2= 0,177 06 m3/kg) X2 = v2 − v f( ) /vlv = 0,177 06 − 0,001 003 43,3583 = 0,004 0605 u2 = ul + x2 ulv = 104,86 + 0,0040 605 × 2 304,9 = 114,219 kJ/kg Da Tabela B.1.1, v2na penúltima edição: • Questões conceituais ao longo do texto, para provocar alguma reflexão e melhorar a assimilação dos conceitos. • Aplicações na Engenharia, relacionadas ao assunto do capítulo, que procuram deixar mais clara a importância da Termodinâmica na ativida de do engenheiro. O capítulo sobre escoamentos compressíveis, que havia sido retirado e vol tou na edição anterior, foi mantido, e os problemas propostos, ao final de cada capítulo, foram revisados pelo autor, com a remoção e a inclusão de problemas. Os exemplos e os problemas no sistema inglês de unidades não foram incluídos nessa tradução – a exemplo da 7a edição –, considerando que eles são simila res aos apresentados no Sistema Internacional e, por isso, não houve perda de informações. Os capítulos Reações Químicas, Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico e Escoamento Compressível, que na edição anterior esta vam disponíveis, para cópia, no site da Editora Blucher (www.blucher.com.br), com o material dos Apêndices, agora fazem parte da versão impressa. No site da Editora Blucher o aluno poderá obter o aplicativo computacional CATT3. O software permite a construção de tabelas de propriedades termodinâmicas, de cartas psicrométricas e diagramas de compressibilidade, T-s e Plog v. A tradução foi realizada por uma equipe de professores do Instituto Mauá de Tecnologia, que se empenhou em manter a elevada qualidade dos trabalhos anteriormente realizados. termodinamica 00.indd 11 08/09/14 17:41 12 Fundamentos da Termodinâmica Com a busca constante de aperfeiçoamento do texto, realizada ao longo das várias edições, a leitura da presente edição é bastante agradável, sem perder o rigor nos conceitos; e a apresentação dos diversos exemplos e das aplicações na Engenharia ajuda no seu entendimento. A seguir, são feitas algumas considerações resumidas sobre o contexto energético atual, julgadas importantes para dar ao estudante uma dimensão na qual o estudo e o uso da Termodinâmica se inserem, e, dessa forma, motiválo ainda mais no estudo deste livro. A energia é um dos principais recursos utilizados pela sociedade moderna. Em todos os processos de produção, tanto no setor industrial como no de servi ços, a energia tem uma participação fundamental. A Termodinâmica é conhecida como a ciência da energia e, por isso, é uma área do conhecimento fundamental para o equacionamento e a solução das necessidades de energia da humanidade. Os processos de conversão e uso de energia são fundamentais para o funcio namento da sociedade, por outro lado, representam uma das principais fontes de poluição nos dias atuais. Na avaliação de alternativas que minimizem ou eli minem esses impactos, o uso dos conceitos e as ferramentas da Termodinâmica é fundamental. A poluição do ar nas cidades e o grande desafio ambiental do nosso século: o aquecimento global e as mudanças climáticas; relacionamse majoritariamente com a emissão de poluentes atmosféricos e dióxido carbônico, bem como de outros gases do efeito estufa, originados principalmente na quei ma de combustíveis fósseis, utilizados na geração termoelétrica, no transporte e em processos industriais. Esses setores utilizam sistemas de conversão de energia, que são objetos de estudos da Termodinâmica. Além disso, sistemas de conversão de energia para refrigeração e condicionamento de ar cooperam para a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global, pelo uso de fluidos refrigerantes HCFCs e HFCs. Novos fluidos refrigerantes estão sendo desenvol vidos e avaliados. Nesse contexto, a Termodinâmica tem um papel importante. Outro aspecto marcante do cenário atual é a ampliação significativa do uso de fontes alternativas e renováveis na produção de energia. O crescimento eco nômico sustentável e o incremento da qualidade de vida de todos os habitantes do planeta só podem ser possíveis com o desenvolvimento e o emprego de novas tecnologias de conversão de energia, assim como do uso racional e eficiente dos recursos energéticos convencionais. Nesse sentido, vale ressaltar o aumento da disponibilidade de gás natural que, muito embora seja um combustível fóssil – não renovável –, cria possibili dades crescentes de geração descentralizada de energia elétrica e de geração de energia elétrica combinada (cogeração) com aquecimento e resfriamento – uma tecnologia que eleva a eficiência geral dos processos de conversão e promove a diversificação da oferta de energia elétrica. Por fim e como sempre, cabe mencionar que sugestões e contribuições para sanar problemas ocorridos nesta tradução e colaborar para uma nova edição melhorada são muito bemvindas e podem ser enviadas ao coordenador de tra dução dessa edição. Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto robertopeixoto@maua.br termodinamica 00.indd 12 08/09/14 17:41 13Conteúdo Conteúdo 1 Introdução e Comentários Preliminares, 21 1.1 O Sistema Termodinâmico e o Volume de Controle, 23 1.2 Pontos de Vista Macroscópico e Microscópico, 24 1.3 Estado e Propriedades de uma Substância, 25 1.4 Processos e Ciclos, 26 1.5 Unidades de Massa, Comprimento, Tempo e Força, 26 1.6 Volume Específico e Massa Específica, 29 1.7 Pressão, 31 1.8 Energia, 34 1.9 Igualdade de Temperatura, 37 1.10 A Lei Zero da Termodinâmica, 37 1.11 Escalas de Temperatura, 38 10.12 Aplicações na Engenharia, 39 Resumo, 41 Problemas, 43 2 Propriedades de uma Substância Pura, 53 2.1 A Substância Pura, 54 2.2 As Fronteiras das Fases, 54 2.3 A superfície P-v-T, 57 2.4 Tabelas de Propriedades Termodinâmicas, 60 2.5 Os Estados Bifásicos, 61 2.6 Os Estados Líquido e Sólido, 62 2.7 Os Estados de Vapor Superaquecido, 63 2.8 Os Estados de Gás Ideal, 65 2.9 O Fator de Compressibilidade, 69 2.10 Equações de Estado, 72 2.11 Tabelas Computadorizadas, 72 2.12 Aplicações na Engenharia, 73 Resumo, 75 Problemas, 76 termodinamica 00.indd 13 08/09/14 17:41 14 Fundamentos da Termodinâmica 3 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia, 89 3.1 A Equação da Energia, 90 3.2 A Primeira Lei da Termodinâmica, 92 3.3 A Definição de Trabalho, 92 3.4 Trabalho Realizado na Fronteira Móvel de um Sistema Compressível Simples, 96 3.5 Definição de Calor, 102 3.6 Modos de Transferência de Calor, 103 3.7 Energia Interna − Uma Propriedade Termodinâmica, 105 3.8 Análise de Problemas e Técnica de Solução, 106 3.9 A Propriedade Termodinâmica Entalpia, 111 3.10 Calores Específicos a Volume e a Pressão Constantes, 114 3.11 A Energia Interna, Entalpia e Calor Específico de Gases Ideais, 115 3.12 Sistemas Gerais que Envolvem Trabalho, 121 3.13 Conservação de Massa, 122 3.14 Aplicações na Engenharia, 124 Resumo, 129 Problemas, 132 4 Análise Energética para um Volume de Controle, 157 4.1 Conservação de Massa e o Volume de Controle, 157 4.2 A Equação da Energia para um Volume de Controle, 159 4.3 O Processo em Regime Permanente, 161 4.4 Exemplos de Processos em Regime Permanente, 163 4.5 Dispositivos com Múltiplos Fluxos, 172 4.6 O Processo em Regime Transiente, 173 4.7 Aplicações na Engenharia, 177 Resumo, 181 Problemas, 183 5 A Segunda Lei da Termodinâmica, 203 5.1 Motores Térmicos e Refrigeradores, 204 5.2 A Segunda Lei da Termodinâmica, 208 5.3 O Processo Reversível, 211 5.4 Fatores que Tornam um Processo Irreversível, 212 5.5 O Ciclo de Carnot, 214 5.6 Dois Teoremas Relativos ao Rendimento Térmico do Ciclo de Carnot, 216 5.7 A Escala Termodinâmica de Temperatura, 217 5.8 A Escala de Temperatura de Gás Ideal, 217 5.9 Máquinas Reais e Ideais, 220 5.10 Aplicações na Engenharia, 223 Resumo, 225 Problemas, 227 6 Entropia, 241 6.1 Desigualdade de Clausius, 242 6.2 Entropia – Uma Propriedade do Sistema, 244 6.3 A Entropia para uma Substância Pura, 245 termodinamica 00.indd 14 08/09/14 17:41 15Conteúdo 6.4 Variação de Entropia em Processos Reversíveis, 247 6.5 Duas Relações Termodinâmicas Importantes, 251 6.6 Variação de Entropia em um Sólidoo calor transferido e o trabalho. Com os valores das entalpias, temos v1 = V1 m = 0,1 0,5 m3 kg = 0,2 = 0,001 084 = x10,4614) m3 kg x1 = 0,1989 0,4614 = 0,4311 h1 = hl + x1hev = 604,74 + 0,4311× 2 133,8 = 1 524,7 kJ/kg h2 = 3 066,8 kJ/kg 1Q2 = 0,5 kg (3 066,8 −1 524,7) kJ/kg = 771,1 kJ 1W2 = mP v2 − v1( ) = 0,5 × 400(0,6548 − 0,2) = 91,0 kJ Portanto U2 – U1 = 1Q2 – 1W2 = 771,1 – 91,0 = 680,1 kJ O calor transferido também pode ser obtido a partir de u1 e u2 u1 = ul + x1uev = 604,31+ 0,4311×1 949,3 = 1 444,7 kJ/kg u2 = 2 804,8 kJ/kg e 1Q2 = U2 −U1 + 1W2 = 0,5 kg(2 804,8 −1 444,7) kJ/kg + 9,10 = 771,1 kJ termodinamica 03.indd 113 15/10/14 14:47 114 Fundamentos da Termodinâmica 3.10 CALORES ESPECÍFICOS A VOLUME E A PRESSÃO CONSTANTES Nesta seção consideraremos uma substância de composição constante e que apresenta uma fase homogênea. Essa fase pode ser sólida, líquida ou gasosa, mas não ocorre mudança de fase. Defini- remos o calor específico como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma unidade de massa da substância em um grau. É in- teressante analisar a relação que existe entre o ca- lor específico e outras propriedades termodinâmi- cas, notamos inicialmente, que o calor transferido pode ser avaliado com a Equação 3.4. Desprezan- do as variações de energias cinética e potencial e admitindo que seja uma única substância com- pressível e que o processo seja quase estático, o trabalho na Equação 3.4 pode ser avaliado pela Equação 3.16, temos então δQ = dU + δW = dU + P dV Essa expressão pode ser avaliada para dois casos especiais distintos: 1. Se o volume é constante, o termo de trabalho (P dV) é nulo; de modo que o calor específico (a volume constante) é Cv = 1 m δQ δT ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ v = 1 m ∂U ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ v = ∂u ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ v (3.29) 2. Se a pressão é constante, o termo de trabalho pode ser integrado e os termos PV resultantes, nos estados inicial e final, podem ser associa- dos com as energias internas, como na Seção 3.9, assim, concluímos que o calor transferido pode ser expresso em termos da variação de entalpia. O correspondente calor específico (a pressão constante) é Cp = 1 m δQ δT ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ p = 1 m ∂H ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ p = ∂h ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ p (3.30) Observe que em cada um desses casos espe- ciais, as expressões resultantes, Equação 3.29 ou 3.30, contêm somente propriedades termodinâmi- cas. Concluímos, assim, que os calores específicos a volume e a pressão constante também são pro- priedades termodinâmicas. Isso significa que ape- sar de iniciarmos essa discussão considerando a quantidade de calor necessária para provocar a va- riação de uma unidade de temperatura e de ter re- alizado um desenvolvimento muito específico, que nos levou à Equação 3.29 (ou 3.30), o resultado obtido exprime uma relação entre um conjunto de propriedades termodinâmicas e, portanto, consti- tui definições que são independentes dos proces- sos particulares considerados (no mesmo sentido que a definição de entalpia, na seção anterior, é independente do processo utilizado para ilustrar uma situação na qual a propriedade é útil em uma análise termodinâmica). Como exemplo, conside- re duas massas de fluidos idênticas mostrados na Figura 3.24. No primeiro sistema, 100 kJ de calor é transferido ao sistema, e, no segundo, 100 kJ de trabalho é realizado sobre o sistema. Assim, a va- riação de energia interna é a mesma em cada um deles, e, portanto, o estado final e a temperatura final são as mesmas em cada um deles. De acordo com a Equação 3.29, devemos obter exatamente o mesmo valor do calor específico médio a volume constante dessa substância para os dois proces- sos, mesmo que os dois processos sejam muito di- ferentes no que se refere a transferência de calor. Sólidos e Líquidos Como um caso especial, consideremos um sóli- do ou líquido. Essas duas fases são praticamente incompressíveis, dh = du + d(Pv) ≈ du + vdP (3.31) Além disso, o volume específico, para ambas as fases, é muito pequeno, tal que em muitos casos dh ≈ du ≈ CdT (3.32) em que C é o calor específico a volume constan- –W = 100 kJ FluídoFluído Q = 100 kJ Figura 3.24 Esboço mostrando dois processos que geram o mesmo ΔU. termodinamica 03.indd 114 15/10/14 14:47 115A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia te ou a pressão constante, pois os valores de am- bos serão muito próximos. Em muitos processos que envolvem um sólido ou um líquido, podemos adicionalmente admitir que o calor específico da Equação 3.32 seja constante (a menos que o processo ocorra a baixa temperatura ou com um grande intervalo de temperatura). Nesse caso, a Equação 3.32 pode ser integrada, h2 – h1 u2 – u1 C(T2 – T1) (3.33) Os calores específicos para vários sólidos e líquidos estão apresentados nas Tabelas A.3, A.4 F.2 e F.3. Em outros processos, para os quais não é pos- sível admitir calor específico constante, pode ser conhecida uma equação para C em função da tem- peratura. Nesse caso, a Equação 3.32 poderia ser integrada. 3.11 A ENERGIA INTERNA, ENTALPIA E CALOR ESPECÍFICO DE GASES IDEAIS Em geral, para qualquer substância a energia interna u depende de duas propriedades inde- pendentes que definam o estado termodinâmico. Entretanto, quando a massa específica dos gases é baixa, u depende basicamente da temperatu- ra e muito menos da segunda propriedade, P ou v. Por exemplo, considere os vários valores de u para vapor d’água superaquecido obtido da Tabe- la B.1.3 e mostrados na Tabela 3.1. Desses valo- res, é evidente que u depende fortemente de T, mas não tanto de P. Também é possível verificar na tabela que a dependência de u com P é menor quando a pressão é baixa e é muito menor a alta temperatura, ou seja, quando a massa específica decresce, decresce também a dependência de u em P (ou em v). Podemos extrapolar esses com- portamentos a estados em que a massa específi- ca seja muito pequena a tal ponto que o modelo de gás ideal seja aplicável, e em que a energia interna não depende da pressão, mas é função somente da temperatura. Nessas condições, para um gás ideal, Pv = RT e u = f(T) somente (3.34) Tabela 3.1 Energia interna específica para o vapor d’água [kJ/kg] P, kPa T, °C 10 100 500 1 000 200 2 661,3 2 658,1 2 642,9 2 621,9 700 3 479,6 3 479,2 3 477,5 3 475,4 1200 44 67,9 4 467,7 4 466,8 4 465,6 A relação entre a energia interna u e a tempe- ratura pode ser estabelecida utilizando-se a defini- ção de calor específico a volume constante, dado pela Equação 3.29: Cv = ∂u ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ v Como a energia interna de um gás ideal não é função do volume específico, podemos escrever para um gás ideal Cv0 = du dT du = Cv0 dT (3.35) em que o índice 0 indica o calor específico de um gás ideal. Para uma dada massa m, dU = mCv0 dT (3.36) Da definição de entalpia e da equação de esta- do de um gás ideal, segue que h = u + Pv = u + RT (3.37) Como R é uma constante e u é função apenas da temperatura, temos que a entalpia, h, de um gás ideal, também é somente uma função da tem- peratura. Isto é, h = f(T) (3.38) A relação entre a entalpia e a temperatura é obtida a partir da definição do calor específico a pressão constante como definido na Equação 3.30: Cp = ∂h dT ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ p termodinamica 03.indd 115 15/10/14 14:47 116 Fundamentos da Termodinâmica Como a entalpia de um gás ideal é função ape- nas da temperatura e é independente da pressão, segue que Cp0 = dh dT dh = Cp0 dT (3.39) Para uma dada massa m, dH = mCp0 dT (3.40) As consequências das Equações 3.35 e 3.39 podem ser vistas na Figura 3.25, que mostra duas linhas de temperatura constante. Como a energia interna e a entalpia são funções apenas da tempe- ratura, essas linhas de temperatura constante são também linhas de energia interna constante e de entalpia constante. Do estado 1 podemos atingir a linha de temperaturaelevada por vários caminhos e, em cada caso, o estado final é diferente. No en- tanto, qualquer que seja o caminho, a variação da energia interna e da entalpia serão as mesmas, para linhas de temperatura constante, pois são, também, linhas de u constante e de h constante. Como a energia interna e a entalpia de um gás ideal são funções apenas da temperatura, segue que os calores específicos a volume constante e a pressão constante são também funções somente da temperatura. Isto é Cv0 = f(T), Cp0 = f(T) (3.41) Como todos os gases apresentam um com- portamento próximo daquele de gás ideal quan- do a pressão tende a zero, o calor específico de gás ideal para uma dada substância é usualmente chamada calor específico à pressão zero, e o ca- lor específico a pressão constante na pressão zero recebe o símbolo Cp0. O calor específico a volume constante a pressão zero recebe o símbolo Cv0. A Figura 3.26 mostra um gráfico de Cp0 em função da temperatura para várias substâncias. Esses va- lores foram determinados com o uso das técnicas da termodinâmica estatística que não está no es- copo deste texto. Entretanto, um breve resumo sobre o assunto é dado no Apêndice C. É mostra- do lá que o principal fator causador da variação do calor específico com a temperatura é a vibração molecular. Moléculas mais complexas têm múlti- plos modos de vibração e, portanto, apresentam grande dependência da temperatura, como pode ser visto na Figura 3.26. Essa observação é impor- tante para a decisão de quando levar ou não em consideração a variação do calor específico com a temperatura em uma particular aplicação. Uma relação muito importante entre os ca- lores específicos a pressão constante e a volume constante de um gás ideal pode ser desenvolvida a partir da definição de entalpia. h = u + Pv = u + RT Diferenciando a equação e utilizando as Equa- ções 3.35 e 3.39, obtemos dh = du + R dT Cp0 dT = Cv0 dT + R dT Portanto Cp0 – Cv0 = R (3.42) P v Constante T, u, h Constante T + dT, u + du, h + dh 1 2 2′ 2 ′′ Figura 3.25 Diagrama P-v para um gás ideal. termodinamica 03.indd 116 15/10/14 14:47 117A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia A forma dessa equação na base molar é Cp0 −Cv0 = R (3.43) Isso nos diz que a diferença entre os calores específicos a pressão constante e o volume cons- tante, de um gás ideal, é sempre constante, embo- ra ambos sejam funções da temperatura. Assim, precisamos examinar somente a dependência da temperatura de um deles; o outro será fornecido pela Equação 3.42. Consideremos o calor específico Cp0. Existem três casos a examinar. A situação mais simples resulta da hipótese de se admitir calor específico constante, ou seja, não dependente da temperatu- ra. Nesse caso, é possível integrar diretamente a Equação 3.39, chegando a h2 – h1 = Cp0(T2 – T1) (3.44) Notamos, analisando a Figura 3.26, que os ca- sos que estejam sob essas condições alcançarão uma modelagem precisa. Deve-se acrescentar, entretanto, que essa situação pode ser uma apro- ximação razoável para outras condições, especial- mente se for usado um valor de calor específico médio, para o intervalo de temperatura da aplica- ção, na Equação 3.44. Valores do calor específico na temperatura ambiente e das constantes de ga- ses estão tabelados na Tabela A.5 e F.4. A segunda possibilidade para o calor específi- co é a utilização de uma equação analítica para Cp0 em função da temperatura. Como os resultados dos cálculos do calor específico, a partir da termo- dinâmica estatística, não conduzem a formas ma- temáticas convenientes, estes normalmente são ajustados empiricamente. A Tabela A.6 fornece equações de Cp0 em função da temperatura para diversos gases. A terceira possibilidade é integrar os resulta- dos dos cálculos da termodinâmica estatística des- de uma temperatura arbitrária de referência até qualquer outra temperatura T, e definir a função hT = Cp0 dT T0 T ∫ Essa função pode, então, ser listada em uma tabela com uma única entrada (temperatura). As- sim, entre dois estados quaisquer 1 e 2, h2 − h1 = Cp0 dT T0 T2∫ − Cp0 dT = hT2 − hT1T0 T1∫ (3.45) Observe que a temperatura de referência se cancela. Essa função hT (e uma função similar uT = hT – RT) é apresentada, para o caso do ar, na Tabela A.7 e F.5. Essas funções são apresentadas para outros gases na Tabela A.8 e F.6 Resumindo a discussão das três possibilida- des, observa-se que as tabelas de gases ideais, Ta- belas A.7 e A.8, são as mais precisas, enquanto as equações da Tabela A.6 fornecem boas aproxima- ções empíricas. Admitir calor específico constante seria menos preciso, exceto para os gases monoa- tômicos e para outros gases a temperaturas infe- riores à do ambiente. É importante lembrar que todas essas hipóteses emergem do modelo de gás ideal, que em muito outros problemas não é válido para modelar o comportamento das substâncias. 0 2 3 4 5 6 8 7 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 Cp0 R T [K] Ar, He, Ne, Kr, Xe Air H2 O2 H2O CO2 C2H4 Figura 3.26 Calor específico em função da temperatura para diversos gases. termodinamica 03.indd 117 15/10/14 14:47 118 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.13 Calcule a variação de entalpia para 1 kg de oxi- gênio quando este é aquecido de 300 K a 1 500 K. Admita que o oxigênio se comporte como um gás ideal. Solução: Para um gás ideal, a variação de entalpia é dada pela Equação 3.39. Entretanto, precisamos ad- mitir uma hipótese relativa à dependência do calor específico com a temperatura. Vamos re- solver esse problema de diversas maneiras e comparar os resultados. A nossa resposta mais precisa para a variação de entalpia de gás ideal para o oxigênio entre 300 K e 1 500 K será obtida com as tabelas de gases ideais, Tabela A.8. O resultado, utilizan- do a Equação 3.45, é h2 – h1 = 1 540,2 – 273,2 = 1 267,0 kJ/kg A equação empírica da Tabela A.6 também fornecerá uma boa aproximação para a varia- ção de entalpia. Integrando a Equação 3.39, temos h2 − h1 = Cp0 dT T0 T2∫ − Cp0(θ)×1 000 dθ θ1 θ2∫ = 1 000 0,88θ − 0,0001 2 θ 2 + 0,54 3 θ 3 − 0,33 4 θ 4⎡ ⎣⎢ ⎤ ⎦⎥θ1=0,3 θ2=1,5 = 1 241,5 kJ/kg que é 2,0% menor que o resultado anterior. Se admitirmos calor específico constante, de- vemos decidir qual o valor a ser utilizado. Se utilizarmos o valor referente a 300 K da Tabela A.5, obtemos da Equação 3.44, que h2 – h1 = Cp0(T2 – T1) = 0,922 × 1200 = 1 106,4 kJ/kg que é 12,7% menor que o primeiro resultado. Por outro lado, se admitirmos que o calor espe- cífico seja constante, mas com o seu valor re- ferente a 900 K, a temperatura média do inter- valo e substituindo na equação correspondente da Tabela A.6, teremos Cp0 = 0,88 – 0,0001(0,9) + 0,54(0,9)2 – – 0,33(0,9)3= 1,0767 kJ/kg K Substituindo esse valor na Equação 3.44, obte- mos o resultado h2 – h1 = 1,0767 × 1 200 = 1 292,1 kJ/kg que é cerca de 2% maior que o primeiro resul- tado, mais próximo daquele obtido usando o calor específico referente à temperatura am- biente. Deve se atentar que parte do modelo de gás ideal com calor específico constante en- volve a escolha adequada do valor a ser usado para a temperatura. QUESTÕES CONCEITUAIS l. Para determinar v ou u para líquidos ou sóli- dos, é mais importante que se conheça P ou T? m. Para determinar v ou u para um gás ideal, é mais importante que se conheça P ou T? n. Aquecemos 1 kg de uma substância a pressão constante (200 kPa) de um grau. Quanto calor é necessário se a substância é água a 10 °C, aço a 25 °C, ar a 325 K ou gelo a –10 °C? termodinamica 03.indd 118 15/10/14 14:47 119A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.14 Um cilindro provido de pistão apresenta volume inicial de 0,1 m3 e contém nitrogênio a 150 kPa e 25 °C. Comprime-se o nitrogênio, movendo o pistão, até que a pressão e a temperatura se tornem iguais a 1 MPa e 150 °C. Durante esse processo, o calor é transferido do nitrogênio e o trabalhorealizado sobre o nitrogênio é 20 kJ. Determine o calor transferido no processo. Sistema : Nitrogênio. Processo: Trabalho que entra conhecido. Estado inicial: P1, T1, V1; o estado 1 está determinado. Estado final: P2, T2; o estado 2 está determinado. Modelo: Gás ideal com calor específico cons- tante, referido a 300 K na Tabela A.5. Análise: Da equação da energia, temos 1Q2 = m(u2 – u1) + 1W2 Solução: A massa de nitrogênio é obtida a partir da equação de estado, com o valor de R dado pela Tabela A.5. m = PV RT = 150 kPa × 0,1 m3 0,2968 kJ kg K × 298,15 K = = 0,1695 kg Admitindo calor específico constante dado na Tabela A.5, temos 1Q2 = mCv0 T2 −T1( ) + 1W2 = 0,1695 kg × 0,745 kJ kg K ×(150 − 25) K − 20 kJ = 15,8 − 20 = −4,2 kJ É claro que obteríamos um resultado mais pre- ciso se tivéssemos utilizado a Tabela A.8. e não admitido calor específico constante (à tempe- ratura ambiente), porém, frequentemente o pequeno aumento da precisão não se justifica diante das dificuldades adicionais de interpola- ção dos valores nas tabelas. termodinamica 03.indd 119 15/10/14 14:47 120 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.15 O fogão a lenha, feito de ferro fundido, esbo- çado na Figura 3.27, apresenta massa igual a 25 kg, e contém 5 kg de lenha de pinho e 1 kg de ar. A temperatura do conjunto é de 20 oC e a pressão é de 101 kPa. O fogão é aceso e a madeira passa a queimar e transferir 1500 W aquecendo o conjunto uniformemente. Des- preze os vazamentos de ar e as mudanças na massa da madeira e as perdas de calor para o ambiente. Determine a taxa de variação de temperatura do conjunto (dT/dt) e estime o tempo necessário para que a temperatura do conjunto atinja 75 oC. FIGURA 3.27 Esboço para o Exemplo 3.15. Solução: Sistema: O fogão, a lenha e o ar. Equação de energia em termos de taxa: !E = !Q − !W Não temos variações de energia cinética e potencial e de massa, assim U = maruar + mmadeiraumadeira + mferrouferro !E = !U = mar !uar + mmadeira !umadeira + mferro !uferro = marCV ar + mmadeiraCmadeira + mferroCferro( ) dT dt A equação da energia tem trabalho nulo e o calor liberado é Q · . Aplicando-se a primeira lei temos = marCV ar + mmadeiraCmadeira + mferroCferro( ) dT dt = !Q − 0 dT dt = !Q marCV ar + mmadeiraCmadeira + mferroCferro( ) = 1500 1× 0,717 + 5 ×1,38 + 25 × 0,42 W kg (kJ/kg) = 0,0828 K/s Admitindo a taxa de aumento da temperatura como constante, podemos calcular o tempo decorrido, assim DT = dT dt dt = dT dt Dt∫ ⇒ Dt = Dt dT dt = 75 − 20 0,0828 = 664 s = 11 min termodinamica 03.indd 120 15/10/14 14:47 121A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.12 SISTEMAS GERAIS QUE ENVOLVEM TRABALHO Na seção precedente, discutimos sobre o trabalho, olhamos o que foi produzido por uma força pon- tual ou por uma pressão decorrente de uma força distribuída em uma área. Há outros tipos de força e de deslocamentos que diferem dessa abordagem pela natureza da força e de seu deslocamento. Mencionaremos algumas situações mais típicas que frequentemente aparecem e escreveremos a equação do trabalho 1W2 = Fgeral dxgeral 1 2 ∫ (3.46) Nessa equação, temos força e deslocamento genéricos. Para cada elemento, temos de saber sua expressão e, também, como a força varia no processo. Na Tabela 3.2, são listados exemplos simples, e para cada caso a expressão resultante para o trabalho pode ser alcançada desde que a função Fgeral(xgeral) seja conhecida. Para muitos desses casos, o sinal é positivo quando o trabalho sai do sistema, com essa defini- ção de sinal teremos a forma geral δW = P dV – dL – dA – dZ + … (3.47) em que outros termos podem ser acrescentados. A taxa de variação do trabalho utilizando essa for- matação representa potência, assim !W = dW dt = P !V −7 V −6 !A −% !Z +" (3.48) Tabela 3.2 Diversas combinações que produzem trabalho Caso Força Unidade Deslocamento Unidade Força única F N dx m Pressão P Pa dV m3 Mola = ks(x – x0) N dx m Arame tensionado F N dx = x0 de m Tensão superficial = AEe N/m dA m3 Elétrico volt dZ* Coulon * Observe que a derivada no tempo dZ/dt = i, é corrente (em amperes). Também devemos observar que podemos identificar muitas outras formas de trabalho em processos que não são quase estáticos. Por exem- plo, há trabalho realizado pelas forças de cisalha- mento em um escoamento de fluido viscoso ou o trabalho realizado por um eixo rotativo que atra- vessa a fronteira do sistema. A identificação do trabalho é um aspecto im- portante em muitos problemas termodinâmicos. Já mencionamos que o trabalho pode ser identificado somente nas fronteiras do sistema. Por exemplo, considere a situação indicada na Figura 3.28, que mostra um gás separado do espaço evacuado por uma membrana. Deixe a membrana se romper e o gás encher todo o volume. Desprezando qual- quer trabalho associado com a ruptura da mem- brana, podemos indagar se há trabalho envolvido no processo. Se tomarmos como sistema o gás e o espaço evacuado, concluímos prontamente que não há trabalho envolvido, pois nenhum trabalho pode ser identificado na fronteira do sistema. Se tomarmos o gás como sistema, temos uma varia- ção de volume e podemos ser tentados a calcular o trabalho pela integral P dV 1 2 ∫ Entretanto, esse não é um processo quase es- tático e, portanto, o trabalho não pode ser calcu- lado com essa relação. Como não há resistência na fronteira do sistema quando o volume aumenta, concluímos que, para esse sistema, não há traba- lho envolvido no processo de enchimento do espa- ço inicialmente em vácuo. termodinamica 03.indd 121 15/10/14 14:47 122 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.16 Durante a carga de uma bateria, a corrente i é 20 A e a voltagem é 12,8 V. A taxa de transferência de calor pela bateria é 10 W. A que taxa aumenta a energia interna? Solução: Como as mudanças na energia cinética e po- tencial são insignificantes, a primeira lei da termodinâmica pode ser escrita em equação de taxa como na Equação 3.31 dU dt = !Q − !W !W =%i = −12,8 × 20 = −256 W = −256 J/s Assim, dU dt = !Q − !W = −10 −(−256) = 246 J/s 3.13 CONSERVAÇÃO DE MASSA Na seção anterior, consideramos a primeira lei da termodinâmica para um sistema que sofre uma mudança de estado. Um sistema é definido como uma quantidade de massa fixa. Surge agora uma pergunta: A massa do sistema poderá variar quan- do houver a variação de energia do sistema? Se isso acontecer, a nossa definição de sistema não será mais válida quando a energia do sistema variar. Da teoria da relatividade, sabemos que a mas- sa e a energia estão relacionadas pela equação E = mc2 (3.49) onde c = velocidade da luz e E = energia. Concluí- mos, a partir dessa equação, que a massa de um sistema varia quando a sua energia varia. Calcule- mos, então, a magnitude dessa variação de massa para um problema típico e determinemos se essa variação é significativa. Consideremos 1 kg de uma mistura estequio- métrica de ar com um hidrocarboneto combustível (gasolina, por exemplo) contido em um recipien- te rígido como sistema. Do nosso conhecimento do processo de combustão, sabemos que, após a realização desse processo, será necessário trans- ferir cerca de 2 900 kJ do sistema para que seja restabelecida a temperatura inicial. Da equação da energia 1Q2 = U2 – U1 + 1W2 com 1W2 = 0 e 1Q2 = –2 900 kJ, concluímos que a energia interna do sistema decresce de 2900 kJ durante o processo de transferência de calor. Cal- culemos, então, a diminuição de massa durante esse processo com a Equação 3.49. A velocidade da luz, c, é 2,9979 × 108 m/s. Portanto, 2 900 kJ = 2 900 000 J = m(kg) × × (2,9979 × 108 m/s)2 e então: m = 3,23 × 10–11 kg Assim, quando a energia do sistema diminui de 2 990 kJ, a redução de massa é igual a 3,23 × 10−11 kg. Uma variação da massa com essa ordem de magnitude não pode ser detectada nem com a mais precisa balança. E, certamente, umavaria- ção relativa de massa, com essa ordem de mag- nitude, está além da precisão necessária para a GásGás Vácuo Fronteira do sistema (a) (b) Figura 3.28 Exemplo de um processo que apresenta variação de volume e trabalho nulo. termodinamica 03.indd 122 15/10/14 14:47 123A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia maioria dos cálculos de engenharia. Portanto, não introduziremos erros significativos na maioria dos problemas termodinâmicos se considerarmos a lei de conservação da massa e a lei de conservação da energia como independentes, e a definição de sistema, como um sistema de massa constante, poderá ser utilizada mesmo que haja variação de energia do sistema. Todas as análises e exemplos anteriores admi- nistram uma única massa em um estado uniforme. Isso não é o que sempre ocorre, então vejamos uma situação em que temos um reservatório dividido em dois compartimentos conectados por uma vál- vula, como mostrado na Figura 3.29. Admitamos que as duas massas têm estados iniciais diferentes e que, depois de aberta a válvula, as massas se mis- turam e atingem um único estado final uniforme. Para uma sistema que é a combinação de A e B, temos a conservação de massa escrita na equa- ção da continuidade Conservação de massa: m2 = m1 = m1A + m1B (3.50) Equação da Energia: m2e2 – (m1Ae1A + m1Be1B) = 1Q2 – 1W2 (3.51) A forma geral da equação da conservação da massa é chamada equação da continuidade, um nome usual na mecânica dos fluidos, que será abordado nos capítulos seguintes. Como o sistema não muda em elevação e ob- servamos o estado 2 sem que nenhum desloca- mento tenha ocorrido, a energia cinética é zero em todos os estados e não há alteração da energia potencial, assim o lado esquerdo da equação da energia fica m2e2 – (m1A e1A + m1B e1B) = m2(u2 + 0 + gZ1) – m1A(u1A + 0 + gZ1) – – m1B(u1B + 0 + gZ1) = m2u2 – m1A u1A – m1B u1B + + [m2 – (m1A + m1B)]gZ1 = m2u2 – m1A u1A – m1B u1B EXEMPLO 3.17 Considere 1 kg de água sobre uma mesa nas condições ambientes 20 °C, 100 kPa. Quere- mos examinar a alteração na energia para cada um dos três processos: aceleração do repouso até 10 m/s, elevação de 10 m e aquecimento de 10 °C. Para esse sistema, a alteração na energia será: DCE = 1 2 m V2 2 − V1 2( ) = 1 2 ×1 kg × × (102 − 0) m2 /s2 = 50 kgm2 /s2 = 50 J DEP = mg Z2 − Z1( ) = 1 kg × 9,81 m/s2 × × (10 − 0) m = 98,1 J DU = m u2 − u1( ) = mCv T2 −T1( ) = = 1 kg × 4,18 kJ kg-K ×10 K = 41,8 kJ Observe quão pequenas são as mudanças na energia cinética e potencial, comparadas com a alteração da energia interna em razão da elevação da temperatura. Para que a energia cinética e a potencial sejam significantes, diga- mos 10% de ΔU, a velocidade deverá ser muito maior, cerca de 100 m/s, e a diferença de altu- ra também muito maior, algo em torno de 500 m. Como na maioria das aplicações da enge- nharia essas diferenças são muito incomuns, podemos frequentemente desprezar a ener- gia cinética e potencial em nossos cálculos. B A Figura 3.29 Dois tanques conectados com diferentes estados iniciais. termodinamica 03.indd 123 15/10/14 14:47 124 Fundamentos da Termodinâmica Observe como a parcela da energia potencial se torna zero pela conservação da massa, o mem- bro esquerdo simplifica-se, apresentando somente a energia interna. Se pegarmos a equação da ener- gia e dividirmos pela massa total, obtemos: u2 – (m1Au1A + m1Bu1B)/m2 = (1Q2 – 1W2)/m2 ou u2 = m1A m2 u1A + m1B m2 u1B + 1Q2 − 1W2( ) /m2 (3.52) Para um recipiente isolado (1Q2 = 0) e rígido (V = C, então 1W2 = 0) o último termo desaparece e a energia interna específica final será a média pon- derada das massas com suas respectivas energias internas na condição inicial. A parcela ponderada das massas é um adimensional que corresponde ao percentual de contribuição de cada parte na massa total, consequentemente somam 1, como é visto, dividindo-se a equação da continuidade pela massa total. Para a condicionante do processo, V = C, se- gunda propriedade que determina o estado final é o volume específico como v2 = V2/m2 2 = m1A m2 v1A + m1B m2 v1B (3.53) que também é uma média ponderada dos valores iniciais, agora para os volumes específicos. 3.14 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Armazenamento e Conversão de Energia A energia pode ser armazenada em diferentes for- mas por várias implantações físicas, que têm dife- rentes características com respeito a eficiência de armazenagem, a taxa de transferência de energia e tamanho (Figuras 3.30 a 3.33). Esses sistemas podem também incluir uma possível conversão de energia que consiste na mudança de uma forma de energia para outra. A armazenagem é usualmente temporária, durando por períodos de frações de segundos até dias ou anos, e pode ser para peque- nas ou grandes quantidades de energia. O armaze- namento é também um deslocamento do momen- to da transferência de energia da situação em que não há demanda e, então, a energia tem pouco va- lor, para a ocasião de maior demanda sendo, por- tanto, mais cara. É também muito importante con- siderar a máxima taxa de transferência de energia no processo de carregamento ou descarregamen- to, uma vez que o tamanho e as possíveis perdas são sensíveis ao valor da taxa. Da Figura 3.30 nota-se que é difícil se ter ele- vadas potências e capacidades de armazenagem no mesmo dispositivo. É também difícil armazenar de forma mais concentrada do que na gasolina. Sistemas Mecânicos Um volante de inércia armazena energia e quanti- dade de movimento em sua rotação Iω2/2. É utili- zado para suavizar as flutuações que ocorrem em motores de combustão interna com um único (ou poucos) cilindros que, de outra forma, apresen- tariam uma velocidade rotacional não uniforme. O armazenamento é por curtos períodos. Um volan- te de inércia moderno é utiliza- do para amortecer flutuações em sistemas de produção intermiten- te de energia, como nas turbinas eólicas. Ele pode armazenar mais energia que o volante mostrado na Figura 3.31. Um conjunto de volantes de inércia pode fornecer quantidade substancial de potên- cia por 5 a 10 minutos. Gasolina Hidrogênio Volante de inércia Baterias Meta do Departamento de Energia dos EUA para ultracapacitores Expectativa para capacitores de carbono Expectativa para capacitores de óxidos metálicos 10 000 1000 100 10 1 100 1000 10 000 100 000 1 000 000 0,1 Energia específica (Wh/kg) Potência específica (W/kg) Figura 3.30 Energia específica versus potência específica. termodinamica 03.indd 124 15/10/14 14:47 125A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Uma fração da energia cinética do ar pode ser capturada e convertida em energia elétrica pelas turbinas eólicas, ou a potência pode ser usada diretamente motorizan- do bombas hidráulicas ou outros equipamentos. Quando um excedente de po- tência está disponível, pode ser usa- do para bombear água para o reser- vatório elevado (veja Figura 3.32) e mais tarde pode ser liberada para acionar turbinas hidráulicas, forne- cendo, em qualquer momento, um suplemento de potência para a rede energética. O ar pode ser comprimido em grandes tanques e volumes (como em uma mina de sal abandonada) usando a potência disponível no pe- ríodo de baixa demanda. O ar pode ser usado mais tarde para produzir energia quando houver um pico de demanda. Um arranjo do motor híbrido para carros envol- ve o acoplamento de um motor/bomba hidráulico ao eixo. Quando o freio é acionado, o eixo bombeia fluido hidráulico para um tanque de alta pressão que tem o nitrogênio como amortecedor. Quando a aceleração é solicitada, o fluido a alta pressão re- torna acionando o motor hidráulico e adicionando potência ao eixo no processo de aceleração. Sistemas Térmicos A água pode ser aquecida pela incidência solar, ou por alguma outra fonte, para prover calor em um momento em que a fonte não estiver mais dispo- nível. Analogamente, a água pode ser resfriada ou congeladaà noite para ser utilizada no dia seguin- te para fins de condicionamento de ar. Uma bolsa térmica pode ser colocada no congelador para ser usada no dia seguinte em uma lancheira mantendo o conteúdo frio. Essa bolsa contém um gel com alta capacidade térmica ou uma substância que passe por uma mudança de fase. Sistemas Elétricos Algumas baterias só podem descarregar uma única vez, porém outras podem ser reutilizadas e passam por vários ciclos de carga e descarga. Um processo Passagem de líquido refrigerante Estator Volante de fibra de carbono Bomba de vácuo molecular Mancal magnético superior Carcaça interna Rotor síncrono de relutância Mancal magnético inferior Carcaça Figura 3.31 Volante de inércia moderno. Figura 3.32 O maior hidrorreservatório artificial do mundo situado em Ludington, Michigan, bombeia água a 100 m acima do Lago Michigan quando há excedente de energia. Ele pode fornecer 1 800 MW quando necessário, por meio de um sis- tema reversível bomba/turbina. termodinamica 03.indd 125 15/10/14 14:47 126 Fundamentos da Termodinâmica químico libera elétrons em um ou dois polos que são separados por um eletrólito. O tipo de polo e o eletrólito dão o nome para a bateria, tal como ba- teria de carbono-zinco (típica pilha AA) ou bateria chumbo-ácido (típica bateria de uso veicular). No- vos tipos de baterias como Ni-hidreto ou de lítio são mais caras, porém têm maior capacidade de armazenamento de energia e podem prover po- tência em picos de demanda (Figura 3.33). Sistemas Químicos Várias reações químicas podem ser utilizadas para operar sob condições tais que energia possa ser armazenada em um momento e recuperada em momento posterior. Pequenos pacotes contendo produtos químicos diferentes podem ser rompidos e, ao se misturarem, reagem e liberam energia na forma de calor; em outros casos, podem ser barras luminescentes que geram luz. Uma célula de com- bustível é também um dispositivo que converte um escoamento de hidrogênio e oxigênio em um escoamento de água mais calor e eletricidade. Cé- lulas de combustível de alta temperatura podem usar gás natural ou metanol como combustível; nesse caso, dióxido de carbono também é emitido. A mais recente tecnologia para uma usina termo-solar consiste de um grande número de espelhos motorizados que acompanham o sol, concentrando a luz solar no topo de uma torre. A luz aquece um fluxo de sal derretido que corre para tanques de armazenamento e para a plan- ta geradora. Quando o sol se põe, os tanques de armazenamento suprem a energia para manter a instalação gerando por um período mais longo. As primeiras iniciativas no setor usavam a água e outras substâncias para reter a energia, mas o elevado calor específico do sal veio permitir um proveitoso sistema pulmão para a energia. Quando o trabalho precisa ser transferido de um corpo para outro, precisamos de um elemento móvel que pode ser uma combinação de cilindro- -pistão. Exemplos são mostrados na Figura 3.34. Se a substância motora é um gás, o sistema é pneumá- tico, se a substância é líquida, o sistema é hidráuli- co. O gás ou o vapor são tipicamente usados quan- do o movimento deve ser rápido, ou o volume varia muito, e uma pressão de operação moderada. Para acionamentos a grande pressão (grande força) um cilindro hidráulico é usado (exemplo incluem tra- tores, empilhadeiras, carregadeiras e escavadeiras. Veja o Exemplo 1.7). Dois desses robustos equipa- mentos são mostrados na Figura 3.35. Consideramos também, nesse conjunto, as substâncias que trabalham no cilindro-pistão por meio de um processo de combustão, como nos mo- tores a gasolina e diesel. O esquema de um motor acionado a pistão e uma foto de um V6 automotivo são mostrados na Figura 3.36. Esse assunto é ana- lisado em detalhe no Capítulo 10. ( c sciencephotos/Alamy Limited) Figura 3.33 Exemplos de diferentes tipos de baterias. (a) Cilindro hidráulico (b) Cilindro hidráulico ou pneumático Figura 3.34 Cilindros hidráulicos e pneumáticos. termodinamica 03.indd 126 15/10/14 14:47 127A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Muitas outras transferências de trabalho en- volvem eixos rotativos, como transmissões e eixo motor no carro ou correntes e engrenagens em uma bicicleta ou motocicleta. Para a transmissão de potência em longas distâncias, a eletricidade é a forma mais conveniente e eficiente. Linhas e tor- re de transmissão são mostradas na Figura 3.37. O calor é transferido entre regiões de dife- rentes temperaturas, como em prédios com tem- peraturas interna distinta da externa. As janelas com duplo painel de vidro, como na Figura 3.38, são usadas para reduzir a transferência de calor pela janela. Nas situações em que priorizamos a troca de calor, são usadas aletas para aumentarem a superfície de troca de calor. Na Figura 3.39 são apresentados exemplos. O último exemplo de um trocador aletado é a tubulação de calor ou termossifão usado para aumentar a capacidade de resfriamento de uma central processamento (central processing unit – CPU) em um computador (Figura 3.40). Temos um pequeno bloco de alumínio, com uma tubula- ção de cobre, acoplado no topo da CPU. Dentro da tubulação há um líquido que ferve a aproximada- mente 60 °C. O vapor sobe para a parte superior, nos quais os tubos de cobre são aletados, e um ventilador sopra através das aletas, resfriando e condensando o vapor. O líquido retorna, por gra- vidade ou transporte, ao topo da CPU. A tubula- ção permite a fervura com um elevado coeficiente de transferência de calor agindo em uma pequena área junto à CPU. Por outro lado, na região em que a transferência de calor ocorre de uma forma menos eficiente, ou seja, do vapor para o ar, está longe da região confinada e há espaço que com- porte uma grande área de troca de calor. Seme- lhantes tubulações de aquecimento são usadas em coletores solar e em pilares de sustentação do ole- oduto do Alaska, mantendo a tubulação aquecida enquanto o terreno se encontra congelado. Na prática, quando desenvolvemos os cálculos de transferência de calor, é conveniente adotar- mos a mesma abordagem para todos os modos de transferência de calor. (a) Empilhadeira (b) Pá carregadeira Figura 3.35 Equipamentos de carga pesada que usam cilindros hidráulicos. (a) Esquema do cilindro do motor (b) Motor automotivo V6 Figura 3.36 Esquema e foto de um motor automotivo. termodinamica 03.indd 127 15/10/14 14:47 128 Fundamentos da Termodinâmica !Q = Cq A DT = DT /R1 (3.54) A transferência de calor é proporcional à secção reta perpendicular a direção de Q · , e a compatibilização vai contida na constante Cq. Reescrevendo a equação é também útil usar a noção de resistência térmica, Rt = 1/CqA, assim evidenciando que, para uma alta resistência, te- remos uma pequena transferência de calor para um dado ΔT. Nessa abordagem, para a condução, temos Equação 3.23 com dT/dx ≈ ΔT/Δx, assim Cq = k/Δx, para a convecção, Equação 3.24 Cq= h. Concluindo, para a formulação da radiação, Equação 3.25, podemos também evidenciar a di- ferença de temperatura, mas, nesse caso teremos uma dependência não linear do fator Cq com a temperatura. Uma aplicação que envolve a transferência de calor e a da equação da energia em transien- tes será abordada e seguir, onde vamos querer sa- ber o quanto rápido uma dada massa igualar-se-á com a temperatura externa. Admita que tenhamos uma massa, m, com uma temperatura uniforme T0 e que a mergulhamos na água a T∞, e que o coefi - ciente de transferência de calor entre a massa e a água seja Cq com uma superfície A. A equação da energia para a massa se torna dEvc dt = dUvc dt = mCv dT dt = !Q = −Cq A T −T∞( ) ( c Sergey Peterman/iStockphoto) Figura 3.37 Linhas e torres de transmissão elétrica. Figura 3.38 Janela com duplo painel de vidro. (a) Cilindro de motocicleta (b) Interior de um aquecedor (c) Resfriador de óleo para equipamento pesado com resfriamento a ar (cB al on ci ci /iS to ck ph ot o) (c C .B or gn ak ke ) (M ar tin Le ig h/ G et ty Im ag es ,I nc .) Figura 3.39 Exemplos de aletas em trocadores de calor. ( c C. Borgnakke.) Figura 3.40 Termossifão com ventilador para refrigeração de CPU. termodinamica 03.indd 128 15/10/14 14:47 129A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia onde a energia cinética e potencial são despreza- das e não há trabalho envolvido. Também é con- siderado que a variação da energia interna pode ser expressa pelo calor específico, assim essa ex- pressão não se aplica a processos com mudança de fase. Essa é uma equação de primeira ordem em T, assim faremos um adequada transformação de variável θ = T – T∞ e obtemos mCv dθ dt = Q = −Cq Aθ ou θ −1dθ = − Cq A mCv dt Integrando a equação de t = 0 onde T = T0 (θ = θ0), obtemos ln θ θ0 ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ = − Cq A mCv dt ou θ = θ0 exp − t τ ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ Com a constante de tempo térmica τ = mCv mCq = mCvRt (3.55) Expressando a solução em termos de tem pe - ratura T −T∞ = T0 −T∞( )exp t τ ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ (3.56) mostra um decaimento exponencial no tempo da diferença de temperatura entre a massa e sua vizi- nhança com a constante de tempo τ (Figura 3.41). Se a massa é a que flexiona em um termopar, tere- mos uma resposta rápida com uma pequena cons- tante de tempo térmica (pequeno mCv, alto CqA) . Entretanto, se a massa é de uma casa (dado mCv), queremos a maior constante de tempo possível; dessa forma, reduzimos a participação de CqA com o isolamento térmico. RESUMO A conservação da energia é expressa como uma equação para alterações na energia total de um sistema, e, então, a primeira lei da termodinâmica é mostrada como a consequência lógica da equa- ção da energia. A equação da energia é expres- sa em termos de variação no tempo para cobrir os transientes e, então, integrada no tempo para encontrar as alterações finitas. É apresentado o conceito de trabalho, e seu relacionamento com a energia cinética e potencial é mostrado, pois são partes da energia total. O trabalho é uma função do caminho percorrido pelo processo assim como do estado inicial e final. O trabalho de desloca- mento é igual à área sob a curva do processo de- senhada no diagrama P-V em um processo quase estático. Uma quantidade de processos rotineiros podem ser expressos como um processo politró- pico tendo uma particular simples fórmula mate- mática para a relação P-V. O trabalho envolvendo a atuação de tensão superficial, força pontual, ou sistemas elétricos deve ser evidenciado e tratado separadamente. Qualquer processo de não equilí- brio (digamos, forças dinâmicas, que são impor- tantes em virtude da aceleração) deve ser iden- tificado para que somente forças em equilíbrio ou pressão sejam usadas para avaliar a parcela traba- lho. A transferência de calor é energia em trânsi- to em razão da diferença de temperatura, e foram discutidos os modos de condução, convecção e radiação. A energia interna e a entalpia foram apresen- tadas como propriedades das substâncias e os calores específicos foram definidos como as deri- vadas dessas propriedades em relação à tempera- tura. Variações de propriedades, em alguns casos, foram apresentadas para estados incompressíveis de uma substância, tais como sólidos e líquidos, e para substâncias altamente compressíveis, como um gás ideal. O calor específico dos sólidos e líqui- dos varia pouco com a temperatura, mas o calor 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Tempo, t θ0 θ τ t = 1 τ t = 3 τ t = 1/3 Figura 3.41 O decaimento exponencial no tempo do adimensional de temperatura θ/θo. termodinamica 03.indd 129 15/10/14 14:47 130 Fundamentos da Termodinâmica específico dos gases pode variar de modo signifi- cativo com a temperatura. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Reconhecer as parcelas da energia total arma- zenada no sistema. • Escrever a equação da energia para um parti- cular sistema uniforme. • Identificar forças e deslocamentos em um sistema. • Entender que potência é a variação do traba- lho (força × velocidade, torque × velocidade angular). • Saber que trabalho é uma função dos estados limites e do caminho percorrido no processo. • Saber que trabalho é a área sob a curva do pro- cesso em um diagrama P-V. • Calcular o trabalho sabendo a relação entre P-V ou F-x. • Avaliar o trabalho envolvido em um processo politrópico entre dois estados. • Diferenciar um processo quase estático de um não equilíbrio. • Reconhecer os três modos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. • Estar familiarizado com a Lei de Fourier da condução e seu uso em aplicações simples. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Energia total: E = U + EC + EP = mu + 1 2 mV 2 + mgZ Energia cinética: EC = 1 2 mV 2 Energia potencial: EP = mgZ Energia específica: e = u + 1 2 mV 2 + gZ Entalpia: h u + Pv Propriedades no estado saturado v – l Energia interna: u = ul + xulv = (1 – x)ul + xuv • Conhecer os modelos simples de transferência de calor por convecção e radiação. • Encontrar as propriedades u e h para um dado estado nas tabelas dos Apêndices B ou F. • Localizar um estado nas tabelas com entrada do tipo P, h. • Encontrar as variações de u e h para estados líquidos e sólidos usando as Tabelas A.3-4 ou F.2-3. • Encontrar as variações de u e h para estados do gás ideal usando as Tabelas A.5 ou F.4. • Encontrar as variações de u e h para estados do gás ideal usando as Tabelas A.7-8 ou F.5-6. • Reconhecer que as expressões para Cp na Ta- bela A.6 são aproximações para as curvas da Figura 3.26 e que uma listagem mais precisa é apresentada nas Tabelas A.7-8 e F.5-6. • Formular a conservação da massa e da energia para sistemas mais complexos, com diferentes massas em diferentes estados. • Reconhecer as diferenças que existem nas leis gerais, como a lei de conservação da massa (continuidade), conservação da energia (pri- meira lei), e uma lei específica que descreve o comportamento de um dispositivo ou de um processo. termodinamica 03.indd 130 15/10/14 14:47 131A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Entalpia: h = hl + xhlv = (1 – x)hl + xhv Calores específicos: Cv = ∂u ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ v ; Cp = ∂h ∂T ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ p Sólidos e líquidos Incompressível, assim v = constante vl (ou vi) e v pequeno C = Cv = Cp [Tabela A.3 e A.4 (F.2 e F.3)] u2 – u1 = C(T2 – T1) h2 – h1 = u2 – u1 + v(P2 – P1) (frequentemente o segundo termo é pequeno) h = he + vl(P – Psat); u ul (saturado à mesma temperatura) Gás ideal h = u + Pv = u + RT (somente funções da temperatura) Cv = du dT ; Cp = dh dT = Cv + R u2 − u1 = Cv dT ≅ Cv T2 −T1( )∫ h2 − h1 = Cp dT ≅ Cp T2 −T1( )∫ Lado esquerdo da Tabela A.7 ou A.8, parte central da Tabela A.6, e lado direito da Tabela A.6 com Tmédio, ou da Tabela A.5 a 25° Lado esquerdo da Tabela F.5 ou F.6, lado direito da Tabela F.4 a 77 F. Equação da energia variando no tempo: E · = Q · – W · (variação ocorrida = + entrada – saída) Equação da energia integrada: E2 – E1 = 1Q2 – 1W2 (mudança ocorrida = + entrada – saída) m e2 − e1( ) = m u2 − u1( ) = 1 2 m V2 2 − V1 2( ) + mg Z2 − Z1( ) Estados com múltiplas massas: E = mAeA + mBeB + mCeC + … Trabalho Energia em trânsito: mecânica, elétrica, e química Calor Energia em trânsito causada por ΔT Trabalho de deslocamento W = F dx 1 2 ∫ = P dV 1 2 ∫ = + dA 1 2 ∫ = T dθ 1 2 ∫ Trabalho específico w = W/m (trabalho por unidade de massa) Potência, variação do trabalho W · = FV = PV · = Tω (V · taxa de variação volumétrica) Velocidade V = rω, torque T = Fr, velocidade angular = ω Processo politrópico PVn = constante ou Pvn = constante Trabalho no processo politrópico 1W2 = 1 1− n P2V2 − P1P1( ) (se n ≠ 1) 1W2 = P1V1 ln V2 V1 (se n = 1) Transferência decalor por condução !Q = −kA dT dx " kA DT L com o tempo termodinamica 03.indd 131 15/10/14 14:47 132 Fundamentos da Termodinâmica Condutividade térmica k(W/m K) Transferência de calor por convecção Q · = hA ΔT Coeficiente convectivo h(W/m2 K) Transferência de calor por radiação Q · = εσ A (Ts 4 – T4 amb) (σ = 5,67 × 10–8 W/m2 K4) (valor líquido para o ambiente) Integração da variação do fluxo de calor com o tempo 1Q2 = !Q dt ≈ !QmédioDt∫ PROBLEMAS CONCEITUAIS 3.1 To vale 1 cal nas unidades do SI e qual é o nome dado a 1 N-m? 3.2 A potência de um carro é de 110 kW. Qual é a potência em hp? 3.3 Por que escrevemos ΔE ou E2 – E1, mas por outro lado usamos 1Q2 e 1W2? 3.4 Se um processo em uma sistema há aumen- to da energia E2 − E1 > 0, podemos dizer alguma coisa sobre o sinal de 1Q2 e 1W2? 3.5 Na Figura P3.5, o Volume de Controle (VC) A é a massa contida em um cilindro-pis- tão, e VC B é o sistema formado por A mais o pistão. Escreva a equação da energia e o termo de trabalho para os dois VCs, admi- tindo que não seja zero o valor de Q entre os estados 1 e 2. mA mp P0 g FIGURA P3.5 3.6 Um aquecedor de ambiente de 500 W tem um pequeno ventilador interno que sopra o ar sobre um fio elétrico quente. Para cada um dos volumes de controle: a) fio apenas; b) todo o ar da sala; e c) todo ar da sala mais o aquecedor; especifique os termos de ener- gia armazenada, trabalho e transferência de calor como +500 W, –500 W ou 0 W (despre- ze qualquer taxa de transferência de calor através das paredes ou janelas da sala). 3.7 Dois motores fornecem o mesmo trabalho para operar um guindaste. Um pode prover uma força de 3 F em um cabo e o outro 1 F. O que você pode afirmar sobre o movimento do ponto em que a força age nos dois motores? 3.8 Dois conjuntos cilindro-pistão hidráulicos estão conectados por meio de uma tubu- lação, de modo que as pressões nos con- juntos podem ser consideradas iguais. Se eles têm diâmetros D1 e D2 = 2 D1, respec- tivamente, o que você pode dizer sobre as forças F1 e F2? 3.9 Considere o arranjo físico da Figura P3.5. Nós agora aquecemos o cilindro. O que acontece com P, T e v (aumenta, diminui ou fica constante)? Qual o sinal das transferên- cias de Q e W (positivo, negativo ou nulo)? 3.10 A força de arrasto que atua em um objeto que se desloca em um fluido (como um veí- culo através do ar ou um submarino atra- vés da água) é dada por Fd = 0,225 A ρV2. Verifique o dimensional dessa equação se chegamos a N. 3.11 A Figura P3.11 mostra três situações físi- cas. Ilustre os possíveis processos em um diagrama P-v. (c) R-410a 0 mp (a) (b) R-410a P mp FIGURA P3.11 termodinamica 03.indd 132 15/10/14 14:47 133A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.12 Para o arranjo físico dos itens (a), (b) e (c) da Figura P3.11, escreva a equação do pro- cesso e a expressão para o trabalho. 3.13 Para a situação física da Figura P3.11b, qual é o trabalho, a, b, c ou d? a. 1w2 = P1(v2 – v1) b. 1w2 = v1(P2 – P1) c. 1w2 = 1/2 [(P1 + P2) (v2 – v1)]/2 d. 1w2 = 1/2 [(P1 – P2) (v2 + v1)]/2 3.14 A Figura P3.14 mostra três situações físi- cas. Mostre os possíveis processos em um diagrama P-v. (c)(a) (b) R-410a P0 mp FIGURA 3.14 3.15 O que você pode dizer sobre o estado ini- cial do R-410a na Figura P3.11c comparado com aquele da Figura P3.14c para um mes- mo conjunto cilindro-pistão? 3.16 Uma peça de aço tem condutividade térmica de k = 15 W/mK e um tijolo tem k = 1 W/mK. Qual deve ser a espessura de uma parede de aço para oferecer a mesma isolação tér- mica que 10 cm de espessura de tijolo? 3.17 Uma janela de vidro duplo (veja Figura 3.38) tem um gás entre os dois vidros. Por que isso é benéfico? 3.18 Um dia frio de outono com 10 °C uma casa, com a temperatura interna de 20 °C, per- de 6 kW por transferência de calor. Qual a transferência que ocorrerá em um dia quente de verão com a temperatura exter- na de 30 °C, considerando que todas as de- mais condições sejam mantidas. 3.19 Verifique que a tensão superficial com unidades de N/m também pode ser chama- da energia superficial com unidade J/m2. A interpretação em J/m2 é útil para aná- lise de gota e líquido em pequenos poros (capilaridade). 3.20 Certa quantidade de água líquida é aqueci- da de modo a se tornar vapor superaque- cido. Deve-se usar u ou h na equação da energia? Explique. 3.21 Certa quantidade de água líquida é aqueci- da de modo a se tornar vapor superaque- cido. Pode-se usar o calor específico para determinar o calor transferido? Explique. 3.22 Procure o valor de ul para o R-410a a –50 °C. A energia pode ser negativa? Explique. 3.23 Um tanque rígido, com ar pressurizado, é usado para (a) aumentar o volume de um cilindro-pistão sujeito à ação de uma mola linear; e (b) encher um balão. Admita, em ambos os casos, P = A + BV, com o mesmo A e o mesmo B. Qual é a expressão para o trabalho em cada situação? 3.24 Um gás ideal contido em um cilindro-pistão é aquecido com 2 kJ durante um processo isotérmico. Qual é o trabalho envolvido? 3.25 Um gás ideal contido em um cilindro-pistão é aquecido com 2 kJ durante um processo isobárico. O trabalho é positivo, negativo ou nulo? 3.26 Um gás é aquecido até 10 K a P = C. Qual gás da Tabela A.5 requer mais energia? Por quê? 3.27 Você mistura, em uma vasilha, água a 20 °C com água a 50 °C. O que você precisa saber para determinar a temperatura final? PROBLEMAS PARA ESTUDO Energia Cinética e Potencial 3.28 Um conjunto cilindro-pistão aciona verti- calmente para baixo, a partir do repouso, o martelo de massa de 25 kg de uma má- quina de estampagem, até a velocidade de 50 m/s. Sabendo que o curso do martelo é igual a 1 m, determine a variação de ener- gia total do martelo. 3.29 Um automóvel com massa de 1 200 kg ace- lera de km/h a 50 km/h em 5 s. Qual é o termodinamica 03.indd 133 15/10/14 14:47 134 Fundamentos da Termodinâmica trabalho necessário? Se a aceleração conti- nuar de 50 km/h a 70 km/h em 5 s, o traba- lho será o mesmo? 3.30 A resistência de rolagem dos pneus de um automóvel é dada por F = 0,006 mcarro g. Determine a distância que um veículo de massa 1200 kg percorrerá em uma pista plana se, ao atingir 90 km/h, o colocarmos em ponto morto, sem resistência do ar. 3.31 Um pistão de massa 2 kg é baixado 0,5 m no campo gravitacional padrão. Determine a força necessária para tal movimento e o trabalho envolvido no processo. 3.32 Um automóvel com massa de 1 200 kg ace- lera de zero a 100 km/h em uma distância de 400 m. A diferença de elevação entre o ponto final do percurso e o inicial é igual a 10 m. Qual é o aumento da energia cinética e da energia potencial do automóvel? 3.33 O elevador hidráulico de uma oficina me- cânica sobe um automóvel de massa igual a 1 750 kg a uma altura de 1,8 m. A pressão na seção de descarga da bomba hidráulica que aciona o elevador é constante e igual a 800 kPa. Determine o aumento de energia potencial do automóvel e o volume de óleo que foi bombeado para o conjunto cilindro- -pistão desse elevador. 3.34 Um porta-aviões utiliza uma catapulta mo- vida a vapor d’água para ajudar na decola- gem de aviões. A catapulta pode ser mode- lada como um conjunto cilindro-pistão que apresenta pressão média de operação igual a 1 250 kPa. Um avião, com massa de 17 500 kg, deve ser acelerado do repouso até 30 m/s. Determine o volume interno do conjunto cilindro-pistão necessário, sabendo que a catapulta participa com 30% da energia necessária para a decolagem. 3.35 Resolva o Problema 3.34, considerando que a pressão do vapor no conjunto cilindro- -pistão varia linearmente com o volume de 1 000 kPa até 100 kPa ao final do processo. 3.36 Uma bola de aço de 5 kg rola em um pla- no horizontal a 10 m/s. Se a bola começa a subir um plano inclinado, que altura será atingida quando a bola parar? Admita ace- leração gravitacional padrão. Trabalho do Deslocamentode Força 3.37 Um cilindro hidráulico de seção transver- sal de 0,01 m2 deve empurrar um braço de 1 000 kg elevando-o 0,5 m. Qual é a pressão necessária e quanto de trabalho é realizado? 3.38 Um conjunto cilindro-pistão tem área da seção transversal igual a 10 cm2 e pressão do fluido de 2 MPa. Se o pistão se desloca 0,25 m, qual o trabalho realizado? 3.39 Dois conjuntos cilindro-pistão estão co- nectados por meio de uma tubulação. O cilindro mestre apresenta área da seção transversal igual a 5 cm2 e opera em uma pressão de 1 000 kPa. O cilindro acionado apresenta área da seção transversal igual a 3 cm2. Se realizarmos um trabalho de 25 J sobre o cilindro mestre, qual será a força e o deslocamento em cada pistão e o traba- lho produzido no pistão acionado? 3.40 A força de arrasto aerodinâmico em um au- tomóvel é dada por 0,225 A ρV2. Admita que o ar se encontre a 290 K e 100 kPa e que a área frontal do automóvel seja 4 m2, e a ve- locidade do automóvel seja 90 km/h. Quan- ta energia é utilizada para vencer a resis- tência aerodinâmica em uma viagem de 30 minutos. 3.41 Uma máquina de terraplanagem arrasta 800 kg de cascalho por 100 m com uma for- ça de 1 500 N. Em seguida, levanta o cas- calho a 3 m de altura e o joga em um cami- nhão. Qual o trabalho associado a cada uma dessas operações? 3.42 Dois conjuntos cilindro-pistão hidráulicos mantêm a pressão de 1 200 kPa. As áreas das seções transversais dos cilindros são iguais a 0,01 m2 e 0,03 m2. Para o pistão receber o trabalho de 1 kJ, qual deve ser o deslocamento H e a variação do volu- me V em cada pistão? Despreze a pressão atmosférica. 3.43 Uma mola linear, F = km (x – x0), com cons- tante da mola km = 500 N/m, é distendida até a deformação de 100 mm. Determine a força necessária e o trabalho envolvido no processo. termodinamica 03.indd 134 15/10/14 14:47 135A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.44 Um pistão de 2 kg acelera do repouso até 20 m/s. Qual é a pressão constante de gás necessária se a área do pistão é de 10 cm2, o deslocamento do pistão é de 10 cm e a pressão externa é 100 kPa? Trabalho do Movimento de Fronteira 3.45 Um pistão de 25 kg está sobre um gás em um cilindro vertical longo. O pistão é libe- rado do repouso e acelerado para cima até atingir o final do cilindro, a 5 m de altura, com velocidade de 25 m/s. A pressão cai durante o processo, tendo uma média de 600 kPa, com a pressão atmosférica exter- na de 100 kPa. Despreze as variações da energia cinética e potencial do gás e deter- mine a variação de volume necessária. 3.46 O R-410a do Problema 3.14c está a 1 000 kPa, 50 °C e sua massa é de 0,1 kg. Ele é res- friado de modo que seu volume é reduzi- do à metade do inicial. A massa do pistão e a aceleração gravitacional são tais que a pressão de 400 kPa equilibra o pistão. De- termine o trabalho no processo. 3.47 Um tanque de 400 L, A (veja Figura P3.47), contém gás argônio a 250 kPa e 30 °C. O ci- lindro B, com um pistão que se movimenta sem atrito e massa tal que flutua com uma pressão interna de 150 kPa, está inicialmen- te vazio. A válvula que liga os dois recipien- tes é, então, aberta e o argônio escoa para B e atinge um estado uniforme a 150 kPa e 30 °C. Qual o trabalho realizado pelo ar- gônio durante esse processo? B P0 Argônio A g FIGURA P3.47 3.48 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P3.48 contém 2 kg de água a 20 oC e 300 kPa. A mola é linear, de modo que quando a água é aquecida, a pressão atin- ge 3 MPa e o volume interno do conjunto 0,1 m3. a. Determine a temperatura da água no es- tado final do processo. b. Esboce o diagrama P-v. c. Calcule o trabalho no processo. H2O P0 FIGURA P3.48 3.49 Em um conjunto cilindro-pistão com uma mola, similar ao conjunto do Problema 3.48, a pressão do ar contido varia linear- mente com o volume, P = A + BV. Para o estado inicial P = 150 kPa, V = 1 L e estado final P = 800 kPa e V = 1,5 L, determine o trabalho feito pelo ar. 3.50 Calor é transferido para um bloco de 1,5 kg de gelo a –10 °C que derrete em uma cozi- nha a temperatura é de 10 °C. Quanto de trabalho a água libera? 3.51 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém 5 kg de vapor superaquecido do re- frigerante R-134a a 1 000 kPa e 140 °C. O sistema é resfriado a pressão constante até que o refrigerante apresente título igual a 25%. Calcule o trabalho realizado durante esse processo. 3.52 Um conjunto cilindro-pistão apresenta ini- cialmente volume interno igual a 0,1 m3 e contém 2 kg de água a 20 oC. Por engano, alguém trava o pistão impedindo seu mo- vimento, enquanto aquecemos a água até o estado de vapor saturado. Determine a temperatura e o volume finais e o trabalho realizado. 3.53 O nitrogênio passa por um processo poli- trópico com n = 1,3 em um conjunto cilin- dro-pistão. O processo se inicia a 600 K e 600 kPa e termina a 800 K. O trabalho no processo é positivo, negativo ou zero? 3.54 O gás hélio se expande do estado inicial a 125 kPa, 350 K e 0,25 m3, para 100 kPa, em termodinamica 03.indd 135 15/10/14 14:47 136 Fundamentos da Termodinâmica um processo politrópico, com n = 1,667. Quanto de trabalho é produzido? 3.55 O ar a 125 kPa e 325 K passa por um pro- cesso politrópico e atinge 300 kPa e 500 K. Encontre o expoente politrópico n e o tra- balho específico nesse processo. 3.56 Um balão comportasse de tal forma que a pressão é dada por P = C2V 1/3, em que C2 = 100 kPa/m. O balão é enchido com ar de um volume inicial de 1 m3 até o volume final de 4 m3. Determine a massa de ar contida no balão no estado final e o trabalho realizado pelo ar no processo, assumindo a tempera- tura de 25 °C. 3.57 Considere um conjunto cilindro-pistão contendo inicialmente R-134a como vapor saturado a –10 °C. Ele é comprimido até 500 kPa em um processo politrópico com n = 1,5. Encontre o volume e a tempera- tura finais e o trabalho realizado durante o processo. Transferência de Calor 3.58 A lona e a panela do freio de um automó- vel absorvem continuamente 75 W duran- te a frenagem. Admita que a área total da superfície externa seja de 0,1 m2 e que o coeficiente de transferência de calor por convecção seja 10 W/m2 K. Sabendo que a temperatura do ar externo é 20 °C, qual a temperaturas externas da lona e panela nas condições de regime permanente. 3.59 Um aquecedor de água apresenta área su- perficial igual a 3 m2 e está coberto com uma camada de isolante térmico. A tempe- ratura interna e externa da camada de iso- lante são, respectivamente, iguais a 75°C e 18 °C, e o material isolante apresenta con- dutibilidade térmica igual a 0,08 W/m K. Qual deve ser a espessura da camada de isolante para que a transferência de calor do aquecedor seja, no máximo, 200 W. 3.60 Calcule a taxa de transferência de calor através de uma placa de madeira de 1,5 cm de espessura, k = 0,16 W/m K, com uma di- ferença de temperatura entre os dois lados de 20 °C. 3.61 Uma janela de 2 m2 de área tem uma tem- peratura de 15 °C na face interior e sobre a face externa sopra um vento de 2 °C com um coeficiente de transferência de calor por convecção de h =125 W/m2 K. Qual é a perda de calor? 3.62 A lâmpada de iluminação interna de uma geladeira (25 W) permanece acesa por falha no fechamento da porta e a transfe- rência de calor do ambiente para o espaço refrigerado é igual a 50 W. Qual deve ser a diferença de temperatura para o ambiente a 20 °C que o refrigerador deve apresentar, considerando uma área de troca de calor com 1 m2 e coeficiente médio de transfe- rência de calor de 15 W/m2 K, para rejeitar essa energia que infiltra? 3.63 Um condensador de grande porte (troca- dor de calor) de uma central de potência precisa transferir 100 MW da água que es- coa no ciclo de potência para a água bom- beada do mar. Admita que a parede de aço que separa a água de circulação da água do mar apresente espessura de 4 mm, que a condutibilidade térmica do aço sejaigual a 15 W/m K e que a diferença máxima de temperatura permitida entre os dois flui- dos seja de 5 °C. Determine a área mínima desse condensador, desprezando a transfe- rência de calor por convecção. 3.64 A grade preta atrás de um refrigerador tem a temperatura superficial de 35 °C e uma área total de 1 m2. A transferência de ca- lor para o ambiente a 20 °C se dá com um coeficiente de transferência de calor médio por convecção de 15 W/m2 K. Quanto de energia pode ser removida durante 15 min de operação? 3.65 Uma panela de aço com condutibilidade tér- mica igual a 50 W/m K e espessura de 5 mm no fundo, contém água líquida a 15 °C. O di- âmetro da panela é 20 cm. A panela é coloca- da em um fogão elétrico que transfere 500 W de calor. Admitindo que a temperatura da superfície interna da panela seja uniforme e igual a 15 °C, determine a temperatura da superfície externa do fundo da panela. 3.66 A temperatura da superfície da lenha em uma lareira é 450 °C. Admitindo que a termodinamica 03.indd 136 15/10/14 14:47 137A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia emissividade da superfície da lenha seja igual a 1,0 (corpo negro perfeito), determi- ne a energia, por unidade de área, emitida por radiação. 3.67 A temperatura e a emissividade da super- fície de uma casa são iguais a 30 °C e ε = 0,7. A temperatura ambiente que circunda a casa é igual a 15 °C e a emissividade mé- dia é 0,9. Determine a taxa de emissão de energia por radiação, por unidade de área para cada superfície. 3.68 Uma lâmpada de aquecimento por radia- ção é um cilindro que tem comprimento e diâmetro iguais a 0,5 m e 0,5 cm que dis- sipa 400 W. Admitindo que a emissividade da superfície do aquecedor seja igual a 0,9 e desprezando a radiação que incide no aquecedor, determine a temperatura su- perficial desse aquecedor. 3.69 Uma lâmpada de aquecimento por radiação tem uma temperatura superficial de 1 000 K e emissividade de 0,8. Qual deve ser a área para prover 250 W de calor transferido por radiação? Obtenção de Propriedades (u, h) das Tabelas 3.70 Determine a fase das substâncias a seguir e encontre os valores das quantidades ausentes. a. Nitrogênio: P = 2 000 kPa, 120 K, v = ?, Z = ? b. Nitrogênio: 120 K, v = 0,0050 m3/kg , Z = ? c. Ar: T = 100 °C, v = 0,500 m3/kg, P = ? d. R-410a: T = 25 °C, v = 0,01 m3/kg, P = ?, h = ? 3.71 Determine a fase e as propriedades faltan- tes P, T, v, u e x (se aplicável) para a água: a. 500 kPa, 100 °C b. 5 000 kPa, u = 800 kJ/kg c. 5 000 kPa, v = 0,06 m3/kg d. –6 °C, v = 1 m3/kg 3.72 Indique a localização dos quatro estados do Problema 3.71 nos diagramas P-v e T-v. 3.73 Determine as propriedades P, v, u e x (se aplicável) que faltam e a fase da amô- nia, NH3. a. T = 65 °C, P = 600 kPa b. T = 20 °C, P = 100 kPa c. T = 50 °C, v = 0,1185 m3/kg 3.74 Determine as propriedades que faltam de P, T, v, u, h e x, se aplicável, e indique os estados nos diagramas P-v e T-v para: a. Água a 5000 kPa, u = 1 000 kJ/kg b. R-134a a 20 °C, u = 300 kJ/kg c. Nitrogênio a 250 K, 200 kPa 3.75 Determine a fase e as propriedades faltantes. a. H2O 20 °C, v = 0,001000 m3/kg P = ?, u = ? b. R-410a 400 kPa, v = 0,075 m3/kg T = ?, u = ? c. NH3 10°C, v = 0,1 m3/kg P = ?, u = ? d. N2 101,3 kPa, h = 60 kJ/kg T = ?, v = ? 3.76 Determine as propriedades u, h e x (se aplicável) que faltam e a fase da substância: a. Água a T = 120 °C, v = 0,5 m3/kg b. Água a T = 100 °C, P = 10 MPa c. Nitrogênio a T = 100 K, x = 0,75 d. Nitrogênio a 200 k, P = 200 kPa e. Amônia a 100 °C, v = 0,1 m3/kg 3.77 Determine a fase das substâncias a seguir e encontre os valores das propriedades desconhecidas. a. R-410a: T = –20 °C, u = 220 kJ/kg, P = ?, x = ? b. Amônia: T = –20 °C, v = 0,35 m3/kg, P = ?, u = ? c. Água: P = 400 kPa, h = 2 800 kJ/kg, T = ?, v = ? 3.78 Determine as propriedades que faltam para o dióxido de carbono a: a. 20 °C, 2 MPa: v = ? e h = ? b. 10 °C, x = 0,5: T = ? e u = ? c. 1 MPa, v = 0,05 m3/kg: T = ? e h = ? 3.79 Determine as propriedades P, T, v, u, h e x (se aplicável) que faltam e indique os esta- dos nos diagramas P-v e T-v para: a. R-410a a 500 kPa,h = 300 kJ/kg b. R-410a a 10°C u = 200 kJ/kg c. R-134a a 40°C, h = 400 kJ/kg 3.80 Água se encontra como líquido saturado a 20 oC. A água é então comprimida a uma alta termodinamica 03.indd 137 15/10/14 14:47 138 Fundamentos da Termodinâmica pressão, em processo isotérmico. Determi- ne as mudanças em u e h entre o estado ini- cial e o final, quando as pressões são: a. 500 kPa b. 2 MPa 3.81 Determine a fase das seguintes substâncias e encontre os valores das propriedades que faltam. a. Água: P =500 kPa, u = 2 850 kJ/kg, T = ?, v = ? b. R-134a: T = –10 °C, v = 0,08 m3/kg, P = ?, u = ? c. Amônia: T = –20 °C, u = 1 000 kJ/kg, P = ?, x = ? Análise de Situações 3.82 Considere o Problema 3.101. Leve em conta todo o compartimento como um V.C. e escre- va as equações de conservação de massa e energia. Escreva as equações para o processo (são necessárias duas) e as use nas equações de conservação. Agora especifique quatro propriedades que determine o estado inicial (duas) e o estado final (duas); você tem to- das? Conte as incógnitas, identifique-as nas equações e determine-as. 3.83 Considere uma garrafa de aço como um V.C. Ela contém dióxido de carbono a –20 °C, título 20%. Ela possui uma válvula de segu- rança que abre a 6 MPa. A garrafa é aciden- talmente aquecida até abrir a válvula de segurança. Escreva a equação do processo que seja válida até a válvula abrir, e trace o diagrama P-v do processo. 3.84 Um conjunto cilindro-pistão contém água com título de 75% a 200 kPa. Uma expan- são lenta ocorre enquanto há transferência de calor com a pressão constante. O pro- cesso é interrompido quando o volume é o dobro do inicial. Como determinar o estado final e o calor trocado? 3.85 Considere o Problema 3.173. O estado fi- nal foi dado, mas não foi dito que o pistão bate nos esbarros, somente que Vparada= 2 V1. Esboce o possível diagrama P-v para o processo e determine que valores você pre- cisará para definir de forma inequívoca o estado 2. Se houver uma quina no diagra- ma, quais serão as coordenadas desse pon- to? Escreva uma expressão para o trabalho. 3.86 Use o Problema 3.210 e escreva o lado es- querdo (o lado representativo da mudança no reservatório) das equações de conser- vação de massa e energia. Como você es- creveria m1 e a Equação 3.5? 3.87 Dois tanques rígidos e isolados termica- mente são conectados por uma tubulação com uma válvula. Um tanque tem 0,5 kg de ar a 200 kPa e 300 K, o outro tem 0,75 kg de ar a 100 kPa e 400 K. A válvula é aberta e o estado do ar se uniformiza se ocorrer troca de calor. Como você pode determinar a temperatura e pressão finais. 3.88 Observe o Problema 3.183 e trace o diagra- ma P-v do processo. Somente T2 é dada; como você determina a segunda proprieda- de do estado final? O que você necessita para conferir esse resultado, e isso afetará de alguma forma o valor do trabalho? Processos de uma etapa 3.89 Um tanque rígido de 100 L contém nitrogê- nio a 900 K e 3 MPa. O tanque é, então, res- friado até que a temperatura atinja 100 K. Qual é o trabalho realizado e o calor trans- ferido nesse processo? 3.90 Um conjunto cilindro-pistão que opera a pressão constante, contém 0,2 kg de água como vapor saturado a 400 kPa. O conjunto é, então, resfriado até que o volume ocu- pado pela água se torne metade do volu- me inicial. Determine o trabalho e o calor transferido nesse processo. 3.91 Um tanque rígido contém vapor saturado de R-410a a 0 °C, que é resfriado até –20 °C. Determine a transferência de calor espe - cífica. 3.92 Um tanque rígido de 200 L contém amônia a 0 °C e com título igual a 60%. O tanque e a amônia são aquecidos até que a pressão atinja 1 MPa. Determine o calor transferido nesse processo. 3.93 Um tanque rígido contém 1,5 kg deR-134a a 40 °C, 500 kPa. O tanque é colocado em termodinamica 03.indd 138 15/10/14 14:47 139A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia um refrigerador que leva o conjunto para –20 °C. Determine a transferência de calor e represente o processo em um diagrama P-v. 3.94 Um conjunto cilindro-pistão contém ar a 600 kPa, 290 K e volume de 0,01 m3 . O ar realiza um processo a pressão constan- te, fornecendo 54 kJ. Determine o volume final, a temperatura final do ar e o calor transferido no processo. 3.95 Dois quilogramas de água a 120 °C e título igual a 25% tem sua temperatura aumenta- da de 20 °C, a volume constante, como na Figura P3.95. Qual é o trabalho e o calor transferido nesse processo? FIGURA P3.95 3.96 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém 2 kg de vapor superaquecido de refrigerante R-134a a 350 kPa e 100 °C. O conjunto é, então, resfriado a pressão constante até que o R-134a apresente títu- lo igual a 75%. Calcule a transferência de calor nesse processo. 3.97 Um conjunto cilindro-pistão contém 1,5 kg de água a 200 kPa e 150 °C. O conjunto é aquecido em um processo em que a pres- são é linearmente relacionada com o volu- me até o estado de 600 kPa e 350 °C. En- contre o volume final, o calor transferido e o trabalho realizado no processo. 3.98 Um dispositivo composto de cilindro-pistão contém 50 kg água a 200 kPa ocupando um volume de 0,1 m3. No cilindro há esbarro que restringe o volume máximo da câmara em 0,5 m3. A água é aquecida até que o pis- tão toque o esbarro. Calcule o calor trans- ferido necessário para esse processo. 3.99 Um cilindro-pistão contém 0,5 kg de amô- nia a 200 kPa e –10 °C. O conjunto é aque- cido em um processo em que a pressão varia linearmente com o volume até o esta- do de 120 °C e 300 kPa. Encontre o traba- lho e o calor transferido para a amônia no processo. 3.100 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de água a 20 °C e o volume é de 0,1 m3. Por engano, alguém trava o pistão, e calor é transferido para a água até que o estado de vapor saturado. Determine a temperatura da água no estado final e o calor transferido no processo. 3.101 Um reator, com volume de 1 m3, contém água a 20 MPa e 360 °C, e está localizado em uma contenção como mostrado na Figura P3.101. A contenção é bem isolada e, inicialmente, está no vácuo. Em razão de uma falha ope- racional, o reator se rompe e a água ocupa toda a contenção. Determine qual deve ser o volume mínimo da contenção para que a pressão final não exceda 200 kPa. FIGURA P3.101 3.102 Um tanque rígido contém 0,75 kg de vapor saturado de amônia a 70 °C. O tanque é resfriado para 20 °C, trocando calor com o ambiente. Quais são as duas propriedades que definem o estado final? Determine a quantidade de trabalho e calor transferidos durante o processo. 3.103 Considere que 150 L de água estão retidos em um tanque rígido a 100 °C, com títu- lo igual a 90%. O tanque é resfriado até –10 °C. Calcule o calor transferido nesse processo. 3.104 Uma massa de 25 kg se move a 25 m/s. Um freio é acionado levando a massa ao repouso em uma desaceleração constante, durante 5 s. Considere que a massa está sob P e T constantes. A energia de frenagem é absorvi- da por 0,5 kg de água a 20 °C e 100 kPa. Cal- cule a energia que o freio remove da massa e o aumento de temperatura da água, conside- rando que esteja a pressão constante. termodinamica 03.indd 139 15/10/14 14:47 140 Fundamentos da Termodinâmica 3.105 Um conjunto cilindro-pistão no qual atua uma mola linear (constante da mola 15 kN/m) contém 0,5 kg de vapor d’água saturado a 120 °C, como mostrado na Figura P3.105. O calor é transferido para a água, causando a elevação do pistão. Se a área da seção trans- versal do pistão é igual a 0,05 m2 e a pressão varia linearmente com o volume até que a pressão final de 500 kPa seja atingida, deter- mine a temperatura final da água no cilindro e o calor transferido nesse processo. H2O FIGURA P3.105 3.106 Um arranjo cilindro-pistão com uma mola linear como na Figura P3.105 contém R-134a a 15 °C, x = 0,4 e volume 0,02 m3. O R-134a é aquecido até 60 °C e nesse es- tado o volume específico é 0,030 02 m3/kg. Determine a pressão final, o trabalho e a transferência de calor no processo. 3.107 Um conjunto cilindro-pistão com 10 m de al- tura e área da seção transversal de 0,1 m2, contém na parte superior água a 20 °C, e na parte inferior 2 kg de água a 20 °C, separadas por um pistão fino flutuante e isolante com massa de 198,5 kg, veja Figura P3.107. Consi- dere que a gravidade e a pressão atmosférica têm os valores padrões. Transfere-se calor para a água sob o pistão, de modo que ela se expande, empurrando o pistão para cima, provocando o transbordamento da água da parte superior. Esse processo continua até que o pistão atinja o topo do cilindro. Encon- tre o estado final da água sob o pistão (T, P, v) e o calor fornecido durante o processo. H2O P0 g H2O FIGURA P3.107 3.108 Considere as mesmas condições iniciais do Problema 3.101, mas com uma contenção que tenha 100 m3. Mostre que teremos duas fases no estado final e encontre a pressão final por tentativa e erro. 3.109 Um dispositivo cilindro-pistão contém di- óxido de carbono a –20 °C e título 75%. O CO2 é comprimido em um processo em que a pressão varia linearmente com o volume até 3 MPa e 20 °C. Determine a transferên- cia de calor específica. 3.110 Um reservatório rígido de aço de 2,5 kg con- tém 0,5 kg de R410a a 0 °C com volume espe- cífico de 0,01 m3/kg. Todo o sistema é aqueci- do até a temperatura ambiente de 25 °C. a. Determine o volume do tanque. b. Encontre a pressão final P. c. Calcule a transferência de calor no processo. 3.111 O conjunto cilindro-pistão da Figura P3.111 contém 0,1 kg de água a 500 °C, 1 000 kPa. O cilindro apresenta um esbarro no meio do volume inicial. A água é resfriada até a temperatura ambiente de 25 °C. a. Esboce, em um diagrama P-v, os possí- veis estados da água. b. Encontre a pressão e o volume final. c. Calcule o calor transferido e o trabalho realizado no processo. mp Água P0 FIGURA P3.111 3.112 Um dispositivo cilindro-pistão com mola contém 1 kg de água a 500 °C e 3 MPa. O conjunto é construído de tal forma que a pressão é proporcional ao volume: P = CV. O calor é retirado até a água se tornar va- por saturado. Represente o processo no diagrama P-V, e determine o estado final, o trabalho e o calor transferido no processo. 3.113 Um conjunto cilindro-pistão contém 1,5 kg de água a 600 kPa, 350 °C. A água é res- friada em um processo em que a pressão termodinamica 03.indd 140 15/10/14 14:47 141A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia varia linearmente com o volume até atingir 200 kPa, 150 °C. Trace no diagrama P-v o processo e calcule o trabalho e o calor transferido no processo. 3.114 Um refrigerante R-134a superaquecido a 20 °C e 0,5 MPa é resfriado em um conjun- to cilindro-pistão a temperatura constante até atingir o estado saturado com título de 50%. A massa do refrigerante é 5 kg e são removidos 500 kJ de calor no processo. De- termine os volumes inicial e final e o traba- lho necessário. 3.115 Dois quilogramas de nitrogênio a 100 K, x = 0,5 são aquecidos em um processo a pressão constante até 300 K em um con- junto cilindro-pistão. Determine os volu- mes inicial e final e o calor total transferido. Calores Específicos: Sólidos e Líquidos 3.116 Em uma pia com 5 L de água a 70 °C são co- locadas panelas de alumínio com massa de 1 kg, 1 kg de talheres (aço) e 1 kg de copos de vidro, todos a 20 °C. Qual é a temperatu- ra final, desprezando-se qualquer troca de calor e trabalho com o ambiente. 3.117 Um “chip” de CPU de um computador con- siste em 50 g de silício, 20 g de cobre e 50 g de cloreto de polivinila (PVC). O “chip” é aquecido de 15 °C a 70 °C quando o computador é ligado. Quanto de energia o aquecimento requer? 3.118 Um blocoou Líquido, 251 6.7 Variação de Entropia em um Gás Ideal, 252 6.8 Processo Politrópico Reversível para um Gás Ideal, 255 6.9 Variação de Entropia do Sistema Durante um Processo Irreversível, 258 6.10 Geração de Entropia e Equação da Entropia, 259 6.11 Princípio de Aumento de Entropia, 261 6.12 Equação da Taxa de Variação de Entropia, 263 6.13 Comentários Gerais sobre Entropia e Caos, 267 Resumo, 268 Problemas, 270 7 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle, 291 7.1 A Segunda Lei da Termodinâmica para um Volume de Controle, 291 7.2 O Processo em Regime Permanente e o Processo em Regime Transiente, 293 7.3 O Processo Reversível em Regime Permanente para Escoamento Simples, 299 7.4 Princípio do Aumento da Entropia para um Volume de Controle, 302 7.5 Aplicações na Engenharia – Eficiência, 304 7.6 Resumo da Análise de Volume de Controle, 309 Resumo, 310 Problemas, 312 8 Exergia, 335 8.1 Exergia, Trabalho Reversível e Irreversibilidade, 335 8.2 Exergia e Eficiência Baseada na Segunda Lei da Termodinâmica, 344 8.3 Equação do Balanço de Exergia, 350 8.4 Aplicações na Engenharia, 353 Resumo, 354 Problemas, 356 9 Sistemas de Potência e Refrigeração – com Mudança de Fase, 369 9.1 Introdução aos Ciclos de Potência, 370 9.2 O Ciclo Rankine, 371 9.3 Efeitos da Pressão e da Temperatura no Ciclo Rankine, 374 9.4 O Ciclo com Reaquecimento, 377 9.5 O Ciclo Regenerativo e Aquecedores de Água de Alimentação, 378 9.6 Afastamento dos Ciclos Reais em Relação aos Ciclos Ideais, 384 9.7 Cogeração e outras Configurações, 386 9.8 Introdução aos Sistemas de Refrigeração, 389 9.9 Ciclo de Refrigeração por Compressão de Vapor, 389 9.10 Fluidos de Trabalho para Sistemas de Refrigeração por Compressão de Vapor, 391 9.11 Afastamento do Ciclo de Refrigeração Real de Compressão de Vapor em Relação ao Ciclo Ideal, 393 9.12 Configurações de Ciclos de Refrigeração, 394 9.13 O Ciclo de Refrigeração por Absorção, 396 Resumo, 397 Problemas, 399 termodinamica 00.indd 15 08/09/14 17:41 16 Fundamentos da Termodinâmica 10 Sistemas de Potência e Refrigeração – Fluidos de Trabalhos Gasosos, 419 10.1 Ciclos Padrão a Ar, 419 10.2 O Ciclo Brayton, 420 10.3 O Ciclo Simples de Turbina a Gás com Regenerador, 425 10.4 Configurações do Ciclo de Turbina a Gás para Centrais de Potência, 427 10.5 O Ciclo Padrão a Ar para Propulsão a Jato, 430 10.6 O Ciclo Padrão de Refrigeração a Ar, 433 10.7 Ciclos de Potência dos Motores com Pistão, 435 10.8 O Ciclo Otto, 436 10.9 O Ciclo Diesel, 440 10.10 O Ciclo Stirling, 442 10.11 Os Ciclos Atkinson e Miller, 442 10.12 Ciclos Combinados de Potência e Refrigeração, 444 Resumo, 446 Problemas, 448 11 Mistura de Gases, 463 11.1 Considerações Gerais e Misturas de Gases Ideais, 463 11.2 Um Modelo Simplificado para Misturas de GásVapor, 469 11.3 A Primeira Lei Aplicada a Misturas de GásVapor, 472 11.4 O Processo de Saturação Adiabática, 474 11.5 Aplicações na Engenharia – Temperaturas de Bulbo Úmido e de Bulbo Seco e a Carta Psicrométrica, 475 Resumo, 479 Problemas, 481 12 Relações Termodinâmicas, 499 12.1 A Equação de Clapeyron, 500 12.2 Relações Matemáticas para Fase Homogênea, 502 12.3 As Relações de Maxwell, 503 12.4 Algumas Relações Termodinâmicas Envolvendo Entalpia, Energia Interna e Entropia, 505 12.5 Expansividade Volumétrica e Compressibilidades Isotérmica e Adiabática, 509 12.6 O Comportamento dos Gases Reais e as Equações de Estado, 510 12.7 O Diagrama Generalizado para Variações de Entalpia a Temperatura Constante, 514 12.8 O Diagrama Generalizado para Variações de Entropia a Temperatura Constante, 516 12.9 Relações de Propriedades para Misturas, 518 12.10 Modelos de Substâncias Pseudopuras para Misturas Gasosas Reais, 521 12.11 Aplicações na Engenharia – Tabelas de Propriedades Termodinâmicas, 524 Resumo, 527 Problemas, 529 13 Reações Químicas, 543 13.1 Combustíveis, 543 13.2 O Processo de Combustão, 546 13.3 Entalpia de Formação, 553 13.4 Aplicação da Primeira Lei em Sistemas Reagentes, 554 13.5 Entalpia, Energia Interna de Combustão e Calor de Reação, 558 termodinamica 00.indd 16 08/09/14 17:41 17Conteúdo 13.6 Temperatura Adiabática de Chama, 559 13.7 Terceira Lei da Termodinâmica e Entropia Absoluta, 564 13.8 Aplicação da Segunda Lei em Sistemas Reagentes, 565 13.9 Células de Combustível, 568 13.10 Aplicações na Engenharia, 571 Resumo, 575 Problemas, 577 14 Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico, 593 14.1 Condições para o Equilíbrio, 593 14.2 Equilíbrio entre Duas Fases de uma Substância Pura, 595 14.3 Equilíbrio Metaestável, 597 14.4 Equilíbrio Químico, 598 14.5 Reações Simultâneas, 605 14.6 Gaseificação de Carvão, 608 14.7 Ionização, 608 14.8 Aplicações na Engenharia, 610 Resumo, 612 Problemas, 613 15 Escoamento Compressível, 623 15.1 Propriedades de Estagnação, 624 15.2 A Equação da Conservação de Quantidade de Movimento para um Volume de Controle, 625 15.3 Forças que Atuam sobre uma Superfície de Controle, 627 15.4 Escoamento Unidimensional, Adiabático e em Regime Permanente de um Fluido Incompressível em um Bocal, 628 15.5 Velocidade do Som em um Gás Ideal, 630 15.6 Escoamento Unidimensional, em Regime Permanente, Adiabático e Reversível de um Gás Ideal em Bocais, 632 15.7 Descarga de um Gás Ideal em um Bocal Isotrópico, 634 15.8 Choque Normal no Escoamento de um Gás Ideal em um Bocal, 637 15.9 Coeficientes do Bocal e do Difusor, 641 15.10 Bocais e Orifícios como Medidores de Vazão, 643 Resumo, 646 Problemas, 651 Apêndice A – Propriedades Gerais, 659 Apêndice B – Propriedades Termodinâmicas, 675 Apêndice C – Calor Específico de Gás Ideal, 708 Apêndice D – Equações de Estado, 710 Apêndice E – Figuras, 715 Índice Remissivo, 725 termodinamica 00.indd 17 08/09/14 17:41 18 Fundamentos da Termodinâmica termodinamica 00.indd 18 08/09/14 17:41 19Conteúdo Símbolos a aceleração A área a, A função de Helmholtz específica e função de Helmholtz total AC relação arcombustível Bs módulo adiabático BT módulo isotérmico c velocidade do som c fração mássica CA relação combustívelar CD coeficiente de descarga Cp calor específico a pressão constante Cv calor específico a volume constante Cp0 calor específico a pressão constante e pressão zero Cv0 calor específico a volume constante e pressão zero COP coeficiente de desempenho (o mesmo que β) e, E energia específica e energia total EC energia cinética EP energia potencial F força FEM força eletromotriz g aceleração da gravidade g, G função de Gibbs específica e função de Gibbs total h, H entalpia específica e entalpia total i corrente elétrica I irreversibilidade J fator de proporcionalidade entre as unidades de trabalho e de calor k relação entre calores específicos: Cp/Cv K constante de equilíbrio L comprimento m massa m· vazão mássica M massa molecular M número de Mach n número de mols n expoente politrópico P pressão PC Poder Calorífico termodinamica 00.indd 19 08/09/14 17:41 20 Fundamentos da Termodinâmica Pi pressão parcial do componente i numa mistura Pr pressão reduzida P/Pc Pr pressão relativa (utilizada nas tabelas de gás) q, Q calor transferido por unidade de massa e calor transferido total Q · taxa de transferência de calor QH, QL transferência de calor num corpo a alta temperatura e num corpo a baixa tempe ratura; o sinal é determinado no contexto R constante do gás RC relação de compressão R – constante universal dos gases s, S entropia específica e entropia total Sger geração de entropia S·ger taxa de geração de entropia t tempo T temperatura Tr temperatura reduzida T/Tc u, U energia interna específica e energia inter na total v, V volume específico e volume total vr volume específico relativo (utilizado nas tabelas de gás) V velocidade w, W trabalho específico (por unidade de mas sa) e trabalho total W · potência (trabalho por unidade de tempo) wrev trabalho reversível entrede cobre com volume de 1 L sofre um tratamento térmico aquecido a 500 °C, e depois é resfriado em um banho de óleo de 200 L que está inicialmente a 20 °C, como mostrado na Figura P3.118. Admitin- do que não haja transferência de calor para o ambiente, qual será a temperatura final? Cobre Óleo FIGURA P3.118 3.119 Uma panela de aço com massa de 1 kg contém 1 kg de água. A temperatura do conjunto é igual a 15 °C. A panela é coloca- da sobre uma chama em um fogão e o con- junto é aquecido até o ponto de ebulição da água. Desprezando a transferência de calor para o ar ambiente, determine a energia necessária no processo. 3.120 Tenho 2 kg de água líquida a 20 °C e 100 kPa. Adiciono 20 kJ de energia a pres- são constante. Se a energia for utilizada para o aquecimento, a que temperatura a água vai chegar? Se a energia for transferi- da na forma de uma força horizontal cons- tante, que velocidade será atingida? Que altura será alcançada se a massa de água for elevada na vertical com essa energia? 3.121 Uma casa está sendo projetada para usar uma laje grossa de concreto como material de armazenagem da energia térmica solar. A laje tem 30 cm de espessura e a área ex- posta ao sol é de 4 m × 6 m. Espera-se que a massa de concreto tenha sua temperatura elevada de 3 °C durante o período diurno. Quanto de energia estará disponível para o aquecimento no período noturno. 3.122 Ao ser ligada a água quente, ela não sai imediatamente quente, porque parte da massa da tubulação deve ser aquecida pela água antes de chegar ao usuário. Admita que a água líquida a 70 °C e 100 kPa é res- friada até 45 °C à medida que aquece 15 kg de tubo de cobre de 20 °C a 45 °C. Qual é a massa de água necessária em kg? 3.123 Um automóvel, com massa de 1275 kg, se desloca a 60 km/h quando os freios são acionados rapidamente para reduzir a ve- locidade para 20 km/h. Considere que a massa das pastilhas de freio é de 0,5 kg, o calor específico é de 1,1 kJ/kg K e os dis- cos de aço do freio têm massa de 4,0 kg. Determine o aumento da temperatura do conjunto pastilhas-disco de freio. Admita que as pastilhas e os discos sejam aqueci- dos uniformemente. 3.124 Um arranjo cilindro-pistão (massa de aço do conjunto é de 0,5 kg) mantém a pres- são constante sobre 0,2 kg de R-134a como vapor saturado a 150 kPa. O conjunto é aquecido até 40 °C. O aço e o R-134a estão sempre à mesma temperatura. Determine o trabalho e a transferência de calor no processo. termodinamica 03.indd 141 15/10/14 14:47 142 Fundamentos da Termodinâmica 3.125 Um tanque de aço de 25 kg está inicial- mente a –10 °C. O tanque é carregado com 100 kg de leite (considere que tenha as mesmas propriedades da água) a 30 °C. No frigorífico o leite e o aço atingem a tempe- ratura uniforme de +5 °C. Quanto de calor deve ser transferido para viabilizar esse processo? 3.126 Um motor de combustão interna, mostra- do na Figura P3.126, é composto por um bloco de ferro fundido de massa igual a 100 kg, cabeçotes de alumínio (massa igual a 20 kg) e partes diversas fabricadas com aço (massa igual a 20 kg). Além disso, o motor tem 5 kg de óleo lubrificante e 6 kg de glicerina (anticongelante do radiador). Inicialmente a temperatura de todos os componentes é de 5 °C. Quando o motor é acionado, determine o quanto ele aquece, se absorver 7 000 kJ antes de alcançar a temperatura de regime permanente. Motor de automóvel FIGURA P3.126 Propriedades do Gás Ideal (u, h, Cv, Cp) 3.127 Um gás ideal é aquecido de 500 K para 1 500 K. Determine a variação da entalpia usando o calor específico constante da Ta- bela A.5 com o valor da temperatura am- biente e discuta a precisão, se o gás for: a. Argônio b. Oxigênio c. Dióxido de carbono 3.128 Utilize a tabela de gás ideal para o ar, Ta- bela A.7, para avaliar o calor específico Cp a 300 K, usando a inclinação da curva h(T) dada por Δh/ΔT. Qual é o valor para 1 000 K e para 1500 K? 3.129 Estime o calor específico constantes do R-134a da Tabela B.5.2 a 100 kPa e 125 °C. Compare esse valor com aquele da Tabela A.5 e explique a diferença. 3.130 Determine a variação em u para o dió- xido de carbono entre 600 K e 1 200 K, utilizando: a. o valor de Cv0 da Tabela A.5. b. o valor de Cv0 avaliado com a equação da Tabela A.6 e na temperatura média do intervalo. c. os valores de u apresentados na Tabela A.8. 3.131 O nitrogênio a 300 K, 3 MPa é aquecido até 500 K. Determine a variação de entalpia usando (a) a Tabela B.6; (b) a Tabela A.8; e (c) a Tabela A.5. 3.132 Desejamos achar a variação de u do dióxido de carbono entre 50 °C e 200 °C à pressão de 10 MPa. Determine-a usando o gás ideal e a Tabela A.5 e repita o cálculo usando a tabela do Apêndice B. 3.133 Repita o Problema 3.130 para o oxigênio. 3.134 Para uma aplicação especial, necessitamos avaliar a variação da entalpia do CO2 de 30 °C a 1 500 °C a 100 kPa. Faça isso, usando o valor constante do calor específico da Ta- bela A.5, e repita, usando a Tabela A.8. Qual tabela é mais precisa? 3.135 Água a 400 kPa tem sua temperatura ele- vada de 150 °C a 1200 °C. Avalie a variação da energia interna específica usando (a) as tabelas de vapor d’água; (b) a Tabela A.8 para gás ideal; e (c) a Tabela A.5 de calor específico. 3.136 Repita o Problema 3.134, mas use o valor do calor específico na temperatura média aplicada à equação da Tabela A.6 e também integre a equação da Tabela A.6 para obter a variação de entalpia. 3.137 A água a 20 °C e 100 kPa é levada a 100 kPa e 1 500 °C. Encontre a variação da energia interna específica usando as tabelas de va- por d’água e as tabelas de gás ideal. 3.138 Reconsidere o Problema 3.134, e determi- ne se o uso também da Tabela B.3 conduz a resultado mais preciso; explique. termodinamica 03.indd 142 15/10/14 14:47 143A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Calores Específicos: Gás Ideal 3.139 O ar é aquecido de 300 K a 350 K, a volume constante. Determine 1q2. Qual é o valor de 1q2 se a temperatura aumenta de 1 300 K a 1350 K? 3.140 Um vaso rígido contém 2 kg de dióxido de carbono a 100 kPa e 1200 K, e é aquecido até 1 400 K. Determine a transferência de calor no processo utilizando (a) calor espe- cífico da Tabela A.5; e (b) as propriedades da Tabela A.8. 3.141 Resolva o problema anterior para o nitro- gênio (N2). 3.142 Três quilogramas de ar ocupam o volume de um cilindro-pistão como o da Figura P3.5 e estão a 27 °C, 300 kPa. O ar é aque- cido até 500 K. Trace o processo no diagra- ma P-v e encontre o trabalho, bem como o calor transferido no processo. 3.143 Um vaso rígido fechado contém 1,5 kg de água a 100 kPa e 55 °C, 1 kg de aço inox e 0,5 kg de cloreto de polivinila (PVC), ambos a 20 °C, e 0,1 kg de ar a 400 K, 100 kPa. O vaso é isolado sem qualquer transferência de calor e a água não se va- poriza. Determine a temperatura final do ar e a pressão. 3.144 Um tanque rígido com volume interno de 250 L contém metano a 500 K e 1 500 kPa. O tanque é resfriado até 300 K. Determi- ne a massa de metano contida no tanque e o calor transferido no processo, utilizando (a) gás ideal; e (b) tabelas do metano. 3.145 Um cilindro com área da seção transver- sal igual a 0,1 m2 e altura de 10 m, tem um pistão de massa desprezível, que se- para a câmara interna em duas regiões. Inicialmente, a região superior contém água a 20 °C, como mostrado na Figura P3.145, e a inferior contém 0,3 m3 de ar a 300 K. Transfere-se calor à região inferior, de modo que o pistão inicia o movimento para cima, provocando o transbordamento da água. Esse processo continua até que o pistão alcance o topo do cilindro. De- termine o calor transferido para o ar, no processo. g H2O P0 Ar FIGURA P3.145 3.146 Um conjunto cilindro-pistão com uma mola linear contém 2 kg de dióxido de carbono à temperatura de 400 °C e à pressão de 500 kPa. O CO2 é resfriado até 40 °C e, nes- sa condição, a pressão é de 300 kPa. Calcu-dois estados x título y fração molar na fase vapor y fração de extração Z cota Z fator de compressibilidade Z carga elétrica Letras Manuscritas potencial elétrico tensão superficial tensão Letras Gregas α volume residual α função de Helmoltz adimensional a/RT αP expansividade volumétrica β coeficiente de desempenho de um refrige rador (mesmo que COP) β′ coeficiente de desempenho de uma bom ba de calor (mesmo que COP) βS compressibilidade adiabática βT compressibilidade isotérmica δ massa específica adimensional ρ/ρc η eficiência ou rendimento µ potencial químico µJ coeficiente de Joule – Thomson ν coeficiente estequiométrico ρ massa específica τ variável adimensional de temperatura T/Tc τ0 variável adimensional de temperatura 1–Tr Φ relação de equivalência f umidade relativa f, Φ disponibilidade de um sistema ou exergia y disponibilidade associada a um processo em regime permanente ω fator acêntrico ω umidade absoluta Subscritos c propriedade no ponto crítico e estado de uma substância que entra no volume de controle f formação s propriedade do sólido saturado sl diferença entre as propriedades, de líqui do saturado e a de sólido saturado iv diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de sólido saturado l propriedade do líquido saturado lv diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de líquido saturado r propriedade reduzida s processo isotrópico s propriedade de uma substância que sai do volume de controle 0 propriedade do ambiente 0 propriedade de estagnação v propriedade do vapor saturado v.c. volume de controle Sobrescritos _ a barra sobre o símbolo indica uma pro priedade em base molar (a barra indica propriedade molar parcial quando aplica da sobre V, H, S, U, A e G) ° propriedade na condição do estado padrão * gás ideal * propriedade na seção mínima de um bocal irr irreversível r gás real rev reversível termodinamica 00.indd 20 08/09/14 17:41 21Introdução e Comentários Preliminares Introdução e Comentários Preliminares O campo da termodinâmica se relaciona com a ciência da energia, com foco em armazenamento e processos de conversão de energia. Neste livro, estudare- mos os efeitos em substâncias diferentes, cujas massas podem ser submetidas a aquecimento/resfriamento ou a compressão/expansão volumétrica. Durante tais processos, estamos transferindo energia para ou de um sistema (massa), que terá uma mudança nas suas condições que são expressas por propriedades como temperatura, pressão e volume. Usamos vários processos semelhantes a esse em nossas vidas diárias; por exemplo, aquecemos água para fazer café ou chá, ou a resfriamos em um refrigerador para produzir água gelada ou pedras de gelo em um congelador. Na natureza, a água evapora de oceanos e lagos e se mistura com ar no qual o vento pode transportá-la, e mais tarde pode deixar o ar, na forma de chuva (água líquida) ou neve (água sólida). Como estudamos esses processos em detalhe, enfocaremos situações que são fi sicamente simples e, ainda, típicas de situações da vida real na indústria ou na natureza. Descrevendo os processos envolvidos, podemos apresentar equipamentos ou sistemas complexos — por exemplo, uma central elétrica simples a vapor que é o sistema básico que gera grande parte da nossa potência elétrica. Uma central elétrica que queima carvão e produz potência elétrica e água quente para aquecimento distrital é mostrada na Figura 1.1. O carvão é transportado por um navio, e as tubulações de aquecimento distrital são localizadas em túneis subterrâneos e, dessa forma, não são visíveis. Uma descrição mais técnica e um melhor entendimento é obtido a partir do esquema simples da central elétrica, como mostrado na Figura 1.2. Nesse esquema são apresentadas as várias saídas da planta como potência elétrica fornecida à rede, água quente para aquecimen- to distrital, escória de carvão queimado, e outros materiais como cinza e gesso; a última saída é de um escoamento de gases de exaustão deixando a planta pela chaminé. Outro conjunto de processos fazem parte do refrigerador que usamos para resfriar alimentos ou para produzir um escoamento de fl uido a temperaturas muito baixas para uma cirurgia criogênica, na qual o congelamento do tecido causa um mínimo sangramento. Um esquema simples de um sistema desse tipo é mostrado na Figura 1.3. O mesmo sistema pode, também, funcionar como um condicionador de ar com o duplo objetivo de resfriamento de um edifício 1 termodinamica 01.indd 21 15/10/14 14:36 22 Fundamentos da Termodinâmica no verão e aquecimento no inverno; neste último modo de uso, é também chamado bomba de calor. Considerando aplicações móveis, podemos desen- volver modelos simples para motores a gasolina e diesel, normalmente utilizados para transporte, e turbinas a gás, motores a jato dos aviões, em que o baixo peso e volume são de grande preocupação. Figura 1.1 Central termoelétrica Esbjerg, Dinamarca. (Cortesia Dong Energy A/S, Denmark.) Sistema de distribuição elétrico Chaminé Calcário Cinza volante Moedor de carvão Óleo Ar Cinza fundida Silo de carvão Turbina Gerador elétrico Sistema de resfriamento (aquecimento distrital) Trocador de calor Lavador de gases Despoeirador Tambor de vapor (tubulão) Produtos de combustão Bomba Figura 1.2 Esquema de uma central termoelétrica a vapor. Calor para o ambiente 3 1 2 4 Compressor Condensador Trabalho Evaporador Vapor “baixa” temperatura Vapor “alta” temperatura Líquido Líquido “frio” + vapor Válvula de expansão ou tubo capilar Calor do espaço refrigerado Figura 1.3 Esquema de um refrigerador. termodinamica 01.indd 22 15/10/14 14:36 23Introdução e Comentários Preliminares Esses são apenas alguns exemplos de sistemas co- nhecidos que a teoria da termodinâmica nos per- mite analisar. Uma vez que conhecemos e enten- demos a teoria, vamos ser capazes de estender a análise para outros casos com os quais podemos não estar tão familiarizados. Além da descrição de processos básicos e sis- temas, a abrangência da termodinâmica é amplia- da de modo a tratar situações especiais como ar úmido atmosférico, que é uma mistura de gases, e a queima de combustíveis para uso na queima de carvão, óleo ou gás natural, que é um processo de conversão química e de energia utilizado em quase todos os dispositivos de geração de potên- cia. São conhecidas muitas outras extensões da termodinâmica básica, as quais podem ser estuda- das em textos especializados. Uma vez que todos os processos que os engenheiros tratam têm um impacto sobre o meio ambiente, devemos estar conscientes das maneiras pelas quais podemos otimizar a utilização dos nossos recursos naturais e produzir a mínima quantidade de consequências negativas para o nosso meio ambiente. Por esta razão, em uma análise moderna, é importante o tratamento dos ganhos de eficiência em processos e dispositivos e é necessário conhecimento para completa apreciação de engenharia sobre o fun- cionamento do sistema e seu desempenho. Antes de considerar a aplicação da teoria, va- mos abordar alguns conceitos básicos e definições para a nossa análise e rever alguns aspectos da fí- sica e da química que serão necessários. 1.1 O SISTEMA TERMODINÂMICO E O VOLUME DE CONTROLE Um sistema termodinâmico é um dispositivo ou conjunto de dispositivos que contém uma quan- tidade de matéria que está sendo estudada. Para uma definição mais precisa, um volume de contro- le é escolhido de tal modo que contenha a maté- ria e os dispositivos dentro de uma superfície de controle. Tudo externo ao volume de controle é a vizinhança, com a separação proporcionada pela superfície de controle. A superfície pode ser aber- ta ou fechada para escoamentos de massa, e pode ter fluxos de energia em termos de transferência de calor e de trabalho. As fronteiras podem ser móveis ou fixas. No caso de uma superfície de con- Pesos Êmbolo Fronteira do sistema g P0 Gás Figura1.4 Exemplo de sistema. trole que seja fechada para escoamento de massa, a fim de que não possa haver saída ou entrada de massa no volume controle, o objeto de análise é chamado sistema (massa de controle), conten- do a mesma quantidade de matéria em todos os momentos. Ao considerar o gás contido no cilindro mos- trado na Figura 1.4, colocando uma superfície de controle ao seu redor, reconhecemos isso como um sistema. Se um bico de Bunsen é colocado sob o cilindro, a temperatura do gás aumentará e o êmbolo se elevará. Quando o êmbolo se eleva, a fronteira do sistema também muda. Posterior- mente, veremos que calor e trabalho cruzam a fronteira do sistema durante esse processo, mas a matéria que compõe o sistema pode ser sempre identificada e permanece a mesma. Um sistema isolado é aquele que não é influen- ciado, de forma alguma, pelas vizinhanças, ou seja, calor e trabalho não cruzam a fronteira do sistema. Em um caso mais típico, a análise termodinâmica deve ser realizada para equipamentos como, por exemplo, um compressor de ar que apresenta um escoamento de massa para dentro e para fora do equipamento, mostrado na Figura 1.5. O sistema real inclui, possivelmente, um tanque de arma- zenamento, mostrado posteriormente na Figura 1.20. O procedimento seguido em tal análise con- siste em especificar um volume de controle que envolva o compressor com uma superfície que é chamada superfície de controle. Note que massa e quantidade de movimento, assim como calor e trabalho, podem ser transportados através da su- perfície de controle. Assim, no caso mais geral, uma superfície de controle define um volume de controle no qual podem ocorrer escoamentos de massa de entra- termodinamica 01.indd 23 15/10/14 14:36 24 Fundamentos da Termodinâmica da e saída, com a definição de sistema sendo um caso especial sem a ocorrência de escoamentos de massa de entrada e saída. Dessa forma, o sis- tema contém uma quantidade de massa fixa sem variar no tempo, o que explica a sua denomina- ção. A formulação geral da análise será tratada detalhadamente no Capítulo 4. Deve-se observar que os termos sistema fechado (massa fixa) e sis- tema aberto (envolvendo escoamento de massa), às vezes, são usados para fazer a distinção. Aqui usamos o termo sistema para uma descrição mais geral e pouco específica de uma massa, dispositi- vo ou combinação de dispositivos que são, então, mais bem definidos quando um volume de contro- le é selecionado. O procedimento que será adota- do nas apresentações da primeira e da segunda lei da termodinâmica é o de primeiro formular as leis para um sistema e depois efetuar as transforma- ções necessárias para torná-las adequadas a volu- mes de controle. 1.2 PONTOS DE VISTA MACROSCÓPI- CO E MICROSCÓPICO Uma investigação sobre o comportamento de um sistema pode ser feita sob os pontos de vista ma- croscópico ou microscópico. Vamos descrever bre- vemente o problema que teríamos se descrevêsse- mos um sistema sob o ponto de vista microscópico. Suponhamos que o sistema seja constituído por um gás monoatômico, a pressão e temperatura at- mosféricas, contido em um cubo com aresta igual a 25 mm. Esse sistema contém cerca de 1020 átomos. Para descrever a posição de cada átomo devem ser especificadas três coordenadas e, para descrever a velocidade de cada átomo, são necessárias as três componentes do vetor velocidade. Assim, para descrever completamente o com- portamento desse sistema, sob o ponto de vista microscópico, é necessário lidar com, pelo menos, 6 × 1020 equações. Essa tarefa seria árdua, mesmo se tivéssemos um computador moderno de grande capacidade. Entretanto, dispomos de duas abor- dagens diversas que reduzem significativamente o número de variáveis necessárias para especificar o problema e, desse modo, facilitam sua solução. Uma dessas abordagens é a estatística que, basea- da na teoria da probabilidade e em considerações estatísticas, opera com os valores “médios” das partículas que estamos considerando. Isso é, usu- almente, feito em conjunto com um modelo do átomo sob consideração. Essa forma é a utilizada nas disciplinas conhecidas como teoria cinética e mecânica estatística. A outra forma de abordar o problema redu- zindo o número de variáveis e facilitando a sua solução é a baseada no ponto de vista da termo- dinâmica clássica macroscópica. Como o termo macroscópico sugere, estamos interessados nos efeitos gerais ou médios de várias moléculas. Além disso, esses efeitos podem ser percebidos por nossos sentidos e medidos por instrumentos. Na realidade, o que percebemos e medimos é a influência média temporal de muitas moléculas. Por exemplo, consideremos a pressão que um gás exerce sobre as paredes de um recipiente. Essa pressão resulta da mudança na quantidade de mo- vimento das moléculas quando colidem com as paredes. Entretanto, sob o ponto de vista macros- cópico, não estamos interessados na ação isolada de uma molécula, mas na força média, em relação ao tempo, que atua sobre certa área e que pode ser medida com um manômetro. De fato, essas observações macroscópicas são completamente independentes de nossas premissas a respeito da natureza da matéria. Ainda que a teoria e o desenvolvimento ado- tados neste livro sejam apresentados sob o ponto de vista macroscópico, serão incluídas algumas observações suplementares sobre o significado da perspectiva microscópica como um auxílio ao entendimento dos processos físicos envolvidos. Outro livro desta série, Introduction to thermo- dynamics: classical and statistical, de R. E. Sonntag e G. J. Van Wylen, apresenta um trata- mento da termodinâmica, sob o ponto de vista mi- croscópico e estatístico. Superfície de controle Calor Descarga de ar a alta pressão Trabalho Compressor de ar Admissão de ar a baixa pressão Motor Figura 1.5 Exemplo de um volume de controle. termodinamica 01.indd 24 15/10/14 14:36 25Introdução e Comentários Preliminares Devem ser feitas algumas observações em re- lação à consideração de meio contínuo. Em geral, sempre tratamos de volumes que são muito maio- res que as dimensões moleculares e trabalhamos com escalas de tempo que são muito maiores quando comparadas com as frequências de coli- sões intermoleculares. Dessa forma, trataremos com sistemas que contêm um grande número de moléculas que interagem com altíssima frequência durante nosso período de observação e, portanto, percebemos o sistema como uma simples massa uniformemente distribuída no volume chamado meio contínuo. Esse conceito é, naturalmente, apenas uma hipótese conveniente que não é váli- da quando o caminho médio livre das moléculas se aproxima da ordem de grandeza das dimensões do recipiente que está sendo analisado. Por exemplo, a hipótese de meio contínuo normalmente não é adequada nas situações encontradas na tecnolo- gia do alto-vácuo. Apesar disso, a premissa de um meio contínuo é válida e conveniente em vários trabalhos de engenharia e consistente com o pon- to de vista macroscópico. 1.3 ESTADO E PROPRIEDADES DE UMA SUBSTÂNCIA Se considerarmos uma dada massa de água, reco- nhecemos que ela pode existir em várias formas. Se ela é inicialmente líquida pode-se tornar vapor, de- pois de aquecida, ou sólida, quando resfriada. Uma fase é definida como uma quantidade de matéria totalmente homogênea. Quando mais de uma fase coexistem, estas se separam, entre si, pelas fron- teiras das fases. Em cada fase a substância pode existir a várias pressões e temperaturas ou, usan- do a terminologia da termodinâmica, em vários es- tados. O estado pode ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas observá- veis; algumas das mais familiares são: temperatura, pressão e massa específica. Outras propriedades serão apresentadas nos capítulos posteriores. Cada uma das propriedades de uma substância, em um dado estado, apresenta somente um determinado valor e essas propriedades têm sempre o mesmo valor paraum dado estado, independentemente da forma pela qual a substância chegou a ele. De fato, uma propriedade pode ser definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e é independente do caminho (ou seja, a história) pelo qual o sistema chegou ao estado considerado. Do mesmo modo, o estado é especificado ou descrito pelas propriedades. Mais tarde, consideraremos o número de propriedades independentes que uma substância pode ter, ou seja, o número mínimo de propriedades que devemos especificar para deter- minar o estado de uma substância. As propriedades termodinâmicas podem ser divididas em duas classes gerais, as intensivas e as extensivas. Uma propriedade intensiva é inde- pendente da massa e o valor de uma propriedade extensiva varia diretamente com a massa. Assim, se uma quantidade de matéria, em um dado es- tado, é dividida em duas partes iguais, cada par- te apresentará o mesmo valor das propriedades intensivas e a metade do valor das propriedades extensivas da massa original. Como exemplos de propriedades intensivas podemos citar a tempera- tura, a pressão e a massa específica. A massa e o volume total são exemplos de propriedades exten- sivas. As propriedades extensivas por unidade de massa, tal como o volume específico, são proprie- dades intensivas. Frequentemente nos referimos não apenas às propriedades de uma substância, mas também às propriedades de um sistema. Isso implica, ne- cessariamente, que o valor da propriedade tem sig- nificância para todo o sistema, o que por sua vez implica no que é chamado equilíbrio. Por exemplo, se o gás que constitui o sistema mostrado na Figu- ra 1.4 estiver em equilíbrio térmico, a temperatura será a mesma em todo o gás e podemos falar que a temperatura é uma propriedade do sistema. Po- demos, também, considerar o equilíbrio mecânico, que está relacionado com a pressão. Se um sistema estiver em equilíbrio mecânico, não haverá a ten- dência de a pressão, em qualquer ponto, variar com o tempo, desde que o sistema permaneça isolado do meio exterior. Existe uma variação de pressão no gás com a altura, em virtude da influência do campo gravitacional, embora, sob as condições de equilíbrio, não haja tendência de que a pressão va- rie em qualquer ponto. Por outro lado, na maioria dos problemas termodinâmicos, essa variação de pressão com a altura é tão pequena que pode ser desprezada. O equilíbrio químico também é impor- tante e será considerado no Capítulo 14. Quando um sistema está em equilíbrio, em relação a todas as possíveis mudanças de estado, dizemos que o sistema está em equilíbrio termodinâmico. termodinamica 01.indd 25 15/10/14 14:36 26 Fundamentos da Termodinâmica 1.4 PROCESSOS E CICLOS Quando o valor de pelo menos uma propriedade de um sistema é alterado, dizemos que ocorreu uma mudança de estado. Por exemplo, quando um dos pesos posicionados sobre o pistão mostrado na Figura 1.6 é removido, este se eleva e ocorre uma mudança de estado, pois a pressão decresce e o volume específico aumenta. O caminho defini- do pela sucessão de estados que o sistema percor- re é chamado processo. Consideremos o equilíbrio do sistema quando ocorre uma mudança de estado. No instante em que o peso é removido do pistão na Figura 1.6, o equilíbrio mecânico deixa de existir, resultando no movimento do pistão para cima, até que o equilí- brio mecânico seja restabelecido. A pergunta que se impõe é a seguinte: Uma vez que as proprie- dades descrevem o estado de um sistema apenas quando ele está em equilíbrio, como poderemos descrever os estados de um sistema durante um processo, se o processo real só ocorre quando não existe equilíbrio? Um passo para respondermos a essa pergunta consiste na definição de um proces- so ideal, chamado processo de quase-equilíbrio. Um processo de quase-equilíbrio é aquele em que o desvio do equilíbrio termodinâmico é infinitesi- mal e todos os estados pelos quais o sistema passa durante o processo podem ser considerados como estados de equilíbrio. Muitos dos processos reais podem ser modelados, com boa precisão, como processos de quase-equilíbrio. Se os pesos sobre o pistão da Figura 1.6 são pequenos, e forem reti- rados um a um, o processo pode ser considerado como de quase equilíbrio. Por outro lado, se todos os pesos fossem removidos simultaneamente, o êmbolo se elevaria rapidamente até atingir os limi- tadores. Este seria um processo de não equilíbrio, e o sistema não atingiria o equilíbrio em nenhum momento durante a mudança de estado. Para os processos de não equilíbrio, estare- mos limitados a uma descrição do sistema antes de ocorrer o processo e, após sua ocorrência, quando o equilíbrio é restabelecido. Não estaremos habili- tados a especificar cada estado pelo qual o sistema passa, tampouco a velocidade com que o proces- so ocorre. Entretanto, como veremos mais tarde, poderemos descrever certos efeitos globais que ocorrem durante o processo. Vários processos são caracterizados pelo fato de que uma propriedade se mantém constante. O prefixo iso é usado para tal. Um processo iso- térmico é um processo a temperatura constante; um processo isobárico é um processo a pressão constante e um processo isocórico é um processo a volume constante. Quando um sistema, em um dado estado ini- cial, passa por certo número de mudanças de es- tado, ou processos, e finalmente retorna ao esta- do inicial, dizemos que o sistema realiza um ciclo. Dessa forma, no final de um ciclo, todas as pro- priedades apresentam os mesmos valores iniciais. O vapor (água) que circula em uma instalação ter- moelétrica a vapor executa um ciclo. Deve ser feita uma distinção entre um ciclo termodinâmico, descrito anteriormente, e um ci- clo mecânico. Um motor de combustão interna de quatro tempos executa um ciclo mecânico a cada duas rotações. Entretanto, o fluido de trabalho não percorre um ciclo termodinâmico no motor, uma vez que o ar e o combustível reagem e, trans- formados em produtos de combustão, são descar- regados na atmosfera. Neste livro, o termo ciclo se referirá a um ciclo termodinâmico a menos que se designe o contrário. 1.5 UNIDADES DE MASSA, COMPRI- MENTO, TEMPO E FORÇA Uma vez que estamos considerando as proprieda- des termodinâmicas sob o ponto de vista macros- cópico, só lidaremos com quantidades que possam ser medidas e contadas direta ou indiretamente. Dessa forma, a observância das unidades. Nas se- ções seguintes, deste capítulo, definiremos cer- Pesos Êmbolo Fronteira do sistema g P0 Gás Figura 1.6 Exemplo de um processo de quase-equilíbrio em um sistema. termodinamica 01.indd 26 15/10/14 14:36 27Introdução e Comentários Preliminares tas propriedades termodinâmicas e as unidades básicas. Nesta seção, será enfatizada a diferença existente entre massa e força pois, para alguns es- tudantes, este é um assunto de difícil assimilação. Força, massa, comprimento e tempo são re- lacionados pela segunda lei de Newton. Essa lei estabelece que a força que atua sobre um corpo é proporcional ao produto da massa do corpo pela aceleração na direção da força. F α ma O conceito de tempo está bem estabelecido. A unidade básica de tempo é o segundo (s), que no passado foi definido em função do dia solar, o intervalo de tempo necessário para a Terra com- pletar uma rotação completa em relação ao Sol. Como esse período varia com a estação do ano, adota-se um valor médio anual denominado dia solar médio. Assim, o segundo solar médio vale 1/86 400 do dia solar médio. Em 1967, a Confe- rência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) adotou a seguinte definição de segundo: o segundo é o tempo necessário para a ocorrência de 9 192 631 770 ciclos do ressonador que utiliza um feixe de átomos de césio-133. Para intervalos de tempo com ordem de gran- deza muito diferentes da unidade, os prefixos mili, micro, nano e pico podem ser utilizados (veja a Tabela 1.1). Para períodos maiores de tempo, as unidades usadas frequentemente,são o minuto (min), a hora (h) e o dia (dia). Ressaltamos que os prefixos da Tabela 1.1 são também utilizados com várias outras unidades. Tabela 1.1 Prefixos das unidades do SI Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo 1012 tera T 10–3 mili m 109 giga G 10–6 micro µ 106 mega M 10–9 nano n 103 quilo k 10–12 pico p O conceito de comprimento também está bem estabelecido. A unidade básica de comprimento é o metro (m) e por muitos anos o padrão adotado foi o “Protótipo Internacional do Metro”, que é a distância, sob certas condições preestabelecidas, entre duas marcas usinadas em uma barra de pla- tina-irídio. Essa barra está guardada no Escritó- rio Internacional de Pesos e Medidas, em Sevres, França. Atualmente, a CGPM adota outra defini- ção mais precisa para o metro em termos da velo- cidade da luz (que é uma constante fixa). O metro é o comprimento da trajetória percorrida pela luz no vácuo durante o intervalo de tempo de 1/299 792 458 do segundo. No sistema de unidades SI, a unidade de mas- sa é o quilograma (kg). Conforme adotado pela primeira CGPM em 1889, e ratificado em 1901, o quilograma corresponde à massa de um determi- nado cilindro de platina-irídio, mantido sob con- dições preestabelecidas no Escritório Internacio- nal de Pesos e Medidas. Uma unidade associada, frequentemente utilizada em termodinâmica, é o mol, definido como a quantidade de substância que contém tantas partículas elementares quan- to existem átomos em 0,012 kg de carbono-12. Essas partículas elementares devem ser especifi- cadas, podendo ser átomos, moléculas, elétrons, íons ou outras partículas ou grupos específicos. Por exemplo, um mol de oxigênio diatômico, que tem um peso molecular de 32 (comparado a 12 para o carbono), tem uma massa de 0,032 kg. O mol é usualmente chamado grama-mol, porque corresponde a uma quantidade da substância, em gramas, numericamente igual ao peso molecular. Neste livro, quando utilizado o sistema SI, será preferido o uso do quilomol (kmol), que corres- ponde à quantidade da substância, em quilogra- mas, numericamente igual ao peso molecular. O sistema de unidades mais utilizado no mun- do atualmente é o Sistema Internacional de Me- didas, comumente referido como SI (da denomi- nação francesa Système International d’Unités). Nesse sistema, segundo, metro e quilograma são as unidades básicas para tempo, comprimento e massa, respectivamente, e a unidade de força é de- finida a partir da segunda lei de Newton. A força, nesse sistema, não é um conceito independente. Portanto, não é necessário usar uma constante de proporcionalidade e podemos exprimir a segunda lei de Newton pela igualdade: F = ma (1.1) termodinamica 01.indd 27 15/10/14 14:36 28 Fundamentos da Termodinâmica A unidade de força é o Newton (N), que, por definição, é a força necessária para acelerar uma massa de 1 quilograma à razão de 1 metro por segundo: 1 N = 1 kg m/s2 Deve-se observar que as unidades SI que de- rivam de nomes próprios são representadas por letras maiúsculas; as outras são representadas por letras minúsculas. O litro (L) é uma exceção. O sistema de unidades tradicionalmente utili- zado na Inglaterra e nos Estados Unidos é o Inglês de Engenharia. Nesse sistema, a unidade de tempo é o segundo, que já foi discutido anteriormente. A unidade básica de comprimento é o pé (ft) que, atualmente, é definido em função do metro como: 1 ft = 0,3048 m A polegada (in) é definida em termos do pé por: 12 in. = 1 ft A unidade de massa no Sistema Inglês é a li- bra-massa (lbm). Originalmente, o padrão dessa grandeza era a massa de um cilindro de platina que estava guardado na Torre de Londres. Atual mente, é definida em função do quilograma como: 1 lbm = 0,453 592 37 kg Uma unidade relacionada é a libra-mol (lbmol) que é a quantidade de matéria, em libras- -massa, numericamente igual à massa molecular dessa substância. É muito importante distinguir libra-mol de mol (grama-mol). No Sistema Inglês, o conceito de força é es- tabelecido como uma quantidade independente e a unidade de força é definida como a força, com a qual a libra-massa padrão é atraída pela Terra em um local onde a aceleração da gravidade é pa- drão. Essa aceleração é medida em um local ao nível do mar e 45° de latitude, assumindo o valor de 9 806 65 m/s2 ou 32,1740 ft/s2 é definida como unidade de força e é designada como libra-força. Observe que agora temos definições arbitrárias e independentes para força, massa, comprimento e tempo. Então, pela segunda lei de Newton, pode- mos escrever: 1 lbf = 32,174 lbm ft/s2 que é o fator necessário para os propósitos de conversão de unidades e consistência. Ressalte-se que devemos ser cuidadosos, distinguindo entre lbm e lbf e não usamos o termo libra isolado. O termo peso é frequentemente associado a um corpo e, às vezes, é confundido com massa. A palavra peso é usada corretamente apenas quando está associada a força. Quando dizemos que um corpo pesa certo valor, isso significa que essa é a força com que o corpo é atraído pela Terra (ou por algum outro corpo), ou seja, o peso é igual ao pro- duto da massa do corpo pela aceleração local da gravidade. A massa de uma substância permanece constante variando-se a sua altitude, porém, o seu peso varia com a altitude. EXEMPLO 1.1 Qual é o peso de um corpo que apresenta massa igual a um quilograma em um local, em que a aceleração local da gravidade vale 9,75 m/s2? Solução: O peso é a força que atua sobre o corpo. Aplicando-se a segunda lei de Newton, F = mg = 1 kg × 9,75 m/s2 × [1 N s2/kg m] = = 9,75 N QUESTÕES CONCEITUAIS a. Crie um volume de controle ao redor da turbina central de geração a vapor da Figu- ra 1.2 e liste os fluxos de massa e energia existentes. b. Adote um volume de controle que englobe o refrigerador de sua casa, indique onde estão os componentes apresentados na Fi- gura 1.3 e mostre todas as interações de energia. termodinamica 01.indd 28 15/10/14 14:36 29Introdução e Comentários Preliminares 1.6 VOLUME ESPECÍFICO E MASSA ESPECÍFICA O volume específico de uma substância é definido como o volume ocupado pela unidade de massa e é designado pelo símbolo v. A massa especí- fica de uma substância é definida como a mas- sa associada à unidade de volume. Desse modo, a massa específica é igual ao inverso do volume específico. A massa específica é designada pelo símbolo ρ. Observe que essas duas propriedades são intensivas. O volume específico de um sistema em um campo gravitacional pode variar de ponto para ponto. Por exemplo, considerando-se a atmosfe- ra como um sistema, o volume específico aumenta com a elevação. Dessa forma, a definição de volu- me específico deve envolver o valor da proprieda- de da substância em um ponto de um sistema. Consideremos um pequeno volume δV de um sistema, e designemos a massa contida neste δV como δm. O volume específico é definido pela relação. lim V mV V ν δ δ = δ δ→ em que δV′ é o menor volume no qual o sistema pode ser considerado como um meio contínuo. Vo- lumes menores do que δV′ nos levam a questionar onde se concentra a matéria. Compreendemos, então, que ela não se distribui uniformemente, mas se concentra em partículas tais como molécu- las, átomos, elétrons etc. A representação dessa situação é mostrada no gráfico da Figura 1.7, em que, na situação-limite de volume nulo, o volume específico pode ser infinito (caso em que o volu- me considerado não contém qualquer matéria) ou muito pequeno (o volume contém parte de um núcleo). Assim, em um dado sistema, podemos falar de volume específico ou massa específica em um pon- to do sistema e reconhecemos que essas proprie- dades podem variar com a elevação. Entretanto, em sua maioria, os sistemas que consideraremos são relativamente pequenos e a mudança no volu- me específico com a elevação não é significativa. Nesse caso, podemos falar de um valor do volu- me específico ou da massa específica para todo o sistema.