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4.1.2 – Curvas Horizontais com Transição A definição do traçado de uma estrada por meio de linhas retas concordando diretamente com curvas circulares cria problema nos pontos de concordância. Assim, é necessário que, tanto nos PCs quanto nos PTs, exista um trecho com curvatura progressiva para cumprir as seguintes funções: 1 – Permitir uma variação contínua da superelevação: enquanto estamos na tangente, não há necessidade de superelevação, ou seja, a inclinação transversal é teoricamente nula. No trecho circular há necessidade de superelevação, a qual depende da velocidade e do raio, podendo atingir valores de 10% ou até 12% em certos casos. A passagem, desde zero até a inclinação necessária no trecho circular, é feita obrigatoriamente de maneira gradativa ao longo de certa extensão do traçado. 2 – Criar uma variação contínua de aceleração centrípeta na passagem do trecho reto para o trecho circular: o aparecimento de uma força transversal de maneira brusca causa impacto no veículo e em seus ocupantes, acarretando desconforto para estes e falta de estabilidade para aquele. 3 – Gerar um traçado que possibilite ao veículo manter-se no centro de sua faixa de rolamento: na prática, o veículo em movimento não passa do trecho reto para o trecho circular instantaneamente. Para que isso acontecesse, o volante deveria ser girado repentinamente da posição correspondente à reta para a posição correspondente à curva circular. Na realidade, esse giro é feito em um intervalo de tempo no qual o veículo percorre uma trajetória de raio variável, diferente do traçado da estrada. Uma curva de raio variável possibilita que a trajetória do veículo coincida com o traçado ou, pelo menos, aproxime-se bastante dele. 4 – Proporcionar um trecho fluente, sem descontinuidade da curvatura e esteticamente agradável: isso ocorre devido a suave variação da curvatura. A descontinuidade na curvatura gera insegurança no motorista para entrar na curva. Essas curvas de curvatura progressiva (curvas de transição) possuem raio instantâneo variando de ponto para ponto desde o valor Rc (em concordância com o trecho circular de raio Rc) até o valor infinito (em concordância com o trecho reto). Entre diversas curvas utilizadas para a transição, as mais empregadas são: Clotóide ou Espiral, Lemniscata e parábola cúbica. A clotóide é a mais vantajosa do ponto de vista técnico, sendo a mais indicada para um traçado racional, pois, é a curva descrita por um veículo, em velocidade constante, quando o volante é girado com velocidade angular constante. Como a aceleração centrípeta varia inversamente proporcional ao raio (ac = V2/R), varia também linearmente com o grau da curva (ac = V2. G . const.) e, portanto varia linearmente com o comprimento percorrido. Assim, variando linearmente a superelevação com o comprimento, o que construtivamente é muito vantajoso, teremos a superelevação e a aceleração centrípeta variando na mesma proporção. Uma estrada projetada dessa forma oferece aos passageiros dos veículos o mesmo nível de conforto tanto na curva circular como na transição. Logo, teremos dois arcos de transição, simetricamente dispostos, um no inicio e outro no final da concordância, e um arco de curva circular central, que será denominado curva circular principal, entre os dois ramos de transição. FIGURA 4.3 – Elementos geométricos em uma concordância horizontal com transição PI – Ponto de Interseção Δ – Deflexão R – Raio da curvatura circular principal G – Grau da curva circular principal AC – Ângulo central da concordância TE – Tangente-Espiral (passagem da tangente para espiral) Logo, teremos dois arcos de transição, simetricamente dispostos, um no inicio e outro no final da concordância, e um arco de curva circular central, que será denominado curva circular principal, entre os dois ramos de transição. FIGURA 4.3 – Elementos geométricos em uma concordância horizontal com transição PI – Ponto de Interseção Δ – Deflexão R – Raio da curvatura circular principal G – Grau da curva circular principal AC – Ângulo central da concordância TE – Tangente-Espiral (passagem da tangente para espiral) Logo, teremos dois arcos de transição, simetricamente dispostos, um no inicio e outro no final da concordância, e um arco de curva circular central, que será denominado curva circular principal, entre os dois ramos de transição. FIGURA 4.3 – Elementos geométricos em uma concordância horizontal com transição PI – Ponto de Interseção Δ – Deflexão R – Raio da curvatura circular principal G – Grau da curva circular principal AC – Ângulo central da concordância TE – Tangente-Espiral (passagem da tangente para espiral) EC – Espiral-Curva (passagem da espiral para o trecho circular) CE – Curva-Espiral (passagem do trecho circular para a espiral) ET – Espiral-Tangente (passagem da espiral para a tangente) L – Amplitude ou comprimento da transição Lc – Amplitude da curva circular principal Δc – Ângulo central da curva circular principal I – Ângulo central da transição Te – Tangente externa da concordância Podemos classificar os elementos acima em independentes e dependentes Elementos independentes: Δ, R e L. Os elementos independentes são aqueles que definem a concordância e são da livre escolha do projetista. Entretanto, os valores de Δ, R e L apresentam uma relação de dependência entre si. 4.1.2.1 Comprimento de transição Ao longo de sua extensão, a curva de transição deve proporcionar uma variação gradual e suave da aceleração centrifuga para o veículo que se desloca ao longo das extremidades da concordância, de forma tal que, em cada ponto, a superelevação seja adequada à solicitação transversal. Para tal, é necessário que a variação da aceleração centrípeta não ultrapasse uma taxa máxima, para que haja segurança e conforto. A essa taxa máxima corresponderá um comprimento mínimo de transição. Comprimento mínimo de transição São três os critérios mais utilizados para estabelecer o comprimento mínimo de transição: 1 – Critério dinâmico: consiste em estabelecer a taxa máxima de variação da aceleração centrípeta por unidade de tempo (J). J = = ²// = . em que Ls = . Na condição mais desfavorável, quando J = Jmáx e V = Vp tem-se Lsmin = . A experiência internacional estabeleceu para J o valor máximo de 0,6 m/s²/s. Substituindo o valor de J e transformando a velocidade para Km/h, temos: Lsmin = _0,036 . Vp3_ Rc Lsmin – comprimento de transição mínimo (m) Vp – velocidade de projeto (km/h) Rc – raio da curva circular (m) 2 – Critério de tempo: estabelece o tempo mínimo de dois segundos para giro do volante e, conseqüentemente para o percurso da transição. Lsmin = 2 . Vp → transformando as unidades temos → Lsmin = Vp/1,8 Lsmin – comprimento de transição mínimo (m) Vp – velocidade de projeto (km/h) 3 – Critério estético: estabelece que a diferença de greide entre a borda e o eixo não deve ultrapassar um certo valor, que depende da velocidade de projeto. Lsmin = e . lf / (0,9 – 0,005 . Vp) para Vp ≤ 80 km/h Lsmin = e. lf / (0,71 – 0,0026 . Vp) para Vp ≥ 80 km/h Lsmin – comprimento de transição mínimo (m) Vp – velocidade de projeto (km/h) e – superelevação (%) lf – largura da faixa (m) Comprimento máximo de transição Lsmax = AC . Rc para Lsmax e Rc em metros e AC em radianos LsMax = _π . AC . Rc_ para Lsmax e Rc em metros e AC em graus 180 Comprimento desejável de transição Lsdes = _0,07 . V3_ Rc Tabela 4.3 – Comprimento mínimo de transição L (m) (instruções DNIT) V(km/h) 30 40 50 60 70 80 90 100 120 L (m) 20 20 30 30 40 40 50 60 70 Tabela 4.4 – Comprimento mínimo de transição (m) para pista de 7,20m (critério AASHTO) e Velocidade Diretriz (km/h) % 30 40 50 60 70 80 90 100 2 10 15 15 15 15 15 15 20 4 20 20 25 25 25 30 30 35 6 30 35 35 40 40 45 45 50 8 40 45 45 50 55 55 60 65 10 50 55 60 60 65 70 75 80 12 65 65 70 75 80 85 90 100 4.1.2.2 – Elementos da curva horizontal com transição4.1.2.2 – Elementos da curva horizontal com transição4.1.2.2 – Elementos da curva horizontalcom transição Θs = . Xs = Ls 1 − + −⋯ Ys = Ls − + −⋯ Q = Xs – Rc . senθs p = Ys – Rc . (1 – cosθs) TT = Q + (Rc + p) . tg Dc = (AC – 2 . θs) . Rc E = (Rc + p)/cos (AC/2) – Rc TL = Xs – Ys cotgθs TC = Ys/senθs 4.1.2.3 – Cálculo das estacas notáveis TS = PI – TT SC = TS + Ls CS = SC + Dc ST = CS + Ls Tabela 4.5 – Tabela de locação para curva espiral Estaca Corda (m) L (m) Θ (rad) X (m) Y (m) Deflexão (graus) Deflexão (grau,min) NTS + fTS 0 0 0 0 0 0 0 NTS + 1 20 - fTS 20 - fTS fórmula fórmula fórmula arctg X/Y NTS + 2 20 40 - fTS fórmula fórmula fórmula arctg X/Y NTS + 3 20 60 - fTS fórmula fórmula fórmula arctg X/Y NSC + fSC fTS Ls θs Xs Ys ds Θs = . . X = L 1 − + −⋯ Y = L − + −⋯ d = arctg Y/X 4.1.2.4 - Curvas Horizontais com Transição Assimétrica Curvas horizontais com espirais não simétricas são curvas circulares com transição, nas quais o comprimento escolhido para a transição de entrada é diferente do comprimento da transição de saída, isto é, em vez de a curva ter um Ls único para as duas transições, a transição de entrada tem um comprimento Ls1 e a de saída, um comprimento Ls2. Curvas desse tipo são desaconselhadas em traçados de estradas, sendo usadas apenas em casos especiais. X = L 1 − + −⋯ Y = L − + −⋯ d = arctg Y/X 4.1.2.4 - Curvas Horizontais com Transição Assimétrica Curvas horizontais com espirais não simétricas são curvas circulares com transição, nas quais o comprimento escolhido para a transição de entrada é diferente do comprimento da transição de saída, isto é, em vez de a curva ter um Ls único para as duas transições, a transição de entrada tem um comprimento Ls1 e a de saída, um comprimento Ls2. Curvas desse tipo são desaconselhadas em traçados de estradas, sendo usadas apenas em casos especiais. X = L 1 − + −⋯ Y = L − + −⋯ d = arctg Y/X 4.1.2.4 - Curvas Horizontais com Transição Assimétrica Curvas horizontais com espirais não simétricas são curvas circulares com transição, nas quais o comprimento escolhido para a transição de entrada é diferente do comprimento da transição de saída, isto é, em vez de a curva ter um Ls único para as duas transições, a transição de entrada tem um comprimento Ls1 e a de saída, um comprimento Ls2. Curvas desse tipo são desaconselhadas em traçados de estradas, sendo usadas apenas em casos especiais. 1ª Transição Θs1 = . Xs1 = Ls1 1 − + −⋯ Ys1 = Ls1 − + −⋯ Q1 = Xs1 – Rc . senθs1 p1 = Ys1 – Rc . (1 – cosθs1) TT1 = Q1 + (Rc + p1) . tg + Δp/sen AC 2ª Transição Θs2 = . Xs2 = Ls2 1 − + −⋯ Ys2 = Ls2 − + −⋯ Q2 = Xs2 – Rc . senθs2 p2 = Ys2 – Rc . (1 – cosθs2) TT2 = Q2 + (Rc + p2) . tg – Δp/sen AC Dc = Rc . (AC – θs1 – θs2)