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HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO2 Apresentação do Professor Queridos Alunos, meu nome é Frank Bahia, Sou Médico Formado pela UFRN, Residência em Clínica Médica pela USP-SP e Hematologia e Hemoterapia também na USP! Desde a graduação, durante o concorrido estágio da Policia Militar, me apaixonei pela interpretação do Hemograma, as doenças Hematológicas… E durante a minha jornada, desenvolvi um método de diagnosticar e tratar bem os pacientes, com a ajuda do Hemograma! E vim aqui falar isso aqui para vocês. Vamos juntos? Prof. Frank! HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO1 1. 2. conferir: O hemograma é normal? Nome, idade, data de coleta, laboratório (é de confiança?), foi feito microscopia e checagem de lâmina por profissional capacitado? Dica prática: tente esquecer momentaneamente a clínica do pa- ciente e raciocinar em cima dos diagnósticos do hemograma. Por exemplo: leucemia aguda, apesar de seu exuberante quadro clínico, o hemograma é plenamente diagnóstico. Os reticulócitos (hemácias jovens, quase maduras), podem vir revelados em máquinas de he- mograma mais modernas (ou na questão da prova), mas geralmente devem ser soliticados a parte em conjunto com Hemograma). Se sim, não é exclusão de doença hematológica (raciocine com a clínica, exame físico, laboratório e evolução do hemograma!) o exemplo clássico, é o paciente com anemia do sangramento hiperagudo, em que não houve tempo do organismo e da terapia diluir os glóbulos vermelhos (a perda sanguínea é de sangue total!!!) HEMOGRAMA PASSO A PASSO - 2 @FRANKFILHO 4. A partir de agora, entrará o raciocínio hematológico (e o conheci- mento do médico!!!) propriamente dito: A) Alguma alteração do hemograma é diagnóstica? Exem- plo: leucocitose com desvio a esquerda não escalonado e hiato leucêmico (leucócitos 100.000 blastos 90% 0-0-0-0 segmentado 5% 5% linfócitos) >>> leucemia aguda. Ou há anemia com hemácias em foice Hb 7,0 e microscopia com hemácias em foice (ou depranócitos) 3. O Hemograma tem alteração? raciocínio hematológico Se sim, destaque todas alterações encontradas no exame! Perceba que até aqui estamos diante de português, matemática e compa- ração entre valores de referência e os do paciente. HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO3 B) Há diagnósticos secundários que apareceram após a aná- lise de todas as alterações? Exemplo 1: O achado de ane- mia, leucopenia e plaquetopenia, trazem um diagnóstico de PANCITOPENIA. O achando de pancitopenia ganha im- portância destacando síndrome de falência medular (me- canismo de diminuição de produção de células! Há neces- sidade de análise de medula óssea??? Exemplo 2: o achado de formas jovens de eritrócitos e leucócitos no sangue pe- riférico, trazem à tona a o diagnóstico de reação leucoeri- troblástica (observem que a própria etimologia as palavra traz esse diagnóstico ao médico ou estudante). Essa altera- ção, é altamente sugestiva de infiltração da medula óssea por neoplasia sólida, neoplasia hematológica, fibrose de medula óssea (uma neoplasia mielóide crônica). É bem as- sociado ao achado de dacriócitos (hemácias em lágrimas). Exemplo 3: anemia hemolítica (hemólise pelo hemogra- ma isoladamente podem apontar: macrocitose, presença de formas caraterísticas de hemácias e reticulocitose) e plaquetopenia e a presença de esquizócitos (fragmentos formas estranhas de hemácias), corroboram o diagnóstico de anemia hemolítica microangiopática (mais uma vez o diagnóstico secundário é fortemente sugestivo: hemólise na microcirculação com fragmentos de hemácias e consu- mo de plaquetas), condição médica não tão frequente, mas delicado, pelas doenças graves associadas a esse achado. C) Enumere os diagnósticos diferenciais de cada alteração do hemograma identificada no ITEM 3!!! Muitas vezes o diagnóstico aparecerá nessa fase. No início parecerá difícil, mas com essa sequência, o aprendiz ampliará sua capa- cidade de detectar doenças hematológicas, facilitando os diversos diagnósticos. Quanto mais alteração o hemogra- ma apresentar, mais pistas diagnósticas teremos Exemplo HEMOGRAMA PASSO A PASSO - 4 @FRANKFILHO 1: imagine um hemograma de uma. Ulher de 30 anos com Anemia normocítica isolada: Hb 9,5 VCM 82 essa informa- ção, nos traz o diagnóstico de anemia. Caberá ao médico, refazer a anamnese (muitas vezes após o achado de ane- mia, vamos perguntar como anda o ciclo menstrual, se tem restrição dietética ou se fez cirurgia bariátrica (riscos conhecidos para anemia ferropriva). Agora imagine se esse hemograma traz Hb 9,5, VCM 72 (80-100), e RDW 19% (10- 15%) e plaquetas de 600.000 e descrição de hipocromia ++. Agora, o investigador tem as informações de anemia, mi- crocitose, anisocitose e plaquetose (uma das causas é ane- mia ferropriva). 5. Nesse momento que já temos hipóteses diag- nósticas pelo exame, habitue-se complementar a anamnese: refaça perguntas após a análise do exame! No caso ainda da anemia ferropriva, examine boca a procura de queilite angular, olhe se há unhas em colher (coiloníquina), correlacione o valor de hemoglobina com a palidez cutâneo mucosa. Pergunte sobre hábito intestinal de homens e pessoas acima de 50 anos, já que anemia ferropriva pode ser secundária a perda TGI e os tumores de estômago e cólon ganham importância devido à alta incidência! A colonoscopia e endoscopia digestiva alta po- dem ser mandatórios nesses pacientes refaça perguntas HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO5 6. 7. clínica do paciente laboratório complementar Há casos em que a clínica do paciente vai ser determinante para o diagnóstico e conduta hematológicas. Exemplo clássico hemo- grama revelando 50.000 leucócitos com desvio a esquerda ESCA- LONADO (hierarquia de maturação preservada) até mielócitos. Precisaremos da clínica para formular a hipótese de infecção bac- teriana grave (na prática clínica, haverá febre, dor local, clínica de pnemomonia ou abscesso peritoneal, sinais de sepse, aumento de PCR, e suspeita de infecção grave com possível indicação de ima- gem e/ou intervenção cirúrgica: drenagem?) ou leucemia mielói- de crônica (paciente assintomático ou pouco inflamado que pode seguir investigação hematológica eletiva ambulatorial. Agora que já temos hipóteses clínicas e de hemograma, solicite ou avalie o laboratório complementar ou parecer da equipe HE- MATOLÓGICA: reticulócitos, bioquímica completa, coagulogra- ma, sorologias, imagem etc... HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO6 8. vá além! Vá além do diagnóstico ou mesmo que não tenha um diagnósti- co ainda (é relativamente comum não termos o diagnóstico após todo esse passo a passo). No entanto, é preciso ter noção de gra- vidade das doenças clínicas e hematógicas diversas. É fundamen- tal avaliar a clínica e os sinais vitais do paciente (esses serão bem mais importantes que qualquer exame em si ou diagnóstico em si. Tenha noção da necessidade de transfusão de hemácias ou ou- tros hemocomponentes, de antimicrobianos de amplo espectro, de internação imediata (as vezes em unidade de terapia intensi- va), ou ambulatorial!!! HEMOGRAMA PASSO A PASSO - @FRANKFILHO7 Agora Dr. Frank vai fazer um resumo de tudo que ele falou e mostrar uma aplicação prática. https://www.youtube.com/watch?v=l2B3Ke5MC9c https://www.youtube.com/watch?v=l2B3Ke5MC9c