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Váldina Gonçalves da Costa Introdução Pontos e retas: defi nições, exemplos e propriedades Capítulo 4 Caro(a) aluno(a). Neste capítulo, iniciaremos uma caminhada no campo da geometria analítica básica. Começaremos refl etindo sobre um dos temas centrais desta: o ponto, que é visto como elemento da geometria analítica. Além de estudarmos sobre o ponto, analisaremos algumas situações em que se encontram esse importante objeto. Em seguida, abordaremos o estudo das retas, bem como as diferentes formas de representá-las e algumas propriedades que as envolvem. Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que você esteja apto(a) a: • identifi car o plano cartesiano e representar pontos neste plano; • calcular a distância entre dois pontos e o ponto médio de um segmento; • analisar, por meios analíticos, a condição de alinhamento entre três pontos quaisquer; Objetivos 112 UNIUBE • identificar quando três pontos quaisquer, poderão ou não, ser vértices de um triângulo; • determinar os diferentes tipos de representações de equações de retas no plano; • analisar quando duas ou mais retas são paralelas; • analisar quando duas retas são perpendiculares; • determinar o ângulo entre duas retas quaisquer; • visualizar e calcular a distância de um ponto qualquer a uma reta; • calcular a área de um triângulo, utilizando as coordenadas de seus vértices; • utilizar a fórmula da distância entre ponto e reta na determi- nação da distância entre duas retas paralelas; • resolver inequações e sistemas de inequações do primeiro grau a duas incógnitas, utilizando representação gráfica. 4.1 Ponto, plano cartesiano e retas 4.2 Plano cartesiano 4.3 Representação de um par ordenado no plano cartesiano 4.4 Distância entre dois pontos 4.5 Ponto médio de um segmento 4.6 Retas: uma condição de alinhamento 4.7 Retas paralelas e retas perpendiculares 4.8 Retas perpendiculares 4.9 Ângulo entre retas 4.10 Distância entre ponto e reta 4.11 Área de um triângulo 4.12 Inequações do 1º grau a duas incógnitas Esquema UNIUBE 113 Ponto, plano cartesiano e retas4.1 Na maioria dos temas abordados nos conteúdos matemáticos, utiliza- se a noção intuitiva de ponto. Nessa perspectiva, é muito importante que você dedique uma atenção especial a este tema, e que saiba da importância do conhecimento do mesmo para a sua formação, seja na área de matemática ou em qualquer área afim. O que seria da matemática sem o elemento ponto? Mais precisamente, o que seria da geometria e das funções, sem esse elemento? O estudo da geometria analítica se inicia com o estudo dos pontos. Antes, porém, é necessário que saibamos definir o que é geometria analítica. Para que você possa formular uma definição de geometria analítica, deverá, primeiramente, pesquisar estas duas palavras: “geometria” e “analítica”. PESQUISANDO NA WEB Provavelmente, você deve ter encontrado algo como: Tais definições estão corretas, mas, matematicamente, temos: Geometria analítica é o ramo da ciência que estuda a geometria utilizando meios algébricos. 114 UNIUBE Observe que estudar algebricamente a geometria significa fazer uma análise sobre os objetos geométricos, como as linhas, polígonos e outros, portanto, ambas definições estão corretas e coerentes. Acredita-se que o primeiro matemático que introduziu meios algébricos à geometria, e, portanto, podemos dizer criador da geometria analítica, foi René Descartes. Um dos mais antigos e intrigantes problemas, relacionado à geometria analítica é o seguinte: dada uma equação qualquer, podemos representá- la por uma linha, isto é, por uma reta? E caso não seja, podemos chegar próximo de sua representação por segmentos de reta? Ou ainda, dada uma reta definida geometricamente, podemos obter a equação correspondente a essa reta? Tais respostas são possíveis de se concluir por meio da geometria analítica. SAIBA MAIS Para compreendermos retas, devemos, primeiramente, estudar o ponto, visto que uma reta nada mais é do que um conjunto infinito de pontos alinhados. Sendo assim, vamos lá: Seja uma reta OX qualquer. Veja a Figura 1 a seguir: Figura 1: Reta. Podemos adotar uma unidade de medida, e por esta unidade, considerarmos uma oradem sobre a reta OX . UNIUBE 115 Adotando o milímetro (mm) como unidade de medida e considerando o ponto inicial sendo 0, temos: 1ª situação: se x estiver à direita e a 5 mm de 0 x será igual a 5 2ª situação: se x estiver à esquerda e a 3 mm de 0 x será igual a -3 Neste sentido, à direita de 0, temos x positivo e à esquerda de 0, temos x negativo. EXEMPLIFICANDO! Bom, se todos os pontos existentes no plano pudessem ser representados sobre uma mesma reta, tal construção já nos possibilitaria estudar todas as situações geométricas possíveis. Entretanto, isso não é verdade, por exemplo, veja a Figura 2, a seguir: Figura 2: Formação do triângulo a partir de retas. Embora seus vértices sejam pontos, não conseguiríamos estudar algebri- camente as propriedades entre estes elementos, apenas com uma reta, pois os mesmos, dois a dois, pertencem a retas distintas, chamadas de retas suportes. 116 UNIUBE Sendo assim, precisamos introduzir uma nova reta em nosso sistema, surgindo, assim, o famoso plano cartesiano. Plano cartesiano4.2 Considere duas retas OX e OY , ortogonais, em que o ponto de interseção é o O. Veja a Figura 3 a seguir: Figura 3: Ponto de interseção. A orientação sobre a reta OY é a seguinte: acima de 0, temos y positivo; abaixo de 0, temos y negativo. Portanto, se pegássemos o nosso ABC∆ anterior e colocássemos dois de seus vértices sobre o eixo OX , digamos, o ponto B à direita de 0, 1mm, e o ponto C também à direita de 0, 4mm, teríamos para o primeiro ponto 1x = e para o segundo ponto 4x = . UNIUBE 117 Mas, e o terceiro ponto? Se soubéssemos que o terceiro ponto estivesse a 2,5mm à direita de 0 e acima 3mm de 0, saberíamos que: o vértice A teria o 2,5x = e o 3y = . o vértice B teria o 1x = e o 0y = . o vértice C teria o 4x = e 0y = . A notação para a representação destes pontos é a seguinte: (2,5;3)A ; (4,0)C e (4,0)C . Veja a construção deste triângulo no plano cartesiano, na Figura 4. Figura 4: Triângulo no plano cartesiano. O x de cada ponto, assim denotado, recebe o nome de abscissa do ponto e o y recebe o nome de ordenada do ponto. Nossas construções nos levam ao seguinte resultado: dado um ponto P do plano qualquer, conseguimos fazer corresponder este ponto ao plano cartesiano, levando em consideração a orientação positiva e negativa, conforme dita anteriormente, da seguinte forma, na Figura 5: 118 UNIUBE Figura 5: Ponto no plano cartesiano. Verificamos, então, que, dado um par ordenado ( , )x y , podemos representá-lo, no plano cartesiano, por um ponto. 4.3 Representação de um par ordenado no plano cartesiano Passamos por x , sobre a reta OX , uma reta s paralela ao eixo OY e passamos por y , sobre a reta t , uma reta t paralela ao eixo OX . O ponto de interseção entre estas equivale à representação geométrica e analítica do par ordenado ( , )x y . Vejamos na Figura 6: Dado o ponto ( 1, 2)P − , vamos representá-lo no plano cartesiano. Figura 6: Representação no plano cartesiano. UNIUBE 119 Atividade 1 Represente no plano cartesiano, os pontos: (3, 2)A , (5, 2)B − , ( 1,3)C − , ( 2,0)D − e ( 2, 3)E − − . AGORA É A SUA VEZ Bem, neste momento, já sabemos como representar um ponto. Mas, qual a sua definição? Ponto é algo que sabemos que existe, conseguimos, na maioria dos casos, representá-lo, mas não temos a definiçãoexata do que é. Sua beleza e riqueza são tão ímpares, que até a própria definição, por um dos matemáticos mais brilhantes, eu diria que é um pouco abstrata. Segundo Euclides, em um dos 13 livros de sua autoria, intitulado por Elementos de Euclides, define ponto da seguinte forma: “Aquilo que não possui nenhuma parte”. CURIOSIDADE Procurando complementar um pouco mais o nosso estudo do plano cartesiano, vejamos mais uma propriedade deste sistema de eixos coordenados. No plano cartesiano, Figura 7, temos 4 partes denominadas de quadrantes. Suas identificações são dadas considerando a orientação, começando da direita e acima, da reta OX , no sentido anti-horário. 120 UNIUBE Figura 7: Representação no plano cartesiano. Sendo assim, dado um ponto ( , )P x y qualquer, sua localização quanto aos quadrantes será: 1º 0 0∈ ↔ > >P Q x e y P pertence ao primeiro quadrante se, e somente se, a abscissa for positiva e a ordenada positiva. 2º 0 0∈ ↔ P Q x e y P pertence ao segundo quadrante se, e somente se, a abscissa for negativa e a ordenada positiva. 3º 0 0P Q x e y∈ ↔ e 0y > , assim temos: Figura 8: Representação sem perda de generalidade. Assim, 2 1 2 1| |ABd x x x x= − = − , ou seja, a distância de 2x à origem, menos a distância de 1x à origem, caso 2 1x x> . E se 1 2x x> , seria a distância de 1x à origem menos a distância de 2x à origem, isto é, independentemente dos valores de 1x e de 2x , temos: 2 1| |ABd x x= − . 2ª Situação: De forma análoga, conclui-se que, se 1( , )A x y e 2( , )B x y , temos que 2 1| |ABd y y= − . Veja a construção, na Figura 9, a seguir: 124 UNIUBE Figura 9: Representação no plano cartesiano. 3ª situação: Agora, observe a situação apresentada a seguir: Figura 10: Representação no plano cartesiano. Pela representação, temos: 1 1( , )A x y , 2 2( , )B x y e 2 1( , )C x y , em que o ABC∆ , é retângulo em C . UNIUBE 125 Pela 1ª situação, temos: 2 1| |ACd x x= − . Pela 2ª situação, temos: 2 1| |BCd y y= − . Como ABd é a hipotenusa do ABC∆ , temos, pelo teorema de Pitágoras, que: 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 1 | | | | ( ) ( ) ( ) ( ) AB AC BC AB AB d d d d x x y y x x y y d x x y y = + → = − + − = = − + − → = − + − Vale a pena observar que esta fórmula é válida inclusive para as situações 1 e 2. Desta forma, temos que a distância entre os pontos 1 1( , )A x y e 2 2( , )B x y será: 2 2 2 1 2 1( ) ( )= − + −ABd x x y y Atividade 5 Sendo (3,1)A , (4, 4)B − e ( 2, 2)C − vértices de um triângulo, determine a medida de seus lados e classifique-o quanto aos mesmos. Atividade 6 Determine a distância do ponto (6, 8)P − à origem. Atividade 7 Calcule o perímetro do triângulo, cujos vértices são os pontos (3, 4)A , ( 2, 4)B − e (2, 2)C . Atividade 8 Um veículo parte do ponto A e move-se 4 km para o leste, atingindo o ponto B . Em seguida, move-se 3 km para o norte, atingindo o ponto C .Nestas condições, determine qual é a distância em que o veículo se encontra do ponto de partida? Aponte qual foi a distância percorrida neste trajeto. AGORA É A SUA VEZ 126 UNIUBE Ponto médio de um segmento4.5 Vejamos, agora, como podemos determinar o ponto médio de um segmento dado por dois pontos. Sejam ( , )A AA x y e ( , )B BB x y pontos extremidades do segmento AB . Queremos determinar as coordenadas do ponto M pertencentes a este segmento, equidistante de A e de B , ou seja, o ponto médio do segmento AB . Sendo assim, vejamos esta situação, no plano cartesiano, na Figura 11: Figura 11: Determinando coordenadas do ponto M. Utilizaremos, neste momento, alguns conceitos abordados nos capítulos anteriores referentes às funções trigonométricas. Analisando o ADM∆ , temos MD AM dsen d = e analisando o ABC∆ , temos BC AB dsen d = . Como 2AB AMd d= , temos: MD AM d d 2 BC BC AB AM d d d d = = , ou seja, 2 BCMD AM AM dd d d = , o que nos leva a concluir que 2 MD BCd d= . UNIUBE 127 Usando a distância entre estes pontos, temos que 2( )m A B Ay y y y− = − e, assim, 2 2m A B Ay y y y= + − , implicando, 2 A B m y yy + = . Por outro lado: Analisando o ADM∆ , temos cos AD AM d d = e analisando o ABC∆ , te- mos cos AC AB d d = . E, como sabemos que 2AB AMd d= , temos: AD AM d d 2 AC AC AB AM d d d d = = , ou seja, 2 ACAD AM AM dd d d = , o que nos leva a concluir que 2 AD ACd d= . Usando a distância entre estes pontos, temos que 2( )m A B Ax x x x− = − , e assim, 2 2m A B Ax x x x= + − , implicando, 2 A B m x xx + = . Logo, o ponto médio ( , )m mM x y procurado será , 2 2 A B A Bx x y yM + + . Bom, na construção anterior, consideramos o segmento AB não pa- ralelo aos eixos OX (eixo das abscissas) e OY (eixo das ordenadas); sendo assim, faça as atividades 9 e 10, a seguir, sobre o ponto mé- dio de um segmento horizontal. Atividade 9 (Caso particular de ponto médio de um segmento – segmento horizontal.) AGORA É A SUA VEZ 128 UNIUBEComplete ou responda ao que se pede, em cada passo a seguir: Passo 1: Considere o segmento AB , paralelo ao eixo OX , assim temos ( , ___)AA x e ( , ___)BB x . Passo 2: Considere ( , )m mM x y o ponto médio deste segmento, logo, temos: ________AMd = Passo 3: Como ________AMd = e ________BMd = , e como AM BMd d= , temos que: 2 2 2 2( ) ( ) ( ) ( )m A m Bx x y y x x y y− + − = − + − . O que implica em 2 2( ) ( )m A m Bx x x x− = − . Passo 4: Lembrando que 2x x= , temos que: 2( ) | ________ |m Ax x− = e 2( ) | ________ |m Bx x− = . Sendo assim, | | | |m A m Bx x x x− = − . UNIUBE 129 Passo 5: Assim, m A m B A Bx x x x x x− = − → = , ou, ( ) 2m A m B mx x x x x− = − − → = . Passo 6: Neste caso, temos: ,M y . Passo 7: Compare o resultado encontrado, utilizando a fórmula para o ponto médio M . Tal fórmula se aplica neste caso abordado na atividade 9? Justifi que sua resposta. Atividade 10 (Caso particular de ponto médio de um segmento – segmento vertical.) Se o segmento AB for paralelo ao eixo OY , repita os passos da atividade 9, com as apropriadas adaptações, para concluir que, neste caso, o ponto médio é dado por , 2 A By yM x + . 130 UNIUBE Atividade 11 Encontre os pontos médios dos lados do triângulo, cujos vértices são os pontos, ( 2,1)A − , (4,3)B e (0,1)C . Atividade 12 As coordenadas do ponto médio do segmento AB são ( 1, 2)− . Calcule as coordenadas do ponto B , sabendo que as coordenadas do ponto A são (2,5) . Atividade 13 Dado o ABC∆ , cujos vértices são (2,3)A , (4, 2)B − e (0, 6)C − , determine o comprimento da mediana AM deste triângulo. Lembre-se: a mediana AM , do ABC∆ , é o segmento cujas extremidades são: o vértice A e o ponto médio do segmento BC . Atividade 14 Sabendo que o ponto médio do segmento AB é ( )10, 4− , e que as coordenadas de A são ( )4,x y+ e de B são ( )2, 8x y− + , encontre os valores de x e de y . Retas: uma condição de alinhamento4.6 Antes de iniciarmos este estudo, relembre o que você entende por uma reta. Identifique, também, quais dados são necessários para definir a equação de uma reta. Faça as anotações no seu caderno. RELEMBRANDO UNIUBE 131 Provavelmente, dos estudos da geometria plana, você deve se lembrar que, para definir uma reta, precisamos de dois pontos distintos, não é mesmo? E por que não somente um? Se tivéssemos apenas um ponto, qual seria a reta que passa por este ponto? Observe a representação gráfica da Figura 12 desta situação: Figura 12: Representação gráfica de algumas das possíveis retas que passam pelo ponto P. Claramente, percebe-se que, pelo ponto P, poderiam passar infinitas retas, o que não nos proporcionaria determinar a reta que passa por este ponto, já que esta não é única. Mas, se tivéssemos dois pontos P e Q distintos, a situação seria diferente. Veja, a seguir, a representação gráfica na Figura 13 desta situação: Figura 13: Representação gráfica de uma reta r que passa pelo ponto P e pelo ponto Q. 132 UNIUBE Neste caso, é possível perceber que a única reta que passa por P e Q ao mesmo tempo será a reta representada pela letra r. Sendo assim, precisamos no mínimo de dois pontos distintos para determinar uma reta. Vimos, anteriormente, que uma das principais motivações de se estudar os pontos é que todos os objetos geométricos existentes são formados por eles e, dentre esses, temos a reta, ou seja, a reta é um conjunto de pontos, como também é o plano cartesiano, os gráficos das funções, entre outros tantos objetos de estudo na matemática. Agora, vamos estudar as condições para chegarmos à equação de uma reta. Condição de alinhamento entre três pontos Dados dois pontos distintos quaisquer, a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ) ,a reta que contém (ou passa por) estes dois pontos seria o conjunto de todos os pontos colineares a estes dois, ou seja, precisamos determinar todos os pontos que são alinhados a estes dois. Com isto, em relação à disposição destes no plano cartesiano, temos três situações diferentes, vejamos: 1ª Situação A e B possuindo abscissas iguais, isto é, aA(a,y ) e bB(a,y ) . Veja a representação na Figura 14: Colinear Diz-se dos pontos que estão situados sobre uma mesma linha reta. UNIUBE 133 Figura 14: Representação de dois pontos A e B com abscissas iguais. Pela representação da Figura 14, é possível perceber que um ponto c cC(x ,y ) estará alinhado aos pontos aA(a,y ) e bB(a,y ) se, e somente se, este também possuir abscissa igual, ou seja, suas coordenadas deverão ser cC(a,y ) . Vejamos isto, graficamente, na Figura 15: Figura 15: Representação do ponto C com abscissa igual a dos pontos A e B. Nestas condições, podemos concluir que: “Três pontos distintos que possuem abscissas iguais são colineares.” 134 UNIUBE 2ª Situação A e B possuindo ordenadas iguais, isto é, aA(x ,b) e bB(x ,b) . Veja, a seguir, na Figura 16, a representação: Figura 16: Representação de dois pontos A e B com ordenadas iguais. Observando a figura anterior, é possível perceber que, para que um ponto c cC(x ,y ) esteja alinhado aos pontos aA(x ,b) e bB(x ,b) , é necessário que sua ordenada também seja igual a destes pontos, ou seja, suas coordenadas deverão ser cC(x ,b) como na Figura 17. Figura 17: Representação do ponto C com ordenada igual a dos pontos A e B. UNIUBE 135 E, assim, temos a seguinte conclusão: “Três pontos distintos que possuem ordenadas iguais são colineares.” E, finalmente, temos a terceira situação. 3ª Situação A e B possuem abscissas e ordenadas diferentes, isto é, a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ) , com ≠a bx x e ≠a by y . Podemos supor, sem perda de generalidade, que os pontos estejam no primeiro quadrante, pois, caso contrário, a construção que será abordada aqui, também poderia ser aplicada. Vejamos a situação, com a consideração anterior, graficamente, na Figura 18: Figura 18: Representação de dois pontos A e B com abscissas e ordenadas diferentes. Neste caso, não é possível tirar nenhuma conclusão diretamente sobre as coordenadas do ponto c cC(x ,y ) , para que este esteja alinhado aos pontos a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ) . Assim, vejamos qual será a condição para que isso aconteça. Representemos graficamente, na Figura 19: 136 UNIUBE Figura 19: Representação do ponto C com ordenada e abscissa diferentes as dos pontos A e B. Observe que, na representação da Figura 19, localizamos o ponto c cC(x ,y ) sobre um segmento que contém os pontos A e B. E, neste caso, podemos considerar inclusive o segmento AB . Utilizando os conhecimentos de Geometria, em particular os de Trigonometria, vamos considerar mais dois pontos neste plano: c aD(x ,y ) e b aE(x ,y ) . Observe a construção a seguir, na Figura 20: Figura 20: Representação dos pontos D e E juntamente com a construção. UNIUBE 137 Observe que na construção anterior, destacam-se dois triângulos: ∆ACD e ABE∆ . Considerando o ângulo  comum aos dois triângulos, temos: No ∆ACD : ˆ c a c a y - ytg A= x - x NoABE∆ : ˆ b a b a y - ytg A= x - x Portanto, ( )( ) ( )( )→ →c a b a b a c a c a b a c a b a y - y y - y= x - x y - y = x - x y - y x - x x - x →b c b a a c a a c b c a a b a ax y - x y - x y + x y = x y - x y - x y + x y →b c b a a c a a c b c a a b a ax y - x y - x y + x y - x y + x y + x y - x y = 0 b c b a a c c b c a a bx y - x y - x y - x y + x y + x y = 0 Essa é a condição para que os três pontos a aA(x ,y ), b bB(x ,y )e c cC(x ,y ) estejam alinhados. Entretanto, nem sempre tal fórmula é fácil de ser lembrada quando precisamos aplicá-la, por isso, veremos uma forma alternativa e de fácil memorização, que você poderá utilizar sempre que for preciso verificar se três pontos distintos são ou não colineares. Tal forma utiliza o objeto matemático chamado de determinante e, mesmo que você neste curso, ainda não tenha visto como se obtém o determinante de uma matriz; faremos uma abordagem simples e resumida de como se obtém o determinante, particularizando apenas o caso que precisaremos neste momento. Para esta explicação, utilizaremos um exemplo. Considere um quadro formado por números, dispostos por linhas e colunas. Tal quadro recebe o nome de matriz, no nosso caso, três linhas e três colunas, isto é, uma matriz; de três linhas e três colunas: 138 UNIUBE 1 2 5 0 3 2 1 2 4 − − Desprezamos os colchetes, e repetimos, à direita, as duas primeiras colunas desta matriz, veja: 1 2 5 0 3 2 1 2 4 − − 1 2 5 1 2 0 3 2 0 3 1 2 4 1 2 − − − − Imaginemos, agora, setas transversais como as representadas a seguir, e ainda, para as setas que começam da esquerda para a direita, atribuímos o sinal de mais (+) e para as setas que começam da direita para a esquerda, atribuímos o sinal de menos (-), temos a seguinte construção: Agora, para calcular o determinante desta matriz, basta realizar a soma dos produtos dos três números sob as setas, com os respectivos sinais atribuídos a cada seta. No nosso caso, teríamos: +[1×(-3)× 4] + [(-2)×2×1] + [5×0×2] - [5×(-3)×1] - [1×2×2] - [(-2)×0× 4] o que nos daria o determinante igual a -5. UNIUBE 139 Usando a linguagem matemática, se considerarmos a matriz dada sendo a matriz A, teríamos: 1 2 5 0 3 2 det 5 1 2 4 A A − = − → = − Este processo de obtenção de um determinante, apresentado neste exemplo anterior, é conhecido como a Regra de Sarrus. Vale a pena ressaltar aqui, que esta regra só pode ser aplicada em matrizes cujo número de linhas seja três e o de colunas também seja três. Após este rápido e resumido estudo do determinante de matrizes com três linhas e três colunas, estamos prontos para relacionar determinantes com a 3ª condição de alinhamento entre três pontos. Tal relação se procede da seguinte forma: Dado os pontos a aA(x ,y ) , b bB(x ,y ) e c cC(x ,y ) , calculemos o determinante da matriz a a b b c c x y 1 A = x y 1 x y 1 e o igualamos a 0 (zero). Utilizando o processo anterior, temos que: 140 UNIUBE O que nos fornece: b c b a a c c b c a a bx y - x y - x y - x y + x y + x y = 0 . Isto mesmo! É a mesma condição que determinamos anteriormente, só que a obtemos por um caminho mais simples. Veja como aplicamos toda esta teoria na prática, utilizando um exemplo: Verifi que se os pontos A(-1,5) , B(0,7)e C(1,9) são colineares. Conforme vimos, primeiramente, temos que calcular o determinante da matriz 1 5 1 0 7 1 1 9 1 A − = . Se o resultado obtido for igual a zero, signifi ca que os pontos são colineares, senão, os pontos não são colineares. Calculemos o det A . Efetuando os produtos, somando-os e subtraindo-os, temos que: detA = -1×7×1+ 5×1×1+1×0×9 -1×7×1- 9×1×(-1) -1×0×5 detA = -7 + 5 + 0 - 7 + 9 + 0 detA = -14 +14 detA 0= Assim, podemos concluir que os pontos A(-1,5) , B(0,7) e C(1,9) são colineares. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 141 Outra análise que podemos obter desta condição de alinhamento é a possibilidade de identificar quando três pontos distintos quaisquer serão vértices de um triângulo, ou não. Basta lembrar que, para termos um triângulo, são necessários três pontos não colineares. DICAS Generalizando: dados os pontos a aA(x ,y ) , b bB(x ,y )e c cC(x ,y ) , eles serão vértices do ABC∆ se, e somente se , ou o equivalente ao determinante: a a b b c c x y 1 A= x y 1 x y 1 , a aA(x ,y ) , b bB(x ,y ) e c cC(x ,y ) serão vértices do ABC∆ se, e somente se, ≠detA 0 . Embora esta terceira condição de alinhamento entre três pontos, envolven- do determinante, seja equivalente à condição de alinhamento, nos quais os pontos A e B possuem abscissas e ordenadas diferentes, ou seja, a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ) , com ≠a bx x e ≠a by y , o resultado obtido é aplicado nos outros dois casos, em que ou as abscissas ax e bx são iguais, ou em que as ordenadas ay e by são iguais. IMPORTANTE! 142 UNIUBE Atividade 15 Para cada conjunto de três pontos dados a seguir, verifi que quais destes serão vértices de um triângulo: a) ( )-1,-1 , ( )2,2 e ( )5,5 ; b) ( )4,3 , ( )2,4 e ( )5,-1 ; c) ( )0,0 , ( )-3,-2 e ( )2,1 . Atividade 16 Determine o valor de a, para que os pontos ( )1,2 , ( )-3,-2 e ( ),-a a estejam alinhados e, depois, encontre os valores de a, para que os pontos formem triângulos. Como vimos anteriormente, determinar a equação da reta que contenha dois pontos distintos a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ), equivale a encontrar o conjunto de todos os pontos que são colineares aos pontos A e B. Sendo assim, precisamos determinar quais condições deve possuir um ponto qualquer P(x,y) , para que esteja alinhado simultaneamente aos pontos A e B. Vejamos: Se a a b b x y 1 A= x y 1 x y 1 , e para que estes pontos estejam alinhados, queremos que detA= 0 . Utilizando a Regra de Sarrus, temos: AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 143 det 0 0A y y= → − − − + + =b b a a b a a bx x y x xy xy x y ou seja, ( ) ( ) 0y + − =a b b a a b b ay - y x + x - x x y x y Estas equações representam a equação da reta que passa pelos pontos a aA(x ,y ) e b bB(x ,y ) . Atividade 17 Determine a equação da reta que passa pelos pontos ( )1,2 e ( )-3,-2 . Agora, vejamos outras formas de representar a equação de uma reta. 1º Forma: equação geral de uma reta A equação encontrada: ( ) ( ) 0y + − =a b b a a b b ay - y x + x - x x y x y , está em sua forma geral. Para simplificar a expressão, façamos o seguinte: considere ( )a ba = y - y , ( )b ab = x - x e a b b ac = x y - x y . Realizando estas substituições, obtemos a seguinte equação: ax + by + c = 0 . Esta última denomina-se equação geral da reta. Um fato importante e curioso sobre esta equação é que, dada uma reta, sua equação geral não é única; em outras palavras, existem infinitos a, b e c, números reais, cuja equação ax + by + c = 0 ,represente a mesma reta. Vamos, agora, aplicar este conhecimento! Atividade 18 Determine a equação geral da reta que passa pelos pontos dados a seguir: a) A(1,1) e B(2,1) b) A(-2,0) e B(-2,7) c) A(0,2) e B(0,5) d) A(-3,2) e B(1,4) 144 UNIUBE Atividade 19 Os pontos A(-1,2) e B(2,-3) determinam uma reta. Sabendo que o ponto C(-1,m) pertence a esta reta, determine o valor de m. Atividade 20 Considere o ∆ABC , no qual A(1,2) , B(3,4) e C(4,6) . Nestas condições, determine as retas suportes de seus lados. Atividade 21 Determine uma equação geral para as retas representadas grafi camente a seguir: a) b) UNIUBE 145 2ª Forma: equação reduzida de uma reta Considerando a forma geral da reta, definida anteriormente,temos que ax + by + c = 0 . Supondo ≠b 0 , podemos dividir esta equação por b . Veja o que obteremos: 0 0dividindo por b a b cax by c x y b b b + + = → + + = → 0 isolando ya c a cx y y x b b b b + + = → = − − Lembre-se de que b ab = x - x . Considerando am b = − e cn b = − , temos a equação y mx n= + . À equação da reta nesta forma, denominamos equação reduzida da reta. Vejamos, na prática, como é todo esse processo de obtenção da equação reduzida de uma reta. Dados os pontos A(1,2) e B(-2,0) , utilizando o processo descrito anteriormente para determinar a equação geral da reta que passa por estes dois pontos, encontramos a seguinte equação: 2x - 3y + 4 = 0 . Como o coeficiente de y é -3 e é diferente de 0, podemos dividir toda equação por -3 , e, assim, ficamos com: → → → dividindo por -3 isolando y 2 3 42x - 3y + 4 = 0 - x - y - = 0 3 -3 3 2 4 2 4- x + y - = 0 y = x + 3 3 3 3 Esta última equação encontrada é a equação reduzida da reta, na qual podemos perceber que 2m = 3 e 4n = 3 . EXEMPLIFICANDO! 146 UNIUBE Mas, o que significam estes valores m e n ? E, quando b = 0, o que acontece neste caso com a equação reduzida da reta? Estas perguntas poderiam estar passando em sua cabeça neste momento, e suas respostas são importantes. Pensemos juntos: Se b = 0 , isto é b ax - x = 0 , necessariamente estaremos tratando de que tipo de reta? Retas verticais! E, sendo b = 0 , em sua equação geral, não existirá explicitamente y, já que 0y = 0 ; assim, não poderíamos isolá-lo, não é mesmo? Com certeza! E, ainda, já que temos am = - b e cn = - b , sendo b = 0 , os números m e n, não existirão. Verdade! Portanto, podemos concluir que uma reta vertical não possui equação reduzida da forma y mx n= + . Mas, e o outro questionamento, com relação aos valores m e n, o que representam esses coeficientes, com relação à reta? Resolva a próxima atividade e descubra! UNIUBE 147 Atividade 22 Faça o que se pede em cada etapa a seguir: Etapa 1 – determine uma equação geral da reta que passa pelos pontos A(1,6) e B(0,-1) ; Etapa 2 – isole y para determinar a equação reduzida desta reta; Etapa 3 – encontre os valores de m e de n; Etapa 4 – represente a reta no plano cartesiano. Primeiramente, represente os pontos A e B e, em seguida, trace a reta que passa por estes dois pontos; Etapa 5 – considerando os pontos A e B, mais o ponto C(1,-1) , calcule a tangente do ângulo ˆ ˆB (tg B), considerando o ∆ABC , determinado por estes três pontos; Etapa 6 – relacione o resultado obtido, no passo anterior, com o valor de m , obtido na Etapa 3. Escreva o que você pôde concluir. Etapa 7 – fazendo o esboço da reta que passa pelos pontos A e B, o que podemos concluir sobre o ângulo que essa reta forma com o eixo das abscissas e o ângulo B̂ ? Etapa 8 – Nesta situação, identifique o que m representa. Pelo o que ele representa, este coeficiente recebe o nome especial de coeficiente angular ou declividade da reta. Etapa 9 – Agora, considerando ainda a equação reduzida obtida na Etapa 2, e fazendo x = 0 , teremos o valor de y (da ordenada) do ponto em que a reta interceptará o eixo das ordenadas, compare este valor com o valor de n. O que você conclui? AGORA É A SUA VEZ 148 UNIUBE Pelo o que ele representa, n é chamado de coeficiente linear da reta. Após ter realizado a atividade anterior, acreditamos que seja possível perceber a seguinte propriedade envolvendo a reta e sua representação na forma reduzida: “Dada a equação reduzida da reta y = mx + n , αm = tg , em que α é o ângulo formado pela reta e o eixo das abscissas, e n é o coeficiente linear, que nos indica o ponto P(0,n) de interseção da reta com eixo das ordenadas.” Voltando às escolhas feitas envolvendo a equação geral e a equação reduzida da reta, temos: ax + by + c = 0 , em que ( )a ba = y - y , ( )b ab = x - x , a b b ac = x y - x y e y = mx + n , em que am = - b e cn = - b , assim, encontramos fórmulas para determinação, tanto do coeficiente angular como também do coeficiente linear. Veja: ( ) ( ) a b b a b a b a y - y y - yam = - = - = b x - x x - x e ( ) ( ) a b b a b a a b b a b a x y - x y x y - x ycn = - = - = b x - x x - x , Em resumo, temos: b a b a y - ym = x - x e b a a b b a x y - x yn = x - x . Vale ressaltar que estas fórmulas são válidas apenas quando temos uma reta não vertical. Bom, agora é momento de praticar um pouco todos estes conhecimentos, visto por você até o momento. Portanto, vamos às atividades! UNIUBE 149 Atividade 23 Dada a equação geral -x + 3y + 5 = 0 , determine o coefi ciente angular (m) e o coefi ciente linear (n) desta reta. Atividade 24 Determine as equações reduzidas das retas r e s, representadas a seguir: Atividade 25 Seja a reta r determinada pelos pontos A(0,1) e B(k,5) , e que tem coefi ciente angular igual a 2. Nestas condições, pede-se: • o valor de k; • a equação reduzida de r; • o ponto de interseção de r com o eixo das abscissas; • o ponto de interseção de r com o eixo das ordenadas. Neste capítulo, abordaremos somente estas duas formas de represen- tação de retas, mas vale ressaltar que existem outras, como é o caso da Equação Segmentária e a Equação Paramétrica. Dando continuidade ao nosso estudo sobre retas, veremos, agora, as posições relativas à reta, a saber, retas paralelas e retas perpendiculares. 150 UNIUBE Retas paralelas e retas perpendiculares4.7 Sabemos que, geometricamente, existem dois tipos diferentes de paralelismo, que são: retas paralelas distintas e retas paralelas coincidentes, e ainda, geometricamente, sabemos que retas perpendiculares são retas cujo ângulo entre elas é reto, ou seja, possui 90°. Retas paralelas distintas: são retas que não possuem pontos em comum. Retas paralelas coincidentes: são retas nas quais todos os seus pontos são comuns. Estudemos ambos os casos separadamente: 1° caso - 1r e 2r paralelas distintas (Figura 21). Figura 21: Representação das retas paralelas distintas 1r e 2r . Considerando as equações reduzidas das retas 1 1 1r : y = m x + n e 2 2 2r : y = m x + n , e observando as retas anteriores, percebemos claramente que os ângulos formados com o eixo das abscissas são congruentes, UNIUBE 151 por isso é que são paralelas as retas e, assim, já temos a condição de paralelismo, isto é, já que os ângulos são congruentes temos, necessariamente, 1 2m = m , e como são distintas, necessariamente, ≠1 2n n . 2° caso - 1r e 2r paralelas coincidentes (Figura 22). Figura 22: Representação das retas paralelas coincidentes 1r e 2r . Considerando as equações reduzidas das retas 1 1 1r : y = m x + n e 2 2 2r : y = m x + n , e observando as retas apresentadas anteriormente, é possível perceber que os ângulos formados com o eixo das abscissas também são congruentes, e como estas retas são coincidentes, todos os seus pontos também serão, portanto 1 2m = m e, assim, temos a condição de paralelismo neste caso. Já que os ângulos são congruentes, temos necessariamente 1 2m = m e como as retas são coincidentes, temos que ter 1 2n = n . Atividade 26 Determine a equação reduzida da reta r que passa pela origem e que é paralela à reta s : 2x - y + 5 = 0 . AGORA É A SUA VEZ 152 UNIUBE Atividade 27 Encontre os valores de k, para que as retas r : kx - 2y +7 = 0 e s : 8x +12y -15 = 0 sejam paralelas. Atividade 28 Determine a posição da reta r : -x - 2y + 6 = 0 em relação à reta s de equação 5x + 2y - = 0 2 . Retas perpendiculares 4.8 Finalizando este breve estudo sobre retas, abordaremos a condição de perpendicularismo entre duas retas. Sabemos que duas retas são perpendiculares,quando o ângulo formado entre elas é de 90º , ou seja, é um ângulo reto. Primeiramente, vejamos a representação gráfica, na Figura 23 e, em seguida, as propriedades envolvidas nesta condição: Figura 23: Representação gráfica das retas 1r e 2r , perpendiculares. UNIUBE 153 Considerando 1 1 1r : y = m x + n e 2 2 2r : y = m x + n , representadas grafica- mente na Figura 23, temos que α1m = tan( ) e 2 βm = tan( ) . Podemos observar, também, que 90ºβ α= + . Assim, temos que: 2 (90º )tan( ) tan(90º ) cos(90º ) senm αβ α α + = = + = + Lembrando das fórmulas de transformações de arcos-soma, podemos deduzir que: α α α αsen(90º+ ) = sen(90º )cos( )+ sen( )cos(90º )= cos( ) , já que sen(90º )=1 e cos(90º )= 0 . E, α α α αcos(90º+ )= cos(90º )cos( ) - sen(90º )sen( )= -sen( ) , por termos aqui também sen(90º )=1 ecos(90º )= 0 . E, assim, voltando na expressão de 2m , temos: 2 1 (90º ) cos( ) 1 1 1tan( ) tan(90º ) ( )cos(90º ) ( ) tan( ) cos( ) senm sensen m α αβ α αα α α α + = = + = = = = − = − + − Isto é, 2 1 1m = - m é a condição para que as retas 1r e 2r , com seus respectivos coeficientes angulares 1m e 2m , sejam perpendiculares. Toda esta construção, embora não tenha sido dito explicitamente, leva em consideração que ambas as retas não sejam verticais, já que partimos da existência de seus coeficientes angulares. Mas, se caso uma das retas fosse vertical, para que a outra fosse perpendicular a esta, a condição seria que esta fosse horizontal, ou seja, se tivéssemos uma reta vertical, cuja equação geral fosse da forma ax = c , qualquer reta da forma by = d seria perpendicular a esta. PARADA OBRIGATÓRIA 154 UNIUBE Vejamos um exemplo: Considere a reta vertical 2x =7 . Essa reta é o conjunto de todos os pontos cuja abscissa seja igual a 7 2 . Nesse caso, por exemplo, as retas horizontais, y = 0, 2y =7, -3y = 5 seriam retas perpendiculares a esta reta vertical. Bom, agora vamos exercitar estes conceitos, vamos lá! Atividade 29 Determine uma equação geral da reta que passa pelo ponto P(1,0) e que é perpendicular à reta de equação -2x + 3y + 9 = 0 . Atividade 30 Sabendo que as retas r : -2x + (p -7)y + 3 = 0 e s : px + y -13 = 0 são perpendiculares, determine os possíveis valores de p para que esta condição ocorra. Atividade 31 Determine a equação da reta que passa pelo ponto (-5,4) e que seja perpendicular à reta de equação -5x + 4y +7 = 0 . AGORA É A SUA VEZ Ângulo entre retas4.9 Como o próprio subtítulo nos indica, estudaremos uma forma de determinar o ângulo entre duas retas. Assim, considere retas quaisquer r e s , em que queremos determinar o ângulo formado por elas. UNIUBE 155 Comece aqui desenhando no plano cartesiano os quatro possíveis casos de posicionamento de r e s , seguindo a orientação dada. 1º caso: r paralela a s ( )/ /r s . 2º caso: r perpendicular a s ( )r s⊥ . 3º caso: r (ou s ) vertical e s (ou r ) oblíqua. 4º caso: r e s oblíquas. No 1º caso, temos que o ângulo formado entre as retas é de 0º, já que elas são paralelas. No 2º caso, temos que o ângulo formado entre elas é de 90º, pois estas são perpendiculares. Nos 3º e 4º casos, é preciso fazer alguns cálculos matemáticos, para encontrar tais ângulos. As duas fórmulas dadas referem-se à tangente do ângulo agudo ( )1θ formado pelas retas. Mas, e como ficaria a questão de determinação deste ângulo? Raciocine da seguinte forma: se temos o valor da ( )1tg θ , e sabemos ainda que 1θ pertence ao primeiro quadrante, podemos determiná-lo, assim: Se este for um ângulo notável, basta recordar das tangentes dos ângulos notáveis abordadas nos capítulos de trigonometria; se 1θ não for um ângulo notável, podemos utilizar uma tabela de relações trigonométricas, ou ainda, utilizar uma calculadora científica, ou simplesmente deduzir que 1θ é o arco cuja tangente é ( )1tg θ , isto é, ( )1 1arctgθ θ= . 156 UNIUBE Mas, veja você mesmo, como determinamos tais ângulos, na prática. Assim, é preciso fazer alguns exercícios de fixação, portanto faça as atividades que se seguem. Atividade 32 Dadas as duplas de retas r e s a seguir, determine a ( )tg θ , em que θ é o ângulo agudo formado por estas. No(s) caso(s) em que θ é um ângulo notável, determine-o: a) : 2 3 : 3 2r y x s y x= − = − + b) : 3 4 : 2 7r y x s y x= + = + c) : 2 3 0 : 5 1r x y s y x+ − = = − + Atividade 33 Disponha em ordem crescente os ângulos internos do triângulo de vértices ( )1,2A , ( )4,5B e ( )3,6C − . AGORA É A SUA VEZ Agora, vejamos como podemos determinar a distância de um ponto P qualquer a uma reta r . Distância entre ponto e reta4.10 Neste momento, não vou aprofundar na demonstração da fórmula apresentada, pois a intenção aqui é utilizá-la e não deduzi-la. Mas, caso se interesse, sugiro que além de apresentar a fórmula, dedique à leitura e à compreensão da demonstração da mesma, por livros de ensino médio. Uma das principais utilidades desta fórmula é que podemos usá-la no cálculo da altura de um triângulo em relação a um de seus lados. Sabemos que, nem sempre, por meios trigonométricos e/ou geométricos, UNIUBE 157 a determinação da mesma ocorre de forma direta e simples. Façamos, agora, um exemplo disto. Suponhamos que quiséssemos determinar a área de um ABC∆ , em que conhecemos os seus vértices, como na próxima atividade. Atividade 34 Determine a área do ABC∆ em que ( )1,2A , ( )2,0B − e ( )2, 1C − seguindo os passos dados. Passo 1: determine a equação da reta que passa pelos pontos B e C , isto é, a reta suporte do lado BC do triângulo. Passo 2: neste passo, procuraremos estabelecer a altura do ABC∆ relativo ao seu lado BC , ou seja, a distância do ponto ( )1,2A à reta suporte do lado BC . Sendo assim, determine para o caso específico os valores de 0x , 0y , a , b e c , que serão utilizados na fórmula da distância do ponto à reta. Passo 3: determine a altura do ABC∆ relativo ao seu lado BC . Passo 4: calcule a medida da base BC deste triângulo, utilizando a fórmula da distância entre dois pontos. Lembre-se de que ( ) ( )2 2 BC C B C Bd x x y y= − + − . Passo 5: utilizando a fórmula da área de um triângulo, dada pela geometria plana, juntamente com os resultados obtidos nos passos anteriores, encontre a área do ABC∆ . Atividade 35 Sabemos que a área de um objeto geométrico é única, ou seja, independente da escolha dos objetos a serem utilizados para deduzi- la, o resultado final terá que ser o mesmo. Sendo assim, proponho que você comprove este fato, utilizando ainda o triângulo anterior, da seguinte forma: seguindo os mesmos passos anteriores, encontre a área do ABC∆ , utilizando, neste caso, outra altura e, consequentemente, outra base, por exemplo, determine sua altura relativa ao lado AB . AGORA É A SUA VEZ 158 UNIUBE Como foi dito anteriormente, existem outras aplicações desta fórmula. Outra aplicação que também é importante é a do cálculo da distância entre retas paralelas, utilizando a seguinte fórmula: , 2 2 '− = + r s c cd a b em que : 0r ax by c+ + = e : ' 0s ax by c+ + = , ou seja, são retas paralelas. Vale a pena ressaltar que a demonstração desta fórmula utiliza, basicamente, o fato de que a distância entre duas retas paralelas, será a distância de um ponto qualquer de uma dessas retas à outra reta, ou seja, uma aplicação direta da fórmula da distância entre ponto a reta. Agora, é o momento de executar mais alguns exercícios; portanto, faça as atividades. AGORA É A SUA VEZ Atividade 36 Determine a distância do ponto dado à reta r nas seguintes situações: a) ( )2,0P e : 2 3 5 0r x y+ − = ; b) ( )1,0P − e : 1 3 4 x yr + = ; c) 52, 2 P − e : 2 2 1 0r x y+ − = . Atividade 37 Determine o comprimento da altura do triângulo ABC relativa à base BCem que ( )3,0A − , ( )0,0B e ( )6,8C . P UNIUBE 159 Atividade 38 Utilizando a altura determinada na atividade 37, determine a área do ABC∆ , dado também na atividade 37. Na sequência, veremos mais uma utilização da fórmula da distância de um ponto à reta, a saber, o cálculo da área de um triângulo, utilizando seus vértices. Área de um triângulo 4.11 Sabemos que, na geometria, o cálculo de áreas, é algo predominante. Vou focalizar aqui, como podemos usar de forma direta a geometria analítica no cálculo da área de um triângulo. Vimos, nas passagens anteriores deste capítulo, que isto é possível, mas foi preciso também, utilizar a fórmula geométrica da área de um triângulo, está lembrado (a)? Você pode estar se perguntando se é necessário passar por todo este processo. A resposta é não. No caso da geometria analítica, existe uma forma, mais simples e direta, para obter tais resultados. Esse é o nosso objetivo agora: utilizar os vértices do ABC∆ para determinar sua área sem passar pelo cálculo de uma de suas alturas e muito menos pelo cálculo de alguma medida de suas bases. Vamos começar, num caso particular, em que o ABC∆ é um triângulo retângulo. Veja o caso, aqui proposto, graficamente, na Figura 24: 160 UNIUBE Figura 24: Representação gráfica de um triângulo retângulo. Neste caso particular, temos ( ),A AA x y , ( ),A BB x y e ( ),C AC x y . Utilizando a distância entre os pontos A e B ( )ABd e A e C ( )ACd , juntamente com a fórmula da área de um triângulo, temos que a área do ABC∆ será: ( ) ( ) 2 2 2 2 C A B AC A B A C B C A A B A A ABC x x y yx x y y x y x y x y x yAC ABA∆ − ⋅ −− ⋅ − − − +⋅ = = = = Mas, será que este resultado obtido está relacionado com aquele determinante que aparece na condição de alinhamento? A resposta é sim. Vamos comprovar isto na linha a seguir: 1 det 1 1 A A B B A B C A A A C B A A A A A B C A C B A A C C x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y = + + − − − = + − − Chamando de D o valor obtido no determinante anterior, temos que o valor absoluto de D , isto é, o valor A B C A C B A AD x y x y x y x y= + − − dividido por 2 , será exatamente o valor da área do ABC∆ , obtido anteriormente. De fato, veja: ( ) ( ) 2 2 2 2 2 C B A A A B C AA B C A C B A A C B A A A B C A C B C A A B A A x y x y x y x yD x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y x y − + − −+ − − = = = + − − − − + = = Comparando as duas conclusões, vemos claramente que são iguais. Portanto, para esta classe particular de triângulos, temos que: UNIUBE 161 Área de ∆ABC = 1 2 D Em que D é o determinante obtido pelas coordenadas dos vértices do ABC∆ . Esta fórmula é válida para quaisquer triângulos representados no plano cartesiano. Ao analisar a demonstração mostrada pelo autor, você pôde perceber que esta fórmula também é obtida como aplicação da fórmula da distância entre um ponto e uma reta, juntamente com a fórmula da distância entre dois pontos, estratégia que utilizamos, inclusive, neste capítulo, na Atividade 34. Agora, vejamos um exemplo de como aplicamos essa fórmula da área: Mostre que a área do ∆ABC , cujos vértices são os pontos ( )3, 1− −A ( )0,5B e ( )4,2C é igual a 33 2 u.a. Para este exercício, basta mostrar que 3 1 1 1 33det 0 5 1 2 2 4 2 1 − − = , já que área de ∆ABC = 3 1 1 1 det 0 5 1 2 4 2 1 − − . EXEMPLIFICANDO! 162 UNIUBE Calculando o determinante, temos que: 3 1 1 0 5 1 15 4 20 6 33 4 2 1 − − = − − − + = − E assim, Área de ∆ABC = 1 3333 2 2 − = . Vamos exercitar um pouco? Atividade 39 Determine a área do ABC∆ , cujos vértices são os pontos ( )1,1A , ( )4,1B e ( )2, 2C . Atividade 40 Considere o ABC∆ , em que ( ),A a a , ( )3,0B e ( )0, 5C − . Sabendo que sua área é de 15 . . 2 u a , determine o(s) valor(es) de a . Atividade 41 Dois vértices de um triângulo, cuja área é igual a 38 , são ( )7,5 e ( )3, 4− . Qual será a abscissa do outro vértice, se sua ordenada for 6? AGORA É A SUA VEZ Vejamos, agora, outra aplicação da Teoria das Retas. Essa aplicação é denominada de Inequações do Primeiro Grau a Duas Incógnitas. Situações como essas, aparecem muito numa área da Matemática aplicada denominada Programação linear, área essa de grandes aplicações nas ciências econômicas, visando melhores decisões administrativas. UNIUBE 163 Inequações do 1º grau a duas incógnitas4.12 Sabemos que, na Matemática, inequações representam expressões numéricas e/ou algébricas nas quais são envolvidos sinais, tais como (maior), sendo que estes podem ou não virem acompanhados do sinal igual ( )= . No caso de ser do 1º grau, significa que as duas variáveis envolvidas possuem potências não negativas e menores ou iguais a 1 e estas incógnitas não aparecem multiplicadas entre si. Por exemplo: 2 7 25x y− ≤ Esta expressão algébrica seria uma inequação do 1º grau a duas incógnitas. Ao procurarmos o conjunto solução de uma inequação, procuramos, na realidade, o conjunto de pontos ( ),x y do plano cartesiano que satisfaçam à mesma. Vejamos um exemplo: Determinar as soluções da inequação 2 4 0+ − ≤x y . Observe que trata-se de uma inequação do 1º grau a duas incógnitas. Veja como podemos determinar o seu conjunto solução por meio de algumas análises. Análise 1 – Dada a reta 2 4 0+ − =x y , ao representá-la no plano cartesia- no, este se divide em dois semiplanos. Observe a Figura 25 a seguir: Figura 25: Divisão em semiplanos. EXEMPLIFICANDO! 164 UNIUBE Análise 2 – Como os pontos que satisfazem à equação 2 4 0+ − =x y , satisfazem também à inequação 2 4 0+ − ≤x y , os pontos sobre a reta fazem parte de nosso conjunto solução; portanto, representamos a reta de forma contínua, caso contrário, representaríamos a reta de forma pontilhada (por exemplo, se tivéssemos a inequação 2 4 0+ −utilize lápis ou canetas de cores diferentes, para se ter uma boa visualização e, portanto, conclusão da atividade de forma mais clara. Vamos lá! Passo 1: represente, no plano cartesiano, a região formada por todos os pontos que satisfazem a inequação 0 1x≤ ≤ ; Passo 2: represente, no mesmo plano, a região formada por todos os pontos que satisfazem a inequação 0y ≥ ; Passo 3: represente, no mesmo plano, utilizando a técnica mostrada no exemplo anterior, a região formada por todos os pontos que satisfazem a inequação 2+ ≤x y ; AGORA É A SUA VEZ 166 UNIUBE Passo 4: ao terminar os três passos anteriores, provavelmente, você encontrará no plano, uma região formada por pontos que pertencem ao mesmo tempo, às regiões determinadas no Passo 1, no Passo 2 e no Passo 3. Se você tiver usado cores diferentes, esta região será aquela que está colorida com as três cores utilizadas por você. Neste caso, a região que você deverá ter encontrado deve ser parecida com a seguinte região. Vale a pena ressaltar aqui, também, que os segmentos que formam os lados do trapézio anterior, conjunto solução do sistema de inequações dado, também pertence ao conjunto solução do mesmo. Agora, novamente, procure praticar um pouco os conceitos abordados executando algumas atividades. Atividade 43 Resolva, grafi camente, as inequações e o sistema de inequações dados a seguir: a) 1 0x y− + ≤ b) 2 2 0x y− + > c) 0 1 0 4 0 x y x y ≤ ≤ ≥ + − ≤ UNIUBE 167 Resumo Espero que você tenha gostado desta abordagem sobre retas. Basica- mente, pudemos visualizar e estudar tópicos muito interessantes e que serão de extrema utilidade em disciplinas atuais e futuras, que porventura você esteja encontrando ou encontrará durante o seu curso. Busque compartilhar com seus colegas suas dúvidas, releia o texto e refaça as atividades. No próximo capítulo, daremos continuidade ao estudo de Geometria Analítica!! Referências IEZZI, Gelson. Fundamentos de Matemática elementar: geometria analítica. 4. ed. São Paulo: Atual, 1997, v. 7. IEZZI, Gelson; DOLCE, Osvaldo; DEGENSZAJN, David; PÉRIGO, Roberto. Matemática: volume único. São Paulo: Atual, 2002. PASTORE, José L; BARROSO, Juliane M. Matemática: volume único: construção e significados. São Paulo: Moderna, 2005.