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Copyright© 2006, 2005, 2004 (duas edições), 2002, 2001, 2000, 1999, 1984 by João Lucas Marques Barbosa Direitos reservados, 1984 pela Sociedade Brasileira de Matemática Estrada Dona Castorina, 11 O - Ho1to 22460-320, Rio de Janeiro - RJ Impresso no Brasil / Printed in Brazil Coleção do Professor de Matemática Capa: Rodolfo Capeta Distribuição e vendas: Sociedade Brasileira de Matemática e-mail: vendalivros@sbm.org.br Te!.: (21) 2529-5073, 2529-5095 www.sbm.org.br ISBN: 85-85818-02-6 GeoITietria Euclidiana Plana João Lucas Marques Barbosa Nona Edição Coleção do Professor de Matemática SOCIEDADE · BRASILEIRA · li] DE MATEMÁTICA 1■ p SOCIEDADE BRASILEIRA , ~~ DE MATEMÃTICA COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA • Logaritmos - KL.Lima • Análise Combinatória e Probabilidade com as soluções dos exercícios - A.C.Morgado, J.B.Pitombeira, P.C.P.Carvalho e P.Fernandez • Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) - E,L.Lima • Meu Professor de Matemática e outras Histórias - E,L.Lima • Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios - KL.Lima com a colaboração de P.C.P.Carvalho • Trigonometria, Números Complexos - M.P.do Carmo, A.C.Morgado, E.Wagner, Notas Históricas de J.B.Pitombeira • Coordenadas no Espaço - E.L.Lima • Progressões e Ivfatemática Financeira - A.C.Morgado, E.Wagner e S.C.Zani • Construções Geométricas - E.Wagner com a colaboração de J.P.Q.Carneiro • Introdução à Geometria Espacial - P.C.P.Carvalho • Geometria Euclidiana Plana - J.L.M.Barbosa • Isometrias - E.L.Lima • A Matemática do Ensino Médio Vol.1 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e A.C.Morgado • A Matemática do Ensino Médio Vol,2 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e A.C.Morgado • A Matemática do Ensino Médio Vol. 3 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e A.C.Morgado • Matemática e Ensino - E.L.Lima • Temas e Problemas - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e A.C.Morgado • Episódios da História Antiga da Matemática - A.Aaboe • Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E.L.Lima • Temas e Problemas Elementares- E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E. Wagner e A.C.Morgado COLEÇÃO INICIAÇÃO CIENTÍFICA • Números Irracionais e Transcendentes - D.G.de Figueiredo • Primalidade em Tempo Polinomial- Uma Introdução ao Algoritmo AKS- S.C.Coutinho COLEÇÃO TEXTOS UNIVERSITÁRIOS • Introdução à Computação Algébrica com o Maple - L.N.de Andrade • Elementos de Aritmética - A. Hefez • Métodos Matemáticos para a Engenharia - E.C.de Oliveira e M.Tygel • Geometria Diferencial de Curvas e Superfícies - M.P.do Carmo • Matemática Discreta - L. Lovász, J. Pelikán e K. Vesztergombi • Álgebra Linear - H.P. Bueno COLEÇÃO MATEMÁTICA APLICADA • Introdução à Inferência Estatística - H.Bolfarine e M.Sandoval COLEÇÃO OLIMPÍADAS • Olimpíadas Brasileiras de Matemática, 9'ª a 16'ª - e.Moreira, E.Motta, E.Tengan, L.Amâncio, N.Saldanha, P.Rodrigues A A ída Marques Barbosa que me criou incentivando o ideal pelo magistério. A meus filhos Henrique, Lucas e Davi que só me têm dado alegrias. Introdução Desde sua publicação em 1985 este livro foi revisto apenas na edição ele 1994, para eliminar pequenos erros tipográficos, e, exceto pela inclusão ele um prefácio elo Professor Manfredo P. elo Carmo na edição ele 1999, não sofreu qualquer alteração relevante. Apesar elos inúmeros apelos, sempre me esquivei ele rever o seu texto; como desculpa a falta ele tempo. Foi somente depois que recebi um exemplar contendo a indicação ele um grande número de erros tipográficos e sugestões, que me convenci a fazê-lo. O exem- plar me chegou às mãos, pelo correio, sem qualquer outra mensagem que uma nota manuscrita na página de rosto, logo abaixo elo título e do nome do autor, que dizia " ... com anotações de Vanclik Estevam Barbosa ... ". Fiquei encantado com o detalhamento de suas anota- ções, com as quais concordei na quase totalidade. Foi o incentivo que estava faltando para me fazer colocar mãos à obra, trabalho cio qual resultou a presente edição. Quero, neste momento, agradecer ao Vanclik por sua contribuição. A permanência elo livro entre os mais vendidos ela Sociedade Brasileira de Matemática a cada ano, desde 1985, o que tem exigido constantes reimpressões, me convenceu ele que o texto não deveria ser modificado, apenas corrigido. Atendendo ao apelo ele grande número ele colegas que utilizam ou utilizaram o livro, inclui novos exercícios em todos os capítulos e criei um novo, no final, apenas com exercícios, pensando naqueles alunos que precisam fazer uma revisão da Geometria Euclidiana. Neste mister fui auxiliado dire- tamente por três alunos de iniciação científica do Departamento de Matemática da UFC: a Valdenize Lopes do Nascimento, o Antonio Marcelo Barbosa da Silva e o Gláucio Cordeiro Alencar, que se dis- puseram a encontrar, selecionar e resolver uma enorme quantidade de exercícios de geometria. Se por um lado eles me auxiliaram bas- tante, por outro, aprofundaram seus conhecimentos matemáticos. Agradeço-lhes elo excelente trabalho que fizeram Devo também agradecer a contribuição do meu filho mais novo, Davi, que no presente ano cursa o terceiro científico e se prepara para o vestibular. Os problemas de Matemática, que me trouxe, vez por outra, sem que soubesse, serviram de inspiração para a proposta de novos exercícios. Infelizmente todas as figuras do texto original foram perdidas e tiveram de ser refeitas. Para isto contei com o talento e dedicação do Márcio Pereira da Silva, o qual investiu tempo e esforço para reconstituí-las e para produzir outras, que acompanham os novos exercícios. Agradeço a todos os que direta ou indiretamente, colaboraram com esta edição do livro, particularmente a Professora Suely Driick, atual presidente da Sociedade Brasileira de Matemática e a todos os professores que, ao longo dos anos, me enviaram indicações de erros tipográficos no texto das edições anteriores deste livro. João Lucas Marques Barbosa Fortaleza, Julho de 2003 ii Prefácio da 4~ Edição Até a publicação deste livro do Professor João Lucas Barbosa, não existia em português um texto que pudesse ser indicado para um estudante iniciar o seu aprendizado ela Geometria axiomtica. O método ela geometria axiomtica fornece uma demonstração tão con- vincente da força do pensamento puro que os livros ele Euclides foram usados, através dos séculos, para treinar inteligências em formação, e serviram de modelos ele rigor para trabalhos tais como a Ética ele Espinoza e os Princípios de Newton. A Geometria ele- mentar é o domínio por excelência no qual o método axiomático pode ser aplicado em situaçes que, embora simples, dão resultados altamente não-triviais. Tais métodos devem, portanto, fazer parte ela formação básica de um cidadão. Os livros ele Euclides são, entre- tanto, difíceis para principiantes (além ele ser incompleta a axiomá- tica ele Euclides) e, em outros países, várias tentativas foram feitas para tornar mais accessível ( e mais completo) o método axiomáti- co no ensino da Geometria. No Brasil, há anos atrás, houve um relativo abandono elo ensino da Geometria à maneira ele Euclides. Na prática, o que se passava era que o assunto era relegado para o fim elo curso, e quase sempre não era ensinado. Isto devia-se em parte às dificuldades próprias elo assunto e em parte a uma certa influência ela então chamada, "matemática moclerna"que, embora utilizando a axiomática em outros tópicos, propugnava a eliminação ela Geometria ele Euclides no ensino básico. Foi neste quadro que iii apareceu o livro cio Professor Lucas Barbosa. Utilizando uma mo- dificação ela axiomática ele Euclides, devida ao matemático russo A.V. Pogorelov, o Professor Lucas produziu um texto em português apresentando os elementos fundamentais ela Geometria Plana ele modo accessível, eficiente e correto. Que o livro foi bem recebido é comprovado pelo fato que ele foi reimpresso diversas vezes e quecontinua a demanda por novas edições. O livro, como diz o co- nhecido chavão, preencheu uma lacuna. Ele é uma boa referência em português para aqueles que queiram ir mais adiante no estudo ela Geometria. Por exemplo, o excelente ((Medida e Forma em Geometria"clo Professor Elon Lima cita o livro cio professor Lu- cas como referência para Geometria Plana. Em verclacle, O livro cio Professor Elon e um curso ele Geometria Hiperbólica dado no XX Colóquio Brasileiro ele Matemática pelo Professor Lucas constituem uma ótima continuação para os estudos aqui iniciados. Com isto, começo a me afastar cio meu tema inicial e creio conveniente con- cluir aqui este Prefácio. Antes, porém, quero parabenizar o Profes- sor Lucas pelo ótimo trabalho realizado. Manfreclo Perdigão cio Carmo 19 ele abril ele 1999. iv Introdução da 3~ edição Esta é uma edição revista elo livro ele mesmo título que escrevi há cerca ele vinte anos e que foi publicado, em sucessivas impressões, na coleção Fundamentos ele Matemática Elementar ela Sociedade Brasileira ele Matemática. A revisão consistiu essencialmente na alteração cio enunciado ele alguns elos exercícios e problemas propostos, a correção de alguns erros ele datilografia e a possível inclusão ele alguns novos ... Agradeço a todos aqueles que me indicaram erros e enganos no texto original e fizeram sugestões para modificações do mesmo. Foram mais ele uma centena ele cartas, algumas apresentando a contribuição ele turmas inteiras ele cursos ele geometria em que ele. foi adotado. Por ser impossivel aqui registrar todos os seus nomes, quero representa-los na pessoa cio mais ilustre destes leitores, o Professor Manfreclo Perdigão cio Carmo, que me enviou em 1986 uma cópia cio livro com suas observações e sugestões, a qual utilizei como repositório ele todas as que me foram enviadas posteriormente, o que simplificou sobremaneira a preparação desta nova edição. João Lucas Marques Barbosa Fortaleza, julho ele 1994 V Introdução da 1~ edição Este livro foi escrito para servir de texto a uma disciplina de Geo- metria para alunos ele cursos de licenciatura em Matemática. Ele contém o material padrão de um curso ele Geometria Euclidiana Plana, excetuando-se os tópicos relativos a movimentos e a cons- trução de figuras com régua e compasso. Este material será incluído numa versão futura deste texto. Os axiomas adotados são aqueles selecionados por A.V. Pogo- rélov no seu livro "Geometria Elemental". Estes axiomas têm a vantagem de levarem o aluno rapidamente aos teoremas mais impor- tantes da Geometria Plana. Em alguns casos eles estão enunciados ele forma mais ampla do que seria necessário. Por exemplo, um de- les afirma que, dada uma reta existem pontos sobre ela e pontos fora dela. De fato seria suficiente postular apenas a existência ele dois pontos sobre a reta e um ponto fora dela. Os axiomas sobre medição ele segmentos e medição de ângulos são extremamente vantajosos elo ponto ele vista metodológico. Primeiramente eles evitam o traba:ho ele estabelecer os conceitos ele medida ele segmentos e ele medida ele ângulos. É sabido que a introdução destes conceitos, quando se faz uso de uma axiomática clássica, constitui-se num problema nada simples e que requer a utilização ele meios inacessíveis ao aluno, por sua profundidade. Segundo, através dos a.xiomas de medição, incorpora-se a aritmética e a álgebra elementar ao arsenal de meios utilizáveis para as demonstrações cios teoremas ela Geometria. vii A introdução cio quinto postulado, característico ela Geometria Euclidiana, é retardada até o capítulo 6. Assim, os teoremas obti- dos até o capítulo 5 são válidos em uma geometria não Euclidiana em que sejam verdadeiros os quatro primeiros axiomas. Neste as- pecto este livro poderia ser considerado como um texto preliminar a um curso ele Geometria não Euclidiana ou servir como fonte ele referência para alunos daqueles cursos. O livro está organizado em 10 capítulos. Cada um deles contém, além ela parte ele conteúdo, uma relação ele exercícios, uma ele problemas e um texto denominado "Comentário". A separação elas questões propostas aos alunos, em problemas e exercícios, foi feita, em princípio, considerando-se que os problemas complemen- tam a teoria e têm um caráter mais conceituai, enquanto que os exercícios destinam-se mais à fixação cio conteúdo apresentado. Os comentários constituem-se numa seleção ele pequenos tópicos, que não fazem parte cio conteúdo cio livro, mas que têm sido ele muita utiliclacle na formação cios alunos cios cursos ele Geometria que tenho lecionado. Incentivado por eles fui levado a incluir alguns destes pe- quenos tópicos neste livro. Ao finalizar esta introdução gostaria de agradecer ao professor José Euny Moreira, que leu criticamente a versão manuscrita deste texto, e a minha esposa Cira que me incentivou a escrevê-lo. João Lucas Marques Barbosa Fortaleza, maio ele 1985 viii Sumário Introdução Prefácio da 4ª Edição Introdução da terceira edição Introdução da primeira edição 1. Axiomas de Incidência e Ordem 2. Axiomas sobre Medição de Segmentos 3. Axiomas sobre Medição de Ângulos 4. Congruência 111 V Vll 1 13 29 45 5. O Teorema do Ângulo Externo e suas Conseqüências 61 6. O Axioma das Paralelas 7. Semelhança de Triângulos 8. O Círculo 9. Funções Trigonométricas ix 85 109 127 157 10. Área 11. Revisão e Aprofundament: X 175 195 CAPÍTULO 1 AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ÜRDEM As figuras geométrica elementares, no plano, são os pontos e as retas. O plano é constituído de pontos e as retas são subconjuntos distinguidos ele pontos do plano. Pontos e retas cio plano satisfazem a cinco grupos ele axiomas que serão apresentados ao longo deste e dos próximos capítulos. O primeiro grupo ele axiomas é constituído pelos axiomas de incidência. Axioma 11 Qualquer que seja a reta existem pontos que pertencem e pontos que não pertencem à reta. Axioma 12 Dados dois pontos distintos existe uma única reta que os contém. Quando duas retas têm um ponto em comum diz-se qt1e elas se intersectam ou que elas se cortam naquele ponto. Proposi-;ão 1.1 Duas retas distintas ou não se intersectam ou se intersectarr:, em um único ponto. Prova: Sejam rn e n duas retas distintas. A interseção destas duas retas não pode conter dois (ou mais) pontos, cio contrário, pelo 1 2 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA axioma 12 , elas coincidiriam. Logo a interseção de m e n é vazia ou contém apenas um ponto. Imaginamos um plano como a superfície de uma folha de papel que se estende infinitamente em todas as direções. Nela um ponto é representado por uma pequena marca produzida pela ponta de um lápis, quando pressionada sobre o papel. O desenho da parte de uma reta é feito com o auxílio de uma régua. A o Figura 1.1 Ao estudarmos geometria é comum fazer-se uso de desenhos. Nós mesmos faremos uso extensivo de desenhos ao longo destas notas. O leitor, no entanto, deve ser advertido, desde logo, que os desenhos devem ser considerados apenas como um instrumento de ajuda à nossa intuição e linguagem. Utilizaremos letras maiúsculas A, B, C, ... para designar pontos, e letras minúsculas a, b, e, ... para designar retas. Por exemplo, na Figura 1.2 figura a:cima estão representados três pontos: A, B e C, e duas retas: me n. O ponto A é o ponto de interseção das du~ \~tas. 1. AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ORDEM 3 A figura abaixo apresenta uma reta e três pontos A, B e C desta reta. O ponto C localiza-se entre A e B ou, equivalentemente, os pontos A e B estão separados pelo ponto C. A e B Figura 1.3 A noção de que um ponto localiza-se entre dois outros é uma relação, entre pontos de uma mesma reta, que satisfaz aos axiomas II1 , II2 e Ih apresentados a seguir. Estes são referidos como axiomas de ordem. Axioma II1 Dados três pontos distintos de uma reta, um e apenas um deles localiza-se entre osoutros dois. Definição 1.2 O conjunto constituído por dois pontos A e B e por todos os pontos que se encontram entre A e B é chamado segmento AB. Os pontos A e B são denominados extremos ou extremidades do segmento. Muitas figuras planas são construídas usando-se segmentos. A mais simples delas é o triângulo que é formado pôr três pontos que não pertencem a uma mesma reta e pelos três segmentos determi- nados por estes três pontos. Os três pontos são chamados vértices do triângulo e os segmentos, lados do triângulos. B Figura 1.4 4 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Definição 1. 3 Se A e B são pontos distintos, o conjunto consti- tuído pelos pontos do segmento AB e por todos os pontos C tais que B encontra-se entre A e C, é chamado de semi-reta de origem A contendo o ponto B, e é representado por S.4B. O ponto A é então denominado origem da semi-reta S AB A B Figura 1.5 Observe que dois pontos A e B determinam duas semi-retas SAB e SnA as quais contêm o segmento AB. A B Figura 1.6 Proposição 1.4 Para as semi-retas determinadas por dois pontos A e B tem-se: a) SAB U SBA é a reta determinada por A e B, Prova (a) Sejam a reta determinada por A e B. Como SAB e SBA são constituídas ele pontos ela reta m, então SAB U SBA e m. Por outro lado, se C é um ponto ela reta m então, ele acordo com o axioma 111, uma das três possibilidades exclusivas ocorre: 1) C está entre A e B, 2) A está entre B e C, 1. AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ORDEM 5 3) B está entre A e C. No caso (1), C pertence ao segmento AB; no caso (2), C per- tence a SBAi e no caso (3), C pertence a SAB· Portanto, em qual- quer caso, C pertence a SAB U SBA· A prova ele (b) é deixada como exercício para o leitor. Axioma Ih Dados dois pontos distintos A e B sempre existem: um ponto C entre A e B e um ponto D tal que B está entre A e D. Uma conseqüência imediata deste axioma é que, entre quaisquer dois pontos ele uma reta, existe uma infinidade ele pontos. Também é uma conseqüência dele que uma semi-reta S'AB contém uma in- finidade ele pontos além daqueles contidos no segmento AB. Considere uma reta m e dois pontos A e B que não pertencem a esta reta. Diremos que A e B estão em um mesmo lado da reta m se o segmento AB não a intercepta. Definição 1.5 Sejam m uma reta e A um ponto que não pertence a m. O conjunto constituído pelos pontos de m e por todos os pontos B tais que A e B estão em um mesmo lado da reta m é chamado de semi-plano determinado por m contendo A, e será representado por Pm.A· Axioma Ih Uma reta m determina exatamente dois semi-planos distintos cuja interseção é a reta m. Figura 1.7 6 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA EXERCÍCIOS 1. Sobre uma reta marque quatro pontos A, B, C e D, em ordem, da esquerda para a direita. Determine: a) ABUBC b) AB n BC e) ACnBD d) AB nCD e) SAB n SBc f) SAB n SAn g) ScB n SBc h) SAB U SBc 2. Quantos pontos comuns a pelo menos duas retas pode ter um conjunto de 3 retas do plano? E um conjunto de 4 retas do plano? 3. Prove o item (b) da proposição (1.4). 4. Prove a afirmação feita, no texto, ele que existem infinitos pontos em um segmento. 5. Um subconjunto do plano é convexo se o segmento ligando quaisquer dois de seus pontos está totalmente nele contido. Os exemplos mais simples de conjuntos convexos são o próprio plano e qualquer semi-plano. Mostre que a interseção de dois semi-planos é um convexo. 6. Mostre que a interseção de n semi-planos é ainda um convexo. 7. Mostre, exibindo um contra-exemplo, que a união de convexos pode não ser um convexo. 1. AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ORDEM 7 8. Diz-que três ou mais pontos são colineares quando eles to- dos pertencem a uma mesma reta. Do contrário, diz-se que eles são não coline;ares. Mostre que três pontos não colineares determinam três retas. Quantas retas são determinadas por quatro pontos sendo que quaisquer três deles são não colinea- res? 9. Repita o exercício anterior para o caso de ô pontos. 10. Seja U um subconjunto do plano. Dizemos que U é estrelado relativamente a um ponto P quando, para todo ponto A EU, o segmento PA esta totalmente contido em U. Mostre que conjuntos convexos são estrelados relativamente a qualquer de seus pontos. Dê um exemplo de conjunto estrelado que não é convexo. 11. Se um conjunto é estrelado relativamente a todos os seus pon- tos mostre que ele é convexo. 12. Prove que a união de todas as retas que passam por um ponto A é o plano. 13. Chama-se plano de incidência ao par (P, R) onde P é um conjunto de pont?s e 'R é uma coleção de subconjuntos de P, denominados retas, satisfazendo apenas aos axiomas 11, 12 e à condição de que cada reta possui pelo menos dois pontos. Verifique se são planos de incidência os pares (P, R) seguintes: a) P = {A,B} e R = {{A, B}} b) P = {A, B, C} e 'R = {{A, B}, {A, C}} c) P = {A, B, C, D} e R = {{A, B}, {A, C}, {A, D}, {B, C}, {B, D}, {C, D}} d) P = R2 e R = {{ ( x, y) E R2; ax + by + e = O}; sendo ab-/= O} 8 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA e) P = {A, B, C, D} e 'R. = { {A, B, C}, {A, D}, {B, D}, {C,D}} 14. Construa exemplos distintos ele planos ele incidência com 5 pontos. 15. Um conjunto ele n cidades é ligado por estradas de modo que existe sempre uma ligando diretamente quaisquer duas delas. Tomando-se as cidades como pontos e as estradas como retas, verifique a validade elos axiomas ele plano de incidência. 16. Denomina-se uma malha tipo 2-3 ao par ('P, 'R-) onde Pé um conjunto de pontos e Ré uma coleção ele subconjuntos de P, denominados retas, satisfazendo aos seguintes axiomas: Ml. Cada reta contém exatamente três pontos. M2. Por cada ponto passam exatamente duas retas. M3. Por dois pontos passa no máximo uma reta. M4. Existe pelo menos um ponto no plano. Construa exemplos de tais malhas com 6 e 9 pontos. 17. São dados quatro pontos A, B, C e D e uma reta m que não contém nenhum deles. Sabe-se que os segmentos AB e CD cortam a reta me que o segmento BC não a corta. Mostre que o segmento AD também não a corta. 18. Dados quatro pontos A, B, C e D no plano, mostre que, se os segmentos AB e CD se intersectam, então os pontos B e D estão em um mesmo semi-plano com relação á reta que passa por A e C. 1. AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ORDEM 9 PROBLEMAS 1. Discuta a seguinte questão utilizando apenas os conhecimen- tos geométricos estabelecidos, até agora, neste livro: "Exis- tem retas que não se interceptam?" 2. Repita o exercício 2 para o caso de 5 e 6 retas. Faça uma conjectura de qual será a resposta no caso de n retas. 3. Sejam AB e CD segmentos e E um ponto tais que AB íl CD= {E}. Mostre que a reta que contém AB não pode conter CD. 4. Mostre que não existe um exemplo de um plano de incidência com 6 pontos, em que todas as retas tenham exatamente 3 pontos. 5. Se C pertence a SAB e C =/- A, mostre que: SAB = SAc, que BC e SAB e que A <j. BC. 6. Demonstr~ que a interseção de convexos é ainda um con,rexo. 7. Mostre que um triângulo separa o plano em duas regiões, uma das quais é convexa. 8. Generalize os exercícios 8 e 9 para o caso de n pontos. 9. Podem existir dois segmentos distintos tendo dois pontos em comum? E tendo exatamente dois pontos em comum? 10. Porque o conjunto de todos os pontos do plano não pode ser uma reta? Pode o conjunto vazio ser uma reta do plano? 10 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 11. De acordo com os axiomas enunciados neste capítulo, qual o número mínimo de pontos de uma reta? 12. Dado um conjunto P com n pontos, qual o número máximo de retas que o torna um plano de incidência? 13. Seja (P, n) uma malha do tipo 2-3. Mostre que o número de elementos de Pé divisível por 3, e que o número de elementos de n é divisível por 2. 14. Construa exemplos de malhas do tipo ·2-3 com 12 e 18 pontos. 15. Generalize a noção de malha do tipo 2-3 para malha do tipo 2-n. Classifique as malhas do tipo 2-2. 16. Construa um exemplo de malha do tipo 2-4 com 16 pontos. Construa, emgeral exemplo de malha do tipo 2-n com 2n pontos. 1. AXIOMAS DE INCIDÊNCIA E ORDEM 11 COMENTÁRIO Para se aprender a jogar algum jogo, tal como damas, firo, xadrez, etc., temos que, inicialmente, aprender as suas regras. Um pai tentando ensinar seu filho a jogar damas dirá algo como: "Este é o tabuleiro de damas e estas são as pedras com que se joga", "São 12 para cada jogador", "As pedras são arrumadas no tabuleiro as- sim.", e arrumará as pedras para o filho. Aí já terá recebido uma enxurrada de perguntas do tipo: "Por que as pedras só ficam nas casas pretas?" , "Por que só são doze pedras?", "Eu acho mais boni- tas as pedras brancas nas casas pretas e as pretas nas casas brancas, por que não é assim?", etc. Todas estas perguntas têm uma única resposta: Porque esta é uma das regras do jogo. Se alguma delas for alterada, o jogo resultante, embora possa ser também muito interessante, não será mais um jogo de damas. Observe que, ao ensinar um tal jogo, você dificilmente deter-se- ia em descrever o que são as pedras. O importante são as regras do jogo, isto é, a maneira de arrumar as pedras no tabuleiro, a forma de movê-las, a forma de "comer" uma pedra do adversário, e etc. Qualquer criança, após dominar o jogo, improvisará tabuleiros com riscos no chão e utilizará tampinhas de garrafa, botões, cartões, e etc., como pedras. Ao criar-se um determinado jogo é importante que suas regras sejam suficientes e consistentes. Por suficiente queremos dizer que as regras devem estabelecer o que é permitido fazer em qualquer situação que possa vir a ocorrer no desenrolar de uma partida do jogo. Por consistente queremos dizer que as regras não devem contradizer-se, ou sua aplicação levar a situações contraditórias. 12 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Geometria, como qualquer sistema dedutivo, é muito parecida com um jogo: partimos com certos conjuntos de elementos (pon- tos, retas, planos) e é necessário aceitar algumas regras básicas que dizem respeito às relações que satisfazem estes elementos, as quais são chamadas de axiomas. O objetivo final deste jogo é o ele deter- minar as propriedades elas figuras planas e cios sólidos no espaço. Tais propriedades, chamadas Teoremas ou Proposições, devem ser clecluziclas somente através cio raciocínio lógico a partir cios axiomas fixados ou a partir de outras propriedades já estabelecidas. De fato, existem várias geometrias distintas clepenclenclo elo con- junto de axiomas fixado. A geometria que iremos estudar nestas no- tas é chamada de Geometria Euclidiana, em homenagem a Euclides que a descreveu no seu livro, denominado "Elementos". CAPÍTULO 2 AXIOMAS SOBRE l\1EDIÇÃO DE SEGMENTOS O instrumento utilizado para medir comprimento ele segmentos é a régua graduada. Na figura abaixo o segmento AB mede 3cm, o segmento AC mede 8cm, e o segmento BC mede 5cm. A B e O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 \ 111111111111111q1111p111111111111q11111p111111111111111111p111111111111q1111p11111111p111 \ Figura 2.1 Observe que ao ponto B, corresponde (na régua) o número 3 e ao ponto C, o número 8. A medida elo segmento BC é obtida pela diferença 8 - 3 = 5. É claro que a régua poderia ter sido colocada em muitas outras posições e números diferentes corresponderiam aos pontos B e C. No entanto, em cada caso, a diferença entre eles seria sempre 5 que é a medida do segmento BC. Estes fatos são introduzidos em nossa geometria através ele axio- mas. Axioma III1 A todo par de pontos elo plano corresponde um número maior ou igual a zero. Este número é zero se e só se os pontos são coincidentes. 13 14 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA O número a que se refere este axioma é chamado de distância entre os pontos ou é referido como o comprimento do segmento determinado pelos dois pontos. Está implícito no enunciado do axioma, a escolha de uma unidade de medida que será fixada de agora em diante ao longo destas notas. Axioma III2 Os pontos de uma reta podem ser sempre colocados em correspondência biunívoca com os números reais, de modo que a diferença entre estes números meça a distância entre os pontos correspondentes. Este axioma bem poderia receber o apelido de axioma da "régua infinita" pois, ao estabelecer a correspondência biunívoca entre os números reais e os pontos da reta, a própria reta torna-se como que uma régua infinita que pode ser usada para medir o comprimento de segmentos nela contidos. Ao aplicarmos este axioma, o número que corresponde a um ponto da reta é denominado coordenada daquele ponto. De acordo com o axioma 1111 o comprimento ele um segmento AB é sempre maior do que zero. Assim, se a e b são as coorde- nadas das extremidades deste segmento, o seu comprimento será a diferença entre o maior e o menor destes números. Isto é equivalente a tomar-se a diferença entre a e bem qualquer ordem e, em seguida, considerar o seu valor absoluto. Nós indicaremos o comprimento do segmento AB pelo símbolo AB. Portanto AB = lb-al. Axioma III3 Se o ponto C encontra-se entre A e B então Com a introdução dos axiomas 1111 , llh e llh, podemos rela- cionar a ordenação dos pontos· de uma reta, introduzida através dos axiomas 111 e 112 , com a ordem dos números reais. Os números reais são ordenados pela relação "menor do que" ( ou pela relação "maior 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 15 do que"), e faz sentido dizer-se que um número e está entre dois outros a e b, quando ocorre a < e < b ou b < e < a. Proposição 2.1 Se, em uma semi-reta SAB, considerarmos um segmento AC com AC < AB, então o ponto C estará entre A e B. Prova: Certamente o ponto A não pode estar entre B e C, já que B e Cestão na mesma semi-reta de origem A. Se o ponto B estivesse entre A e C então, pelo axioma Ilh, teríamos AB + BC = AC e, como conseqüência, AB < AC. Mas esta desigualdade é contrária a hipótese AC< AB. Portanto, é o ponto C que está entre A e B. Teorema 2.2 Sejam A, B e C pontos distintos de uma mesma reta cujas coordenadas são, respectivamente, a, b e e. O ponto C está entre A e B se e só se o número c está entre a e b. Prova Se C está entre A e B então, pelo axioma Ilh, tem- se que AC+ CB = AB, ou seja lc - ai + lb - cl = la - bl . Vamos supor inicialmente que a < b. Neste caso, da igualdade acima, obtém-se lc- ai< b- a e lb-cl < b-a. Como conseqüência, c - a < b - a e b - c < b - a. Portanto, e< b e a< c. Assim, resulta que c está entre a e b. O caso em que b < a pode ser analisado de maneira análoga e é deixado a cargo do leitor. Reciprocamente, se o número c está entre os números a e b então lc - ai + lb - cl = la - bl . Segue-se daí que AC + C B = AB. Em particular e CB < AB. 16 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Consideremos as semi-retas determinadas pelo ponto A. Se C e B pertencem à mesma semi-reta, então é uma conseqüência ela proposição anterior que C está entre A e B. Afirmo que C e B não podem pertencer a semi-retas distintas, isto é, não podem ser separados pelo ponto A. Se este fosse o caso, seria o ponto A que estaria entre B e C e teríamos BA + AC = BC. Mas daí resulta que BA < BC o que está em contradição com a designaldadc já obtida acima. Isto prova a afirmação e conclui a demonstração do teorema. Definição 2.3 Chamamos de ponto médio do segmento AB a um ponto C deste segmento tal que AC = C B. Teorema 2.4 Um segmento tem exatamente um ponto médio. Prova (Existência) Sejam a e b as coordenadas elas extremidades cio segmento. Considere o número c = (a+ b)/2. De acordo com o axioma IIl2 existe um ponto C ela reta que tem c por coorclenaela. Como AC la- cl = 'ª -ª; bl = ,~ - ~, C B = 1 e - bl = 1 a ; b - b 1 = 1 ~ - t 1 concluímos que AC = C B. Como o número ( a + b) /2 está entre os números a e b, segue-se ela proposição anterior que C está entre A e B. Logo C é o ponto médio ele AB. ( Unicidade) Seja C como obtido na prova ela existência e seja C' um outro ponto cio segmento AB tal que AC' = BC'. Sejam a, b e e' as coordenadas ciospontos A, B e C' respectivam1:;nte. Então teremos, (i) e' - a= b - e' , no caso em que a < e' < b, 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 17 (ii) a - é = é - b, no caso em que b < é < a. Em ambos os casos a conclusão é que , a+ b e=--. 2 Assim, em qualquer circunstância, é = e e, portanto, pelo axioma 1112, C = C'. Fica assim provada a unicidade do ponto médio. Observação A noção de distância é uma das noções mais básicas da geometria. Pelo que já vimos ela satisfaz às seguintes pro- priedades: 1) Para quaisquer dois pontos A e B do plano, tem-se AB ~ O. Além disso, AB = O se e somente se A = B. 2) Para quaisquer dois pontos A e B tem-se que AB = BA. Uma outra importante propriedade da distância é a desigualdade triangular: 3) Para quaisquer três pontos A, B e C do plano tem-se AC ::; AB + BC. Igualdade ocorre se e somente se B pertence ao intervalo AC. Esta desigualdade será demonstrada no capítulo 5 (veja o teorema (5.11)) como conseqüência cios 4 primeiros grupos ele axiomas. Definição 2.5 Seja A um ponto do plano e r um número real pos- itivo. O círculo de centro A e raio r é o conjunto constituído por todos os pontos B do plano tais que AB = r. 18 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA o • A e e Figura 2.2 É uma conseqüência elo axioma 1112 que podemos traçar um círculo com qualquer centro e qualquer raio. Todo ponto C que satisfaz a desigualdade AC < r é dito estar dentro elo círculo. Se, ao invés, AC > r, então C é dito estar fora elo círculo. O conjunto elos pontos que estão dentro do círculo é chamado de disco ele raio r e centro A. É também uma conseqüência elo axioma 1112 que o segmento ele reta ligando um ponto de dentro elo círculo com um ponto fora elo mesmo tem um ponto em comum com o círculo. 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 19 EXERCÍCIOS 1. Sejam A, B e C pontos ele uma reta. Faça um desenho repre- sentando-os, sabendo que AB = 3, AC = 2 e BC = 5. 2. Repita o exercício anterior, sabendo que C está entre A e B e que AB = 7 e AC = 5. 3. Quatro pontos A, D, V e I estão sobre uma reta ele modo que suas coordenadas são número inteiros consecutivos. Sabe-se, além disto, que V está entre I e A e que DA < DV. Faça uma figura indicando as posições relativas destes pontos. 4. Desenhe uma reta e sobre ela marque dois pontos A e B. Suponha que a coordenada do ponto A seja zero e a do ponto B seja um. Marque agora pontos cujas coordenadas são 3, 5, 5/2, 1/3, 3/2, 2, -1, -2, -5, -1/3, -5/3. 5. Sejam A1 e A2 pontos de coordenadas 1 e 2. Dê a coordenada elo ponto médio A3 elo segmento A1A2 . Dê a coordenada elo ponto médio A4 elo segmento A2A3. Dê a coordenada A5 elo ponto médio elo segmento A3A4 . 6. Dados três pontos colineares A, B e C tais que AB seja o triplo ele BC, calcule as medidas ele AB e BC sabendo que AC mede 32cm. 7. São dados três pontos A, B e C com B entre A e C. Sejam M e N os pontos médios ele AB e BC respectivamente. Mostre que MN = (AB + BC)/2. 20 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 8. São dados três pontos A, B e C com Centre A e B. Sejam M e N os pontos médios de AB e BC respectivamente. Mostre que M N = (AB - BC)/2. 9. Considere três pontos colineares A, B e C, sendo que B fica entre A e C e AB = BC. Se M é o ponto médio de AB e N é o ponto médio de BC mostre que M N = AB. 10. São dados pontos A, B, C e D colineares com coordenadas x, y, z e w tais que x < y < z < w. Prove que AC = BD se e só se AB = CD. 11. Prove que, se (a/b) = (c/cl) então a) a b cl e cl e b e a b) a+b e+ cl a-b e - cl e -- a e a e e) a+b e+ cl a-b e - cl b cl e b d 12. Se P é ponto de interseção de círculos de raio r e centros em A e B, mostre que PA = PB. 13. Usando régua e compasso, descreva um método para constru- ção de um triângulo com dois lados de mesmo comprimento. (Um tal triângulo é chamado de triângulo isósceles). 14. Descreva um método para construção de um triângulo com os três lados de mesmo comprimento. (Um tal triângulo é chamado de triângulo eqüilátero). 15. Mostre que, se a < b então a< (a+ b)/2 e b > (a+ b)/2. 16. Um segmento ligando dois pontos de um círculo e passando pelo seu centro é chamado de diâmetro. Mostre que todos os diâmetros têm a mesma medida. 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 21 17. Considere um círculo de raio r. Mostre que a distância entre quaisquer dois pontos situados dentro do círculo é menor do que 2r. 18. Considere dois círculos de raio r que não se intersectam. Mostre que o comprimento do segmento ligando seus centros é maior do que 2r. ' 19. O círculo de raio r 1 centrado em A intercepta o círculo de raio r2 centrado em B em exatamente dois pontos. O que se pode afirmar sobre AB? 20. Considere um círculo de raio r e centro A. Sejam B e C pontos deste círculo. O que se pode afirmar sobre o triângulo ABC? 21. Considere um círculo de raio r e centro O. Seja A um ponto deste círculo e seja B um ponto tal que o triângulo OAB é eqüilátero. Qual é a posição do ponto B relativamente ao círculo? 22. Dois círculos de mesmo raio e centros A e B se interceptam em dois pontos C e D. O que pode ser afirmado sobre os triângulos ABC e AC D? 23. Sejam A, B, C e D quatro pontos da reta m tais que Besta entre A e C, e Cesta entre B e D. Sabendo que AB = CD mostre que AC = BD. 24. Decida se existem pontos A, B e C tais que AB = 5, BC = 3 e CA = 1. 25. Seja m uma reta e 'H a união de todos os discos de raio 1 e centro em pontos de m. Seja 'H' o conjunto de todos os pontos A satisfazendo a propriedade de que existe um ponto P(A) E m tal que a distância da A a P(A) e menor do que 1. Mostre que 'H = 'H'. 22 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 26. Decida se o resultado elo exercício anterior é verdadeiro quando substituímos m por um segmento LM. 27. Uma emissora ele rádio transmite com potência suficiente para alcançar qualquer receptor situado a menos de 100 Km de sua antena. Justifique a veracidade da seguinte afirmação: sabendo-se que é possível viajar da cidade A para a cidade B ouvindo no rádio continuamente a transmissão daquela emis- sora conclui-se que a distância entre A e B é de, no máximo, de 200 Km. 28. Sejam M, A e B pontos distintos situados sobre uma mesma reta. Se a = 1"\1 A/ M B diz-se que M divide AB na razão a. Dado qualquer número real positivo a mostre que existe um único ponto M E AB tal que M divide AB na razão a. 29. Dado qualquer número real positivo a -=I= 1 mostre que existe um único ponto M na reta determinada por A e B, que não pertence a AB e que divide AB na razão a. Porque o caso a = 1 teve ele ser excluído? 30. Sejam M, N, A e B pontos distintos sobre uma mesma reta, sendo que ME AB e que N está fora de AB. Diz-se que M e N dividem harmonicamente o segmento AB quando MA NA ====a. MB NB Quando a > 1, determine as posições relativas dos quatro pontos. Repita o exercício para o caso em que O < a < 1. 31. Suponha que M e N dividem harmonicamente o segmento AB. Mostre que 2 1 1 -=-±- AB AM AN 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 23 32. Suponha que M e N dividem harmonicamente o segmento AB e que O seja o ponto médio ele AB. Mostre que 33. São dados três pontos A, B e C no plano e constata-se que a distância ele A a B é igual a soma elas distâncias ele A a C e ele C a B. O que pode ser afirmado sobre estes pontos? 34. Decida se existem três pontos A, B e C sobre uma reta tais que AB = 5cm, BC= 6cm e AC= 7cm? 35. No plano se tem quatro pontos distintos A, B, C e D e uma reta m que não passa por nenhum deles. Sabe~se.que os seg- mentos AB e CD cortam a reta e que AC não a corta. O que pode ser dito sobre o segmento BD? · 36. Quatro pontos A, B, C e D são colineares. O ponto B está entre A e C, e o ponto C entre B e D. Demonstre que o ponto C se encontra entre A e D. 37. Considere uma reta m. Associe a cada ponto um número real como é garantido pelo Axioma III2• Seja A um ponto desta reta que tem coordenada a. Mostre queas duas semi-retas L1 e L2 determinadas por A em rn podem ser descritas como: L1 = {B E m; a coordenada ele B é ~ a} e L2 = {B E m; a coordenada ele B é ~ a}. 38. Seja X um ponto qualquer da reta m cuja coordenada repre- sentaremos por x. Mostre que as soluções da desigualdade x ~ a constitui uma semi-reta. 39. Usando a notação elo exercício anterior, descreva geométricamente as soluções da desigualdade x 2 - 1 ~ O. 40. Repita o exercício anterior para a desigualdade x2-5x+6 ~ O. 24 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 41. Repita o exercício anterior para x3 - x ~ O. 42. É frequentemente dito que «a menor distância entre dois pon- tos é uma linha reta". Embora seu significado seja muito claro, tal afirmação é incorreta. Porque? Como você modifi- caria as três últimas palavras da frase para que ela se tornasse correta? 43. Tome uma caixa de cartolina e escolha sobre ela dois pontos quaisquer. Usando um cordão tente achar a menor distância a ser percorrida por uma formiga que deseje ir de um ao outro ponto escolhidos. Relate os resultadoe encontrados. 44. Aproximadamente quantos tijolos serão necessários para cons- truir uma parede de 6m de comprimento por 3m de altura sabendo-se que: ela deve ser construída com ~'iolos e arga- massa, cada tijolo mede 19cm de comprimento por 14cm ele altura e sua largura é a largura da parede, e cada tijolo será contornado por uma camada de argamassa de 1cm. 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 25 PROBLEMAS 1. Dado um segmento AB mostre que existe, e é único, um ponto C entre A e B tal que (AC/ BC) = a, onde a é qualquer número real positivo. 2. Prove a seguinte afirmação feita no texto: o segmento de reta ligando um ponto fora ele um círculo com um ponto dentro do mesmo, tem um ponto em comum com o círculo. 3. Dados dois pontos A e B e um número real r maior do que AB, o conjunto dos pontos C satisfazendo a CA + CB =ré chamado de elipse. Estabeleça os conceitos de região interior e de região exterior a uma elipse. 4. Um conjunto M de pontos elo plano ·é limitado se existe um círculo C tal que todos os pontos de M então dentro de C; e é ilimitado quando não é limitado. Prove que qualquer conjunto finito de pontos é limitado. Prove também que segmentos são limitados. Conclua ·o mesmo resultado para triângulos. 5. Prove que a união de uma quantidade finita de conjuntos limitados é ainda um conjunto limitado. 6. Mostre que, dado um ponto P e um conjunto limitado M, existe um disco com centro em P que contém M. 7. Prove que as retas são conjuntos ilimitados. (Sugestão: use o problema 6.) 26 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 8. Discuta a veracidade da seguinte afirmação: o caminho que realiza a menor distância entre dois pontos é o segmento de reta que os une. 9. Mostre que é possível construir um círculo de qualquer raio contido em um semi-plano. 10. Considere uma semi-reta SAB· Mostre que, para cada ponto C de S AB existe um círculo centrado em C passando pelo ponto A. Para cada C, seja B(C) o disco limitado por C. Mostre que a união dos B(C) é um conjunto convexo. 11. Sejam uma reta e Pum ponto que não pertence a m. Seja 1i a união das semi-retas de origem P que cortam m. a) Mostre que 1{ é um conjunto convexo. b) Discuta a seguinte afirmação: a fronteira de 1{ é a união de duas semi-retas que não interceptam m. 12. Sejam A, B, C e D quatro pontos situados fora de um círculo de raio r e centro O. Suponha que os segmentos AB, BC, CD e D E estão fora do círculo e que o segmento AC contém o ponto O. Mostre que AB +BC+ CD+ DA> 4r. 13. Descreva um método para desenhar um triângulo eqüilátero. 14. Descreva um método para desenhar um triângulo cujos lados medem 3, 4 e 6. 15. A superfície ela terra é uma esfera ele raio muito grande. Tão grande que, localmente, tem-se a sensação ele que estar vivendo sobre uma superfície plana. De fato, esta sensação é tão forte que a história registra um período em que tal crença era lugar comum. Discuta a seguinte questão: o que são retas sobre uma esfera. 2. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE SEGMENTOS 27 16. Continue a questão anterior discutindo se as retas na esfera satisfazem ou não aos axiomas I, II e III. 17. Dentro da mesma ordem ele idéias, suponha que vivêssemos numa superfície cilíndrica. Repita os exercícios 15 e 16 neste contexto. Observo que um autor de ficção científica concebeu uma nave espacial de dimensões gigantescas na forma ele um cilindro que giraria em torno de seu eixo para gerar gravidade artificial. Tal nave seria a nova morada elo homem ao longo de viagens espaciais que durariam várias gerações. 18. Considere como plano a parte ela planta de uma cidade ocu- pada pelas ruas e avenidas. Considere como segmento de reta qualquer caminho que possa ser seguido por um ta.xi para ir de um ponto a outro ela cidade. Verifique se cada um dos axiomas que já enunciamos vale ou não nesta "geometria". 19. Tome uma folha de papel. Suponha que o plano seja cons- tituído apenas elos pontos desta folha ele papel. Dados dois pontos neste plano, usando uma régua e um lapis pode-se traçar um segmento ligando os dois pontos. Defina as reta como a extensão ele um segmento até a borda ela folha ele papel. Discuta a validade ou não, nesta "geometria", de todos os a.xiomas já apresentados até aqui. 20. Se a folha ele papel for levemente encurvada, muda alguma coisa na resposta elo item anterior? 21. Analise a possibilidade ele estabelecer um conceito ele "estar entre" para pontos de um círculo. 28 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA COMENTÁRIO As primeiras noções geométricas surgiram quando o homem viu- se compelido a efetuar medidas, isto é, a comparar distâncias e a determinar as dimensões dos corpos que o rodeavam. Egípcios, Assírios e Babilônios já conheciam as principais figuras geométricas e a noções de ângulo que usavam nas medidas ele área e na Astrono- mia. A maior parte do desenvolvimento da Geometria resultou cios es- forços feitos, através de muitos séculos, para construir-se um corpo de doutrina lógica que correlacionasse os dados geométricos obtidos da observação e medida. Pelo tempo de Euclides (cerca de 300 a.C.) a ciência da Geometria tinha alcançado um estágio bem avançado. Do material acumulado Euclides compilou os seus "Elementos", um dos mais notáveis livros já escritos. A Geometria, como apresentada por Euclides, foi o primeiro sistema ele idéias desenvolvido pelo homem, no qual umas pou- cas afirmações simples são admitidas sem demonstração e então utilizadas para provar outras mais complexas. Um tal sistema é chamado dedutivo. A beleza da Geometria, como um sistema de- dutivo, inspirou homens, das mais diversas áreas, a organizarem suas idéias da mesma forma. São exemplos disto o "Principia" de Sir Isaac Newton, no qual ele tenta apresentar a Física como um sistema dedutivo, e a "Ética" do filósofo Spinoza. · CAPÍTULO 3 AXIOMAS SOBRE lVIEDIÇÃO DE ÂNGULOS Definição 3.1 Chamamos de ângulo a figura formada por duas semi-retas com a mesma origern. A Figura 3.1 As semi-retas são chamadas ele lados do ângulo e a origem comum, de vértice cio ângulo. Um ângulo formado por duas semi-retas dis- tintas de uma mesma reta é chamado ele ângulo raso. A Figura 3.2 29 30 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Existem várias maneiras distintas de representar um ângulo. Por exemplo, o ângulo da figura (3.3) pode ser designado por BÂC ou por CÂB. Ao utilizarmos esta notação, a letra indicativa do vértice deve sempre aparecer entre as outras duas, as quais repre- sentam pontos das semi-retas que formam o ângulo. Figura 3.3 Quando nenhum outro ângulo exibido tem o mesmo vértice, pode-se usar apenas a letra designativa elo vértice para represen- tar o ângulo. Por exemplo, o ângulo da figura (3.3) poderia ser representado simplesmente por Â. Em qualquer dos dois casos con- siderados a letra designativa do vértice levará sempre um acento circunflexo. Também é comum a utilização de letrasgregas para representação ele ângulos. Neste caso é conveniente escrever a letra designativa elo ângulo próximo do seu vértice, como indicado na figura abaixo. \~ª - Figura 3.4 Os ângulos são medidos em graus com o auxílio de um trans- feridor1. Na figura seguinte, o ângulo BÂC mede 20° (vinte graus). 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 31 Observe que, de maneira análoga ao que ocorre no caso da medição de segmentos, o transferidor pode ser colocado de várias maneiras diferentes, no entanto, o valor ela medida elo ângulo BÂC será sem- pre 20°. Figura 3.5 A maneira ele introduzir a medição ele ângulos na geometria é através elos axiomas apresentados a seguir. Observe que eles têm enunciados semelhantes aos dos ax:iomas sobre medição ele segmen- tos. Axioma III4 Todo ângulo tem uma medida maior ou igual a zero. A medida ele um ângulo é zero se e somente se ele é constituído por duas semi-retas coincidentes. Para facilitar o enunciado elo próximo axioma, vamos dar a se- guinte definição: Definição 3.2 Diremos que uma semi-reta divide um semi-plano se ela estiver contida no semi-plano e sua origem f ar um ponto da reta que o determina. 32 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Axioma 1115 É possível colocar, em correspondência biunívoca, os números reais entre zero e 180 e as semi-retas da mesma origem que dividem um dado semi-plano, de modo que a diferença entre estes números seja a medida do ângulo formado pelas semi-retas correspondentes. 180 125 B o Figura ~-6 60 A o Ao fazer tal correspondência chamamos o número que corres- ponde a uma dada semi-reta de coordenada da semi-reta. Na figura (3.6) acima, a semi-reta SoA tem coordenada 60, a semi-reta SoB tem coordenada 125. De acordo com o axioma 1115 a medida do ângulo AÔB é 125-60=65. Este é um fato geral. Se a e b forem coordenadas cios lados cio ângulo AÔB, então ia - bl é a medida deste ângulo. Indicaremos um ângulo e a sua medida pelo mesmo símbolo. Assim escreveremos ele uma maneira geral AÔB = la-bl para significar que la-bl é a medida elo ângulo AÔB. Observe que as semi-retas que formam um ângulo raso serão sempre numeradas por O e 180, sendo assim a medida de tais ângulos sempre 180°. Definição 3:3 Sejam SoA, SoB e So::: semi-retas de mesma origem. Se o segmento .4.B interceptx· Soe dircr,ws que S00 divide o ângulo AÔB. 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 33 Axioma III6 Se uma semi-reta Soe divide um ângulo AÔB, então AÔB = AÔC + CÔB . Definição 3.4 Dois ângulos são ditos suplementares se a soma de suas medidas é 1800. O suplemento de um ângulo é o ângulo adjacente ao ângulo dado obtido pelo prolongamento de um de seus lados e Figura 3.7 É claro que um ângulo e seu suplemento são ângulos suple- mentares. É também evidente que, se dois ângulos têm a mesma medida, então o mesmo ocorre com seus suplementos. Quando duas retas distintas se interceptam, formam-se quatro ângulos, como indicado na figura abaixo. Os ângulos AÔB e DÔC são opostos pelo vértice. Do mesmo modo o são os ângulos AÔ D e BÔC. D e Fig.ura 3.8 ~ A B 34 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Proposição 3.5 Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma me- dida. Prova: De fato, se AÔB e DÔC são ângulos opostos pelo vértice, então eles têm o mesmo suplemento: AÔD. Logo AÔB + AÔD 180º DÔC + AÔD 180º Portanto AÔB = 180° - AÔD = DÔC. Definição 3.6 Um ângulo cuja medida é 9(f. é chamado ângulo reto. É claro que o suplemento ele um ângulo reto é também um ângulo reto. Quando duas retas se intersectam, se um elos quatro ângulos formados por elas for reto, então todos os outros também o serão. Neste caso diremos que as retas são perpendiculares. Teorema 3. 7 Por qualquer ponto de uma reta passa uma única perpendicular a esta reta. Prova: (Existência}. Dada uma reta rn e um ponto A sobre ela, as duas semi-retas determinadas por A formam um ângulo raso. Con- sidere um elos semi-planos determinados pela reta m. De acordo com o axioma IIl5 , entre todas as semi-retas com origem A, que dividem o semi-plano fixado, existe uma cuja coordenada será o número 90. Esta semi-reta forma, com as duas semi-retas determi- nadas pelo ponto A sobre a reta m, ângulos ele 90°. Portanto ela é perpendicular a reta m. (Unicidade}. Suponha que existissem duas retas n e n' pas- sando pelo ponto A e perpendiculares a m. Fixe um elos semi- planos determinados por m. As interseções elas retas n e n' com este semi-plano são semi-retas que formam um ângulo a e, como na 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS n' n y A Figura 3.9 m 35 figura (3.9), formam outros dois ângulos /3 e I com as semi-retas determinadas pelo ponto A na reta m. Como n e n' são perpendiculares a 1n então /3 = 1 = 90º. Por outro lado, devemos ter a + /3 + 1 = 180°. Lego a = 0° e as retas n e n' coincidem. 1Queremos observar que os ângulos podem também ser medidos utilizando o grado, o radiano ou qualquer outra unidade de medida de ângulos. Elas cor- respondem a diferentes maneiras de numerar ao:; semi-retas de mesma origem e sua adoção não interfere com o desenvolvimento da teoria. O leitor vai encon- trar no "comentário" deste capítulo uma razão histórica pela qual escolhemos o grau para unidade de medida de ângulos neste texto. 36 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA EXERCÍCIOS 1. Mostre que se um ângulo e seu suplemento têm a mesma medida então o ângulo é reto. 2. Dois ângulos são suplementares. A diferença entre eles é de 50°. Determine a medida dos dois ângulos. 3. Um ângulo é chamado agudo se mede menos de 90°, e é cha- mado obtuso se mede mais de 90°. Mostre que o suplemento de um ângulo agudo é sempre obtuso. 4. Quanto mede o ângulo cuja quinta parte do seu suplemento mede 24º? 5. O ângulo formado pelas bissetrizes ele dois ângulos adjacentes mede 40°. Sendo a medida de um deles igual a três quintos da medida elo outro, determine a medida elos dois ângulos. 6. Três semi-retas ele mesma origem são traçadas no plano. Co- locando-se o transferidor de forma adequada, a primeira delas tem coordenada O, a· seg_unda 30 e a ultima 120. Qual a me- dida do ângulo entre a segunda e a terceira? Se o transferidor fosse rodado um pouco de modo que a coordenada da primeira fosse agora 20, qual seriam as coordenadas das outras semi- retas? 7. Duas retas se interceptam formando quatro ângulos. Se um deles é reto, mostre que os outros também são retos. Se, ao invés de ser reto, um deles medisse 60°, qual seriam as medidas elos outros. 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 37 8. Use um transferidor e desenhe ângulos de 45º, 60°, 90º, 142°, 15.5° e 33°. ' 9. Dois ângulos são ditos complementares se sua soma é um ângulo reto. Dois ângulos são complementares e o suplemento de um deles mede tanto quanto o suplemento do segundo mais 30º. Quanto medem os dois ângulos? 10. Determine a medida do ângulo agudo que tem a mesma me- dida do seu complemento. 11. Qual é o ângulo agudo que mede o dobro do seu complemento? 12. Porque o complemento de um ângulo é sempre menor do que o seu suplemento? 13. Qual a medida da diferença entre o suplemento de um ângulo e seu complemento? 14. Ao longo de 1/2 hora o ponteiro dos minutos de um relógio descreve um ângulo raso ( ou seja, o ângulo entre sua posição inicial e sua posição final é um ângulo raso). Quanto tempo ele leva para descrever um ângulo de 60° graus? 15. Ao mesmo tempo em que o ponteiro dos minutos gira, o das horas também gira, só que em menor velocidade: ele leva 6 horas para descrever um àngulo raso. Quanto tempo ele leva para percorrer um ângulo de 10º. 16. Qual o ângulo formado entre o ponteiro dos minutos e da~ horas quando são 12 horas e 30 minutos? 17. Exatamente às 12 horas um ponteiro estará sobre o outro. A que horas voltará a ocorrer que os dois ponteiros formem um ângulo de Oº? 38 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA A 18. Uma poligonal é uma figura formada por uma seqüência ele pontos A1, A2, ... , An e pelossegmentos A1A2, A2A3, A3A4, ... , An_1A 11 • Os pontos são os vértices ela poligonal e os segmentos são os seus lados. Desenhe a poligonal ABCD sabendo que: AB = BC = CD = 2cm,, ABC = 120º e BÔD = 100º. 19. Um polígono é uma poligonal em que as seguintes 3 condições são satisfeitas: (a) A11 = A1, (b) os lados ela poligonal se in- terceptam somente em suas extremidades, (e) cada vértice é extremidade ele dois lados e ( d) dois lados com mesma ex- tremidade não pertencem a uma mesma reta. Das 4 figuras, abaixo, apenas duas são polígonos. Determine quais são elas. A D A D E e e e E B B A B B \ E c~c E D Um polígono ele vértices A1, A2, ... , An+l = A1, será repre- sentado por A 1A2A3, ... , A 11 • Ele tem n lados, n vértices e n ângulos. 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 39 20. Desenhe um polígono de 4 lados ABC D tal que AB = BC = CD= DA= 2cni, com AÊC = AÍJC = 100º e com BêD = BÂD = 80º. 21. A soma dos comprimentos dos lados de um polígono é chamada de perímetro do polígono. Desenhe um polígono, meça seus lados e determine seu perímetro. 22. Seja ABCD um polígono tal que AB =BC= CD= DA. Se AB = a seu perímetro será 4a. Determine um ponto E fora da região limitada pelo polígono tal que ABE é um triângulo eqüilátero. Considere agora o polígono AEBCD. Determine seu perímetro. 23. No polígono ABCD da questão anterior, seja M o ponto médio do lado AB. Determine agora dois pontos E 1 e E2 tais que AE1M e !11 E2B sejam eqüiláteros. Determine agora o perímetro do polígono AE1Jvf E2BCD. 24. Generalize a construção do exercício anterior tomando agora pontos médios dos segmentos AM e M B e determine o perí- metro do polígono resultante. 25. Mostre que todo polígono é limitado. 26. O segmento ligando vértices não consecutivos de um polígono é chamado uma diagonal do polígono. Faça o desenho de um polígono de seis lados. Em seguida desenhe todas as suas diagonais. Quantas diagonais terá um polígono de 20 lados? E de n lados? 27. Discuta a seguinte afirmação: todo polígono separa o plano em duas partes, uma limitada e outra ilimitada. (A parte limitada é referida como a região limitada pelo polígono, ou o interior do polígono). 40 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 28. Dê exemplo de um polígono que possua uma diagonal que não esteja contida na região por ele limitada. 29. Considere um polígono de quatro lados. Mostre que o com- primento de qualquer uma de suas diagonais é menor do que a metade do seu perímetro. 30. São dados quatro pontos A, B, C e D. É também sabido que AB +BC+ CD+ DA e 2AC são iguais. O que você pode afirmar sobre a posição relativa dos quatro pontos? 31. Um polígono é convexo se está sempre contido em um dos semi-planos determinados pelas retas que contêm os seus la- dos. Na figura abaixo mostre que o polígono (a) é convexo e o {b) é não convexo. (a) (b) 32. Mostre que, em um polígono convexo, as diagonais estão sem- pre contidas na região limitada pelo polígono. 33. Os ângulos formados pelos lados de um polígono convexo são chamados de ângulos do polígono. Suponha que tenha sido demonstrado que a soma dos ângulos de qualquer triângulo é um valor constante s. Com esta informação mostre que 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 41 a soma dos ângulos de um polígono convexo de n lados é (n - 3)a. 34. Suponha agora que tenha sido demonstrado que a soma dos ângulos de qualquer triângulo é sempre menor do que um número a. Mostre então que a soma dos ângulos de um polígono convexo de n lados é menor do que (n - 3)a. 35. Polígonos convexos recebem designações especiais. São as seguintes as designações dadas a estes polígonos de acordo com seu número de lados, até 10 lados. nº de lados nome do polígono convexo 3 triângulo 4 quadrilátero 5 pentágono 6 hexágono 7 heptágono 8 octágono 9 nonágono 10 decágono Dado um polígono convexo mostre que qualquer de suas dia- gonais sempre o divide em dois conjuntos convexos. 36. Dê exemplo de uma polígono não convexo que possua uma diagonal que o divide em dois polígonos convexos. 42 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA PROBLEMAS 1. Dado um ângulo AÔ B mostre que existe uma única semi-reta Soe tal que AÔC = ÇÔB. A semi-reta Soe é chamada de bissetriz do ângulo AO B. 2. Mostre que as bissetrizes de um ângulo e do seu suplemento são perpendiculares. 3. Dado um ângulo AÔ B e um número real positivo a, O < a < 1, mostre que existe uma única semi-reta Soe, contida neste ângulo, tal que CÔB =a• AÔB. 4. De quantos graus move-se o ponteiro dos minutos enqaanto o ponteiro elas horas percorre um ângulo raso? 5. Descreva um processo pelo qual um desenhista, sem usar um transferidor, possa "copiar" um ângulo, isto é, dado um ângulo desenhado em uma folha de papel, desejamos estabele- cer um procedimento pelo qual possamos desenhar um outro ângulo que tenha a mesma medida do primeiro, isto sem fazer uso de um transferidor. 6. Descreva um método, em que se faça uso apenas de um com- passo e de uma régua não numerada, para desenhar um tri- ângulo eqüilátero. 7. Descreva um método, em que se faça uso apenas de um com- passo e de uma régua não numerada, de construção de um quadrilátero com os quatro lados de mesmo comprimento. 3. AXIOMAS SOBRE MEDIÇÃO DE ÂNGULOS 43 8. Seu método se estende para o caso de 5 lados? 9. Uma alternativa para definir ângulo é a de considerar a in- terseção de semi-planos. Formalize esta ideia. Relacione com nossa definição. 10. Considere dois círculos S1 e S2 centrados no ponto O. As semi-retas tendo O como origem podem ser usadas para as- sociar a cada ponto P do círculo S1 um ponto Q do círculo S2 . Pense nela como uma função f elo círculo S1 no círculo S2. Mostre que: a) Se J(Pi) = J(A) então A = A- (fé biunívoca.) b) Se Q for qualquer ponto ele S2 então existe P E S1 tal que J(P) = Q. (fé sobre.) Comente sobre a seguinte afirmação: "Os círculos S1 e S2 têm o mesmo número ele pontos". 11. De exemplo de um quadrilátero (não convexo) com duas dia- gonais que não se interceptam. 12. Por definição, se P for um polígono convexo, então, para cada um ele seus lados m,, podemos escolher um semi-plano L(m,) determinado por m tal que P e L(m). Logo P e ílm L(m). Mostre que P = ílm L(m). 13. Sejam m e n duas retas. Mostre que: se 1n está contida em um elos semi-planos determinados por n então ou m, = n ou m, e n não se intersectam. 14. Mostre que se uma semi-reta tem origem no vértice A ele um triângulo ABC e passa por algum ponto interior ao triângulo, então ela intercepta o lado BC. 44 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA COMENTÁRIO No segundo e primeiro milênios antes de Cristo, floresceram na Mesopotâmea ( a região entre os rios Eufrates e Tigre, o que hoje é aproximadamente o Iraque) várias civilizações conhecidas, de um modo geral, como civilização babilônica. Entre elas, a ci- vilização Suméria, que teve seu ápice no segundo milênio a.C., e a civilização que se desenvolveu em torno da cidade chamada Ba- bilônia no primeiro milênio a.C. Os babilônios absorveram grande parte da cultura matemática egípcia e a ela acrescentaram suas próprias conquistas. Entre estas, figura o total desenvolvimento da álgebra elementar e a invenção de um sistema de numeração em que os algarismos têm um valor de posição na grafia dos números. Este método de escrever os números, infelizmente não foi absorvido pelas civilizações que se seguiram à civilização babilônica. Em passado mais recente ele foi redescoberto pelos hindus de quem o importa- mos, através dos árabes. Enquanto a base de numeração hindú era decimal, exatamente como utilizamos hoje, a base de numeração babilônica era sexa- gesimal. Isto significa que eles utilizavam 60 símbolos (algarismos) distintos para escrever todos os números. Infelizmente o zero era representado por uma lacuna o que tornava a leitura de alguns números confusa. Talvez esta tenha sido a dificuldade essencial, que levou este sistema a não ser absorvidopelas civilizações que sucederam a civilização babilônica. Para este povo, que utilizava um sistema de numeração de base 60, foi muito natural dividir o círculo em 360 partes (grau), e cada uma destas partes em 60 partes (minuto) e repetir o processo para estas sub-partes. Assim o "grau" é uma invenç:ão dos babilônios, que entraram para a história da ciência matemática com uma con- tribuição importante que utilizamos até hoje. CAPÍTULO 4 CONGRUÊNCIA Definição 4.1 Diremos que dois segmentos AB e CD são con- gruentes quando AB = CD; diremos que dois ângulos  e Ê são congruentes se eles têm a mesma medida. Observe que, com esta definição, as propriedades ela igualdade ele números passam a valer para a congruência ele segmentos e ele ângulos. Como conseqüência, um segmento é sempre congruente a ele mesmo e dois segmentos, congruentes a um terceiro, são con- gruentes entre si. O mesmo valendo para ângulos. Para simplificar ao máximo a nossa notação, iremos utilizar o símbolo "="para significar congruente. Assim, AB = CD eleve ser lido como AB é congruente a CD e  = Ê eleve ser lido como ângulo A é congruente ao ângulo B. Em geral não haverá perigo ele confusão com a igualdade ele números ou ele conjuntos. Quando houver, reforçaremos com palavras o significado elo símbolo. Definição 4.2 Dois triângulos são congruentes se for possível es- tabelecer uma correspondência biunívoca entre seus vérices de modo que lados e ângulos correspondentes sejam congruentes. Se ABC e EFG são dois triângulos congruentes e se 45 46 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA A - E B -----.t F C - G é a correspondência que define a congruência, então valem, simul- taneamente, as seis relações seguintes: AB  EF Ê BC Ê FC p AC ê EG ê Se, nos triângulos abaixo, considerarmos a correspondência C - F, B - D e A - E, verificaremos que ê = P, Ê = ÍJ,  = Ê, CB = FD, BA = DE e AC= EF. Portanto os triângulos CBA e F D E são congruentes. e G 6 F 30 ,____,_ ___ 4 ___ .___--"" A E Figura 4.1 Escreveremos ABC = EFG para significar que os triângulos ABC e EFG são congruentes e que a congru.ência leva A em E, B em F e Cem G. Axioma IV Dados dois triângulos ABC e EFG, se AB = EF, AC = EG e  = Ê então ABC = EFG. 4. CONGRUÊNCIA 47 Observe que, ele acordo com a definição ( 4. 2), para verificarmos se dois triângulos são congruentes temos que verificar seis relações: congruência elos três pares de lados e congruência dos três pares de ângulos correspondentes. O axioma acima afirma que é suficiente verificar apenas três delas, ou seja: AB = EF} AC=EG Â=Ê ==> { A-f! = E}F, BC= FC, AC= EG A= E, Ê = F, ê = ê Este axioma é conhecido como primeiro caso ele congruência ele triângulos. Outros dois casos serão apresentados a seguir. Teorema 4.3 (2° caso de congruência de triângulos) Dados dois triângulos ABC e EFG, se AB = EF,  = Ê e Ê = F, então ABC = EFG. Prova: Sejam ABC e EFG dois triângulos tais que AB = EF,  = Ê e Ê = F. Seja D um ponto ela semi-reta SAc tal que AD= EG. G A~----------~B E~----------~F Figura 4.2 Compa~e os !riângulos ABD e EFG. Como AD = EG, AB = EF e A = E, concluímos, pelo axioma IV, que ABD = EFG. Como conseqüência, tem-se que AÊD = F. Mas, por hipótese, F = AÊC. Logo AÊD = AÊC. Consequentemente as semi-retas SBD e S8 c coincidem. Mas então o ponto D coincide com o ponto 48 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA C· e, portanto, coincidem os triângulos ABC e ABD. Como já provamos que ABD = EFG, então ABC= EFG. Definição 4.4 Um triângulo é dito isósceles se tem dois lados con- gruentes. Estes lados são chamados de laterais, e o terceiro lado é chamado de base. Proposição 4.5 Em um triângulo isósceles os ângulos da base são congruentes. Prova Seja ABC um triângulo em que AB = AC. Pretende-se provar que Ê = ê. Para isto compare o triângulo ABC com ele mesmo fazendo corresponder os vértices da seguinte maneira: A t--t A, B t-t C e C t-t B. Por hipótese, AB = AC e AC = AB. Como  = Â, segue-se (pelo axioma IV) que esta correspondência de- fine uma congruência. Como conseqüência tem-se Ê = ê. B A P.igura 4.3 e Caso o leitor tenha alguma dificuldade em seguir o argumento acima, deve desenhar duas cópias elo triângulo ABC e repetir o raciocínio para estes dois triângulos. Proposição 4.6 Se, em um triângulo ABC, tem-se dois ângulos congruentes, então o triângulo é isósceles. 4. CONGRUÊNCIA 49 Prova Seja ABC um triângulo em que Ê3 = ê. Vamos mostrar que AB = AC. Novamente comparemos o triângulo ABC com ele próprio, fazendo corresponder os vértices como na prova ela proposição anterior, isto é: A - A, B - C e C - B. Como Ê3 = ê e ê = Ê3 por hipótese, e BC= CB, segue-se (pelo teorema ( 4.3)) que esta correspondência define uma congruência. Como conseqüência AB = BC. Definição 4. 7 Seja ABC um triângulo e seja D um ponto da reta que contém B e C. O segmento AD chama-se mediana do triângulo relativamente ao lado BC, se D for o ponto médio de BC. O segmento AD chama-se bissetriz do ângulo  se a semi-reta SAD divide o ângulo C ÂB em dois ângulos congruentes, isto é, se CÂD = DÂB. O segmento AD chama-se altura do triângulo rela- tivamente ao lado BC, se AD for perpendicular a reta que contém B eC. Na figura (4.4), em (a) AD é mediana, em (b) AD é bissetriz, e em (c) AD é altura. I I I I I I I BL...---0.__ _ _, (a) A C (b) Figura 4.4 A (e) 50 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA Proposição 4.8 Em um triângulo isósceles a mediana relativa- mente a base é também bissetriz e altura. Prova: Seja ABC um triângulo isósceles cuja base é AB. Seja CD sua mediana relativamente à base. Deve-se provar que AÔD = BÔD e que ADC é um ângulo reto. Para isto considere os triângulos ADC e BDC. Como AD = BD (já que CD é mediana), AC = BC (já que o triângulo é isósceles com base AB) e  = Ê (de acordo com a proposição anterior), então,pelo Axioma IV, tem-se ADC = BCD. Segue- se daí que AÔD = BÔD e CÍJA = BÍJC. A primeira congruência nos diz que CD é bissetriz do ângulo Aê B. Como AD B é um ângulo raso e C ÍJ A + B ÍJC = AD B então CÍJA + BÍJC = 180°. Como já sabemos que CÍJA = BÍJC então concluímos que CÍJA = BÍJC = 90°. Portanto CD é perpendicular a AB. Isto conclui a prova da proposição. e A D e Figura 4.5 Teorema 4.9 (3º caso de congruência de triângulos) Se dois triângulos têm três lados correspondentes congruentes então os tri- ângulos são congruentes. 4. CONGRUÊNCIA 51 e A1------,-------➔ B D Figura 4.6 Prova Sejam ABC e EFG dois triângulos tais que AB = EF, BC = FC e AC = EG. Vamos provar que ABC = EFG. Para isto, construa, a partir da semi-reta SAB e no semi-plano oposto ao que contém o ponto C, um ângulo igual ao ângulo Ê. No lado deste ângulo que não contém o ponto B, marque um ponto D tal que AD = EG e ligue D a B. Como AB = E F (por hipótese), AD = EG (por construção) e DÂB = Ê (por construção), então ABD = EFG. Vamos agora mostrar que os triângulos ABD e ABC são congruentes. Para isto trace CD. Como AD = EG = AC e DB = FG = BC, então os triângulos ADC e BDC são isósceles. Segue-se que AÍJC = Aê D e C ÍJ B = Dê B e logo que AÍJ B = Aê B. Mas então, pelo primeiro caso de congruência de triângulos, podemos concluir que ABD = ABC. Como já tínhamos provado que ABD = EFG, concluímos que ABC= EFG. 52 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA EXERCÍCIOS 1. Um ângulo raso é dividido por duas semi-retas em três ângulos adjacentes congruentes. Mostre que a bissetriz elo ângulo elo meio é perpendicular aos lados elo ângulo raso. 2. Desenhe um triângulo. Construa agora um outro triângulo congruente ao que você desenhou. Descreva o procedimento. 3. Construa um triângulo ABC sabendo que AB = 7, 5e111,, BC = 8, 2e111, e AÊC = 80°. Meça o comprimento ele AC e os outros ângulos elo triângulo. 4. Na figura abaixo à esquerda os ângulos a e /3 são congruentes. Mostre que AC = BC. D e A E 5. Na figura acima à direita tem-se AB= AC e BD = CE. Mostre que: ACD = ABE e BCD = CBE 6. Dois segmentos AB e CD se interceptam em um ponto M o qual é ponto médio elos dois segmentos. Mostre que AC = BD. 7. Em um triângulo ABC a altura elo vértice A é perpendicular ao lado BC e o divide em dois segmentos congruentes. Mostre que AB = AC. 4. CONGRUÊNCIA 53 8. Mostre que os pontos médios dos lados de um triângulo isósceles formam um triângulo também isósceles. ' 9. Na figura ao lado, AC = AD e AB é a bissetriz do ângulo C ÂD. Prove que os triângulos AC B e AD B são congruentes. 10. Complemente o exercício anterior mostrando que, se traçármos o segmento CD, ele será perpendicular a AB. e A <---------o B D 11. Em um quadrilátero ABC D sabe-se que AB = CD e BC = AD. Mostre que os triângulos AC B e CAD são congruentes. Conclua que os ângulos opostos do quadrilátero são congruen- tes, isto é, que  = ê e Ê = ÍJ. Altere sua prova para mostrar que, se os quatro lados tiverem a mesma medida então os qua- tro ângulos serão congruentes. 12. Mostre que um triângulo eqüilátero é também eqüiangular, isto é, tem os três ângulos iguais. 13. Na figura abaixo o ponto A é ponto médio dos segmentos CB e DE. Prove que os triângulos ABD e AGE são congruentes. e D A~E ~ B 14. Considere um círculo de raio R centrado em um ponto O. Sejam A e B pontos do círculo. Mostre que o raio que passa 54 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA pelo ponto médio do segmento AB é perpendicular a este segmento. Inversamente, mostre que, se o raio é perpendicular ao segmento então o cortaria no seu ponto médio. 15. Na figura abaixo os ângulos  e ê são retos e o segmento DE corta CA no ponto médio B de CA. Mostre que DA= CE. D e B A E 16. Dois círculos de centro A e B e mesmo raio se interceptam em dois pontos C e D. Se M é o ponto de intersecção de AB e CD, mostre AM = M B e Clvi M D. 17. Use o resultado do exercício anterior para descrever um mé- todo de construir, usando apenas régua e compasso, a per- pendicular a uma reta passando por um ponto fora da reta. 18. Da figura ao lado sabe-se que OC = O B, O D = O A e BÔD = CÔA. fl.fostre que CD = BA. ~:e, além disto, soubermos que CD = O B con- clua que os três triângulos for- mados são isósceles. D e B M o A 19. Considere um ângulo AÔB onde AO BO. Trace dois círculos ele mesmo raio centrados erL A e em B. Suponha que seus raios sejam grande suficientes para que eles se inter- ceptem em dois pontos. Mostre que a reta ligando estes dois pontos passa pelo vértice do âr1gulo e é sua bissetriz. 4. CONGRUÊNCIA 55 20. Use o resultado o exercéicio anterior para descrever um método ele construir a bissetriz de um ângulo usando apenas régua e compasso. 21. Faça uma demonstração cliferente da Proposição (4.5) fazendo uso da solução elo exercício 5. 22. Três sarrafos ele madeira são pregados, dois a dois, ele modo a formar um triângulo, com somente um prego em cada vértice. A figura as- sim obtida é rígida. Por que? Para comparação construa um quadrilátero com quatro sar- rafos e um prego em cada vértice. É esta figura rígida? 23. Explique porque é usual reforçar-se um portão com uma trave na diagonal como indicado esquematicamente na figura se- guinte à esquerda. 24. Explique porque a figura acima à direita é rígida. 56 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA PROBLEMAS 1. Na figura ao lado C!vl A é um ângulo reto e M é ponto médio de AB Mostre que CA = CB. 2. A região marcada com um 11,f representa um lago. Des- creva um processo pelo qual seja possível medir a distância entre os pontos A e B. ( Qualquer medição fora do lago é possível). ç e B 3. Mostre que, se um triângulo tem os três lados congruentes, então tem também os três ângulos congruentes. 4. Na figura ao lado ABD e BCD são triângulos isósceles com base D B. Prove que os ângulos AÊC e AÍJC são congru- entes. e B D 5. Usando a mesma figura, mostre que ,também a reta AC é bissetriz de B ÂD e é perpendicular a D B. 4. CONGRUÊNCIA 6. Na ao lado, ABD e são triângulos isósceles com base BD. Prove que AÊC = AÍJC e que AC é bissetriz do ângulo BêD. 57 e 7. Justifique o seguinte procedimento para determinação do pon- to médio de um segmento. "Seja AB um segmento. Com um compasso centrado em A, desenhe um círculo de raio AB. Descreva outro círculo de mesmo raio e centro em B. Estes dois círculos se interceptam em dois pontos. Trace a reta ligando estes dois pontos. A interseção desta reta com o seg- mento AB será o ponto médio de AB." A M B 8. Na construção acima é realmente necessário que os dois cír- culos tenham raio AB '? 9. Mostre que, na construção descrita no problema 7, acima, a reta que determina o ponto médio de AB é perpendicular a AB. 10. Utilize a idéia da construção descrita no problema 7 e pro- ponha um método de construção de uma perpendicular a uma reta dada passando por um ponto desta reta. 58 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA 11. Na figura abaixo tem-se AD = DE,  = DÊC e AÍJE = BÍJC. Mostre que os triângulos ADB e EDC são congruen- tes. 12. Um quadrilátero tem diagonais congruentes e dois lados opos- tos também congruentes. Mostre que os outros dois lados são congruentes. 13. Determine o conjunto de pontos que satisfazem a propriedade de serem equidistantes dos extremos de um segmento. 14. Sejam A e B pontos de um círculo e M o ponto médio de AB. sejam C e D pontos do segmento AB equidistantes do ponto M. Mostre que C e D são também equidistantes do centro do círculo. O resultado ainda vale se os pontos C e D estiverem sobre a reta que contém AB? 15. Uma reta corta dois círculos concêntricos em quatro pontos. Mostre que os dois segmentos que ficam ·na região entre os círculos são congruentes. 4. CONGRUÊNCIA 59 COMENTÁRIO Foi na Grécia que surgiu, pela primeira vez na história, a figura do cientista profissional. Aquele homem devotado à busca ele co- nhecimento e recebendo um salário para fazer isto. Alguns elos nomes mais representativos desta classe, durante a civilização grega, viveram em Alexandria, onde Ptolomeu I fez erigir um grande cen- tro de pesquisas denominado "Museo", com sua famosa biblioteca. Ali, a tradição grega em Ciência e Literatura foi preservada e de- senvolvida. O sucesso desse empreendimento foi considerável. Entre os primeiros pesquisadores associados ao M useo de Ale- xandria está Euclides, um dos matemáticos mais influentes de todos os tempos. Euclides aparentemente recebeu sua educação mate- mática em Atenas, dos discípulos ele Platão, e sua principal obra intitula-se: "Elementos", (composto de 13 volumes). Este trabalho deve ter-se tornado um clássico logo após sua publicação. Cer- tamente, desde os tempos de Arquimedes, ele era constantemente referido e utilizado como texto básico. Ao lado ela bíblia é sem düvida o livro mais reproduzido e estudado de todos os que já foram escritos na história do rriundo ocidental. Mais de 1.000 edições dele já foram produzidas desde a invenção ela imprensa e, antes disto, cópias manuscritas dominavam todo o ensino ela matemática. A geometria ensinada na escola secundária é, freqüentemente, cópia quase literal ele 8 ou 9 dos 13 volumes que o constituem. O próprio texto que o leitor tem em mãos contém muitas demonstrações que são, exceto pela linguagem, parte dos "Elementos". Certamente Euclides não criou toda a geometria contida nos seus "Elementos". Seu trabalho foi muito mais aquele de um com- pilador, desejoso de colocar em um ünico texto, três das grandes descobertas gregas: 60 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA a) a teoria de Eudoxio das proporções (livro V). b) a teoria ele Teteto dos irracionais (livro X) e c) a teoria dos cinco corpos regulares que ocupava lugar ele des- taque na cosmologia ele Platão. Foi, no entanto, a aplicação sistemática do método dedutivo para desenvolver a geometria à partir ele alguns fatos básicos toma- dos como axiomas, que, sem dúvida, teve o maior impacto
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