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1 Raciocínio Lógico 
 
 
DISCIPLINA: RACIOCÍNIO LÓGICO 
 
TEMA 1: RAZÃO E PRINCÍPIOS DA RAZÃO 
 
TEXTO PARA APOIO AO ESTUDO 
 
 
RAZÃO, PRINCÍPIOS DA RAZÃO E ATIVIDADE RACIONAL 
 
Objetivos: Conceituar razão, identificar este conceito ao longo da história; identificar os princípios gerais da 
razão; articular a razão em diferentes contextos; diferenciar razão intuitiva e razão discursiva. 
 
 
Raciocínio Lógico 
 
O estudo de Raciocínio Lógico é facilmente associado a cursos de 
exatas como Ciência da Computação, Análise e Desenvolvimento de 
Sistemas, Engenharia e etc. No entanto, o estudo desta disciplina também 
pode e deve ser associado a outros cursos principalmente quando 
confrontamos com o que o mercado de trabalha espera deste profissional. 
Logo, o Raciocínio Lógico é importante em todas as áreas do conhecimento. 
 
Estudar Raciocínio Lógico é mais que estudar matemática simbólica, 
é entender e analisar fatos, é reorganizar as informações para que façam 
sentido. 
 
O estudo desta disciplina é fundamental na formação de um profissional, pois auxilia na construção de 
pessoas com senso crítico e capacidade argumentativa e influencia diretamente na habilidade de ler, interpretar, 
portanto, entender e resolver problemas. 
 
Pode-se dizer que o Raciocínio Lógico é um pré-requisito pra ingressar em uma empresa. Facilmente 
podemos observas questões de concursos que abordam os conteúdos das disciplinas, e no que remete a empresas 
particulares, um dos primeiros testes a serem realizados é o teste de raciocínio lógico. O objetivo de tais testes é 
verificar o comportamento e ações perante situações cotidianas no ambiente profissional. 
 
O objetivo essencial de estudar o raciocínio lógico é entender o raciocínio em seus diferentes paradigmas e 
suas ligações com o afeto; analisar o processo de simbolização e abstração, naturalmente realizado por todos, na 
linguagem e na interpretação da realidade; desenvolver uma postura sistematizada de crítica em relação a 
qualquer raciocínio, modelo ou teoria; e por fim através desta postura crítica, expandir a consciência que o 
estudante tem de si mesmo e do mundo. 
 
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2 Raciocínio Lógico 
 
A razão ao longo da história 
Juízo e Raciocínio 
Nos dicionários encontramos o significado de juízo como bom senso, ou como a capacidade de distinguir o 
verdadeiro do falso. No entanto, filosoficamente a inteligência não é só a capacidade de conceber ideias, mas sim 
de estabelecer relações, e é exatamente isso que chamamos de julgar. 
 O juízo se encontra em quase todas as operações cognitivas da mente o que torna difícil determinar uma 
definição exata, no entanto Aristóteles, diz que juízo é o ato do espírito pelo qual este afirma ou nega uma coisa de 
outra. 
O juízo é o ato essencial da inteligência. Supõe a abstração e a generalização, uma vez que se baseia em 
uma noção comum para estabelecer confrontos entre ideias, e assim estabelecer novas construções. 
A natureza do juízo está ligada diretamente à origem do conhecimento, de como é alcançada a relação de 
conveniência ou não-conveniência entre as ideias, pela sensação e reflexão. E esta relação está ligada à “crença”. 
A “crença” é a persuasão da verdade, é o elemento essencial do juízo, ou seja, aquilo que se traduz na 
atitude pela reflexão da relação de conveniência ou não-conveniência entre duas ideias, resultante de uma 
operação intelectual. 
Note que é costumeiro associarmos as práticas religiosas a crenças, esta associação está correta, mas não é 
única. Ao observarmos duas cédulas do nosso sistema monetário, temos outro exemplo prático. Compare, por 
exemplo, uma cédula de cinquenta reais e outra de dois reais, o que difere as difere? O tipo de tinta que é utilizada 
em ambas é o mesmo, o tipo de material que forma todas as cédulas é igual, o que realmente faz uma cédula valer 
mais que outra é a “crença” estipulada pela sociedade de que aqueles símbolos fazem com que os valores sejam 
diferentes. 
O raciocínio é o processo mental que consiste em coordenar dois ou mais juízos antecedentes, em busca de 
um juízo novo, denominado conclusão. O raciocínio ocorre no último avanço da mente, o qual, por meio de 
reflexões calculadas atinge conclusões distantes da ideia inicial. O raciocínio se aproveita das conveniências (ou 
conexões) havidas entre os juízos, para dali calcular conclusões, as quais ficam apoiadas na validade das referidas 
conexões, ou seja, em sua evidência que é uma verdade e uma certeza. 
Para expressarmos um raciocínio é necessário fazer uso de argumentos (verbais ou escritos). Argumentar é 
expressar verbalmente um raciocínio. 
“Todo homem é um ser racional” e “Eu sou um homem” são exemplos de argumentações que justificam a 
conclusão de que “Eu sou um ser racional”. Ao associarmos estas argumentações temos respaldo para uma 
conclusão. 
A principal diferença entre a “crença” e o raciocínio é que na primeira não há a necessidade de prova, é 
uma questão de aceitação ou não; na segunda há necessidade de prova, a aceitação depende necessariamente da 
argumentação. 
 
Razão 
A ordenação da argumentação, o raciocínio propriamente dito traz sentido para a palavra razão, mas este 
não é único. Se fizermos uso de um dicionário encontraremos razão como: modo de pensar próprio ao Homem; 
faculdade de raciocinar ou de estabelecer conceitos e proposições (argumentos) de modo discursivo (não intuitivo), 
segundo as regras lógicas do raciocínio; faculdade dos princípios; faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o 
bem do mal; bom senso; justiça; dever; retidão de espírito; prova por argumento; causa; motivo; ideia justificada. 
Estas tantas definições de razão podem ser organizadas em quatro grupos. 
1. Quando dizemos: “eu tenho certeza, eu estou com a razão”, identificamos razão e certeza, uma vez 
que a verdade é racional. 
3 Raciocínio Lógico 
 
2. Quando dizemos: “ela recuperou a razão, estava fora de si”, identificamos razão e lucidez, 
considerado o ato de estar ou não são, bom senso. 
3. Quando dizemos: “João tem as suas razões”, identificamos razão e motivo, considerando que 
nossas atitudes, ações estão sempre pautadas em motivos, nossa vontade é racional. 
4. Quando dizemos: “qual é a razão disso?”, identificamos razão e causa, uma vez que a realidade 
opera segundo as relações causais. 
 
Todos estes sentidos formam a nossa ideia de razão. A razão não é apenas uma capacidade moral ou 
intelectual, mas também está ligada à realidade. A razão ligada à capacidade moral ou intelectual dos seres 
humanos é chamada de razão subjetiva, e a razão ligada à realidade, sabendo que a realidade é racional em si 
mesma é chamada de razão objetiva. 
A razão de modo geral é regida por regras, por leis fundamentais. Estas leis fundamentais são quatro e 
chamadas de Princípios Racionais. Todos nós obedecemos a estes princípios, já que somos seres racionais. 
 
Os princípios gerais da razão: 
Identidade, não-contradição, terceiro excluído, causalidade (razão suficiente). 
 
Princípio da identidade 
Uma coisa, seja qual for, só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada. Para entender 
melhor este princípio pegue duas canetas de marcas distintas. Observe ao máximo a aparência delas, mesmo que 
você encontre muitas diferenças elas ainda são canetas. Existe algo mais relevante que cor, marca, escrita, que fez 
você reconhecê-las como canetas, estas propriedades são conhecidas, pensadas e percebidas, o ato de conservá-
las faz com que reconheça qualquer tipo de caneta. 
Observe o seguinte desenho abaixo. 
 
Nele podemos observar dois retângulos, um triângulo e um paralelogramo. Esta observação pode ser feita, 
pois reconhecemos como triângulo, por exemplo, toda linha poligonal fechada formada por três lados. 
 Estas formas nos foram apresentadas em algum momento da vida (conhecidas), ao observá-las 
guardamos determinadaspropriedades (pensadas, percebidas e conservadas). 
O princípio da identidade se refere ao ato de definir determinada coisa ou ideia. 
 
Princípio da não-contradição 
É impossível que uma coisa ou uma ideia seja e não seja alguma coisa, ao mesmo tempo. 
A blusa é toda azul e não é toda azul. A segunda frase entra em conflito com a primeira uma vez que o 
conectivo ‘e’ faz com que as duas ideias sejam adicionadas, e estas ideias juntas se contradizem. 
 O princípio da não-contradição afirma que uma coisa ou uma ideia que se negam a si mesmas se 
autodestroem, desaparecem, deixam de existir. 
Exemplificando a ideia de contradição observe as seguintes frases: 
 Subimos para baixo as escadarias do Rio de Janeiro. 
 O número natural 3 é um número par. 
 O aluno Marcelo possui 100% de frequência e está reprovado por falta. 
4 Raciocínio Lógico 
 
 
Princípio do Terceiro-Excluído 
Ou uma coisa ou ideias possui determinada propriedade ou não possui. É uma relação de pertence ou não 
pertence, é ou não e, não há terceira opção. 
Observe a sentença: “Seja N um número natural: ou N é par ou N é ímpar (não é par)”. 
 
 
 
O princípio do terceiro-excluído é caracterizado por uma escolha entre duas alternativas, que considera 
uma verdadeira e outra falsa. 
Leia os seguintes exemplos: 
 Ou a luz está acesa ou está apagada. 
 Ou meu nome é Helena ou não é. 
 
Princípio da razão suficiente ou princípio da causalidade 
Através da razão as conexões entre coisas ou ideias são estabelecidas. Se há um evento, então outro 
acontece. 
Pense em um número. Se este número pensado terminar em 0, 2, 4, 6 ou 8, então este número é par. A 
conclusão é dita verdadeira, considerando a ideia inicial como verdadeira. 
Os princípios racionais são propriedades universais, fazem parte do nosso cotidiano considerando que 
somos seres racionais. 
 
A atividade racional: a intuição e a razão discursiva (indução, dedução, abdução) 
A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou 
pelo sujeito do conhecimento: a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva). 
A razão intuitiva ou intuição, ao contrário, consiste num único ato do espírito, que, de uma só vez, capta 
por inteiro e completamente o objeto. Em latim, “intuitos” significa ver. 
A atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre, percorre uma realidade ou um 
objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários atos de conhecimento até conseguir captá-lo. A razão 
discursiva ou o pensamento discursivo chega ao objeto passando por etapas sucessivas de conhecimento, 
realizando esforços sucessivos de aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto. 
No próximo tema, veremos melhor as questões que abordam a atividade racional e seus dois aspetos. 
 
5 Raciocínio Lógico 
 
Bibliografia: 
 
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução a filosofia. São Paulo: Moderna, 2000. 
CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2006. 
POINCARÉ, H. O valor da ciência. Rio de Janeiro: Contraponto, 1995.

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