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1 ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................ 2 ATUAÇÃO...........................................................................................................4 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PERICIAL..........................................................11 LEGISLAÇÃO...................................................................................................13 COMPETÊNCIA................................................................................................22 PERITO............................................................................................................25 REFERÊNCIAS................................................................................................35 4 ATUAÇÃO O trabalho da perícia, quando realizado com o objetivo de oferecer su- porte técnico, seja ao advogado ou ao Juízo, pode agilizar o andamento de uma ação judicial e, até mesmo, intervir diretamente no seu resultado de maneira po- sitiva. Mas você sabia que existe uma grande diferença entre contratar um perito não profissional e contratar um perito profissional? O perito não profissional, ou perito de ocasião, costuma ser uma pessoa graduada que exerce a atividade pericial como forma de complementar sua renda. São peritos das mais diversas áreas, mas sempre com o mesmo perfil: a perícia acaba sendo uma atividade tangente a alguma outra que ele exerce de 5 maneira profissional. E diferente do que faz o perito profissional, por exemplo, como se verá mais adiante. Em geral, o perito de ocasião não é um profissional ruim. No entanto, acaba por carecer de experiência justamente pela falta de continuidade no tra- balho, pela falta de comprometimento exclusivo e pela falta de rotina na realiza- ção das atividades. Por esse motivo, ele nem sempre consegue estar disponível para aten- der as necessidades mais urgentes do advogado ou do Juízo. Além disso, ele também encontra dificuldades em se projetar no mercado e se estabilizar como perito profissional. Isso porque seu foco principal está voltado para uma atividade diversa à da perícia, assim como a sua atuação profissional, a sua responsabili- dade e os seus estudos. Na prática da advocacia, isso pode acabar em prejuízo para as partes. Afinal, aquele perito não profissional que começou a demanda judicial auxiliando o Patrono nem sempre estará disponível, ou exercendo atividades periciais ao fim dela. Pela ótica do Juízo, isso também atrapalha: pode comprometer a segu- rança necessária na hora de homologar um laudo pericial e até impactar no tempo de conclusão dos trabalhos, uma vez que a atividade é secundária na vida de quem atua como perito não profissional. E o perito profissional? Por outro lado, o perito profissional apresenta características completa- mente opostas a isso. Primeiro porque ele tem na perícia a sua atividade princi- pal e está constituído como tal. Ou seja: dedica-se a ela com exclusividade, es- tuda e se compromete até atingir um nível de excelência que só quem está inte- gralmente na função pode alcançar. Ele não é, portanto, um aventureiro. Possui uma empresa ou escritório devidamente cadastrado e regularizado, com estrutura física adequada, rotinas http://zambonpericia.com.br/ebook-perito-profissional-celeridade-processual/ 6 e uma equipe multidisciplinar à disposição. Isso facilita a investigação e a reso- lução de temas complexos, o que reflete também na redução dos equívocos. Assim, por estar associado à sinergia de uma equipe multidisciplinar e com de- dicação exclusiva, o perito profissional consegue ampliar a capacidade analítica dos fatos a serem investigados, minimizar as chances de erro e, ainda, aumentar a transparência, a segurança e a imparcialidade do Juízo e dos envolvidos. Quais são as vantagens de apostar em um perito profissional? O grande diferencial do perito profissional é o resultado que o seu traba- lho garante ao Juízo, ao Patrono ou a um dos litigantes. Na prática, ele agrega precisão e celeridade ao trabalho probatório, o que reduz as perdas indevidas como ainda apura corretamente os ganhos devidos. Além disso, a vivência adquirida por meio da atuação direta em vários processos proporciona ao perito profissional a capacidade de antecipar eventos, questionamentos e ações das partes. De um lado, essa postura colabora para dar celeridade ao feito. De outro, garante segurança ao julgador e também ao conjunto das partes envolvidas na lide, uma vez que continuará exercendo sua atividade com a mesma determinação até que o processo tenha fim. Assim, as partes e o Juízo não correm o risco de ficar desassistidos pelo perito, caso ele seja intimado para prestar esclarecimentos ou apresentar os re- sultados atualizados do seu trabalho após a sua primeira ação. Na Zambon Perícia & Avaliação, tanto o Juízo, como os advogados e partes do processo têm essa garantia, uma vez que a empresa só atua por meio de perito profissional. Cada um dos clientes possui a garantia de poder contar com o suporte de peritos profissionais experientes e dedicados exclusivamente a esse ramo de trabalho. Desde 2010 no mercado, a empresa já atuou em mais de 2,4 mil casos. http://zambonpericia.com.br/a-contribuicao-da-pericia-para-a-imparcialidade-do-juiz/ 7 Perícia Contábil Uma função que necessita constante aprimoramento, a Perícia Contábil vem atraindo cada vez mais a atenção dos profissionais de contabilidade. O pe- rito contábil, contratado pelas partes ou indicado pelo juiz para fazer laudos so- bre um determinado caso, é essencial para a solução de litígios na Justiça. Pela definição da Norma Brasileira de Contabilidade, a perícia contábil é "o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico- contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a le- gislação específica no que for pertinente. " A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. No Juridico A Justiça recorre ao perito contábil quando o juiz necessita de um laudo profissional especializado ou para atender ao pedido de uma das partes envol- vidas no processo. Muitas perícias na área da contabilidade são hoje requeridas principalmente na parte de revisão de encargos financeiros contra bancos, tam- bém referentes ao Sistema FinanceiroHabitacional, e demais questões como leasing, condomínios, entre outros. A perícia é um meio de prova previsto no Direito, assim como a documental, a testemunhal e a do depoimento pessoal. O perito contábil, além da condição legal, da capacidade técnica e da idoneidade moral, tem uma responsabilidade enorme, já que suas afirmações envolvem interesses e valores consideráveis. No caso de perícia judicial, o prazo estabelecido para a conclusão dos trabalhos, fixado pelo juiz, deve ser cumprido pelo perito como forma de não obstar a celeridade processual. O perito-assistente deve cumprir o prazo fixado 8 em lei, para suas manifestações sobre o laudo pericial, de forma a não prejudicar a parte que o indicou. Perícia X Auditoria A principal diferença entre auditoria e perícia é que a auditoria opera através de um processo de amostragem, e a perícia sobre um determinado ato, ligado ao patrimônio das entidades físicas ou jurídicas, buscando a apresentação de uma opinião através do laudo pericial. O perito contador atua sobre um caso litigioso, envolvendo duas partes, enquanto que o auditor desenvolve seu trabalho para uma entidade privada ou pública que o contrata para apreciar e emitir parecer sobre controles internos ou demonstrações financeiras. Competência e campo profissional A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. Com- petência profissional pressupõe ao perito demonstrar capacidade para pesqui- sar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial e no parecer pericial contábil. O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de com- petência profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia. A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e estatal são exe- cutadas sob o controle de órgãos de Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum acordo entre as partes. Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e abrangem, 9 total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação. A perícia desenvolve-se como um campo de atuação bastante impor- tante para os contadores, na medida em que há uma grande responsabilidade no trabalho, pois suas conclusões podem levar ao deslinde da questão, consti- tuindo-se prova no processo judicial. Durante o processo da perícia, três profissionais podem atuar concomi- tantemente, pois o autor e o réu podem indicar assistentes técnicos para acom- panharem o perito indicado pelo juiz. O perito do juiz faz o laudo e submete aos assistentes. Caso um deles discorde, faz um laudo em separado. PERÍCIA E AVALIAÇÃO “A psicologia tem um longo passado, mas uma curta história”. Esta frase dita por um experimentalista alemão chamado Hermann Ebbinghaus, resume bem a história da psicologia. Apesar dos primeiros pensadores e filósofos já se debruçarem sobre questões que fazem hoje parte do estudo que hoje chamamos de psicologia, foi somente no século XIX que os pesquisadores, apoiados na investigação e na experimentação, puderam construir uma identidade própria, aperfeiçoando os instrumentos, técnicas e métodos de estudo da psicologia. A psicologia surgiu como uma disciplina específica na Alemanha, na se- gunda metade do século XIX. Atribui-se geralmente a Wilhelm Wundt o título de fundador da psicologia como ciência experimental. A primeira edição do livro- texto de Wundt “Grundüge der Phisiologische Psychologie“ (Fundamentos da 10 Psicologia Física), publicado em 1873, e a criação de um laboratório em Leip- zing, em 1879, foram os primeiros esforços no sentido de estabelecer a psicolo- gia como ciência. Para Wundt a psicologia seria uma ciência intermediária entre as ciên- cias da natureza e as ciências da cultura e seu objeto consistia na experiência imediata dos sujeitos, ou seja, a forma como o sujeito vive as experiências da vida, mesmo antes de se pôr a pensar sobre ela, antes de comunicá-la, ou mesmo antes de “conhecê-la”. Podemos dizer que a Psicologia estuda todos os aspectos do funciona- mento interno da mente, como a memória, os sentimentos, o pensamento e a percepção, bem como de funções de relação, como o comportamento e a fala. Estuda também a inteligência, a aprendizagem e o desenvolvimento da perso- nalidade. Alguns dos métodos utilizados em Psicologia são a observação, a co- leta de histórias pessoais e a utilização de instrumentos de avaliação de funções cognitivas, como a inteligência e a personalidade. Se a psicologia como ciência é recente, o mesmo se aplica à psicologia forense. É importante mencionar que Psicologia e Direito, mesmo constituindo- se em disciplinas distintas, possuem, como ponto de intersecção: o interesse pelo comportamento humano. Contudo, embora possuam o mesmo objeto ma- terial, diferem quanto ao seu objeto formal: Enquanto o Direito se dedica ao es- tudo do dever ser, a Psicologia se preocupa com o estudo do ser (ROVINSKI, 2013). Assim a forma de compreender as pessoas e suas condutas difere sig- nificativamente quando analisada por um psicólogo e quando estudada por um legislador. Mas não se pode negar que os planos do ser e do dever ser se en- trelaçam e se justapõem, tornando um saber complementar ao outro. Nesse contexto, podemos definir a Psicologia Forense como “aquela que utiliza as áreas de saber da psicologia para fazer frente aos questionamentos formulados pela justiça, cooperando, a todo o momento, com a administração da 11 mesma, atuando no Foro (Tribunal), qualificando o exercício do Direito, sendo seus limites estabelecidos pelos requerimentos da lei e pelo vasto campo de conhecimento da psicologia”. (Rovinski, 2013, p.17) AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PERICIAL É importante lembrar que, por intermédio da avaliação, os psicólogos buscam informações que os ajudem a responder questões sobre o funciona- mento psicológico das pessoas e suas implicações. Como o comportamento humano é resultado de uma complexa teia de dimensões interrelacionadas que interagem para produzi-lo, é praticamente im- possível entender e considerar todas as nuances e relações a ponto de prevê-lo sem margem de erro. Sendo assim as avaliações têm um limite em relação ao que é possível entender e prever (CFP, 2007, 10). Comumente espera-se do psicólogo a capacidade de fornecer informa- ções sobre a veracidade dos fatos, o que extrapola – e muito – a capacidade da Avaliação Psicológica. Dessa forma, muitas vezes, espera-se da perícia psico- lógica a resposta de questões que, até o momento, estão incompreendidas, questões essas que não são passíveis de ser respondidas por meio apenas do exame psicológico. Diferentemente do que muitos acreditam, o psicólogo não lê pensamen- tos ou consegue arrancar a verdade total sobre os fatos, mas trata-se de um profissional, que, por meio de suas ferramentas, procura entender melhor a di- nâmica psíquica e estabelecer conexões com os fatos, sejam essas conexões relacionadas ao comportamento criminoso, seja aos sintomas e sentimentos vi- venciados pela vítima de violência. Dessa forma, a atuação do psicólogo no contexto forense tem muito a contribuir no contexto judiciário brasileiro. Existem muitos outros campos nos quais o psicólogo pode contribuir que não foram citados nesse módulo, como a 12 avaliação de competência parental, o estudo docomportamento violento e ava- liação da capacidade civil. Contudo esperamos ter contribuído para um melhor entendimento sobre a dinâmica da avaliação psicológica pericial, suas contribui- ções, limites e importância para subsidiar os operadores do Direito no seu pro- cesso de tomada de decisão. A palavra perícia (do latim “peritia”) diz respeito à destreza, habilidade e aponta que o sujeito que a possui é experimentado, douto, prático, versado em alguma área. A fonte de perícia também é o latim peritus, ou seja, indica a qua- lidade de perito, habilidade, destreza, vistoria ou exame de caráter técnico e es- pecializado, conjunto de peritos (ou um só) que faz essa vistoria, conhecimento, ciência. (FERREIRA, 2004). Na área judicial, a perícia é tida como um meio de prova, que permite incluir dentro do processo dados técnicos que, não raro, o juiz desconhece por ir além dos seus conhecimentos técnico-jurídicos. (ROVINSKI, 2007). Na atualidade, com a crescente e sem fim produção de conhecimento, os magistrados têm acessado, de forma muito mais intensa, o apoio dos peritos para justificarem cientificamente suas decisões, tentando chegar à “justiça plena”. (JESUS, 2000). É importante deixar claro que é sempre função do juiz determinar ou não a realização de uma perícia, sendo ou não provocado pelas partes. Essa, inclu- sive, é uma das características da perícia: ocorrer via “requisição formal” e o seu objeto de investigação é colocar luz, esclarecer uma situação ou fato polêmico que vem de um conflito de interesses que está sob disputa no âmbito do sistema jurídico. O nosso Código de Processo Civil (CPC), na sua Seção VII, “Da Prova Pericial”, pode nos ajudar na reflexão sobre perícia ao informar, no seu artigo 420, que a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. No seu parágrafo único deixa evidente que o juiz indeferirá a perícia quando: 13 1. A prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico. 2. For desnecessária em vista de outras provas produzidas. 3. A verificação for impraticável. Destacamos que “peritagem” e “expertise” são sinônimos de perícia. Pe- rícia é um exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas. A pe- rícia é praticada por um especialista na matéria que lhe é submetida. O trabalho de peritagem tem como objetivo elucidar determinados aspectos técnicos que, em geral, são especificados por meio de quesitos. Os resultados da perícia são apresentados por meio de um parecer su- cinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou via laudo técnico com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e fundamentação das conclusões, além de resposta aos quesitos formulados. (BRANDIMILLER, 1996). Desse modo, podemos definir perícia psicológica no contexto forense como o exame científico, desenvolvido por um especialista, realizado com o uso de métodos e técnicas reconhecidas pela Psicologia, com a efetivação de inves- tigações, análises e conclusões sobre os fatos e pessoas, apontando uma pos- sível correlação de causa e efeito, além de identificar a motivação e as altera- ções psicológicas dos agentes envolvidos no processo judicial. LEGISLAÇÃO O texto constitucional é claro ao referir que, como regra, a apuração de infrações penais e a execução das funções de polícia judiciária competem à Po- lícia Federal e às Polícias Civis, reservando às Polícias Militares o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. 14 Cabe à Polícia Federal, órgão mantido pela união, “apurar infrações pe- nais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e inte- resses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internaci- onal e exija repressão uniforme, segundo dispuser em lei”, bem como “exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”. Quanto à Polícia Civil, menciona a Lei Maior o seguinte: “às polícias ci- vis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com- petência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. As atribuições dos órgãos de segurança pública estão elencadas, de forma clara, no texto constitucional, não deixando margens para dúvidas de qual é o papel de cada instituição na tarefa de prevenir e reprimir as infrações penais, de modo que a atividade de investigação criminal pertence à polícia judiciária. Nessa esteira, ainda, refere o artigo 4°, caput, do Código Penal que “a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”. Cumpre enfatizar, também, a redação legal do artigo 2°, caput, da Lei 12.830/13, o qual refere que "as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado", bem como do seu §2°, de onde se extrai que "ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento pre- visto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materiali- dade e da autoria das infrações penais" . Repare que tanto a regra prevista no caput do art. 4° do Código de Pro- cesso Penal, quanto as regras inseridas no art. 2° da Lei 12.830/13 mantém uma 15 relação harmônica e simétrica com a Constituição Federal, ao passo que corro- boram a sua opção pela condução da investigação criminal pela polícia judiciária, e, para nós, nem poderia ser diferente, pois a Constituição representa o “topo hermenêutico que conformará a interpretação jurídica do restante do sistema”. É necessário reconhecer, assim, que, com base nas normas acima refe- ridas, a investigação criminal é atribuição da polícia judiciária, representada por organismos sociais cuja função, por excelência, é a apuração da materialidade e autoria das infrações penais. Veja-se que quando a Lei Maior faz essa afirmativa, de forma clara, ela está dizendo que a atividade investigativa, no âmbito criminal, será realizada pe- las instituições que carregam em seu bojo as atividades de polícia judiciária, i.e., a Polícia Federal e as Polícias Civis, nas suas respectivas áreas de atuação. Cumpre referir que, mesmo diante dos comandos constitucionais que definem as atribuições dos órgãos estatais, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o Ministério Público pode conduzir investigações de na- tureza criminal, por meios próprios, sendo que, conforme demonstramos, ao nosso ver, inexiste comando legal autorizando tal inferência. a) Investigação criminal autêntica ou pura: Insere-se nesta classificação a investigação criminal autorizada e legalizada pela Constituição Federal, con- duzida pela polícia judiciária, sob a presidência de um delegado de polícia de carreira. Diz-se autêntica ou pura porque se trata do modelo padrão de investi- gação criminal adotado pela Constituição. É a investigação criminal genuína. b) investigação criminal derivada: Insere-se nesta classificação a inves- tigação criminal igualmente prevista no texto constitucional como exceção ao modelo padrão. Conforme sinalizamos, a Constituição não conferiu o monopólio da investigação criminal à polícia judiciária, havendo duas exceções, nas quais a atividade de investigação criminal poderá não ser desempenhada pela polícia judiciária, quais sejam: a apuração das infrações penais militares e as apurações 16 das comissões parlamentares de inquérito. Diz-se derivada porque deriva do modelo padrão e possui, igualmente, sustentação constitucional. c) investigação criminal não autêntica ou impura: Enquadra-se nesta classificaçãoqualquer outra forma de investigação criminal levada a cabo fora dos padrões estabelecidos pela Constituição Federal, independentemente da instituição que a realize, pois, diante da inexistência de mandamento constituci- onal que lhe confire legitimidade, se apresenta como forma de flexibilização ne- gativa das garantias fundamentais. Diz-se não autêntica ou impura porque não possui previsão constitucional. Artigo 144, §1°, incisos I e IV, e §4°. Artigo 4°, caput. Artigos. 1° e 2°, caput, e §§1° e 2°. Parte da doutrina entende que a Constituição Federal estabelece uma distinção entre as funções de polícia judiciária e as funções de polícia investiga- tiva. Entretanto, sedimentou-se na doutrina e na jurisprudência a utilização da expressão polícia judiciária para se referir ao exercício de atividades relaciona- das à apuração das infrações penais. A observância da Constituição Federal é uma exigência impreterível em um Estado Democrático de Direito, razão pela qual a eficácia da investigação estatal penal não pode estar desassociada das garantias individuais fundamen- tais. Artigo 144, §1°, I, CF. Artigo 144, §1°, IV, CF. Artigo 144, §4°, CF. 17 No julgamento do HC 149.250 o Superior Tribunal de Justiça conside- rou ilegal a participação de servidores da ABIN nas investigações da Polícia Fe- deral. Insta referir que a Constituição Federal prevê apenas duas exceções à regra dos §§1° e 4° do artigo 144, nas quais a "atividade de investigação crimi- nal" poderá não ser desempenhada pela polícia judiciária: a apuração das infra- ções penais militares (art. 144, §4°) e as apurações das comissões parlamenta- res de inquérito (art. 58, §3°). Nos termos do art. 124 da CF, infere-se que as infrações penais militares serão julgadas pela Justiça Militar. E, nos termos dos artigos 7°, 8° e 9° do Có- digo de Processo Penal Militar, extrai-se que a apuração das infrações penais militares será feita por autoridades militares que atuarão fazendo as vezes de polícia judiciária. Trata-se, portanto, de verdadeira investigação criminal. Assim, classificamos como investigação criminal derivada própria ou propriamente dita. O inquérito parlamentar, referimos, não é um inquérito criminal típico, pois pode visar a apuração de fato de qualquer natureza, não apenas penal, i.e., pode apurar fato político, administrativo, responsabilidade civil, e, também, cri- minal, conforme se verifica da parte final do artigo 58, §3°, da CF. Ressalte-se, inclusive, que as conclusões dos inquéritos parlamentares, nem sempre dispensam investigações pela polícia judiciária, como a realidade tem nos mostrado, diante dos diversos interesses que se encontram por trás desse expediente investigatório. Assim, por não se constituir em uma investiga- ção criminal propriamente dita, classificamos como investigação criminal deri- vada imprópria. Enquadram-se nesta categoria, por exemplo, investigações criminais feitas e formalizadas diretamente por instituições militares (relativamente a cri- mes comuns), ou pelo Ministério Público. https://jus.com.br/tudo/processo-penal-militar https://jus.com.br/tudo/responsabilidade-civil 18 TÉCNICAS O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela Polícia Judiciária e voltado a colheita pre- liminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Não se trata, pois, de processo, instrumento, que é voltado a prestação judicial do Estado diante de uma ação ajuizada. Trata-se de um procedimento. Como tal, por não ser processo, não se faz presente o princípio da pu- blicidade, que é próprio dos processos, assim como outros princípios balizares como o da ampla defesa e do contraditório, que são garantias norteadoras de um Estado Democrático de Direito. Seu objetivo é a formação da convicção do representante do Ministério Público, titular da ação penal pública, ou a vítima, nas ações penais privadas, e ainda a colheita de provas urgentes necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados. Sendo assim o inquérito é o conjunto de diligências realizadas pela polí- cia judiciária, para apuração de uma infração penal e sua autoria, para que o titular da ação penal, seja pública ou privada, possa fazer um juízo de valor sobre ele, pedindo a aplicação da lei. É, portanto, o inquérito policial uma peça inves- tigatória que é preparatória da ação penal. O inquérito é procedimento preparatório formador da opinião do titular da ação penal. Pode ele aceitar ou não as conclusões trazidas por ele. É o in- quérito um procedimento facultativo e dispensável para o exercício da ação pe- nal. Aliás, o Estatuto da Advocacia, Lei 8.906/94, em seu artigo 7º, inciso XV, estatui que é direito do advogado examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito policial, findos ou em andamento, ainda que conclusos a autoridade, podendo copiar peças e tomar 19 apontamentos. Ali não se faz qualquer distinção entre inquéritos sigilosos e não sigilosos. O advogado do indiciado, como já salientou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 82.354 – PR, 10 de agosto de 2004, Relator Ministro Se- púlveda Pertence, em inquérito policial, é titular do direito de acesso aos autos respectivos, verdadeira prerrogativa, que lhe é dada por lei, não lhe sendo, em hipótese alguma, repito, oponível o sigilo. Aliás, se até à imprensa livre, numa democracia, salvo os casos de sigilo decretados pelo Judiciário, não se pode negar acesso aos resultados da inves- tigação, então qual a razão de negá-lo, por absurdo, a seu defensor? A Súmula Vinculante n. 14 do Supremo Tribunal Federal disciplina que é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos ele- mentos de prova, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária. Deve ser facultada à defesa a consulta dos autos do inquérito policial e a obtenção de cópias pertinentes, ressalvando que não há obrigação de comu- nicação prévia à defesa sobre as diligências que ainda estejam sendo efetuadas, como se lê do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, no HC 87.827 – RJ, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, julgado em 25 de abril de 2006, Informativo 424. Mister se faz a participação do advogado em todos os atos do inquérito, desde que tenha procuração para tanto. O advogado pode participar da produ- ção da prova, em seu desenvolvimento, em seu acompanhamento. O artigo 6º do Código de Processo Penal prescreve(functor deóntico) à autoridade policial, logo que tiver conhecimento da infração penal, que tome as seguintes providências: a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 20 b) apreender os objetos que tiverem relação ao fato, após liberados pe- los peritos criminais2 ; c) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; d) ouvir o ofendido; e) ouvir o indiciado; f) proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações; g) determinar, se for o caso, que se proceda o exame de corpo delito e outras perícias; h) ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos a sua folha de antecedentes; i) averiguar a vida pregressa do indiciado, consoante o inciso IX. O suspeito, sob o qual se reuniu prova de autoria, tem de ser indiciado. O indiciamento somente poderá ser realizado se há, para tanto, fundada e objetiva suspeita de participação ou autoria nos eventuais delitos investigados, como se lê de entendimento do Superior Tribunal de Justiça no HC 8.466 – PR, Relator Ministro Felix Fischer, DJ de 24 de maio de 1999. O indiciamento é ato exclusivo daautoridade policial que forma seu convencimento sobre a autoria e a materialidade do crime, elegendo o suspeito da prática criminosa. Pode o Promotor denunciar pessoa que não foi objeto de indiciamento, pois é titular da ação penal pública, ficando a sua discrição, dentro da visão que tem dos fatos investigados no inquérito, qual a solução a apresentar. De toda sorte, a requisição de indiciamento é procedimento equivocado. Aliás, assim o entendeu o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do HC 35.639 – SP, Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, 21 de outubro de 2004, quando se disse que a determinação de indiciamento formal, quando já em curso 21 ação penal pelo recebimento da denúncia, é tida por desnecessária e causadora de constrangimento ilegal. O sistema jurídico brasileiro não exige motivação do indiciamento, a ex- ceção, é certo do que é exposto no artigo 52, I, da Lei 11.343/06, quanto a clas- sificação feita: se tráfico ou porte de arma, por exemplo. Ora, o Parquet não está vinculado a classificação penal que venha ser apresentada pela autoridade poli- cial. Quanto muito a autoridade judicial, como se vê do instituto da emendatio libelli, previsto no artigo 383 do Código de Processo Penal. Mas o indiciado tem o direito de silêncio(artigo 5º, LXIII), de não se au- toacusar, merecendo ter a sua integridade física preservada, podendo constituir advogado para acompanhar a investigação e ter a sua imagem preservada. O seu silencio não poderá ser interpretado contra si, daí porque a antiga redação do artigo 186 do Código de Processo Penal choca-se com a Constituição, quando dizia que ¨o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua pró- pria defesa¨. A teor do artigo 5º, LVIII, da Constituição Federal o civilmente identifi- cado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses determi- nadas por lei. Pois bem, o artigo 2º da Lei 12.037/2009 determina que a identifi- cação civil é atestada por qualquer dos seguintes procedimentos: a) carteira de identidade; b) carteira de trabalho; c) carteira profissional; d) passaporte; e) carteira de identificação funcional; f) outro documento público que permita a identificação do indiciado. 22 O artigo 3º da Lei 12.037/2009 determina as hipóteses em que se des- taca o fato do documento apresentar rasuras ou tiver indícios de falsificação ou ainda, dentre outras hipóteses, for insuficiente para identificar, de forma cabal, o indiciado. COMPETÊNCIA O fato é que no sistema de persecução criminal brasileiro, a Polícia Ju- diciária (Civil ou Federal) investiga, o Ministério Público requisita diligências e/ou instauração de inquérito, exerce o controle externo da ação policial (fiscaliza os atos e correção da polícia) e, obviamente privativamente, oferece denúncia junto aos Juízes Criminais, quando o fato e sua autoria estão devidamente comprova- dos; cabendo por fim ao Juiz Criminal, o julgamento, mediante o contraditório e a ampla defesa. E, nos estritos termos e limites constitucionais - a Polícia Judiciária in- vestiga, se submetendo-se a todo tipo de controle: interno, externo e da socie- dade e, assim deve cumprir sua missão, mesmo diante de reiteradas medidas visando seu enfraquecimento, sobretudo a partir da Constituição de 88. Qualquer ação ou decisão contrária ao sistema terá uma vigência efê- mera ou condicionada por sua inaplicabilidade fática ou jurídica, que será sub- metida a sucessivas mudanças que somente trarão prejuízos ao sistema, senão o caos como estamos vivenciando em cores trágicas. A investigação criminal é indubitavelmente uma das atividades mais apaixonantes e por isso mesmo mais cobiçadas, seja na esfera pública ou pri- vada. Essa constatação, somada a uma carência de aprofundamento no estudo de certos institutos afetos à fase inicial da persecução penal, tem ensejado afir- mações imprecisas e que induzem ao erro. 23 Com efeito, diferentemente do que costumeiramente é propagado, a in- vestigação criminal no Brasil é, sim, tarefa exclusiva da polícia judiciária, por- quanto a vontade do legislador constituinte foi expressa no sentido de que a essa instituição incumbe a apuração de infrações penais comuns. Não se desconhece que o artigo 4º, parágrafo único do CPP dispõe que a competência de apuração de infrações penais “não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função”. Uma leitura rasa e isolada do dispositivo da Lei de 1941 levaria a acreditar na existência de diver- sas leis que autorizam outros órgãos a realizarem investigação criminal. Contudo, não é o que estabelece a Constituição e a legislação infracons- titucional. O ordenamento jurídico permite que órgãos distintos da polícia judici- ária façam apenas investigação de infrações não penais (apuração de ilícitos fi- nanceiros, econômicos, ambientais, disciplinares, fiscais, civis ou administrativos em geral). Segundo a Lei Maior, a polícia judiciária (Polícia Federal e Polícia Civil) é o órgão vocacionado para realizar apuração de infrações penais comuns (ar- tigo 144, parágrafos 1º e 4º), atribuição confirmada pela Lei 12.830/13 e por di- versas outras normas. Considerando a evolução histórica do sistema processual penal, enten- deu por bem o legislador constituinte separar as funções dentro da persecução penal, outorgando a investigação criminal a um órgão imparcial desvinculado da acusação e da defesa. A divisão de atribuições, portanto, nunca foi fruto de dis- tribuição aleatória de poderes, mas de especialização de atividades e contenção do arbítrio estatal. Aliás, diferentemente do que pensam alguns, o modelo brasileiro de re- partição de tarefas na persecução penal é mais avançado do que outros de fes- tejados países desenvolvidos. A Constituição brasileira não permite nem que o Ministério Público (órgão acusador) investigue crimes, como na Espanha, nem 24 que a polícia judiciária (órgão investigativo) oferte ações penais, como na Aus- trália. No Brasil existe maior limitação do poder e o cidadão não pode ser in- vestigado pelo acusador nem acusado pelo investigador, ao contrário de siste- mas alienígenas. Se na prática falta eficiência à investigação criminal (mal que também atinge a acusação e o julgamento), o problema decorre da falta de in- vestimentos do Estado, e não do modelo em si, que nunca foi implementado em sua plenitude. De outro lado, a apuração de ilícitos não penais pode ser feita por diver- sos órgãos públicos. Evidentemente, a investigação não criminal é bem diferente da investigação criminal. Não cabe, por exemplo, a adoção de medidas cautela- res como a prisão e a liberdade provisória, técnicas investigativas como a inter- ceptação telefônica, e decisões como o indiciamento. Claro que ambas consistem em atividade de coleta de informações a fim de demonstrar um fato; mas os mecanismos e requisitos legais para essas tare- fas são distintos e inconfundíveis. Não altera essa conclusão o fato de eventuais provas de crimes pode- rem casualmente ser colhidas nas apurações não criminais, como por exemplo uma CPI que angaria prova de delito de peculato praticado por parlamentar. Isso ocorre quando surge, no curso da investigação não criminal, indícios da prática de crime, hipótese em que as provas podem ser emprestadas a uma persecução penal. Fácil notar que o procedimento continua sendo inicial e diretamente vol- tado à elucidação de ilícitos não penais, e a descoberta de vestígios delitivos não autoriza o órgão não policial a dar enfoque criminal à apuração como se polícia investigativa fosse (os elementos colhidos devem ser remetidos à polícia judici- ária ou diretamente ao Ministério Público). 25 Nesse sentido, é correto afirmar que vários órgãos desenvolvem inves- tigação (em sentido amplo), mas errado dizer que diversasinstituições fazem investigação criminal. Podem ser mencionados como órgãos investigativos em sentido amplo (não criminais): Ministério Público (MP), Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Banco Central (BC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Administrativo de De- fesa Econômica (Cade), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), corregedorias, Controladoria-Geral da União (CGU), administração tributária (Receita), particular e detetive profissional. PERITO Genericamente, exprime a ideia de um "inteligente", uma pessoa que pelos seus conhecimentos adquiriu determinadas aptidões acima do normal re- lativos a um sujeito, técnica ou conhecimento. Perito em sentido amplo significa qualquer especialista. Quando considerado oficial significa que pertence aos quadros do Instituto de Ciminalística de cada Estado, cargos nominados na Lei 12030/09 . Perito Criminal em sentido estrito faz referência ao cargo público com tal nomenclatura. Os peritos podem ser designados pela Justiça, e recebem a incumbên- cia de ver e referir fatos de natureza permanente, cujo esclarecimento é de inte- resse no processo. Perito criminal em sentido estrito é o servidor público, policial ou não, pertencente aos quadros dos Institutos de Criminalística, dos Institutos de Perí- cias,Institutos de Identificação, e dos órgãos de Polícia Científica e afins, que 26 está devidamente investido, por concurso público, nos cargos de nível superior elencados na Lei 12.030/2009. O Perito Criminal está, a serviço da justiça, especializado em encontrar ou proporcionar a chamada prova técnica ou prova pericial, mediante a análise científica de vestígios produzidos e deixados na prática de delitos. Os peritos criminais de local de crime realizam a análise da cena de crime, identificando, registrando, coletando, interpretando e armazenando vestí- gios, são responsáveis por estabelecer a dinâmica e a autoria dos delitos e rea- lizar a materialização da prova que será utilizada durante o processo penal. As atividades periciais são classificadas como de grande complexidade,[3] em ra- zão da responsabilidade e formação especializada revestidas no cargo. O perito oficial, agindo por requisição da autoridade judicial, pelo minis- tério público ou pela autoridade policial, estuda o corpo (ou objeto envolvido no delito), refaz o mecanismo do crime (para saber o que ocorreu), examina o local onde ocorreu o delito e efetua exames laboratoriais, entre outras coisas. O perito criminal tem autonomia garantida pela Lei 12030/2009, não havendo subordina- ção funcional ou técnica deste perito para com a autoridade requisitante. À semelhança dos magistrados, o Perito age tão somente quando pro- vocado. Em vários Estados, os Institutos de Perícias e de Criminalística, órgãos onde estão lotados os Peritos Criminais, não fazem mais parte da estrutura da polícia civil. Nessas localidades a Criminalística tem estrutura administrativa pró- pria. Esse quadro de total independência da Criminalística vem se estabele- cendo em muitos desses estados durante as últimas décadas, numa clara ten- dência de assegurar a autonomia pericial, em todos os sentidos, tornando-a in- dependente da potencial ingerência da autoridade policial, em casos de abuso. Essa posição vai ao encontro do estabelecido no DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009, que aprova o Programa Nacional de Direitos Huma- https://pt.wikipedia.org/wiki/Perito_criminal#cite_note-3 27 nos, e que prevê como um de seus objetivos estratégicos, no âmbito do Ministé- rio da Justiça, a proposição de projeto de lei para proporcionar autonomia admi- nistrativa e funcional dos órgãos periciais federais. Ingresso O ingresso na carreira é obtido obrigatoriamente por concurso público, que pode ser de provas ou de provas e títulos. Embora o Código de Processo Penal não faça diferenciações entre os tipos de Peritos, eles são divididos em perito criminal, perito médico-legista e perito odonto-legista (redação dada pela lei 12030/09). O cargo de perito criminal ou criminalístico (podendo ser, como civil, es- tadual ou federal) exige formação de nível superior em área específica, conforme já adotavam antes da lei 12030/09 diversos Estados e a Polícia Federal, por exemplo: biotecnologia, biologia, biomedicina, computação, contabilidade, en- genharia, farmácia, física, fonoaudiologia, matemática, medicina, psicolo- gia, medicina veterinária, química, odontologia,, geneticistas, linguistas, bacha- réis em letras e em Direito, contadores, foneticistas , engenheiros de áudio, , otorrinolaringologistas oentre outras. Os Peritos Criminais geralmente trabalham em locais de crime (perícias de natureza externa) e nos Institutos de Criminalística (natureza interna), embora no caso específico da Polícia Federal, trabalhem tanto interna como externa- mente. Os Médicos Legistas geralmente trabalham nos Institutos Médicos Legais (IMLs), em conjunto com os Odonto-Legistas e Peritos Criminais da área Farma- cêutica ou Biomédica, responsáveis pelas análises das vísceras e demais vestí- gios coletados durante os exames de corpo de delito, seja no morto (de cujus) ou na pessoa viva. O concurso Cada estado pode realizar o seu próprio concurso para peritos criminais, sob autorização do governo. Portanto, o formato desses concursos pode variar, https://pt.wikipedia.org/wiki/Biotecnologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Biomedicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Contabilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia https://pt.wikipedia.org/wiki/Farm%C3%A1cia https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica https://pt.wikipedia.org/wiki/Fonoaudiologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_veterin%C3%A1ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Odontologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Otorrinolaringologia https://pt.wikipedia.org/wiki/IML 28 mas geralmente incluem tópicos específicos da área de perícia (formação espe- cífica exigida), português (com ou sem redação) e direito, além de provas físicas. O último concurso de Perito Criminal Federal da Polícia Federal foi rea- lizado no ano de 2012, sendo divido em praticamente três fases: a primeira fase constituída por prova escrita objetiva, discursiva e uma redação e prova de títu- los. Aprovado na primeira fase, a segunda fase consistia de prova física (corrida, natação, barra e salto), prova psicológica, exames médicos e investigação so- cial. Os aprovados nessa segunda fase (e dentro do número de vagas) vão para a terceira fase, que consiste em um curso de formação na Academia Nacional de Polícia (ANP), com duração média de 5 meses, onde são estudados uma série de áreas da criminalística e do direito, além da preparação policial (tiro, defesa policial, entre outros). Nessa última fase, o candidato não pode reprovar em nenhuma das mais de trinta disciplinas estudadas (média 6). Sendo aprovado nessa terceira fase, o Perito Criminal Federal é nomeado e passa a exercer a sua função. Áreas da perícia Uma vez ingressado na carreira de Perito Criminal, o profissional poderá atuar em diversas áreas forenses, com intuito principal de coletar provas e apre- sentá-las, na forma de laudo pericial com validade probatória em juízo. Para isso, o Perito Criminal poderá utilizar técnicas de áreas específicas da crimina- lística, como documentoscopia, engenharia legal, computação forense, química forense, dentre outras. Prova pericialA perícia criminal, requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que direciona a investigação policial e o processo criminal. A prova pericial é indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso confessa a prática do delito. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Federal https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Academia_Nacional_de_Pol%C3%ADcia&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Academia_Nacional_de_Pol%C3%ADcia&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Laudo_pericial https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminal%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminal%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Documentoscopia https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Engenharia_legal&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_forense https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica_forense https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica_forense 29 A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos espe- cializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de cir- cunstâncias, de presumível ou de evidente interesse judiciário. O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por profissionais especializados, permite provar a ocor- rência de um crime, determinando de que forma este ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o cri- minoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e objetividade da prova técnico- científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do testemu- nho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o em- prego de má fé, onde exista a intenção de distorcer os fatos. A perícia criminal encontra-se atualmente em processo de expansão no Brasil, com início de valorização por parte das autoridades, mas em curso de- masiadamente lento, o que faz com que o Perito Criminal ainda seja visto através de uma fachada de filmes de Hollywood, o que não se aplica à realidade brasi- leira. A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peri- tos Criminais. Essa afirmação é reforçada pela Lei 12030 de 2009, que estabe- lece que o Perito Oficial a que se refere o Código de Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial (ou arbitramento) pode ser dividida em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADcia 30 a) Exame - concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; b) Vistoria - concernente à inspeção de bens imóveis c) Avaliação - estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado Características Processuais dos peritos São órgãos estáticos (só agem por requisição e não de ofício), à seme- lhança dos Juízes; São órgãos dotados de formação universitária plena; Transformam-se em órgãos dinâmicos, quando regularmente requisita- dos por autoridade competente (policial, policial militar, judiciária penal, judiciária militar, ministério público), como os Juízes, ao receberem a denúncia ou a queixa. Atribuições legais São atribuições legais dos Peritos Criminais: Supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar perícias crimi- nais em geral; Planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas; Fornecer elementos esclarecedores para a instrução de inquéritos poli- ciais e processos criminais; Promover o trabalho especializado de investigação e pesquisa poli- cial;[9] Executar atividades técnico-científicas de nível superior de análises e pesquisas na área forense; https://pt.wikipedia.org/wiki/Perito_criminal#cite_note-Art._64_da_Lei_n%C2%BA_5.406/69-9 31 Proceder a levantamentos topográficos e fotográficos e a exames peri- ciais, laboratoriais, odonto-legais, químico-legais e microbalísticos; Emitir parecer sobre trabalhos criminalísticos; Produzir laudos periciais; Elaborar estudos estatísticos dos crimes em relação à criminalística; Praticar atos necessários aos procedimentos das perícias policiais crimi- nais; Executar as atividades de identificação humana, relevantes para os pro- cedimentos pré-processuais judiciais; Desempenhar atividades periciais relacionadas às atribuições legal- mente reservadas às classes profissionais a que pertencem. Atividades desenvolvidas As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada, tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, exer- cendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Es- peciais, Fonética Forense, Identificação Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio Ambiente, Multimí- dia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca da verdade mate- rial com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os as- pectos inerentes aos elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico. Armamento utilizado 32 Os peritos criminais, quando pertencentes aos quadros das policias ci- vis, polícias científicas, ou da polícia federal, diferem da maioria dos policiais civis e militares pelo fato de não praticarem atos de policiamento ostensivo ou preventivo especializado. Sendo a atividade das Polícias Científicas (e dos De- partamentos Técnico-Científicos das Polícias Civis) de natureza estritamente pe- ricial, é praticamente nula a existência de armamento pesado (como fuzis e sub- metralhadoras) em posse de Peritos Criminais e policiais técnico-científicos. Ainda assim, como estão os peritos sujeitos a trabalhos em locais de crime de variada periculosidade e com deslocamento feito em viaturas devida- mente caracterizadas, a maioria dos Peritos , nos estados da federação em que estes estão lotados em órgão policiais, está dotada de pistolas, revólveres e es- pingardas. As principais armas de fogo que são utilizadas pelos Peritos Criminais dos estados são as pistolas Taurus nacional, de calibre .40 S&W dos mode- los: Taurus PT 100, Taurus PT 940, Taurus PT 640, Taurus PT 24/7, enquanto os Peritos Criminais Federais adotam como padrão a pistola Glock austríaca, de calibre 9 mm Luger, nos modelos G17, G19 e G26. Em alguns estados da federação a Polícia Científica se organiza de forma independente da Polícia Civil. Com o estatuto do desarmamento, houve a perda do porte de arma. Um projeto de lei de 2006 esta em tramitação para re- avê-lo. Autonomia hierárquica Como consequência dos protestos, bem como da supracitada valoriza- ção das carreiras envolvidas na perícia criminal, muitos Estados separaram a estrutura dos Institutos de Perícias e de Criminalística das Polícias Civis, resul- tando na autonomia administrativa, técnica e funcional. Em grande parte dos Estados da Federação, o Perito Criminal continua integrando uma das várias carreiras existentes nas Polícias Civis, as quais, por https://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola https://pt.wikipedia.org/wiki/Rev%C3%B3lverhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Espingarda https://pt.wikipedia.org/wiki/Espingarda https://pt.wikipedia.org/wiki/Taurus https://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W https://pt.wikipedia.org/wiki/Taurus_PT_100 https://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola_PT_940C https://pt.wikipedia.org/wiki/Taurus_PT_640 https://pt.wikipedia.org/wiki/Taurus_PT_24/7 https://pt.wikipedia.org/wiki/Glock https://pt.wikipedia.org/wiki/9_mm_Luger https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=G17&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=G19&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=G26&action=edit&redlink=1 http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/03/06/rejeitada-extensao-de-porte-de-arma-para-peritos-criminais 33 força constitucional, são dirigidas, exclusivamente, pelos Delegados de Polícia de carreira. Esse quadro tem mudado nas últimas décadas, onde diversos estados da federação tem se movimentado para prover a autonomia pericial. Atualmente os seguintes Estados possuem organismos periciais desvinculados da polícia civil:AL - Centro de Perícias Forenses (CPFOR); AP - Polícia Técnico-Científica (POLITEC); BA - Departamento de Polícia Técnica (DPT); CE - Perícia Forense do Ceará (PEFOCE); GO - Superintendência de Polícia Técnico-Científica; MS - Coordenadoria-Geral de Perícias (CGP); MT - Perícia Oficial e Identificação Téc- nica (POLITEC); PA - Centro de Perícias Científicas (CPC); PB - Instituto de Polícia Científica (IPC); PE - Gerência Geral da Polícia Científica (GGPOC); PR - Polícia Científica; RN - Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP); RS - Insti- tuto Geral de Perícias (IGP); SC - Instituto Geral de Perícias (IGP); SE - Coorde- nadoria Geral de Perícias (COGERP); SP - Superintendência da Polícia Técnico- Científica (SPTC); TO - Departamento de Polícia Técnica e Cientifica e, mais recentemente, RO - Superintendência de Polícia Técnico-Científica (POLITEC). Essa é uma tendência que claramente busca assegurar a autonomia pe- ricial, tornando-a independente da potencial ingerência da autoridade policial, o que poderia ocorrer em casos onde o perito deva examinar vestígios relaciona- dos a eventuais abusos de autoridade, uma situação possível principalmente em crimes relacionados à afronta aos direitos humanos. Essa tendência de desvin- culação vai ao encontro do estabelecido no DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DE- ZEMBRO DE 2009, que aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos, e que prevê como um de seus objetivos estratégicos, no âmbito do Ministério da Justiça, a proposição de projeto de lei para proporcionar autonomia administra- tiva e funcional dos órgãos periciais federais. As associações de classe dos Peritos Criminais ressaltam que tal movi- mentação decorre da inexistência no ordenamento jurídico de uma necessária subordinação administrativa do perito à autoridade requisitante dos exames (po- dendo ser ela o juiz, o delegado de polícia ou o ministério público), tampouco de 34 qualquer subordinação funcional além daquela estrita e necessariamente esta- belecida no Código de Processo Penal, onde determina-se que o Perito fará os exames conforme o requisitado pelas autoridade policial ou judiciária. Segundo postulam, extrapolar os conceitos da subordinação necessária pode levar a se estabelecer situações de dependência que possam comprometer a imparciali- dade dos exames periciais, haja vista a possibilidade inafastável de coerção ad- ministrativa ou assédio moral, ainda que de forma velada, por parte de superio- res hierárquicos, sendo necessário assegurar, acima de qualquer coisa, a subor- dinação do perito à correção técnica e a busca pela verdade material, por meio de sua autonomia técnica, adminstrativa e funcional. Seja ou não o órgão pericial pertencente aos quadros policiais civis, deve-se observar que a autonomia pericial não faz com que a prova pericial seja inatacável e tampouco isso lhe afasta a possibilidade de contraditório, uma vez que, às partes será assegurada a indicação de assistentes técnicos, e ao Magis- trado é assegurado o poder de decisão, não ficando o Magistrado adstriro ao laudo do Perito, conforme Art. 182 do Código de Processo Penal: Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá- lo, no todo ou em parte. Dessa forma, o próprio código de processo penal, deixa clara as rela- ções de independência técnica e funcional que deve existir entre o Perito Oficial e a Autoridade Policial, pois estabelece que cabe ao juiz (e somente a este), rejeitar, no todo ou em parte, o Laudo produzido. 35 REFERÊNCIAS ALTAVILLA, E. Psicologia giudiziaria. Torino: Editrice Troinese, 1955. ALTOÉ, S. Sujeito do direito, sujeito do desejo: direito e psicanálise. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. DECAIRE, M. W. The faltering common law jury system: a psychological perspective. Journal of Personality and Social Psychology, p. 11-29, abr. 1998. LÓPEZ, E. Mira. Manual de Psicología Jurídica. Buenos Aires: El Ate- neo, 1945. RASKIN, D. Métodos psicológicos en la investigación y pruebas crimina- les. Bilbao: DDB, 1994. ROMERO, E. Psicología de la conducta criminal. In: Módulo 5 del Máster en Psicología Forense Internacional. 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