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ITEP-RN 
 
 
 
1. Exame de corpo de delito e perícias em geral (artigos 158 ao 184 do Código Processual Penal 
Brasileiro).. ............................................................................................................................................... 1 
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 3. Disposições 
preliminares do Código de Processo Penal. ............................................................................................. 9 
4. Inquérito policial. ............................................................................................................................ 22 
5. Ação penal. .................................................................................................................................... 33 
6. Competência. ................................................................................................................................. 44 
7. Prova. ............................................................................................................................................ 52 
8. Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996). ................................................................................. 73 
9. Prisão e liberdade provisória. 10. Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989 e alterações). .................. 77 
11. Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. .................. 102 
12. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. ........................................... 105 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia 
criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do 
exame de corpo de delito. 
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existência dos elementos do fato típico dos 
delitos "FACTI PERMANENTIS" (delitos praticados com vestígios). 
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não transeunte”), o exame de corpo de delito 
se torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não 
sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP). 
Muitos confundem o "corpo de delito" com o "exame de corpo de delito". Explico. Dá-se o nome de 
"corpo de delito" ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal. Trata-
se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. 
Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa estar 
envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma 
porta arrombada etc. Em outras palavras, "corpo de delito" é o local do crime com todos os seus vestígios; 
"exame de corpo de delito" é o laudo técnico que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-
se todos os referidos vestígios. 
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, 
antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma ampla gama 
de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assunção de culpa meramente para livrar alguém de 
um processo-crime. 
 
Corpo de delito direto e indireto. 
a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos 
materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensíveis, 
objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua 
natureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, pelo qual se incrimina o acusado. O corpo 
de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da existência do 
fato. 
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa 
influir na aplicação da pena. 
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna impossível, admite-se a prova 
testemunhal, por haverem desaparecido os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo 
pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja o delito. Cabe ressaltar 
que o exame indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à realização do exame direto. 
Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a 
qualquer hora. 
 
Perícia Criminal 
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal, 
indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da 
ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de 
vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias 
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. 
A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia, 
geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre outras, as quais 
estão em constante evolução. 
1. Exame de corpo de delito e perícias em geral (artigos 158 ao 184 do 
Código Processual Penal Brasileiro). 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que 
direciona a investigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é 
indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso 
confessa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos 
especializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na 
apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente 
interesse judiciário. 
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por 
profissionais especializados, permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este 
ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o 
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio 
pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito.os prefeitos, os membros do Judiciário e os juízes do Tribunal de Contas e do Tribunal 
Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
 
5. IMUNIDADE DO ADVOGADO 
O art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94, prescreve que o advogado tem imunidade profissional, não 
constituindo injúria ou difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua 
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares, perante a OAB, pelos excessos 
que cometer. 
Em face do disposto no Estatuto da OAB, no cumprimento do seu dever de ofício, ou seja, na ação 
restrita à causa de seu patrocínio, o advogado tem a cobertura da imunidade profissional, tratando-se de 
crimes contra a honra. Cabe ressaltar que, em face da ADIN 1.127/DF, a imunidade profissional do 
advogado não compreende mais o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução 
da atividade jurisdicional. 
Em matéria processual, o advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício 
da profissão, em caso de crime inafiançável, desde que o flagrante seja lavrado na presença de 
representante da OAB, em homenagem à inviolabilidade de sua atuação profissional. 
O ordenamento jurídico não lhe confere absoluta liberdade para praticar atos contrários à lei, sendo-
lhe, ao revés, exigida a mesma obediência aos padrões normais de comportamento e de respeito à ordem 
legal. A defesa voltada especialmente à consagração da imunidade absoluta do advogado esbarra em 
evidente dificuldade de aceitação, na medida em que altera a sustentabilidade da ordem jurídica: a 
igualdade perante a lei (Informativo 335, STJ). 
 
6. IMUNIDADE DOS CHEFES DO EXECUTIVO 
Na imunidade penal temporária ou relativa, o Presidente da República somente é responsabilizado na 
vigência do seu mandado por crimes funcionais. 
Em relação aos não funcionais, a punição será feita somente após término do mandato. Trata-se de 
prerrogativa do Presidente da República que não pode ser estendida aos Governadores e Prefeitos, pois 
estes não exercem a chefia de Estado: “A imunidade do chefe de Estado à persecução penal deriva de 
 
1 Messa, Ana Flávia. Curso de direito processual penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequência derrogatória do 
postulado republicano, só pode ser outorgada pela própria CF. Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence; RTJ 146/467, Rel. Min. Celso de Mello” (ADI 1.021, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 19-10-1995, Plenário, DJ 24-11-1995). 
Prerrogativa ligada ao tema responsabilidade criminal do Presidente da República na vigência do 
mandato, a imunidade impede o processo criminal durante esse período, com suspensão do prazo 
prescricional: 
a) no caso de crimes funcionais, pode ser punido na vigência do mandato; 
b) no caso de crimes não funcionais, não pode e responderá pelo crime após o término do mandato 
perante a Justiça Comum: “O que o art. 86, § 4º, confere ao presidente da República não é imunidade 
penal, mas imunidade temporária à persecução penal: nele não se prescreve que o presidente é 
irresponsável por crimes não funcionais praticados no curso do mandato, mas apenas que, por tais 
crimes, não poderá ser responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na presidência. Da 
impossibilidade, segundo o art. 86, § 4º, de que, enquanto dure o mandato, tenha curso ou se instaure 
processo penal contra o presidente da República por crimes não funcionais” (HC 83.154, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 11-9-2003, Plenário, DJ 21-11-2003). 
O Presidente da República é imune a qualquer tipo de prisão processual, ou seja, a decretada antes 
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Há uma corrente doutrinária que sustenta a possibilidade de o Presidente sofrer prisão por sentença 
condenatória recorrível, com a qual não concordamos, já que o Supremo Tribunal Federal, quando julga 
o Presidente da República pela prática de crime comum, não possibilita duplo grau de jurisdição, ou seja, 
não há recurso para qualquer outro tribunal. 
A imunidade prisional do Presidente da República não é estendida para Governadores nem para 
Prefeitos Municipais, pois se trata de prerrogativa extraordinária garantida somente ao Presidente da 
República, na qualidade de Chefe de Estado: “Os Estados-membros não podem reproduzir em suas 
próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86, §§ 3. e 4., da Carta Federal, 
pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental – por serem unicamente 
compatíveis com a condição institucional de Chefe de Estado – são apenas extensíveis ao Presidente da 
República. Precedente: ADIn 978/PB, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello”. 
O Presidente da República possui imunidade processual, ou seja, só pode ser processado por crime 
comum ou de responsabilidade, após a admissibilidade da acusação pela Câmara dos Deputados, por 
um quórum de 2/3 de seus membros. Tal imunidade é estendida aos Governadores. No caso dos 
Ministros de Estado, a autorização da Câmara dos Deputados é necessária nos crimes comuns e de 
responsabilidade, conexos com os delitos da mesma natureza, imputados ao Presidente da República. 
O Prefeito não tem imunidade, apenas possui foro privilegiado no Tribunal competente. A competência 
do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum 
estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau, nos 
termos da Súmula 702 do STF. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. 
Interpretar uma norma significa buscar a vontade da lei, aquilo que quis disciplinar quando criada. 
 
1. Espécies 
1.1. Quanto ao sujeito que elabora: 
- Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Pode ser: 
a) contextual: feita pelo próprio texto interpretado; 
b) posterior: feita após a entrada em vigor da lei. 
- Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e doutores do Direito. Observação: as exposições 
de motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que não são leis. 
- Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais. 
 
1.2. Quanto aos meios empregados: 
- Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal das palavras. 
- Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro 
do ordenamento jurídico. 
 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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1.3. Quanto ao resultado: 
- Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e sua vontade. 
- Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais do que queria. 
- Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos do que queria. 
 
2. Interpretação da Norma Processual Penal 
A lei processual admite interpretação extensiva, pois não contém dispositivo versando sobre direito de 
punir. Exceções: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal (prisão em flagrante, por 
exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras de 
natureza mista. 
 
3. Formas de Procedimento Interpretativo 
- Equidade: correspondência ética e jurídica da circunscrição – norma ao caso concreto; 
- Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito; 
- Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos semelhantes. 
 
ANALOGIA 
 
Trata-se de forma de integração da lei (e não de “método de interpretação”, como erroneamente se 
pensa) que almeja a supressão de lacunas. Atravésdeste instituto, aplica-se a fato não regido pela norma 
jurídica disposição legal aplicada a fato semelhante (“ubi eadem ratio, ubi idem ius”). 
Enquanto o direito penal veda a analogia “in malam partem” (isto é, em prejuízo do agente), o direito 
processual penal admite o emprego de analogia “para o bem ou para o mal”. 
Há se tomar o mais absoluto cuidado, contudo, em diferençar a “analogia”, da “interpretação 
analógica”, pois, enquanto naquela inexiste norma reguladora para o caso concreto (devendo ser aplicada 
norma que regula casuística semelhante), nesta a norma traz, após uma enumeração casuística de fatos 
que podem ser abarcados pela previsão legal, uma previsão genérica de que outros fatos não 
expressamente previstos também podem ser atingidos pelo objetivo do dispositivo legal. Neste diapasão, 
para melhor se entender, tem-se como exemplo de interpretação analógica o inciso III, do segundo 
parágrafo, do art. 121, CP, que trata do homicídio qualificado com emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura “ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”. Veja-se que o 
Diploma Penal traz um rol de casuísticas que qualificam o homicídio, como o veneno, o fogo, o explosivo 
e a asfixia, mas diante da impossibilidade de prever todas as formas que destas expressas podem 
decorrer, faz-se a previsão genérica de qualquer outro meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar 
perigo comum. 
Em suma, veja-se, enquanto na analogia não há norma para o caso concreto, devendo-se tomar 
emprestada outra, na interpretação analógica a norma existe, mas não regula todas as casuísticas, 
deixando esse papel a uma disposição genérica. 
 
Vejamos os dispositivos do CPP que tratam do assunto: 
 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes 
de responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial; 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos IV e V, quando 
as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados 
sob a vigência da lei anterior. 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
QUESTÕES 
 
01. (DPE/MT - Defensor Público - UFMT/2016) Quanto à eficácia temporal, a lei processual penal 
(A) aplica-se somente a fatos criminosos ocorridos após a sua vigência. 
(B) tem aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos já realizados. 
(C) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo. 
(D) tem aplicação imediata nos processos ainda não instruídos. 
(E) não tem aplicação imediata, salvo para beneficiar o acusado. 
 
02. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC) A respeito da aplicação da lei processual no 
espaço, considere: 
I. embarcações brasileiras de natureza pública, onde quer que se encontrarem. 
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem. 
III. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem em alto mar. 
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de propriedade privada que se acharem no espaço aéreo 
brasileiro. 
V. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem no espaço aéreo 
de outro país. 
Considera-se território brasileiro por extensão as indicadas APENAS em 
(A) I e V. 
(B) III e IV. 
(C) II e III. 
(D) I, II, IV e V. 
(E) I, II, III e IV. 
 
03. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC) Mário comete um crime de homicídio a 
bordo de um navio brasileiro de grande porte em alto mar, que faz o trajeto direto entre Santos (São 
Paulo/Brasil) e Cape Town (África do Sul) e será processado e julgado pela justiça. 
(A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de São Paulo, de onde o navio partiu. 
(B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o crime ocorreu em alto mar. 
(C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto que tocará a embarcação após o crime, pois este 
foi cometido em alto mar, em águas internacionais. 
(D) da comarca de Santos, último porto que tocou. 
(E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, capital judiciária do país. 
 
04. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC) De acordo com o Código de Processo Penal, a lei 
processual penal 
(A) retroage para invalidar os atos praticados sob a vigência da lei anterior, se mais benéfica. 
(B) não admite aplicação analógica. 
(C) admite suplemento dos princípios vitais de direito. 
(D) admite interpretação extensiva, mas não suplemento dos princípios gerais de direito. 
(E) admite aplicação analógica, mas não interpretação extensiva. 
 
05. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - CESPE) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito 
processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue o item seguinte. 
 
A extraterritorialidade da lei processual penal brasileira ocorrerá apenas nos crimes perpetrados, ainda 
que no estrangeiro, contra a vida ou a liberdade do presidente da República e contra o patrimônio ou a fé 
pública da União, do Distrito Federal, de estado, de território e de município. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
06. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária - CESPE) No que diz respeito à aplicação da lei 
processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, assinale a opção correta. 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
. 20 
(A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato de lei nova suprimir determinado recurso, existente 
em legislação anterior, não afasta o direito à recorribilidade subsistente pela lei anterior, quando o 
julgamento tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. 
(B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imediatamente, invalidando os atos realizados sob a 
vigência da lei anterior que com ela for incompatível. 
(C) O princípio da imediatidade da lei processual penal abarca o transcurso do prazo processual 
iniciado sob a égide da legislação anterior, ainda que mais gravosa ao réu. 
(D) A lei processual penal posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
(E) De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito 
ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista do princípio da igualdade estabelecido na 
Constituição Federal de 1988. 
 
07. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros - FCC) Sobre a aplicação da lei processual 
penal e a interpretação no processo penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) A legislação brasileira segue o princípio da territorialidade para a aplicação das normas processuais 
penais. 
(B) O princípio da territorialidade na aplicação da lei processual penal brasileira pode ser ressalvado 
por tratados, convenções e regras de direito internacional. 
(C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior. 
(D) A norma processual penal mista constitui exceção à regra da irretroatividade da lei processual 
penal. 
(E) No processo penal, assim como no direito penal, é sempre admitida a interpretação extensiva e 
aplicação analógica das normas. 
 
08. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira Fase - FGV)Em um processo em que se 
apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal 
Criminal de Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a 
fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano realiza o 
interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O 
advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja 
declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu. 
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está 
correta? 
(A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional. 
(B) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais 
brasileiras só se aplicam no território nacional. 
(C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais 
brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território. 
(D) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional. 
 
09. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o item a seguir. 
Aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposições do Código de Processo Penal, excluídas as 
normas de conteúdo penal que tratam de matéria específica diversa do direito penal comum. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
10. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o item a seguir. 
 
A competência do Senado Federal para o julgamento do presidente da República nos crimes de 
responsabilidade constitui exceção ao princípio, segundo o qual devem ser aplicadas as normas 
processuais penais brasileiras aos crimes cometidos no território nacional. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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RESPOSTAS 
 
01. Resposta: B 
Nos termos do art. 2º do CPP: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade 
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior (Princípio da Imediatidade). 
 
02. Resposta: E 
Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Processo Penal, o processo penal é regido “em todo o 
território brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição em contrário, às leis 
extravagantes. Podemos definir como território nacional, em sentido estrito, o solo (e subsolo), as águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo, com limites reconhecidos, sendo 
considerado o território por extensão (ou ficção) para efeitos penais e processuais, conforme o disposto 
no artigo 5º, §1º, do Código Penal, as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem em alto mar ou no espaço aéreo 
correspondente. 
 
03. Resposta: D 
As embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada que se encontram em alto mar são 
consideradas como extensão do território nacional, desta forma, o homicídio praticado por Mário será 
julgado de acordo com a legislação do Brasil, sendo a comarca responsável para elucidação do fato a 
última em que estava a embarcação (art. 89 do CPP). 
 
04. Resposta: C 
Os princípios são de suma importância no ordenamento jurídico brasileiro constituindo ideias gerais e 
abstratas, que expressam, em menor ou maiores escala todas as normas que compõem a seara do 
direito. Neste sentido, a lei processual penal admite ser complementada com os princípios vitais de direito, 
servindo estes ainda como uma de suas fontes formais, servindo para suprir lacunas e omissões da lei. 
 
05. Resposta: B 
Nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal, o processo penal é regido “em todo o território 
brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição em contrário às leis processuais 
extravagantes. O princípio da territorialidade é fixado, como regra em nosso Código Penal, porém, 
seguindo a tendência geral das legislações modernas, abre várias exceções a esse princípio, 
determinando a aplicação da lei penal brasileira a certos fatos praticados no estrangeiro, conforme o 
disposto no artigo 7º deste Diploma legal. A extraterritorialidade ocorrerá, nos seguintes casos: crimes 
contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; crimes contra o patrimônio ou a fé pública da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; crimes contra a administração 
pública, por quem está a seu serviço; crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; e ainda, crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; crimes praticados 
por brasileiro; crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
06. Resposta: A 
De acordo com o artigo 2º do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Assim, vige no processo penal o princípio 
tempus regit actum, do qual derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados sob a égide da lei 
anterior se consideram válidos; b) as normas processuais tem aplicação imediata, regulando o desenrolar 
do processo. 
 
07. Resposta: E 
Na interpretação extensiva amplia-se o significado do que está previsto de forma expressa na lei. A lei 
processual admite interpretação extensiva, segue-se que o rigor de interpretar o direito penal não se 
aplica ao processo penal. Todavia, o preceito não é absoluto, existindo exceções a regras gerais, de 
dispositivos restritivos da liberdade pessoal e que afetem direito substancial do acusado, onde o texto 
deverá ser rigorosamente interpretado. 
 
 
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08. Resposta: B 
Antes de responder a questão importante observar que enunciado desta pede que se considere 
apenas a aplicação da norma processual no espaço. De acordo com este instituto vigora o princípio da 
absoluta territorialidade não podendo a lei processual brasileira ser aplicada fora do território nacional. 
Assim, a lei processual brasileira só vale dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori ou locus regit 
actum). Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do país em que os atos 
processuais forem praticados. Desta forma, não é cabível a nulidade arguida pelo advogado. 
 
09. Resposta: B 
O artigo 1º do Código de Processo Penal menciona algumas ressalvas a aplicação da territorialidade. 
Embora pareça que as ressalvas sejam exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, estas 
são apenas à territorialidade do Código de Processo Penal, impondo, tendo em vista as peculiaridades 
do direito a aplicação de normas processuais positivadas na Constituição Federal e em leis extravagantes. 
É o que acontece com os crimes de responsabilidade; crimes militares; eleitorais; falimentares; de 
entorpecentes; na contravenção do jogo do bicho; nas infrações de menor potencial ofensivo, etc. Desta 
forma, incorreta a afirmativa ao mencionar que aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposições 
do Código de Processo Penal. 
 
10. Resposta: A 
Considerando as peculiaridades do direito a aplicação de outras normas processuais positivadas na 
Constituição, compete privativamente ao Senado Federal o julgamento do Presidente da República nos 
crimes de responsabilidade, nos termos do que prevê o artigo52, I, da CF. Outrossim, a exceção ao 
princípio da territorialidade nos crimes de responsabilidade está consubstanciada no artigo 1º, II, do CPP. 
 
 
 
O inquérito policial é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitório e 
preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para 
apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a fim de que o titular da 
ação penal possa ingressar em juízo. 
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado (ou “TC”, como é usualmente 
conhecido), que são instaurados em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as 
contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com 
multa, submetidos ou não a procedimento especial. 
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item anterior, é de “procedimento administrativo 
investigatório”. E, se é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele as nulidades 
previstas no Código de Processo Penal para o processo, nem os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. 
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito policial não afetam a ação penal a que der 
origem, salvo na hipótese de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, 
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com observância do contraditório e da ampla 
defesa, como uma produção antecipada de provas, por exemplo. 
 
Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de 
informação do delito no que tange a sua materialidade e seu autor. 
 
Diferenças entre elementos informativos e prova. Os elementos informativos são aqueles colhidos 
na fase investigatória, nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa. Ademais, não há 
obrigação de participação dialética das partes. 
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exceção das provas cautelares, que necessitem 
ser produzidas antecipadamente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente a prova deve ser 
produzida com a participação das partes, graças à necessidade de observância do contraditório e da 
ampla defesa. 
Mas é possível utilizar elementos de informação como fundamento numa sentença condenatória? 
Pode-se, desde que os elementos de informação não sejam a essência única para a condenação. Eis o 
teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei nº 11.690/08. 
Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto com o universo probatório produzido à luz 
4. Inquérito policial. 
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do contraditório e da ampla defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de informação 
outrora disseram. 
Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Se não servem como único meio para 
fundamentar um decreto condenatório, esses elementos têm como suas finalidades precípuas a tomada 
de decisões quanto às prisões processuais, bem como medidas cautelares diversas da prisão; e também 
são decisivos para auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal (a chamada “opinio delicti”). 
 
Presidência do inquérito policial. Será da autoridade policial de onde se deu a consumação do delito, 
no exercício de funções de polícia judiciária. 
 
Competência para investigar. A competência para investigar depende da justiça competente para 
julgar o crime. 
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, em regra será instaurado um inquérito 
policial militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Armadas. 
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, também será instaurado um inquérito policial 
militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar ou dos 
Bombeiros. 
Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência para investigar será da Polícia Federal. 
Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será investigado pela Polícia Federal, já que 
a Justiça Eleitoral é uma Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, nas 
localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil estará autorizada a investigar). 
Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente a investigação é feita pela Polícia Civil 
dos Estados, mas isso não obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito tenha 
grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado. Disso infere-se, pois, que as atribuições da 
Polícia Federal são mais amplas que a competência da Justiça Federal. 
 
Características do inquérito policial. São elas: 
A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Penal, todas as peças do inquérito policial 
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade 
policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça escrita não obsta que sejam os atos produzidos 
durante tal fase sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo; 
B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha elementos de informação a partir de uma 
fonte autônoma (Exemplo: a representação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da 
denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial; 
C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos do inquérito o juiz, o promotor 
de justiça, e a autoridade policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da Lei 
nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o 
advogado tem acesso aos atos já documentados nos autos, independentemente de procuração, para 
assegurar direito de assistência do preso e investigado. 
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irrestrito. Seu acesso é apenas às 
informações já introduzidas nos autos, mas não em relação às diligências em andamento. 
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já documentados, é cabível Reclamação 
ao STF para ter acesso às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus 
em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o mandado de segurança em nome do próprio 
advogado, já que a prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. 
Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se chamar atenção para o parágrafo 
único, do art. 20, CPP, com nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos atestados 
de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer 
anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes. 
Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da doutrina, no sentido de que o inquérito, 
justamente por sua característica da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados 
de antecedentes. Já para outro entendimento, agora contra a lei, tal medida representa criticável óbice a 
que se descubra mais sobre um cidadão em situações como a investigação de vida pregressa anterior a 
um contrato de trabalho, por exemplo. 
D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem ampla defesa. Por tal motivo não é 
autorizado ao juiz, quando da sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação 
colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças 
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a esta característica, não há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do 
inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendoestes ser realizados de acordo com as 
necessidades que forem surgindo. 
 
Observação: Com a recente alteração sofrida no art. 7º, do Estatuto da OAB pela Lei n. 13.245/16, 
foi resguardado ao advogado o exercício do direito de defesa nas investigações preliminares (sejam as 
conduzidas por Delegados de Polícia ou pelo Ministério Público). O novo diploma legal não torna 
obrigatória a presença do advogado na Investigação Preliminar, contudo, reforça o direito dos 
advogados acessarem os autos da investigação e, também, de acompanharem todas as oitivas na fase 
investigativa, sob pena de nulidade absoluta. Vale dizer, caso o advogado postule à autoridade 
investigante por “assistir” o seu cliente investigado durante a apuração de infrações e haja 
indeferimento do aludido pleito, haverá nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, 
direta ou indiretamente. 
 
E) Peça Discricionária. A autoridade policial possui liberdade para realizar aquelas diligências 
investigativas que ela julga mais adequadas para aquele caso. 
F) Peça oficiosa. Pode ser instaurada de oficio. 
G) Peça indisponível. Uma vez instaurado o inquérito policial ele se torna indisponível. O delegado não 
pode arquivar o inquérito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, mediante 
requerimento do promotor de justiça. 
 
Formas de instauração do inquérito policial. Tudo dependerá da espécie de ação penal 
correspondente ao crime perpetrado. Vejamos: 
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou condicionada à representação. O inquérito 
começa por representação da vítima ou de seu representante legal; 
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da 
Justiça. Neste caso, o ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; 
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública incondicionada. Neste caso, o inquérito pode 
começar de ofício (quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conhecimento dos fatos. 
Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte 
da doutrina entende que o ideal é que o juiz não requisite para se manter imparcial e manter a essência 
do sistema acusatório. Neste caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima 
(neste caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, em caso de indeferimento ao 
requerimento, cabe recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de 
inquérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida 
por qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualificada). 
Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria. Ademais, vale lembrar que, para o STF, a 
denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial, mas a partir 
dela o delegado deve realizar diligências preliminares para apurar a procedência das informações antes 
da devida instauração do inquérito); por auto de prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do 
inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). 
 
Importância em saber a forma de instauração do inquérito policial. A importância interessa para 
fins de análise de cabimento de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autoridade 
coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, por exemplo, significa que a autoridade coatora 
é o delegado de polícia, logo o habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora, se for 
um procedimento instaurado a partir da requisição do promotor de justiça, por exemplo, este é a 
autoridade coatora, logo, para uma primeira corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao juiz 
de primeira instância, ou, para uma corrente majoritária, o habeas corpus deve ser encaminhado ao 
respectivo Tribunal, pois o promotor de justiça tem foro por prerrogativa de função. 
 
“Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade policial, acerca de um fato delituoso que tenha 
sido praticado. São as seguintes suas espécies: 
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
meio de suas atividades corriqueiras (exemplo: durante uma investigação qualquer descobre uma ossada 
humana enterrada no quintal de uma casa); 
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
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meio de um expediente escrito (exemplo: requisição do Ministério Público; requerimento da vítima); 
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato 
delituoso por intermédio do auto de prisão em flagrante. 
 
Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código 
de Processo Penal, são algumas das providências a serem tomadas pela autoridade policial durante a 
fase do inquérito policial: 
A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais (art. 6º, I); 
B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais (art. 6º, 
II); 
C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias (art. 6º, 
III); 
D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); 
E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do 
Livro I, CPP (“Do Processo em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V); 
F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações (art. 6º, VI); 
G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias 
(art. 6º, VII); 
H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes (art. 6º, VIII); 
I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter (art. 6º, IX); 
J) colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência 
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 
6º, X); 
K) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem 
pública (art. 7º); 
L) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos (art. 13, I); 
M) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público (art. 13, II); 
N) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias (art. 13, III); 
O) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem como de outras medidas cautelares 
diversas da prisão (construção doutrinária recente). 
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como decorrência do caráter inquisitorial do 
inquérito policial visto anteriormente, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons 
costumes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infindável gama de atos possa ser 
praticada. 
 
Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e a identificação datiloscópica. Antes da 
atual Constituição Federal, a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, anterior a 1988, 
inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o 
civilmente identificadonão será submetido à identificação criminal, “salvo nas hipóteses previstas em lei”. 
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Estatuto da Criança e do Adolescente”), em 
seu art. 109, segundo o qual a identificação criminal somente será cabível quando houver fundada dúvida 
quanto à identidade do menor. 
Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Criminosas”) dispôs em seu art. 5º que a 
identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será 
realizada independentemente de identificação civil. 
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe 
um rol taxativo de delitos em que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente, sem 
mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações criminosas, o que levou parcela da doutrina 
e da jurisprudência a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. 
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº 12.037/09, que também trata 
especificamente apenas sobre o tema “identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de 
delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. 3º com situações em que ela será 
possível: 
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A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de falsificação (inciso I); 
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para identificar o indivíduo de maneira cabal 
(inciso II); 
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre 
si (inciso III); 
D) Quando a identificação criminal for essencial para as investigações policiais conforme decidido por 
despacho da autoridade judiciária competente, de ofício ou mediante representação da autoridade 
policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 
5º da atual lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir a coleta de 
material biológico para a obtenção do perfil genético; 
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações (inciso V); 
F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do 
documento apresentado impossibilitar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI). 
Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em 
banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art. 5º-A, acrescido 
pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados devem ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e 
administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos do previsto na lei 
ou em decisão judicial. 
 
Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma infração penal. Trata-se de ato privativo 
do delegado policial. 
O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do investigado, ou indireto, quando este está 
ausente. 
E o art. 15, da Lei Processual Penal? Não mais se aplica o art. 15, CPP, segundo o qual lhe deveria 
ser nomeado curador pela autoridade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os indivíduos entre 
dezoito e vinte e um anos eram reputados relativamente incapazes, razão pela qual deveriam ser 
assistidos por curador caso praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a maioridade civil como 
a penal se iniciam aos dezoito anos. 
É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da condição de indiciado do agente, por se 
entender, durante o transcurso das investigações, que este não tem qualquer relação com o fato apurado. 
O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa, pela autoridade policial, quanto mediante o 
uso de habeas corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito policial em relação a algum agente 
alvo do procedimento administrativo investigatório. 
 
Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o art. 21, do Código de Processo Penal, 
seria possível manter o indiciado preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investigação ou 
quando houvesse interesse da sociedade 
O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o Código de Processo Penal da década de 
1940, não foi o mesmo recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de forma 
maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente revogado. 
 
Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com o Código de Processo Penal, em se 
tratando de indiciado preso, o prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se tratando de 
indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, admitida prorrogações a fim de se realizar ulteriores e 
necessárias diligências. 
Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze dias para acusado preso, admitida 
duplicação deste prazo (art. 66, da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta dias 
admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral. 
Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de trinta dias para acusado preso, e de 
noventa dias para acusado solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo. 
Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Economia Popular”), o prazo, esteja o acusado 
solto ou preso, será sempre de dez dias. 
E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo processual, isto é, exclui-se o dia do começo 
e inclui-se o dia do vencimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo Penal. 
 
Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10, §1º, CPP, o inquérito policial é concluído 
com a confecção de um relatório pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minuciosamente, e em 
caráter essencialmente descritivo, o resultado das investigações. Em seguida, deve o mesmo ser enviado 
à autoridade judicial. 
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Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relatório, em regra, com exceção da Lei nº 
11.343/06 (“Lei de Drogas”), em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quanto à 
tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas. 
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável, logo, a sua falta não tornará inquérito 
inválido. 
 
Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério Público. Recebido o inquérito policial, 
tem o agente do Ministério Público as seguintes opções: 
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça é o titular da ação penal, a ele compete 
se utilizar dos elementos colhidos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta ação por 
intermédio da denúncia; 
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem indispensáveis; 
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investigado não constitui qualquer infração penal, 
ou, ainda que constitua, encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo se desenvolva 
por atenção ao “Princípio da Insignificância”, por exemplo, o agente ministerial pode solicitar o 
arquivamento do inquérito à autoridade judicial; 
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua competência, o membro do MP suscita a 
questão, para que a autoridade judicial remeta os autos à justiça competente; 
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Conforme o art. 114, do Código de Processo 
Penal, o “conflito de competência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais órgãos jurisdicionais. 
Já o “conflito de atribuições” é aquele que se estabelece entre órgãos do Ministério Público. 
 
Arquivamento do inquérito policial. No arquivamento, uma vez esgotadas todas as diligências 
cabíveis, percebendo o órgão do Ministério Público que não há indícios suficientes de autoria e/ou prova 
da materialidade delitiva, ou, em outras palavras,em sendo caso de futura rejeição da denúncia (art. 395 
do CPP) ou de absolvição sumária (397 do CPP), deverá ser formulado ao juiz pedido de arquivamento 
do inquérito policial. Quem determina o arquivamento é o juiz por meio de despacho. O arquivamento 
transmite uma ideia de “encerramento” do IP. Assim, quem determina o arquivamento do inquérito é a 
autoridade judicial, após solicitação efetuada pelo membro do Ministério Público. Disso infere-se que, 
nem a autoridade policial, nem o membro do Ministério Público, nem a autoridade judicial, podem 
promover o arquivamento de ofício. Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode promover o 
arquivamento caso assim requeira o ofendido. 
 
Trancamento do inquérito policial. Trata-se de medida de natureza excepcional, somente sendo 
possível nas hipóteses de atipicidade da conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de ausência de 
elementos indiciários relativos à autoria e materialidade. Ou seja, é cabível quando a investigação é 
absolutamente infundada, abusiva, não indica o menor indício de prova da autoria ou da materialidade. 
Aqui a situação é de paralisação do inquérito policial, determinada através de acórdão proferido no 
julgamento de habeas corpus que impede o prosseguimento do IP. 
 
Investigação pelo Ministério Público. Apesar do atual grau de pacificação acerca do tema, no 
sentido de que o Ministério Público pode, sim, investigar - o que se confirmou com a rejeição da Proposta 
de Emenda à Constituição nº 37/2011, que acrescia um décimo parágrafo ao art. 144 da Constituição 
Federal no sentido de que a apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos policiais -, há se 
disponibilizar argumentos favoráveis e contrários a tal prática: 
A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possibilidade de investigar atribuída ao 
Ministério Público é a chamada “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Norte-
americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”, isto é, se ao Ministério Público compete 
o oferecimento da ação penal (que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios de autoria e 
materialidade para essa oferta de denúncia pela via do inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o 
procedimento investigatório utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, apenas tendo uma 
autoridade presidente diferente, no caso, o agente ministerial. Por fim, como último argumento, tem-se 
que a bem do direito estatal de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias ao Ministério Público é 
mais uma arma na busca deste intento; 
B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento desfavorável à possibilidade investigatória 
do Ministério Público, tem-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais, fala-se em 
desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o membro do MP todo o aparato estatal para conseguir 
a condenação de um acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa por seu advogado 
caso não tenha condições financeiras de conduzir uma investigação particular. Também, fala-se que o 
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Ministério Público já tem poder de requisitar diligências e instauração de inquérito policial, de maneira que 
a atribuição para presidi-lo seria “querer demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas são uma 
exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão legal nem instrumentos para realização da 
investigação Ministério Público. 
 
Controle externo da atividade policial. O controle externo da atividade policial é aquele realizado 
pelo Ministério Público no exercício de sua atividade fiscalizatória em prol da sociedade (art. 127 e 129, 
II, da Constituição Federal de 1988) e em virtude de mandamento constitucional expresso (art. 129, VII, 
da Constituição Federal de 1988). 
 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
(...) 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos 
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
(...) 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no 
artigo anterior. 
 
Como visto a legislação brasileira não definiu exatamente o conceito do controle externo da atividade 
policial, então, recorreremos à doutrina para tentar conceituá-lo. O douto professor Hugo Nigro Mazzilli 
nos ensina que esse controle externo: “é um sistema de vigilância e verificação administrativa, 
teleologicamente dirigido à melhor coleta de elementos de convicção que se destinam a formar a “opinio 
delictis” do Promotor de Justiça, fim último do próprio inquérito policial”. 
 
O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem como objetivo manter a regularidade 
e a adequação dos procedimentos empregados na execução da atividade policial, bem como a integração 
das funções do Ministério Público e das Polícias voltadas para a persecução penal e o interesse público 
O controle externo se assenta em dois pilares: 
- verificar a eficiência da atividade policial, zelando para que sejam fornecidos elementos suficientes 
ao Ministério Público para o oferecimento da denúncia ou arquivamento do caso; 
- corrigir eventuais desvios e abusos da atividade policial, garantido-se o respeito aos direitos e 
garantias dos cidadãos. 
 
Estão sujeitos ao controle externo do Ministério Público, na forma do art. 129, VII, da Constituição 
Federal, e da legislação em vigor, os organismos policiais relacionados no art. 144 da Constituição 
Federal, bem como as polícias legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou militar, 
relacionada com a segurança e a persecução criminal. 
O controle externo da atividade policial se apresenta sob as espécies difusa e concentrada. 
O controle difuso é exercido por todos os membros do Ministério Público com atribuição criminal, 
através do acompanhamento e fiscalização do inquérito e outros procedimentos de investigação policial. 
O controle concentrado, por sua vez, é exercido pelos grupos de membros com atribuições específicas, 
que devem também realizar inspeções periódicas nas unidades de polícia. 
No âmbito do Ministério Público Federal (MPF), o controle concentrado é exercido em cada Unidade 
da Federação, por um Grupo de Procuradores da República (GCEAP), designado pelo prazo de dois anos 
por ato do Procurador-Geral da República (conforme art. 5º da Res. CSMPF Nº 88, de 03 de agosto de 
2006). A coordenação nacional da atuação criminal e do controle externo incumbe à 2ª Câmara de 
Coordenação e Revisão (2ª CCR/MPF). Ela é assessorada, em matéria de controle externo, pelo Grupo 
de Trabalho da Atividade de Controle Externo (GTCeap) que subsidia o trabalho dos Procuradores da 
República integrantes dos GCeaps nos estados. 
 
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos contidos no Código de Processo Penal 
referente aos artigos que versam sobre o tema “Do Inquérito Policial”: 
 
 
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TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a 
quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo.§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de 
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe 
de Polícia. 
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba 
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela 
ser iniciado. 
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até 
a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, 
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a 
leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma 
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa 
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a 
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a 
moralidade ou a ordem pública. 
 
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. 
 
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, 
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
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§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao 
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os 
autos do inquérito. 
 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou 
outra. 
 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos; 
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
IV - representar acerca da prisão preventiva. 
 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia 
poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e 
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. 
 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o 
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, 
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a 
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização 
e intensidade de radiofrequência. 
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de 
autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) 
dias, renovável por uma única vez, por igual período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem 
judicial. 
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 
72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. 
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente 
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a 
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, 
que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão 
para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
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Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base 
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver 
notícia. 
 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo 
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seurepresentante legal, ou serão entregues 
ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não 
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. 
 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será 
permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho 
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, 
respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados 
do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) 
 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a 
autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar 
diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim 
providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua 
presença, noutra circunscrição. 
 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará 
ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem 
sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
 
Questões 
 
01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) Pode-se afirmar que a autoridade policial, 
assim que tiver conhecimento da prática da infração penal deverá: 
(A) intimar às partes para formular quesitos sobre que diligências periciais pretendem fazer. 
(B) telefonar para o local, a fim de determinar que não se alterem o estado e a conservação das coisas, 
até sua chegada. 
(C) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, depois que já tiverem sido liberados pelos 
peritos criminais. 
(D) entregar os pertences do ofendido e do indiciado para seus respectivas familiares. 
(E) preparar um relatório assinado por, pelo menos, três testemunhas que presenciaram o fato. 
 
02. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Acerca de aspectos diversos pertinentes 
ao IP, assinale a opção correta. 
(A) O IP, em razão da complexidade ou gravidade do delito a ser apurado, poderá ser presidido por 
representante do MP, mediante prévia determinação judicial nesse sentido. 
(B) A notitia criminis é denominada direta quando a própria vítima provoca a atuação da polícia 
judiciária, comunicando a ocorrência de fato delituoso diretamente à autoridade policial. 
(C) O indiciamento é ato próprio da autoridade policial a ser adotado na fase inquisitorial. 
(D) O prazo legal para o encerramento do IP é relevante independentemente de o indiciado estar solto 
ou preso, visto que a superação dos prazos de investigação tem o efeito de encerrar a persecução penal 
na esfera policial. 
(E) Do despacho da autoridade policial que indeferir requerimento de abertura de IP feito pelo ofendido 
ou seu representante legal é cabível, como único remédio jurídico, recurso ao juiz criminal da comarca 
onde, em tese, ocorreu o fato delituoso. 
 
03. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) O inquérito policial 
(A) não pode ser iniciado se a representação não tiver sido oferecida e a ação penal dela depender. 
(B) é válido somente se, em seu curso, tiver sido assegurado o contraditório ao indiciado. 
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(C) será instaurado de ofício pelo juiz se tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
(D) será requisitado pelo ofendido ou pelo Ministério Público se tratar-se de crime de ação penal 
privada. 
(E) é peça prévia e indispensável para a instauração de ação penal pública incondicionada. 
 
04. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) No que se refere ao arquivamento do inquérito 
policial, assinale a opção correta. 
(A) Membro do Ministério Público ordenará o arquivamento do inquérito policial se verificar que o fato 
investigado é atípico. 
(B) Cabe à autoridade policial ordenar o arquivamento quando a requisição de instauração recebida 
não fornecer o mínimo indispensável para se proceder à investigação. 
(C) Sendo o crime de ação penal privada, o arquivamento do inquérito policial depende de decisão do 
juiz, após pedido do Ministério Público. 
(D) O inquérito pode ser arquivado pela autoridade policial se ela verificar ter havido a extinção da 
punibilidade do indiciado. 
(E) Sendo o arquivamento ordenado em razão da ausência de elementos para basear a denúncia, a 
autoridade policial poderá empreender novas investigações se receber notícia de novas provas. 
 
05. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB/2016) Sobre inquérito policial, assinale a resposta 
correta. 
(A) Excepcional e fundamentadamente, a autoridade policial poderá mandar arquivar o inquérito para 
evitar lesão a direitos fundamentais do indiciado. 
(B) Para o desarquivamento do inquérito policial a autoridade policial necessita de novas provas. 
(C) O prazo para encerramento do inquérito policial no caso de réu preso, nos termos do código de 
processo penal é de 30 dias. 
(D) Aos crimes de ação penal privada, encerrado o inquérito policial a autoridade policial poderá 
entregá-lo, por traslado, ao ofendido ou seu representante se assim for requerido. 
(E) No curso do inquérito o ofendido não poderá requerer diligências. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: C. 
Dispõe o artigo 6º, II, do CPP, que logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial, dentre outras ações, deverá apreender os objetos que tiverem relação com o fato, 
após liberados pelos peritos criminais. 
 
02. Resposta: C 
“Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma infração penal. O indiciamento é ato próprio da autoridade 
policial a ser adotado na fase inquisitorial. 
 
03. Resposta: A 
Nos crimes em que a ação pública depender de representação, o inquérito não poderá sem ela ser 
iniciado. É o que dispõe o art. 5º, §4º, do CPP. 
 
04. Resposta: E 
Prevê o art. 18 do CPP: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras 
provas tiver notícia”. 
 
05. Resposta: D 
Consoante o que prevê o artigo 19 do CPP: Nos crimes em que não couber ação pública (crimes de 
ação penal privada), os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a 
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, 
mediante traslado (cópia). 
 
 
 
 
 
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A ação penal consiste no direito de pedir ao Estado tutela jurisdicional para resolver um problema que 
concretamente se apresenta. Com o fato delituoso, nasce para o Estado o direito de buscar e punir um 
culpado. Esta busca e esta punição necessitam respeitar um percurso que, pré-judicialmente, em geral 
se dá pelo inquérito policial, e, judicialmente, se inicia com a ação penal. 
 
Características da ação penal. São elas: 
A) A ação penal é pública. Trata-se de direito público. Por isso, por exemplo, o mais correto seria dizer 
ação penal “de iniciativa privada”, e não “ação penal privada”, afinal, toda ação penal é pública. A iniciativa 
é que pode ser privada; 
B) A ação penal é direito subjetivo. Isto porque, o seu titular tem o direito de exigir a prestação 
jurisdicional, já que ao Estado-juiz veda-se o “non liquet” (o poder de o juiz não julgar, por não saber como 
decidir);C) A ação penal é direito autônomo. Ou seja, a ação penal não se confunde com o direito material que 
se pretende tutelar. “Direito processual” e “direito material” são ciências distintas há tempos; 
D) A ação penal é direito abstrato. Isto porque, o acusado não é considerado culpado desde o começo 
da ação penal. Para que isto ocorra, é preciso que haja sentença condenatória ou absolutória imprópria 
(aplicação de medida de segurança) transitada em julgado. O fato de alguém ser alvo de uma ação penal 
não importa pré-condenação deste agente; 
E) direito determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que 
pretende solucionar uma pretensão de direito material; 
F) A ação penal é direito específico: o direito de ação penal apresenta um conteúdo, que é o objeto da 
imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. Assim, é direito específico, por 
estar relacionada a um caso concreto. 
 
Pressupostos processuais. 
Os pressupostos processuais e as condições da ação são os requisitos, sem os quais não pode o juiz 
sequer examinar a situação deduzida. 
A concepção dos pressupostos processuais tem origem na obra de Oskar Von Bülow, cujos conceitos 
vêm sendo repetidos e aprimorados pela doutrina processual. 
Em resumida abordagem, pode-se afirmar que, para ser alcançada a tutela jurisdicional, há 
necessidade de que a relação jurídica processual, iniciada por provocação da parte interessada, esteja 
apta a desenvolver-se regularmente. Temos, pois, uma das categorias fundamentais do direito 
processual: os pressupostos processuais. 
 
Pressupostos processuais são aqueles que possibilitam a constituição e desenvolvimento válidos 
do processo. 
 
Há duas correntes a respeito do tema: uma inclui nos pressupostos processuais todos os requisitos 
necessários ao nascimento e desenvolvimento válido e regular do processo; outra, uma tendência mais 
restritiva dos pressupostos processuais, entende como únicos requisitos o pedido, a capacidade de quem 
o formula e a investidura do destinatário. 
Pressupostos processuais, nessa visão restrita, seriam os requisitos mínimos para a existência de um 
processo válido, de uma relação jurídica regular, sem qualquer nexo com a situação de direito material 
deduzida na demanda. 
A grande vantagem dessa posição consiste exatamente em ressaltar a autonomia da relação 
processual frente à de direito substancial. Aquela teria seus requisitos básicos, fundamentais, que não 
guardam qualquer elo com esta última. 
Deste modo, pode-se afirmar que existem pressupostos de existência e de validade do processo. 
Sejam completos ou restritos os pressupostos processuais, fato é que, para emitir o provimento final sobre 
o caso concreto, o magistrado precisa que o processo se desenvolva sem vícios. 
Sem prejuízo, vamos elencar os pressupostos processuais indicados pela corrente mais restritiva: 
O primeiro pressuposto processual, portanto, refere-se à capacidade para ser parte. Assim, não 
podem oferecer denúncia aquele que não integre o Ministério Público ou queixa o ente desprovido da 
condição de pessoa – natural, jurídica ou judiciária. 
Nestas circunstâncias, incabível, por exemplo, a denúncia oferecida apenas por "estagiário", ou a 
5. Ação penal. 
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. 34 
queixa apresentada por pessoa falecida ou por sociedade de fato. 
 
À capacidade para ser parte acrescenta-se a capacidade postulatória, isto é, de estar em juízo 
regularmente representado. 
Logo, para o recebimento de queixa-crime, não basta o seu oferecimento pelo ofendido, devendo estar 
firmada por advogado, com os poderes específicos para tal mister, observados os requisitos do art. 44, 
do Código de Processo Penal. Tais requisitos são essenciais para que o pedido possa ser aceito. 
Ausentes os pressupostos relativos às partes, a denúncia ou a queixa deverão ser rejeitadas, de 
acordo com a redação do art. 396, parágrafo único, primeira parte, do Código de Processo Penal. 
Além dos pressupostos relativos às partes, a inicial acusatória deve ser oferecida a quem tem 
jurisdição, poder para decidir a causa, isto é, a juiz regularmente investido no cargo. Assim, 
absolutamente nula a ação penal recebida por juiz afastado de suas funções ou aposentado. 
Tratando-se de juízo incompetente, todavia, somente são passíveis de anulação os atos decisórios, 
devendo o processo, ao ser declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente, conforme previsão do 
art. 567, do Código de Processo Penal. 
 
Condições da ação penal. 
Tratam-se de condições que regulam o exercício do direito. Com efeito, estas condições podem ser 
genéricas ou específicas. 
1 Condições genéricas. São aquelas que devem estar presentes em toda e qualquer ação penal. São 
elas: 
A) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento 
jurídico, ou seja, deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo. Deve ser um fato típico; 
B) Legitimidade para agir. Deve-se perguntar “quem pode”, e “contra quem se pode” manejar ação 
penal. 
A regra geral é a de que no polo ativo da ação penal pública figura o Ministério Público; no polo ativo 
da ação penal de iniciativa privada figura o ofendido; e no polo passivo, sendo a ação penal pública ou 
privada, figurará o provável autor do fato delituoso maior de dezoito anos; 
C) Interesse de agir. Composto pelo trinômio necessidade/adequação/utilidade. 
Pela necessidade, vai-se analisar até que ponto a existência de ação penal é fundamental para 
esclarecimento da causa. Pode ser que em um determinado caso uma solução extrajudicial seja muito 
melhor, por exemplo. 
Já a adequação consiste no enquadramento da medida buscada por meio da ação penal com o 
instrumento apto a isso. Assim, a título ilustrativo, caso se deseje trancar uma ação penal cuja única 
sanção cominada ao delito seja a de multa, não se mostra como medida mais adequada à utilização do 
habeas corpus, já que não há risco à liberdade de locomoção, mas sim por meio do mandado de 
segurança. 
Por fim, a utilidade consiste na eficácia prática que uma ação deve ter. Se não há nada a ser apurado, 
ou não há qualquer sanção a ser aplicada, inútil e desnecessária será a ação penal; 
D) Justa causa. Trata-se de condição genérica da ação prevista apenas no processo penal (art. 395, 
III, CPP), mas não no processo civil. Consiste em se obter o mínimo de provas indispensável para o início 
de um processo, até para com isso não submeter o cidadão à situação degradante e embaraçosa que 
desempenha a persecução criminal na vida de uma pessoa. 
 
2 Condições específicas. São condições exigidas apenas para alguns delitos. Assim, por exemplo, 
nos crimes de ação de iniciativa pública condicionada, indispensável será o oferecimento de 
representação pelo ofendido, nos termos do art. 39, do Código de Processo Penal, ou a requisição do 
Ministro da Justiça, em se tratando de crime contra a honra praticado contra o Presidente da República, 
contra chefe de governo estrangeiro, conforme art. 145, parágrafo único, do Código Penal; no crime de 
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236,do CP), constitui condição específica 
da ação penal – queixa – o trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, 
anule o casamento. Ainda podemos citar o laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial; o 
exame preliminar em crimes de tóxicos; a representação do ofendido etc. 
Deste modo, ausente condição específica de procedibilidade exigida pela lei, de rigor será a rejeição 
da denúncia ou queixa. 
 
Classificação das ações penais. A classificação das ações penais observa, em regra, o titular para 
sua propositura. 
1 Ação penal pública. É de iniciativa exclusiva do Ministério Público (órgão do Estado, composto por 
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. 35Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na 
prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e 
objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do 
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de 
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a intenção de 
distorcer os fatos. 
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação 
é reforçada pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de 
Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial 
(ou arbitramento) pode ser dividida em: 
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; 
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. 
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado. 
 
Perito 
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que prevê o Código de Processo Penal em seu 
artigo 159, vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre as que 
tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e 
finalmente desempenhar o cargo. 
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos 
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos 
ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, 
podendo apresentar as respostas em laudo complementar. 
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações 
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua além dessa 
apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial da função de 
testemunha. Ou seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já tem 
conhecimento do fato e o segundo para que conheça e explique os fundamentos da questão discutida, 
por meio de uma análise técnica científica. 
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando 
de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória com um 
“compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o 
que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. 
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para elaboração do laudo pericial, podendo este 
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme dispõe o parágrafo 
único do artigo 160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de 
impedimento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os peritos nomeados pela autoridade não 
podem recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art. 277, a); não podem deixar de comparecer 
no dia e no local designados para o exame (art. 277, b); não podem deixar de entregar o laudo ou 
concorrer para que a perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ainda em casos de 
não comparecimento, sem justa causa, a autoridade determinar a condução do perito (art. 278). E falsa 
perícia constitui crime contra a administração da Justiça (art. 342). Quando os dois peritos não chegam, 
na perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará à parte seu próprio relatório, chamando-
se a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus peritorum, (perito dos peritos) aceitará 
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. 3 
a perícia por inteiro ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma determina o parágrafo único 
do artigo 181 do Código de Processo Penal, facultando-lhe nomear outros peritos para novo exame. 
 
As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz decidirá de plano e sem recurso, à vista da 
matéria alegada e prova imediata (art. 105). Não poderão ser peritos: 
I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada nos números I e II do artigo 47 do 
Código Penal; 
II – os que tiverem prestado depoimento no processo no processo ou opinado anteriormente sobre o 
objeto da perícia; 
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279). 
 
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre a suspeição dos juízes (art. 280); 
I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo a processo análogo, sobre cujo caráter 
criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de um ou de outro perito, criaram-se, há 
alguns anos, em alguns estados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais, espécies de 
corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão de pareceres médico-legais mais especializados, 
funcionando também como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normalmente, compostos de 
autoridades indiscutíveis em medicina legal e representados por professores da disciplina, diretores de 
institutos Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado pela Secretaria do Interior e 
Justiça. 
 
Atividades Desenvolvidas 
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada, 
tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais 
necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, 
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística 
Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação 
Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio 
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca 
da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou 
suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos 
elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico. 
 
Responsabilidades Civil e Penal do Perito 
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações de ordem legal e a ilicitude de suas atividades 
caracteriza-se como violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis repercussões a danos 
causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer que os peritos na área civil são considerados auxiliares da 
justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto ao fiel cumprimento do dever de 
ofício, os primeiros prestam compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os segundos, o 
compromisso está implícito com a posse no cargo público, a não ser nos casos dos chamados peritos 
nomeados ad hoc. 
 
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de acusação, ofendido, querelante, 
e acusado. 
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação,promotores e procuradores de justiça no âmbito estadual, e por procuradores da República, no federal). 
Na ação pública vigora o princípio da obrigatoriedade, ou seja, havendo indícios suficientes, surge para 
o Ministério Público o dever de propor a ação. A peça processual que dá início à ação penal pública é a 
denúncia, sendo suas características principais: 
A) A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação 
do acusado (ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo), a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol de testemunhas (art. 41, CPP). A ausência destes requisitos pode levar à inépcia da 
denúncia. 
Também, a impossibilidade de identificar o acusado com seu verdadeiro nome ou outros qualificativos 
não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. Assim, se descoberta posteriormente a 
qualificação, basta fazer retificação por termo nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes 
(art. 259, CPP); 
B) Na hipótese de concurso de agentes, ou em crimes de concurso necessário, a denúncia deve 
especificar a conduta de cada um. É posicionamento pacífico no Supremo Tribunal Federal e no Superior 
Tribunal de Justiça de que a “denúncia genérica” deve ser de todo evitada, por prejudicar o direito de 
defesa do(s) agente(s) envolvido(s); 
C) É possível “denúncia alternativa”? Neste caso, o agente ministerial pede a condenação por um 
crime “X”, ou, caso isso não fique provado, que seja o agente condenado, com a mesma narrativa 
acusatória fática, pelo crime “Y”. 
Diverge amplamente a doutrina quanto a essa possibilidade: quem entende que isso não é possível, 
ampara-se no argumento de que isso torna a acusação incerta e causa insegurança jurídica ao acusado; 
quem entende que isso é possível, afirma que, como o acusado se defende meramente de fatos, e não 
de uma tipificação imposta, nada obsta que subsista um crime em detrimento de outro e a condenação 
por um ou por outro seja pedida na acusação; 
D) Pouco importa a definição jurídica que o agente ministerial atribui ao acusado. Este sempre se 
defenderá dos fatos narrados, e não do tipo penal imputado; 
E) Com base no art. 46, CPP, o prazo para oferecimento da denúncia (que é um prazo de natureza 
processual penal, isto é, contado da forma do art. 798, CPP) será de cinco dias, estando o réu preso 
(contado da data em que o órgão do Ministério Público receber o inquérito policial), e de quinze dias, 
estando o réu solto ou afiançado. Agora, se o agente do MP tiver dispensado o inquérito, o prazo para a 
exordial acusatória contar-se-á da data em que tiver recebido as peças informativas substitutivas do 
procedimento administrativo investigatório (art. 46, §1º, CPP). 
Há, ainda, prazos especiais na legislação extravagante para oferecimento de denúncia, como o de dez 
dias para crime eleitoral, o de dez dias para tráfico de drogas, o de quarenta e oito horas para crime de 
abuso de autoridade, e o de dois dias para crimes contra a economia popular; 
F) De acordo com o art. 395, CPP, a denúncia será rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso 
I); quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal (inciso II); e quando 
faltar justa causa para o exercício da ação penal (inciso III); 
G) Da decisão que recebe a denúncia não cabe qualquer recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, 
habeas corpus ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de 
impugnação. Já da que rejeita a denúncia ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em sentido 
estrito, por força do art. 581, I, CPP. 
Vale lembrar apenas que, excepcionalmente, na Lei nº 9.099/95, de acordo com seu art. 82, a rejeição 
da inicial acusatória desafia o recurso de apelação. 
 
Súmula 707 do STF: “constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer 
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não suprimindo a nomeação do defensor 
dativo”. 
 
Isto posto, feitas estas considerações acerca da denúncia, a seguir há se estudar as espécies de ação 
penal pública. 
 
1.1 Ação penal pública incondicionada. É a regra no ordenamento processual penal. Para que ação 
penal seja de outra espécie, isso deve estar expressamente previsto. Se não houver previsão diversa, 
entende-se pública a ação penal. 
Com efeito, a titularidade da ação penal pública incondicionada é do Ministério Público, com 
fundamento no art. 129, I, da Constituição Federal, que a exercerá por meio de denúncia, como já dito. 
São princípios aplicados à ação penal pública incondicionada: 
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. 36 
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o 
processo de ofício. O juiz precisa ser provocado, para sair de sua posição estática, inerte; 
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá condenação por crime a que já tenha sido 
condenado. Logo, ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação, conforme consta 
do art. 8º, n. 4, da Convenção Americana de Direitos Humanos; 
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito (art. 5º, 
XLV, da CF); 
D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade processual). Por tal, presentes as condições da ação, 
o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. As exceções a tal princípio são as hipóteses de 
transação penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95), de acordo de leniência (art. 35, da Lei nº 8.884/94), de termo 
de ajustamento de conduta em crimes ambientais, e de parcelamento do débito tributário; 
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia, não pode, 
consequencialmente, desistir da ação penal pública (art. 42, CPP). A exceção a tal princípio é a 
suspensão condicional do processo, prevista no art. 89, da Lei nº 9.099/95, na qual, enquanto em período 
de cumprimento das condições impostas ao acusado, ficam os agentes estatais inertes quanto à 
continuidade da persecução criminal; 
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais superiores, o Ministério Público pode denunciar alguns 
dos corréus, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. Há quem 
entenda, todavia, que havendo elementos de informação, o Ministério Público é obrigado a denunciar 
todos os suspeitos, de modo que o princípio aplicável à ação penal pública seria o “da indivisibilidade”, e 
não o “da divisibilidade”. 
Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, que em sede de ação penal pública o que vale é 
o “Princípio da Divisibilidade”, razão pela qual foi aqui incluído; 
G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não necessita qualquer autorização para oferecer 
denúncia. 
 
1.2 Ação penal pública condicionada. O Ministério Público depende do implemento de uma 
condição, que pode ser a representação do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça. 
A sua titularidade também compete ao Ministério Público, que o faz por meio de denúncia. A diferença 
é que, enquanto na ação pública incondicionada não carece o MP de qualquer autorização, na 
condicionada fica o órgão ministerial subordinado justamente a uma autorização prévia que se faz por 
meio de representação/requisição. 
Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os mesmos da ação penal pública 
incondicionada. 
Com efeito, há se estudar algumas questões pertinentes à representação do ofendido e à requisição 
do Ministro da Justiça: 
A) Representação do ofendido. É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido 
de que tem interesse na persecução penal do fato delituoso. Ela deve ser oferecida por pessoa maior de 
dezoito anos através de advogado, ou, se menor de dezoito anos, é o representante legal deste quem 
procura um advogado para que o faça. Se houver colisão de interesses entre o menor e seu 
representante, nomeia-se curador especial,na forma do art. 33, do Código de Processo Penal. 
Ademais, com fundamento no primeiro parágrafo, do art. 24, CPP, no caso de morte do ofendido ou 
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge (ou 
convivente), ao ascendente, ao descendente, ou irmão; 
B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em regra, a representação funciona como 
condição específica de procedibilidade aos processos que ainda não tiveram início. Por outro lado, se 
o processo já está em andamento, a representação passa a ser uma condição de prosseguibilidade da 
ação penal, já que, para que o processo prossiga, uma condição superveniente tem de ser sanada; 
C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de peça sem rigor formal, bastando que fique 
devidamente demonstrado o interesse da vítima ou de seu representante legal em representar o ofensor. 
Conforme o art. 39, da Lei Processual Penal, o direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao 
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ato contínuo, o primeiro parágrafo do 
mencionado dispositivo prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura 
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, 
perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do MP, quando a este houver sido dirigida. Por fim, 
o parágrafo segundo do art. 39 prevê que a representação conterá todas as informações que possam 
servir à apuração do fato e da autoria; 
D) Direcionamento da representação. É feita à autoridade policial, ao Ministério Público, ou ao juiz, 
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pessoalmente ou por represente com procuração atribuidora de poderes especiais para tal; 
E) Prazo para oferecimento da representação. Assim como a queixa-crime, a representação está 
sujeita ao prazo decadencial de seis meses, em regra contados do conhecimento da autoria. Trata-se de 
prazo penal, isto é, o dia do início é contabilizado (art. 10, CP); 
F) Retratação da representação. Antes do oferecimento da denúncia pode ocorrer a retratação. Depois 
de oferecida a denúncia, não é mais possível retratar-se da representação. Eis o teor do art. 25, do Código 
de Processo Penal; 
G) Retratação da retratação da representação. Trata-se de uma nova representação, ou seja, o agente 
representou, se retratou, e então se retrata da retratação. Ela é possível, desde que dentro do prazo 
decadencial de seis meses; 
H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja representação. A representação oferecida 
não vincula o agente ministerial a oferecer denúncia se averiguar que o fato descrito não constitui delito, 
ou, ainda que constitua, não mais é possível sua punibilidade; 
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição específica de procedibilidade (ex.: crimes contra a 
honra do Presidente da República, nos moldes do art. 145, CP). Trata-se, essencialmente, de ato político 
praticado pelo Ministro da Justiça, endereçado ao Ministério Público na figura de seu Procurador Geral; 
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a prazo decadencial? Não. O crime contra o qual se 
exige a requisição está sujeito à prescrição, mas a requisição do Ministro da Justiça não se sujeita a prazo 
decadencial; 
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há divergência na doutrina. Para uma primeira corrente, 
não se admite retratação da requisição, justamente pela grande natureza política que este ato importa; 
para uma segunda corrente, essa retratação é, sim, admitida, desde que feita antes do oferecimento da 
peça acusatória. O posicionamento que vem se consolidando na doutrina bem como nos Tribunais é que 
não é cabível a retratação da requisição (Tourinho Filho, Fernando Capez). 
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja requisição. Vale o mesmo que foi dito para a 
representação. 
 
2 Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de oportunidade conferida ao ofendido de oferecer 
queixa-crime, caso entenda ter sido vítima de delito. Vale dizer que, como a regra no silêncio do legislador 
é a ação penal pública incondicionada, para que a ação penal seja de iniciativa privada deve haver 
previsão legal neste sentido. 
Importante ainda, discorrer sobre algumas das características principais da queixa-crime: 
A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo Penal, ao ofendido ou a quem tenha qualidade 
para representá-lo (querelante) caberá intentar ação privada contra o ofensor (querelado). Ademais, no 
caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa 
ou prosseguir na ação passará ao cônjuge (ou convivente), ascendente, descendente, ou irmão (se 
houver colisão de interesses entre o menor e seu representante, nomeia-se curador especial, na forma 
do art. 33, do Código de Processo Penal). 
Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, CPP, se comparecer mais de uma pessoa com direito 
de queixa, terá preferência o cônjuge (ou convivente), e, em seguida, o parente mais próximo da ordem 
de enumeração constante do art. 31 (cônjuge, ascendente, descendente, irmão), podendo, entretanto, 
qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone; 
B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, 
devendo constar do instrumento do mandado o nome do querelante e a menção do fato criminoso (salvo 
quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem previamente ser requeridas no juízo 
criminal); 
C) A queixa-crime deve conter todos os elementos da denúncia previstos no art. 41, CPP, valendo a 
mesma ressalva feita no art. 259, da Lei Processual; 
D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá 
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo; 
E) O prazo para oferta de queixa-crime é decadencial de seis meses, contados com a natureza de 
prazo penal (art. 10, CP) do conhecimento da autoridade delitiva, tal como o prazo para a representação 
do ofendido nos delitos de ação penal pública condicionada à representação. A exceção ao início da 
contagem de prazo se dá no caso do crime previsto no art. 236, do Código Penal (crime de induzimento 
a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento), em que o prazo de seis meses para queixa 
começa a contar do trânsito em julgado da sentença que anule o casamento no âmbito cível, conforme 
disposto no parágrafo único do aludido dispositivo; 
F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, 
habeas corpus ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de 
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impugnação. Já da que rejeita a queixa ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em sentido estrito, 
por força do art. 581, I, CPP. 
Isto posto, feitas estas considerações acerca da queixa-crime, há se discorrer sobre as espécies de 
ação penal privada. 
 
2.1 Ação penal exclusivamente privada. É possível sucessão processual, já que, apesar de competir 
ao ofendido a iniciativa de manejo, o art. 31, CPP permite que cônjuge (ou convivente), ascendente, 
descendente ou irmão nela prossigam no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial. 
São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada: 
A) Princípio da inércia da jurisdição. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
D) Princípioda oportunidade (ou princípio da conveniência). Mediante critérios de oportunidade 
ou conveniência, o ofendido pode optar pelo oferecimento ou não da queixa. 
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da renúncia, através do qual a vítima (ou seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais) demonstra seu desejo, de maneira expressa 
(quando o faz explícita e deliberadamente mediante declaração assinada) ou tácita (quando tem condutas 
incompatíveis com seu desejo de processar o ofensor, como manter com ele relações amigáveis, p. ex.), 
de não exercer a ação. 
 
A renúncia é instituto pré-processual. Uma vez realizada, não se admite retratação; 
E) Princípio da disponibilidade. Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não é do ofendido. É 
uma decorrência do princípio da oportunidade. O particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o 
Estado assim o desejou, e por isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas 
conveniências. Mesmo o fazendo, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a relação jurídica 
material) até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção. 
Dentro de tal postulado, temos ainda que estudar dois institutos, a saber, o perdão da vítima e a 
perempção. 
O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo imputado (ao contrário da renúncia, que é ato 
unilateral). Ocorre quando já instaurado o processo (não é pré-processual como a renúncia); é irretratável; 
pode ser expresso ou tácito (o silêncio do acusado, de acordo com o art. 58, CPP, implica aceitação do 
perdão); processual ou extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP, a aceitação do perdão fora do 
processo constará de declaração assinada pelo querelado, ou por seu representante legal, ou por 
procurador com poderes especiais); e por fim, pode ser ofertado até o trânsito em julgado da sentença 
final. 
Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a desídia do querelante quando, iniciada a ação 
penal, deixa de promover o andamento do processo durante trinta dias seguidos (inciso I); quando, 
falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não comparece em juízo para prosseguir no 
processo dentro do prazo de sessenta dias qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (ressalvado o 
disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante deixa de comparecer sem motivo justificado a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente (inciso III, primeira parte); quando o querelante deixa 
de formular o pedido de condenação nas alegações finais (inciso III, segunda parte); quando, sendo o 
querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (inciso IV); 
 
F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um obriga ao processo de todos. Portanto, se o 
querelante renuncia ao direito de queixa em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais. Eis 
o teor que se pode extrair do art. 48, do Código de Processo Penal. Da mesma maneira, o perdão dado 
a um dos ofensores se estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem-no (art. 51, 
CPP). 
O “fiscal” desse princípio será o Ministério Público, nos termos do art. 48, CPP, o qual velará pela 
indivisibilidade da ação penal. 
 
2.2 Ação penal privada personalíssima. Não é possível a sucessão processual. No caso de morte 
da vítima, extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão (ex: o delito previsto no art. 236, do Código 
Penal). 
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É como se vê, um direito personalíssimo e intransferível. 
Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada também se aplicam à ação penal privada 
personalíssima. 
 
2.3 Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação penal privada supletiva). Somente é 
cabível diante da inércia deliberada do Ministério Público. 
De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição Federal, será admitida ação penal privada nos 
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. No mesmo sentido, o art. 29, d Código 
Processual Penal, regulamenta o preceito constitucional e prevê que será admitida ação privada nos 
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a 
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a 
ação como parte principal (o terceiro parágrafo, do art. 100, CP, também trata da ação penal privada 
supletiva que aqui se estuda). 
Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária deliberada desídia do agente do Ministério Público. 
Caso tal membro não tenha ofertado denúncia, porque entendeu não ser o caso, desautorizado fica o 
agente ofendido a manejar a ação privada subsidiária da pública. 
Por fim, cabe ressaltar que caso o Ministério Público retome a ação penal manejada pelo querelante 
subsidiário por negligência deste, a doutrina costuma designar tal retomada de “ação penal indireta”. 
 
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos do Código de Processo Penal 
pertinentes ao tema: 
 
TÍTULO III 
DA AÇÃO PENAL 
 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
§2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado 
e Município, a ação penal será pública. 
 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
 
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio 
de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. 
 
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em 
que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o 
tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento 
do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes 
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido 
de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo 
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir 
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso 
de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. 
 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
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Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, 
nomeará advogado para promover a ação penal. 
§1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se 
dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. 
§2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o 
ofendido.Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não 
tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser 
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz 
competente para o processo penal. 
 
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido 
por ele ou por seu representante legal. 
 
Art. 35. Revogado pela Lei nº 9.520/97. 
 
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em 
seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, 
qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. 
 
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação 
penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no 
silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de 
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier 
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo 
prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à 
autoridade policial. 
§1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do 
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade 
policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
§2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. 
§3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, 
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. 
§4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade 
policial para que esta proceda a inquérito. 
§5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 
quinze dias. 
 
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a 
existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos 
necessários ao oferecimento da denúncia. 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
 
Art. 43. Revogado pela Lei nº 11.719/08. 
 
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Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do 
instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais 
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo 
Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data 
em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver 
solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-
se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
§1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia 
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação 
§2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que 
aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos 
complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer 
autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. 
 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério 
Público velará pela sua indivisibilidade. 
 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos 
se estenderá. 
 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) 
anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. 
 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, 
efeito em relação ao que o recusar. 
 
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido 
por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não 
produzirá efeito. 
 
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, 
ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o 
juiz Ihe nomear. 
 
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto 
no art. 52. 
 
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
 
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. 
 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. 
 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a 
dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio 
importará aceitação. 
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 
 
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
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Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação 
penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias 
seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber 
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a 
que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo 
de ofício. 
Parágrafoúnico. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz 
mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de 
cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a 
matéria na sentença final. 
 
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido 
o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. 
Questões 
 
01. (ALERJ – Procurador - FGV/2017) Paulo praticou determinada conduta prevista como crime, 
prevendo a legislação então vigente que a ação respectiva ostenta a natureza privada. Três meses depois 
do ocorrido, em razão de mudança legislativa, o crime praticado por Paulo passou a ser de ação penal 
pública incondicionada. Um ano após os fatos criminosos, o Ministério Público ofereceu denúncia contra 
Paulo em razão daquele comportamento, tendo em vista que o ofendido não havia proposto queixa em 
momento anterior. De acordo com a situação acima exposta, é correto afirmar que o juiz deve: 
(A) receber a denúncia, sendo o Ministério Público parte legítima, eis que a nova lei deve ser 
imediatamente aplicada; 
(B) rejeitar a denúncia, eis que o Ministério Público não deflagrou a ação penal no prazo de seis meses; 
(C) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito praticado por Paulo, apesar da alteração 
legislativa, continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a prescrição; 
(D) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito praticado por Paulo, apesar da alteração 
legislativa, continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a decadência; 
(E) receber a denúncia, porquanto, com a mudança legislativa, tanto o ofendido como o Ministério 
Público poderiam deflagrar a ação penal respectiva. 
 
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) A ação penal é o poder-dever de provocar o 
Poder Judiciário para decidir a conduta definida em lei como crime. Acerca da ação penal, assinale a 
opção CORRETA. 
(A) O direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, se esta já estiver em curso, será exclusivamente 
do ofendido, não podendo o seu cônjuge lhe substituir. 
(B) Quando a Ação for privativa do ofendido, o Ministério Público não poderá aditar a queixa. 
(C) Sempre é possível o perdão por parte da vítima durante o inquérito policial. 
(D) O Ministério Público não poderá desistir da Ação Penal. 
(E) Existindo três querelados identificados na ação é possível o perdão a apenas um deles, desde que 
seja nos autos da Ação. 
 
03. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB/2016) Sobre ação penal é correto afirmar que: 
(A) a ação penal privada, em certos casos é personalíssima, só podendo o delegado de polícia 
instaurar inquérito, exclusivamente, no caso de requerimento do próprio ofendido. 
(B) na ação penal subsidiária da pública, quando o querelado deixa de comparecer aos atos do 
processo, ocorre a perempção. 
(C) quanto ao exercício, classifica-se em pública incondicionada, condicionada a representação do 
ofendido ou a resolução do Ministério da Justiça. 
(D) na ação penal privada o querelante tem legitimidade ordinária. 
(E) a ação penal pública rege-se pelos princípios da obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a 
privada rege-se pela oportunidade e indivisibilidade. 
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04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) A ação penal pode ser classificada como 
Pública ou Privada, levando-se em consideração o responsável pelo seu ajuizamento. A perempção, o 
perdão, a decadência e a renúncia são institutos relacionados ao prosseguimento da ação penal. Sendo 
assim, é possível afirmar que: 
(A) o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar. 
(B) concedido o perdão pelo querelados, mediante declaração expressa nos autos, o Juiz julgará 
extinta a punibilidade, independentemente da aceitação do perdão pelo querelado. 
(C) quando, iniciada a ação penal privada, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos, ocorrerá a decadência. 
(D) a renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, não se 
estenderá aos demais. 
(E) nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal 
quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-
lo. 
 
05. (DPE/MT - Defensor Público - UFMT/2016) São princípios que regem a ação penal privada: 
(A) obrigatoriedade e intranscendência. 
(B) indivisibilidade e obrigatoriedade. 
(C) oportunidade e indisponibilidade. 
(D) instranscendência e indisponibilidade. 
(E) disponibilidade e indivisibilidade. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: D 
Embora tenha ocorrido uma mudança legislativa, está não pode retroagir para disciplinar os fatos 
anteriores a sua vigência. Assim, considerando que o crime praticado por Paulo ostenta natureza privada, 
somente pode ser regularmente processado no caso de ter sido oferecida a representação pelo ofendido 
no prazo decadencial previsto na lei (art. 38, do CPP - seis meses). Deste modo, o juiz deve rejeitar a 
denúncia proposta, pois o crime continua sendo de ação penal privada, e não oferecida a representação 
no prazo legal, deve ser reconhecida a decadência. 
 
02. Resposta: D 
Disciplina o art. 42 do CPP: “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal”. 
 
03. Resposta: A 
Na ação penal personalíssima, não é possível a sucessão processual, é um direito intransferível. 
Assim, o delegado de polícia somente poderá instaurar inquérito policial, caso requerido pelo próprio 
ofendido. E ainda, no caso de morte de sua morte, extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão 
(Ex: o delito previsto no art. 236, do Código Penal). 
 
04. Resposta: A 
Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato bilateral, não produzindo efeito se o querelado não o 
aceita. É o que dispõe o artigo 51 do CPP: “o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, 
sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar”. 
 
05. Resposta: E 
Dentre outros, são princípios que regem a ação penal privada: a disponibilidade e a indivisibilidade. A 
disponibilidade consiste no fato de que a decisão em prosseguir ou não com a ação é do ofendido, que 
até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção. E a 
indivisibilidade, consiste na obrigação de propor a ação contra todos ofensores, não pode optar por 
processa apenas um em benefício dos demais. Portanto, se o querelante renuncia ao direito de queixa 
em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais (art. 48, CPP). Da mesma maneira, o perdão 
dado a um dos ofensores se estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem-no (art. 
51, CPP). 
 
 
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A competência é o critério de distribuição entre os vários órgãos do Poder Judiciário das atividades 
relativos ao desempenho da jurisdição. 
Todo juiz é dotado do poder de solucionar litígios. Em nome do próprio Estado, está dotado de poderes 
para fazer a entrega da prestação jurisdicional. Exatamente esse poder de dizer o direito, esse poder de 
solucionar conflitos é a jurisdição. Ora, em sendo assim, todo juiz, a partir do momento em que toma 
posse, se reveste de poder jurisdicional. Só que há uma espécie de compartimentalização. Esse poder 
fica mais ou menos delimitado. Não pode um juiz de um estado, por exemplo, exercitar sua jurisdição 
noutro estado ou no Distrito Federal. 
É importante salientar que o poder jurisdicional é privativo do ESTADO-JUIZ. Entretanto, em face de 
uma expansão territorial, de determinadas pessoas (rationepersonae) e de determinas matérias (ratione 
materiae), o exercício desse poder de aplicar o direito (abstrato) ao caso concreto sofre limitações, 
nascendo daí a noção de competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar a competência como sendo 
“o âmbito, legislativamente delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder Jurisdicional”. 
 
1. Competência Material 
A distribuição da competência é feita, no Brasil, a partir da própria Constituição Federal, que a atribui: 
a) ao Supremo Tribunal Federal (art. 102); 
b) ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105); 
c) à Justiça Federal (arts. 108 e 109) 
d) às justiças especiais: 
- Eleitoral; 
- Militar; 
- Trabalhista; 
e) à justiça estadual. 
 
Competência da Justiça Federal. É definida pela própria Constituição da República. Pode ser 
competência ratione personae (art. 109, incisos I, II e VIII) e competência ratione materiae (art. 109, 
incisos III, X e XI). Como se vê, Justiça Federal não é justiça especial, é também justiça comum, é justiça 
ordinária, assim como a justiça estadual. 
 
Competência da Justiça Estadual. A ela pertence tudo o que não estiver afeto às outras "justiças". 
Por exceção, o que não for da justiça especial nem da federal, a competência será da justiça estadual. 
Mesmo algumas causas, que, por sua natureza, seriam da justiça federal, são cometidas pela 
Constituição da República à justiça estadual. É o caso, por exemplo, da ação de acidente do trabalho. 
 
 Justiça Estadual Competência residual 
 
Competência da Justiça Militar. A justiça militar julga exclusivamente crimes militares. 
Existem crimes militares próprios e impróprios. O crime militar próprio é aquele que só está previsto 
no Código Penal Militar, e que só poderá ser cometido por militar, como aqueles contra a autoridade ou 
disciplina militar ou contra o serviço militar e o dever militar. Já o crime militar impróprio está previsto ao 
mesmo tempo, tanto no Código Penal Militar como na legislação penal comum, ainda que de forma um 
pouco diversa (roubo, homicídio, estelionato, estupro, etc.) e via de regra, poderá ser cometido por civil. 
A competência da Justiça Militar foi estabelecida pelo texto constitucional de 1988. A Justiça Castrense 
divide-se em: Justiça Militar Federal e Justiça Militar Estadual. Os servidores militares também se dividem 
em duas categorias: militares federais e militares estaduais. 
A Justiça Militar Federal tem competência para processar e julgar os militares integrantes das Forças 
Armadas, Marinha de Guerra, Exército, Força Aérea Brasileira, civis e assemelhados. No Estado 
democrático de Direito, que tem como fundamento a observância de uma Constituição estabelecida pela 
vontade popular por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte, no caso do Brasil um Congresso 
Constituinte, não existe nenhum impedimento para a realização de um julgamento militar que tenha como 
acusado um civil. 
As leis militares, Código Penal Militar, Código de Processo Penal Militar, Leis Especiais Militares, 
definem as situações em que um civil poderá ser julgado por um juiz ou Tribunal Militar. Se um civil praticar 
6. Competência. 
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um crime de furto em local sujeito a administração militar, como por exemplo um quartel, poderá responder 
a uma ação penal militar perante a justiça militar federal de 1ª instância. 
A Justiça Militar Estadual tem competência para processar e julgar os policiais militares e bombeiros 
militares nos crimes militares definidos em lei. Os crimes militares estão definidos no Código Penal Militar, 
CPM, e nas Leis Militares Especiais. Deve-se observar, que por força de disposição constitucional a 
Justiça Militar Estadual tem competência apenas e tão somente para julgar os militares estaduais, que 
são os integrantes das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares). 
Se um civil praticar um crime de furto em um quartel da Polícia Militar do Estado de São Paulo ou 
qualquer outro Estado membro da Federação, este será processado e julgado perante a Justiça Comum 
do Estado, com fundamento no Código Penal e Código de Processo Penal. 
 
Competência da Justiça Eleitoral. A Justiça Eleitoral julga os crimes previstos no Código Eleitoral. 
Não temos juízes eleitorais em primeira instância, geralmente os juízes estaduais cumulam tal função 
e, por tal motivo, caso exista a interposição de recurso contra decisão praticada por este Juiz no exercício 
da competência eleitoral este deverá ser direcionado aos Tribunais Regionais Eleitorais, e não aos 
Tribunais de Justiça que estes normalmente estão subordinados. 
 
2 Competência pelo lugar da infração 
A competência pelo lugar da infração (competência ratione loci), via de regra, é determinada pelo lugar 
em que se consumar o delito, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
Convém ressaltar que: “a competência pelo lugar da infração, também chamada de competência de 
foro ou territorial, determina qual será a comarca competente para o julgamento do fato criminoso. Esse 
critério é o mais utilizado porque inibe a conduta de todas as pessoas que vivem no local e tomaram 
conhecimento do fato e, além disso, possibilita maior agilidade à colheita de provas sem que seja 
necessária a expedição de cartas precatórias para oitiva de testemunha, realização de perícias, etc..” 
Para melhor esclarecimento podemos citar como exemplo o entendimento do STF e do STJ em relação 
à emissão de cheques sem fundos, ou seja, nesse caso será competente o juízo do local onde ocorreu a 
recusa do pagamento pelo banco. 
 
Critério Territorial 
Critério principal Lugar de consumação do crime 
Critério subsidiário Domicílio do réu 
 
3 Competência pelo domicílio ou residência do réu 
A competência pelo domicílio ou residência do réu, também chamada de foro subsidiário, está disposta 
no artigo 72 do CPP, o qual determina que; “não sendo conhecido o lugar da infração, a competência 
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu”. 
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado por Tourinho Filho, que diz: “suponha-se que um 
cadáver apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca de Bariri. Foi ele arrastado pela correnteza. 
Constatou-se ter havido homicídio. Das investigações levadas a cabo, descobriu-se quem foi o criminoso. 
Este não soube explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem distante. Nessa hipótese, o 
processo deve tramitar pelo foro do domicílio ou residência do réu”. 
Ressalta-se, ainda, que excepcionalmente, nos casos de ação penal privada exclusiva, o autor poderá 
escolher o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. É o 
chamado foro alternativo, que não se aplica ao caso de ação penal privada subsidiária. 
 
4 Competência pela natureza da infração 
Uma vez fixada a competência pelo lugar da infração ou pelo domicílio ou residência do réu (art. 
69, I eII, do CPP), será necessário fixar a justiça competente em razão da natureza da infração (ratione 
materiae), melhor ainda, em razão da matéria. 
Oportuno se torna dizer que: “a jurisdição (justiça) pode ser Especial, que se divide em Justiça Militar 
e Justiça Eleitoral; e Comum, que se divide em Justiça Federal e Justiça Estadual. A competência pela 
natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária (federal ou estadual), salvo a 
competência privativa do Tribunal do Júri, cuja competência é atribuída pela Constituição Federal”. 
O Tribunal do Júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, por exemplo, o 
homicídio doloso, o infanticídio, previstos nos arts. 121 e 123 do CP. 
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Em relação à jurisdição especial, a Constituição Federal determina que compete à Justiça Eleitoral 
(art. 121 da CF), julgar oscrimes eleitorais e os seus conexos. A Constituição Federal também prevê a 
competência da Justiça Militar (art. 124 da CF), qual seja, processar e julgar os crimes militares previstos 
em lei. 
Além do mais, a Constituição Federal também prevê a competência da jurisdição comum (federal ou 
estadual), por exemplo, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de 
navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (art. 109, IX, da CF). 
Finalmente, a Justiça Comum Estadual tem a competência residual. Em outras palavras, é 
competência da Justiça Estadual tudo o que não for de competência das jurisdições federal e especial. 
 
5 Competência por prevenção e distribuição 
Através da distribuição (art. 69, IV, do CPP), haverá a fixação da competência do juízo quando, houver 
mais de um juiz igualmente competente em uma mesma circunscrição judiciária. Outrossim, “se na 
mesma comarca existirem vários juízes igualmente competentes para o julgamento do caso, considerar-
se-á competente pelo critério da prevenção aquele que se adiantar aos demais quanto à prática de alguma 
providência processual ou extraprocessual (exemplo: a decretação da prisão preventiva, a concessão de 
fiança, o reconhecimento de pessoas ou coisas)”. 
 
6 Competência por conexão ou continência 
Há conexão (art. 69, V, do CPP) quando duas ou mais infrações estão ligadas por um liame, sendo 
que estes crimes devem ser julgados em um só processo em virtude da existência desse nexo. 
Além disso, “há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. 
No processo penal a continência é também uma forma de modificação da competência e não de fixação 
dela”. Ademais, ocorrerá a continência (art. 69, V, do CPP) quando duas ou mais pessoas são acusadas 
pelo mesmo crime, ou se o comportamento do indivíduo configurar concurso formal, aberratio 
criminis (resultado diverso daquele pretendido) com duplo resultado e aberratio ictus (erro na execução). 
Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são critérios de prorrogação de competência 
e não de fixação. Outrossim, a existência de continência e conexão ocasionará a reunião de processos e 
prorrogação da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a 
reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. 
 
7 Competência por prerrogativa de função 
Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de função (art.69, VII, do CPP) ou 
competência ratione personae (em razão da pessoa) é determinada pela função da pessoa, ou melhor, é 
garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa surge da relevância do desempenho do 
cargo pela pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com o privilégio, uma vez que este constitui 
um benefício concedido à pessoa. 
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de função referente, por exemplo, ao Supremo 
Tribunal Federal, está prevista na Constituição Federal. Vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe: 
I – processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no artigo 52, I, os 
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática 
de caráter permanente; (...)”. 
 
8 Modificações de competência 
Pela modificação de competência podemos entender que há regras sobre competência material e 
funcional, que por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses de prorrogação de foro, delegação 
(interna ou externa) e desaforamento. 
A prorrogação da competência é: “a possibilidade de substituição da competência de um juízo por 
outro, podendo ser necessária ou voluntária; a necessária decorre das hipóteses de conexão (é o nexo, 
a dependência recíproca que as coisas e os fatos guardam entre si) e continência (como o próprio nome 
já diz é quando uma causa está contida na outra, não sendo possível a cisão); e a voluntária ocorre nos 
casos de incompetência territorial quando não oposta à exceção no momento oportuno (caso em que 
ocorre a preclusão), ou nos casos de foro alternativo”. 
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. 47 
A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere para o outro a atribuição jurisdicional que é sua. Essa 
delegação pode ocorrer de duas formas, interna ou externa. A delegação interna ocorre nos casos de 
juízes substitutos e juízes auxiliares do titular do Juízo, melhor ainda, é quando um juiz cede a outro a 
competência para praticar atos no processo, inclusive decisórios, cabe entendermos que neste caso não 
há uma modificação de competência, mas sim de atribuições. Já a delegação externa é utilizada nos 
casos em que os atos são praticados em juízos diferentes, isto é, quando há o uso das cartas precatórias, 
rogatórias e de ordem. 
O desaforamento nada mais é do que o instituto privativo dos crimes de competência do Tribunal do 
Júri. Nos casos em que houver necessidade desse instituto, o pedido poderá ser proposto pela acusação 
(MP ou querelante, em casos de ação privada subsidiária), por representação do juiz, pelo assistente de 
acusação ou a requerimento do acusado e será endereçado ao Tribunal de Justiça. Neste sentido, a 
Súmula 712 do STF diz que “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da 
competência do júri sem audiência da defesa”. 
 
9 Competência absoluta e relativa 
Chama-se competência absoluta, visto que as competências em razão da matéria e a por prerrogativa 
de função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, não podem ser prorrogadas e nem modificadas 
pelas partes e o seu reconhecimento, que pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição, gera 
nulidade absoluta do processo. 
Para entendermos competência relativa, é indispensável uma breve análise da Súmula 706 do STF 
que diz; “é relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”. 
Outrossim, na competência territorial, na qual o que prevalece é o interesse privado de uma das partes, 
é prorrogável se não for alegada no tempo oportuno e é capaz de gerar, se comprovado o prejuízo pela 
parte interessada, apenas a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo. 
 
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos do Código de Processo Penal 
pertinentes ao tema: 
(...) 
TÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA 
 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 
CAPÍTULO I 
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO 
 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no 
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência 
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz 
do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição 
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência 
firmar-se-á pela prevenção. 
 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições,a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
 
 
 
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. 48 
CAPÍTULO II 
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU 
 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou 
residência do réu. 
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que 
primeiro tomar conhecimento do fato. 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
CAPÍTULO III 
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO 
 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, 
salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 
 § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, 
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. 
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de 
outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal 
caso, terá sua competência prorrogada. 
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, 
observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a 
seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). 
 
CAPÍTULO IV 
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO 
 
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, 
houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de 
prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. 
 
CAPÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias 
pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para 
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na 
prova de outra infração. 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 
do Código Penal. 
 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes 
regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a 
competência do júri; 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas 
penas forem de igual gravidade; 
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. 49 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier o 
caso previsto no art. 152. 
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa 
ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em 
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para 
não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a 
separação. 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da 
sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a 
infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais 
processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, 
se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a 
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. 
 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a 
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, 
salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
 
CAPÍTULO VI 
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática 
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia 
ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). 
 
CAPÍTULO VII 
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade. 
 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a 
Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a 
estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. 
 
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: 
I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do 
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
responsabilidade. 
 
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Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou 
interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e 
chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. 
 
CAPÍTULO VIII 
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 
 
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da 
Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será 
competente o juízo da Capital da República. 
 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos 
rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados 
e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime,ou, quando 
se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente 
ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo 
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
 
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 
90, a competência se firmará pela prevenção. 
 
Questões 
 
01. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa 
INCORRETA. Em processo penal a competência jurisdicional será determinada pelo (a): 
(A) o local da prisão sendo indiferente o lugar da infração. 
(B) o domicílio ou residência do réu. 
(C) a natureza da infração. 
(D) a distribuição. 
 
02. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) A competência será determinada pela conexão: 
(A) quando duas ou mais pessoas foram acusadas pela mesma infração. 
(B) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias 
pessoas, umas contra as outras. 
(C) nos casos de concurso formal. 
(D) nos casos de infração cometida em erro de execução ou resultado diverso do pretendido. 
(E) nos casos de crime continuado 
 
03. (TJ/MT - Técnico Judiciário - UFMT/2016) Considerando o Decreto Lei n.º 3.689, de 3 de outubro 
de 1941, Código de Processo Penal, em relação à competência jurisdicional, analise as afirmativas. 
I - Sendo conhecido o lugar da infração e o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-
á pela conexão. 
II - A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, 
houver mais de um juiz igualmente competente. 
III - A competência será determinada pela continência quando quatro pessoas forem acusadas pela 
mesma infração. 
IV - Compete ao Supremo Tribunal Federal, privativamente, processar e julgar os governadores de 
estado por crimes comuns. 
 
Estão corretas as afirmativas 
(A) I, III e IV, apenas. 
(B) III e IV, apenas. 
(C) I, II e IV, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
 
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04. (MPE/RJ - Técnico do Ministério Público - FGV/2016) Secretaria do Ministério Público recebe 
representação onde se narra a prática de um crime comum por imputável em concurso de agentes com 
adolescente, além de um crime militar em conexão com o crime comum já mencionado. Diante da 
conexão existente e das regras previstas no Código de Processo Penal, é correto afirmar que: 
(A) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Militar; 
(B) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Estadual comum; 
(C) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao 
crime comum, o imputável será julgado perante juízo criminal, e o adolescente, perante juízo da infância 
e juventude; 
(D) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao 
crime comum, o adolescente e o imputável deverão ser julgados no juízo criminal; 
(E) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, em relação ao crime comum, deverão ser 
julgados perante o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente será julgado no juízo da infância e 
juventude. 
 
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) No que se refere ao lugar da infração, a competência 
será determinada 
(A) pelo domicílio do réu, no caso de infração permanente praticada no território de duas ou mais 
jurisdições conhecidas. 
(B) pela prevenção, no caso de infração continuada praticada em território de duas ou mais jurisdições 
conhecidas. 
(C) de regra, pelo local onde tiver sido iniciada a execução da infração, ainda que a consumação tenha 
ocorrido em outro local. 
(D) pelo local onde tiver começado o iter criminis, no caso de tentativa. 
(E) pelo lugar em que tiver sido iniciada a execução no Brasil, se a infração se consumar fora do 
território nacional. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: “A” 
O art. 69 do CPP, menciona em seus incisos como será determinada a competência jurisdicional, 
sendo incorreta a afirmativa contida na alternativa “A”, pois o local da prisão do réu não é causa que 
determinada a competência jurisdicional. 
 
02. Resposta: “B” 
É o que dispõe o art. 76, I, do CPP: A competência será determinada pela conexão se, ocorrendo duas 
ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por 
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as 
outras. 
 
03. Resposta: “D” 
Somente estão corretas as afirmativas “II” (art. 75 do CPP) e “III” (art. 77, I, do CPP). A afirmativa “I” 
está incorreta, tendo em vista que, em regra, a competência será determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ademais, se o réu tiver mais de uma residência a competência será firmada por 
“prevenção” e não por “conexão”. E a afirmativa “IV” está incorreta, tendo em vista que compete ao 
Superior Tribunal de Justiça, processar e julgar originariamente os governadores de estado por crimes 
comuns (art. 105, I, “a”, da CF/88). 
 
04. Resposta: “C” 
Disciplina o art. 79 do CPP, que a conexão e a continência importarão unidade de processo e 
julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar; e no concurso entre a jurisdição 
comum e a do juízo de menores. 
 
05. Resposta: “B” 
Nos termos do art. 83 do CPP, a competência será determinada por prevenção toda vez que, 
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que 
anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa. Deste modo, no caso de infração continuada praticada 
em território de duas ou mais jurisdições conhecidas, a competência será determinada pela prevenção. 
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A prova é um dos institutos mais importantes do direito, por ser decorrência do direito de ação. Afinal, 
de nada adianta consagrar-se o direito de ação, se o direito à prova não for consagrado para instruí-la e 
irrigá-la. 
Enquanto os elementos informativos são aqueles produzidos durante a fase do inquérito policial (em 
regra, já que o inquérito, como já visto, é dispensável, podendo os elementos informativos ser produzidos 
em qualquer outro meio de investigação suficiente a embasar uma acusação), a prova deve ser produzida 
à luz do contraditório e da ampla defesa, almejando a consolidação do que antes eram meros indícios de 
autoria e materialidade delitiva, e ainda, com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a formar sua livre 
convicção. 
Vale informar, que não poderá o juiz, nessa sua livre convicção, se fundar exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos durante a fase investigatória. Estes terão apenas função complementar 
na formação do processo de convencimento do magistrado. Isso significa dizer que a prova é, sim, 
essencial, para se condenar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos motivos que 
pode levar à absolvição. 
 
Objeto da Prova 
 
De acordo com os ensinamentos de Paulo Rangel: "O objeto da prova é a coisa, o fato, o 
acontecimento que deve ser conhecido pelo juiz, a fim de que possa emitir um juízo de valor. São os fatos 
sobre os quais versa o caso penal. Ou seja, é o thema probandum que serve de base à imputação penal 
feita pelo Ministério Público. É a verdade dos fatos imputados ao réu com todas as suas circunstâncias". 
Na hipótese do Ministério Público imputar à determinadapessoa a prática do crime de homicídio, este 
crime caracterizar-se-á como o objeto da prova. 
Cabe destacar que há diferença entre objeto da prova e objeto de prova. O objeto de prova significa 
todos os fatos ou coisas que necessitam da comprovação de sua veridicidade. 
Durante um processo, tanto o autor quanto o réu iram apresentar argumentos favoráveis à eles, assim 
como acontecimentos que demonstrem a veracidade de suas alegações. Ocorrendo isso, os mesmos 
acabam por delimitar o objeto da prova, devendo o julgador ater-se à somente estes fatos, visando a 
economia processual. 
Neste contexto, podemos concluir que são as partes que definem essencialmente os fatos que deverão 
ser objeto de prova, restando ao juiz, eventualmente, apenas completar o rol de provas a produzir, 
utilizando-se de seu poder instrutório, o que determinará somente com a finalidade de fazer respeitar o 
princípio da verdade real. 
 
Lembrando a diferença entre verdade real e a verdade formal: 
- Verdade formal é aquela que resulta do processo, embora possa não encontrar exata 
correspondência com os fatos, como aconteceram historicamente (verdade apresentada no processo). 
- Verdade real é aquela que chega o julgador, demonstrando os fatos tal como ocorreram 
historicamente e não como querem as partes que apareçam realizados (guarda fiel realidade com os 
fatos). 
 
Classificação Da Prova 
 
Existem alguns critérios que classificam a prova, a saber: 
a) Quanto ao objeto: 
- direta: apresenta o fato de forma instantânea, não necessitando de nenhuma construção lógica. 
- indireta: afirma uma fato do qual se infira, por dedução ou indução, a existência do fato que se 
busque provar. Neste caso, há a necessidade de um processo de construção lógica com o intuito de 
chegar a um determinado fato que se quer provar. 
 
b) Quanto ao sujeito ou causa: 
- real: é uma prova encontrada em objeto ou coisa que possua vestígios de um crime como, por 
exemplo, uma camisa ensanguentada da vítima, etc. 
7. Prova. 
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. 53 
- pessoal: é uma prova surgida da vontade consciente humana e que tem como objetivo mostrar a 
veracidade dos fatos asseverados como, por exemplo, o testemunho de quem presenciou um crime, um 
laudo pericial assinado por dois peritos, etc. 
 
c) Quanto à forma: 
- testemunhal: é a prova produzida através de declaração subjetiva oral e algumas vezes por escrito 
(art.221, §1º, CPP). Essas provas podem ser produzidas por testemunhas, pelo próprio acusado 
(confissão) ou pelo ofendido. 
- documental: é a prova originada através de documento escrito ou gravação como, por exemplo 
cartas, fotografias autenticadas etc. 
- material: é a que consiste em qualquer materialidade que sirva de elemento para o convencimento 
do juiz sobre o fato que se está provando. 
 
d) Quanto ao valor ou efeito: 
- plena (perfeita ou completa): é a prova que é capaz de conduzir o julgador à uma absoluta certeza 
da existência de um fato. 
- não plena (imperfeita ou incompleta): é a prova que apenas conduz à uma probabilidade da 
ocorrência de um evento, não sendo suficiente para a comprovação. 
 
Meios de Prova 
 
Meio de prova é todo fato, documento ou alegação que possa servir, direta ou indiretamente, à busca 
da verdade real dentro do processo. É o instrumento utilizado pelo juiz para formar a sua convicção acerca 
dos fatos alegados pelas partes. 
Em outras palavras, meio de prova é tudo aquilo que possibilita o convencimento do julgador quanto a 
veracidade dos fatos expostos, estando ou não estes meios inseridos em lei. 
Os meios de prova podem ser tanto nominados quanto inominados. Os primeiros são estabelecidos 
através da lei e os últimos são moralmente legítimos. Como exemplo de meios de prova, existe a perícia 
no local em que ocorreu o delito (art.169, CPP), a confissão do réu (art.197, CPP) e o depoimento do 
ofendido (art.201, CPP). 
Sob o Princípio da Verdade Real, as investigações devem ser feitas de forma ampla, ou seja, não 
havendo restrições quanto aos meios de provas, salvo nos casos previstos no parágrafo único do art.155, 
CPP: "Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil". 
 
Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, e “meios de obtenção de prova”. Vejamos: 
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais se consegue a prova. Elas independem do 
processo, por existirem por si só; 
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos quais as fontes de prova são introduzidas no 
processo. No processo penal, vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Probatória”, segundo o qual 
todos os meios de prova são válidos desde que não ilícitos e/ou imorais; 
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos necessários para se chegar à prova. Os meios 
de prova tratam de meios de obtenção da prova, para se chegar às fontes de prova. 
 
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova antecipada”. A parte final, da cabeça do art. 155, 
CPP, se refere a estas três provas, produzidas em regra ainda durante a fase inquisitória, as quais poderia 
o juiz se utilizar para formar sua convicção. Embora exista posicionamento que clama pela sinonímia das 
expressões, há se distingui-las. 
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de desaparecimento do objeto da prova, em razão do 
decurso do tempo, motivo pelo qual o que se pretende provar deve ser perpetuado. O contraditório, aqui, 
é diferido, postergado. 
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser produzida novamente, em virtude do 
desaparecimento da fonte probatória, como o caso de um exame pericial por lesão corporal, cujos sinais 
de violência podem desaparecer com o tempo. O contraditório, aqui, é diferido, postergado. 
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com observância do contraditório real (ou seja, o 
contraditório não é diferido como nas duas hipóteses anteriores), perante a autoridade judicial, mas em 
momento processual distinto daquele previamente previsto pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do 
processo). O melhor exemplo é a oitiva da testemunha para perpetuar a memória da prova, disposta no 
art. 225, da Lei Processual Penal. 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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Fatos que não precisam ser provados. São eles: 
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade sabida” (ex.: não se precisa provar que dia vinte e 
cinco de dezembro é Natal, conforme o calendário cristão ocidental); 
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes (ex.: “X” é atingido e despedaçado por um trem. 
Não será preciso um exame para se apurar que a causa da morte foi o choque com o trem); 
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei, valendo lembrar que, em se tratando de 
presunção relativa, contudo, admitir-se-á prova em contrário; 
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os “fatos inúteis” (ex.: “X” morreu de 
envenenamento por comida. Pouco importa saber se a carne estava bem ou mal passada); 
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser provado, salvo em se tratando de direito estadual, 
municipal, costumeiro, ou estrangeiro, se assim o requerer o juiz. 
Posto isto, fazendo uma análise em sentido contrário, fatos que não sejam notórios, que não sejam 
axiomáticos, que não sejam desnecessários, que não sejam presunções legais, e que não digam respeito, 
como regra, necessitam ser provados. 
 
“Prova nominada”, “prova inominada”, “prova típica”, “prova atípica”, e “prova irritual”. 
A “prova nominada” é aquela cujo “nomen juris” consta da lei (ex.: prova pericial). 
A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não consta da lei, mas que é admitida por força do 
“Princípio da Liberdade Probatória”. 
A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório está previsto na lei. 
A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está previsto em lei. 
A “prova irritual” é aquelao ofendido, o querelante, e o acusado, formular 
quesitos e indicar assistente técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159, do Código 
de Processo Penal; 
 
Laudo pericial. 
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em 
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente 
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o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, 
isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a 
atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um 
assistente técnico; 
 
Autópsia. 
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar no auto 
(art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte 
e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante (art. 
162, parágrafo único, CPP); 
 
Exumação de cadáver. 
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará que, em dia e hora previamente 
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste 
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. Agora, havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao 
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de 
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com 
todos os sinais e indicações (art. 166, CPP); 
 
Fotografia dos cadáveres. 
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na 
medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164, CPP). Para 
representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame 
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados (art. 165, CPP); 
 
Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstáculo à subtração da coisa. 
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio 
de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por quais meios 
e em que época presumem ter sido o fato praticado (art. 171, CPP); 
 
Material guardado em laboratório para nova perícia. 
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova 
perícia. Ademais, sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, provas 
microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP); 
 
Incêndio. 
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que 
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173, CPP); 
 
Exame para reconhecimento de escritos. 
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei Adjetiva, o seguinte: a pessoa a quem se atribua 
ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para a comparação, 
poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente 
reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida (inciso II); a autoridade, 
quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou 
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados (inciso III); 
quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará 
que a pessoa escreva o que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver ausente a pessoa, mas em 
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que 
a pessoa será intimada a escrever (inciso IV); 
Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 
182, CPP). 
 
Dispositivos do CPP pertinentes ao tema: 
 
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. 5 
CAPÍTULO II 
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de 
diploma de curso superior. 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica 
relacionada com a natureza do exame. 
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e 
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e 
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde 
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados 
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou 
ser inquiridos em audiência. 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito 
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, 
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente 
técnico. 
 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, 
e responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo 
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela 
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no 
auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da 
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia 
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sobcolhida sem a observância de modelo previsto em lei. Trata-se de prova 
ilegítima. 
 
Alguns princípios relacionados à prova penal. São eles, além do Princípio da Liberdade Probatória, 
já mencionado anteriormente, em um rol exemplificativo: 
A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da presunção de não-culpabilidade). Todos são 
considerados inocentes, até que se prove o contrário por sentença condenatória transitada em julgado; 
B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. É por 
isso que o acusado pode mentir, pode distorcer os fatos, pode ser manter em silêncio, e tem direito à 
consulta prévia e reservada com seu advogado, como exemplos; 
C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos. São inadmissíveis no processo 
as provas obtidas de modo ilícito, assim entendidas aquelas obtidas em violação às normas 
constitucionais. Ou seja, o direito à prova não pode se sobrepor aos direitos fundamentalmente 
consagrados na Constituição Federal. 
 
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há quem diga que se tratam de expressões 
sinônimas. Contudo, o entendimento prevalente é o de que, apesar de espécies do gênero “provas 
ilegais”, “prova ilícita” é aquela violadora de alguma norma constitucional (ex.: a prova obtida não 
respeitou a inviolabilidade de domicílio assegurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” é 
aquela violadora dos procedimentos previstos para sua realização (tais procedimentos são aqueles 
regularmente previstos no Código de Processo Penal e legislação especial). 
Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua consequência primeira é o desentranhamento 
dos autos, devendo esta ser inutilizada por decisão judicial (devendo as partes acompanhar o incidente). 
Agora, uma consequência reflexa é que as provas derivadas das ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da 
Árvore Envenenada”, importada do direito norte-americano, também serão inadmissíveis, salvo se 
existirem como fonte independente, graças à “Teoria da Fonte Independente” (considera-se fonte 
independente aquela prova que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da 
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova). 
 
Ônus da prova. De acordo com o art. 156, caput, do Código de Processo Penal, a prova da alegação 
incumbirá a quem o fizer, embora isso não obste que o juiz, de ofício, ordene, mesmo antes de iniciada a 
ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a 
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, no curso da instrução 
ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso 
II). Esse poder de atuação do juiz é também conhecido por “gestão da prova” (por ser o juiz, naturalmente, 
um “gestor da prova”). 
 
 
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Sistemas de avaliação da prova. São eles: 
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é livre para apreciar as provas, inclusive as que 
não estão nos autos. O problema é que, neste sistema, o juiz não está obrigado a fundamentar acerca 
dos motivos que levaram à formação de sua convicção. Este sistema, em nosso ordenamento, só é 
adotado pelos jurados no tribunal do júri, quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem precisar 
fundamentar as razões de sua escolha; 
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas têm valor previamente fixado pelo legislador, 
cabendo ao juiz, apenas, apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o valor devido. Tal sistema não é 
adotado no ordenamento pátrio; 
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema da persuasão racional do juiz). Trata-se do 
sistema adotado no ordenamento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade de valoração das provas 
dos autos, mas é obrigado, em contrapartida, a fundamentar as razões que embasam seu convencimento. 
Com isso, decorre-se que não há prova com valor absoluto (não há a ideia de que a confissão é a “rainha 
das provas”, por exemplo), e que somente serão consideradas válidas para efeito condenatório as provas 
do processo (o juiz não pode condenar alguém usando algo que não está nos autos). 
 
Prova emprestada. É aquela produzida em um processo e transportada documentalmente para outro. 
Apesar da valia positiva acentuada que lhe deve ser atribuída, a prova emprestada não pode virar mera 
medida de comodidade às partes, afinal, como regra, cada fato apurado numa lide depende de sua própria 
prova. 
Contudo, podem acontecer casos em que um determinado fato já não possa mais ser apurado nos 
autos, embora o tenha sido devidamente em outros autos, caso em que a prova emprestada pode se 
revelar um eficaz aliado na busca pela verdade real. 
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem aos autos com o “contraditório montado” do 
outro processo, isto é, no processo recebedor terão as partes a oportunidade de questionar a própria 
validade desta bem como de tentar desqualificá-la. 
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por ser emprestada, valha “mais” ou “menos” que 
outra prova. Não há mais, como já dito, “tarifação de provas”. A importância de uma prova será aferida 
casuisticamente. Assim, em que pese o respeito a entendimento minoritário neste sentido, não parece 
ser o melhor argumento defender que a prova emprestada, por si só, não pode ser suficiente para 
condenar alguém. 
 
A seguir iremos tratar de maneira individualizada as espécies de provas contidas no Código de 
Processo Penal, com exceção do “Exame de Corpo de Delito”, tendo em vista que já foi objeto de 
estudo anterior. 
 
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO E DA CONFISSÃO 
 
Interrogatório do acusado. Consiste o interrogatório em meio de defesa do acusado (em outros 
tempos, já houve divergência se consistiria o interrogatório em meio de defesa ou mero meio de prova). 
Disso infere-se que é facultado ao acusado ficar em silêncio, mentir, ser acompanhado por seu advogado, 
deixar de responder às perguntas que lhe forem feitas etc. 
A) Características. Trata-se de ato personalíssimo (não pode ser realizado por interposta pessoa); de 
ato público (em regra); assistido tecnicamente por advogado (lembrando que é meio de defesa); e bifásico 
(sobre as duas fases melhor se falará a seguir); 
B) “Interrogatório por videoconferência”. Esta é inovação prevista pela Lei nº 11.900/2009, apesar de 
parte minoritária da doutrina ainda sustentar a inconstitucionalidade desta forma de interrogatório. 
Como ele é realizado? Sua realização é excepcional. Ele somente será utilizado se para prevenir risco 
à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integra organização criminosa ou 
de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; se para viabilizar a participação do réu neste 
ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade 
ou outra circunstância pessoal; ou se para impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da 
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência; se for necessário 
por questão de gravíssima utilidade pública. 
Ademais, sua determinação é feita pelo juiz, por decisão fundamentada, tomada de ofício ou a 
requerimento das partes. Ainda, da decisão que determinar a realização do interrogatório por 
videoconferência, as partes deverão ser intimadas com, no mínimo, dez dias de antecedência. 
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Também, antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo 
sistema, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento. 
Por fim, o juiz garantirá o direito de entrevista prévia e reservada do réu com seu defensor (como 
ocorre em qualquer modalidade de interrogatóriojudicial); 
C) Fases do interrogatório. São duas fases (procedimento bifásico, como dito alhures), a saber, sobre 
a pessoa do acusado (o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, se foi preso ou processado 
alguma vez, se houver suspensão condicional ou condenação e qual foi a pena imposta caso o indivíduo 
tenha sido processado, obviamente); e sobre os fatos (será perguntado ao interrogando se é verdadeira 
a acusação que lhe é feita, onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta, 
sobre as provas já apuradas, se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, se 
conhece o instrumento com que foi praticada a infração ou qualquer objeto que com esta se relacione e 
tenha sido apreendido, e, se não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que 
atribuí-la e se conhece, então, quem teria sido o autor da infração, se tem algo mais a alegar em sua 
defesa etc.); 
D) Pluralidade de acusados. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente (art. 
191, CPP); 
E) Interrogatório do surdo-mudo. Ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele 
responderá oralmente; ao mudo, as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; ao 
surdo-mudo, as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará a resposta (art. 192, 
CPP); 
F) Interrogando analfabeto (total ou parcialmente). Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, 
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, a pessoa habilitada a entendê-lo (art. 192, parágrafo 
único, CPP); 
G) Interrogando que não fala a língua nacional. Se o interrogando não falar a língua nacional, sua oitiva 
será feita por meio de intérprete (art. 193, CPP); 
H) Reinterrogatório. A todo tempo, o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido 
fundamentado de qualquer das partes (art. 196, CPP). 
 
Confissão. A confissão, como qualquer outro meio de prova, destina-se à apuração da verdade dos 
fatos. 
Se o interrogando confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se 
outras pessoas concorreram para a infração. 
A) Confissão e seu valor relativo. Não se pode dizer que a confissão seja algo absoluto. O valor da 
confissão se aferirá pelos critérios adotados para outros elementos de prova, e para sua apreciação o juiz 
deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe 
compatibilidade ou concordância. Pode ser, por exemplo, que a confissão esteja ocorrendo sob coação, 
ou mesmo para acobertar a real autoria do delito. Logo, hoje não há mais se falar na confissão como 
“rainha das provas”, como era no sistema inquisitorial; 
B) Silêncio do acusado. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir 
elemento para a formação do convencimento do juiz, conforme consta do art. 198, da Lei Adjetiva Penal. 
Desta maneira, se o acusado se manter em silêncio, não se presumirão verdadeiros os fato alegados 
contra ele como é possível de acontecer no processo civil. Entretanto, quando da formação de seu 
convencimento, autoriza-se que a autoridade judicial utilize tal silêncio como mais um (e não como item 
exclusivo) dos elementos em prol da sua convicção; 
C) Formas de confissão. A confissão pode ser tanto judicial como extrajudicial. Se feita 
extrajudicialmente, deverá ser tomada por termo nos autos; 
D) Espécies de confissão. A confissão pode ser simples (quando o confidente simplesmente confessa, 
sem agregar ou modificar informações constantes dos autos); complexa (quando o réu reconhece vários 
fatos criminosos); ou qualificada (quando o réu confessa agregando fatos novos e modificativos que até 
então não eram sabidos, ou, ainda que sabidos, não eram comprovados por outros meios); 
E) Características da confissão. A confissão é: divisível (pode ser que o indivíduo confesse apenas 
uma parte dos crimes. Nada obsta que a parte não confessada também tenha sido praticada por este 
acusado. Neste caso, os outros elementos de prova serão fundamentais para a descoberta da autoria (ou 
não) da parte não confessada); e retratável (admite-se “voltar atrás” na confissão. Isso não representa 
empecilho a que o indivíduo seja condenado mesmo tendo se retratado da confissão, caso o conjunto 
probatório aponte que foi o acusado, de fato, quem praticou a infração). 
 
 
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QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO 
 
O “ofendido” é o titular do direito lesado ou posto em perigo. É a vítima, e, como tal, suas declarações 
correspondem à versão que lhe cabe dos fatos, tendo, consequencialmente, natureza probatória. 
Conforme o art. 201, caput, do Código de Processo Penal, sempre que possível o ofendido será 
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as 
provas que possa indicar, tomando-se por termo suas declarações. 
A) Ofendido que, intimado, deixa de comparecer sem justo motivo. Se, intimado, deixa o ofendido de 
comparecer sem justo motivo, poderá ele ser conduzido à autoridade judicial mediante auxílio das 
autoridades policiais; 
B) Dever de comunicação ao ofendido. O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao 
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos 
acórdãos que a mantenham ou modifiquem (art. 201, §2º, CPP). As comunicações ao ofendido deverão 
ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por sua opção, o uso de meio eletrônico (art. 201, 
§3º, CPP); 
C) Direitos do ofendido. Antes do início da audiência, bem como durante sua realização, será 
reservado espaço separado para o ofendido (art. 201, §4º, CPP). Ademais, se entender necessário, 
poderá o juiz encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, a expensas do ofensor ou do 
Estado (art. 201, §5º, CPP). Por fim, o juiz deverá tomar as providências necessárias à preservação da 
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar segredo de justiça 
em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar 
sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, §6º, CPP). 
 
DAS TESTEMUNHAS. 
 
“Testemunha” é a pessoa sem qualquer interesse no deslinde da lide processual penal, que apenas 
relata à autoridade judicial sua percepção sobre os fatos, em face do que viu, ouviu ou sentiu (ela utiliza-
se, veja, de sua percepção sensorial). 
Consoante o disposto no art. 203, do Código de Processo Penal, a testemunha fará, sob palavra de 
honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, 
sua idade, seu estado, sua residência, sua profissão, lugar onde exerce a atividade, se é parente de 
alguma das partes e em que grau, bem como relatar o que souber. 
A) Espécies de testemunhas. Há se distinguir as testemunhas numerárias, das extranumerárias, dos 
informantes, das referidas, das próprias, das impróprias, das diretas, das indiretas, e das “de 
antecedentes”. 
As numerárias são aquelas arroladas pelas partes de acordo com o número máximo previsto em lei. 
As extranumerárias são as ouvidas por iniciativa do juiz após serem compromissadas. 
Os informantes são aquelas pessoas que não prestam compromisso e têm o valor de seu depoimento, 
exatamente por isso, bastante reduzido. 
As referidas são ouvidas por juiz após outros que depuseram antes delas a elas fazerem menção. 
As próprias são as que depõem sobre o fato objeto do litígio. 
As impróprias são a que prestam depoimento sobre um ato do processo, como o interrogatório, por 
exemplo. 
As diretas são as que prestam depoimento sobre um fato que presenciaram 
As indiretas são as que prestam o depoimento de fatos que ouviram dizer por palavras de outros. 
As “de antecedentes”são aquelas que prestam informações relevantes quanto à dosagem e aplicação 
da pena, por se referirem, primordialmente, a condições pessoais do acusado; 
B) Pessoas que podem ser testemunha. Qualquer pessoa pode ser testemunha, como regra. O 
depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não se 
vedará a testemunha, contudo, acesso a meros breves apontamentos para que não se esqueça de nada; 
C) Pessoas que podem se recusar a depor. O ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o 
cônjuge e o convivente, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado não estão obrigados a 
depor, salvo se não for possível, por outro modo, obter-se a prova do fato e de suas circunstâncias (art. 
206, CPP); 
D) Pessoas que estão proibidas de depor. As pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, devem guardar segredo, estão proibidas de depor, salvo se, desobrigadas pela parte 
interessada, quiserem dar seu testemunho (art. 207, CPP); 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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E) Pessoas que não serão compromissadas ao prestar testemunho. É o caso dos doentes e deficientes 
mentais; dos menores de quatorze anos; e do ascendente, descendente, afim em linha reta, cônjuge e 
convivente, irmão e pai, mãe, ou filho adotivo do acusado (art. 208, CPP); 
F) Modo de inquirição das testemunhas. As testemunhas serão ouvidas individualmente, de modo que 
uma não saiba do que foi falado pela outra (art. 210, caput, primeira parte, CPP). O juiz deve advertir 
sobre a possibilidade de incurso no crime de falso testemunho (art. 210, caput, parte final, CPP). As 
perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que 
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já 
repetida (aliás, essa possibilidade de perguntas feitas diretamente às testemunhas é inovação trazida 
pela Lei nº 11.690/2008, já que antes, graças ao “Sistema Presidencialista das Audiências”, as perguntas 
eram feitas ao juiz, que só então as repassava às testemunhas. Agora, conforme se pode observar do 
art. 212, caput, do Código de Processo Penal, isso mudou). 
Prosseguindo, o juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo 
quando inseparáveis da narrativa do fato (tal característica remonta a um almejo de dinamismo e 
objetividade no depoimento prestado pela testemunha. Não se quer que a testemunha manifeste 
impressões pessoais a respeito dos fatos. Deve ela se resumir a esclarecer o que viu/ouviu/sentiu). 
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias 
ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou indigna de fé (art. 214, primeira parte, CPP). Na 
redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas 
testemunhas, reproduzindo fielmente suas frases (art. 215, CPP). O depoimento da testemunha será 
reduzido a termo, e assinado por ela, pelo juiz, e pelas partes (se a testemunha não souber assinar, ou 
não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos); 
G) Inquirição de pessoas impossibilitadas por enfermidade ou velhice. As pessoas impossibilitadas, 
por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem (art. 220, 
CPP); 
H) Testemunha que não conhecer a língua nacional. Quando a testemunha não conhecer a língua 
nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas (art. 223, caput, CPP); 
I) Testemunha surda-muda. Tratando-se de surdo, mudo, ou surdo-mudo, proceder-se-á tal como no 
interrogatório do acusado para estas situações (art. 223, parágrafo único, CPP); 
J) Testemunha que deixa de comparecer sem justo motivo. Se, regularmente intimada, a testemunha 
deixa de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua 
apresentação ou determinar que seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio de 
força pública (art. 218, CPP); 
K) Presença do réu na produção da prova testemunhal. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá 
causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que 
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade 
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor 
(art. 217, caput, CPP); 
L) Oitiva do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos Senadores, dos Deputados 
Federais, dos Ministros de Estado, dos Governadores de Estados e Territórios, dos Secretários de 
Estado, dos Prefeitos Municipais, dos Deputados Estaduais, dos membros do Poder Judiciário, dos 
membros do Ministério Público, dos Ministros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados e do Distrito 
Federal. Estes serão inquiridos em local, dia e hora previamente designados pelo juiz (art. 221, caput, 
CPP). Ademais, o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, o Presidente do Senado, o 
Presidente da Câmara dos Deputados, e o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal poderão 
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas formuladas pelas partes e 
deferidas pelo juiz lhe serão transmitidas por ofício (art. 221, §1º, CPP); 
M) Oitiva dos militares. Os militares serão requisitados junto à sua autoridade superior (art. 221, §2º, 
CPP); 
N) Oitiva dos funcionários públicos. A expedição do mandado deve ser imediatamente comunicada ao 
chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados (art. 221, §3º, CPP); 
O) Oitiva por carta precatória. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo 
juiz do lugar de sua residência, mediante carta precatória (que não suspenderá a instrução criminal), 
intimadas as partes (art. 222, caput, CPP). Vale lembrar que, aqui, também é prevista a possibilidade de 
oitiva da testemunha por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e 
imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a 
realização da audiência de instrução e julgamento (art. 222, §3º, CPP); 
P) Oitiva por carta rogatória. Aplica-se à carta rogatória o que se acabou de falar da carta precatória, 
respeitando-se a particularidade de que as cartas rogatórias somente serão expedidas se demonstrada 
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previamente sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os cursos do envio (art. 222-A, 
CPP); 
Q) Prova testemunhal “para perpetuar a memória da prova”. É aquela prevista no art. 225, do Código 
de Processo Penal, segundo o qual, se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade 
ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício 
ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhes antecipadamente o depoimento. Tal produção 
antecipada deve-se à existência de risco de que a prova testemunhal não possa ser produzida, ou porque 
a testemunha terá de ausentar-se, ou porque está muito enferma e provavelmente não viva muito tempo, 
ou porque está idosa e, caso espere o regular trâmite processual, pode não estar viva até lá; 
R) Número de testemunhas. No procedimento comum ordinário, este número é de oito no máximo para 
cada parte (art. 401, CPP); no procedimento comum sumário, esse número é de no máximo cinco para 
cada parte (art. 532, CPP); no procedimento sumaríssimo, três é o número máximo de testemunhas de 
cada parte; e no plenário do júri o número máximo é de cinco testemunhas para cada parte (art. 422, 
CPP). Vale lembrar, ainda, que de acordo com o segundo parágrafo, do art. 209, CPP, não será 
computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesseà decisão da causa. Também não 
entrarão nessa contagem o mero informante e a mera testemunha referida (art. 401, §1º, CPP). 
 
DO RECONHECIMENTO 
 
O reconhecimento de pessoas/coisas é o ato pelo qual alguém verifica e confirma (ou nega) a 
identidade de pessoa ou coisa que lhe é mostrada. 
De acordo com o art. 226, CPP, o itinerário do “reconhecimento” é o seguinte: a pessoa que tiver de 
fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa/coisa que deva ser reconhecida (inciso I); 
a pessoa/coisa cujo reconhecimento se pretender será colocada, se possível, ao lado de outras 
pessoas/coisas que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o 
reconhecimento a apontá-la (inciso II); se houver razão para recear que a pessoa chamada para o 
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que 
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela (inciso III) (de acordo 
com o parágrafo único, do art. 226, CPP, o disposto neste inciso não terá aplicação na fase da instrução 
criminal ou em plenário de julgamento); do ato de reconhecimento se lavrará auto pormenorizado, 
subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas 
testemunhas presenciais (inciso IV). 
Vale lembrar, por fim, que se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa 
ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas (art. 
228, CPP). 
 
DA ACAREAÇÃO 
 
Sempre que houver divergência de declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes, a acareação 
será admitida, com supedâneo no art. 229, caput, do Código de Processo Penal, entre acusados, entre 
acusados e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, entre 
ofendidos etc. (as combinações são múltiplas, veja-se). 
Com efeito, os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências (ou 
seja, os acareados já devem ter sido ouvidos uma vez, fora da acareação), reduzindo-se a termo o ato 
de acareação. 
 
DOS DOCUMENTOS 
 
Documentos de prova. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos 
em qualquer fase do processo. 
A) Conceito de “documento”, para efeito de prova. Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos 
ou particulares, serão considerados documentos, com fulcro na cabeça do art. 232, CPP. Inclusive, à 
fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original (art. 232, parágrafo 
único, CPP). 
O que são “instrumentos”? São documentos confeccionados com o estrito objetivo de fazer prova, 
como os contratos, por exemplo. O conceito de documento é muito mais amplo que o de “instrumento”, 
portanto; 
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B) Restrição a documento. De acordo com o art. 233, da Lei Adjetiva, as cartas particulares, 
interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo, salvo se exibidas pelo 
respectivo destinatário para defesa de seu direito (ainda que não haja consentimento do remetente); 
C) Determinação judicial de juntada de documento. Se o juiz tiver notícia da existência de documento 
relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento 
de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível (art. 234, CPP); 
D) Documento em língua estrangeira. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua 
juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea 
nomeada pela autoridade (art. 236, CPP); 
E) Devolução do documento às partes. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não 
exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento e 
ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando o traslado nos autos (art. 238 
CPP); 
F) Documento particular e sua autenticidade. A letra e firma dos documentos particulares serão 
submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade (art. 235, CPP); 
G) Documento no júri. De acordo com o art. 479, do Código de Processo Penal, durante o julgamento 
não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos 
com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte (compreende-se nessa 
proibição a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, 
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a 
matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados). 
 
DOS INDÍCIOS 
 
Indício: É todo e qualquer fato sinal, marca ou vestígio, conhecido e provado, que, possua relação 
necessária ou possível com outro fato, que se desconhece, prova ou leva a presumir a existência deste 
último. 
O Art 239 do CPP define indício como: “a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com 
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”. 
 
Quando falamos em “indícios” temos que ter cuidado para não confundir estes com os “vestígios”, 
posto que para os leigos em criminalística e na linguagem destituída de características jurídicas, 
depreende-se que vestígios e indícios praticamente se constituem em sinônimos. 
Para Aurélio Buarque de Holanda Pereira, em seu novo Dicionário da Língua Portuguesa, vestígio é: 
“Sinal que homem ou animal deixa com os pés no lugar por onde passa; rastro, rasto, pegada, pista; no 
sentido figurado, indício, sinal, pista, rastro, rasto”. 
Entretanto, sob o enfoque criminalístico e também processualístico, há que se ter em mente a perfeita 
delimitação e diferenciação entre cada um dos vocábulos. Assim, qualquer marca, fato, sinal, que seja 
detectado em local onde haja sido praticado um fato delituoso é, em princípio, um vestígio. 
Se tal vestígio, após devidamente analisado, interpretado e associado com os minuciosos exames 
laboratoriais e dados da investigação policial do fato, enquadrando-se em toda a sua moldura, tiver 
estabelecida a sua inequívoca relação com o fato delituoso e com as pessoas com este relacionadas, aí 
ele terá se transformado em indício. 
Atesta-se, dessa forma, o que, com muita precisão, propriedade e singeleza distingue o eminente 
mestre Professor Gilberto Porto, em seu já referido Manual de Criminalística: “o vestígio encaminha; o 
indício aponta”. 
 
DA BUSCA E APREENSÃO 
 
Trata-se de medida cuja essência visa evitar o desaparecimento de provas, podendo ser realizada 
tanto na fase inquisitorial como durante a ação penal. A apreensão, neste diapasão, nada mais é que o 
resultado da busca, isto é, se a busca resulta frutífera, procede-se à apreensão da coisa buscada. 
A) Espécies de busca. A busca pode ser domiciliar (art. 240, §1º, CPP) ou pessoal (art. 240, §2º, CPP); 
B) Hipóteses em que se utiliza a busca e apreensão. De acordo com o primeiro parágrafo, do art. 240, 
CPP, a busca domiciliar é comumente utilizada para prender criminosos (alínea “a”); para apreender 
coisas achadas ou obtidas por meios criminosos (alínea “b”); para apreender instrumentos de falsificação 
ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos (alínea “c”); para apreender armas e munições, 
instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso (alínea “d”); para descobrir 
objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu (alínea “e”); para apreender cartas, abertas 
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. 61 
ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento de seu 
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato (alínea “f”); para apreender pessoas vítimas de crimes (alínea 
“g”); e para colher qualquer elemento de convicção (alínea“h”). 
Já consoante o segundo parágrafo, do mesmo art. 240, a busca pessoal será utilizada quando houver 
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras “b”, “c”, 
“d”, “e”, e “f” do primeiro parágrafo visto acima; 
C) Requerimento da busca. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes (art. 242, CPP); 
D) Conteúdo do mandado de busca. Deverá o mandado, conforme o art. 243, CPP, indicar, o mais 
precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou 
morador, ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem (inciso I); mencionar os motivos e o fim da diligência (inciso II); ser subscrito pelo escrivão e 
assinado pela autoridade que o fizer expedir (inciso III); se houver ordem de prisão, esta constará do 
próprio texto do mandado de busca (§1º); 
E) Documento em poder do defensor do acusado. Não será permitida a apreensão de documento em 
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito (art. 243, §2º, CPP); 
F) Busca independente de mandado. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão 
ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou 
papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar 
(art. 244, CPP); 
G) Modo de execução da busca domiciliar. As buscas domiciliares serão executadas durante o dia, 
salvo se o morador consentir que se realizem a noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores 
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem os represente, intimando-o, em seguida, a abrir a 
porta (art. 245, caput, CPP). Se a própria autoridade der busca, declarará previamente sua qualidade e o 
objeto da diligência (art. 245, §1º, CPP). Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a 
entrada (art. 245, §2º, CPP). Resistindo o morador ainda assim, será permitido o emprego de força contra 
coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura (art. 245, §3º, CPP). 
Ausente o morador, deverá ser intimado a assistir a diligência qualquer vizinho, se houver e estiver 
presente (art. 245, §4º, CPP). Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será 
intimado a mostrá-la (art. 245, §5º, CPP). Sendo descoberta a pessoa/coisa que se procura, será 
imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes (art. 245, §6º, CPP). 
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas 
presenciais, sem prejuízo do disposto no art. 245, §4º (art. 245, §7º, CPP). 
Este “modus operandi” também vige se tiver de se proceder à busca em compartimento habitado ou 
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém 
exercer profissão ou autoridade. 
Por fim, há se lembrar que, em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os 
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
Não sendo encontrada a pessoa/coisa buscada, os motivos da diligência serão comunicados a quem 
tiver sofrido a busca, se assim o requerer (art. 247, CPP); 
H) Cláusula de reserva de jurisdição. A busca domiciliar somente pode ser determinada pela 
autoridade judiciária. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, por exemplo, não tem competência para 
determinar busca domiciliar. 
Ainda, convém lembrar que essa busca somente poderá ser feita durante o dia (a noite será possível 
desde que haja anuência do morador). “Dia”, conforme entendimento prevalente do critério misto, vai das 
seis horas da manhã (desde que já tenha nascido o sol) até dezoito horas (desde que o sol ainda não 
tenha se posto). 
I) Busca em mulher. A busca em mulher será feita por outra mulher em regra, se isso não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência; 
J) Busca em território de jurisdição alheia. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território 
de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no encalço de 
pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, 
conforme a urgência desta (art. 250, caput, CPP). Conforme o primeiro parágrafo, do art. 250, da Lei 
Adjetiva, se entenderá que a autoridade ou seus agentes vão no encalço de pessoa ou coisa quando 
tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a 
percam de vista (alínea “a”), ou, ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações 
fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada 
direção, forem ao seu encalço (alínea “b”). Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar 
da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade 
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. 62 
dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não 
frustre a diligência (art. 250, §2º, CPP). 
 
Dispositivos do CPP pertinentes ao tema: 
 
TÍTULO VII 
DA PROVA 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. 
 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para 
dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo 
de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, 
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada 
por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
(...) 
CAPÍTULO III 
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO 
 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será 
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. 
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver 
recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos 
auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. 
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, 
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico 
de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a 
uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre 
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II - viabilizara participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para 
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível 
colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão 
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema 
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os 
arts. 400, 411 e 531 deste Código. 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e 
reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a 
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canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado 
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. 
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema 
de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo 
Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não 
se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. 
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros atos 
processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, 
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido. 
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo 
acusado e seu defensor. 
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e 
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, 
indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será 
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não 
responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo 
da defesa. 
 
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. 
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou 
processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional 
ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a 
pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve 
antes da prática da infração ou depois dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que 
alegar contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se 
relacione e tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e 
circunstâncias da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
 
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser 
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. 
 
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e 
indicar provas. 
 
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras 
pessoas concorreram para a infração, e quais sejam. 
 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. 
 
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte: 
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; 
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob 
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
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Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de 
intérprete. 
 
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será 
consignado no termo. 
 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado 
de qualquer das partes. 
 
CAPÍTULO IV 
DA CONFISSÃO 
 
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, 
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se 
entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 
 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a 
formação do convencimento do juiz. 
 
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado 
o disposto no art. 195. 
 
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado 
no exame das provas em conjunto. 
 
CAPÍTULO V 
DO OFENDIDO 
 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as 
suas declarações. 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser 
conduzido à presença da autoridade. 
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da 
prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou 
modifiquem. 
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por 
opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. 
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o 
ofendido. 
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, 
especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do 
Estado. 
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e 
imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, 
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos 
meios de comunicação. 
 
CAPÍTULO VI 
DAS TESTEMUNHAS 
 
Art. 202. Toda pessoa poderáser testemunha. 
 
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e 
Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, 
lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas 
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as 
circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. 
 
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Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por 
escrito. 
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. 
 
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos 
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo. 
 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se 
a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e 
o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou 
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
 
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, 
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e 
aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 
 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas 
partes. 
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. 
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da 
causa. 
 
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem 
ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços 
separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. 
 
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação 
falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração 
de inquérito. 
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de 
proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a 
votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial. 
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz 
aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição 
de outra já respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
 
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando 
inseparáveis da narrativa do fato. 
 
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir 
circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar 
a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá 
compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. 
 
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível, às expressões 
usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases. 
 
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas 
partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, 
depois de lido na presença de ambos. 
 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará 
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a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do 
réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do 
termo, assim como os motivos que a determinaram. 
 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz 
poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de 
justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. 
 
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do 
processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. 
 
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, 
serão inquiridas onde estiverem. 
 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os 
ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do 
Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do 
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles 
e o juiz. 
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara 
dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, 
caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por 
ofício. 
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. 
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do 
mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia 
e da hora marcados. 
 
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua 
residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. 
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. 
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma 
vez devolvida, será junta aos autos. 
 § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio 
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, 
permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência 
de instrução e julgamento. 
 
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua 
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. 
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. 
 
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir 
as perguntas e respostas. 
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 
192. 
 
Art. 224. As testemunhascomunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de residência, 
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-comparecimento. 
 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar 
receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
 
 
 
 
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CAPÍTULO VII 
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela 
seguinte forma: 
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser 
reconhecida; 
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que 
com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; 
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de 
intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a 
autoridade providenciará para que esta não veja aquela; 
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa 
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. 
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou 
em plenário de julgamento. 
 
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo 
anterior, no que for aplicável. 
 
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, 
cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas. 
 
CAPÍTULO VIII 
DA ACAREAÇÃO 
 
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, 
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, 
em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. 
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, 
reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
 
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja 
presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar 
ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a 
testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos 
em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se 
a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só 
se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. 
 
CAPÍTULO IX 
DOS DOCUMENTOS 
 
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer 
fase do processo. 
 
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou 
particulares. 
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do 
original. 
 
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas 
em juízo. 
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa 
de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário. 
 
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou 
da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada 
aos autos, se possível. 
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Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando 
contestada a sua autenticidade. 
 
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se 
necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade. 
 
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da 
autoridade. 
 
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que 
justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, 
ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos. 
 
CAPÍTULO X 
DOS INDÍCIOS 
 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, 
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
 
CAPÍTULO XI 
DA BUSCA E DA APREENSÃO 
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: 
a) prender criminosos; 
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; 
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim 
delituoso; 
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita 
de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; 
g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo 
arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. 
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca 
domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 
 
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. 
 
Art. 243. O mandado de busca deverá: 
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do 
respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-
la ou os sinais que a identifiquem; 
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; 
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca. 
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando 
constituir elemento do corpo de delito. 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada 
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo 
de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
 
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se 
realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao 
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
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§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência. 
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. 
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior 
da casa, para o descobrimento do que se procura. 
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentesos moradores, devendo, neste caso, 
ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente. 
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la. 
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob 
custódia da autoridade ou de seus agentes. 
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas 
testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o. 
 
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em 
compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto 
ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade. 
 
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão 
comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. 
 
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que 
o indispensável para o êxito da diligência. 
 
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da 
diligência. 
 
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que 
de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo 
apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta. 
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando: 
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora 
depois a percam de vista; 
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias 
indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço. 
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, 
nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que 
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
 
Questões 
 
01. (PC/GO - Agente de Polícia Substituto - CESPE/2016) No que diz respeito às provas no processo 
penal, assinale a opção correta. 
(A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova pericial médica, que não pode ser suprida 
por testemunho. 
(B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria, ficará provada a alegação contida na 
denúncia, tornando-se desnecessária a produção de outras provas. 
(C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo 
valiosas para formar o livre convencimento do magistrado, quando amparadas em outros elementos de 
prova. 
(D) São objetos de prova testemunhal no processo penal fatos relativos ao estado das pessoas, como, 
por exemplo, casamento, menoridade, filiação e cidadania. 
(E) O procedimento de acareação entre acusado e testemunha é típico da fase pré-processual da ação 
penal e deve ser presidido pelo delegado de polícia. 
 
02. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC) Analise o enunciado abaixo e assinale 
“verdadeiro” ou “falso”. 
 
 
 
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São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas derivadas das ilícitas, salvo 
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outra, ou quando puderem ser obtidas por 
uma fonte independente das primeiras, considerada aquela que, seguindo os trâmites típicos e de praxe, 
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto de prova. 
(A) Verdadeiro 
(B) Falso 
 
03. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) Pode-se afirmar que “indícios”, de acordo com 
o Código de Processo Penal Brasileiro, são: 
(A) circunstâncias conhecidas e provadas, que permitem chegar à verificação da existência de um fato. 
(B) presunções, que permitem chegar à verificação da existência de um fato. 
(C) presunções, que permitem chegar à verificação da existência de um fato. 
(D) fatos conhecidos e provados, que permitem chegar à verificação da existência de uma presunção. 
(E) fatos conhecidos e provados, que permitem chegar à verificação da existência de uma presunção 
juris tantum. 
 
04. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) Sobre o exame de corpo de delito, é correto o 
que se afirma na alternativa: 
(A) Será realizado somente durante o dia. 
(B) A autópsia será feita pelo menos 24 horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos 
sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
(C) Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
(D) O Juiz ficará adstrito ao laudo. 
(E) O Juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária 
ao esclarecimento da verdade, inclusive o exame de corpo de delito. 
 
05. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) De acordo com o Código de Processo Penal, 
o interrogatório deverá ser constituído de duas partes, devendo o interrogando ser perguntado: 
I. Se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
II. Sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua 
atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, 
qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a 
cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
III. Se é verdadeira a acusação que lhe é feita e, não sendo, se tem algum motivo particular a que 
atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, 
e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela. 
IV. Se faz, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado. 
 
Assinale a opção que contempla as assertivas corretas. 
(A) I, II, III e IV. 
(B) I, II e III, apenas. 
(C) I, e II, apenas. 
(D) II, III e IV, apenas. 
(E) III e IV, apenas. 
 
06. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) Quanto à prova testemunhal, é correto afirmar: 
(A) A criança não pode ser testemunha, em face de não poder prestar juramento. 
(B) O depoimento da testemunha poderá ser por escrito. 
(C) Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o Juiz procederá à verificação pelos meios 
ao seu alcance, somente podendo tomar seu depoimento após o esclarecimento da sua identidade. 
(D) São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam 
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
(E) As testemunhas não poderão consultar apontamentos. 
 
07. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) Quanto à “acareação”, é correto afirmar: 
(A) Será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou 
testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas 
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. 
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(B) Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, não 
se poderá efetuar a acareação. 
(C) Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de convergência, reduzindo-se 
a termo o ato de acareação. 
(D) Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória, transcrevendo-se as declarações somente das 
testemunhas presentes, a fim de que se complete a diligência. 
(E) As questões atinentes à acareação resolver-se-ão não só pela exceção própria, como também pelo 
conflito positivoou negativo de atribuição. 
 
08. (PM/DF - Soldado da Polícia Militar Combatente - FUNIVERSA) Tendo em mãos mandado de 
busca domiciliar expedido pela autoridade judiciária competente, a polícia poderá executá-lo 
(A) apenas durante o dia. 
(B) apenas à noite. 
(C) à noite, desde que autorizada pelo morador. 
(D) durante o dia, desde que autorizada pelo morador. 
(E) a qualquer hora, desde que exiba ao morador o mandado judicial. 
 
09. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA) Sobre contradita e a arguição baseada em 
circunstâncias ou defeitos, que tornam a testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé, é incorreto 
afirmar: 
(A) A contradita deve ser suscitada antes de iniciado o depoimento da testemunha, sob a pena de 
preclusão; 
(B) Deferida a contradita quanto à testemunha proibida de depor em razão da profissão, a única 
consequência é que ela será ouvida sem prestar o compromisso legal de dizer a verdade; 
(C) É cabível a proposição da contradita, visando à tomada de declarações sem o compromisso legal, 
do adolescente menor de 14 anos, além de doentes e deficientes mentais; 
(D) Se o juiz acata a arguição de que a testemunha é indigna de fé, tal circunstância não impedirá a 
tomada de suas declarações; 
(E) Se a parte que arrolou a testemunha, antes de começar o depoimento, constata ser pessoa proibida 
de depor, não há qualquer impedimento legal que ela própria formule a contradita. 
 
10. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA) Quanto à busca e apreensão: 
I – Admite representação pelo delegado, mas é requerida exclusivamente pelo Ministério Público e 
pode ser determinada de ofício pelo juiz, sendo a principal finalidade obter fontes materiais de provas; 
II – Exceto ser medida também destinada a prender criminosos, na forma da lei, tem incidência restrita 
à apreensão de instrumentos da infração, armas e munições, coisas achadas ou obtidas por meios 
criminosos, além de instrumentos de falsificação e objetos falsificados; 
III – Caso haja determinação judicial explícita e fundamentada, pode ser feita pessoalmente pelo 
delegado a busca domiciliar à noite, pouco importando o dissenso do morador; 
IV – A busca pessoal dependerá de mandado judicial, ainda que houver fundada suspeita de que a 
pessoa esteja na posse de objetos ou papéis que constituam corpo de delito; 
V – É requerida precipuamente na fase investigatória, sendo que após o recebimento da denúncia, só 
é cabível até o fim da instrução processual. 
 
(A) Todas as assertivas são incorretas; 
(B) Somente as assertivas I e V são corretas; 
(C) Apenas as assertivas II, III, IV são corretas; 
(D) Tão só as assertivas I, II e V são corretas; 
(E) Todas as assertivas estão corretas. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: “C” 
No direito processual penal pátrio vige o sistema da livre convencimento ou da persuasão racional, ou 
ainda, da liberdade dos meios de prova, onde o juiz tem liberdade para formar sua convicção, não estando 
preso a qualquer critério legal de prefixação de valores probatórios. Deste modo, as declarações do réu 
durante o interrogatório serão avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas quando amparadas em 
outros elementos de prova. 
 
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02. Resposta: A 
Não somente são inadmissíveis e serão desentranhadas do processo as provas ilícitas, consideradas 
aquelas obtidas em violação a normas constitucionais ou legais, mas também são inadmissíveis as provas 
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou 
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras, segundo o previsto 
no artigo 157 do CPP. 
 
03. Resposta: A 
Com base no artigo 239 do CPP considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo 
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
 
04. Resposta: C. 
Excepcionalmente, quando a infração penal não deixar vestígios ou estes houverem desaparecido, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. É o que prevê o artigo 167 do CPP. 
 
05. Resposta: B 
O interrogatório do acusado tem natureza dúplice e além de ser visto como meio de prova, também é 
considerado como ato de defesa, pois o réu pode valer-se dele para se defender da acusação, apresentar 
álibi, dando a sua versão dos fatos, etc. Podendo ainda, em sua defesa aproveitar-se do direito de 
permanecer calado que lhe é conferido pela Constituição Federal de 1988. Neste contexto, se ao acusado 
é concedido o direito de permanecer calado para exercer sua defesa, poderá com base neste mesmo 
fundamento mentir para se defender, cabendo ao juiz ponderar o depoimento prestado. Outrossim, as 
testemunhas quando instadas a prestar depoimento em Juízo, prestam compromisso de honra e estão 
obrigadas a dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado. Deste modo, a assertiva IV não se 
enquadra no previsto pelo CPP ao interrogatório do acusado. 
 
06. Resposta: D 
A testemunha é pessoa desinteressada que narra fatos pertinentes do processo. Como regra geral, 
todas as pessoas tem o dever de testemunhar, contudo, algumas apontadas no artigo 207 do CPP são 
proibidas de depor, tendo em vista que em razão de sua função, ministério, ofício ou profissão, devem 
guardar segredo. No entanto, se quiserem dar o seu testemunho e forem desobrigadas pela parte 
interessada poderão ser ouvidas em Juízo. 
 
07. Resposta: A 
Acarear significa colocar “cara a cara”. É o ato consistente em colocar frente a frente duas ou mais 
pessoas que apresentaram versões contraditórias sobre questão importante para a solução do conflito. 
Nos termos do artigo 229 do CPP, a acareação será admitida entre acusados, entre acusado e 
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas 
ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. 
 
08. Resposta: C 
As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, 
e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o 
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
 
09. Resposta: B 
As testemunhas proibidas de depor em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar 
segredo, somente serão ouvidas em juízo se desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu 
testemunho. Caso contrário, não poderão ser ouvidas em nenhuma outra hipótese, nem mesmo sem 
prestar o compromisso legal de dizer a verdade. 
 
10. Resposta: A 
O item I está incorreto, pois a busca e apreensão poderá ser determinada de ofício ou a requerimento 
de qualquer das partes, não sendo exclusiva do Ministério Público. O item II está incorreto, haja vista que 
a busca e apreensão não tem aplicação restrita aos procedimentos mencionados podendo ainda ser 
utilizada para outras finalidades prevista nos artigo 240 do CPP, tais como: descobrir objetos necessários 
à prova de infração ou à defesa do réu; apreender pessoas vítimas de crimes; dentre outras. O item III 
está incorreto, considerando que não pode ser realizada a busca domiciliar à noite sem o consentimento 
do morador. O item IV está incorreto, pois a busca pessoal independe de mandado judicial para sua 
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realização. O item V está incorreto, em razão de que a busca e apreensão pode ser requerida a qualquer 
momento. 
 
 
 
A interceptação telefônica é a gravação, a captação de conversa telefônica e ocorre quando, em 
momento algum, nenhum dos interlocutores tem ciência da invasão de privacidade, torna-se importante 
destacar este conceito para que não venhamos confundir interceptação telefônica com gravação 
clandestina da conversa telefônica, pois nesta última, um dos interlocutores sabe que a gravação se 
realiza. 
Enquantopena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se 
o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que 
tudo constará do auto. 
 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, 
na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. 
 
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão 
ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento 
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, 
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. 6 
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os 
sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, 
que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a 
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe 
a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, 
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. 
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade 
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no 
relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
 
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de 
nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou 
microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
 
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por 
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
 
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que 
constituam produto do crime. 
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos 
elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 
 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o 
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor 
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o 
seguinte: 
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; 
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já 
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver 
dúvida; 
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em 
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade 
mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa 
será intimada a escrever. 
 
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se 
Ihes verificar a natureza e a eficiência. 
 
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. 
 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, 
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. 
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Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. 
 
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, 
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. 
 
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos 
peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. 
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será 
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. 
 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações 
e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará 
um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros 
peritos. 
 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou 
contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros 
peritos, se julgar conveniente. 
 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
 
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19. 
 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia 
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
Questões 
 
01. (PC/DF - Perito Criminal - IADES/2016) O Código de Processo Penal elenca um conjunto de 
regras que regulamentam a produção das provas no âmbito do processo criminal. No tocante às perícias 
em geral, as normas estão previstas nos artigos 158 a 184 da lei em comento. Quanto ao exame de corpo 
de delito, nos crimes 
(A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a prova testemunhal não poderá suprir-lhe a 
falta. 
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado durante o dia. 
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar apenas por determinação da autoridade judicial. 
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias sejam realizadas por dois peritos oficiais. 
 
02. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Quanto à prova pericial, assinale a 
opção correta. 
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial para atestar o rompimento de obstáculo 
nos casos de furto mediante arrombamento, prevalecendo em tais situações a qualificadora do delito. 
(B) O exame de corpo de delitoa interceptação telefônica é amparada pelo direito, se obedecidos os parâmetros delimitados 
em lei, sendo, portanto, um meio de prova lícito, a gravação clandestina da conversa telefônica é ilícita 
e inadmissível como prova no processo. 
 
A Constituição Federal consagra, no inciso XII, do art. 5º, a inviolabilidade da correspondência 
e das comunicações telegráficas de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último 
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
Entende-se que quando o texto acima transcrito ressalta no último caso, este quer dizer neste último 
caso e faz referência à inviolabilidade das comunicações telefônicas, que é o objeto primordial deste 
assunto. 
Apesar da regulamentação feita pela Carta Magna, notamos que nenhuma liberdade é totalmente 
absoluta e existe indiscutivelmente a possibilidade de violação das comunicações telefônicas, desde que, 
forem respeitados os requisitos legais. 
A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, veio para regulamentar o inciso XII, parte final do art.5º, 
supramencionado; tal lei determina a forma de se realizar a interceptação. O art. 1º, parágrafo único, da 
referida lei, declara que o seu disposto aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas 
de informática e telemática. 
Importante revelar que para haver a possibilidade da interceptação telefônica, três requisitos 
necessariamente devem apresentar-se: 
1. Ordem judicial; 
2. Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer; 
3. Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
Deve-se ressaltar que somente por ordem do juiz competente da área criminal, ocorrerá a realização 
da ação principal da interceptação e sob segredo de justiça. O segredo faz-se necessário, pois, evita que 
o assunto possa chegar ao conhecimento de pessoas interessadas, consequentemente, frustrando o 
objetivo da atividade pretendida, ou seja, a necessária apuração da infração penal. Por isso, se tal sigilo 
for quebrado, provavelmente não se conseguirão resultados positivos para a prova do crime. 
A Lei nº 9.296 de 24 de julho de 1996 delimita que não será admitida a interceptação se não houver 
indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal, assim como, quando a prova puder ser 
feita por outros meios disponíveis (mostrando-se uma medida de exceção) e se o fato investigado 
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
Entendemos toda uma burocracia para a realização da interceptação telefônica, mas tais requisitos 
fazem-se necessários e substanciais, afinal, haverá uma violação constitucional. 
Em relação à infração penal prevista, é devido ao fato de que se não houvesse uma penalidade sóbria 
como a detenção, qualquer notícia ou fato corriqueiro seria motivo de solicitação da interceptação de 
telefonemas. 
Vale salientar que se a escuta telefônica trouxe provas elementares de outros crimes, apenados seja 
com detenção, seja com reclusão, merecem e devem ser levados em consideração. 
Os legitimados para propor a ação da interceptação telefônica, são respectivamente, autoridade 
policial, na investigação criminal e o representante do Ministério Público (a quem cabe o ônus da prova), 
na investigação criminal ou processual penal. 
Com relação ao pedido da ação, deve-se indicar a necessidade de provar a infração penal e explicar 
os meios a serem empregados, utilizados. Assim como se pede que seja oficiada à Companhia Telefônica 
8. Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996). 
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. 74 
para que esta grave as conversas no terminal telefônico mencionado no pedido, ressaltando que seja 
mantido o segredo de justiça. 
Há a necessidade consagrada da presença do fumus boni iuris, ou seja, da fumaça do bom direito, 
imprescindível em medidas de caráter cautelar, já que a interceptação é uma medida de caráter cautelar. 
 
Alexandre de Moraes observa que “Feito o pedido de interceptação de comunicação telefônica, que 
conterá a demonstração de que sua realização é necessária à apuração de infração penal e a indicação 
dos meios a serem empregados, o juiz terá o prazo máximo de 24 horas para decidir, indicando também 
a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 dias, renovável por igual 
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Haverá autuação em autos 
apartados, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.” 
 
Observados todos os parâmetros citados em lei, a interceptação pode ser realizada. No entanto, se 
esta for feita havendo quebra de segredo de justiça, autorização que não seja judicial ou demais objetivos 
não autorizados na forma de lei, haverá crime e a pena é de reclusão, de dois a quatro anos e multa. 
A aplicação da interceptação de telefonemas, em síntese, busca provar que alguém é culpado por 
praticar infração penal e que não há outros meios necessários para realizar tal comprovação e visa não 
violar o texto constitucional, mas sim proteger os valores fundamentais para a manutenção da vida social, 
combatendo o crime e reparando algo valorado negativamente. 
Desta forma, a interceptação telefônica deve ser realizada sempre quando houver o objetivo de provar 
que alguma infração penal realmente existe. 
Com as interceptações, inúmeros fatos, verdadeiras obscuridades e mistérios que estavam em oculto 
foram revelados, desvendados e solucionados por meio da utilização das interceptações de telefonemas. 
 
Sem prejuízo de todo o exposto, o douto jurista Norberto Avena em seu livro Processo Penal 
Esquematizado, ao explicar o assunto traz a brilhante definição: 
 
Interceptações telefônicas lato sensu (sentido amplo), sendo espécies: 
a) Interceptação telefônica stricto sensu (sentido estrito): 
- terceiro registra o diálogo de dois interlocutores sem a ciência de nenhum deles. 
- Incide a tutela do art. 5, XII, CF. 
- Se realizada sem ordem judicial: ilícita; 
 
b) Escuta telefônica: 
- terceiro registra diálogo de dois interlocutores com a ciência de um e sem a ciência do outro. 
- Incide a tutela do art. 5, XII, CF. 
- Se realizada sem ordem judicial: de regra, ilícita. Poderá ser lícita, mesmo sem ordem, se praticada 
em legítima defesa ou estado de necessidade. 
 
c) Gravação telefônica: 
- Não há terceiro. Um dos interlocutores registra a conversa que mantém com o outro. 
- Não incide a tutela do art. 5, XII, CF, embora possa incidir o inciso X. 
- Com ou sem ordem judicial será lícita desde que não viole a intimidade (art. 5, X, CF). 
- Com ou sem ordem judicial será ilícita se violar a intimidade. Reputa-se violada a intimidade se houver 
traição de confiança ou segredo profissional. 
 
Por outro lado, interceptações ambientais compreendem toda e qualquer forma de captação de sons, 
imagens ou sinais eletromagnéticos que não se utilizam da linha telefônica. São aqueles realizadas por 
meio de filmadoras, gravadores acústicos, transmissores e outros equipamentos similares. 
 
Vamos acompanhar em seguida a integra do que dispõe a Lei nº 9.296/96: 
 
LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. 
 
Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
 
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Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação 
criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz 
competente da ação principal, sob segredo de justiça. 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas 
de informática e telemática. 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quandoocorrer qualquer das 
seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da 
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, 
devidamente justificada. 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento: 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua 
realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que 
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será 
condicionada à sua redução a termo. 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 
 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução 
da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez 
comprovada a indispensabilidade do meio de prova. 
 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando 
ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. 
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a 
sua transcrição. 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, 
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. 
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público. 
 
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá 
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. 
 
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, 
apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, 
gravações e transcrições respectivas. 
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da 
autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão 
do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de 
Processo Penal. 
 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, 
a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte 
interessada. 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a 
presença do acusado ou de seu representante legal. 
 
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou 
telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em 
lei. 
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Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
 
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. 
 
QUESTÕES 
 
01. (PC/DF - Papiloscopista Policial - FUNIVERSA/2015) Constitui um dos requisitos para que seja 
admitida a interceptação telefônica, segundo a Lei n.º 9.296/1996, o(a) 
(A) fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
(B) existência de indícios razoáveis da participação em infração penal. 
(C) fato investigado constituir infração penal punida com pena de multa. 
(D) indício razoável da autoria em contravenção penal. 
(E) possibilidade de a prova poder ser feita por outros meios disponíveis. 
 
02. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe - VUNESP/2015) Sobre a Lei de Interceptação 
Telefônica (Lei nº 9.296/96), está correto afirmar: 
(A) As interceptações das comunicações telefônicas são admitidas como meio de prova para qualquer 
crime. 
(B) A interceptação de comunicações telefônicas sem autorização judicial, por parte do agente policial, 
constituiu apenas infração administrativa, nos termos do artigo 10 da Lei nº 9.296/96. 
(C) A conversa telefônica gravada por um dos interlocutores não caracteriza crime, não estando, 
portanto, sujeito às disposições da Lei nº 9.296/96. 
(D) Sendo infrutífera a interceptação de conversas telefônicas, ao final do prazo, a autoridade policial 
arquivará o material gravado, comunicando o juiz apenas do resultado negativo da interceptação. 
(E) As interceptações telefônicas, no curso das investigações, dependem da ordem da Autoridade 
Policial e no curso da ação penal dependem de ordem judicial. 
 
03. (Polícia Civil/GO - Escrivão de Polícia - UEG) Segundo a Constituição Federal, a interceptação 
telefônica está condicionada à prévia autorização judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, 
para fins de 
(A) investigação criminal ou instrução processual penal. 
(B) investigação administrativa ou cível ou instrução processual penal. 
(C) instrução processual cível e penal ou investigações cíveis ou criminais. 
(D) instrução processual penal ou procedimento administrativo. 
 
04. (MPDFT - Promotor de Justiça - MPDFT) Assinale a alternativa INCORRETA: 
(A) A interceptação de comunicações telefônicas não pode ser utilizada para infração penal punida 
com pena de detenção. 
(B) Em processo por crime de lavagem de dinheiro não se aplica, nos termos da lei própria, o disposto 
no artigo 366 do Código de Processo Penal, devendo o feito seguir até julgamento, com a nomeação de 
defensor dativo ao acusado citado por edital. 
(C) As testemunhas incluídas nos programas de proteção deverão ser ouvidas antecipadamente após 
a citação do acusado, salvo justificativa judicial que indique a impossibilidade de fazê-lo no caso concreto 
ou o prejuízo que a oitiva antecipada possa trazer para a instrução criminal. 
(D) A jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, em sua composição plena, passou a 
entender como ilegal a prorrogação sucessiva da autorização para a interceptação telefônica. 
(E) Em processos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá 
decidir pela formação de órgão colegiado, integrado por mais dois juízes de primeiro grau, para a prática 
de qualquer ato processual, entre os quais a decretação de prisão cautelar ou de medidas assecuratórias. 
 
05. (Caixa – Advogado – CESGRANRIO) Em determinado processo judicial criminal, há, em 
decorrência de requerimento do Ministério Público, autorização para interceptação telefônica com o fito 
de angariar provas contra acusados de delitos considerados graves. 
Nos termos da legislação pertinente, o prazo para a interceptação deve, regra geral, corresponder a, 
no máximo, 
(A) sessenta dias, com renovação 
(B) trinta dias, com renovação 
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(C) vinte dias, com renovação 
(D) quinze dias, com renovação 
(E) dez dias, com renovação 
 
RESPOSTAS 
 
01. Resposta: B 
De acordo com o previsto no art. 2° da Lei n.º 9.296/1996, não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituirinfração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
Deste modo, existindo indícios razoáveis da autoria ou participação do investigado em infração penal 
esta poderá ser realizada. 
 
02. Resposta: C 
O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o 
conhecimento de outro, isto é, a denominada gravação telefônica ou gravação clandestina. Entendimento 
do STF no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa legal específica de sigilo nem reserva 
de conversação. Desta maneira, tal prática não se caracteriza como crime. 
 
03. Resposta: A 
A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, é realizada para fins de 
investigação criminal e em instrução processual penal, nos termos do que prevê o artigo 1º da Lei. 
 
04. Resposta: D 
A alternativa incorreta é a “D”. É da jurisprudência do STF o entendimento de ser possível a 
prorrogação do prazo de autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, 
especialmente quando o fato é complexo, a exigir investigação diferenciada e contínua. Este 
entendimento também é o que se coaduna com o previsto no artigo 5º da Lei nº 9.296/96. 
 
05. Resposta: C 
Nos termos do que dispõe o artigo 5° da Lei nº 9.296/96, a decisão será fundamentada, sob pena de 
nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de 
quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. 
 
 
 
A restrição da liberdade é medida excepcional na natureza humana. Aqui, a despeito da existência 
de “prisões penais” - estudadas pelo direito penal e pela execução penal - e da “prisão civil” (em caso de 
dívida de alimentos) - estudada pelo direito constitucional, pelo direito internacional, e pelo direito civil - 
somente se estudará as tipicamente denominadas “prisões processuais”, decretadas durante a fase 
investigatória ou judicial. 
Nada obstante, temas circundantes ao tópico “prisões processuais” também merecem atenção 
especial. Se está falando, dentre outros, da liberdade provisória, com ou sem fiança, da prisão domiciliar, 
e das recentes medidas cautelares diversas da prisão, inauguradas pela Lei nº 12.403/11. 
De acordo com o art. 282, do Código de Processo Penal, as medidas cautelares previstas no Título IX, 
do Código de Processo Penal, intitulado “Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória”, 
deverão ser aplicadas observando-se a necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou 
instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais (inciso 
I), bem como a adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais 
do indiciado ou acusado (inciso II). 
Se está falando, com isso, que urge a observância do binômio necessidade/adequação quando da 
análise de imposição de prisão processual/medida cautelar diversa da prisão. Pode ser que, num extremo 
mais gravoso, a prisão preventiva seja a mais adequada. Já noutro extremo, mais brando, pode ser que 
9. Prisão e liberdade provisória. 
10. Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989 e alterações). 
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a liberdade provisória seja palavra de ordem. Qualquer coisa que ficar entre estes dois extremos pode 
importar a imposição de medida cautelar de natureza diversa da prisão processual. 
 
Prisão em flagrante. A prisão em flagrante consiste numa medida de autodefesa da sociedade, 
caracterizada pela privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de 
flagrância, independentemente de prévia autorização judicial. A própria Constituição Federal autoriza a 
prisão em flagrante, em seu art. 5º, LXI, o qual afirma que ninguém será preso senão em flagrante delito, 
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare”, que significa “queimar”, “arder”. Isso serve para 
demonstrar que o delito em flagrante é o delito que está “ardendo”, “queimando”, “que acaba de 
acontecer”. 
Por isso, qualquer do povo poderá, e as autoridades policiais e seus agentes deverão, prender quem 
quer que seja encontrado em flagrante delito. 
 
Natureza da prisão em flagrante. Trata-se de tema outrora excessivamente divergente, mas que 
parece caminhar para um entendimento uníssono graças ao advento da Lei nº 12.403/11. 
Conforme um primeiro entendimento, por independer de prévia ordem judicial, a prisão em flagrante 
seria uma espécie de ato administrativo, não sendo modalidade autônoma de prisão cautelar, portanto. 
Para um segundo posicionamento, a prisão em flagrante seria modalidade de prisão cautelar 
autônoma, por reclamar pronunciamento judicial acerca de sua manutenção. Este posicionamento 
despreza, veja-se, a inexistência de prévia ordem judicial para realizar tal prisão. 
Por fim, de acordo com uma terceira corrente, a prisão em flagrante é ato complexo, composto de uma 
primeira fase administrativa, que se dá com sua efetivação (isto é, a captura do acusado), e de uma 
segunda fase processual, que se dá com sua apreciação pela autoridade judicial acerca de sua 
manutenção ou não de acordo com a presença dos requisitos e pressupostos ensejadores da prisão 
preventiva. 
Diz-se que o assunto caminha para a pacificação, pois, se desde a Lei nº 6.416/77 não mais se 
vislumbra a possibilidade de ficar alguém preso em flagrante durante todo o processo (o juiz, desde 1977, 
deveria apreciar a presença dos requisitos ensejadores da prisão preventiva para manter ou não o 
flagrante), agora, com a Lei nº 12.403/11, ficou a prisão em flagrante em condição excepcionalíssima, já 
que, de acordo com o atual art. 310, CPP, o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá 
fundamentadamente relaxar a prisão se ilegal (inciso I), converter a prisão em flagrante em 
preventiva se presentes os requisitos do art. 312, CPP e se revelarem inadequadas ou insuficientes 
as medidas cautelares diversas da prisão (inciso II), ou conceder liberdade provisória, com ou sem 
fiança (inciso III). 
Veja-se, pois, que a prisão em flagrante se solidificou, atualmente, como uma “prisão pré-cautelar”, 
porque necessariamente será ato meramente primário a uma análise acerca da prisão processual/medida 
diversa da prisão/liberdade provisória. O terceiro entendimento é o que tende a prevalecer, portanto: a 
prisão em flagrante como ato administrativo não deve prevalecer já que a flagrância não mais é um fim 
em si mesmo (razão pela qual a primeira corrente “cai por terra”); a prisão em flagrante não tem natureza 
cautelar, pois é justamente a cautelaridade da medida que a autoridade judicial vai buscar ao apreciar as 
hipóteses do art. 310, CPP (razão pela qual a segunda corrente vai à bancarrota); a prisão em flagrante 
é, sim, ato complexo (ou “pré-cautelar”), porque embora comece como um ato administrativo, seu 
relaxamento ou conversão em prisão preventiva/liberdade provisória (isto é, sua judicialização) é 
meramente questão de tempo. 
 
Funções da prisão em flagrante. São elas: 
A) Evitar a fuga do infrator; 
B) Auxiliar na colheita de elementos probatórios; 
C) Impedir a consumação ou o exaurimento do delito. 
 
Procedimento do flagrante. O procedimento da prisão em flagrante está essencialmente descrito 
entre os art. 304 e 310, do Código de Processo Penal: 
A) Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua 
assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso (art. 304, caput, primeira parte, 
CPP); 
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. 79 
B) Em seguida, procederá a autoridade competente à oitiva das testemunhas que o acompanharem e 
ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,colhendo, após cada oitiva, suas 
respectivas assinaturas, lavrando a autoridade, ao final, o auto (art. 304, caput, parte final, CPP); 
C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontrem serão comunicados imediatamente ao 
juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 306, caput, 
CPP); 
D) Resultando das respostas às perguntas feitas ao acusado fundada suspeita contra o conduzido, a 
autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e 
prosseguirá nos atos do processo ou inquérito se para isso for competente (se não o for, enviará os autos 
à autoridade que o seja) (art. 304, §1º, CPP); 
E) A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante, mas, nesse caso, 
com o condutor deverão assiná-lo ao menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação 
do preso à autoridade (art. 304, §2º, CPP). Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não 
puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas que tenham ouvido sua 
leitura na presença deste (art. 304, §3º, CPP). Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa 
designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal (art. 305, CPP); 
F) Em até vinte e quatro horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o 
auto de prisão em flagrante, e caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será encaminhada 
cópia integral deste auto para a Defensoria Pública (art. 306, §1º, CPP); 
E) No mesmo prazo de vinte e quatro horas, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas (art. 306, 
§2º, CPP); 
F) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente relaxar a prisão 
ilegal, ou converter a prisão em flagrante em preventiva (quando presentes os requisitos do art. 312, do 
Código de Processo Penal, e quando se revelarem inadequadas as medidas cautelares diversas da 
prisão), ou conceder liberdade provisória com ou sem fiança (art. 310, CPP); 
G) Se o juiz verificar pelo auto que o agente praticou o fato em estado de necessidade, legítima defesa, 
estrito cumprimento do dever legal, ou exercício regular de um direito (todos previstos no art. 23, do 
Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo 
de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação (art. 310, parágrafo único, CPP). 
Obtempera-se que, não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será 
apresentado à prisão do lugar mais próximo (art. 308, CPP). 
Por fim, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o “APF” (auto de 
prisão em flagrante) (art. 309, CPP). 
 
Espécies/modalidades de flagrante. Vejamos a classificação feita pela doutrina: 
A) Flagrante obrigatório. É aquele que se aplica às autoridades policiais e seus agentes, que têm o 
dever de efetuar a prisão em flagrante; 
B) Flagrante facultativo. É aquele efetuado por qualquer pessoa do povo, embora não seja o indivíduo 
obrigado a prender em flagrante, caso isso ameace sua segurança e sua integridade; 
C) Flagrante próprio (ou flagrante perfeito) (ou flagrante verdadeiro). É aquele que ocorre se o agente 
é preso quando está cometendo a infração ou acaba de cometê-la. Sua previsão está nos incisos I e II, 
do art. 302, do Código de Processo Penal; 
D) Flagrante impróprio (ou flagrante imperfeito) (ou “quase flagrante”). É aquele que o ocorre se o 
agente é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que 
se faça presumir ser ele autor da infração. Sua previsão está no terceiro inciso, do art. 302, do Diploma 
Processual Penal. 
Vale lembrar que não há um prazo pré-determinado para esta perseguição, desde que ela seja 
contínua, ininterrupta. Assim, pode um agente ser perseguido por vinte e quatro horas após a prática 
delitiva, p. ex., e ainda assim ser autuado em flagrante; 
E) Flagrante presumido (ou flagrante ficto). É aquele que ocorre se o agente é encontrado, logo depois 
do crime, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. 
Sua previsão está no art. 302, IV, CPP; 
F) Flagrante preparado (ou “crime de ensaio”) (ou delito putativo por obra do agente provocador). A 
autoridade policial instiga o indivíduo a cometer o crime, apenas para prendê-lo em flagrante. O 
entendimento jurisprudencial, contudo, é no sentido de que esta espécie de flagrante não é válida, por se 
tratar de crime impossível. Neste sentido, há até mesmo a Súmula nº 145, do Supremo Tribunal Federal, 
segundo a qual não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação; 
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G) Flagrante esperado. Aqui, a autoridade policial sabe que o delito vai acontecer, independentemente 
de instigá-lo ou não, e, portanto, se limita a esperar o início da prática do delito, para efetuar a prisão em 
flagrante. Trata-se de modalidade de flagrante perfeitamente válida, apesar de entendimento minoritário 
que o considera inválido pelos mesmos motivos do flagrante preparado; 
H) Flagrante forjado (ou flagrante fabricado) (ou flagrante maquiado). É o flagrante “plantado” pela 
autoridade policial (ex.: a autoridade policial coloca drogas nos objetos pessoais do investigado somente 
para prendê-lo em flagrante). 
I) Flagrante prorrogado (ou “ação controlada”) (ou flagrante protelado). A autoridade policial retarda 
sua intervenção, para que o faça no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas. 
Sua legalidade depende de previsão legal. Atualmente, encontra-se na Lei nº 12.850/13 (“Nova Lei das 
Organizações Criminosas”) e na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”). 
Na Lei nº 12.850/13, em seu art. 3º, III, a ação controlada é permitida em qualquer fase da persecução 
penal, porém ao contrário do previsto pela revogada Lei nº 9.034/95, devem ser observados alguns 
requisitos para o procedimento, tais como: comunicar sigilosamente a ação ao juiz competente que, se 
for o caso, estabelecerá os limites desta e comunicará ao Ministério Público; até o encerramento da 
diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como 
forma de garantir o êxito das investigações e ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado 
acerca da ação controlada. Outrossim, na Lei nº 11.343/06, em seu art. 53, II, a ação controlada é 
possível, desde que haja autorização judicial, ouvido o Ministério Público. 
 
Apresentação espontânea do acusado. Trata-se de tema novo, graças ao advento da Lei nº 
12.403/11. 
Antes de tal diploma normativo, o art. 317, CPP, previa que a apresentação espontânea do acusado à 
autoridade não impediria a decretação da prisão preventiva. Ou seja, a prisão em flagrante não era 
possível (já que não havia flagrante: foi o agente quem se apresentou à autoridade policial, e não a 
autoridade policial que foi no encalço do agente), o que não obstava, contudo, a decretação de prisão 
preventiva. 
Com a nova lei, tal dispositivo foi suprimido, causando alguma divergência doutrinária acerca da 
possibilidade de se prender em flagrante ou não em caso de livre apresentação por parte do acusado. 
Apesar de inexistir qualquer entendimento doutrinário/jurisprudencial consolidado, até agora tem 
prevalecido a ideia de que a apresentação espontânea continua impedindo a prisão em flagrante. 
 
Prisão preventiva. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial (art. 311, CPP). 
De antemãojá se pode observar que à autoridade judicial é vedada a decretação de prisão preventiva 
de ofício na fase do inquérito policial (isso é novidade da Lei nº 12.403, já que antes desta previa-se 
legalmente a possibilidade de decretar o juiz prisão preventiva de ofício também durante as investigações, 
o que era bastante criticado pela doutrina garantista, uma vez que agindo assim poderia deixar de ser 
imparcial no momento de julgar a ação). 
Assim, no nosso regime democrático, as funções são distintas e bem definidas: um acusa, outro 
defende e o terceiro julga. 
 
Pressupostos da prisão preventiva. Há se distinguir os “pressupostos” dos “motivos ensejadores” 
da prisão preventiva (estes últimos serão estudados no tópico seguinte). São pressupostos: 
A) Prova da existência do crime. É o chamado “fumus comissi delicti”; 
B) Indícios suficientes de autoria. É o chamado “periculum libertatis”. 
Chama-se a atenção, preliminarmente, que o processualismo penal exige “prova da existência do 
crime”, mas se contenta com “indícios suficientes de autoria”. Desta maneira, desde que haja um contexto 
probatório maciço acerca dos fatos, dispensa-se a certeza acerca da autoria, mesmo porque, em termos 
práticos, caso fique realmente comprovada, a autoria só o ficará, de fato, quando de um eventual decreto 
condenatório definitivo. 
No mais, há se ter em mente que, para que se decrete a prisão preventiva de alguém, basta um dos 
motivos ensejadores da prisão preventiva, mas os dois pressupostos devem estar necessariamente 
previstos cumulativamente. Então, sempre deve haver, obrigatoriamente, os dois pressupostos 
(existência do crime e indícios de autoria), mais ao menos um motivo ensejador (ou a garantia da ordem 
pública, ou a garantia da ordem econômica, ou o asseguramento da aplicação da lei penal, ou a 
conveniência da instrução criminal, ou o descumprimento de qualquer das medidas cautelares diversas 
da prisão). 
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Motivos ensejadores da prisão preventiva. Eles estão no art. 312, do Código de Processo Penal, e 
devem ser conjugadas com a prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. A saber: 
A) Para garantia da ordem pública. É o risco considerável de reiteração de ações delituosas, em 
virtude da periculosidade do agente. Necessidade de afastamento do convívio social. 
O “clamor social” causado pelo delito autoriza à decretação de prisão preventiva por “garantia da ordem 
pública”? Prevalece que sim, pois, do contrário, se o indivíduo for mantido solto, há risco de caírem as 
autoridades judiciais e policiais em descrédito para com a sociedade; 
B) Para garantia da ordem econômica. Trata-se do risco de reiteração delituosa, porém relacionado 
com crimes contra a ordem econômica. A inserção deste motivo (na verdade, uma espécie da garantia 
da ordem pública) se deu pelo art. 84, da Lei nº 8.884/94 (“Lei Antitruste”); 
C) Por conveniência da instrução criminal. Visa-se impedir que o agente perturbe a livre produção 
probatória. O objetivo, pois, é proteger o processo, as provas a que o Estado persecutor ainda não teve 
acesso, e os agentes (como testemunhas, p. ex.) que podem auxiliar no deslinde da lide; 
D) Para assegurar a aplicação da lei penal. Se ficar demonstrado concretamente que o acusado 
pretende fugir, p. ex., inviabilizando futura e eventual execução da pena, impõe-se a prisão preventiva 
por este motivo; 
E) Em caso de descumprimento de qualquer das medidas cautelares diversas da prisão. As 
“medidas cautelares diversas da prisão” são novidade no processo penal, e foram trazidas pela Lei nº 
12.403/2011. 
 
Hipóteses em que se admite prisão preventiva. São elas, de acordo com o art. 312, CPP: 
A) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos 
(inciso I); 
B) Se o agente tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, 
ressalvado o disposto no art. 64, I, do Código Penal (configuração do período depurador) (inciso II); 
C) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (inciso 
III); 
D) Quando houver dúvidas sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos 
suficientes para esclarecê-la (neste caso, o preso deve imediatamente ser posto em liberdade após a 
identificação, salvo de outra hipótese recomendar a manutenção da medida) (parágrafo único). 
 
Revogação da prisão preventiva. Isso é possível se, no transcorrer do processo, verificar a 
autoridade judicial a falta de motivo para que subsista a prisão preventiva. Assim, em sentido contrário, 
também poder decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem. 
De toda forma, a decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre 
motivada. 
 
Prisão preventiva e excludentes de culpabilidade e de ilicitude. De acordo com o art. 314, do 
Diploma Processual Penal, a prisão preventiva em nenhum momento será decretada se o juiz verificar 
pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato em estado de necessidade, em legítima 
defesa, em estrito cumprimento do dever legal, ou no exercício regular de um direito (excludentes de 
ilicitude). 
Apesar da ausência de previsão acerca das excludentes de culpabilidade, é forte o entendimento no 
sentido de que o art. 314 deve a elas ser aplicado por analogia, com exceção da hipótese de 
inimputabilidade (art. 26, caput, CP), afinal, o próprio Código de Processo Penal permite a absolvição 
sumária do agente se o juiz verificar a existência de manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo 
inimputabilidade (art. 297, II, CPP). 
 
Inexistência de qualquer hipótese de prisão preventiva automática. Não há se falar, sob qualquer 
hipótese, na prisão preventiva como efeito automático de algum ato. 
Um bom exemplo disso é o parágrafo primeiro, do art. 387, CPP (antigo parágrafo único, mas hoje 
renumerado pela Lei nº 12.736/2012), segundo o qual o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a 
manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo 
do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. 
Outro exemplo é o art. 366, da Lei Processual, pelo qual se o acusado, citado por edital, não 
comparecer nem constituir defensor, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, 
podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas urgentes, e, se for o caso, decretar prisão 
preventiva. 
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Várias informações podem ser extraídas destes dois únicos dispositivos. 
A primeira delas é que não há mais se falar em prisão preventiva como efeito automático da 
condenação. Pode ser o caso de, mesmo diante de decreto condenatório, entender a autoridade judicial 
que o acusado pode ficar solto esperando o trânsito em julgado do processo no qual litiga. 
A segunda delas é a inexigibilidade de recolhimento à prisão para apelar, como se entendia no hoje 
revogado (pela Lei nº 11.719/08) art. 594, CPP, o que acabava por constituir grave ofensa ao duplo grau 
de jurisdição. 
A terceira delas, prevista no art. 366, CPP, que trata da suspensão do processo e do prazo 
prescricional (e será estudado mais à frente), atine à informação de que, ainda que foragido/ausente o 
acusado, deverá o magistrado fundamentar eventual decisão que decrete prisão preventiva deste. Desta 
maneira, o mero “sumiço” do acusado não é, por si só, elemento decretador automático de prisão 
preventiva. 
 
Recurso de decisão acerca da prisão preventiva. Conforme o art. 581, V, CPP, se o juiz de primeiro 
grau indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogar a medida colocando o agente em liberdade, 
caberá recurso em sentido estrito. 
Uma questão que fica em zona nebulosadiz respeito à revogação de prisão preventiva em prol de uma 
medida cautelar diversa da prisão. Há quem diga que a lógica é mesma das hipóteses acima vistas que 
desafiam recurso em sentido estrito, por importarem maior grau de liberdade ao agente, o que denotaria 
o manejo de tal instrumento. Por outro lado, há quem entenda que tal decisão seja irrecorrível por 
ausência de previsão legal expressa. Não há qualquer entendimento consolidado sobre o tema. 
De toda maneira, há se observar que o recurso em sentido estrito somente será cabível caso se indefira 
o requerimento de preventiva (caso o requerimento seja deferido não há previsão recursal), ou caso se 
revogue a medida (caso a medida seja mantida não há previsão recursal). 
 
Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. O art. 317, da Lei Processual, inovou 
(graças à Lei nº 12.403/11) ao disciplinar que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado 
em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Trata-se de medida 
humanitária a ser tomada em situações especiais, desde que se comprove a real existência da 
excepcionalidade (parágrafo único, do art. 318, do Código de Processo Penal). 
 
Hipóteses de substituição da prisão preventiva pela domiciliar. Isso será possível quando o 
agente for (art. 318, CPP): 
A) Maior de 80 (oitenta) anos (inciso I); 
B) Extremamente debilitado por motivo de doença grave (inciso II); 
C) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos de idade ou com deficiência 
(inciso III); 
D) Gestante (inciso IV); 
E) Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos (inciso V); 
F) homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade 
incompletos. (inciso VI). 
 
Medidas cautelares diversas da prisão. Antes do advento da Lei nº 12.403/11, as únicas opções 
cabíveis na seara processual eram o aprisionamento cautelar do acusado ou a concessão de liberdade 
provisória, em dois extremos antagonicamente opostos que desconsideravam hipóteses em que nem a 
liberdade e nem o aprisionamento cautelar eram as medidas mais adequadas. Em razão disso, após o 
advento da “Nova Lei de Prisões”, inúmeras opções são conferidas no vácuo deixado entre o claustro e 
a liberdade, opções estas conhecidas por “medidas cautelares diversas da prisão”. 
Os requisitos para fixação das medidas cautelares estão previstas no art. 282 do CPP, sendo estes: 
- Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 
- Adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado 
ou acusado. 
 
Medidas cautelares diversas da prisão em espécie. Elas estão no art. 319, do CPP, e são inovação 
trazida pela Lei nº 12.403/2011 São elas: 
A) Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e 
justificar atividades (inciso I); 
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B) Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas 
ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante destes locais para evitar o risco de novas 
infrações (inciso II); 
C) Proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao 
fato, dela o indiciado ou acusado deva permanecer distante (inciso III); 
D) Proibição de ausentar-se da Comarca, quando a permanência seja conveniente ou necessária para 
a investigação/instrução (inciso IV); 
E) Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado 
tenha residência e trabalho fixos (inciso V); 
F) Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira 
quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais (inciso VI); 
G) Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave 
ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração 
(inciso VII); 
H) Fiança, nas infrações penais que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, 
evitar a obstrução de seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial (inciso VIII); 
I) Monitoração eletrônica (inciso IX). Tal medida já havia sido trazida para o âmbito da execução penal, 
pela Lei nº 12.258/10, e, agora, também o foi para o prisma processual. 
 
Possibilidade de cumulação de medidas cautelares diversas da prisão e necessidade de 
fundamentação, sempre, da aplicação de medida cautelar, seja ou não diversa da prisão. O art. 
310, II, CPP, fornece um “norte” para a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão. De acordo 
com tal dispositivo, o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá converter esta prisão em 
preventiva, se presentes os requisitos do art. 312, CPP, e se revelarem inadequadas as medidas 
cautelares diversas da prisão. 
Isso somente demonstra que, seguindo tendência iniciada na execução penal, de aprisionamento 
corporal via pena privativa de liberdade somente quando estritamente necessário, também assim passa 
a acontecer no ambiente processual, o que retira da prisão preventiva grande poder de atuação ao se 
prevê-la, apenas, em último caso. Assim, atualmente, primeiro o juiz verifica se é caso de liberdade 
provisória pura e simples; depois, se é caso de liberdade provisória com medida cautelar diversa da 
prisão; depois, se é caso de liberdade provisória mais a cumulação de medidas cautelares diversas da 
prisão; e, apenas por último, se é caso de aprisionamento processual. 
Assim, toda e qualquer decisão exarada pela autoridade judicial quanto ao tema “prisões processuais” 
deve ser fundamentada. Ao juiz compete decretar prisão preventiva fundamentadamente; ao juiz compete 
conceder liberdade provisória fundamentadamente; ao juiz compete decretar medida cautelar diversa da 
prisão fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida cautelar diversa da prisão em outra 
medida cautelar diversa da prisão fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida cautelar 
diversa da prisão em prisão processual fundamentadamente. 
Neste diapasão, outra questão que merece ser analisada diz respeito à possibilidade de cumulação 
de medidas cautelares diversas da prisão. 
Ora, pode ser que, num determinado caso concreto, apenas uma medida cautelar não surta efeito, e, 
ainda assim, não seja o caso de se impor prisão processual ao acusado. Nesta hipótese, é perfeitamente 
passível de se decretar mais de uma medida cautelar diversa da prisão. É o caso da proibição de acesso 
a determinados lugares (art. 319, II) e a determinação de comparecimento periódico em juízo (art. 319, 
I), como exemplo, ou da suspensão do exercício da função pública (art. 319, VI) e da proibição de 
ausentar-se da Comarca (art. 319, IV), como outro exemplo, ou da monitoração eletrônica (art. 319, IX) e 
da fiança (art. 319, VIII), como último exemplo. Tudo depende, insiste-se, da necessidade da medida, e 
da devida fundamentação feita pela autoridade policial. 
 
Prisão temporária. A prisão temporária é uma das espécies de prisão cautelar, mais apropriada para 
a fase preliminar ao processo, tendo vindo como substitutiva da suspeita (e ilegal/inconstitucional) “prisão 
para averiguações”. Embora não prevista no Código de Processo Penal, a Lei nº 7.960/89 a regulamenta. 
Esta lei tem origem na Medida Provisória nº 111/89, razão pela qual parcela minoritária da doutrina 
afirma ser tal lei inconstitucional, por não ser dado a Medidas Provisórias regulamentar prisões. O 
Supremo Tribunal Federal, contudo (e é essa a posição absolutamente prevalente), tem entendimento de 
que a Lei nº 7.960/89 é plenamente constitucional. 
 
Requisitos para se promover a prisão temporária. Caberá prisão temporária, de acordo como 
primeiro artigo, da Lei nº 7.960/89: 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
. 84 
A) Quando esta for imprescindível para as investigações do inquérito policial (inciso I); 
B) Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao 
esclarecimento de sua atividade (inciso II); 
C) Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de 
autoria ou participação do indiciado nos crimes de homicídio doloso (art. 121, caput e seu §2º, CP), 
sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§1º e 2º, CP), roubo (art. 157, caput, e seus §§1º, 
2º e 3º, CP), extorsão (art. 158, caput, e seus §§1º e 2º, CP), extorsão mediante sequestro (art. 159, 
caput, e seus §§1º, 2º e 3º, CP), estupro e atentado violento ao pudor (art. 213, caput, CP), epidemia com 
resultado de morte (art. 267, §1º, CP), envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou 
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, c.c. art. 285, CP), quadrilha ou bando (art. 288, CP), 
genocídio em qualquer de suas formas típicas (arts. 1º, 2º e 3º, da Lei nº 2.889/56), tráfico de drogas (art. 
33, Lei nº 11.343/06), e crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492/86) (inciso III). 
Neste diapasão, uma pergunta que convém fazer é a seguinte: quantos destes requisitos precisam 
estar presentes para se decretar a prisão temporária? Há várias posições na doutrina. 
Um primeiro entendimento defende que o requisito “C” deve estar sempre presente, seja ao lado do 
requisito “A”, seja ao lado do requisito “B”. Ou seja, sempre devem estar presentes dois requisitos ao 
menos. 
Um segundo entendimento, mais radical, defende que basta a presença de apenas um requisito. 
Um terceiro entendimento defende que é necessária a presença dos três requisitos conjuntamente. 
Um quarto entendimento diz que é necessária a presença dos três requisitos, mais as situações 
previstas no art. 312, do Código de Processo Penal, o qual regula a prisão preventiva. 
Não há um entendimento prevalente, todavia. 
 
Prazo da prisão temporária. De acordo com o art. 2º, da Lei nº 7.960/89, o prazo da prisão temporária 
é de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de comprovada e extrema necessidade. 
Agora, se o crime for hediondo ou equiparado, o parágrafo quarto, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90 
(popularmente conhecida por “Lei dos Crimes Hediondos”), prevê que o prazo da prisão temporária será 
de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de comprovada e extrema necessidade. 
 
Procedimento da prisão temporária. O procedimento está previsto nos arts. 2º e 3º, da Lei nº 
7.960/89: 
A) A prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de representação da 
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público (na hipótese de representação da autoridade 
policial, o juiz, antes de decidir, deverá ouvir o Ministério Público); 
B) O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo 
de vinte e quatro horas, contados a partir do recebimento da representação ou do requerimento; 
C) O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do Ministério Público e do advogado, determinar que o 
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo 
a exame de corpo de delito; 
D) Decretada a prisão temporária, se expedirá mandado de prisão (em duas vias), uma das quais será 
entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa. Vale lembrar que a prisão somente poderá ser 
executada depois de expedido o mandado judicial (aqui reside a principal diferença em relação à “prisão 
para averiguações”, extinta pela Lei nº 7.960/89, em que a autoridade policial meramente recolhia o 
indivíduo ao claustro e se limitava a notificar a autoridade judicial disso); 
E) Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5º, da 
Constituição Federal (vale lembrar que os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, 
separados dos demais detentos); 
F) Decorrido o prazo de prisão temporária, o indivíduo deverá ser imediatamente posto em liberdade, 
salvo se tiver havido a conversão da medida em prisão preventiva. 
 
Prisão especial. De acordo com o art. 295, do Código de Processo Penal, serão recolhidos a quartéis 
ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de 
condenação definitiva: 
A) Os ministros de Estado (inciso I); 
B) Os Governadores ou Interventores de Estados ou Territórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus 
respectivos secretários, os Prefeitos Municipais, os Vereadores e os chefes de Polícia (inciso II). Vale 
lembrar que este dispositivo tem redação dada pela Lei nº 3.181/57, por isso a expressão “Prefeito do 
Distrito Federal”. Hoje esta expressão não mais se opera, haja vista possuir o Distrito Federal um 
Governador, e não um Prefeito; 
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. 85 
C) Os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias 
Legislativas dos Estados (inciso III); 
D) Os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito" (inciso IV); 
E) Os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios 
(inciso V); 
F) Os magistrados (inciso VI); 
G) Os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República (inciso VII); 
H) Os ministros de confissão religiosa (inciso VIII); 
I) Os ministros do Tribunal de Contas (inciso IX); 
J) Os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da 
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função (inciso X); 
K) Os Delegados de Polícia e os Guardas-Civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos (inciso XI). 
 
Conceito e finalidade da prisão especial. Não se pode considerar a prisão especial uma modalidade 
autônoma de prisão cautelar, sendo, apenas, uma forma especial de cumprimento da prisão cautelar (ela 
somente é cabível, como se pode extrair da leitura da cabeça do art. 295, CPP, “antes da condenação 
definitiva”; depois do decreto condenatório consumado, cessa esta “regalia” para o preso provisório). 
Com efeito, a prisão especial consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão 
comum. Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela 
distinta do mesmo estabelecimento. 
Ademais, a cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de 
salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico 
adequados à existência humana. Ressalvada a previsão do quarto parágrafo, do art. 295, do Código de 
Processo Penal, que prevê que o preso especial não será transportado juntamente com o preso comum, 
os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. 
Por fim, não se deve confundir a prisão especial de que trata o art. 295, CPP, com a exigência de 
separação entre presos provisórios e presos definitivos, de que tratam o art. 300, da Lei Processual Penal, 
e o art. 84, caput, da Lei nº 7.210/84. 
 
Particularidade acerca da prisão especial para quem, efetivamente, exerceu a função de jurado. 
O art. 295, X, do Código de Processo Penal, prevê que os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente 
a função de jurado terão direito à prisão especial. 
Tal dispositivo guardava absoluta consonância com o art. 439, CPP, com redação dada pela Lei nº 
11.689/08, segundo o qual o exercício efetivo da função de jurado constituiria serviço público relevante e 
asseguraria prisão especial. 
No entanto, a Lei nº 12.403/11 (“Nova Lei de Prisões”) deu nova redação a este art. 439, para prever, 
apenas, que o exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público relevante e estabelecerá 
presunção de idoneidade moral. Há seobservar, pois, que nada mais se fala acerca da função de jurado 
dar direito à prisão especial. 
Por tal razão, apesar de ser tema recente na doutrina e na jurisprudência, tem prevalecido o 
entendimento de que o art. 295, X, CPP, foi tacitamente revogado, e, atualmente, não mais é possível a 
concessão ao direito de prisão especial àquele que efetivamente exerceu a função de jurado. 
 
Liberdade provisória, com ou sem fiança. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da 
prisão preventiva ou de medida(s) cautelar(es) diversa(s) da prisão, o juiz deverá conceder ao acusado 
liberdade provisória. Trata-se de garantia assegurada constitucionalmente, no art. 5º, LXVI, da 
Constituição Federal, segundo o qual ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir 
a liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 
Espécies de liberdade provisória. São, tradicionalmente, três as espécies de liberdade provisória, a 
saber, a obrigatória, a permitida, e a vedada: 
A) Liberdade provisória obrigatória. O entendimento prevalente na doutrina, atualmente, é o de que a 
liberdade provisória concedida ao acusado que “se livra solto” foi revogada pela Lei nº 12.403/11, já que, 
após tal conjunto normativo, não mais é a liberdade provisória mera medida de contracautela à imposição 
de prisão preventiva, podendo ser o caso atualmente, portanto, de liberdade provisória juntamente ou não 
com medida cautelar diversa da prisão. Mesmo porque, o art. 321, CPP, que previa esta hipótese em que 
o acusado “se livrava solto” foi revogado, tendo sido substituído por redação absolutamente diferente da 
anterior. Assim, conforme entendimento doutrinário prevalente, a “liberdade provisória obrigatória” foi 
suprimida pelo advento da Lei nº 12.403/11; 
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. 86 
B) Liberdade provisória permitida. Se não for o caso da conversão da prisão em flagrante em preventiva 
por estarem presentes os requisitos de tal prisão processual (art. 310, II, CPP), ou, se não houver hipótese 
que enseje a determinação de prisão preventiva por si só (art. 321, CPP), ou se o juiz verificar que o 
indivíduo praticou o fato em excludente de ilicitude/culpabilidade (art. 310, parágrafo único, CPP), é 
permitido à autoridade judicial a concessão de liberdade provisória, cumulada ou não com as medidas 
cautelares diversas da prisão; 
C) Liberdade provisória vedada. O entendimento prevalente da doutrina e da jurisprudência, mesmo 
antes da Lei nº 12.403/11, é o de que a liberdade provisória não pode ser vedada, admita ou não o delito 
fiança, e, ainda, independentemente do que diz o diploma legal. Isto ficou ainda mais clarividente com a 
“Nova Lei de Prisões”, de maneira que, atualmente, é possível liberdade provisória com fiança, liberdade 
provisória sem fiança, liberdade provisória com a cumulação de medida cautelar, liberdade provisória sem 
a cumulação de medida cautelar, liberdade provisória mediante o cumprimento de obrigações, e liberdade 
provisória sem o cumprimento de obrigações. 
 
Vedações à liberdade provisória: inconstitucionalidade. Decisões nesse sentido: Estatuto do 
desarmamento: ADIN 3.112/07 (decisão erga omnes) e Lei de Drogas: HC 104.339/SP (STF). 
 
Recurso em sede de liberdade provisória. Consoante o art. 581, V, do Código de Processo Penal, 
a decisão que conceder liberdade provisória desafia recurso em sentido estrito. Já a decisão que negar 
tal instituto é irrecorrível, podendo ser combatida pela via do habeas corpus, que não é recurso, mas meio 
autônomo de impugnação. 
 
Fiança. A fiança é instituto que teve seu âmbito de aplicação reforçado e ampliado pela Lei nº 
12.403/11, seja através de sua permissão para delitos que antes não a permitiam, seja através de sua 
existência como medida cautelar diversa da prisão, seja como condicionante ou não da concessão de 
liberdade provisória. 
 
Agente concessor de fiança. Em regra, a fiança é requerida à autoridade judicial, que decidirá em 
quarenta e oito horas (art. 322, parágrafo único, do Código de Processo Penal). 
A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de 
liberdade máxima não seja superior a quatro anos (art. 322, caput, CPP). 
 
Hipóteses que não admitem fiança (crimes inafiançáveis). De acordo com os arts. 323 e 324, do 
Código de Processo Penal, não será concedida fiança: 
A) Nos crimes de racismo (art. 323, inciso I). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLII, da Constituição Federal; 
B) Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como 
crimes hediondos (art. 323, inciso II). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; 
C) Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático (art. 323, inciso III). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIV, da Constituição Federal; 
D) Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem 
motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do Código de Processo Penal 
(art. 324, inciso I); 
E) Em caso de prisão civil ou militar (art. 324, inciso II); 
F) Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312) (art. 324, 
inciso III); 
G) Art. 3º, da Lei nº 9.613/98 (“Lei de Lavagem de Capitais”). Tal dispositivo preceitua que os crimes 
previstos na “Lei de Lavagem de Capitais” são insuscetíveis de fiança; 
H) Art. 31, da Lei nº 7.492/86 (“Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro”). Tal dispositivo afirma que 
os crimes previstos nesta lei, e apenados com reclusão, não serão passíveis de fiança se presentes os 
motivos ensejadores da prisão preventiva. 
 
Valor da fiança. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da 
infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de 
sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento (art. 
326, CPP). 
Neste diapasão, de acordo com o art. 325, da Lei Processual Penal, o valor da fiança será fixado pela 
autoridade que a conceder nos seguintes limites: 
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. 87 
A) De um a cem salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no 
grau máximo, não for superior a quatro anos (inciso I); 
B) De dez a duzentos salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada 
for superior a quatro anos (inciso II). 
Vale lembrar que, de acordo com o art. 330, do Código de Processo Penal, a fiança será sempre 
definitiva, e consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida 
pública (federal, estadual ou municipal), ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. A avaliação de imóvel 
ou de pedras/objetos/metais preciosos será feita por perito nomeado pela autoridade. Quando a fiança 
consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa. 
 
Dispensa/redução/aumento da fiança. Se assim recomendar a situação econômica do preso, a 
fiança poderá ser (primeiro parágrafo, do art. 325, CPP): 
A) Dispensada, na forma do art. 350 deste Código (inciso I). Neste caso, o juiz analisa a capacidade 
econômica do acusado e, verificando ser esta baixa, concede-lhe a liberdade provisória e o sujeita às 
condições dos arts. 327 e 328, CPP. Vale lembrar que essa “prova de capacidade econômica” pode ser 
feita de qualquer maneira, e, uma vez demonstrada, prevalece não ser mera discricionariedade do 
magistrado concedê-la, mas sim direito subjetivo do beneficiário; 
B) Reduzida até o máximo de dois terços (inciso II); 
C) Aumentada em até mil vezes (inciso III). 
 
Variação de acordo com a situação econômica 
Diminuição Redução de 2/3 
Aumento Até 1000 vezes 
 
Destinação da Fiança. O que acontececom os valores pagos depois de arbitrada a fiança? O juiz irá 
tomar as seguintes providências: 
A) Pagamento de custas; 
B) Indenização do dano; 
C) Pagamento de prestação pecuniária; 
D) Pagamento de multa; 
E) Remanescente será devolvido. 
 
Objeto da Fiança. 
A) Depósito em dinheiro; 
B) Pedras, objetos ou metais preciosos; 
C) Títulos da dívida pública; 
D) Hipoteca de imóvel. 
 
Obrigações do afiançado e quebra da fiança. A concessão de liberdade provisória com fiança obriga 
o afiançado às seguintes condições: 
A) A fiança obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimado 
para atos do inquérito, da instrução criminal, e do julgamento (art. 327, CPP); 
B) O afiançado não poderá mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante (art. 
328, primeira parte, CPP); 
C) O afiançado não poderá ausentar-se por mais de oito dias de sua residência sem comunicar à 
autoridade processante onde possa ser encontrado (art. 328, segunda parte, CPP); 
D) O afiançado deverá comparecer, uma vez intimado, a todos os atos do processo, salvo justo motivo 
(art. 341, I, CPP); 
E) O afiançado não poderá obstar deliberadamente o andamento processual (art. 341, II, CPP); 
F) O afiançado não poderá descumprir medida cautelar cumulativamente imposta com a fiança (art. 
341, III, CPP); 
G) O afiançado não poderá resistir injustificadamente à ordem judicial (art. 341, IV, CPP); 
H) O afiançado não poderá praticar nova infração penal dolosa (art. 341, V, CPP). 
Descumprida qualquer destas condições, estará ocorrendo a chamada quebra de fiança, consoante a 
cabeça do art. 341, CPP, que poderá importar a perda de metade de seu valor (que será revertido em 
favor do fundo penitenciário após deduzidas as custas e demais encargos a que o acusado estiver 
obrigado, conforme prevê o art. 346, CPP), a imposição de outras medidas cautelares ou a decretação 
de prisão preventiva (se for o caso), bem como a impossibilidade de nova prestação de fiança no mesmo 
processo. 
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Da decisão que julga quebrada a fiança cabe recurso em sentido estrito (art. 581, VII, CPP). 
 
Perda da fiança. Se o acusado, condenado, não comparecer para o início do cumprimento da pena 
privativa de liberdade definitivamente imposta, independentemente do regime, a fiança será dada por 
perdida. Neste caso, consoante o art. 345, da Lei Processual, o seu valor, deduzidas as custas e demais 
encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário. 
Da decisão que julga perdida a fiança cabe recurso em sentido estrito (art. 581, VII, CPP). 
 
Cassação da fiança. A fiança a ser cassada, como regra, é aquela concedida equivocadamente (ex.: 
foi concedida fiança ao réu mesmo tendo ele praticado crime hediondo). Apenas o Poder Judiciário pode 
determinar a cassação, de ofício ou a requerimento da parte. 
Ademais, caso haja inovação na tipificação delitiva, e o novo tipo vede fiança outrora concedida, 
também é caso de sua cassação. 
Da decisão que julga cassada a fiança cabe recurso em sentido estrito (art. 581, V, CPP). 
 
Reforço da fiança. Trata-se de um implemento à fiança outrora prestada, seja porque o foi de maneira 
insuficiente, seja porque ocorreu nova tipificação do delito fazendo-se mister a elevação de seu valor, 
seja porque ocorreu o perecimento de bens hipotecados, seja porque ocorreu a depreciação de 
pedras/metais/objetos preciosos. Se tal reforço não for realizado, a fiança será julgada sem efeito (fiança 
inidônea). 
Da decisão que julga sem efeito a fiança cabe recurso em sentido estrito (art. 581, V, CPP). 
 
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos contidos no Código de Processo Penal 
referente aos artigos que serão objeto de questionamento no presente concurso: 
 
TÍTULO IX 
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do 
indiciado ou acusado. 
 § 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. 
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, 
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério Público. 
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o 
pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do 
requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. 
 § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante 
requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor 
outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). 
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para 
que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida 
cautelar (art. 319). 
 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, 
no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. 
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada, 
cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. 
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições 
relativas à inviolabilidade do domicílio. 
 
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de 
tentativa de fuga do preso. 
 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. 
Parágrafo único. O mandado de prisão: 
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; 
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; 
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; 
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; 
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. 
 
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da 
prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso 
passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado 
em declaração, assinada por duas testemunhas. 
 
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, 
em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. 
 
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou 
carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida pela 
autoridade competente, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora. 
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado, se este for o 
documento exibido. 
 
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será 
deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado.§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual 
deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. 
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a 
autenticidade da comunicação. 
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, 
contados da efetivação da medida. 
 
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de 
dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. 
§ 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado 
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu. 
§ 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho 
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e 
comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na 
forma do caput deste artigo. 
§ 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual 
providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a 
decretou. 
§ 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição 
Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública. 
§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a 
identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste Código. 
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere 
o caput deste artigo. 
 
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor 
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, 
que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso. 
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: 
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; 
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal 
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. 
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa 
do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique 
esclarecida a dúvida. 
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Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se 
conhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo. 
 
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à 
determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos 
meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito 
também por duas testemunhas. 
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-
hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em 
mulheres durante o período de puerpério imediato. (Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017) 
 
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em 
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido 
imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, 
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for 
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará 
as portas e efetuará a prisão. 
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à 
presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito. 
 
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for 
aplicável. 
 
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, 
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: 
I - os ministros de Estado; 
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus 
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; 
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias 
Legislativas dos Estados; 
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; 
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
VI - os magistrados; 
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; 
VIII - os ministros de confissão religiosa; 
IX - os ministros do Tribunal de Contas; 
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da 
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; 
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. 
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no 
recolhimento em local distinto da prisão comum. 
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela 
distinta do mesmo estabelecimento. 
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade 
do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados 
à existência humana. 
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. 
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. 
 
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em 
estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos. 
 
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a autoridade policial 
poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido 
o teor do mandado original. 
 
Art. 298 - (Revogado). 
 
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Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer meio de 
comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para 
averiguar a autenticidade desta. 
 
Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente 
condenadas, nos termos da lei de execução penal. 
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será 
recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades 
competentes. 
 
CAPÍTULO II 
DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem 
quer que seja encontrado em flagrante delito. 
 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que 
faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser 
ele autor da infração. 
 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delitosomente poderá realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar 
qualquer tipo de dúvida, sendo vedada a sua realização durante a noite. 
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participação da defesa na produção da prova 
pericial na fase investigatória, antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial. 
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um perito oficial e, na falta deste, admite a lei 
que duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade técnica 
relacionada com a natureza do exame, sejam nomeadas para tal atividade. 
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença 
não poderá ser contrária à conclusão do laudo pericial. 
 
 
 
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03. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC/2016) Sobre o exame de corpo de delito e as 
perícias em geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessariamente por três pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por 
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que 
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida 
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) A prova em matéria processual penal tem 
por finalidade formar a convicção do magistrado sobre a materialidade e a autoria de um fato tido como 
criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código de Processo Penal dispõe: 
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
(B) quando a infração não deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(C) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idônea, portadora de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica. 
(D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão 
no auto. 
(E) não sendo possível o exame de corpo delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal não poderá suprir-lhe a falta. 
 
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) Com relação ao exame de corpo de delito, assinale 
a opção correta. 
(A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido indiretamente pela confissão do acusado se os 
vestígios já tiverem desaparecido. 
(B) Não tendo a infração deixado vestígios, será realizado o exame de corpo de delito de modo indireto. 
(C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal. 
(D) Depende de mandado judicial a realização de exame de corpo de delito durante o período noturno. 
(E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a sua realização, se 
entender que é desnecessário ao esclarecimento da verdade. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: “D” 
Prevê o art. 158, do CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo 
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
02. Resposta: “D” 
Dispõe o art. 159, §1º, do CPP: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
 
03. Resposta: “A” 
A alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que nos termos da lei, na falta de perito oficial, o exame 
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas e não por 3 (três), como se afirmou na resposta. 
 
04. Resposta: “D” 
Prevê o art. 162 do CPP: A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os 
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que 
declararão no auto. 
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05. Resposta: “C” 
Excepcionalmente, quando a infração penal não deixar vestígios ou estes houverem desaparecido, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. É o que prevê o artigo 167 do CPP. 
 
 
 
Qual a finalidade do Direito Processual Penal? Podemos dizer que existe uma finalidade mediata, que 
se confunde com a própria finalidade do Direito Penal – paz social – e uma finalidade imediata e que outra 
não é senão a de conseguir a “realizabilidade da pretensão punitiva derivada de um delito, através da 
utilização da garantia jurisdicional”. Sua finalidade, em suma, é a de tornar realidade o Direito Penal. 
Enquanto este estabelece sanções aos possíveis transgressores de suas normas, é pelo Processo 
Penal que se aplica a sanctio juris (sanção do direito), porquanto toda pena é imposta “processualmente”. 
Daí dizer Manzini que ele consiste em obter, mediante a intervenção do Juiz, a declaração de certeza, 
positiva ou negativa, do fundamento da pretensão punitiva derivada de um delito. 
Assim, não constitui o Processo Penal nem uma discussão acadêmica para resolver, em abstrato, um 
ponto controvertido de Direito, nem um estudo ético tendente à reprovação da conduta moral de um 
indivíduo. Seu objetivo é eminentemente prático, atual e jurídico e se limita à declaração de certeza da 
verdade, em relação ao fato concreto e à aplicação de suas consequências jurídicas. 
É princípio geral do direito que as normas jurídicas limitam-se no tempo e no espaço, isto é, aplicam-
se em um determinado território e em um determinado lapso de tempo. 
Por conseguinte, em seguida vamos estudar mais detalhadamente estes institutos. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL DO ESPAÇO 
 
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (art. 5º do Código Penal) e da 
extraterritorialidade incondicionada e condicionada (art. 7º do Código Penal), o Código de Processo Penal 
adota o princípio da territorialidade ou do lugar (lex fori). E isso por um motivo óbvio: a atividade 
jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras 
do respectivo Estado. 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Em suma, no processo penal vigora o 
princípio da absoluta territorialidade (artigo 1.º do Código de Processo Penal). 
Para melhor compreensão do assunto importante fazermos uma análise minuciosa sobre a aplicação 
do Código Penal, “em todo território brasileiro” com objetivo de conceituar território, distinguindo o território 
em sentido estrito e território por extensão. No primeiro caso, evidencia-se pelo solo, subsolo, águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo acima de seu condado. Por outro 
lado, no segundo caso, incluem-se embarcações e as aeronaves brasileiras, não importando sua 
natureza, e estando situados em qualquer lugar que tiverem, conforme disposto no artigo 5º do Código 
Penal. Neste contexto,enquanto não cessar a 
permanência. 
 
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, 
sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá 
à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que 
lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. 
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-
lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou 
processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja. 
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, 
com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação 
do preso à autoridade. 
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em 
flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. 
§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de 
filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável 
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará 
o auto, depois de prestado o compromisso legal. 
 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente 
ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia 
integral para a Defensoria Pública. 
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
 
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas 
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os 
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e 
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a 
autoridade que houver presidido o auto. 
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Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo 
apresentado à do lugar mais próximo. 
 
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão 
em flagrante. 
 
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; 
ou 
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas 
condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante 
termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
 
CAPÍTULO III 
DA PRISÃO PREVENTIVA 
 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva 
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). 
 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o 
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal; 
 III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
IV - (Revogado). 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade 
civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso 
ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a 
manutenção da medida. 
 
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas 
constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. 
 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada. 
 
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo 
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
 
CAPÍTULO IV 
DA PRISÃO DOMICILIAR 
 
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só 
podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: 
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I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com 
deficiência; 
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade 
incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste 
artigo. 
 
CAPÍTULO V 
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e 
justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas 
ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas 
infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao 
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para 
a investigação ou instrução; 
 V - recolhimento domiciliar no períodoo autor Júlio Mirabete, completa: 
 
Território em sentido estrito abrange o solo (e subsolo), sem solução de continuidade e com limites 
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. Já por 
extensão se configura em abranger as embarcações e aeronaves brasileira, de natureza pública, ou a 
serviço de governo, onde quer que se encontrem, bem como as mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem em alto-mar. 
 
Interpreta-se que, o espaço territorial é a porção de terra abarcada nos limites de suas fronteiras, os 
quais são estabelecidos por pactos, tratados ou obras humanas, tais como muralha, etc. Contudo, ainda 
na seara processual, as embaixadas são sopesadas como território alienígena onde se acham situadas, 
tanto pelos crimes perpetrados por pessoas alheias as imunidades sujeitam-se a jurisdição do estado 
onde se depara a embaixada, considerando assim inviolável as sedes das embaixadas. Adverte ainda 
que, as aeronaves de guerra ou a serviço de governo estrangeiro, enquanto este durar – são 
contempladas conforme espaço territorial do país a que pertence. 
Corroborando para tal juízo, tem-se entendido que o espaço marítimo está envolvido em 12 milhas 
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 
3. Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
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marítimas de largura, a partir da linha debaixo-mar do litoral continental e insular brasileiro, análogo as 
grandes cartas náuticas. Em contrapartida, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro 
embora encontrem-se no espaço marítimo nacional, quer em missão diplomática ou de representação, é 
visto como exceção à regra concernente ao espaço marítimo, estando tudo em conformidade com a 
legislação – art. 1º da lei nº 8.617 de 4.01.1993 e convenção internacional sobre o direito do mar. 
Sendo assim, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro são trazidos como exceção da 
incidência da lei brasileira. Ou seja, são territórios do Estado de sua bandeira, em alto mar. 
Assinala-se, aliás, que o espaço aéreo comporta todo espaço localizado no território nacional, além 
das águas territoriais independentemente da altura que as aeronaves estiverem. Mirabete, ressalta: “a 
teoria da coluna atmosférica, delimitada por linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos 
limites do território físico, incluindo o mar territorial (ad infinitum), prosseguindo conservada no Código 
Brasileiro de Aeronáutica”. 
Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer processo penal que surgir no território 
nacional deva ser solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal (locus regit actum). Há, 
todavia, exceções. 
 
Hipóteses de Não Aplicação do Código de Processo Penal 
 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
Para iniciarmos essa discussão acerca da não aplicação do Código de Processo Penal, imperioso 
mencionar que, os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas estrangeiras, em águas 
territoriais e espaço aéreo brasileiro, não se aplica a lei penal, tampouco a lei processual penal. 
Inaplicável também aos agentes diplomáticos que gozam de imunidade, por serem representantes do 
Governo em conferências, congressos ou organismos internacionais, sendo ainda por este motivo esses 
privilégios irrenunciáveis. Importante ressaltar que tal prerrogativa consiste em responder no seu país de 
origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo 
Decreto Legislativo nº 103/64, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/65). Para o doutrinador 
Mossin entende-se com tais prerrogativas também, os cidadãos que vivam sob mesmo teto do diplomata, 
no caso, os pais, a mulher, filhos etc. Se por acaso o funcionário vir a falecer continuará gozando dos 
mesmos privilégios até que o tempo juridicamente relevante se extinga. 
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em 
virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser aplicada aos crimes 
praticados por tais agentes no território nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo processual à 
aplicação da lei processual penal brasileira. 
Para facilitar a compreensão do assunto importante conceituar o que é tratado, convenção e regras de 
direito internacional. 
Pode-se proclamar pelo texto que tratado é acordo firmado entre duas ou mais países, quando se 
vinculam a competir e venerar as cláusulas e condições da declaração como se fossem preceitos de 
direito positivo, com conteúdo político. Não obstante, convenção é o ajuste sobre assuntos de veemência 
entre nações de caráter não político, e sim civil. Vale ressaltar por Tourinho Filho a distinção entre tratado 
e convenção. A primeira é um pacto internacional concluído em Estados de forma escrita e regulado pelo 
Direito Internacional, constituindo em um único instrumento, ou dois ou mais instrumentos 
consubstanciados. Por outro lado, convenção seria tratado que designa norma gerais. Consta exceção à 
regra de territorialidade prevista na Constituição Federal e por tratados e convenções internacionais, 
perpetra com que o conflito ocorrido fora do território nacional possa contar com a aplicação da lei 
brasileira, como exemplo as cartas rogatórias. 
Por sua vez, as regras de direito internacional, são princípios fundamentais de direito, retirados, 
principalmente da lei, estando todos os países coibidos a cumprir, como por exemplo: as imunidades 
diplomáticas o que ocasiona a exclusão da jurisdição (Convenção de Viena- art. 1º, I e art. 5º do CPP), 
composto de embaixadores, secretários de embaixada, pessoal técnico administrativo, bem como seus 
familiares. O STF entende que o cônsul não goza de ampla imunidade, somente em casos de atos 
conseguidos no emprego das funções consulares (agentes administrativos). 
 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos 
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, 
nos crimes de responsabilidade; 
As prerrogativas para os crimes de responsabilidade do Presidente da República, dos ministros de 
estado, nos crimes conexos, previsto na legislação – art. 1º, II do CPP e art. 5º até 12 da Lei nº 1.079/50 
- respectivos atos que atentarem contra a constituição possuindo como alguns requisitos a existência da 
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união; livre exercício dos poderes constituídos; exercício dos direitos políticos e sociais; segurança interna 
do país etc. 
Fundamentalmente, o elenco de agentes que possui a prerrogativa de função, nos crimes de 
responsabilidade corresponde ao Presidente da República, aos Ministros de Estado, aos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal; Governadores e Secretários de Estado; Governador do Distrito Federal e seus 
Secretários; Procurador Geral da República e Advogado Geral da União, presente na Lei nº 1079, de 
10.04.1950, Lei nº 7.106/1983 e art. 52 da Constituição Federal. 
 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
O que se alude ao processo de competência da Justiça Militar Federal e Estadual, não se aplica ao 
Código de Processo Penal, pois as mesmas têm suas legislações especiais. Conforme mostra Mussin, o 
Código Penal Militar (CPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969, e o Código de 
Processo Penal Militar (CPPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969, situando as 
normas processuais para o exame dos crimes militares. Junto com os dois Decretos, existe a Lei de 
Organização Judiciária Militar (LOJM), formado pelo Decreto-lei n. 1.003, de 21 de outubro de 1969. 
Foram formadas várias Súmulas pelo Supremo Tribunal de Justiça, entre as quais discorre que,compete à Justiça comum Estadual julgar acusado civil por cometer crime contra instituições militares 
estaduais. Outra é a Súmula 75 que fala: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o policial militar 
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”. Se o profissional militar 
praticar delito de mesma natureza, em outra unidade da federação, seu julgamento deve ser prolatado 
pela Justiça Militar do Estado onde exercita sua atividade, pois a Justiça do local onde ocorreu o delito 
não pode lhe julgar disciplinarmente, garantindo o princípio da autonomia dos Estados Federados. A 
Súmula 90 do Tribunal Superior discorre sobre “a competência da Justiça Estadual Militar processar e 
julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo 
àquele”, pois cada justiça julga o crime consoante sua competência. 
 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, sendo que esse tribunal especial a que faz 
menção o inciso IV é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que foi extinto 
pela Constituição de 1946. O art. 122, n2 17 da Carta de 1937 previa que “os crimes que atentarem contra 
a existência, a segurança e a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão 
submetidos a processo e julgamento perante tribunal especial, na forma que a lei instituir”. 
 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Outra ressalva constante do art. 1º do CPP diz respeito aos processos penais por crimes de imprensa. 
Referidos delitos estavam previstos na Lei nº 5.250/67. Dizemos que estavam previstos na Lei nº 5.250/67 
porque, no julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 130, o Supremo 
Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado para o efeito de declarar como não 
recepcionado pela Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da Lei nº 5.250/67. 
Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da Lei de Imprensa não impede o curso regular 
dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem tampouco a instauração de 
novos processos, aplicando-se lhes, contudo, as normas da legislação comum, notadamente, o Código 
Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal. 
 
LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
 
Justapõe a lei processual quando a mesma entra em vigor, de acordo com o artigo 2° do CPP que 
dispõe, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior”, e não quando ocorre o período para a ciência do teor da norma pela sociedade 
em geral. Antes de entrar em vigor, o prazo que medeia a publicação da lei e a entrada em vigor como 
apronta o artigo 1° da LICC, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada”, o vacatio legis, refere-se a norma que não alude a 
criminalização de conduta, e três meses para seu emprego nos Estados Estrangeiros, quando a esta é 
admitida. Passando a valer imediatamente, apreciando processos em pleno desenvolvimento, porém não 
compromete os atos alcançados na vigência da lei anterior. Com isso, a lei processual penal não tem 
efeito retroativo, pois se fosse, o legislador teria invalidado as ações processuais exercidos até a data da 
vigência da lei nova, uma vez que o princípio é tempus regit actum (o tempo rege o ato), conforme ratifica 
TOURINHO. 
Elucida-se nos casos em que uma lei nova estabelece outras regras para a citação do réu e para a 
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intimação do defensor, tornando-se valido o chamamento já realizado sob a vigência da norma anterior. 
As intimações posteriores serão regidas pela nova lei. A exceção ocorre quanto ao transcurso de prazo 
já principiado, que em regar, ocorre pela lei anterior. Por ações já exercitadas, necessita-se entender 
também, os respectivos efeitos e/ou consequências jurídicas. Como no exemplo citado por Pacelli: 
“Sentenciado o processo e em curso o prazo recursal, a nova lei processual que altera o aludido prazo 
não será aplicada, respeitando-se os efeitos preclusivos da sentença tal como previstos na época de sua 
prolação.” 
O doutrinador Aury Lopes distingue leis penais puras, leis processuais penais puras e as leis mistas. 
A primeira é aquela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo, cabendo 
para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a 
retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início, 
desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia, rol de testemunhas, forma 
de realizar atos processuais, ritos), ademais, aplicando-se o princípio da imediatidade, não ocorre o efeito 
retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e processuais, aplicando-se para tais 
casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não. 
Existem as normas processuais penais materiais, que são normalmente institutos mistos/híbridos, 
estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se sua retroatividade, 
em razão de sua dupla natureza. Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a 
decadência, e outros. Quando alguma regra é alterada acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no 
Direito Penal. Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se 
referindo a circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja favorecido 
com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito 
no direito material (art. 107, IV, CP). 
Ocorrem também os institutos conectados à prisão do querelado, que são consideradas normas 
processuais penais materiais, pois condiz com a liberdade do indivíduo. A finalidade do processo penal é 
resguardar a eficiente aplicação da lei penal, beneficiando o acusado. De tal forma, não tem aceitação a 
prisão cautelar inteiramente dissociada do conjunto de direito material. A própria tem razão de existir, a 
respeito do princípio da presunção de inocência, pois há acusados de cometer um crime, que a sua 
liberdade pode colocar em risco a sociedade. Isso pode ser confirmado nos casos em que o sistema 
autoriza a decretação de prisões cautelares, cuja hipótese que prevalece é a de aplicação de penas 
privativas de liberdade e em regime fechado. 
É notório ratificar que não teria sentido estabelecer a prisão preventiva do réu por contravenção penal 
ou por delito, em que a pena cominada é de multa. Considerando tais normas processuais de conteúdo 
material, retroagindo para envolver situações ocorridas antes da sua existência, com isso colaborando 
para garantir a liberdade do réu. No artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal define 
que “à prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis” ao réu, 
quando houver a vigência de lei nova que obtenha situação processual em desenvolvimento. 
Quanto ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”. Essas modalidades de 
hermenêutica, coloca-se no processo de auto-integração das leis e do Direito, perante a necessidade de 
resolução dos casos concretos contidos à jurisdição, como em casos de normas incriminadoras, as que 
definem o tipo penal, suas qualificadoras ou causas de aumento da pena, ou que agravem a situação do 
réu. 
Não se pode falar em aplicação da analogia ou interpretação extensiva, exceto quando a lei 
expressamente permitir, em razão da esfinge de se prever uma significado casuísticodefinitivo, quão 
ocorre com expressões do tipo: outro meio qualquer, de qualquer maneira, etc. Porém, em se tratando de 
normas de conteúdo não incriminador, pode-se aplicar a analogia e a interpretação extensiva. No que 
versa sobre às normas de competência, é necessário modificação da competência por lei processual 
nova, fazendo com que o novo órgão competente julgue aqueles feitos anteriores, como aclara Carlos 
Maximiliano: 
a) em sendo abolida uma autoridade, o processo corre perante a que a substitui; 
b) mudada a hierarquia dos juízes pelos quais transitará sucessivamente determinada causa, a 
alteração aplicar-se-á tanto aos efeitos iniciados, como aos futuros: por exemplo, suprimida a instancia 
superior, para ali não se vai nos casos em curso; 
c) variando o número ou a qualidade dos magistrados componentes de tribunal, câmara ou turma, 
julga-se pelo novo modo a causa pendente: por exemplo, em vez de juiz único, um colégio e vice-versa. 
 
De acordo com o artigo 2° do LICC, que elucida, “não se destinando à vigência temporária, a lei terá 
vigor até que outra a modifique ou revogue.” Finaliza-se vigência da lei com a sua revogação, que pode 
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ser expressa, revogam-se as disposições em contrário, ou tácita, incompatibilidade da novatio legis com 
a lei velha ou lei nova regular inteiramente matéria que tratava a anterior. A revogação pode ser parcial, 
quando designa-se derrogação; ou total, denomina-se de ab-rogação. Há também a autorrevogação 
(exceção), que vigora por período determinado, acontece quando susta a ocorrência de emergência ou 
anormalidade na lei excepcional ou acabar com o prazo da lei temporária. 
 
Em resumo, são particularidades vigentes para a lei processual no tempo: 
A) Princípio do efeito imediato. No direito penal, a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
Já no processo penal, a lei processual rege-se pelo “Princípio do Efeito Imediato” (“tempus regit 
actum”), segundo o qual a nova lei processual será aplicada em todos os processos em curso, não 
importando se beneficia ou não o réu. Quanto aos atos processuais já realizados, estes permanecerão 
válidos. 
E se a lei tiver natureza híbrida, isto é, aspectos tanto de direito material como de direito processual? 
Neste caso, apesar de alguma celeuma doutrinária, prevalece o entendimento de que o aspecto penal da 
norma deve preponderar, não se aplicando de imediato o dispositivo se menos benéfico ao acusado. 
Agora, se mais benéfico ao acusado, há uma retroatividade parcial apenas da parte penal, enquanto a 
parte processual penal vige do instante presente para frente; 
 
B) Contagem de prazo. Há se distinguir o “prazo penal”, do “prazo processual”. 
No “prazo penal”, conta-se o dia do começo. Assim, ainda que o ato tenha sido praticado às 22h30min 
do dia cinco, p. ex., tal dia já conta como sendo o primeiro da contagem do prazo. Ademais, o prazo penal 
é improrrogável, ou seja, caso termine em sábado, domingo, ou feriado, não se o prorroga até o próximo 
dia útil subsequente. 
Já no “prazo processual”, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Desta maneira, 
se o ato foi praticado no dia cinco, p. ex., o prazo começa a contar do dia seis. Ademais, o prazo 
processual é prorrogável para o primeiro dia útil subsequente caso termine em sábado, domingo, feriado 
ou recesso judiciário. 
Ainda, acerca do prazo processual penal, há se observar a Súmula nº 310, do Supremo Tribunal 
Federal, segundo a qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for neste dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver 
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
É sabido que o sistema jurídico nacional fixa a obrigatoriedade da lei penal a todos que se encontrem 
em nosso território, sem qualquer distinção pessoal, sendo aplicada a todos. 
Todavia, esta aplicabilidade da lei penal possui limites diante de princípios advindos da própria 
Constituição Federal, a qual, se por um lado, consagra o princípio da igualdade previsto no artigo 5º, por 
outro, concede atributos e funções a determinados cargos públicos, cujo exercício tornaria inviável, caso 
a incidência do referido princípio não fosse ponderada. 
Deste modo, o sistema jurídico penal concedeu imunidades à determinadas funções públicas, 
justamente para viabilizar o seu exercício. Embora existam algumas discussões sobre o tema, a 
imunidade penal não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico para assegurar as garantias e 
os direitos fundamentais estipulados na Constituição Federal, bem como respeitar o exercício da 
soberania dos demais estados, em obediência a tratado ou convenção internacional. 
As imunidades possuem as seguintes características: 
a) possuem natureza restritiva, já que impedem a aplicação do ordenamento jurídico ao representante 
de outro Estado, salvo quando o Estado acreditante renunciar de forma expressa à imunidade (“A 
imunidade de jurisdição não se verifica de plano, isto é, não se aplica de forma automática, notadamente 
pelo fato de que há a possibilidade de renúncia pelo Estado estrangeiro” – HC 149.481/DF, STJ); 
b) visam garantir o eficaz desempenho das funções de defender o interesse dos Estados que 
representam; 
c) o representante do Estado em missão diplomática ou consular deve respeitar as normas locais e 
não intervir nos assuntos internos. 
 
IMUNIDADES 
 
Há pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de imunidade. Trata-se, portando, de uma 
prerrogativa funcional, uma proteção ao cargo, e não à pessoa do agente. 
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1. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
 
É uma prerrogativa de direito público internacional da qual desfrutam os Chefes de governo e Estado 
Estrangeiro e membros da Comitiva, o Embaixador e sua família, os funcionários do corpo diplomático e 
respectivas famílias e os funcionários das organizações internacionais, quando em serviço. 
A corrente dominante quanto à natureza jurídica da imunidade diplomática diz que trata-se de causa 
pessoal de isenção de pena, tratando outros como causa impeditiva da punibilidade. Essa imunidade é 
irrenunciável, pois é uma prerrogativa do cargo que ocupa. Cabe, porém, ao país de origem a 
possibilidade de retirar expressamente essa imunidade. 
Esta imunidade tem natureza absoluta: Ficam imunes às consequências da lei brasileira, ficando 
sujeitos às leis dos seus países de origem. A imunidade diplomática não diz que ele não deve respeito à 
nossa lei. Mas se desrespeitar, não sofrerá as consequências aqui, mas no seu país. Quantos aos 
agentes diplomáticos, a imunidade se aplica da seguinte forma: 
 
- EMBAIXADOR: Tem imunidade em crime comum; tem imunidade em crime funcional. 
- AGENTE CONSULAR – CÔNSUL: Tem imunidade em crime funcional; não tem imunidade em crime 
comum. 
 
Apesar de minoria em sentido contrário, prevalece, de acordo com a Convenção de Viena, o 
entendimento de que a Embaixada não é extensão do território que representa, apesar de ser inviolável. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não se pode realizar buscas e apreensões em 
Embaixadas. 
 
2. IMUNIDADE PARLAMENTAR 
 
É prerrogativa inerente à função parlamentar, garantidora do exercício do mandato parlamentar, com 
plena liberdade. 
 
a) IMUNIDADE ABSOLUTA: Está prevista no artigo 53, caput, da Constituição Federal e é também 
chamada de material, substancial, real ou inviolabilidade. Prevê que “Os Deputados e Senadores são 
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Para o Supremo 
Tribunal Federal, esta imunidade exime seu titular de qualquer responsabilidade criminal, civil, 
administrativa e política. Sendo as duas últimas acrescidas pelo Supremo. 
 
- Naturezajurídica: Na visão de Pacell, a imunidade material a estes conferida consubstancia uma 
causa excludente de criminalidade, sendo que, para o STF, é causa de atipicidade. Segundo a Súmula 
245 do STF, “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa”. Esta Súmula 
está restrita, hoje, à imunidade parlamentar relativa, não se estendendo à imunidade parlamentar 
absoluta. 
 
- Limites: É necessário um nexo funcional para haver esta imunidade. Assim nas dependências da 
Casa Legislativa, presume-se o nexo. Fora das dependências da Casa Legislativa, o nexo deve ser 
comprovado, sob pena de o parlamentar responder pelo delito. 
 
b) IMUNIDADE RELATIVA: Refere-se ao foro por prerrogativa da função exercida pelo parlamentar e 
está prevista no artigo 53, §1º da Constituição Federal. A prerrogativa de função se dá a partir da 
expedição do diploma e não da posse. E o foro especial só terá incidência nas infrações de natureza 
criminal, desaparecendo depois de terminado o mandato, pois é uma prerrogativa em razão da função, e 
não da pessoa. 
 
- Imunidade relativa à prisão (art. 53, § 2º, da CF): “§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros 
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, 
os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria 
de seus membros, resolva sobre a prisão.” Deputados e senadores são insuscetíveis de prisão provisória, 
mas cabe prisão definitiva. Essa é a posição do Supremo. 
 
Exceção: é possível flagrante em caso de crime inafiançável. Nesta hipótese, os autos tem que ser 
remetidos ao Congresso para que a Casa respectiva delibere e a decisão é política (conveniência e 
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oportunidade) e não jurídica. A jurisprudência entende que também não podem ser submetidos à prisão 
civil. 
 
- Imunidade em relação ao processo (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º): “§ 3º Recebida a denúncia contra o 
Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à 
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será 
apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela 
Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato”. 
Essa imunidade depois da Emenda Constitucional nº 35/01 só alcança infração praticada após a 
diplomação. O Supremo Tribunal Federal não depende mais de autorização para processar. Porém, a 
Casa Legislativa respectiva pode sustar o processo, não correndo, então, a prescrição. 
Essa imunidade é parlamentar. Não impede a investigação. O Congresso não poderá sustá-la. É a 
posição do Supremo: “a prerrogativa extraordinária da imunidade formal não se estende e nem alcança 
atos investigatórios contra membros do Congresso Nacional”. 
 
- Imunidade relativa à prova: “§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar 
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas 
que lhes confiaram ou deles receberam informações.” 
Essa imunidade só alcança o parlamentar enquanto testemunha, não como investigado. 
 
“Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os 
ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos 
do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros 
do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente 
ajustados entre eles e o juiz.” 
 
Esse art. 221 também não se aplica ao investigado. É a posição do Supremo Tribunal Federal. Ele só 
marca hora, se testemunha. 
 
As imunidades permanecem durante o estado de sítio, segundo o § 8º, do art. 56: “§ 8º As imunidades 
de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante 
o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do 
Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.” 
 
Deputados e senadores que se licenciam para exercer cargo no executivo perdem a imunidade 
parlamentar. A Súmula n. 4 do STF que previa essa garantia foi cancelada: “Não perde a imunidade 
parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado. (Cancelada pelo Inq. 104 RTJ-99/477 – 
26/08/1981)”. 
 
- No âmbito estatual: Pelo princípio da isonomia as imunidades concedidas aos deputados federais 
se aplicam por inteiro aos deputados estaduais. 
“Art. 27, § 1º – Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras 
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, 
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.” 
Quanto aos vereadores, estes gozam apenas de imunidade absoluta, restrita ao território em que 
exerce a vereança. Não possuem, portanto, imunidade relativa. 
Constituição estadual pode conceder foro especial ao vereador. Há 2 Estados que fazem isso: Rio de 
Janeiro e Piauí. 
Quem julga deputado federal por homicídio é o STF e não o Júri. Como os dois têm status 
constitucional, entende-se que o STF excepciona o júri neste caso. 
Quem julga deputado estadual por homicídio é o Tribunal de Justiça e não o Júri. Isso porque o foro 
especial para deputado estadual tem previsão na Constituição Federal, a qual excepcionou a si mesma. 
Quem julga o vereador por homicídio é o Júri. Isso porque o julgamento pelo júri tem previsão na 
Constituição Federal. A Constituição Estadual não pode excepcionar. Logo, por homicídio o vereador vai 
a júri, mesmo que tenha foro especial previsto na Constituição Estadual (como ocorre no Rio de Janeiro 
e Piauí). Nesse sentido Súmula n. 721 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri 
Apostila gerada especialmente para: Wagner André Vieira da Silva 073.769.494-70
 
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prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição 
estadual”. 
 
3. IMUNIDADE PRISIONAL1 
São pessoas imunes ao flagrante: 
- menores de 18 anos (CF, art. 228; CP, art. 27; ECA); 
- diplomatas estrangeiros, em decorrência de tratado ou convenção internacional (art. 1º, I, do CPP); 
- o Presidente da República (art. 86, § 3º, da CF); 
- autores de crime de trânsito que socorram de forma imediata e integral a vítima de acidente (art. 301 
do CTB); 
- quem se apresente espontaneamente (art. 317, do CPP, a contrario sensu). 
O autor de infração de menor potencial ofensivo não será preso em flagrante quando for imediatamente 
encaminhado ao juizado especial criminal ou assumir o compromisso de a ele comparecer, nos termos 
da Lei n. 9.099/95. 
 
São pessoas que somente podem ser presas em flagrante de crime inafiançável: 
- senadores (art. 53, § 1º, da CF); 
- deputados (art. 53, § 1º, da CF); 
- magistrados (art. 33, da LC n. 35/79); 
- membros do Ministério Público (art. 40, III, da LOMP); 
- advogados no exercício da profissão (art. 7º, IV e § 3º, da Lei n. 8.906/94). 
 
4. IMUNIDADE PARA SERVIR COMO TESTEMUNHA 
Os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles 
receberam informações. 
O presidente e o vice-presidente da República, o presidente do Senado, o presidente da Câmara dos 
Deputados e o presidente do STF podem optar pelo depoimento escrito. O presidente e o vice-presidente 
da República, os senadores, os deputados federais, os deputados estaduais, os ministros de Estado, os 
governadores,

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