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Tipos de empresas, tributos e obrigações legais
Aula 04
Planejamento tributário
Objetivos Específicos
• Apresentar os conceitos do Direito Tributário; 
• Entender os conceitos do planejamento tributário.
Temas
Introdução
1 Crédito tributário e fato gerador
2 Crédito tributário
3 Introdução ao planejamento tributário
Considerações finais
Referências
Cintia Akiko Assato
Professora
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Tipos de empresas, tributos e obrigações legais
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Introdução
O planejamento tributário é uma prática legal que permite ao empreendedor o 
gerenciamento do pagamento dos tributos. 
Basicamente, essa prática visa evitar a incidência do tributo, retardar o pagamento do 
tributo ou reduzir o valor a ser pago.
Sendo assim, são de grande importância o conhecimento da causa geradora do tributo, 
os tipos de tributo e os fatores a serem considerados para um planejamento tributário 
adequado.
1 Crédito tributário e fato gerador
1.1 Fato gerador
De acordo com Fabretti (2007), denomina-se fato gerador a concretização de incidência 
tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária. Exemplos 
de fatos geradores:
a. Prestar serviço – é um fato gerador da incidência de ISS;
b. Fazer circular mercadorias – é um fato gerador do ICMS;
c. Receber renda – é um fato gerador do Imposto de Renda (IR), etc.
1.2 Tributos
O Código Tributário Nacional (CTN) em seu art. 3º define que tributo é “toda a prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua 
sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada”.
De acordo com Fabretti (2007), o CTN dispõe ainda que o tributo só pode ser exigido por 
lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O fisco só pode agir 
na forma e nos estritos limites fixados em lei, sem que ocorra abuso ou desvio de poder.
Conforme Fabretti (2007), o tributo pode ser considerado como gênero, e os impostos, 
taxas e contribuições, como espécies.
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1.2.1 Imposto
Segundo Fabretti (2007), o imposto é aquele que, uma vez instituído por lei, é devido 
independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte, ou seja, a 
cobrança do imposto não está vinculada a nenhuma prestação específica do Estado ao sujeito 
passivo. Exemplos: Imposto de Renda, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto 
sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), etc.
1.2.2 Taxa
Conforme definição dos arts. 77 e 78 do CTN, a taxa deve ter como fato gerador o 
exercício regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público, 
específico e divisível, prestado ou colocado à disposição do contribuinte.
De acordo com o art. 78 do CTN, o poder de polícia é a atividade de administração 
pública que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade em razão do interesse público, 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou 
coletivos.
Como exemplo, Fabretti (2007) cita: pelo serviço prestado pela administração pública de 
verificar as condições do local em que se pretende instalar uma indústria e por sua autorização 
para funcionamento, paga-se uma taxa. No caso da Prefeitura de São Paulo, a Taxa de Licença 
de Instalação e Funcionamento (TLIF).
1.2.3 Contribuição de melhoria
De acordo com o art. 81 do CTN, a contribuição de melhoria só pode ser cobrada se, em 
virtude de obra pública, decorrer valorização imobiliária para o contribuinte. 
A cobrança da contribuição de melhoria tem, como limite, o custo das obras, e a parcela 
anual de cobrança não deve exceder 3% do maior valor fiscal do imóvel, atualizado à época 
da cobrança. São exemplos de melhorias: quando a prefeitura promove a pavimentação, 
iluminação, arborização de praças e vias públicas, construção de pontes, túneis e viadutos, 
etc.
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1.3 Elementos complementares do tributo
1.3.1 Base de cálculo
É o valor sobre o qual é aplicada a alíquota (percentual) para apurar o valor do tributo a 
pagar. Para os impostos, a base de cálculo é definida em lei complementar (FABRETTI, 2007).
Exemplos:
a. COFINS − a base de cálculo é o faturamento mensal.
b. Imposto de Renda − montante real da renda ou proventos de qualquer natureza.
1.3.2 Alíquota
É um fator definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante 
do tributo a ser pago (FABRETTI, 2007).
Conforme Fabretti (2007), as alíquotas podem ser fixas, ad valorem (proporcionais) ou 
específicas:
a. Alíquotas fixas − são aquelas determinadas em lei por um valor fixo, em moeda ou 
por unidades de moeda fiscal. 
Exemplo: Sobre a receita bruta estimada mensal, aplica-se a alíquota máxima de 5%. 
Receita = $ 800 × 5% = $ 40.
b. Alíquotas ad valorem − a lei estabelece um percentual que, aplicado sobre a base de 
cálculo, que é o valor da operação, determina o valor do montante do tributo devido. 
Exemplo: 15% do Lucro Real. Lucro = $ 1.000 × 15% = $ 150.
c. Alíquotas específicas − determinado valor em moeda nacional sobre uma unidade de 
medida (metros, quilos, litros, toneladas, etc.). 
Exemplo: $ 540 por metro cúbico (m3).
2 Crédito tributário
O crédito tributário corresponde ao direito do Estado de exigir o tributo. A partir do 
momento em que alguém realiza a hipótese prevista em lei, instaura-se a relação jurídica 
tributária. Essa relação será entre a pessoa política competente para arrecadar o tributo 
(sujeito ativo) e a pessoa que realizou o fato gerador ou tem responsabilidade de recolher o 
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tributo (sujeito passivo).
Conforme Fabretti (2007), o sujeito passivo deve entregar determinada quantia ao sujeito 
ativo que tem o direito de exigi-la. Esse direito corresponde, portanto, ao crédito tributário.
2.1 Constituição do crédito tributário − Lançamento
Segundo Fabretti (2007), para que seja possível a cobrança do crédito tributário, é 
necessária a comprovação de sua existência. Geralmente, essa prova se faz mediante um 
título ou documento.
A documentação da existência da dívida tributária é elaborada por meio de um ato 
administrativo de concretização da lei, denominado lançamento. 
De acordo com Fabretti (2007), o conceito de lançamento tributário engloba:
• procedimento administrativo − lançamento é um ato de concretização da lei 
tributária efetuado pela autoridade administrativa competente para arrecadar e 
fiscalizar o tributo; é um ato de competência exclusiva da pessoa política que tem 
poderes para efetuar a arrecadação tributária;
• verificação de obrigação correspondente − a autoridade administrativa deve verificar 
se houve a hipótese de incidência tributária;
• determinação da matéria tributável − cabe ao credor verificar a legislação aplicável 
ao fato gerador ocorrido;
• cálculo do montante do tributo devido − corresponde ao ato de tomar a base de 
cálculo do tributo e sobre ela aplicar a alíquota correspondente para a apuração do 
valor da dívida;
• identificação do sujeito passivo − corresponde à constatação de quem será a pessoa 
chamada a pagar a dívida tributária;
• propor a aplicação da penalidade cabível − em um mesmo documento, a autoridade 
administrativa pode exigir a aplicação de uma penalidade, caso o contribuinte deixe 
de recolher o tributo;
• o lançamento, que corresponde a um ato administrativo vinculado e obrigatório 
− ao documentar a existência do crédito tributário, a administração pública está 
impedida de praticar o que se denomina ato administrativo discricionário. Essa é uma 
modalidade de ato administrativo em quea lei confere à autoridade pública uma 
série de opções para agir, devendo ela escolher entre a mais conveniente e oportuna 
para o interesse público. 
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Conforme Fabretti (2007), o CTN também estabelece hipóteses de alteração do 
lançamento do crédito tributário após notificação do devedor nos seguintes casos:
• Impugnação do sujeito passivo − se o contribuinte ou responsável entender que 
ocorre um erro no ato administrativo de lançamento, ele tem o direito de impugná-lo, 
isto é, contestar no todo ou em parte os termos do lançamento.
• Recurso de ofício − a própria autoridade administrativa recorre dos atos praticados 
por ela, ou seja, revê o lançamento efetuado. Isso quer dizer que a administração 
pública constata por si um erro ou irregularidade no ato praticado por ela e toma a 
iniciativa de rever esse ato.
• Reporta-se à ocorrência do fato gerador − o lançamento tributário é um ato retroativo, 
isto é, praticado de acordo com a legislação em vigor na data em que ocorreu o fato 
gerador. Esse dispositivo, na verdade, atende ao princípio da irretroatividade da lei, 
pois deixa claro que, se após a ocorrência do fato gerador, a lei for alterada, ela será 
aplicada somente a fatos geradores futuros.
3 Introdução ao planejamento tributário
De acordo com Fabretti (2007), denomina-se planejamento tributário o estudo feito 
preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo, pesquisando-se seus 
efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos onerosas. O planejamento 
tributário exige, antes de tudo, bom senso.
3.1 Conceitos de elisão e de evasão fiscal
Para um planejamento tributário adequado é preciso definir dois conceitos importantes: 
elisão e evasão fiscal.
De acordo com Fabretti (2007), a economia tributária resultante da adoção da alternativa 
legal menos onerosa ou de lacuna da lei denomina-se elisão fiscal, ou seja, é uma ação 
legítima e lícita.
Já a evasão fiscal consiste na prática contrária à lei e está prevista e capitulada na lei 
dos crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei nº 
8.137/90). De acordo com essa lei, constitui crime a tentativa de suprimir ou reduzir o tributo 
mediante as seguintes condutas:
a. Omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
b. Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação 
de qualquer natureza em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
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c. Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer outro 
documento relativo à operação tributável;
d. Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber ser 
falso ou inexato; 
e. Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito 
passivo da obrigação tributária adquirir informação contábil diversa daquela que é, 
por lei, fornecida à Fazenda Pública;
f. Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar 
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributo.
3.2 Condições necessárias para um adequado planejamento 
tributário
Conforme Oliveira et al (2011), a finalidade principal de um bom planejamento tributário 
é a economia de impostos sem infringir a legislação; para conseguir êxito nessa atividade, o 
gestor de tributos deve:
• conhecer todas as situações em que é possível o crédito tributário, principalmente com 
relação aos chamados impostos não cumulativos – ICMS e IPI, além das contribuições 
para o PIS e a COFINS;
• conhecer todas as situações em que é possível o diferimento (postergação) dos 
recolhimentos dos impostos, permitindo melhor gerenciamento do fluxo de caixa;
• conhecer todas as despesas e provisões permitidas pelo fisco como dedutíveis no 
cálculo do lucro tributável;
• ser oportuno e aproveitar as lacunas deixadas pela legislação, para tanto ficando atento 
às mudanças nas normas e aos impactos nos resultados da empresa, observando 
criteriosamente as atividades desenvolvidas;
• identificar todos os incentivos e benefícios fiscais concedidos pelos governos federal, 
estadual e municipal.
De acordo com Oliveira et al (2011), as operações de planejamento tributário, ainda que 
executadas de forma verdadeira e legal, podem ser questionadas pelas autoridades fiscais. 
Algumas operações que recebem uma verificação mais aprofundada do fisco são:
a. Apuração de ágio e sua utilização fiscal, como também contratos cujo valor pago 
ultrapassa o preço de mercado;
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b. Incorporação de empresa com lucro por empresa com prejuízo, para aproveitamento 
do prejuízo (incorporação às avessas);
c. Dedução de despesa de juros de empréstimos entre empresas do mesmo grupo, 
coligadas, controladas, etc.;
d. Realização de empréstimos em vez de aumento de capital;
e. Operações casa e separa, usadas na aquisição de ações com posterior venda imediata;
f. Compensação de créditos e de prejuízos fiscais;
g. Falta de causa e/ou propósito negocial da operação;
h. Operações separadas que a fiscalização visualiza em conjunto com etapas de um 
planejamento tributário;
i. Responsabilização e redirecionamento da ação fiscal para pessoas físicas dos sócios 
e/ou administradores.
Considerações finais
Conforme estudado, é de suma importância o entendimento da geração do tributo, 
fato que permite ao empreendedor o estudo e estruturação de sua organização para o 
recolhimento de menor valor de tributo, permitido por lei.
Conhecendo os tipos de tributos que possam incidir sobre o seu negócio, o empreendedor 
já consegue planejar o seu negócio levando em consideração esse tipo de despesa.
Podemos concluir então que, em razão da complexidade do sistema tributário brasileiro, 
o planejamento tributário apresenta-se como uma importante ferramenta para auxiliar a 
gestão de uma empresa.
Referências
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem tributária, 
econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário Oficial [da 
República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 27 dez. 1990.
FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
OLIVEIRA, L. M. et al. Manual de contabilidade tributária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
RECEITA FEDERAL. Código tributário nacional. Disponível em: . Acesso em: 18 ago. 2012.
	Introdução
	1 Crédito tributário e fato gerador
	2 Crédito tributário
	3 Introdução ao planejamento tributário
	Considerações finais
	Referências

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