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Transtornos de humor: uma visão geral Profa. Bárbara Hamedy AFETO: componente emocional de uma ideia. Indivíduo se dá conta de que está alegre; Ele atribui sua alegria à ocorrência de um determinado evento positivo; Ocorrem também processos fisiológicos; A expressão afetiva comunica aos outros como aquele indivíduo está se sentindo. EMOÇÃO: é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como a reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes SENTIMENTOS: conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos. São estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros AFETO HUMOREMOÇÃO SENTIMENTOS Sintoma principal é a alteração do humor ou do afeto, da energia (ânimo) e do jeito de sentir, pensar e se comportar. Acontecem com crises únicas ou se repetem, oscilando ao longo da vida. Podem ser episódios de DEPRESSÃO ou de MANIA. Quando a alteração de humor é causada por outra doença ou por medicamentos, não é considerado como transtorno do humor e sim um sintoma secundário da doença estabelecida ou consequência do uso da medicação. O que é humor? O humor ou estado de ânimo é definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa em determinado momento. (DALGALARRONDO, 2000) Transtornos de humor Transtornos depressivos Transtorno bipolar Transtornos depressivos TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (DISTIMIA) TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL TRANSTORNO DISRUPTIVO DA DESREGULAÇÃO DO HUMOR TRANSTORNO DEPRESSIVO INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO TRANSTORNO DEPRESSIVO DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA OUTRO TRANSTORNO DEPRESSIVO ESPECIFICADO e NÃO ESPECIFICADO Epidemiologia da depressão maior 10 países desenvolvidos (n= 52.485: Bélgica, França, Alemanha, Israel, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Espanha e Estados Unidos) 8 países em desenvolvimento (n=37.265: Brasil, Colômbia, Índia, Líbano, México, África do Sul, Ucrânia e Shenzhen (China) World Mental HealthSurvey, Kessler et al., 2010 Outros dados epidemiológicos Idade: 40% primeiro episódio antes dos 20 anos; 50 %: entre 20 e 50 anos; 10 %: após os 50 anos 2 a 3 vezes mais frequente no sexo feminino, principalmente na idade fértil Recorrentes em 50% e persistentes em torno de 20% dos casos. O risco de um segundo episódio é de 50%. Após o segundo é de 70%. Depois do terceiro episódio, este risco se amplia para 90%. Ao longo de 20 anos: recorrências ocorrem de 5 a 6 vezes. Ainda que leves, sintomas depressivos crônicos podem causar morbidade e prejuízo funcional significativos. Grave problema de saúde pública em termos de custo financeiro, social e suicídio Risco de suicídio ao longo da vida: 19% (30 vezes maior) que na população geral) Fatores etiológicos Transtorno neurobiológico complexo, produzido por múltiplas alterações de genes e suas interações com fatores ambientais, que podem aumentar o risco, como estresse, ou conferir proteção, como o apoio social. Processos biológicos: resposta ao estresse, fatores neurotróficos. Psicológicos: personalidade e relacionamentos pessoais . Ambientais: dieta, substâncias psicoativas, álcool, ritmos biológicos e eventos adversos precoces. Experiências adversas precoces (maus-tratos, abuso físico ou psicológico e falta de suporte social) podem aumentar o risco de depressão em indivíduos vulneráveis. Fatores etiológicos O estresse ambiental influencia o desenvolvimento inicial da depressão em indivíduos suscetíveis, mas uma vez estabelecido o padrão de vulnerabilidade, novos episódios podem surgir ao longo do tempo, cada vez mais facilmente, sem que seja necessária a presença do estressor ambiental. Genéticos: risco entre 10 e 25% para filhos de pessoas com transtorno depressivo; se ambos os genitores foram afetados, o risco praticamente duplica. É uma predisposição ou suscetibilidade à doença que é herdada. A contribuição de múltiplos fatores genéticos na manifestação da depressão foi estimada em 40% a 50%, sendo o restante relacionados à interferência de fatores socioambientais. Fatores etiológicos Teoria monoaminérgica: Sistema de neurotransmissão monoaminérgica de todas as três monoaminas – NA, 5HT e DA – pode estar disfuncional em vários circuitos, com diferentes neurotransmissores envolvidos, dependendo do perfil sintomatológico do paciente. A neurobiologia da depressão está associada a cinco áreas importantes do cérebro: córtex pré-frontal (inclui o córtex orbitofrontal, dorsolateral e cingulado anterior), a amígdala e o hipocampo, que fazem parte do sistema límbico. Fisiopatologia da depressão maior Estresse + Vulnerabilidade genética Sintomas Desregulação da neurotransmissão cerebral (Ex: noradreanalina, serotonina, dopamina) Alterações neuroendócrinas anatômicas e autoimunes. Alterações de cascatas intracelulares, expressão gênica e fatores neurotróficos. Quadro clínico DSM V Transtorno depressivo maior Quadro clínico Quadro clínico Especificadores Episódio depressivo Leve Moderada Grave Graus Único Recorrente Diagnóstico diferencial Transtornos psiquiátricos Transtorno bipolar: clinicamente indistinguível, mas de pior prognóstico; cursa com depressões recorrentes, mais graves, crônicas, de difícil, tratamento e maior risco de suicídio; depressão é mais prevalente e recorrente, com início em média 10 anos antes do TDM. Transtornos ansiosos Transtornos de personalidade Abuso ou dependência de álcool e drogas Outras condições clínicas Doenças endócrinas, neurológicas, malignas, etc. Secundário ao uso medicamentoso Diagnostico diferencial TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (DISTIMIA) TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ- MENSTRUAL TRANSTORNO DISRUPTIVO DA DESREGULAÇÃO DO HUMOR Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos. Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características: 1.Apetite diminuído ou alimentação em excesso. 2.Insônia ou hipersonia. 3.Baixa energia ou fadiga. 4.Baixa autoestima. 5.Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões. 6.Sentimentos de desesperança Na maioria dos ciclos menstruais, pelo menos cinco sintomas devem estar presentes na semana final antes do início da menstruação, começar a melhorar poucos dias depois do início da menstruação e tornar-se mínimos ou ausentes na semana pós-menstrual. Um (ou mais) dos seguintes sintomas deve estar presente: 1. Labilidade afetiva acentuada (p. ex., mudanças de humor; sentir-se repentinamente triste ou chorosa ou sensibilidade aumentada à rejeição). 2. Irritabilidade ou raiva acentuadas ou aumento nos conflitos interpessoais. 3. Humor deprimido acentuado, sentimentos de desesperança ou pensamentos autodepreciativos. 4. Ansiedade acentuada, tensão e/ou sentimentos de estar nervosa ou no limite. Explosões de raiva recorrentes e graves manifestadas pela linguagem e/ou pelo comportamento que são consideravelmente desproporcionais. O humor entre as explosões de raiva é persistentemente irritável ou zangado na maior parte do dia, quase todos os dias, e é observável por outras pessoas. Sintomas por 12 meses ou mais. 3 ou mais x por semana. Não são mais bem explicados por outro transtorno mental ou substância ou de outra condição médica ou neurológica. TRATAMENTO: Antidepressivos Brasil: mais de 20 tipos Como escolher? Curso de doença e a escolha do tratamento são influenciados por idade, sexo, gravidade dos sintomas, subtipo, comorbidades, resposta anterior, sensibilidade a efeitos adversos, potenciais biomarcadores. Tolerabilidade, Efetividade, interações medicamentosas simplicidade de uso, custo Formulação, marca X genérico TRATAMENTO: Antidepressivos Até os anos 80 havia duas classes: Antidepressivos tricíclicos (ADTs),Inibidores de monoaminooxidase (IMAOs): Apresentavam efeitos colaterais indesejáveis causados pela inespecificidade de sua ação farmacológica e eram potencialmente letais em casos de superdosagem. Hoje: ISRS e ISRN: primeira opção Inibidores seletivos de receptação de serotonina: citalopram, escitalopram, paroxetina sertralina, fluoxetina, fluvoxanima Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSNs), duais: venlafaxina, duloxetina, desvenlafaxina Antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina e antagonistas a- 2 (IRSAs): trazodona Inibidores seletivos da recaptação de dopamina (ISRDs): bupropiona Antagonista de a-2-adrenoreceptores: mirtazapina TRATAMENTO TRATAMENTO Fase X Duração X Objetivos TRATAMENTO TRATAMENTO Estratégias terapêuticas Aumento de dose Redução de dose Troca de antidepressivo Potencialização – combinação Eletroconvulsoterapia (ECT) Estimulação magnética transcraniana (EMTc) PARTE 2 Transtorno afetivo bipolar TAB tipo I; TAB tipo II; - Transtorno ciclotímico; - TAB induzido por substância; - TAB associado a outra condição médica; - outro TAB e transtorno relacionado especificado; - TAB e transtorno relacionado não especificado. Referências APA. DSM-5 Diagnostic and statistical manual of mental disorders. American Psychiatric Publishing, 5ª ed, 2013. Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. ArtesMédicas, 1ª edição, 2000. STAHL, Stephen. Psicofarmacologia: Bases Neurocientíficas e Aplicações Práticas. 4. ed. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2017.