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D A T A PROJETO DE PAISAGISMO P r o f ª E r i k a D i n i z PROJETO DE PAISAGISMO U N I D A D E 0 1 • Introdução à história do paisagismo • Evolução dos estilos de jardim • Evolução histórica dos jardins • Metodologia do projeto de paisagismo • O paisagismo e a recuperação de áreas degradadas e de risco O B J E T I V O S • Apresentar as características introdutórias da história do paisagismo no Brasil e no mundo, além de alguns de seus conceitos; • Abordar os estilos de jardins e suas características determinantes nos diferentes períodos históricos. • Entender o paisagismo como ciência-chave para a recuperação ambiental; • Compreender as fases de projeto de paisagismo urbano; • Explorar aspectos de projeto para áreas degradadas; • Explorar aspectos de projeto para áreas de risco 1. CONCEITOS C O N C E I T O S B Á S I C O S Lugar: uma representação espacial que possui identidade, características próprias e exclusivas - identificação única de um espaço; Paisagem: conceito amplo que engloba um conjunto de elementos naturais e construídos pelo homem - cenários culturais de um lugar; Paisagismo: resultado da interação entre homem e o ambiente - qualidade ambiental; Paisagista: é o profissional que elabora e executa projetos paisagísticos nos espaços livres de edificação. PAISAGEM natural x artificial “A paisagem é uma porção de um espaço da superfície terrestre apreendida visualmente” “ A paisagem é um conjunto de cenários naturais e artificiais onde o homem é, além de um observador, um transformador desses elementos que compõe o sítio” PAISAGEM natural x construída D A T A “A paisagem é uma entidade que muda com o tempo (...) É afetada pelas tradições, pelas reformas, pelas revoluções, e a comunidade que a habita reconhece-se nela (...)”. 2. HISTÓRIA E V O L U Ç Ã O H I S T Ó R I C A D O S J A R D I N S Jardim antigo (egípcio, babilônico, persa, grego e romano) Jardim ocidental (italianos, franceses e ingleses) Jardim oriental (islâmico, chinês, japonês) Jardim brasileiro (eclético, moderno, contemporâneo) ANTIGO “O jardim do Éden surge da ideia simbólica de um lugar prometido, com natureza, pessoas e animais, com um caráter divino e espiritual”. Durante a Antiguidade, populações antigas dão início à paisagem reconhecendo, na natureza, lugares sagrados de cultos religiosos e ritos, como cavernas, montanhas, fontes e bosques. Era atribuída uma força espiritual a estes espaços. Jardim antigo Egípcio Babilônico Persa Grego Romano EGÍPCIO “O jardim egípcio tinha função ambiental de modo a amenizar o clima quente e árido; e servia como local de plantio e cultivo da casa. Tinha função estética nos templos”. BABILÔNICO No jardim suspenso babilônico (605-652 a.C.), que foram construídos pelo rei Nabucodonosor para sua esposa, foram utilizadas plantas ornamentais e frutíferas em terraços em diferentes pavimentos. Formado por uma sucessão de terraços que eram irrigados, dispostos em patamares ascendentes, ancorados a uma encosta, se desenvolviam até a altura de 100 metros. Através de um sistema de irrigação a água era levada ao terraço superior e depois drenada entre os pisos. PERSA O jardim persa surgiu nas proximidades dos palácios, apresentando forte influência grega e egípcia, caracterizados por serem contemplativos e voltados para o interior, cercados por muros, árvores e flores aromáticas de simbolismo religioso. Eram espaços criados para a espiritualidade, meditação e introspecção. A planta dos jardins era dividida em quatro partes, formadas por dois canais principais que se cruzavam ao meio, onde havia uma fonte. Jardim persa Bargh – Shiraz (Irã) GREGO “O jardins gregos eram funcionais e ficavam próximos a santuários. Eram lugares naturais, sem a intervenção humana, abençoados e dedicados aos deuses.” Geralmente com uso de vegetação nativa, com baixa intervenção humana, as formas buscavam sempre remeter à natureza. Eram utilizados leguminosas, frutíferas e poucas floríferas. ROMANO Inicialmente influenciados pelos gregos, próximos a templos e monumentos, depois passando às residências. “O jardins romanos passam a figurar os interiores e exteriores das casas dos aristocratas. Monumentos e estátuas nas composições paisagísticas com plantas diversas: arbóreas (coníferas, plátanos, amendoeiras, pessegueiros, macieiras, etc.), Uso da topiaria: cipestre, louro, buxo entre outros”. MEDIEVAL Os jardins na Idade Média ficaram enclausurados nos castelos e nos monastérios, em espaços planos e fechados. Eram marcados pela simplicidade das formas geométricas. Foram destinados ao plantio e cultivo de plantas medicinais , hortaliças, aromáticas e floríferas para ornamentação dos altares das edificações religiosas Labirintos nos jardins de castelos e a arte de dobrar ramos para formar alamedas datam deste período. RENASCENTISTA Durante o período do Renascimento, marcado pelo ressurgimento da cultura de um modo geral, que trouxe novos ares no que dizia respeito à arte, à ciência e à filosofia, também houve uma expansão e renovação do paisagismo, principalmente em países como Itália, França e Inglaterra. Cresce o conceito de que o jardim deve valorizar o domínio do homem sobre a natureza, assim, os jardins caracterizavam-se pela sua organização, artificialidade e extrema racionalidade. Forte simetria e geometria, com as árvores alinhadas, rigorosamente podadas, jogos de água, escadarias, esculturas, pérgolas em pedra. Jardim ocidental Italiano Francês Inglês ITALIANO Marcados pelo renascimento, buscam referência nos jardins romanos, com o uso de escadarias e terraços acompanhando o terreno natural e tirando partido de corredeiras de águas. Estes espaços eram ocupados por sábios e artistas que buscavam refúgio das já tumultuadas cidades. Buscava-se o contraste entre o natural e aquilo que era criado pelo homem. A vegetação recebia podas com formas determinadas e eram dispostas de forma a compor com a arquitetura e demais elementos. Utilizava-se o louro, o cipreste, o pinheiro, o buxo sendo que o último era muito utilizado para as formas recortadas. FRANCÊS Os jardins franceses são caracterizados por plantações baixas, permitindo maior destaque e visibilidade das construções. As perspectivas direcionavam os olhares dos espectadores em caminhos monumentais. O uso da topiaria estava presente em árvores, e as plantas eram dispostas de forma alinhada e conduzidas em formas geométricas, já os gramados eram impecáveis e sempre podados. Vasos de plantas e esculturas em mármore compunham os canteiros preenchidos com flores coloridas. Destacam-se grandes projetos paisagísticos, entre eles o castelo Vaux-le- Vicomte e o palácio de Versalhes de Andrè Le Nôtre. . Jardins do Castelo de Villandry - França Jardins do Palácio de Versalhes - França INGLÊS Os jardins ingleses trouxeram uma maior aproximação com a natureza, através de irregularidades e assimetria, principalmente nos caminhos, desenhados com maior liberdade. Este estilo de paisagismo predominava em parques, jardins públicos, áreas livres e abertas em áreas urbanas. Cultivo de grande variedade de flores, porém muito detalhado com relação às espécies e à composição em si. Variadas espécies anuais e as perenes se misturavam com flores silvestres e forrações, dando destaque a uma árvore, um lago ou uma vista panorâmica. Eram encontradas poucos elementos arquitetônicos, sendo utilizados ruínas e formas mais exóticas. Jardins do Castelo de Stourhead- Inglaterra ORIENTAL Podemos dividir os jardins orientais em trêsmomentos: o islâmico, o chinês e o japonês. Jardim oriental Islâmico Chinês Japonês ISLÂMICO “O jardim islâmico eram geométricos (cruz e retângulo) possuindo espelhos d’água, chafariz, e sistema de irrigação. Uso de planta aromáticas ( jasmim e lavanda) e arbustos diversos”. Os jardins eram divididos em quatro partes (formato de cruz). O centro era ocupado por um chafariz do qual saíam os quatro rios do paraíso, que traziam a água, o leite, o mel e o néctar, segundo a simbologia islâmica. Jardins do Generalife- Granada (Espanha) CHINÊS O jardim chinês era um lugar de sociabilidade, contemplação e meditação. Como tinha importância religiosa, seguia os princípios da filosofia do feng-shui (vento-água). Para construir um jardim, ou antes de qualquer intervenção e escolha do sítio, era consultado um geomante, uma espécie de sábio sacerdote que possuía conhecimentos especiais. Os jardins eram fechados por muros, para que a energia positiva não se dispersasse, e a vegetação era disposta de forma a criar jogos de luz e sombra. JAPONÊS O jardim japonês é o espaço onde forças espirituais se manifestam através de elementos naturais (vegetação, animais, pedras, água, topografia). Também é um local ligado à religião e meditação, pois são locais baseados na contemplação. Não são utilizadas formas rígidas geométricas, mas sim orgânicas, dinâmicas. Uso de cerejeiras, bambus, pinheiros, bordôs, camélias, azaleias, etc. BRASILEIRO Podemos dividir o paisagismo brasileiro em três momentos: o ecletismo, o modernismo e o contemporâneo. Jardim brasileiro Ecletismo Modernismo Contemporâneo ECLÉTICO Os jardins ecléticos brasileiros, para Gonçalves (2017), buscam uma visão romântica, a imagem de paraísos, dos campos bucólicos e jardins de palácios reais, através de áreas de contemplação, com poucos espaços esportivos. Nesse período surgem os jardins botânicos e as praças públicas no Brasil, em várias cidades do país. A presença da Corte, a partir de 1808, favoreceu o início do cultivo de jardins segundo os modelos estéticos da Europa (italianos, franceses, ingleses), aderindo, por fim, ao paisagismo. Jardins do Museu do Ipiranga – São Paulo Jardins Botânico – Rio de Janeiro MODERNO Os jardins modernos brasileiros, durante o período moderno, são jardins de contemplação acrescentados de espaços de recreação infantil, esportivos, e a inserção de mobiliário urbano, tendo como característica principal as vegetações nativas exuberantes, muito utilizadas por Roberto Burle Marx, o paisagista que se destacou neste período. Banco Safra– São Paulo Jardins do Museu de Nova Iorque – EEUU CONTEMPORÂNEO Os jardins contemporâneos brasileiros caracterizam-se pela diversidade formal, sendo influenciados por todas as tendências que se desenvolveram no passado, seguindo o conceito do espaço e originando cenários. Isso fica muito evidente sobretudo nos jardins de mostras de arquitetura. Nos jardins residenciais, a atividade recreativa assume maior importância nas áreas externas e de lazer, e a piscina se torna um elemento fundamental. Mostra Casa Cor (Alex Hanazaki) – São Paulo Jardins do Museu de Nova Iorque – EEUU Casa OF (Daniel Nunes) – Campinas Etapas de projeto Levantamento Projeto Estudo preliminar Anteprojeto Projeto básico Projeto executivo Execução 3. PROJETO Etapas do projeto de paisagismo O projeto de paisagismo consiste na concepção e planejamento do espaço exterior às edificações. Ele é composto de etapas básicas que servem para qualquer escala de intervenção. É um processo linear, mas que pode ter idas e vindas, dependendo de sua complexidade, podendo ser direcionado para áreas públicas ou privadas. Etapa1: levantamento de dados partido, zoneamento e plano de massas •Conhecer o cliente, suas necessidades e costumes •Observar orientação solar – insolação •Identificar a topografia do relevo •Fazer estudo do solo – se é fértil ou não •Observar presença de vegetação existente •Verificar usos de água •Verificação de ventos e ruídos Levantamento Estudo preliminar Etapa 2: estudo preliminar desenvolvimento da implantação com plano conceitual. • Análise das necessidades e preexistências • Definição das diretrizes gerais do projeto • Elaboração do partido geral do projeto. OBS.: Esta etapa deve ser apresentada de forma ilustrativa, para que o cliente possa compreender as intenções do projeto e todos os espaços que foram planejados. Anteprojeto Etapa 3: anteprojeto aprimoramento do estudo preliminar •Distribuição espacial do projeto •Definição das formas das espécies e locais de plantio •Definição de locais de circulação, permanência, pano de fundo, etc. •Escolha de outros elementos de composição paisagística; Projeto executivo Etapa 4: projeto básico ou projeto executivo finalização do anteprojeto. •Elaboração das plantas definitivas e cotadas •Elaboração de detalhes (se necessário) •Especificação dos vegetais com quantitativos •Especificação dos equipamentos e demais elementos; •Representação de ponto hidráulicos e de iluminação •Projeto de Plantio/Manejo + Tabela de Espécies