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Resumo AP2 Educação e Trabalho Aula 7: A política neoliberal e a contrarreforma na educação dos trabalhadores no governo Fernando Henrique Cardoso 1. Contexto da Reforma Educacional: • Adoção da política neoliberal durante a década de 1990. • Justificativa da necessidade de reformas fiscais, administrativas e estruturais para superar a crise econômica e competir no mercado globalizado. 2. Objetivos da Reforma na Educação: • Atender às demandas do capitalismo transnacional. • Adaptar-se às mudanças no mundo do trabalho, incluindo a precarização das relações laborais. 3. Mudanças na Educação: • Reformas no financiamento, currículo e gestão educacional. • Ênfase na formação de um trabalhador "novo tipo": polivalente, adaptável e conformado com a perda de direitos. 4. Questões Propostas: • Qual pedagogia foi adotada para formar o trabalhador demandado pelo capital? A pedagogia adotada para formar o trabalhador demandado pelo capital foi a pedagogia das competências e habilidades. Essa abordagem visava desenvolver no indivíduo um conjunto de competências que o tornassem capaz de se adaptar à sociedade do não emprego, capacitando-o a se acostumar com contratos de trabalho por tempo determinado e/ou a buscar alternativas no mercado informal, no trabalho autônomo, pelo empreendedorismo e/ou cooperativismo. Essa pedagogia enfatizava a flexibilidade, adaptabilidade e capacidade de lidar com mudanças constantes, alinhadas com as demandas do mercado de trabalho contemporâneo. • Quais mudanças ocorreram no financiamento e gestão visando reduzir os gastos públicos? As mudanças no financiamento e gestão visavam reduzir os gastos públicos, seguindo uma lógica neoliberal de racionalidade financeira. Isso incluiu a descentralização dos recursos educacionais e a promoção de parcerias público-privadas para a execução de programas de educação, como o Programa Trabalhar e Aprender: Qualificação Profissional. Houve também uma redução na carga horária dos cursos de qualificação profissional e um aumento na ênfase da oferta de educação técnico-profissional simplificada e de curta duração. • Qual o impacto dessas medidas na qualidade da educação para os trabalhadores? O impacto dessas medidas na qualidade da educação para os trabalhadores foi negativo. A redução dos investimentos públicos, a ênfase na formação de competências utilitaristas para o mercado de trabalho e a falta de investimento em educação integral e cidadã contribuíram para uma educação de qualidade inferior, mais voltada para as demandas imediatas do mercado do que para o desenvolvimento humano integral. • Que ações foram tomadas para melhorar a inserção dos brasileiros no mercado de trabalho? Para melhorar a inserção dos brasileiros no mercado de trabalho, foram tomadas medidas como a implementação de programas de qualificação profissional, como o Programa Trabalhar e Aprender: Qualificação Profissional, e a promoção de parcerias público-privadas para oferecer cursos de educação profissional. Além disso, houve uma ênfase na formação de competências demandadas pelo mercado, como habilidades técnicas e comportamentais. • Quais foram os resultados dessas medidas? Os resultados dessas medidas foram mistos. Por um lado, houve um aumento na oferta de cursos de qualificação profissional e uma maior ênfase na formação de competências demandadas pelo mercado. No entanto, a qualidade desses cursos foi muitas vezes questionada, e a falta de investimento em educação integral e cidadã levantou preocupações sobre o desenvolvimento humano dos trabalhadores. Além disso, a ênfase na flexibilidade e adaptação ao mercado de trabalho pode ter contribuído para uma maior precarização das condições de trabalho e uma maior instabilidade ocupacional. 5. Desafio Adicional: • Propor questões adicionais a partir da leitura do texto. • Reconhecer a continuidade de aspectos da reforma educacional dos anos 90 no século XXI. Conceitos-Chave: • Neoliberalismo: Ideologia econômica que defende a redução da intervenção estatal na economia e a ênfase na livre iniciativa e mercado. • Precarização do Trabalho: Processo de deterioração das condições de trabalho, incluindo terceirização, subcontratação e contratos temporários. • Polivalente: Capacidade de desempenhar várias funções ou tarefas. • Inserção Competitiva: Capacidade de um país ou trabalhador se integrar e competir no mercado globalizado. I. Introdução • Contextualização da década de 1990 no Brasil, marcada pela transição democrática e crises econômicas. • Crescente adoção do discurso neoliberal como solução para modernização e competitividade. II. A Política Neoliberal e Reforma do Estado • Descrição dos pressupostos do neoliberalismo e sua adoção no Brasil nos anos 1990. • Principais políticas propostas pelo Consenso de Washington. • A reforma do Estado como central para promover eficiência e competitividade. III. Impactos do Neoliberalismo na Educação e Trabalho • Combate ao Estado de Bem-Estar Social e suas implicações econômicas. • Expansão da flexibilização laboral e aumento do desemprego. • Degradação da relação homem-natureza e precarização do trabalho. IV. Contrarreforma na Educação • Desmonte do Estado desenvolvimentista e ataque aos direitos sociais e trabalhistas. • Reforma do Estado e desqualificação dos serviços públicos. • Priorização do ensino fundamental como forma de oferecer mínima qualificação para mercado informal. V. Focalização dos Gastos Públicos na Educação • Criação do FUNDEF e suas limitações na correção de disparidades educacionais. • Baixo investimento público em educação, exacerbando desigualdades regionais e socioeconômicas. VI. Impactos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional • EJA e Educação Profissional como alvos da contrarreforma, voltadas para atender interesses do capital. • Enfoque na formação de "trabalhadores de novo tipo" flexíveis e adaptáveis ao mercado. • Efeitos negativos da focalização de investimentos na educação básica na qualidade da EJA e Educação Profissional. Conceitos-Chave: • Neoliberalismo: Ideologia econômica que preconiza a redução do papel do Estado na economia, a privatização de serviços públicos e a livre atuação do mercado. • Estado de Bem-Estar Social: Modelo de Estado que busca garantir o bem-estar e segurança social dos cidadãos por meio de políticas públicas de educação, saúde e previdência. • Contrarreforma: Processo de desmonte ou retrocesso em políticas sociais ou trabalhistas conquistadas anteriormente, geralmente promovido por governos alinhados ao neoliberalismo. • Flexibilização Laboral: Política que busca flexibilizar as relações de trabalho, permitindo formas de contratação mais precárias e adaptáveis às demandas do mercado. • FUNDEF: Fundo criado para financiar e valorizar o ensino fundamental no Brasil, estabelecendo critérios de distribuição de recursos entre estados e municípios. • Educação de Jovens e Adultos (EJA): Modalidade de ensino destinada a pessoas que não tiveram acesso ou concluíram a educação básica na idade apropriada. • Educação Profissional: Formação técnica ou profissionalizante voltada para capacitar trabalhadores para o mercado de trabalho em diversas áreas. Objetivos e Metas: • Compreender os impactos da política neoliberal na educação e no trabalho durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. • Identificar as principais mudanças nas políticas sociais e educacionais decorrentes da adoção do neoliberalismo. • Analisar os efeitos da focalização dos investimentos na educação básica sobre a qualidade da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional. • Conceituar e explicar os termos-chave encontrados no texto para melhor entendimento do contexto político e educacional abordado. Contexto da contrarreforma neoliberal na Educação deJovens e Adultos (EJA) e na Educação Profissional: Marcos históricos da década de 1990: • Mudanças iniciadas no governo Collor de Melo. • Reversão do direito à educação para todos, priorizando a população jovem. Desresponsabilização do Estado: • Transferência progressiva da responsabilidade para empresas e organizações civis. • Exemplos: Programa Telecurso 2000, experiências do MST, universidades privadas, ONGs. Legitimação pela LDB 9.394/1996: • Não define claramente a responsabilidade pela oferta da EJA. • Mantém conceitos da legislação militar dos anos 1970. • Separa educação básica da formação profissional. Educação Profissional e PLANFOR: Adoção da agenda neoliberal: • Dualidade estrutural do ensino: educação científico-tecnológica restrita vs. qualificação profissional simplificada. • Objetivo de qualificar 20% da população economicamente ativa. Implementação do PLANFOR: • Parceria público-privada para execução de cursos de qualificação. • Tendência de redução de recursos e carga horária dos cursos. Visão do Banco Mundial: • Ênfase na formação flexível para mercado global. • Políticas educacionais para competências empregatícias flexíveis. Impactos e Contradições: Desemprego e qualificação: • Ilusão da correlação direta entre qualificação e empregabilidade. • Cursos assistencialistas minimizam pressão social, mas não aumentam escolaridade. Responsabilização individual: • Transferência da culpa pelo desemprego aos trabalhadores. • Ênfase na busca de capital humano individualmente. Atualidade e Continuidade: Retomada do projeto neoliberal: • Reformas administrativas, fiscais, previdenciárias e trabalhistas. • Implementação do novo Ensino Médio e reformulação curricular. Reforço da subalternidade brasileira: • Continuidade da lógica de capitalismo dependente. • Reformas atuais seguem matriz do projeto dos anos 1990. Conceitos chave: • Contrarreforma neoliberal: Processo de reformulação das políticas públicas, visando redução do Estado e maior participação do setor privado na oferta de serviços, como educação e saúde. • EJA (Educação de Jovens e Adultos): Modalidade de ensino voltada para pessoas que não tiveram acesso à educação na idade apropriada. • LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação): Legislação que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional no Brasil. • PLANFOR (Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador): Programa destinado a qualificar a população economicamente ativa para inserção ou reinserção no mercado de trabalho. • Banco Mundial: Instituição financeira internacional que fornece empréstimos a países em desenvolvimento para projetos de desenvolvimento econômico. • Competências empregatícias: Conjunto de habilidades e conhecimentos necessários para o desempenho de uma atividade profissional. • Pedagogia das competências: Abordagem educacional que visa desenvolver no indivíduo habilidades adaptativas para o mercado de trabalho. • Flexibilização curricular: Estratégia que permite adaptação do currículo escolar às necessidades do mercado e às demandas individuais dos alunos. • Subalternidade brasileira: Condição de dependência e subordinação do Brasil em relação aos países desenvolvidos, especialmente no contexto econômico. • Reformas administrativas, fiscais, previdenciárias e trabalhistas: Conjunto de medidas políticas para reestruturar e modificar o funcionamento do Estado e da sociedade em aspectos como administração pública, tributação, previdência e relações trabalhistas. Aula 8: Empreendedorismo, privatização e o trabalho sujo da educação • Proposta de transformação da educação: O economista Ricardo Paes de Barros sugere que as escolas se tornem locais de trabalho para os estudantes, permitindo que produzam e vendam serviços para complementar a renda familiar. Essa ideia visa resolver o problema dos jovens que precisam trabalhar durante o dia. • Currículo flexível e empreendedorismo: O currículo escolar em São Paulo enfatiza o empreendedorismo como forma de fortalecer o protagonismo juvenil, com disciplinas como empreendedorismo e educação financeira. Além disso, as escolas oferecem itinerários formativos, incluindo formação técnica e profissional em parceria com empresas. • Habilidades socioemocionais e metodologias ativas: Programas como o Inova Educação focam no desenvolvimento de competências socioemocionais, utilizando metodologias ativas para aumentar a atratividade do Ensino Médio e combater a evasão escolar. • Relação entre trabalho e educação: O texto aborda a relação entre educação e trabalho, destacando a intensificação do trabalho precário e a influência do empresariado na educação da juventude trabalhadora, visando à produção de mão de obra adaptável às demandas do mercado. • Privatização da educação e filantropia empresarial: Fundações e institutos sociais empresariais estão cada vez mais envolvidos na gestão da educação, promovendo políticas sociais para a juventude e influenciando as políticas educacionais. Palavras-chave: • Protagonismo juvenil • Currículo flexível • Empreendedorismo • Habilidades socioemocionais • Trabalho precário • Privatização da educação • Filantropia empresarial Conceitos: • Currículo flexível: Estratégia educacional que permite aos estudantes escolherem disciplinas e itinerários formativos de acordo com seus interesses e necessidades. • Empreendedorismo: Capacidade de identificar oportunidades e transformá-las em negócios bem-sucedidos. • Habilidades socioemocionais: Competências relacionadas à inteligência emocional, como empatia, resiliência e autogestão. • Trabalho precário: Emprego caracterizado pela falta de estabilidade, baixos salários e poucos benefícios. • Privatização da educação: Processo pelo qual a gestão da educação é transferida do setor público para o setor privado, geralmente por meio de parcerias público-privadas ou financiamento privado. • Filantropia empresarial: Prática das empresas de dedicarem parte de seus recursos para iniciativas sociais, geralmente visando a obter benefícios de imagem e reputação. Protagonismo e Empreendedorismo Periférico Cultural: • Necessidade de engajar-se totalmente na criação de empregos, não apenas em buscá-los. • Revalorização de hobbies e paixões como profissões. Formação de Jovens por Fundações e Institutos Sociais: • Treinamento semelhante a processos seletivos para empregos. • Desenvolvimento de habilidades e condutas avaliadas. • Oportunidades de emprego temporário e voluntariado. Conceito de Protagonismo Juvenil: • Educação para "sobreviver na adversidade" e reproduzir esse modo de vida. • Incitação desde cedo a viver como "projetos", aceitando trabalho precário em troca de oportunidades. Gestão da Pobreza e Trabalho Precário: • Empresas e institutos sociais induzem jovens a desenvolver projetos sociais em troca de oportunidades. Segmentação na Educação e Privatização: • Propostas de divisão radical na educação entre redes formais e não formais. • Educação ao longo da vida como instrumento de controle e disciplina. Educação como Simulacro de Trabalho: • Ensino do empreendedorismo como forma de gestão da pobreza e disciplinamento ao capital. • Transformação de toda ação em trabalho ou simulacro de trabalho. Palavras-chave: Protagonismo Juvenil: • Refere-se à capacidade dos jovens de assumirem um papel ativo na sociedade, especialmente na criação de oportunidades e no desenvolvimento de projetos que impactam suas comunidades. No texto, é abordado como uma estratégia para envolver os jovens em atividades empreendedoras e sociais, muitas vezes em troca de oportunidades futuras. Empreendedorismo Periférico Cultural: • Este termo descreve a atividade empreendedora que surge em comunidades periféricas, muitas vezes impulsionada pela cultura local e pela necessidade de criar oportunidades econômicas onde as tradicionais são escassas. No texto,é destacado como uma forma de reinventar hobbies e paixões como fonte de renda e de desenvolvimento pessoal. Formação de Jovens: • Refere-se aos programas e iniciativas destinados a capacitar e educar os jovens em diversas áreas, preparando-os para ingressar no mercado de trabalho ou para se envolver em atividades sociais e comunitárias. No texto, é mencionada a formação oferecida por fundações e institutos sociais, que envolve dinâmicas de seleção e oportunidades de emprego. Educação ao Longo da Vida: • Este conceito sugere que a educação não se limita apenas à fase escolar, mas é um processo contínuo ao longo da vida, incluindo aprendizado formal e informal em diferentes estágios e contextos. No texto, é discutido como parte da gestão da pobreza, incentivando a participação em programas educacionais mesmo após a escola. Gestão da Pobreza: • Refere-se às estratégias e políticas adotadas para lidar com a pobreza em uma sociedade, muitas vezes envolvendo programas assistenciais, treinamento de habilidades e medidas para incentivar a autonomia financeira. No texto, é abordada como uma abordagem que usa o trabalho precário e a educação como formas de controle social. Trabalho Precário: • Descreve formas de emprego caracterizadas pela instabilidade, baixos salários, falta de benefícios e pouca segurança no emprego. No texto, é mencionado como parte das contrapartidas oferecidas em programas de formação de jovens, muitas vezes voluntários e mal remunerados. Objetivos e Metas: • Compreender o papel do protagonismo juvenil e do empreendedorismo periférico na criação de empregos. • Analisar a formação de jovens por fundações e institutos sociais, incluindo dinâmicas de seleção e oportunidades de emprego. • Investigar a relação entre gestão da pobreza, trabalho precário e educação ao longo da vida. • Discutir a segmentação na educação e os impactos da privatização. • Refletir sobre a educação como simulacro de trabalho e sua função na sociedade contemporânea. Aula 9: A uberização do trabalho docente no Brasil: uma tendência de precarização no século XXI Introdução: • Desemprego no Brasil em 2019 atingiu 12,7%, com 13,4 milhões de pessoas buscando trabalho. • A uberização é uma tendência do trabalho no século XXI, estendendo-se aos trabalhadores docentes do setor público. • Destaque para as condições contratuais precárias dos professores da educação básica, especialmente em redes públicas. Uberização do trabalho como tendência: • Uberização: nova forma de organização do trabalho caracterizada pela autonomização dos contratos e pela precarização. • Eliminação do conceito de contratação por jornada, salário como custo variável e jornadas extensas para aumentar renda. • Uber exerce controle sobre trabalhadores sem oferecer garantias trabalhistas, transferindo custos e riscos para eles. Lutas e resistências: • Movimentos minoritários lutam contra práticas de uberização, buscando reconhecimento legal do vínculo empregatício. • Maioria dos trabalhadores cede a abusos trabalhistas para manter emprego. • Uber exerce controle rígido sobre trabalhadores, manipulando sistema para benefício próprio. Conclusão: • A uberização é uma forma de extração de mais-valia, baseada na precarização das profissões e na intensificação do trabalho. • Tendência inserida na dinâmica do capitalismo do século XXI, dificultando a reprodução do trabalhador e forçando-o a aceitar qualquer forma de ocupação para subsistência. Palavras-chave: • Uberização: Tendência de organização do trabalho caracterizada pela precarização e autonomização dos contratos. • Precarização: Condição de trabalho caracterizada pela falta de garantias trabalhistas e baixos salários. • Trabalho Docente: Atividade profissional relacionada ao ensino e educação. Este texto aborda a problemática da "uberização" do trabalho docente, especialmente na rede pública estadual de São Paulo. Ele começa destacando a contradição entre a Constituição Federal, que exige concursos públicos para a contratação de professores, e a realidade de muitos estados, onde a contratação temporária é comum. O texto descreve a situação dos professores eventuais, que são convocados apenas quando há falta de professores efetivos, sem garantia de trabalho contínuo ou salário fixo. Destaca-se que esses profissionais não têm vínculo empregatício com o Estado, recebendo apenas pelas aulas dadas, o que os coloca em uma situação de extrema precariedade. Além disso, o texto discute tendências que podem agravar essa situação, como a possibilidade de utilização de plataformas online para contratação de professores substitutos, sem vínculo empregatício e pagos por aulas avulsas. Essas iniciativas, apresentadas como inovações para a educação, na verdade, perpetuam a precarização do trabalho docente e ferem princípios constitucionais e legais. O texto alerta para o risco de que essas práticas se generalizem, substituindo os concursos públicos e os professores efetivos por um modelo de trabalho intermitente e despersonalizado. Além disso, destaca a possibilidade de que os professores sejam monitorados e avaliados por meio de plataformas digitais, semelhante ao sistema de classificação do Uber, o que poderia aumentar ainda mais a pressão sobre esses profissionais. Em conclusão, o texto argumenta que a "uberização" do trabalho docente é uma tendência preocupante que ameaça a qualidade da educação e a dignidade dos professores. Ele aponta para a necessidade de resistência e mobilização contra essas práticas, buscando compreender e enfrentar os desafios colocados pela precarização do trabalho no setor educacional. Aula 10: A precarização do trabalho docente: o ajuste normativo encerrando o ciclo Primeira parte do texto: 1. Introdução • A precarização do trabalho é uma característica do capitalismo, visando acumulação de capital ao longo da história. • O trabalho docente sofre com a precarização, inserindo-se no contexto mais amplo do trabalho em geral. • Compreender a precarização implica analisar suas determinações no regime de acumulação vigente. 2. Contexto da Precarização Intensificada do Trabalho Docente • A acumulação flexível substitui a rígida com o avanço da base microeletrônica, levando à flexibilização das relações de trabalho. • A produção passa a ser definida pela demanda, resultando em automação e terceirização. • As competências tornam-se mais genéricas e voltadas para a automação industrial, regidas pela lógica dos arranjos flexíveis. • Os professores também enfrentam precarização, com vínculos de trabalho substituídos por formas terceirizadas e temporárias. 3. Projeto Pedagógico da Acumulação Flexível • A flexibilização permeia o projeto pedagógico, refletindo-se na concepção de aprendizagem, propostas curriculares e organização do trabalho docente. • A aprendizagem flexível é justificada pela necessidade de atender demandas de uma sociedade competitiva, articulando-se com as tecnologias de informação e comunicação. • Essa concepção ganhou força durante a pandemia de Covid-19, acelerando o processo de precarização do trabalho docente. 4. Críticas e Perspectivas • Críticas apontam para a fragmentação, aligeiramento da formação, presentismo e pragmatismo utilitarista da aprendizagem flexível. • Epistemologicamente, a aprendizagem flexível se baseia em concepções pós-modernas, negando a possibilidade de conhecimento objetivo e valorizando a prática imediata. • Essa visão pragmática reforça o individualismo e reduz as relações sociais ao plano individual, facilitando formas de controle pelo capital. Conceitos-chave: • Precarização do trabalho: processo de deterioração das condições de trabalho, com redução de direitos e segurança. • Acumulação flexível: substituição do modelo de acumulação rígida porum mais adaptável às demandas do mercado. • Aprendizagem flexível: abordagem pedagógica que enfatiza a adaptabilidade do processo de aprendizagem às necessidades individuais e contextuais, muitas vezes mediada por tecnologias. • Pós-modernismo: corrente de pensamento que questiona as noções tradicionais de verdade, objetividade e universalismo. • Pragmatismo: filosofia que enfatiza a importância da prática e da utilidade como critérios para determinar a validade do conhecimento. Segunda parte do texto: 1. A Reforma da Legislação Trabalhista: A Institucionalização da Precarização do Trabalho • A reforma da legislação trabalhista introduziu ajustes jurídico-normativos que institucionalizaram a precarização do trabalho. • Leis como a da terceirização e a reforma da CLT flexibilizaram as formas de contratação, atendendo à demanda por produção flexível. • A Lei nº 13.429/2017 permitiu a terceirização da atividade fim, estendeu contratos temporários e não gerou vínculo empregatício com o tomador de serviço. • A Lei nº 13.467/2017 introduziu contratos de autônomos e intermitentes, flexibilizando direitos trabalhistas e privilegiando o negociado sobre o legislado. • O fortalecimento da negociação coletiva esvaziou os sindicatos, enfraquecendo a proteção dos trabalhadores. 2. A Precarização do Trabalho Docente no Regime de Acumulação Flexível: Espaços para o Enfrentamento? • A precarização do trabalho docente se intensifica no contexto da acumulação flexível. • A flexibilização das formas de contratação responde à demanda por competências diferenciadas nas cadeias produtivas. • A mercantilização da formação docente se amplia com a flexibilização das diretrizes curriculares e a expansão da educação a distância. • A função do professor é reduzida à produção de conteúdos e tutoria, em detrimento de sua intervenção pedagógica decisiva. • A pandemia intensificou essa precarização, com o ensino remoto se tornando uma realidade cada vez mais presente. • Os processos pedagógicos mediados pela tecnologia não atendem igualmente a todos os alunos, reforçando a exclusão educacional. • A superação da precarização requer a retomada da categoria práxis e a compreensão histórica do materialismo, para reconstruir teoria e prática. Conceitos-chave: • Terceirização: prática de transferir atividades de uma empresa para outra. • Flexibilização: adaptação das relações de trabalho às demandas do mercado. • Negociado sobre o legislado: priorização de acordos coletivos sobre as leis trabalhistas. • Práxis: integração entre teoria e prática na transformação social. • Materialismo histórico: abordagem que analisa a história e o desenvolvimento do capitalismo.