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Qual é o melhor método para ensinar a ler? Houve uma época em que se discutia muito a oposição entre métodos analíticos (também chamados globais, que partem de pequenos textos) e sintéticos (a soletração, a silabação e os métodos sintéticos). Essa polêmica entre educadores e autoridades educacionais em torno do que seria o melhor método, com o passar do tempo, perdeu o sentido. Os educadores começaram a fazer adaptações, fusões de procedimentos analíticos e sintéticos ao longo do processo de alfabetização, resultando no que hoje se denomina método analítico-sintético. Em muitas escolas, textos naturais são introduzidos nas primeiras fases da alfabetização: frases, versinhos, letras de música etc., para motivar os alunos e oferecer contato com os usos sociais da escrita. Ao mesmo tempo, são oferecidos exercícios para analisar as unidades sonoras (os fonemas) que compõem as palavras. Procura-se desenvolver a chamada consciência fonológica (conhecimento dos sons que formam as palavras ), que é rudimentar no aprendiz analfabeto, mas que se amplia durante o processo de alfabetização. Pesquisando sobre a prática da alfabetização, tenho constatado que métodos puros só existem nas propostas de seus autores, isto é, na teoria. Nas salas de aula, os professores geralmente fazem adaptações e sínteses, partindo de um método estruturado e adicionando inovações, criadas a partir da sua própria experiência. De todo modo, no estágio atual do conhecimento, não há resposta definitiva para a pergunta “qual é o melhor método para ensinar a ler?”. Tem sido impossível comprovar a superioridade absoluta de um método sobre outro: no máximo, chega-se à conclusão de que, num determinado contexto, a turma alfabetizada pelo método x obteve melhores resultados do que a outra, submetida ao método y. E resta ainda saber o que o pesquisador considera “bons resultados” em matéria de leitura: capacidade de decodificar quaisquer novas combinações de letras? Leitura oral fluente? Interpretação do significado? Tudo isso junto e mais o gosto, o interesse, a curiosidade pela leitura? Sabe-se que o êxito do método depende muito do professor. A competência do professor, seu envolvimento com o trabalho, a atitude encorajadora e confiante em relação aos alunos pesam muito mais para o sucesso da alfabetização do que propriamente o método. Trecho retirado do Guia Prático do Alfabetizador de Marlene Carvalho Ed Ática