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Resenha - Patrimônio Histórico e Cultural

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DA REGIÃO SUL – CERES
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
AMANDA SPILLERE KRIEGER
BRAIAN SOUZA BAGGIO
FRANCIELEN VIEIRA MEURER
LUCAS GHIGGI CAETANO DA SILVA
PAUL DE PONTBRIAND VIEIRA
PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO
LAGUNA, SC
2013/02
AMANDA SPILLERE KRIEGER
BRAIAN SOUZA BAGGIO
FRANCIELEN VIEIRA MEURER
LUCAS GHIGGI CAETANO DA SILVA
PAUL DE PONTBRIAND VIEIRA
PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO
Resenha crítica apresentada pelos acadêmicos da 6ª fase de Arquitetura e Urbanismo, na disciplina de Patrimônio Histórico e Arquitetônico.
Orientadora: Ana Paula Cittadin
LAGUNA, SC
2013/02
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................4
RESENHA: PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO....................................5
CONCLUSÃO..................................................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................17
ANEXOS..........................................................................................................18
INTRODUÇÃO
A presente resenha, feita a partir do livro de Rafael Winter Ribeiro, faz parte de uma seleção de textos distribuídos pela professora responsável aos vários grupos de trabalho procurando oferecer um meio de os acadêmicos adquirirem um mínimo de fundamentação teórica do tema Patrimônio, não só no Brasil como no Mundo, para argumentação em sala de aula e fora.
Tratamento dado a paisagem como tema de interesse direto a área de arquitetura e urbanismo com foco na proteção do patrimônio histórico nacional.
PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO
No livro Paisagem Cultural e Patrimônio, o autor, Rafael Winter Ribeiro, propõe primeiramente a reflexão acerca do conceito de Paisagem Cultural, que, no senso comum, é entendida como testemunho do trabalho do homem, de sua relação com a natureza, como um retrato da ação humana sobre o espaço ou ainda como panorama e cenário.
No entanto, o conceito de paisagem é muito mais abrangente e passível de múltiplas abordagens, pois se trata da relação complexa entre homem e espaço.
O autor, que demonstra certa preocupação com o embasamento teórico nas discussões atuais do tema, observa que, historicamente, a geografia foi a disciplina que amplamente discutiu e formulou teorias sendo indispensável conhecer e reconhecer a importância destas nos debates em outras disciplinas, tais como arquitetura, ecologia, arqueologia, entre tantas outras. Portanto, o Winter dedicou o primeiro capítulo do livro -Paisagem: um conceito, múltiplas abordagens- para apresentar sinteticamente as abordagens da Tradicional e Nova Geografia Cultural, dividindo o capítulo em duas partes que resumem o conceito-chave de cada uma respectivamente, Morfologia e Simbologia da Paisagem.
No método morfológico de análise da paisagem desenvolvido por Carl Sauer no início do século XX, influenciado pelos métodos científicos do positivismo da época, só os aspectos visíveis eram relevantes para identificar a paisagem cultural. Sauer reconhece a existência do caráter subjetivo e estético, mas não o considera, por não haver critério de análise para tal. Ele pode ser considerado fundador da Geografia Cultural como subcampo da geografia, tendo como principal objeto de estudo a paisagem, adotando o conceito de cultura de Alfred Kroeber, antropólogo e um dos precursores da Escola Cultural Americana. Para romper com o determinismo ambiental, Kroeber dizia que é através da cultura que as sociedades desenvolvem meios de adaptação aos diferentes ambientes e não a natureza ou a genética que determinam a cultura da sociedade que ocupa determinado espaço físico, como acreditavam os ambientalistas. 
Para Sauer, "a cultura é o agente, a área natural o meio e a paisagem cultural é o resultado", uma das frases mais mencionadas até hoje dentro da geografia.
A partir da década de 60, grupos influenciados pela filosofia humanista, vem defender a importância da simbologia e subjetividade na definição de Paisagem Cultural, surgindo assim a Nova Geografia Cultural ou Geografia Humanista, que se propôs a descontruir o apelo científico da Tradicional Geografia Cultural de Sauer.
Uma vez introduzida uma interpretação subjetiva e simbólica, torna-se inevitável a falta de um consenso conceitual. Contudo, percebe-se que, para considerar patrimônio uma paisagem cultural, faz-se preciso entender dos conceitos de paisagem e cultura, do material e imaterial, da natureza e do homem, como eles se relacionam, considerando seu caráter dinâmico e sua essência contraditória.
Existem duas instâncias internacionais que tratam a paisagem de maneira diferenciada. Ambas as experiências são privilegiadas: a inscrição de paisagens culturais na lista de patrimônio mundial pela UNESCO e a criação da Convenção Europeia da Paisagem.
Paisagem Cultural e a lista de Patrimônio Mundial da UNESCO foi aprovada em 1972 na Reunião de Paris. O Comitê é constituído por 21 representantes dos estados, membros da UNESCO, eleitos periodicamente, que fazem uma reunião anual basicamente para discussão de implementações na Convenção e sobre as inscrições de bens na sua lista.
Existem duas maneiras diferentes de classificação, dependendo do valor a ele atribuído, podendo ser patrimônio natural ou patrimônio cultural. São estabelecidas através de uma listagem de critérios classificatórios nessas categorias. Exemplificando, compõe os critérios culturais: aportar um testemunho único ou excepcional de uma tradição cultural; já nos naturais: ser exemplo excepcional que represente processos ecológicos e biológicos significativos para a evolução e o desenvolvimento de ecossistemas terrestres. Isso mostra a bipartição das preocupações: uma que se interessa por sítios culturais e outra que lutava pela conservação da natureza. Mas verificando a possibilidade de existência de bens que se classificariam nas duas, foi criada a situação de bem misto, se for justificado nos critérios de ambas.
Devido a inúmeras reuniões e discussões, levando em consideração a Carta de Atenas, a Convenção de Washington e a recomendação de Paris, relativa à salvaguarda da beleza e do caráter das paisagens e sítios, chegaram a elaborar classificações para as paisagens culturais pela UNESCO. Paisagens claramente definidas; Paisagens evoluída organicamente; Paisagens culturais associativas; Paisagens relíquias ou fósseis; Paisagens contínuas. Cada uma tendo suas especificações únicas. O objetivo da classificação das paisagens é, simultaneamente, sistematizar e preservar o patrimônio cultural e natural mundial.
Com isso foi implementada uma revisão nas orientações classificatórias, na tentativa de se libertar da dicotomia entre cultural e natural: os critérios culturais e os critérios naturais transformaram-se em dez critérios únicos. E como resultado dessa estratégia, a categoria de paisagem cultural da UNESCO ganha força no contexto internacional, valorizando as relações entre homem e natureza e estabelecendo reconhecimento e proteção para aquelas paisagens culturais da valores excepcionais. 
A Convenção Européia da Paisagem foi discutida inicialmente em 1994, sendo aprovada em 2000, e descreve que a paisagem designa uma parte do território, tal como é apreendida pelas populações, cujo caráter resulta da ação e da intenção dos fatores naturais e ou humanos. A mesma descreve a política da paisagem como a formulação pelas autoridades públicas competentes de princípios gerais, estratégias e linhas orientadoras que permitam a adoção de medidas específicas, tendo em vista a proteção, a gestão e o ordenamento da paisagem. 
Diz-se respeito às leis criadas em países europeus para proteção de paisagens ligadas diretamente à natureza como uma parte intrínseca da diversidade ambiental. Englobando a fauna, flora, florestas e a biodiversidade, formando uma visão cultural da natureza. Distingue-se da Convençãoda UNESCO por ser em escala regional ao invés de mundial, por cobrir todas as paisagens, mesmo sem um pesar excepcional único, e principalmente por não querer desenhar uma lista de valores, e sim, o de introduzir regras de proteção, gerenciamento e planejamento, formando um elemento fundamental de gestão do território. 
Com objetivo de encorajar poderes públicos a colocar em ação políticas e medidas destinadas a proteger e gerir paisagens, conservando e melhorando sua qualidade, visto que é levado em consideração que as paisagens modificam-se no tempo e que é formada por um todo, no qual ações de seres humanos, elementos naturais e culturais unem-se.
Para se tentar entender como os processos envolvendo a atribuição de valor e a proteção de paisagens tem sido abordados pelos estados segundo valores ditos ‘culturais’, o capitulo 3 - intitulado “Paisagem e Patrimônio Cultural no Brasil” – revela uma analise dos procedimentos para a ‘institucionalização da proteção ao patrimônio no Brasil’ (RIBEIRO, 2007) e a criação dos Livros do Tombo e consequente objetivos.
Em um primeiro momento, o enfoque está para o contexto da inscrição de certos bens no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, centrados no quesito paisagem, buscando-se entender a trajetória das ações do IPHAN ao longo da sua historia relacionando-a ao patrimônio cultural.
Dos processos de tombamento conservados no Arquivo Central do IPHAN no Rio de Janeiro, tem-se que, até o ano de 2006, 119 bens estariam inscritos no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. No entanto, é ressaltado que nos primeiros anos de ação da instituição, não se tem registros de menção à atribuição de valores como pretexto para determinados tombamentos.
Do momento de sua implementação como Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico em 1937, através do Decreto-Lei Nº 25 do mesmo ano, foram criados quatro livros do tombo para inscrição dos bens: o Livro do Tombo Histórico, o Livro do Tombo de Belas Artes, o Livro do Tombo das Artes Aplicadas e o Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Estes teriam sido organizados segundo um anteprojeto de lei elaborado por Mario de Andrade em 1936, a pedido de Gustavo Capanema (Ministro da Educação durante o governo de Getúlio Vargas) e posteriormente modificados por Rodrigo Melo Franco de Andrade, encarregado da presidência da instituição.
O anteprojeto revelava pouca preocupação com as áreas naturais, tendo um foco quase que exclusivo para/com os aspectos culturais. Já a criação do livro do tombo paisagístico – ver Art. 4º do decreto-lei estabelecendo quais bens devem ser inscritos no mesmo - revelaria um interesse inicial em se considerar bens de natureza paisagística como patrimônio nacional.
Assim como mencionado no texto, vale ressaltar os seguintes artigos retirados do Decreto-Lei Nº 25:
“Art. 1º - Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. (IPHAN, 2006)”
“§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana. (IPHAN, 2006)”
Da legislação, percebe-se um maior alcance de inclusão dos bens para tombamento, considerando a natureza (ou monumentos naturais) como um bem patrimonial (além das paisagens transformadas pelo homem – previsto por Mario de Andrade), mesmo se minimamente explorado durante as primeiras décadas de ação da instituição, a qual preferiu operar sobre a paisagem entendida como ‘panorama’ ou “ambiência de bens arquitetônicos de interesse patrimonial” (RIBEIRO, 2007) relacionado ao paisagismo propriamente dito.
Para compreender essa abordagem, é feita uma analise dos processos de tombamento nas três décadas que sucederam a criação dessa instituição dedicada a preservação do patrimônio arquitetônico.
Os primeiros anos seriam marcados por um enfoque privilegiando o barroco mineiro, representando um modelo reinventado pelos brasileiros, e representando uma arte e cultura genuinamente nacional. 
Com uma predominância de arquitetos profissionais atuando na seção técnica da instituição já na década 40, estes acabaram se tornando um dos principais responsáveis pelo rumo que tomaram as politicas de patrimônio do até então Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), revelando que de um total de 417 bens tombados entre os anos de 1938 e 1946, quase 94% eram arquitetônicos, e do resto, apenas seis sendo paisagístico.
Patrimônio estabelecido basicamente a partir de um ponto de vista estético, com tombamentos de bens no Livro de Tombo de Belas Artes, resultante do histórico acadêmico de profissionais vindos das próprias escolas de belas artes. Por consequência, os bens que não possuíam relevante interesse estético (modificados ou danificados) passaram a ser inscritos no Livro do Tombo Histórico e no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Já a paisagem natural ficaria a cargo da legislação ambiental.
Com isso, notou-se um padrão nas inscrições no livro do tombo arqueológico a partir do valor do bem como paisagem. Para esta analise são oferecidos exemplos de quatro modelos relacionados ao tombamento: 
Para o “tombamento de jardins e bens mais diretamente ligados ao paisagismo” tem-se – a exemplo - o tombamento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (figura 1), em 1938, pelo seu valor paisagístico. Sítio com relevante valor histórico, planejado pelo homem, porem só inscrito no livro do tombo arqueológico. 
E o pequeno jardim do Hospital São João de Deus, em Cachoeira, Bahia, em estilo francês, criado em 1912, com estrutura apresentando canteiros de desenhos geométricos e grades com colunas coroadas por vasos, pinhas, cachorros e leões de louça.
Dos “tombamentos de conjuntos”, o primeiro inscrito no livro foi o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Ilha de Boa Viagem (figura 02), em Niterói, RJ, no ano de 1938 (igualmente inscrito no de Belas Artes) e dois anos mais tarde no Livro Histórico.
O Conjunto da Aldeia de Carapicuíba vem a ser o primeiro Conjunto Arquitetônico e Urbanístico, inscrito em 1940 no Livro Paisagístico, por ter pouco valor arquitetônico e desmerecedor de ser inscrito no Livro de Belas Artes.
Durante a década de 70 o tombamento de conjuntos no livro paisagístico vira uma pratica comum, mesmo se a maior parte das cidades tombadas nesse período tenham sido inscritas no Livro de Belas Artes.
A cidade de Congonhas do Campo, MG - com seu conjunto arquitetônico e urbanístico - vêm a ser uma exceção, sendo dona do primeiro centro urbano inscrito no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1941.
Uma observação é feita relativa ao Santuário de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinho que já teria sido inscrito no livro de belas artes dois anos antes.
Segundo o autor, “...é a cidade que mais sofre com a descaracterização de seu conjunto, com atuação do IPHAN mais voltado para o santuário.”
Os conjuntos arquitetônicos e urbanísticos das cidades de Diamantina, São João del Rei, Tiradentes, Serro, Mariana e Ouro Preto são inscritas unicamente no Livro do Tombo de Belas Artes em 1938; com exceção de Ouro preto, inscrito no Livro Histórico e no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1986.
O primeiro conjunto urbano a ter o qualificativo de paisagístico na sua titulação veio a ser o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico¹ de Pilar de Goiás, inscrito em 1954 no Livro de Belas Artes e no Livro Histórico.
O tombamento do conjunto arquitetônico e paisagístico da Colina de Olinda, PE (processo concluído somente em 1968), resultou na primeira vez que a expressão ‘conjunto paisagístico’ teria sido encontrada, querendo conservar sua aparência histórica, seutraçado urbano e seus aspectos naturais, com a vegetação tanto publica quanto particular. Para o conjunto de Vassouras, RJ, inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1958, foram incluídas tanto as construções quanto a arborização da cidade. Segundo o autor, inclusão esta que revela uma preocupação com o conjunto urbano que vai além do arquitetônico, procurando preservar elementos da paisagem urbana.
A exemplo de “tombamento de monumentos junto a aspectos da natureza que os emolduram” destacou-se o conjunto arquitetônico e paisagístico Casa e Colégio do Caraça, localizado em Minas gerais e tombado em 1955, e o conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, MG, ambos inscritos no Livro do Tombo Histórico e no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.
No caso do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, não só a edificação veio a ser inscrita nos livros como também a paisagem no entorno das igrejas.
Consequentemente, é observado que mesmo se o bem arquitetônico (sendo uma única edificação ou um conjunto) continua a ser o foco da preocupação, a paisagem aqui começa a ganhar valor pela sua associação com este.
De “tombamentos de áreas cujo panorama seja importante para populações que vivem nos arredores” tem-se o tombamento da Serra do Curral, em Belo Horizonte, no ano de 1958, resultado de um processo que optou por defender apenas uma parte da Serra, diretamente ligada ao principal eixo da cidade, a Avenida Afonso Pena.
O tombamento no Livro do Tombo Paisagístico levou em conta o valor da Serra para a cidade, e teve o valor de panorama, por sua vez, associada a identidade da cidade. 
É apenas no final da década de 60 que será possível perceber mudanças na concepção de paisagem, justamente pelo fato do tombamento de vastas áreas associadas à paisagem implicar na necessidade de preservação das mesmas e sua execução se revelar um problema para os técnicos do IPHAN.
Neste terceiro momento entram em cena os ‘conjuntos’ (a exemplo dos paisagísticos) e uma crescente inquietação originada no fim dos anos 60 e desenvolvendo-se durante a década de 70. Observa-se uma prioridade de inscrição de bens para o Livro do Tombo Histórico e um aumento no numero de inscrições no Livro do Tombo Arquitetônico, Etnográfico e Paisagístico (ênfase no tombamento de conjuntos e na ampliação dos critérios para tal). Da década de 70 será verificada uma mudança na abordagem, pelo IPHAN, da paisagem verificada pelo aumento da preocupação relacionada ao patrimônio natural. Por ultimo são analisadas algumas das experiências do Brasil junto da UNESCO na direção de atribuição de valor de patrimônio a partir de uma abordagem que valorize a paisagem.
No decorrer da década de 60, a cidade patrimônio passa a ser vista como testemunho da evolução da organização social, fazendo jus ao nome de “cidade histórica”. Assim, passa-se a incluir não mais apenas a ideia de monumentalidade e integridade arquitetônica, mas também os conjuntos modestos e triviais, associados, sobretudo, à historia da formação do território brasileiro.
Percebe-se um crescente número de inscrições de conjuntos, sobretudo urbanos, cujos valores incluem história e cultura, além da estética e da monumentalidade, todos reunidos através da categoria de paisagem, que permite a integração de elementos antes considerados de interesse menor. 
A crescente industrialização, a urbanização e a pressão imobiliária, trouxeram ao IPHAN a preocupação com a “gestão das cidades históricas”, mas o problema foi contornado por meio do Turismo e tombamento de grandes áreas (PARENT, 1968) Assim, a partir da década de 60, os conjuntos urbanos tiveram seu valor paisagístico reconhecido, diferente dos tombados pelo caráter histórico ou ligado às belas artes. 
Mais importante do que o valor arquitetônico ou histórico dos edifícios ou do conjunto, o que se pretende valorizar primeiro como patrimônio é seu aspecto de vestígio da relação do homem com o meio. Amplia-se a ideia de paisagem, onde se procura ver como constituidora do próprio bem, e não apenas como moldura. 
Exemplos: 
Natividade – TO (figura 10), onde o elemento natural que marca a paisagem e que se mistura à cidade diversas maneiras é a Serra. Já em São Francisco do Sul – SC (figura 11), é o mar.
Caso de Monte Santo – BA (figura 12): 25 capelas iniciadas em 1785 por um missionário capuccino que se estendem por um caminho de dois quilômetros pela serra. Processo de tombamento aberto em 1982.
Caso Serra da Barriga – AL (figura 13): local onde se localizou o Quilombo dos Palmares. Área de 2200 há proposta a ser tombada. O tombamento se justifica pelo valor simbólico e pelo sitio arqueológico, umas vez que o quilombo original foi completamente destruído. Processo de tombamento aberto em 1982.
Caso Porto Seguro – BA (figura 14) e Paraty – RJ (figura 15): tombamento por motivações exteriores do IPHAN, provenientes de decretos presidenciais em 1966 e 1973. Diferente de Ouro Preto, onde a única parte tombada é a cidade, Paraty e Porto Seguro foram tombados o município por completo, com o intuito de valorizar a área natural que circunda esses núcleos históricos.
Em 1930 e 1950 a preocupação com a preservação de áreas naturais recebe algumas ações oriundas de iniciativas externas à Instituição do IPHAN, ocorrendo em 1989 a criação do IBAMA, e consequentemente, diminuindo a pressão sobre o IPHAN em relação às ações voltadas para a preservação do patrimônio natural.
Em 1938 se deu o tombamento “Morros da Cidade do Rio de Janeiro” na cidade de Rio de Janeiro (figura 16), onde não teve nenhuma especificação ou delimitação de quais morros seriam tombados. O curioso é que sua inscrição foi realizada no Livro de Belas Artes e no Livro Histórico, mas não no Livro Arqueológico, Etnológico e Paisagístico. Os morros foram tombados por seu valor como monumentos naturais, por aquilo que representam enquanto símbolos para a cidade e o país. Trata-se da “paisagem-monumento”, da valorização de monumentos naturais que integram a paisagem de uma cidade.
Um documento produzido pelo IPHAN separa o patrimônio natural por: Sítios Naturais e Sítios alterados pelo homem, sendo pequeno no Brasil o número de bens naturais tombados.
Se considerarmos a categoria de paisagem cultural, devemos ressaltar características interativas entre o cultural e o natural, ou entre o material e o imaterial, abordando o sitio inteiro de uma maneira holística. Historicamente, a paisagem tem sido tratada muito mais a partir da ideia de panorama e vinculada a outros bens culturais, a partir dos quais é atribuído valor a ela.
Uma das principais aproximações com o tema paisagem cultural do Brasil com a UNESCO foi no caso da candidatura de Diamantina – MG na lista de patrimônio Mundial. O dossiê mencionava a paisagem cultural e a articulação da cidade com a Serra dos Cristais como uma estratégia de atribuição de valor. Essa associação foi realizada a partir de uma perspectiva que valoriza o natural apenas a partir do cultural. O resultado final de Diamantina (figura 17) mostrou a Serra dos Cristais quase com um entorno, ressaltando muito pouco as possíveis relações do homem com a natureza, o desafio de se construir uma cidade naquele ambiente natural especifico, patrimônio único na região e que se diferenciava de todas as outras cidades brasileiras.
Não há sítios brasileiros reconhecidos como paisagem cultural na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Atualmente, há ainda discussão acadêmica sobre o próprio conceito de paisagem. A paisagem cultural deve ser o bem em si, evitando cair no erro de percebê-la como o entorno ou ambiência para um sítio, ou para determinados elementos que tenham seu valor exaltado. É na possibilidade de valorização da integração entre material e imaterial, cultural e natural, entre outras, que reside a riqueza da abordagem do patrimônio através da paisagem cultural e é esse o aspecto que merece ser valorizado.
Foram propostas pela UNESCO três diferentes subcategorias de paisagem: paisagem evoluídaorganicamente, paisagem associativa, e paisagem claramente definida. Todas essas duvidas não nos devem impedir de iniciar o trabalho de reconhecimento e atribuição de valor de paisagens culturais no Brasil.
CONCLUSÃO
Tendo em vista a realização deste trabalho, que enfoca primordialmente a paisagem cultural e natural como patrimônio, é possível convergir alguns pontos. Depois de muitas leituras e pesquisa, deu-se conta de que o termo “paisagem natural” e toda sua abrangência acaba passando despercebido, na maior parte das vezes, não somente para os profissionais da área, mas especialmente para a população em geral. Temos conhecimento de que vários estudos de caso foram feitos a respeito, que existe o tombamento de fato, mas indo além da absorção de toda essa informação, o que tiramos de essência é a ideologia da real importância que esses termos tem para a história, inclusiva a do nosso país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender o capítulo sobre paisagem e patrimônio cultural no Brasil assim como todo o contexto da pesquisa e documentação relevada pelo autor no decorrer do livro é perceber as relações desenvolvidas ao longo de 76 anos de institucionalização do processo de identificação e proteção do patrimônio histórico e artístico nacional com a atribuição de valores a bens e o modo como cada tipo de tombamento é abordado nas várias esferas sociais. Nota-se que não são só as ações do Instituto é que sofreram transformações ao longo do tempo. A própria concepção de paisagem, em foco no terceiro capitulo, vai necessitar mudanças no modo como sua importância é analisada mediante a relação com o bem edificado, de maneira a reformular os critérios envolvendo qualquer tombamento mais especifico. É interessante salientar sobre a passagem no texto que revela a questão da afinidade ‘eletiva’ dos profissionais arquitetos compondo o corpo técnico da instituição com a hierarquização dos Livros do Tombo. O contexto aponta para uma construção do patrimônio feita a partir de uma perspectiva predominantemente estética o que nos possibilita então entender - mesmo sem concordar - como se sucederam as ações do IPHAN nos primeiros anos. A cidade está em constante transformação e fica claro o desafio que os profissionais envolvidos com a proteção do patrimônio, em suas várias esferas de ação, têm pela frente. Reformulações se farão necessárias, críticas levadas em conta e, sobretudo, adequações de princípios que deixem de lado a mera esteticidade para dar lugar ao que realmente seja de interesse público.
ANEXOS
Figura 01: Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Disponível em: <http://revistaplaneta.terra.com.br/media/images/large/2013/02/27/img-355791-sos-jardim-botanico.jpg>
Figura 02: Ilha de Boa Viagem
Disponível em: <http://conhecendoniteroi.files.wordpress.com/2008/11/parques-boaviagem.jpg>
Figura 03: Aldeia de Carapicuíba
 
Disponível em: <http://www.omb100.com/carapicuiba/userfiles/image/Aldeia.jpg>
Figura 04: Santuário de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinho 
Disponível em: <http://cronicasmacaenses.files.wordpress.com>
Figura 05: Pilar de Goiás
Disponível em: <http://grupotombamento.blogspot.com.br>
Figura 06:Casa e Colégio do Caraça
Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/ano01/0101c008l.jpg>
Figura 07: Santuário de Nossa Senhora da Piedade
Disponível em: <http://vejanomapa.com/Caete-santuario-nossa-senhora-da-piedade-minas-gerais>
Figura 08: Vista da Serra do Curral desde a Avenida Afonso Pena
Disponível em: <http://horizontebelo1.blogspot.com.br/2009/05/belo-horizonte-capital-de-minas-gerais.html>
Figura 09: Mineração na Serra do Curral
Disponível em: <http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/minas_ambiente.htm>
Figura 10: Natividade, TO
Disponível em: <http://profhistoria1.blogspot.com.br>
Figura 11: São Francisco do Sul, SC
Disponível em: <http://ernestosaothiago.blogspot.com.br>
Figura 12: Monte Santo, BA
Disponível em: <http://www.tcm.ba.gov.br>
Figura 13: Serra da Barriga, AL
Disponível em: <http://umdireitoquerespeite.blogspot.com.br>
Figura 14: Porto Seguro, BA
Disponível em: <http://www.viajaresimples.com.br>
Figura 15: Paraty, RJ
Disponível em: <http://maureliomello.blogspot.com.br/DoLaDoDeLá>
Figura 16: Rio de Janeiro, RJ
Disponível em: <http://blog.groupon.com.br>
Figura 17: Diamantina, MG
Disponível em: <http://www.261studio.com>
¹Titulação de conjunto paisagístico visando valorizar o entorno da cidade e dar ao IPHAN meios de fiscalização de uma área além do centro urbano.

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