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1 XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Benefícios da Fisioterapia em Pacientes com Depressão Nathalia Vilanova da Silva Discente do Curso Fisioterapia Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá nathy_especiais@hotmail.com Fabiana Regina Henriques Docente do Curso de Fisioterapia Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá henriques.fabiana@yahoo.com.br Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee. Linha de pesquisa: Fisioterapia Neurofuncional, adulto e infantil. Apresentação: Oral. Resumo: O presente artigo aborda sobre as contribuições da fisioterapia no tratamento de doenças psíquicas. Este estudo objetivou mostrar os benefícios que a fisioterapia pode proporcionar no tratamento de pacientes com diagnóstico de depressão, tanto no processo de reabilitação como na prevenção, considerando uma visão holística do paciente, corpo, mente e interação social. A pesquisa de abordagem qualitativa apresenta uma revisão bibliográfica acerca da fisioterapia e das doenças mentais, mais especificamente da depressão, feita através de livros acadêmicos, artigos científicos e dados da OMS – Organização Mundial da Saúde. Os resultados mostraram que a fisioterapia contribui de forma positiva no processo de reabilitação dos pacientes que sofrem com a depressão, utilizando- se de protocolos fisioterapêuticos específicos que trabalhem a atividade psicomotora e relaxamentos, por exemplo. Entretanto, vimos que a área ainda é pouco estudada, sendo necessário uma melhor integração do profissional fisioterapeuta ampliando sua atuação na área de saúde mental junto a equipes multidisciplinares. Palavras-chave: Fisioterapia; Depressão; Saúde mental. Abstract: This article deals with the contributions of physiotherapy in the treatment of psychic diseases. This study aimed to show the benefits that physical therapy can provide in the treatment of patients diagnosed with depression, both in the mailto:henriques.fabiana@yahoo.com.br 2 rehabilitation process and in prevention, considering a holistic view of the patient, body, mind and social interaction. The qualitative research presents a bibliographical review about physiotherapy and mental illness, more specifically depression, made through academic books, scientific articles and data from WHO - World Health Organization. The results showed that physiotherapy contributes positively. in the rehabilitation process of patients suffering from depression, using specific physical therapy protocols that work on psychomotor activity and relaxation, for example. However, we saw that the area is still poorly studied, requiring better integration of the professional physical therapist expanding their work in the area of mental health with multidisciplinary teams. Key-words: Physiotherapy; Depression; Mental Health. 1. Introdução O presente trabalho aborda sobre a atuação da fisioterapia na área da saúde mental, mais precisamente em relação ao tratamento de depressão, que atualmente é considerada um “mal do século” pelo fato de muitas pessoas terem esse diagnóstico, e de doenças associadas. Segundo Barbosa e Silva (2013) “prevê-se que a depressão passará do quarto lugar, que ocupava em 1990, para o segundo lugar em 2020, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares” (BARBOSA & SILVA, 2013, p.13). Com base nessas informações, pode-se perceber o quanto essa doença vem se agravando e como é importante um acompanhamento e tratamento nas diferentes áreas da saúde. A escassez de estudos na área, a pouca inserção dessa categoria profissional nos serviços de saúde mental, e o não reconhecimento desse profissional pela equipe de Saúde Mental, demonstram a necessidade de estudos que discutam as possíveis abordagens da fisioterapia na saúde mental (BARBOSA; SILVA, 2013 p.13). Para a elaboração deste trabalho foram feitas pesquisas em livros e artigos científicos, trazendo informações importantes para o estudo dessa área que interliga Fisioterapia e Depressão pouco enfatizada pela sociedade. Entretanto, o assunto tem recebido uma atenção a mais devido ao aumento do número de casos no decorrer dos anos, o que vem contribuindo para ampliar a visão da sociedade sobre a importância de explorar as diversas áreas da saúde em prol da saúde mental dos indivíduos. De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a Fisioterapia tem sido cada vez mais importante na atuação junto a pacientes com transtornos mentais e também para a equipe, pois proporciona ao paciente a aprimoração motora e funcional, fazendo com que seus aspectos físicos sejam preservados e dessa forma, tenha um avanço no tratamento, bem como em sua qualidade de vida. A depressão afeta um número cada vez maior de pessoas, tendo status de uma das doenças mais frequentes na atualidade, trazendo dor, sofrimento tanto ao paciente, como suas respectivas famílias, gerando um desequilíbrio na estrutura familiar e nas relações interpessoais (MELO et al., 2011, p. 31). O tema “saúde mental” é pouco enfatizado na área da Fisioterapia, por essa razão acreditamos que seja de grande importância apresentar com base em 3 estudos existentes o quanto essa área pode ser benéfica para o tratamento e até mesmo a cura do indivíduo que sofre de depressão. A outra relevância do tema se justifica pela contribuição e aprimoramento das práticas do fisioterapeuta que pode acompanhar casos clínicos com diferentes patologias e sua prática poderá colaborar para o bem e a integridade da saúde, tanto física quanto mental, visto que ambas andam lado a lado. A Fisioterapia pode contribuir muito para as demandas sociais da área de saúde, pois oferece, além do tratamento fisioterapêutico, a possibilidade de enxergar o paciente forma holística através de seu trabalho conjunto com equipes multidisciplinares. 2. Objetivos O presente estudo tem como objetivo geral apresentar a atuação da Fisioterapia na saúde mental e os benefícios que ela pode trazer para o tratamento da depressão, uma doença que tem se tornado cada vez mais frequente entre as pessoas. Os objetivos específicos compreendem: analisar o quanto a área da fisioterapia pode ser explorada com diversas técnicas para o tratamento do paciente portador do distúrbio mental; mostrar o quanto a fisioterapia pode contribuir para a saúde tanto física como psicológica dos pacientes; e, por fim, mostrar o quanto pode ser satisfatório trabalhar em conjunto com a equipe da área da saúde mental, em busca de resultados positivos para o tratamento dos pacientes. 3. Depressão Segundo Humes (2016) a depressão não é necessariamente sinônimo de tristeza, assim como a população e até alguns médicos acreditam ser, o que acaba fazendo com que as pessoas assimilem apenas esse sintoma com a doença, e não analisa o indivíduo em outros aspectos também importantes. Alguns pacientes podem até mesmo não apresentar um quadro de tristeza e ainda assim estar com depressão. O quadro depressivo se caracteriza por uma síndrome com sintomas desde afetivos, até cognitivos e fisiológicos, obtendo assim um conjunto variável de sintomas que cada indivíduo pode apresentar de forma similar ou diferente, e a doença pode estar presente tanto de forma isolada, episódio depressivo, crônica, persistente e também pode ser associada com outros transtornos mentais. Há uma grande prevalência de sintomas depressivos ao longo da vida o que faz algumas pessoas com falta de informação pensarem que todos terão esse episódio depressivo em algum momento, porém para se caracterizar um episódio depressivo, normalmente a pessoa tem um quadro de sintomas presentes por um tempo de pelo menos quinze dias para que se possa obter um diagnóstico mais eficaz. Segundo Humes (2016): Mulheres apresentam um risco mais elevado para o desenvolvimento da depressão, entre 1,5 e 3 vezessuperior aos homens. Os sintomas podem se iniciar em qualquer momento da vida, com pico de incidência de primeiro episódio entre 20 e 30 anos de idade. (HUMES, 2016, p. 57) 4 A depressão é uma síndrome psiquiátrica que apresenta etiologia multifatorial, tendo papéis centrais de genética, ambientais, impacto do temperamento e história de vida. Antes do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a depressão apresentava divisões, sendo elas depressão endógena, que teria alta carga biológica e também secundária a causa biológica, e a depressão reativa que teria um menor impacto de vulnerabilidade biológica e maior impacto de vulnerabilidade ambiental. Ainda assim, os marcadores biológicos pesquisados nos últimos anos sugerem que essa divisão não é adequada, sendo dessa forma, observados marcadores biológicos similares entre pacientes com depressões endógenas e reativas. Alguns dos principais marcadores biológicos são: variabilidade cardíaca, índices de adesividade plaquetária, codificações genéticas de receptores serotoninérgicos, medicações de neuroimagem e dosagens hormonais. 3.1. Sinais e Sintomas Segundo Vigueiras (2014) a depressão é o estado psicológico reduzido que tem associação com frequência de sentimento de tristeza, insatisfação, invalidez, desmotivação, entre outros. É normal a pessoa se sentir triste algumas vezes, mas quando esse sentimento persiste em por semanas, meses e até anos, ela acaba causando uma desordem emocional e psicológica que leva a depressão. Seu diagnóstico é realizado através de profissionais da saúde especializados no assunto, e se dá através das características clínicas que evidenciam as alterações de humor vitais, afetando sua saúde mental diretamente. O diagnóstico é importante para que a tristeza normal do ser humano não seja confundida com a depressão, até porque é comum que a pessoa tenha esse sentimento por algum acontecimento ou motivo em sua vida. A doença apresenta alguns sintomas bem característicos relacionados a dor e a história de vida, porém estes são frequentes e não apresentam melhora sem intervenção no caso de uma pessoa depressiva. Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) a depressão é um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com ele. A condição é diferente em cada indivíduo, tratando-se de humor, crises e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. Especialmente quando é de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola, em meio familiar, relação com o (a) parceiro (a) e no seu ciclo de amizades, implicando diretamente na sua vida pessoal, profissional, e social. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, o que infelizmente tem se tornado cada vez mais frequente nos dias atuais. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano - sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave, dependendo da intensidade dos sintomas para cada pessoa. Um indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, porém sem grande prejuízo ao funcionamento global. Já durante um episódio depressivo grave, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou 5 domésticas. A OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimento de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço e falta de concentração. (AGÊNCIA BRASIL, 2013, p.1.) Assim, vimos a importância de obtermos cada vez mais informações sobre esta doença que faz tantas pessoas sofrerem. As informações são importantes para que possamos prevenir ou tratar através das diferentes especialidades da área da saúde disponíveis. 3.2. Diagnóstico e Tratamento Segundo Humes (2016) o diagnóstico da depressão é feito através de uma entrevista com o paciente no ato da consulta e quando necessário são feitos também exames laboratoriais para avaliar as condições mais prevalentes que podem modificar o quadro e qual tipo de terapia se aplica, interventiva ou medicamentosa. É comum serem solicitados exames como: hemograma completo e função tireoidiana, que pode ser complementada com vitamina B12 e ácido fólico pelo fato destas carências poderem atrapalhar no uso e nas respostas dos antidepressivos. Cada paciente obtém um diagnóstico individualizado, cabendo ao profissional pedir exames complementares ou não, e, quando necessário realizar uma investigação mais detalhada do quadro clínico do paciente. Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) existem tratamentos eficazes para depressão moderada e grave. Os profissionais de saúde podem oferecer tratamentos psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal ou prescrição por psiquiatras de medicamentos antidepressivos. Os profissionais da saúde devem ainda ter o conhecimento sobre os efeitos adversos associados aos antidepressivos e a possibilidade de oferecer um outro tipo de intervenção por conhecimentos técnicos ou pela demanda particular do tratamento em questão. Entre os diferentes tratamentos psicológicos a serem considerados estão os individuais ou em grupo, realizados por profissionais. Os tratamentos visam o melhor para cada paciente, pois como mencionamos anteriormente cada paciente tem um grau de depressão e consequentemente sente de formas diferentes depressões leves, moderadas ou graves. Na fase aguda da doença é muito comum serem prescritos antidepressivos, medicamentos que aumentam os neurotransmissores nas fendas sinápticas, nomeadamente a serotonina e a noradrenalina. Existem diversas classes de antidepressivos, pelo que a sua escolha deve ser feita tendo em conta o perfil do doente, tanto a nível fisiológico como a nível socioeconómico. Contudo, os tratamentos existentes apresentam muitas falhas sendo necessária a pesquisa de terapias mais eficazes e com um início de ação mais rápido. (FERNANDES, 2014, p. 5) Assim, vimos que o tratamento da depressão em geral pode ser tanto medicamentoso como clínico. Com isso destacamos a importância da equipe multidisciplinar para o tratamento do paciente como um todo, a fim de auxiliar 6 não apenas na depressão, mas também com no intuito de evitar doenças associadas ou doenças que possam ser desencadeadas decorrentes da depressão. 4. Fisioterapia e Saúde Mental De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a participação de profissionais ligados ao corpo, como os fisioterapeutas têm se tornado cada vez mais necessário na atuação da saúde mental para tratamentos terapêuticos com foco em minimizar alterações corporais que os portadores de transtornos mentais apresentam, embora o estudo nessa área ainda seja pouco explorado. A literatura traz que dentro das manifestações clínicas de algumas doenças mentais ocorrem alterações na estrutura corporal, tais como dificuldade em realizar determinados movimentos, tensões e rigidez musculares, alterações posturais, alteração no padrão respiratório, entre outros. As alterações podem ser tanto devido ao transtorno mental em si, como dos medicamentos psicoterápicos utilizados para o tratamento, interferindo diretamente nas atividades de vida diária e até mesmo na vida pessoal do paciente. A fisioterapia possui algumas intervenções que podem auxiliar no tratamento que contribuem para saúde do indivíduo, aprimorando a funcionalidade motora e reestruturação dos aspectos físicos no processo de reabilitação, favorecendo a melhora de relaçãoe interação entre os pacientes. Desta forma, podemos destacar a importância da atuação da fisioterapia em diversos campos da saúde, inclusive na área da saúde mental. Segundo Barbosa e Silva (2013) com base em estudos realizados, foi possível observar a importância da atividade física e o papel da fisioterapia nos transtornos mentais. A Fisioterapia tem como finalidade restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente, tendo em vista que as substâncias dos medicamentos ministrados para tratamentos fisioterapêuticos ou psiquiátricos podem causar diversos efeitos colaterais, assim como os hábitos de vida do paciente devido a doença, comprometendo diretamente na capacidade funcional. Além dos benefícios já citados, a fisioterapia também é capaz de melhorar a marcha, o equilíbrio, a propriocepção, a postura, a consciência corporal e, também a socialização do paciente através de terapias realizadas. [...]a Organização de Fisioterapia em Saúde Mental recomenda que os fisioterapeutas sejam treinados para reconhecer e tratar adequadamente os sintomas de doença mental grave, e que a fisioterapia como tratamento complementar pode melhorar a saúde física, mental e a qualidade de vida. (MATAMOROS et al., 2012 apud BARBOSA E SILVA, 2013, p. 25) A seguir abordaremos de forma específica os recursos da Fisioterapia para o tratamento da depressão, ressaltando suas contribuições e importância. 4.1. Recursos da Fisioterapia para o tratamento da Depressão De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) através de estudos realizados em pacientes que se encontravam em internação psiquiátrica com 7 quadro grave de depressão e outros transtornos mentais, pode se verificar a eficácia de dois protocolos fisioterápicos, sendo um específico para atividade psicomotora, treino de força e exercícios de resistência aeróbica, e o outro protocolo voltado para atividades físicas de um modo geral e também relaxamentos. Depois de obter os resultados dos protocolos foi realizada uma comparação entre ambos, onde mostrou uma melhora significativa em relação aos pacientes, entre elas citamos: a autoestima, imagem corporal, força muscular, um melhor desempenho cardiovascular e, também a melhora dos sintomas da depressão. Observou-se que as sessões de fisioterapia com pacientes portadores de sofrimentos psíquicos, proporcionaram mudanças em relação ao aspecto emocional, expressão verbal, socialização, dores musculares, e sentimentos de angústia com a inclusão de exercícios da terapia bioenergética. Os exercícios de alongamento e relaxamento também melhoraram os níveis de ansiedade e favoreceram a qualidade do sono dos pacientes. Desta forma, a fisioterapia mostra através de sua prática quão significativa ela é para a reabilitação de pacientes portadores de transtornos mentais. Os recursos terapêuticos utilizados nas sessões de fisioterapia compreendem técnicas de expressão corporal, exercícios de cinesioterapia, exercícios posturais, relaxamento muscular, massagem terapêutica e atividades de interação, ao fim de cada sessão uma dinâmica verbal entre os pacientes pode ser aplicada com a finalidade de interação entre eles. Ao decorrer do tratamento, são observadas as dificuldades dos pacientes em determinado aspecto, e com base nisso é traçado novos objetivos, sendo eles mais específicos para o tratamento dos pacientes, tais como: melhora da funcionalidade motora, promoção do relaxamento, desenvolvimento da consciência e expressão corporal, estimulo do contato corporal e a interação entre os pacientes. A compreensão dos aspectos psicológicos envolvidos no processo de reabilitação é fundamental nas tarefas específicas da fisioterapia, já que reabilitar é atingir os resultados plenos, ou seja, é atender o paciente em suas necessidades físicas, psicossociais e emocionais. (LIMA, 2012, p.58) Dessa forma cada paciente é profundamente modificado pelo meio em que ele está, com o grupo do qual ele participa e convive, e, a partir daí, cria significados para o seu mundo pessoal. 5. Materiais e Métodos O trabalho compreende uma revisão bibliográfica, utilizando-se de informações disponíveis em livros acadêmicos, artigos científicos e dados da OMS – Organização Mundial de Saúde que abordam sobre a fisioterapia e os benefícios para a saúde mental, mais especificamente para o tratamento da depressão. Para tanto foi realizada uma pesquisa de Abordagem Qualitativa que se fundamenta em dados coletados nas interações interpessoais, na coparticipação das situações dos informantes, analisadas com base teórica buscando significação. Em pesquisas de Abordagem Qualitativa “o pesquisador participa, compreende e interpreta” (CHIZZOTTI, 2000, p.52). A pesquisa qualitativa propicia a utilização de métodos que auxiliem a uma 8 visão mais abrangente dos problemas, pois supõe o contato direto com o objeto de análise e um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade. Segundo Denzin e Lincoln (2006) a pesquisa qualitativa é um conjunto de atividades práticas e interpretativas que dão visibilidade ao mundo uma vez que cabe ao pesquisador apresentar o entendimento e/ou interpretação dos fenômenos a partir dos significados que as pessoas atribuíram a ele. Conforme destaca os autores: A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos - estudo de caso; experiência pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e produções culturais; textos observacionais, históricos, interativos e visuais — que descrevem momentos e significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos. Portanto, os pesquisadores dessa área utilizam uma ampla variedade de práticas interpretativas interligadas, na esperança de sempre conseguirem compreender melhor o assunto que está ao seu alcance. (DENZIN E LINCOLN, 2006, p.17). Assim, o método adotado viabiliza o esclarecimento de conceitos, teorias e técnicas que tangem o universo fisioterapêutico e seus benefícios para o tratamento da depressão possibilitando análise das informações e compreensão dos pontos temáticos propostos nesta pesquisa pelos leitores. 6. Resultados e Discussão Conforme informações obtidas na revisão bibliográfica apresentadas neste artigo, a aplicação de intervenções fisioterapêuticas em pacientes depressivos proporciona mudanças significativas em relação ao aspecto emocional, a expressão verbal, ao processo de socialização e a redução dos sentimentos de angústia, por exemplo. Os principais autores que fundamentaram a temática deste artigo são apresentados abaixo com um breve resumo de suas considerações acerca dos benefícios da Fisioterapia na área da saúde mental. Autores Considerações Teóricas SILVA, Soraya Batista da; PEDRÃO, Luiz Jorge; MIASSO, Adriana Inocenti. (2012) A Fisioterapia contribui, minimizando os comprometimentos corporais causados pelos transtornos mentais, promove benefícios físicos e psíquicos, favorece a interação e as possibilidades de reabilitação psicossocial. BARBOSA, Érika Guerrieri; SILVA, Edilene. (2018) A fisioterapia pode promover respostas satisfatórias para o tratamento dos pacientes de saúde mental. Atua melhorando a marcha, equilíbrio, postura, consciência corporal, propriocepção, socialização do paciente através de grupos 9 HUMES; VIEIRA, JUNIOR (2016) Descreve a importância de atividades físicas como por exemplo atividades aeróbicas para colaborar no tratamento de doenças psiquiátricas e aponta, entre outras intervenções fisioterapêuticas, a estimulação magnética transcraniana que pode proporcionar alterações dos efeitos psicofisiológicos. Fonte: Autora Os exercícios de alongamento e relaxamento também melhoraram os níveis de ansiedade e favoreceram a qualidade do sono dos pacientes, sintomas estes também característicos da depressão. Desta forma, a fisioterapia mostraatravés de sua prática quão significativa ela é para a reabilitação de pacientes portadores de transtornos mentais. Vimos que, os pacientes necessitam ser vistos de maneira holística, pois alterações físicas podem influenciar aspectos emocionais e alterações emocionais podem influenciar aspectos físicos. Nesse sentido a saúde do indivíduo está relacionada ao equilíbrio físico, mental e social, equilíbrio este que a Fisioterapia possui instrumentos e práticas que podem contribuir para o desenvolvimento do indivíduo, para o tratamento ou prevenção de doenças. 7. Considerações Finais Com base nos dados obtidos nesta pesquisa pode-se verificar a importância da inserção do profissional fisioterapeuta na equipe multidisciplinar da saúde mental, e os benefícios apresentados tanto para o paciente quanto para a atuação do Fisioterapeuta, que tem a oportunidade de aprimorar sua capacidade de atuação na área da saúde, área que acomete tantas pessoas nos dias atuais, e portanto, sendo necessária uma equipe de profissionais que possam reabilitar o paciente, e prevenir de possíveis comprometimentos associados as doenças físicas e mentais. A fisioterapia tem como objetivo de tratamento a reabilitação tanto mental quanto corporal, ou seja, a conduta é realizada no intuito de proporcionar a interação da mente com o corpo, fazendo com que o paciente tenha uma melhor compreensão corporal e perceptiva sobre si mesmo. A fisioterapia permite que o indivíduo seja capaz de descobrir suas capacidades físicas e mentais de forma holística, ajudando-o na integração social e intelectual, bem como no desenvolvimento da autoconfiança. Apesar de ser uma área ainda escassa, vimos que o tratamento fisioterapêutico apresenta resultados significativos para os pacientes em tratamento da depressão e contribui de forma direta para a evolução do mesmo. No entanto, é fundamental que esse assunto seja mais abordado e até mesmo mais estudado para disseminar informações em prol de tratamentos que beneficiem o paciente depressivo de forma mais abrangente. 10 8. Referências ASSIS, Rodrigo Deamo. Condutas práticas em fisioterapia neurológica. São Paulo: Manole Ltda, 2012. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br/#/. Acesso em: 29 ago. 2019. BAHLS, Saint-Clair. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021- 75572002000500004. 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Atividade física e depressão: os benefícios da atividade física como complemento no tratamento da depressão nos pacientes do centro de atenção psicossocial de Altamira – PA – CAPSI. Disponível em: https://paginas.uepa.br/casqv/anais/pdf/Anais_II.pdf#page=32 Acesso em: 20 nov. de 2018 LADEM. OMS: Doenças mentais e neurológicas atingem cerca de 700 milhões de pessoas, alerta OMS. Disponível em: https://www.ufjf.br/ladem/2013/05/22/oms-doencas-mentais-e-neurologicas- atingem-cerca-de-700-milhoes-de-pessoas-alerta-oms/. Acesso em: 15 nov. de 2018. OPAS BRASIL. Folha informativa: depressão. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=563 5:folha-informativa-depressao&Itemid=1095. Acesso em: 23 out. de 2018 SILVA, Soraya Batista da; PEDRÃO, Luiz Jorge; MIASSO, Adriana Inocenti. O Impacto da fisioterapia na reabilitação psicossocial de portadores de transtornos mentais. 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