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XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS 
DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ 
 
Benefícios da Fisioterapia em Pacientes com Depressão 
 
Nathalia Vilanova da Silva 
Discente do Curso Fisioterapia 
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá 
nathy_especiais@hotmail.com 
 
Fabiana Regina Henriques 
Docente do Curso de Fisioterapia 
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá 
henriques.fabiana@yahoo.com.br 
 
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee. 
 
 
Linha de pesquisa: Fisioterapia Neurofuncional, adulto e infantil. 
 
Apresentação: Oral. 
 
Resumo: 
 
O presente artigo aborda sobre as contribuições da fisioterapia no tratamento de 
doenças psíquicas. Este estudo objetivou mostrar os benefícios que a fisioterapia 
pode proporcionar no tratamento de pacientes com diagnóstico de depressão, 
tanto no processo de reabilitação como na prevenção, considerando uma visão 
holística do paciente, corpo, mente e interação social. A pesquisa de abordagem 
qualitativa apresenta uma revisão bibliográfica acerca da fisioterapia e das 
doenças mentais, mais especificamente da depressão, feita através de livros 
acadêmicos, artigos científicos e dados da OMS – Organização Mundial da 
Saúde. Os resultados mostraram que a fisioterapia contribui de forma positiva no 
processo de reabilitação dos pacientes que sofrem com a depressão, utilizando-
se de protocolos fisioterapêuticos específicos que trabalhem a atividade 
psicomotora e relaxamentos, por exemplo. Entretanto, vimos que a área ainda é 
pouco estudada, sendo necessário uma melhor integração do profissional 
fisioterapeuta ampliando sua atuação na área de saúde mental junto a equipes 
multidisciplinares. 
 
Palavras-chave: Fisioterapia; Depressão; Saúde mental. 
 
 
 
Abstract: 
 
This article deals with the contributions of physiotherapy in the treatment of 
psychic diseases. This study aimed to show the benefits that physical therapy 
can provide in the treatment of patients diagnosed with depression, both in the 
 
mailto:henriques.fabiana@yahoo.com.br
2 
rehabilitation process and in prevention, considering a holistic view of the patient, 
body, mind and social interaction. The qualitative research presents a 
bibliographical review about physiotherapy and mental illness, more specifically 
depression, made through academic books, scientific articles and data from WHO 
- World Health Organization. The results showed that physiotherapy contributes 
positively. in the rehabilitation process of patients suffering from depression, 
using specific physical therapy protocols that work on psychomotor activity and 
relaxation, for example. However, we saw that the area is still poorly studied, 
requiring better integration of the professional physical therapist expanding their 
work in the area of mental health with multidisciplinary teams. 
 
Key-words: Physiotherapy; Depression; Mental Health. 
 
1. Introdução 
 
O presente trabalho aborda sobre a atuação da fisioterapia na área da 
saúde mental, mais precisamente em relação ao tratamento de depressão, que 
atualmente é considerada um “mal do século” pelo fato de muitas pessoas terem 
esse diagnóstico, e de doenças associadas. Segundo Barbosa e Silva (2013) 
“prevê-se que a depressão passará do quarto lugar, que ocupava em 1990, para 
o segundo lugar em 2020, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares” 
(BARBOSA & SILVA, 2013, p.13). Com base nessas informações, pode-se 
perceber o quanto essa doença vem se agravando e como é importante um 
acompanhamento e tratamento nas diferentes áreas da saúde. 
 
A escassez de estudos na área, a pouca inserção dessa categoria 
profissional nos serviços de saúde mental, e o não reconhecimento 
desse profissional pela equipe de Saúde Mental, demonstram a 
necessidade de estudos que discutam as possíveis abordagens da 
fisioterapia na saúde mental (BARBOSA; SILVA, 2013 p.13). 
 
Para a elaboração deste trabalho foram feitas pesquisas em livros e artigos 
científicos, trazendo informações importantes para o estudo dessa área que 
interliga Fisioterapia e Depressão pouco enfatizada pela sociedade. Entretanto, 
o assunto tem recebido uma atenção a mais devido ao aumento do número de 
casos no decorrer dos anos, o que vem contribuindo para ampliar a visão da 
sociedade sobre a importância de explorar as diversas áreas da saúde em prol 
da saúde mental dos indivíduos. 
De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a Fisioterapia tem sido cada 
vez mais importante na atuação junto a pacientes com transtornos mentais e 
também para a equipe, pois proporciona ao paciente a aprimoração motora e 
funcional, fazendo com que seus aspectos físicos sejam preservados e dessa 
forma, tenha um avanço no tratamento, bem como em sua qualidade de vida. 
 
A depressão afeta um número cada vez maior de pessoas, tendo status 
de uma das doenças mais frequentes na atualidade, trazendo dor, 
sofrimento tanto ao paciente, como suas respectivas famílias, gerando 
um desequilíbrio na estrutura familiar e nas relações interpessoais 
(MELO et al., 2011, p. 31). 
 
O tema “saúde mental” é pouco enfatizado na área da Fisioterapia, por essa 
razão acreditamos que seja de grande importância apresentar com base em 
3 
estudos existentes o quanto essa área pode ser benéfica para o tratamento e até 
mesmo a cura do indivíduo que sofre de depressão. A outra relevância do tema 
se justifica pela contribuição e aprimoramento das práticas do fisioterapeuta que 
pode acompanhar casos clínicos com diferentes patologias e sua prática poderá 
colaborar para o bem e a integridade da saúde, tanto física quanto mental, visto 
que ambas andam lado a lado. 
A Fisioterapia pode contribuir muito para as demandas sociais da área de 
saúde, pois oferece, além do tratamento fisioterapêutico, a possibilidade de 
enxergar o paciente forma holística através de seu trabalho conjunto com 
equipes multidisciplinares. 
 
2. Objetivos 
 
 O presente estudo tem como objetivo geral apresentar a atuação da 
Fisioterapia na saúde mental e os benefícios que ela pode trazer para o 
tratamento da depressão, uma doença que tem se tornado cada vez mais 
frequente entre as pessoas. 
Os objetivos específicos compreendem: analisar o quanto a área da 
fisioterapia pode ser explorada com diversas técnicas para o tratamento do 
paciente portador do distúrbio mental; mostrar o quanto a fisioterapia pode 
contribuir para a saúde tanto física como psicológica dos pacientes; e, por fim, 
mostrar o quanto pode ser satisfatório trabalhar em conjunto com a equipe da 
área da saúde mental, em busca de resultados positivos para o tratamento dos 
pacientes. 
 
3. Depressão 
 
Segundo Humes (2016) a depressão não é necessariamente sinônimo de 
tristeza, assim como a população e até alguns médicos acreditam ser, o que 
acaba fazendo com que as pessoas assimilem apenas esse sintoma com a 
doença, e não analisa o indivíduo em outros aspectos também importantes. 
Alguns pacientes podem até mesmo não apresentar um quadro de tristeza e 
ainda assim estar com depressão. O quadro depressivo se caracteriza por uma 
síndrome com sintomas desde afetivos, até cognitivos e fisiológicos, obtendo 
assim um conjunto variável de sintomas que cada indivíduo pode apresentar de 
forma similar ou diferente, e a doença pode estar presente tanto de forma 
isolada, episódio depressivo, crônica, persistente e também pode ser associada 
com outros transtornos mentais. 
Há uma grande prevalência de sintomas depressivos ao longo da vida o 
que faz algumas pessoas com falta de informação pensarem que todos terão 
esse episódio depressivo em algum momento, porém para se caracterizar um 
episódio depressivo, normalmente a pessoa tem um quadro de sintomas 
presentes por um tempo de pelo menos quinze dias para que se possa obter um 
diagnóstico mais eficaz. 
Segundo Humes (2016): 
 
Mulheres apresentam um risco mais elevado para o desenvolvimento 
da depressão, entre 1,5 e 3 vezessuperior aos homens. Os sintomas 
podem se iniciar em qualquer momento da vida, com pico de incidência 
de primeiro episódio entre 20 e 30 anos de idade. (HUMES, 2016, p. 
57) 
4 
 
A depressão é uma síndrome psiquiátrica que apresenta etiologia 
multifatorial, tendo papéis centrais de genética, ambientais, impacto do 
temperamento e história de vida. Antes do Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais, a depressão apresentava divisões, sendo elas depressão 
endógena, que teria alta carga biológica e também secundária a causa biológica, 
e a depressão reativa que teria um menor impacto de vulnerabilidade biológica 
e maior impacto de vulnerabilidade ambiental. Ainda assim, os marcadores 
biológicos pesquisados nos últimos anos sugerem que essa divisão não é 
adequada, sendo dessa forma, observados marcadores biológicos similares 
entre pacientes com depressões endógenas e reativas. Alguns dos principais 
marcadores biológicos são: variabilidade cardíaca, índices de adesividade 
plaquetária, codificações genéticas de receptores serotoninérgicos, medicações 
de neuroimagem e dosagens hormonais. 
 
3.1. Sinais e Sintomas 
 
Segundo Vigueiras (2014) a depressão é o estado psicológico reduzido que 
tem associação com frequência de sentimento de tristeza, insatisfação, invalidez, 
desmotivação, entre outros. É normal a pessoa se sentir triste algumas vezes, 
mas quando esse sentimento persiste em por semanas, meses e até anos, ela 
acaba causando uma desordem emocional e psicológica que leva a depressão. 
Seu diagnóstico é realizado através de profissionais da saúde especializados no 
assunto, e se dá através das características clínicas que evidenciam as 
alterações de humor vitais, afetando sua saúde mental diretamente. O 
diagnóstico é importante para que a tristeza normal do ser humano não seja 
confundida com a depressão, até porque é comum que a pessoa tenha esse 
sentimento por algum acontecimento ou motivo em sua vida. A doença apresenta 
alguns sintomas bem característicos relacionados a dor e a história de vida, 
porém estes são frequentes e não apresentam melhora sem intervenção no caso 
de uma pessoa depressiva. 
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) a depressão é 
um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 milhões de 
pessoas sofram com ele. A condição é diferente em cada indivíduo, tratando-se 
de humor, crises e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da 
vida cotidiana. Especialmente quando é de longa duração e com intensidade 
moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde. 
Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, 
na escola, em meio familiar, relação com o (a) parceiro (a) e no seu ciclo de 
amizades, implicando diretamente na sua vida pessoal, profissional, e social. Na 
pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, o que infelizmente tem 
se tornado cada vez mais frequente nos dias atuais. Cerca de 800 mil pessoas 
morrem por suicídio a cada ano - sendo essa a segunda principal causa de morte 
entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. 
Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou 
grave, dependendo da intensidade dos sintomas para cada pessoa. Um 
indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar 
um trabalho simples e atividades sociais, porém sem grande prejuízo ao 
funcionamento global. Já durante um episódio depressivo grave, é improvável 
que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou 
5 
domésticas. 
A OMS define depressão como um transtorno mental comum, 
caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, 
oscilações entre sentimento de culpa e baixa autoestima, além de 
distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço 
e falta de concentração. (AGÊNCIA BRASIL, 2013, p.1.) 
 
 Assim, vimos a importância de obtermos cada vez mais informações 
sobre esta doença que faz tantas pessoas sofrerem. As informações são 
importantes para que possamos prevenir ou tratar através das diferentes 
especialidades da área da saúde disponíveis. 
 
3.2. Diagnóstico e Tratamento 
 
Segundo Humes (2016) o diagnóstico da depressão é feito através de uma 
entrevista com o paciente no ato da consulta e quando necessário são feitos 
também exames laboratoriais para avaliar as condições mais prevalentes que 
podem modificar o quadro e qual tipo de terapia se aplica, interventiva ou 
medicamentosa. É comum serem solicitados exames como: hemograma 
completo e função tireoidiana, que pode ser complementada com vitamina B12 
e ácido fólico pelo fato destas carências poderem atrapalhar no uso e nas 
respostas dos antidepressivos. Cada paciente obtém um diagnóstico 
individualizado, cabendo ao profissional pedir exames complementares ou não, 
e, quando necessário realizar uma investigação mais detalhada do quadro clínico 
do paciente. 
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) existem 
tratamentos eficazes para depressão moderada e grave. Os profissionais de 
saúde podem oferecer tratamentos psicológicos, como ativação 
comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal 
ou prescrição por psiquiatras de medicamentos antidepressivos. Os profissionais 
da saúde devem ainda ter o conhecimento sobre os efeitos adversos associados 
aos antidepressivos e a possibilidade de oferecer um outro tipo de intervenção 
por conhecimentos técnicos ou pela demanda particular do tratamento em 
questão. Entre os diferentes tratamentos psicológicos a serem considerados 
estão os individuais ou em grupo, realizados por profissionais. Os tratamentos 
visam o melhor para cada paciente, pois como mencionamos anteriormente cada 
paciente tem um grau de depressão e consequentemente sente de formas 
diferentes depressões leves, moderadas ou graves. 
 
Na fase aguda da doença é muito comum serem prescritos 
antidepressivos, medicamentos que aumentam os neurotransmissores 
nas fendas sinápticas, nomeadamente a serotonina e a noradrenalina. 
Existem diversas classes de antidepressivos, pelo que a sua escolha 
deve ser feita tendo em conta o perfil do doente, tanto a nível fisiológico 
como a nível socioeconómico. Contudo, os tratamentos existentes 
apresentam muitas falhas sendo necessária a pesquisa de terapias 
mais eficazes e com um início de ação mais rápido. (FERNANDES, 
2014, p. 5) 
 
Assim, vimos que o tratamento da depressão em geral pode ser tanto 
medicamentoso como clínico. Com isso destacamos a importância da equipe 
multidisciplinar para o tratamento do paciente como um todo, a fim de auxiliar 
6 
não apenas na depressão, mas também com no intuito de evitar doenças 
associadas ou doenças que possam ser desencadeadas decorrentes da 
depressão. 
 
4. Fisioterapia e Saúde Mental 
 
De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a participação de 
profissionais ligados ao corpo, como os fisioterapeutas têm se tornado cada vez 
mais necessário na atuação da saúde mental para tratamentos terapêuticos com 
foco em minimizar alterações corporais que os portadores de transtornos 
mentais apresentam, embora o estudo nessa área ainda seja pouco explorado. 
A literatura traz que dentro das manifestações clínicas de algumas doenças 
mentais ocorrem alterações na estrutura corporal, tais como dificuldade em 
realizar determinados movimentos, tensões e rigidez musculares, alterações 
posturais, alteração no padrão respiratório, entre outros. As alterações podem 
ser tanto devido ao transtorno mental em si, como dos medicamentos 
psicoterápicos utilizados para o tratamento, interferindo diretamente nas 
atividades de vida diária e até mesmo na vida pessoal do paciente. 
A fisioterapia possui algumas intervenções que podem auxiliar no 
tratamento que contribuem para saúde do indivíduo, aprimorando a 
funcionalidade motora e reestruturação dos aspectos físicos no processo de 
reabilitação, favorecendo a melhora de relaçãoe interação entre os pacientes. 
Desta forma, podemos destacar a importância da atuação da fisioterapia 
em diversos campos da saúde, inclusive na área da saúde mental. 
Segundo Barbosa e Silva (2013) com base em estudos realizados, foi 
possível observar a importância da atividade física e o papel da fisioterapia nos 
transtornos mentais. A Fisioterapia tem como finalidade restaurar, desenvolver e 
conservar a capacidade física do paciente, tendo em vista que as substâncias 
dos medicamentos ministrados para tratamentos fisioterapêuticos ou 
psiquiátricos podem causar diversos efeitos colaterais, assim como os hábitos 
de vida do paciente devido a doença, comprometendo diretamente na 
capacidade funcional. Além dos benefícios já citados, a fisioterapia também é 
capaz de melhorar a marcha, o equilíbrio, a propriocepção, a postura, a 
consciência corporal e, também a socialização do paciente através de terapias 
realizadas. 
 
[...]a Organização de Fisioterapia em Saúde Mental recomenda que os 
fisioterapeutas sejam treinados para reconhecer e tratar 
adequadamente os sintomas de doença mental grave, e que a 
fisioterapia como tratamento complementar pode melhorar a saúde 
física, mental e a qualidade de vida. (MATAMOROS et al., 2012 apud 
BARBOSA E SILVA, 2013, p. 25) 
 
 A seguir abordaremos de forma específica os recursos da Fisioterapia 
para o tratamento da depressão, ressaltando suas contribuições e importância. 
 
 
 
4.1. Recursos da Fisioterapia para o tratamento da Depressão 
 
De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) através de estudos 
realizados em pacientes que se encontravam em internação psiquiátrica com 
7 
quadro grave de depressão e outros transtornos mentais, pode se verificar a 
eficácia de dois protocolos fisioterápicos, sendo um específico para atividade 
psicomotora, treino de força e exercícios de resistência aeróbica, e o outro 
protocolo voltado para atividades físicas de um modo geral e também 
relaxamentos. 
Depois de obter os resultados dos protocolos foi realizada uma comparação 
entre ambos, onde mostrou uma melhora significativa em relação aos pacientes, 
entre elas citamos: a autoestima, imagem corporal, força muscular, um melhor 
desempenho cardiovascular e, também a melhora dos sintomas da depressão. 
Observou-se que as sessões de fisioterapia com pacientes portadores de 
sofrimentos psíquicos, proporcionaram mudanças em relação ao aspecto 
emocional, expressão verbal, socialização, dores musculares, e sentimentos de 
angústia com a inclusão de exercícios da terapia bioenergética. Os exercícios de 
alongamento e relaxamento também melhoraram os níveis de ansiedade e 
favoreceram a qualidade do sono dos pacientes. Desta forma, a fisioterapia 
mostra através de sua prática quão significativa ela é para a reabilitação de 
pacientes portadores de transtornos mentais. 
Os recursos terapêuticos utilizados nas sessões de fisioterapia 
compreendem técnicas de expressão corporal, exercícios de cinesioterapia, 
exercícios posturais, relaxamento muscular, massagem terapêutica e atividades 
de interação, ao fim de cada sessão uma dinâmica verbal entre os pacientes 
pode ser aplicada com a finalidade de interação entre eles. Ao decorrer do 
tratamento, são observadas as dificuldades dos pacientes em determinado 
aspecto, e com base nisso é traçado novos objetivos, sendo eles mais 
específicos para o tratamento dos pacientes, tais como: melhora da 
funcionalidade motora, promoção do relaxamento, desenvolvimento da 
consciência e expressão corporal, estimulo do contato corporal e a interação 
entre os pacientes. 
 
A compreensão dos aspectos psicológicos envolvidos no processo de 
reabilitação é fundamental nas tarefas específicas da fisioterapia, já 
que reabilitar é atingir os resultados plenos, ou seja, é atender o 
paciente em suas necessidades físicas, psicossociais e emocionais. 
(LIMA, 2012, p.58) 
 
Dessa forma cada paciente é profundamente modificado pelo meio em que 
ele está, com o grupo do qual ele participa e convive, e, a partir daí, cria 
significados para o seu mundo pessoal. 
 
 
5. Materiais e Métodos 
 
O trabalho compreende uma revisão bibliográfica, utilizando-se de 
informações disponíveis em livros acadêmicos, artigos científicos e dados da 
OMS – Organização Mundial de Saúde que abordam sobre a fisioterapia e os 
benefícios para a saúde mental, mais especificamente para o tratamento da 
depressão. Para tanto foi realizada uma pesquisa de Abordagem Qualitativa que 
se fundamenta em dados coletados nas interações interpessoais, na 
coparticipação das situações dos informantes, analisadas com base teórica 
buscando significação. Em pesquisas de Abordagem Qualitativa “o pesquisador 
participa, compreende e interpreta” (CHIZZOTTI, 2000, p.52). 
A pesquisa qualitativa propicia a utilização de métodos que auxiliem a uma 
8 
visão mais abrangente dos problemas, pois supõe o contato direto com o objeto 
de análise e um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade. 
Segundo Denzin e Lincoln (2006) a pesquisa qualitativa é um conjunto de 
atividades práticas e interpretativas que dão visibilidade ao mundo uma vez que 
cabe ao pesquisador apresentar o entendimento e/ou interpretação dos 
fenômenos a partir dos significados que as pessoas atribuíram a ele. Conforme 
destaca os autores: 
A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma 
variedade de materiais empíricos - estudo de caso; experiência 
pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e 
produções culturais; textos observacionais, históricos, interativos e 
visuais — que descrevem momentos e significados rotineiros e 
problemáticos na vida dos indivíduos. Portanto, os pesquisadores 
dessa área utilizam uma ampla variedade de práticas interpretativas 
interligadas, na esperança de sempre conseguirem compreender 
melhor o assunto que está ao seu alcance. (DENZIN E LINCOLN, 
2006, p.17). 
 
Assim, o método adotado viabiliza o esclarecimento de conceitos, teorias e 
técnicas que tangem o universo fisioterapêutico e seus benefícios para o 
tratamento da depressão possibilitando análise das informações e compreensão 
dos pontos temáticos propostos nesta pesquisa pelos leitores. 
 
 
6. Resultados e Discussão 
 
Conforme informações obtidas na revisão bibliográfica apresentadas neste 
artigo, a aplicação de intervenções fisioterapêuticas em pacientes depressivos 
proporciona mudanças significativas em relação ao aspecto emocional, a 
expressão verbal, ao processo de socialização e a redução dos sentimentos de 
angústia, por exemplo. 
Os principais autores que fundamentaram a temática deste artigo são 
apresentados abaixo com um breve resumo de suas considerações acerca dos 
benefícios da Fisioterapia na área da saúde mental. 
 
Autores Considerações Teóricas 
SILVA, Soraya Batista da; PEDRÃO, 
Luiz Jorge; MIASSO, Adriana 
Inocenti. (2012) 
A Fisioterapia contribui, minimizando 
os comprometimentos corporais 
causados pelos transtornos mentais, 
promove benefícios físicos e 
psíquicos, favorece a interação e as 
possibilidades de reabilitação 
psicossocial. 
BARBOSA, Érika Guerrieri; SILVA, 
Edilene. (2018) 
A fisioterapia pode promover 
respostas satisfatórias para o 
tratamento dos pacientes de saúde 
mental. Atua melhorando a marcha, 
equilíbrio, postura, consciência 
corporal, propriocepção, socialização 
do paciente através de grupos 
9 
HUMES; VIEIRA, JUNIOR (2016) Descreve a importância de atividades 
físicas como por exemplo atividades 
aeróbicas para colaborar no 
tratamento de doenças psiquiátricas e 
aponta, entre outras intervenções 
fisioterapêuticas, a estimulação 
magnética transcraniana que pode 
proporcionar alterações dos efeitos 
psicofisiológicos. 
 Fonte: Autora 
 
Os exercícios de alongamento e relaxamento também melhoraram os 
níveis de ansiedade e favoreceram a qualidade do sono dos pacientes, sintomas 
estes também característicos da depressão. 
Desta forma, a fisioterapia mostraatravés de sua prática quão significativa 
ela é para a reabilitação de pacientes portadores de transtornos mentais. Vimos 
que, os pacientes necessitam ser vistos de maneira holística, pois alterações 
físicas podem influenciar aspectos emocionais e alterações emocionais podem 
influenciar aspectos físicos. Nesse sentido a saúde do indivíduo está relacionada 
ao equilíbrio físico, mental e social, equilíbrio este que a Fisioterapia possui 
instrumentos e práticas que podem contribuir para o desenvolvimento do 
indivíduo, para o tratamento ou prevenção de doenças. 
 
 
7. Considerações Finais 
 
Com base nos dados obtidos nesta pesquisa pode-se verificar a 
importância da inserção do profissional fisioterapeuta na equipe multidisciplinar 
da saúde mental, e os benefícios apresentados tanto para o paciente quanto 
para a atuação do Fisioterapeuta, que tem a oportunidade de aprimorar sua 
capacidade de atuação na área da saúde, área que acomete tantas pessoas nos 
dias atuais, e portanto, sendo necessária uma equipe de profissionais que 
possam reabilitar o paciente, e prevenir de possíveis comprometimentos 
associados as doenças físicas e mentais. 
A fisioterapia tem como objetivo de tratamento a reabilitação tanto mental 
quanto corporal, ou seja, a conduta é realizada no intuito de proporcionar a 
interação da mente com o corpo, fazendo com que o paciente tenha uma melhor 
compreensão corporal e perceptiva sobre si mesmo. A fisioterapia permite que o 
indivíduo seja capaz de descobrir suas capacidades físicas e mentais de forma 
holística, ajudando-o na integração social e intelectual, bem como no 
desenvolvimento da autoconfiança. 
Apesar de ser uma área ainda escassa, vimos que o tratamento 
fisioterapêutico apresenta resultados significativos para os pacientes em 
tratamento da depressão e contribui de forma direta para a evolução do mesmo. 
No entanto, é fundamental que esse assunto seja mais abordado e até mesmo 
mais estudado para disseminar informações em prol de tratamentos que 
beneficiem o paciente depressivo de forma mais abrangente. 
 
 
 
10 
 
8. Referências 
 
ASSIS, Rodrigo Deamo. Condutas práticas em fisioterapia neurológica. São 
Paulo: Manole Ltda, 2012. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br/#/. 
Acesso em: 29 ago. 2019. 
 
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Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-
75572002000500004. Acesso em 20 fev. de 2019 
 
BARBOSA, Érika Guerrieri; SILVA, Edilene. Aparecida Moreira. Fisioterapia na 
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Disponível em: 
ttps://revista.uniabeu.edu.br/index.php/SFM/article/view/1433/1039. Acesso em 
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Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br/#/ Acesso em: 27 ago. 2019 
 
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VIGUEIRAS, Evelyn; Psicologia da Saúde: Edição. São Paulo: Pearson 
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