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METODOLOGIA DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO AULA 2 – FUNÇÃO DA LINGUAGEM Prezado (a) aluno (a), Nesta aula, iremos abordar interseção entre linguagem e cognição, investigando as teorias de dois proeminentes estudiosos: Lev Vygotsky e Mikhail Bakhtin. Analisaremos sua origem, suas principais contribuições teóricas e as consequências práticas de sua abordagem para o ensino e a aprendizagem. Descobriremos como a linguagem desempenha um papel fundamental na organização, unificação e integração de diversos aspectos da cognição humana, influenciando nosso pensamento, memória, percepção e resolução de problemas. Ao compreendermos o poder da linguagem como um dispositivo regulador do pensamento, estaremos melhor preparados para aplicar esses conceitos em contextos educacionais e práticos, enriquecendo assim nossa compreensão da complexa relação entre linguagem, cognição e interação social. Bons estudos! 2 FUNÇÃO DA LINGUAGEM Considerando a linguagem verbal como o principal meio de comunicação entre seres humanos, especialmente na relação professor-aluno no contexto de ensino- aprendizagem, e reconhecendo-a como um instrumento essencial para organizar o pensamento e expressá-lo, é justificável realizar uma análise da linguagem como um elemento de ligação em um processo de comunicação e interação cognitiva. De acordo com estudos contemporâneos em psicolinguística, mas já clássicos no campo da disciplina, como os de Piaget (1973), Oléron (1976) e Bronckart (1976), é sabido que a linguagem não é a única fonte de geração de ideias, nem a forma mais original e espontânea de comunicá-las. No entanto, é importante destacar que, entre todas as formas de representação simbólica da realidade, os signos verbais se destacam como os mais altamente desenvolvidos, sutis e complexos. Uma distinção inicial, no entanto, precisa ser estabelecida para compreender o escopo desta exposição. Trata-se da diferenciação entre um conceito amplo e um conceito restrito de linguagem, conforme alguns linguistas destacam: O conceito amplo engloba todas as formas assumidas pela linguagem, ou seja, todas as formas que servem a propósitos comunicativos, enquanto o conceito restrito se refere exclusivamente à linguagem verbal. Para uma compreensão mais eficaz dos conceitos teóricos abordados, é fundamental considerar a relevância das relações entre linguagem e pensamento, bem como as funções da linguagem no processo de reflexão sobre uma realidade objetiva. Na verdade, a linguagem exerce um papel essencial no ato de comunicação, especificamente como uma ferramenta mnemônica para expressar ideias, suas conexões e os significados que se pretende transmitir. Considerando especialmente o aspecto comunicativo e informativo da linguagem, acredita-se que ela seja o próprio fundamento da cultura. Portanto, é natural que o professor, responsável por todo o processo de seleção, emissão, e subsequente recepção e transformação de mensagens, deva adquirir um profundo e seguro conhecimento do seu próprio sistema de linguagem pessoal. Sendo que a capacidade de perceber a fala, no sentido de aprimorar o sistema pessoal de comunicação verbal, seja um pré-requisito fundamental para qualquer expressão verbal em situações de interação cognitiva por parte do professor. 2.1 A Interação da Linguagem segundo Vygotsky É importante ressaltar que a transição de um nível de significado para outro não ocorre de forma isolada, mas, pelo contrário, ocorre de maneira gradual à medida que os conceitos mais antigos são gradualmente incorporados às operações intelectuais superiores. Para ele: A função primordial da fala é a comunicação, o intercâmbio social. Quando o estudo da linguagem se baseava na análise em elementos, também esta função foi dissociada da função intelectual da fala. Ambas foram tratadas como funções separadas, até mesmo paralelas, sem se considerar a interrelação de sua estrutura e desenvolvimento (VYGOTSKY, 1998 b, p. 6) Além disso, ele acrescenta que “uma palavra desprovida de significado é como um som vazio e não faz parte do conjunto da linguagem humana”. Inclusive, a fala egocêntrica das crianças representa uma fase transitória entre a fala vocalizada e a internalização do discurso. Essa fase não se extingue, mas, ao contrário, evolui para uma forma de fala interior. É fundamental explorar o papel do egocentrismo na intrincada relação de desenvolvimento entre linguagem e pensamento, considerando tanto os elementos ambientais quanto as influências sociais envolvidas. De acordo com Vygotsky, o processo de aprendizagem inicia muito antes de a criança ingressar na escola, sendo moldado por suas experiências cotidianas, interações com outras pessoas, ambiente e cultura circundante. Sua contribuição para as questões educacionais, especialmente no contexto da alfabetização, fundamenta- se na noção de que as funções psicológicas individuais são construídas à medida que são exercitadas, sempre em harmonia com o patrimônio cultural da humanidade. Esse processo de construção ocorre por meio de interações interpessoais dentro da sociedade em que o indivíduo está inserido. Para Karl Bühler (1879-1963), renomado psicólogo austríaco, consciente da natureza comunicativa das línguas, foi um dos pioneiros em esquematizar as correlações entre linguagem e comunicação. Ele identificou que os usos da linguagem envolvem (1) um emissor, (2) uma mensagem e (3) um destinatário. Esse modelo tríplice da comunicação foi posteriormente enriquecido na análise do linguista russo Roman Jakobson (1896-1982), que introduziu as noções de (4) referente, (5) canal de comunicação e (6) código linguístico, tornando-o mais abrangente e complexo. É a partir desse modelo proposto por Bühler e Jakobson que emergem as bem- conhecidas funções da linguagem, que são um objeto de estudo no ensino médio. Estas funções incluem: (1) a “função emotiva”, na qual o foco recai sobre o emissor da mensagem; (2) a “função poética”, que destaca a própria mensagem transmitida; (3) a “função conativa”, na qual o destinatário da mensagem assume um papel central; (4) a “função referencial”, onde o referente é o ponto focal da comunicação; (5) a “função fática”, que avalia o canal de comunicação em si; e (6) a “função metalinguística”, que se manifesta quando o próprio código linguístico (a língua) se torna o elemento central na comunicação. No entanto, é importante ressaltar que as funções linguísticas, ou seja, as maneiras pelas quais as formas linguísticas podem desempenhar papéis nos usos da língua, são consideravelmente mais diversas do que essas seis. No entanto, esse modelo serve como um ponto de partida valioso para a compreensão das variadas funções comunicativas e expressivas que as formas da linguagem humana podem assumir (KENEDY, 2011). Durante essas interações, a criança entra em contato com o mundo ao seu redor, assimilando a rica experiência acumulada na narrativa da história social. Vygotsky estabelece uma analogia interessante ao comparar o desenvolvimento histórico de uma língua com a transformação de significados que ocorre no processo de aquisição da linguagem pela criança (VYGOTSKY, 1998). Para que esse processo ocorra no contexto escolar, Vygotsky advoga que a intervenção na zona de desenvolvimento proximal deve ser realizada de maneira deliberada e estruturada. Ele enfatiza que a relação entre o indivíduo e o mundo não ocorre de forma direta, mas, essencialmente, por meio de mediações. Elementos mediadores, como a fala, a comunicação e a oralidade, desempenham um papel fundamental nesse processo. Assim, o comportamento das crianças é amplamente influenciado pelas características das situações concretas em que se encontram. Através do uso da linguagem,ou da interação com ela, podem vivenciar experiências enriquecedoras que os educadores podem explorar em sala de aula. A compreensão de Vygotsky (1998) de que o complexo sistema cognitivo da consciência individual não se restringe à experiência pessoal baseia-se nesse princípio. Ele argumenta que a consciência floresce e se desenvolve por meio do compartilhamento de universos socioculturais. Nesse sentido, as contribuições de Bakhtin, relacionadas à linguagem como fenômeno social, desempenham um papel relevante. 2.2 A Linguagem Social de Bakhtin Bakhtin (1992, p.90) enfatiza que o valor de qualquer expressão linguística não é unicamente determinado pelo sistema linguístico em si, mas sim pelas diversas maneiras nas quais a linguagem interage com a realidade, os indivíduos que a utilizam e outras expressões linguísticas. Ele concebe cada expressão como parte de um diálogo integrada a um contínuo discurso. Nessa visão, a linguagem é considerada um fenômeno social, e a língua não pode ser dissociada do contexto da comunicação verbal. Portanto, para o autor, a palavra assume suas várias formas dentro da prática linguística, e nós só compreendemos e reagimos às palavras que evocam ressonâncias ideológicas ou conexões com a vida. O sistema linguístico sincrônico de uma comunidade histórica existe apenas quando observado a partir da perspectiva de um locutor dentro dessa comunidade, que faz parte de um grupo que segue normas linguísticas. Ele também observa que essas normas variam, diferindo em termos de quão rigidamente são aplicadas, até que ponto se estendem na sociedade e qual é o seu grau de importância social, que depende da proximidade com a infraestrutura (BAKHTIN, 1992, p. 95). Assim, o autor defende que é legítimo que o historiador da língua adote uma perspectiva diacrônica, que não faz parte da realidade no sistema linguístico sincrônico. Ele exemplifica ainda que, no momento em que César estava escrevendo suas obras, a língua latina representava para ele um conjunto de normas rígidas inquestionáveis. No entanto, para o historiador da língua latina daquele mesmo período, estava ocorrendo um constante processo de transformação linguística, mesmo que esse historiador não fosse capaz de documentá-lo. O reconhecimento do caráter inovador desse conceito reside no fato de que, de acordo com Bakhtin (1992), para os membros de uma comunidade linguística específica, a distinção entre o sinal e o reconhecimento fica dialeticamente obscurecida. O autor enfatiza que, no processo de assimilação de uma nova linguagem, que ele compara ao aprendizado de uma língua estrangeira, o reconhecimento ainda não foi completamente internalizado. Além disso, trata-se da familiarização do aprendiz com cada forma de linguagem em contextos e situações específicas. Quando uma palavra nova é isolada de seu contexto, ela representa um desafio significativo para a compreensão, pois carrega um peso considerável. Portanto, o domínio eficaz da língua exige que ela seja apresentada não apenas em seu sistema abstrato, mas também em estruturas concretas de enunciação, enfatizando seu caráter ideológico. Na realidade, não estamos simplesmente lidando com uma palavra que é pronunciada ou ouvida, mas sim com a expressão de verdades ou mentiras, coisas boas ou más, informações importantes ou triviais, experiências agradáveis ou desagradáveis, entre outras. A palavra está sempre imbuída de significado ideológico ou ligado à vida (BAKHTIN, 1992). Esse critério, que estabelece a inseparabilidade da língua em seu uso prático de seu conteúdo ideológico ou relacionado à vida, ainda é objeto de críticas por parte de muitos linguistas. É por isso que, até os dias de hoje, persiste o papel histórico desempenhado pelas palavras estrangeiras no processo cultural, religioso e político de povos invadidos por uma cultura antiga e poderosa, como aconteceu no caso do Brasil com a chegada dos portugueses. Bakhtin (1992) argumenta que cada época e grupo social possuem um conjunto de formas discursivas que funcionam como um espelho, refletindo o cotidiano. Nesse contexto, o falante não se assemelha a um Adão bíblico que dá nome ao mundo pela primeira vez. Cada um de nós já herda um mundo que foi expresso por outros, de maneiras diversas e articuladas. Aquele que aprende o discurso de outro não é alguém desprovido de palavras; pelo contrário, é alguém que possui um rico repertório de palavras interiores. “A palavra” revela um espaço onde os valores fundamentais de uma sociedade se manifestam e confrontam. Portanto, a linguagem nunca está completa; é um projeto em constante evolução, eternamente inacabado. Todas as vozes que antecedem um ato de fala estão presentes na palavra do autor. Os signos constituem o alimento da consciência individual e, se os despojarmos de seu conteúdo semântico e ideológico, nada restará. Portanto, a língua está intrinsecamente ligada ao fluxo da comunicação verbal. Para Bakhtin, o conceito de diálogo transcende a simples “alternância de vozes”; ele abrange o “encontro e a incorporação de vozes” em um contexto temporal e espacial específico. Nessa perspectiva, as vozes de outras pessoas estão constantemente influenciando nossa atividade mental individual. Em suma, para Bakhtin, toda enunciação é essencialmente social. Não existe uma declaração isolada, pois ela pressupõe as vozes que a precederam e todas aquelas que a seguirão. Bakhtin também oferece considerações substanciais sobre a variabilidade da palavra. Ele destaca que o significado de uma palavra pode sofrer variações significativas, dependendo do contexto em que é empregada, adquirindo uma dimensão dialética que envolve diálogo, ressignificação e releitura. A palavra se manifesta através de sua natureza social e seu significado ideologicamente carregado, assumindo a forma de enunciação. Consequentemente, a língua se configura como um processo de evolução contínua, impulsionado pela interação social da linguagem, colocando-nos como participantes no discurso de outras pessoas. No âmbito educacional da alfabetização, ao retomar a afirmação de Bakhtin (1992) que ressalta que a enunciação é o resultado da interação entre dois indivíduos socialmente organizados e que a palavra é o signo ideológico por excelência, busca- se evidenciar a natureza social de incorporar o discurso de outras pessoas em um determinado período e grupo social. A partir das perspectivas teóricas de Bakhtin (1992), podemos alcançar uma compreensão mais profunda da natureza dinâmica da língua. Em vez de considerar a língua como uma entidade estática e predefinida, percebemos que os indivíduos se tornam sujeitos por meio da interação uns com os outros, e sua consciência e conhecimento emergem como produtos desse contínuo processo de interação. Consequentemente, a língua é vista como um empreendimento linguístico em constante evolução, uma construção que ocorre através de diversos sujeitos, em diferentes momentos históricos e em variados contextos sociais. Além disso, é crucial reconhecer que a comunicação cotidiana está intrinsecamente ligada à comunicação ideológica. Essa interligação se manifesta nas conversas entre familiares, amigos, professores e alunos, bem como nos meios de comunicação, como a televisão. Essas formas de comunicação são permeadas por valores e são entrelaçadas por fios ideológicos que desempenham um papel central em todas as interações sociais. Segundo Bakhtin (1992), a integração do meio social e do contexto imediato é um requisito fundamental para que a língua e a fala possam se efetivar como um ato de linguagem. Inspirado por esses princípios e alinhado às propostas de Bakhtin, Geraldi (1991) propõe a fusão do papel do professor e do linguista em uma única entidade. Para Geraldi, não há necessidade de estabelecer conexões artificiaisentre a linguística e o ensino. No entanto, no ambiente escolar, especialmente no que diz respeito à compreensão e produção de textos, bem como à análise linguística, a linguagem não se apresenta apenas como um objeto de estudo epistemológico. Ela se desdobra em sua totalidade, incorporando dimensões políticas, históricas, sociais e contextuais, manifestando-se como um evento interativo e multifacetado. Na visão de Geraldi, direcionar o foco para a linguagem a partir do processo de interação implica considerar o processo educacional como uma co-construção entre a linguagem e os sujeitos, em concordância com a perspectiva de Bakhtin. Isso significa reconhecer que a língua não é algo predeterminado, mas sim (re) construído pelos sujeitos durante sua atividade linguística e interações uns com os outros. A consciência e o conhecimento de mundo desses sujeitos emergem como resultados desse processo dinâmico. Além disso, não há um sujeito totalmente formado que entre na interação; em vez disso, o sujeito se desenvolve e se constrói por meio de suas falas. Essas interações não ocorrem de forma isolada, mas sempre estão inseridas em um contexto social e histórico mais amplo. A partir dessa abordagem, Geraldi atribui ao evento interlocutivo um status mais significativo do que o simples ato de expressão verbal. Ele enfatiza três eixos que merecem uma análise detalhada: a historicidade da linguagem, o sujeito em suas atividades linguísticas e o contexto social das interações verbais. Essa abordagem está em consonância com os conceitos de aprendizagem de Vygotsky e com as contribuições de Bakhtin para a compreensão das interações humanas. Outro aspecto de grande relevância explorado por Bakhtin e que oferece valiosas contribuições para a reflexão sobre a alfabetização é o valor intrínseco da fala. Quando comunicamos nossa compreensão sobre qualquer tópico, nossa expressão verbal inevitavelmente retroalimenta nosso pensamento, aprimorando-o progressivamente. Nesse contexto, à medida que expressamos nossas ideias de maneira mais elaborada, elas se refinam. Bakhtin (1992) ressalta que as palavras não são destituídas de sentido ideológico; pelo contrário, elas constituem o “palco” onde se desenrolam conflitos entre valores sociais antagônicos, lutas de classes, dinâmicas de poder e domínio, bem como a adaptação ou resistência às normas previamente estabelecidas. A partir dessa base, ancorando-se nos conceitos de internalização de Vygotsky e na abordagem dialógica de Bakhtin, torna-se crucial reconhecer a importância das contribuições da linguística no processo de alfabetização. Isso implica considerar como a linguagem, a palavra e a comunicação desempenham um papel central na construção do conhecimento e na formação dos sujeitos alfabetizados. 2.3 Função reguladora da linguagem: Vygotsky (origem, contribuição teórica, consequências) Qualquer abordagem da linguagem pode ser integrada harmoniosamente com um estudo que promova o desenvolvimento da autorregulação a partir das práticas sociais que caracterizam as relações interpessoais na argumentação. Nesse contexto, a linguagem, tal como concebida neste estudo e em consonância com as teorias socioculturais, é vista como um elemento fundamental na constituição da cognição humana. Quando internalizada, ela nos capacita a organizar e estruturar nossas próprias ações, influenciando e regulando nosso comportamento. Essa função reguladora pode ser compreendida ao considerarmos a perspectiva de Vygotsky (2002), que a enxerga como uma parte intrínseca dos processos psicológicos superiores. Essa função atua na organização, unificação e integração de diversos aspectos da cognição humana, incluindo o pensamento (o foco deste estudo), a memória, a percepção e a resolução de problemas. Destacar a função reguladora não implica negligenciar a função comunicativa da linguagem. De acordo com Morato (1996), o que Vygotsky (1993) busca alcançar em sua epistemologia sócio-histórica é a harmonização dessas duas funções. Ele argumenta que a linguagem não pode ser compreendida exclusivamente a partir de sua função de comunicação; ao contrário, deve ser reconhecida como um elemento constitutivo e regulador do pensamento. Portanto, ao considerarmos o desenvolvimento da linguagem a partir dessa perspectiva, podemos afirmar que ela, sem dúvida, desempenha um papel fundamental na comunicação interpessoal, pois é por meio dela que interagimos com os outros, nos compreendemos e influenciamos uns aos outros. No entanto, a linguagem vai além de ser simplesmente um veículo de mensagens; ela é também um instrumento de construção e regulação do pensamento intrapessoal. Com base nas considerações anteriores, é possível compreender que, de acordo com Vygotsky (1981), a regulação não pode ser concebida como uma propriedade inata dos processos cognitivos ou como um resultado natural do desenvolvimento ontogenético. Pelo contrário, ela começa a se formar ao longo do desenvolvimento linguístico-cognitivo, emergindo das práticas sociais e significativas do indivíduo, especialmente das interações verbais. Dado o papel crucial que as interações verbais ou discursivas desempenham no desenvolvimento da regulação dos processos cognitivos, com um foco particular no pensamento, pareceu-nos pertinente buscar um embasamento adicional para nossa reflexão em estudos relacionados ao discurso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, M (V.N. Volochinov) Marxismo e filosofia da linguagem. 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