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O tecnólogo e a tecnologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer o papel do tecnólogo.
 � Determinar a relação entre o tecnólogo e a tecnologia.
 � Perceber as vantagens para o desenvolvimento tecnológico, em fun-
ção do papel do tecnólogo.
Introdução
Os avanços científicos e tecnológicos e sua difusão e uso pelo setor 
produtivo e pela sociedade, em geral, têm representado desafios rele-
vantes a profissionais das mais diversas áreas, no Brasil e no mundo. Com 
exigências cada vez maiores em termos de produtividade e qualidade de 
produtos e serviços, o mercado de trabalho tem demandado profissio-
nais criativos, inovadores, críticos, com competência para realizar ações 
que oportunizem resoluções de problemas, integrando conhecimento 
científico à sua aplicação prática.
A construção desse perfil profissional ocorre de forma multifatorial, 
e, muito embora possa incluir características de personalidade e experi-
ências de vida, é moldada de forma decisiva pela formação acadêmica, 
representada sobretudo pelo percurso no Ensino Superior.
No Brasil, a legislação do Ensino Superior estabelece que sua com-
posição é constituída por cursos de graduação, sequenciais e de pós-
-graduação. A graduação abrange os bacharelados, as licenciaturas e os 
cursos tecnólogos. Este último tem como propósito formar profissionais 
focados no mercado e com grande especialidade na área de formação. 
Neste capítulo, você conhecerá um pouco mais sobre o papel do 
tecnólogo, como ele se relaciona com a tecnologia e de que forma 
contribui decisivamente para o desenvolvimento tecnológico.
O tecnólogo
Mudanças sociais, econômicas e tecnológicas acompanham a humanidade 
desde seus primórdios, com impactos sobre o mundo do trabalho e as relações 
que dele derivam. Nos últimos anos, observamos relevantes transformações 
que culminaram, muitas vezes, na eliminação de postos de trabalho com a 
introdução de novas tecnologias, na reestruturação dos setores produtivos e 
organizacionais das empresas e na flexibilização das relações (TESSER, 2011). 
Como consequência, o perfil profissional demandado também se reconfigura: 
cada vez mais, a exigência é por profissionais com competências mais com-
plexas, capazes de promover os avanços necessários.
No Brasil, os cursos superiores de tecnologia (CSTs) surgem como uma 
das principais respostas do setor educacional às necessidades e às demandas 
sociais. Respaldados pela LDB de 1961, as primeiras experiências relacionadas 
à formação de tecnólogos surgiram no fim dos anos 1960 e início dos anos 
1970, inicialmente voltadas às engenharias de operação. De lá para cá, entre 
avanços e retrocessos, a formação de tecnólogos disseminou-se para as mais 
diversas áreas, com o número de cursos crescendo de forma exponencial, 
principalmente a partir da década de 1990.
Os CSTs, portanto, foram estruturados para atender às tendências do desen-
volvimento tecnológico e de novos nichos do mercado de trabalho, tornando-se 
um trunfo para a educação, uma vez que os egressos de tais cursos podem 
ser mais facilmente absorvidos pelo setor produtivo (FILIPAK, 2002). Mas, 
afinal de contas, o que caracteriza a formação de um tecnólogo?
Essa modalidade de curso superior possui particularidades que a diferen-
ciam dos demais cursos de graduação. De acordo com Smaniotto e Mercuri 
(2007), a principal distinção reside no fato de que os cursos de tecnologia são 
mais especializados quando comparados aos cursos tradicionais de graduação, 
atendendo às reais necessidades de desenvolvimento tecnológico local ou 
regional. Em consequência disso, a duração dos CSTs também acaba sendo 
menor: devem possuir o mínimo de 1.600 horas, divididas geralmente em dois 
ou três anos, dependendo da estrutura curricular prevista para a formação do 
perfil profissional desejado.
Outra importante característica é a proporção entre teoria e prática e entre 
ciência e tecnologia, tanto na formação do estudante quanto no desempenho 
de suas atividades profissionais: o tecnólogo é um profissional não só mais 
ligado à prática do que à teoria, como também mais próximo da tecnologia 
do que da ciência.
O tecnólogo e a tecnologia2
Embora existam diferenças significativas, há também semelhanças entre os CSTs e os 
demais cursos de graduação: o ingresso, a formação acadêmica exigida para docência, 
as avaliações institucionais e dos cursos seguem a mesma legislação do ensino superior. 
Ou seja, apesar de suas especificidades, um CST é um curso de graduação e, como 
tal, deve ser inserido no âmbito da educação superior no que se refere à discussão de 
seus propósitos e às mudanças que deve proporcionar nos seus estudantes a partir 
dessa experiência de formação (SMANIOTTO; MERCURI, 2007).
De forma complementar, Reis e Reis (2012) destacam que a formação de 
tecnólogos busca trabalhar a prática como ferramenta para a construção do 
conhecimento, viabilizando meios para mobilizar conhecimentos, habilidades e 
atitudes na resolução de problemas. Trata-se, portanto, de uma formação mais 
dinâmica e prática, mas que não deve ser confundida com superficialidade, 
pois propõe profundidade, conhecimento focado e contextualizado, autonomia 
e educação continuada.
Para além disso, é preciso considerar que o tecnólogo deve ser o produto 
de uma formação básica e conceitual que estimule o pensamento reflexivo, a 
autonomia intelectual, a capacidade empreendedora, a capacidade de interagir 
e pensar de forma interdisciplinar e, sobretudo, a compreensão global do 
processo tecnológico.
O tecnólogo, portanto, é o profissional:
 � formado por curso de nível superior de graduação, no âmbito dos CSTs;
 � de nível superior de graduação, apto a desenvolver, de forma plena e 
inovadora, atividades em uma determinada área profissional;
 � com formação específica voltada para:
 ■ aplicação, desenvolvimento e difusão de tecnologias;
 ■ gestão de processos de produção de bens e serviços;
 ■ desenvolvimento da capacidade empreendedora;
 � que verticaliza competências adquiridas em outros níveis da educação 
profissional, fundamentando-se em bases científicas e instrumentais;
 � que mantém as suas competências em sintonia com o mundo do trabalho;
 � especializado em segmentos de uma determinada área profissional;
3O tecnólogo e a tecnologia
 � com potencial para ampliar sua área de atuação por meio de estudos 
em outros cursos de graduação ou em cursos de pós-graduação (aper-
feiçoamento, especialização, mestrado e doutorado) (FILIPAK, 2002).
Com o propósito de aprimorar e fortalecer os CSTs, o Ministério da Educação encarrega-
-se, periodicamente, da atualização do Catálogo Nacional de Cursos Superiores de 
Tecnologia (CNCST). Essa atualização, prevista no art. 5º, § 3º, inciso VI do Decreto nº. 
2006/5.773 (BRASIL, 2006), e na Portaria nº. 2006/1.024, é imprescindível para assegurar 
que a oferta desses cursos e a formação dos tecnólogos acompanhem a dinâmica do 
setor produtivo e as demandas da sociedade.
Em sua terceira edição (BRASIL, 2016), divulgada em 2016, o CNCST elencou 134 
denominações de cursos, divididos em 13 eixos tecnológicos: Ambiente e Saúde; 
Controle e Processos Industriais; Desenvolvimento Educacional e Social; Gestão e 
Negócios; Informação e Comunicação; Infraestrutura; Militar; Produção Alimentícia; 
Produção Cultural e Design; Produção Industrial; Recursos Naturais; Segurança; Turismo, 
Hospitalidade e Lazer.
Em relação a cada curso, o CNCST destacada importantes informações relacionadas 
a um conjunto de oito descritores:
 � Denominação do curso: corresponde à denominação pela qual devem ser identi-
ficados os CSTs ofertados pelas instituições de educação superior. 
 � Eixo tecnológico: corresponde aos 13 eixos tecnológicos que estruturam a orga-
nização dos CSTs. 
 � Perfil profissional de conclusão: corresponde ao elenco de ações que o egresso do 
CST, no seu exercício profissional, é capaz de realizar. 
 � Infraestrutura mínimarequerida: corresponde à infraestrutura mínima necessária 
para o funcionamento do curso.
 � Carga-horária mínima: corresponde à carga horária mínima do curso, que, no caso 
dos CSTs, é estabelecida em 1.600, 2.000 e 2.400 horas. 
 � Campo de atuação: corresponde aos locais em que o profissional poderá desem-
penhar suas atribuições. 
 � Ocupações CBO associadas: corresponde às ocupações constantes na Classifica-
ção Brasileira de Ocupações (CBO) associadas aos cursos oferecidos no catálogo. 
Trata-se de ocupações que o profissional graduado em um CST pode exercer ou 
tem relação direta com o perfil profissional do egresso, fornecendo perspectivas 
de inserção profissional.
 � Possibilidades de prosseguimento de estudos na pós-graduação: corresponde às 
possibilidades de continuidade de estudos em cursos de pós-graduação lato sensu 
e stricto sensu, coerentes com o itinerário formativo do graduado. As possibilidades 
sinalizadas no catálogo, no entanto, são meramente indicativas e não esgotam 
todo o leque de possibilidades de verticalização possíveis. 
O tecnólogo e a tecnologia4
As atribuições dos tecnólogos, de acordo com a legislação que regulamenta 
sua formação, são as seguintes: analisar dados técnicos; desenvolver estudos; 
orientar e analisar projetos; supervisionar e fiscalizar serviços técnicos dentro 
de suas áreas de competência; prestar consultoria, assessoria, auditoria e 
perícias; exercer o ensino, a pesquisa, a análise, a experimentação e o ensaio; 
e conduzir equipes de instalação, montagem, operação, reparo e manutenção 
de equipamentos.
De acordo com Machado (2008), a atuação profissional de tecnólogos 
possui múltiplas finalidades, incluindo: viabilizar projetos de processos e 
produtos; oferecer suporte à tomada de decisões e à definição de estratégias; 
orientar o manejo de equipamentos e instrumentos; tornar mais racionais, 
eficientes e rentáveis os processos produtivos e os serviços; fazer avançar 
a funcionalidade, a produtividade e a qualidade dos processos e produtos 
sem comprometer sua integridade e usabilidade; promover a otimização dos 
processos e sua visibilidade; contribuir para a sustentabilidade econômica, 
ambiental e social dos empreendimentos; e aprimorar ações de preservação, 
proteção, prevenção, segurança e ergonomia.
Compreendendo a natureza dos CSTs e as atribuições inerentes aos profis-
sionais, torna-se mais fácil perceber que o tecnólogo é um profissional com 
condições de disputar as melhores oportunidades de trabalho e renda, devido 
à sua formação focada e alinhada às demandas sociais. Além disso, trata-se 
de um profissional de importância ímpar ao desenvolvimento econômico, 
social e organizacional, considerando-se sua convergência com uma variável 
de relevância inegável: a tecnologia.
A relação entre tecnólogo e tecnologia
Quando falamos em tecnologia, estamos nos referindo ao conjunto de princípios 
e processos de ação e de produção, envolvendo instrumentos que decorrem 
da aplicação do conhecimento científico, de diversos saberes e da experiência 
acumulada pela humanidade (MACHADO, 2008). Ou seja, basicamente, sem-
pre que usamos nosso conhecimento para alcançar algum propósito específico, 
estamos usando tecnologia.
Com base nessa compreensão, a importância da tecnologia torna-se clara: 
nós a aplicamos em quase tudo que o fazemos em nosso dia a dia, seja no 
trabalho, na comunicação e no transporte, seja na aprendizagem e na gestão de 
negócios. Os produtos que você utiliza para sua higiene pessoal pela manhã, 
5O tecnólogo e a tecnologia
os recursos que viabilizam seu lazer, até os equipamentos que você emprega 
para ler este texto, todos eles incluem aspectos tecnológicos. Dessa forma, 
não é exagero dizer que a tecnologia é determinante para condições e padrões 
da vida humana: se for bem aplicada, proporciona inegáveis benefícios à 
humanidade; se for incorretamente utilizada, pode provocar danos severos.
No âmbito organizacional, empresas dos mais diversos segmentos fazem 
uso da tecnologia para se manterem competitivas, criando novos produtos e 
serviços ou aprimorando seus processos. Em um contexto global de acirrada 
competitividade, essa estratégia pode representar uma relevante forma de 
se destacar frente à concorrência, ampliar os negócios, e, em situações mais 
extremas, é crucial para a própria sobrevivência da empresa.
A tecnologia, portanto, cumpre um importante papel na condição da vida 
humana e na resolução dos problemas que afetam a existência natural e social. 
Constitui-se de formas mais ou menos sistemáticas de planejar, desenvolver 
e avaliar processos, produtos e serviços, tendo por referência os resultados 
almejados. Para que isso seja possível, os avanços tecnológicos devem ser 
fundamentados em pesquisas e recursos diversos, reunindo conjuntos de 
técnicas que organizem de modo lógico as coisas, as atividades e as funções. 
Considerando-se que a tecnologia inclui a aplicação prática dos recursos, as 
variáveis envolvidas devem ser sistematicamente observadas, compreendidas, 
transmitidas e utilizadas (MACHADO, 2008).
Tecnologia como aliada de clínicas de estética
A cada dia, mais produtos e equipamentos são criados e melhorados em prol da 
beleza. Com procedimentos menos ou mais invasivos, há inúmeros tipos de tratamentos 
para as mais variadas necessidades de homens e mulheres. Lasers e radiofrequência 
proporcionam resultados cada vez mais efetivos na busca da estética corporal.
Outro avanço tecnológico são os cosmecêuticos, cada vez mais modernos em 
nanotecnologia, lipossomas e outras formas que lhes conferem poder de permear 
ainda mais facilmente na pele.
Entretanto, quando falamos na tecnologia como aliada de clínicas de estética, não 
nos referimos apenas aos equipamentos e às substâncias utilizadas. A tecnologia 
pode auxiliar em diversas frentes: por exemplo, quando uma clínica dispõe de um 
sistema integrado de gestão, torna-se possível mensurar resultados, gerar relatórios, 
mapear público-alvo, criar relacionamento com clientes, manter as contas em dia e o 
agendamento organizado, entre muitas outras possibilidades.
O tecnólogo e a tecnologia6
Tecnologia é conhecimento, mas nem todo conhecimento é tecnologia. 
De acordo com Barbieri (2004), tecnologia é um conjunto de conhecimentos 
de diferentes tipos, científicos e outros, que pode ser utilizado em qualquer 
ramo de atividade. Todas as tecnologias, da engenharia civil à biotecnologia, 
da administração à estética e à cosmética, devem ser racionais, utilizando a 
melhor ciência básica disponível, e devem contribuir para modificar a realidade 
de uma forma eficiente. Artefatos tecnológicos devem apresentar eficiência, 
confiabilidade, durabilidade, segurança, disponibilidade, rentabilidade, facili-
dade para o usuário ou algum outro atributo não-cognitivo. Fica evidente, com 
base em tais noções, que a tecnologia deve ser sistematicamente desenvolvida, 
tendo seus efeitos práticos em perspectiva. Ora, considerando-se que a formação 
em CST envolve o estudo sistemático do conhecimento — afinal de contas, 
estamos nos referindo a uma graduação — com ênfase na prática a que se 
refere, as articulações entre os tecnólogos e a tecnologia se torna evidente.
O papel da tecnologia na formação do tecnólogo, inclusive, está expresso 
na legislação que regulamenta a oferta de cursos tecnológicos no Brasil. De 
acordo com o Parecer CNE/CP nº. 29/2002, que trata das Diretrizes Curri-
culares Nacionais no Nível de Tecnólogo (BRASIL, 2002), a formação dos 
tecnólogos tem como objetivo 
[...] capacitar o estudante para o desenvolvimento de competências profissio-
nais que se traduzam na aplicação, no desenvolvimento (pesquisa aplicada e 
inovação tecnológica) e na difusão de tecnologias, na gestão de processos de 
produção de bens e serviços e na criação de condições para articular, mobi-
lizar e colocar em ação conhecimentos, habilidades, valores e atitudes para 
responder, de forma original e criativa, com eficiência e eficácia,aos desafios 
e requerimentos do mundo do trabalho (BRASIL, 2002, documento on-line).
Para tanto, o art. 2º do Projeto de Resolução do Parecer no 29/2002 (BRA-
SIL, 2002) define que os CSTs deverão:
 � incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da 
compreensão do processo tecnológico, em suas causas e efeitos;
 � incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica e suas res-
pectivas aplicações no mundo do trabalho;
 � desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e espe-
cíficas, para a gestão de processos e a produção de bens e serviços;
 � propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos 
e ambientais resultantes da produção, da gestão e da incorporação de 
novas tecnologias;
7O tecnólogo e a tecnologia
 � promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as 
mudanças nas condições de trabalho, bem como propiciar o prossegui-
mento de estudos em cursos de pós-graduação;
 � adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a 
atualização permanente dos cursos e seus currículos;
 � garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da 
respectiva organização curricular.
Dessa forma, podemos constatar que a própria definição da estrutura 
curricular dos CSTs deve privilegiar sua convergência com os elementos 
tecnológicos, o que, evidentemente, refletirá nas competências desenvolvidas 
pelos tecnólogos. Assim, a relação entre a tecnologia e o tecnólogo se estabe-
lece à medida que o tecnólogo estuda, pesquisa, analisa, desenvolve, avalia 
e aperfeiçoa recursos diversos. Conforme mencionam Reis e Reis (2012), os 
CSTs se propõem a oferecer condições para o desenvolvimento tecnológico nas 
mais diversas áreas, principalmente no setor industrial brasileiro. A tecnologia 
é disseminada por meio de serviços, como assessoria técnica e tecnológica, 
ensaios laboratoriais, pesquisa aplicada, difusão de informação tecnológica 
e, principalmente, educação profissional, que possui o intuito de formar uma 
massa crítica capaz de pensar e repensar continuamente o processo produtivo. 
Isso implica considerar que os tecnólogos possuem um papel relevante para o 
desenvolvimento do próprio País, em termos produtivos, sociais e econômicos. 
De acordo com Machado (2008), os tecnólogos podem se envolver com os 
seguintes tipos de tecnologia:
1. Tecnologias físicas: quando suas atividades se concentram sobre proces-
sos mecânicos, térmicos e eletromagnéticos presentes no funcionamento 
das ferramentas, máquinas, equipamentos, mecanismos e instalações.
2. Tecnologias simbólicas: relacionadas aos processos e modos de per-
cepção e compreensão humana, envolvendo modelos teóricos relativos 
à concepção da realidade natural e social. Inclui símbolos, códigos, 
indicadores, parâmetros, conceitos, bancos de dados, etc.
3. Tecnologias de organização e de gestão: quando se dedicam a processos 
e modos de vida, de trabalho e de produção, do acompanhamento e con-
trole dos meios e dos resultados das mais diversas atividades humanas.
Assim como ocorre na formação do tecnólogo, que é predominantemente 
voltada à prática, a tecnologia é orientada para fins práticos e resolutórios. O 
conhecimento tecnológico, embora multifacetado e abrangente, unifica-se em 
O tecnólogo e a tecnologia8
seu objeto: os meios de conceber, organizar, gerenciar e executar o trabalho 
nas mais diversas áreas profissionais e nas atividades lúdicas e de consumo 
próprio. Considerando-se que é atribuição do tecnólogo contribuir para o 
desenvolvimento local ou regional, a tecnologia consiste no mecanismo para 
que isso se torne viável.
O fato é que não há país desenvolvido sem ciência e tecnologia. Os tecnó-
logos possuem um papel crucial em quaisquer circunstâncias, inclusive – e 
especialmente – em tempos de crise. Em um mundo no qual inovação e evolução 
tecnológica estão na ordem do dia, os tecnólogos, que atuam em praticamente 
toda a cadeia produtiva, são peças fundamentais para a modernização, e o 
Brasil precisa reconhecer essa importância.
Desenvolvimento tecnológico: vantagens e 
importância da atuação do tecnólogo
A sociedade moderna é altamente dependente dos recursos tecnológicos. 
Para que você compreenda melhor essa relação de dependência, imagine-se 
vivendo sem energia elétrica, automóvel, internet e celular. Assustador, não é? 
O desenvolvimento tecnológico trouxe facilidades, conexão, conforto, acesso 
ao conhecimento, melhoria na qualidade e na expectativa de vida. Observe 
como, no âmbito da saúde, avanços tecnológicos, como antibióticos, vacinas, 
próteses, marcapassos, transplantes e exames de imagem, contribuem para 
que vivamos mais, e melhor.
Muito embora o desenvolvimento tecnológico seja percebido como po-
sitivo por aqueles que se beneficiam dele, há alguns efeitos perversos, que 
não podemos deixar de considerar. Nesse sentido, podemos mencionar o 
surgimento de grandes desigualdades sociais, que ocasionaram a classificação 
das nações em primeiro, segundo e terceiro mundo, conforme seu grau de 
desenvolvimento tecnológico.
Além disso, outro relevante impacto provocado pelo avanço da tecnologia 
consiste na degradação da natureza. Não por acaso, o conceito de sustenta-
bilidade surgiu e ganhou forças como o grande ideal de países e nações no 
século XXI. No entanto, a humanidade, também por meio da tecnologia, 
conseguiu mensurar os danos causados e formular alternativas para viabilizar 
sua sobrevivência (RODRIGUES; RODRIGUES, 2015).
O fato é que o desenvolvimento tecnológico não ocorre em um vácuo: é 
influenciado ao mesmo tempo em que influencia o contexto social, cultu-
ral, político e econômico. E, numa sociedade tão densamente tecnológica, 
9O tecnólogo e a tecnologia
conforme mencionado por Machado (2008), mais tecnólogos — com mais e 
melhor formação científica e tecnológica — serão necessários para melhorar 
as condições de vida e de trabalho e resolver, inclusive, os problemas decor-
rentes das desigualdades nas disputas e decisões relacionadas à criação e à 
utilização de tecnologias.
Considerando que existem interesses sociais contraditórios e que a produção 
tecnológica permeia tais aspectos, tornou-se urgente que essas questões sejam 
tratadas muito além do âmbito acadêmico e profissional. Nesse sentido, os 
profissionais da área tecnológica e científica — notadamente os tecnólogos 
— detêm um poder e uma responsabilidade que extrapolam o exercício mera-
mente técnico da sua profissão, os quais devem ser exercidos considerando-se 
os problemas sociais, ecológicos e éticos gerados pela produção tecnológica 
(JACINSKI; SUSIN; BAZZO, 2008).
Nos últimos anos, os grandes avanços do conhecimento científico, as 
modernas tecnologias e seus processos de produção não são facilmente com-
preendidos, de modo que se faz necessária uma maior integração entre a 
realidade social/organizacional e a educação superior. Os CSTs, com sua 
dinâmica e ênfase nas demandas do mercado, revelam-se uma importante 
opção para que as conquistas científicas e tecnológicas sejam acessíveis de 
forma abrangente. Para tanto, o tecnólogo deverá receber uma sólida formação, 
com fundamentos tecnocientíficos e uma compreensão teórica e prática das 
atividades que executará, tornando-o apto a desenvolver, de forma plena, uma 
determinada área profissional (JUCÁ; OLIVEIRA; SOUZA, 2010). 
A formação de tecnólogos pressupõe o desenvolvimento de competências 
profissionais que, conceitualmente, não podem se limitar ao conhecimento. Para 
fins do Parecer CNE/CP nº. 29/2002, “[…] alguém tem competência profissional 
quando constitui, articula e mobiliza valores, conhecimentos e habilidades 
para a resolução de problemas não só rotineiros, mas também inusitados em 
seu campo de atuação profissional” (BRASIL, 2002, documento on-line). 
Machado (2008) reforça essas noções ao mencionar que a incorporação de 
inovações tecnológicas pelo processo produtivo e as mudanças na organização 
das formas de trabalhar e nas relaçõesprofissionais requerem uma qualificação 
profissional superior para atividades de maior complexidade. Nesse sentido, 
considerando-se que o tecnólogo corresponde a uma profissão de nível superior 
amparada na tecnologia, seu papel se torna indiscutivelmente importante para 
que os novos desafios sejam enfrentados com eficiência e eficácia. 
O tecnólogo e a tecnologia10
É preciso considerar, também, que o conhecimento se torna obsoleto com 
muita rapidez, porém o profissional precisa ser capaz de continuar dando res-
postas eficazes aos novos desafios. Por essa razão, a formação profissional se 
torna cada vez mais importante, sobretudo por estar intimamente relacionada 
às contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela velocidade 
com que têm sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, 
sua rápida difusão e seu uso pelo setor produtivo e pela sociedade em geral 
(JUCÁ; OLIVEIRA; SOUZA, 2010). Destaca-se novamente a importância 
do tecnólogo, não apenas como um profissional apto a acompanhar o mundo 
em constante transformação, mas também enquanto agente de mudança. 
Com sua formação voltada para a aplicação, o desenvolvimento e a difusão 
de tecnologias, associada à capacidade empreendedora, o tecnólogo possui 
inegável potencial para fomentar o desenvolvimento tecnológico, contribuindo 
não apenas com seu contexto local e regional, mas também com a sociedade 
de forma ampla.
Um excelente exemplo histórico que demonstra a importância dos inves-
timentos em formação tecnológica para o desenvolvimento social e nacional 
nos é fornecido pela Alemanha. No século XIX, após sua unificação política, 
a Alemanha passou a investir na criação de um amplo sistema de ensino 
tecnológico. Como consequência, a qualificação profissional proporcionou 
ao país, no início do século XX, a liderança em alguns ramos industriais que 
mais demandavam conhecimento especializado, como a indústria química, 
por exemplo (BRASIL, 2002). 
Contemporaneamente, o desenvolvimento tecnológico e a inovação de 
um país continuam dependendo, em grande parte, da formação de recursos 
humanos capacitados, bem como de investimentos consistentes, contínuos, 
de longo prazo e de porte. A Coreia do Sul é outro exemplo do sucesso da 
aplicação dessa concepção. O país investiu na formação de profissionais, 
em nível de graduação, habilitando-os para atuar em diversos segmentos do 
desenvolvimento tecnológico. As inovações geradas produziram o retorno 
desejado, e o setor produtivo assumiu o papel de financiamento e execução das 
pesquisas, sustentando, hoje, cerca de 75% dos investimentos, nível encontrado 
apenas nos países desenvolvidos (FELIPE, 2007).
No caso do Brasil, a ampliação da participação brasileira no cenário global, 
bem como o fortalecimento do mercado interno, dependerão fundamental-
mente de uma capacitação tecnológica que proporcione aos profissionais 
competências para perceber compreender, criar, produzir e adaptar insumos, 
produtos e serviços. Na medida em que as tecnologias de ponta apresentam 
uma conexão cada vez mais estreita com o conhecimento científico, o papel 
11O tecnólogo e a tecnologia
do tecnólogo, de quem se espera uma aptidão para a aplicação da tecnologia 
associada à capacidade de contribuir para a pesquisa, torna-se ainda mais 
estratégico (BRASIL, 2002). Ainda que, ao longo das últimas três décadas, 
tenhamos observado importantes avanços na formação tecnológica brasileira, 
boa parte das tecnologias industriais utilizadas atualmente são importadas. 
Em certa medida, esse fator pode afetar a competitividade internacional das 
nossas empresas, e até mesmo comprometer seu desempenho no mercado 
interno. O fato é que a tecnologia, enquanto saber que se aprende, é decisiva 
para a atuação de empresas e para o desenvolvimento econômico do País, e 
os tecnólogos possuem um papel fundamental nisso.
O desenvolvimento tecnológico tem afetado profundamente o homem, o 
meio ambiente e as instituições, de uma forma sem precedentes na história da 
humanidade. As novas tecnologias alteram hábitos, valores e tradições, que 
até pouco tempo atrás pareciam imutáveis. Nesse contexto, os tecnólogos têm 
desempenhado um papel decisivo, e, certamente, contribuirão de forma ainda 
mais significativa para os avanços que ainda estão por vir.
BARBIERI, J. C. (org.). Organizações inovadoras: estudos e casos brasileiros. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Editora FGV, 2004.
BRASIL. Decreto nº. 5.773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções 
de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos 
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Brasília, DF: Diário 
Oficial da União, 10 maio 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/
pdf/legislacao/decreton57731.pdf. Acesso em: 19 maio 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia. 
3. ed. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2016. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=44501-cncst-2016-
3edc-pdf&category_slug=junho-2016-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 19 maio 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer nº. 29/2002. Diretrizes curriculares nacionais 
gerais para a educação profissional de nível tecnológico. Brasília, DF: Diário Oficial da 
União, 13 dez. 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/cp29.
pdf. Acesso em: 15 maio 2019.
FELIPE, M. S. S. Desenvolvimento tecnológico e inovação no Brasil: desafios na área de 
biotecnologia. Novos estudos — CEBRAP, São Paulo, n. 78, p. 11–14, jul. 2007. Disponível 
em: http://www.scielo.br/pdf/nec/n78/02.pdf. Acesso em: 18 maio 2019.
O tecnólogo e a tecnologia12

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