Prévia do material em texto
Escola Clássica Aula 1 Administração Científica Iniciamos a nossa disciplina conhecendo a Teoria Clássica, mais especificamente a Administração Científica. É fundamental nesse momento inicial permitir que você observe de onde vem o interesse dos estudiosos em criar teorias sobre a realidade que acontece dentro das empresas. Você imagina por quê? Observe que as organizações, ou empresas, atuam transformando recursos para oferecer produtos e serviços que atendam às necessidades dos usuários. Se eles cumprem esse papel, utilizando de forma correta os recursos, a empresa é eficaz, os funcionários ficam satisfeitos, os fornecedores também, assim como os acionistas e a sociedade em geral. Ser eficaz é o que toda organização busca e, para isso, elas precisam criar modelos, processos, utilizar conhecimento, espaço, tempo, dinheiro e muitos outros recursos. Esse conjunto de ações é o que chamamos de “administração” e as organizações precisam fazer isso da melhor forma possível para serem rentáveis e viáveis economicamente de forma que sua existência seja a mais longa possível. Por isso, Maximiano, (2012, p.5), afirma que “a administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos”. Exatamente por essa necessidade de ser eficiente e eficaz, em plena era da revolução industrial, é que Frederick Winslow Taylor, engenheiro chefe da usina siderúrgica Midvale Steel, nos EUA, atentou para graves problemas que diminuíam a produção da empresa em função da baixa eficiência no trabalho por parte dos funcionários. Alguns desses problemas observados eram: a. Não havia separação ou divisão de trabalho administrativo e operacional; b. Não havia incentivo para melhorar o desempenho do trabalhador; c. Muitos trabalhadores não cumpriam suas responsabilidades; d. Não havia integração entre setores ou departamentos; e. Não havia locação de trabalho por vocação ou habilidade; f. Não havia consciência que a excelência no desempenho traria melhoria coletiva. Como para Taylor o objetivo da administração deveria ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e ao mesmo tempo ao empregado, ele entendeu que a única maneira dessa equação ser verdadeira seria através da oferta de altos salários aos empregados e baixos custos para os empregadores. Sendo assim, ele buscou resolver esses problemas através de pesquisas, que foi desenvolvendo no seu próprio ambiente de trabalho. Uma das principais ideias do movimento da administração científica e, na qual Taylor concentrou seus estudos, foi o conceito de Homo Economicus, que refletia um modelo de ser humano eminentemente racional movido pela necessidade de trabalhar apenas pela recompensa salarial, já que precisa do dinheiro para sobreviver. Para o Homo Economicus, as recompensas deveriam ser sempre econômicas (salariais e materiais). Nesse contexto, o início do movimento da Administração Científica é voltado para a questão salarial. Para isso, Taylor apresentou um trabalho, considerado o primeiro estudo da administração científica, no qual ele define que o ganho por peça produzida promoveria um maior esforço por parte dos operários e um consequente aumento da produção. O foco era no desenvolvimento e aprimoramento da tarefa. Esse princípio foi pautado na ideia de que o trabalhador era vadio por natureza. Que ele só produzia, de fato, um terço do que era capaz de produzir. Portanto, eliminar as causas do trabalho retardado diminuiriam os custos de produção a tal ponto que ampliaria o mercado interno e externo, aumentando a competitividade. The piece-rate system propôs, então, descobrir o tempo em que homem completava uma determinada tarefa dando o melhor de si. A partir daí, surgiu a necessidade do que chamaram de estudo dos tempos, no qual, a partir da divisão das tarefas em partes e cronometrando todas elas, era possível saber o tempo de produção de uma peça e, a partir daí, calcular o valor do salário a ser pago por unidade produzida. O estudo dos tempos e movimentos permitiu otimizar a divisão do trabalho, eliminando todos os esforços desnecessários e buscando uma sequência certa de atividades e tarefas que, por sua vez, poderia ser executada por trabalhadores pouco qualificados, que seriam facilmente treinados a custos baixos. Nessa primeira fase, portanto, observa-se que o foco de Fredick Taylor estava no ataque aos problemas salariais, no estudo sistemático do tempo das tarefas, na definição de tempo padrão para cada uma delas, e a implantação de um sistema de administração por tarefas (há uma única maneira correta de desempenhar uma tarefa). Tudo isso em busca de maior produtividade. Porém, os problemas em relação à produtividade não paravam. Taylor observou com o passar dos anos que o estudo dos movimentos para determinação de salários não se mostrava suficiente por si só, mas que ele mesmo poderia trazer novas informações e descobertas. Nessa segunda fase da Administração Científica (1903), desenvolveu-se o Shop Management, que se resume num processo de administração das operações da fábrica, no qual se identifica o operário ideal para a execução de cada tarefa, além de padronizar ferramentas e equipamentos. Já em 1911, Taylor lança seu livro Princípios da Administração Científica e sintetiza os principais objetivos da teoria já aplicados, como também disperta a percepção sobre a necessidade preeminente de separar as equipes de gestão das equipes de produção, ou seja, operáros não deviam pensar, apenas executar o que lhes foi ensinado. Toda atividade cerebral deveria ser retirada do operariado e centralizada no departamento de planejamento. Assim, Taylor demostra que alguns elementos são essenciais na condução da administração das empresas que, por sua vez, são a base da administração científica. São eles: a. Desenvolver, para cada elemento do trabalho individual, uma ciência, com normas rígidas para o movimento de cada homem, e o aperfeiçoamento e a padronização de todas as ferramentas e condições de trabalho. b. Selecinar, cuidadosamente, depois treinar, ensinar e aperfeiçoar o trabalhador (com a eliminação de todos que se recusam a adotar os novos métodos ou são incapazes de segui-los). c. Cooperar sinceramente com os trabalhadores, remunerando-os diariamente e articulando todo o trabalho com os princípios da ciência desenvolvida. d. Manter divisão equitativa de trabalho e de responsabilidade entre direção e operário. Esse modelo ou essa base para alcançar a tão almejada máxima eficiência com melhores salários fundamentou-se numa padronização dos processos operacionais chamada de organização racional do trabalho- ORT. Esse sistema seguiu um fluxo de ações que pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Fonte: Elaboração da própria autora Todo esse esforço, vale lembrar, buscava modificar o sistema de administração a fim de que os interesses dos trabalhadores e da direção, se tornasse o mesmo, em vez de serem objetivos distintos e até antagônicos. Taylor não foi o único colaborador da Administração Científica. Na verdade, outros estudiosos também influenciaram e contribuíram com estudos sobre maior produtividade, diminuição de desperdício, como foi o caso do empresário americano da construção civil, Frank Gilbreth que desenvolveu um estudo criterioso sobre a fadiga, junto com sua esposa Lilian Moller Gilbreth. O trabalho do casal complementa os princípios publicados por Taylor, quando descreve que, através de pesquisas e estudos, identificaram que a redução da fadiga contribui para melhor desempenho e que a fadiga desnecessária pode ser eliminada através de um ambiente de trabalho adequado e com períodos regulares de descanso. Eles chegaram a sugerir menores jornadas diárias como também mais dias de descanso semanal. Apesar de o governo, na sua essência, assim como os industriais, serem entusiastas da administração científica, é claro que todo esse movimento obteve alguns pontos de resistência principalmente por parte dos próprios trabalhadores, assim como da imprensa e de alguns ramos políticos. Suas maiores críticas eram: a. Aumentara eficiência traria desemprego; b. A administração científica fazia o operário trabalhar mais e ganhar menos. Porém, durante a guerra, esse movimento se expandiu de forma vertiginosa e consistente, pois permitiu aos americanos aplicarem em larga escalas os princípios propostos, gerando alta eficiência em termos de velocidade na construção de cais, estradas e linhas de comunicação que deixarmos europeus encantados. Em 1917, a edição francesa do livro de Taylor chega a 9.000 exemplares. Outro seguidor, colaborador e entusiasta da administração científica foi Henry Ford. Engenheiro e fundador da Ford Motor Company, ele uniu os princípios descritos por Taylor a uma inovação revolucionária do início do século XX, que foi a linha de montagem, fruto da produção em massa. Os princípios da produção em massa eram: peças padronizadas e trabalho especializado. Ou seja, ele seguiu os princípios da administração científica. Peças padronizadas e intercambiáveis permitiam o uso das mesmas em qualquer sistema, ou em qualquer produto final.Trabalho especializado permitia que a montagem de uma peça fosse feita em etapas e cada etapa feita pela mesma equipe. Essa equipe se tornava expert naquela atividade pela repetição e dedicação. E o que viria a ser a linha de montagem? Um sistema no qual o produto em processo se desloca ao longo de um percurso, enquanto os operários ficam parados. Esse sistema foi se ampliando não só para montagem do produto final como também na produção de peças. Ele permitiu maior velocidade de produção, menores custos de estoque de peças à espera da montagem e principalmente o ganho em escala, ou seja, quanto mais carros são produzidos, mais baratos eles ficavam. Ford foi um visionário focado no mercado. Ele implantou a jornada de oito horas de trabalho assim como duplicou o salário dos seus operários. Como as funções eram altamente especializadas, surgiram muitas outras funções, que permitiram um trabalho sequenciado e de excelente qualidade. O Fordismo foi o modelo dominante de sistema fabril até antes da segunda guerra, sendo copiado por indústrias como Renault, Volkswagem, Fiat e Mercedez-Benz. Ford relutou em sindicalizar os seus funcionários. Essa atitude foi vista como uma forma de fixar e fortalecer seu poder paternalista sobre aqueles que dele dependiam para sobreviver. Portanto a administração científica trouxe o que de novo? Necessariamente, nenhuma descoberta de fatos novos ou invenção, mas uma certa combinação de elementos que não existiam no passado, isto é, “ conhecimentos antigos coletados, analisados, agrupados e classificados em leis e normas que constituem uma ciência, acompanhada de completa mudança na atitude metal dos trabalhadores e da direção(...)”. Observe na Tabela 1 um pequeno resumo do movimento da administração científica. Movimento da administração científica Tabela 1 – Fonte: Elaborado pela própria autora Livro da disciplina Para aprofundar seu conhecimento sobre o movimento da administração científica, estude, agora, no livro da disciplina, o capítulo 2 (p. 49 - 54). Vídeo da Unidade Para saber mais sobre a administração como prática universal, assista agora ao vídeo da unidade: A Administração no Brasil. Se preferir, faça o download do áudio (mp3 compactado) deste vídeo clicando aqui. Atividade Diante do que vimos nessa nossa primeira aula da unidade, além das suas pesquisas nos links, livros e textos indicados, identifique contribuições e limitações da Administração Científica para melhorar a eficácia das empresas. Aula 2 Teoria Clássica e Neoclássica O movimento da Teoria Científica tinha uma preocupação grande em tornar eficientes os processos operacionais de trabalho. Concordam? Esperamos que sim! Essa visão voltada para a área operacional não era unânime e nem absoluta no início do século XX, quando predominava um capitalismo monopolista na Europa. Existiu também uma outra vertente que não descartava ou negava a Teoria Científica, mas que incluía uma forte preocupação com a gestão administrativa. Essa teoria foi chamada de Teoria Clássica. O precurssor da Teoria Clássica foi Henry Fayol, que desenvolveu os princípios da gestão administrativa ao longo dos anos em que assumiu a direção da Comambault, uma metalúrgica francesa que passava por sérias dificuldades financeiras. Em dez anos, Fayol conseguiu reverter esse quadro fechando unidades deficitárias, lançando novos produtos e adquirindo novas minas. Em 1916, Henry Fayol publicou o livro Administração Geral e Industrial, no qual ele defende que: Não só isso, mas Fayol também acreditava que a adminsitração sería a área mais importante no contexto organizacional. Para ele, o diretor trabalha não para observar nem para mandar nos empregados, mas para sentar à mesa de trabalho e colocar no papel as ideias sobre as funções gerais de sua administração. As empresas nessa época eram altamente verticalizadas e hierarquizadas. Verticalizadas e Hierarquizadas. Você sabe o que é isso? Quer saber mais um pouco, é interessante ler o texto abaixo. www.goo.gl/W10zDl Acesso em: 12 out. 2014 Para a Teoria Clássica, que tinha um foco interno na análise organizacional, a empresa funciona como o corpo humano no qual se encaixam seis áreas específicas: Nesse contexto, Fayol demonstra a distinção entre trabalho administrativo e operacional, determinando efetivamente o papel dos gerentes em termos dessas áreas específicas e por isso a Teoria Clássica também foi chamada de Gerência Administrativa ou ainda de Processo Administrativo. De forma detalhada, pode-se entender as seis funções do Processo Administrativo da seguinte forma: Na perspectiva da Teoria Clássica, a empresa funciona como um sistema racional de regras e autoridades, que tem sua existência justificada na medida em que fornece valor na forma de bens e serviços aos seus consumidores. Uma vez organizada a empresa, os colaboradores precisam de orientações para saber o que fazer, como também precisam ser coordenados e controlados.Esse é o papel dos gerentes na visão de Fayol. Portanto, a operação administrativa é uma função que se reparte e se distribui por outras operações essenciais, proporcionalmente, por toda estrutura organizacional da empresa, enquanto as outras incidem sobre setores específicos conforme pode ser demonstrado na figura abaixo: PROPORCIONALIDADE DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA Adaptada de: SALAZAR, 2001. Para que os gerentes de fato cumpram seu papel satisfatoriamente, Fayol identificou quatorze princípios que, se cumpridos, levariam a eficiência organizacional. São eles: 1 - Divisão de trabalho: Designação de tarefas específicas para cada pessoa, resultando na especificação das funções e separação dos poderes. 2 - Autoridade e responsabilidade: A autoridade é o direito de comandar, podendo ser estatutária, decorrente dos próprios deveres e funções ou pode ser pessoal. Autoridade é também o poder de fazer-se obedecer. Já a responsabilidade, acompanha o exercício do poder e juntas determinam o poder de mando e execução. 3 - Disciplina: Respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus gerentes. Decorre da aceitação do poder de mando advindo da autoridade. 4 - Unidade de comando: Um empregado deve receber ordens de apenas um superior, ou seja, um operário deve ter apenas um chefe. 5 - Unidade de direção: Um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6 - Interesse geral: Subordinação do interesse individual ao interesse geral – organizacional. 7 - Remuneração do pessoal: É a maneira de retribuir os serviços prestados, devendo ter sempre em mente o princípio da equidade e justiça, procurando tanto quanto possível satisfazer empregado e empregador ao mesmo tempo. 8 - Centralização: As diretrizes seguidas pela empresa devem emanar de um comando central de cúpula. 9 - Linha de comando (cadeia escalar): Hierarquia – a série dos chefes do primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas. 10 - Ordem: Um lugar para cada pessoae cada pessoa em seu lugar, ou seja, ordem é o conceito de organização, arrumação e disposição de coisas e de pessoas. 11 - Equidade: Tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo energia e o rigor quando necessários. É importante o chefe considerar, no seu julgamento, a condição humana. 12 - Estabilidade do pessoal: Manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento, diminuindo os perigos e os custos da rotação desnecessária de pessoal. 13 - Iniciativa: É a capacidade de criar situações que favoreçam a execução da tarefa, podendo surgir modificações nos métodos em si. Faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes. 14 - Espírito de equipe: União do pessoal - Desenvolvimento e manutenção da harmonia dentro da força de trabalho de forma a garantir que a empresa funcione com viabilidade. A atualidade desses princípios, formulados a mais de 50 anos, ainda é expressa dentro das organizações, mesmo que elas tenham características diferentes das empresas daquela época, algumas mais enxutas outras mais flexíveis etc. Além dos 14 princípios, Fayol sugeriu 16 deveres dos gerentes para que fossem bem sucedidos na sua missão. Algumas das principais contribuições da Teoria Clássica passam pela identificação da administração como uma ciência que pode ser ensinada, treinada e desenvolvida para ser aplicada por pessoas diversas, o que incentivou o ensino e propagou as universidades de Administração. Além dessa, outra importante contribuição se refere à forma de compreender a administração como processo composto por funções chaves, característica que se mantém até os dias atuais, como veremos ao avançar do nosso curso. A Teoria Clássica de fato agregou conceitos importantes à Teoria Científica de Taylor, porém ainda assim possuía limitações, tais como: Considerava as organizações sistemas fechados, sem qualquer influência do ambiente externo. Ainda acreditava que os pressupostos motivacionais eram unicamente materiais. Essas lacunas deixaram o campo aberto para o surgimento de outras Escolas, pensadas por outros estudiosos que tentanvam de alguma forma criar alternativas para suprir essas limitações, agregando novas contribuições. Esse foi o caso da chamada Teoria Neoclássica. Alfred Sloan, na década de 1920, desenvolveu uma nova ideia, que, na verdade, foi um aperfeiçoamento de algumas práticas da Teoria Clássica, objetivando uma melhor aplicação do processo administrativo. Alguns autores, inclusive, consideraram o nome de Neoclássica não muito apropriado, o que fez com que, na década de 1950, a nomenclatura adotada fosse de Administração por Objetivos (APO). O modelo da APO, que Sloan utilizou na General Motors, focava num sistema onde a definição dos objetivos e a cobrança dos resultados eram desenvolvidos pela matriz e as divisões focavam na operacionalização e execução dos detalhes. Peter Drucker, funcionário da General Eletric, acrescentou alguns componentes à Teoria neoclássica e assim a denominou Administração por Objetivos. Ele determinou a necessidade de se definir objetivos e avaliar resultados de algumas áreas chaves da organização, tais como: participação no mercado, inovação, produtividade, recursos físicos e financeiros, rentabilidade, desempenho e aprimoramento gerencial, desempenho e atitude dos trabalhadores e responsabilidade pública. Nesse contexto do pós-segunda guerra, a Teoria Neoclásica, ou APO, foi definida como um processo participativo de estabelecimento de objetivos e avaliação de desempenho das pessoas, com as seguintes características: Ênfase na prática da administração Os neoclássicos desenvolveram seus conceitos de forma prática e utilizável, pois, para eles, a teoria só tem valor quando operacionalizada na prática. A Teoria Neoclássica representa a contribuição do espírito pragmático americano: busca de resultados concretos e palpáveis, embora não descuide dos conceitos teóricos, visando à ação administrativa, enfatizando aspectos instrumentais da administração. Reafirmação dos postulados da Escola Clássica Todo material desenvolvido e expresso pela Teoria Clássica é revisto e atualizado pela Teoria Neoclássica, porém, numa perspectiva mais ampla e flexível, compatível e adaptada ao momento em que estava operando. Desde ao modelo de organização do tipo linear e funcional, passando pelas questões vinculadas a autoridade e responsabilidade, a assim como o sitema de departamentalização, tudo foi adequado reforçado e sustentado perante a nova teoria. Ênfase nos princípios gerais da administração Normas de comportamento para planejar, organizar, dirigir e controlar foram determinadas pela Teoria Neoclássica, no intuito de trazer soluções práticas para a administração. Muitos autores se dedicaram a prescrever detalhadamente esses princípios que chegou ao número de 96 itens! Ênfase nos objetivos e resultados Toda organização existe para alcançar objetivos e produzir resultados, assim pensavam os autores da Teoria Neoclássica. Daí a explicação para o foco de suas preocupações serem os objetivos organizacionais e os resultados obtidos como forma de avaliação do desempenho das organizações. As organizações têm a expectativa de alcançarem seus objetivos por meio de ações eficientes e aí se inclui a APO. Ecletismo nos conceitos A pluralidade de autores e ideias somados às diferentes origens de inspiração faz a Teoria Neoclássica ser ampla e diversificada. Trata-se de um movimento de agregação de ideias. Devido a esse ecletismo, a Teoria Neoclássica se considera como a Teoria Clássica dentro de um figurino misto. Esse figurino define a formação do administrador na metade final do século XX, que considerava a administração uma atividade essencial a todo esforço humano coletivo, no intuito de atingir os objetivos através da capacidade de influenciar as pessoas a seguirem esses objetivos. Ênfase na departamentalização Essa característica das organizações no contexto da Teoria Neoclássica esta vinculada ao conceito de organização formal, apresentado por Fayol, como uma necessidade básica para alcance da eficiência e eficácia organizacional. A organização formal se caracteriza por: - Divisão do trabalho: Princípio trazido da Teoria Científica, a divisão do trabalho proporcionava maior eficiência organizacional a partir do momento que a automação das tarefas proporcionava maior produtividade, ou seja, maior número de peças em um mesmo período. Essa concepção passou a ser utilizada não só na indústria de bens, mas também na oferta de serviços - Especialização: Consequência da divisão do trabalho, a especialização determina atividades específicas para cada grupo. - Hierarquia: Em toda organização formal existe uma hierarquia que divide a organização em camadas ou níveis de autoridade. Na medida em que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de autoridade do administrador. Ao mesmo tempo em que diminui a necessidade de conhecimento técnico-operacional. - Amplitude do trabalho: Também chamada de amplitude administrativa, esse princípio da Teoria Neoclássica diz respeito ao número de funcionários que um administrador (chefe ou superior) pode ter sob sua subordinação. Se uma empresa tem poucos subordinados para cada cargo de chefia, ela se torna uma empresa mais vertical e hierárquica, ao passo que se o número de subordinados por chefia é maior, a empresa se torna mais larga ou mais horizontalizada. Essa característica é fundamental no contexto dos princípios da Teoria Neoclássica, também como consequência da divisão do trabalho e da especialização, afinal quanto mais detalhamento das tarefas mais necessidade de se organizar as mesmas. Saiba mais sobre AUTORIDADE e RESPONSABILIDADE assistindo ao vídeo indicado. www.goo.gl/Ll2VOo. Acesso em: 14 out. 2014. Não há uma definição de como as organizações devem ser, mas existe um profundo estudo sobre as vantagens e desvantagens de cada um dos modelos, mais ou menos centralizados. Já vimos, em outro texto, um pouco sobre verticalização e hierarquias. Complete seus conhecimentos sobre centralização e descentralizaçãolendo o post do blog Administração no ar. www.goo.gl/d0ek4N Retomando a ideia de a Teoria Neoclássica ter trazido uma nova roupagem para a Teoria Clássica, devemos, nesse momento, retomar a questão do processo administrativo para finalizarmos a nossa aula sobre essas duas teorias. O Processo Administrativo para Fayol era formado por cinco ações que ele denominou elementos da administração. Lembra? Bem, nesse mesmo sentido, de determinar ações fundamentais ao processo de administrar, a Teoria Neoclássica atualizou o conceito e concentrou em quatro as funções dos administradores. São elas: planejar, organizar, dirigir e controlar. Essas funções seriam e continuam sendo mais do que uma sequência cíclica, pois elas estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo administrativo, portanto, é cíclico, dinâmico e interativo. Vejamos essas funções um pouco mais detalhadamente: Planejar: Primeira função administrativa, responsável pela determinação das metas e objetivos. Ela não permite que a organização atue no improviso e funciona como balizadora, ou orientadora das outras funções. O planejamento define aonde se quer chegar, o que deve ser feito, quando, como e em que sequência. É importante entender que, nas empresas hierarquizadas, os planejamentos acontecem em todos os níveis hierárquicos, sendo cada um elaborado na sua proporção e alçada. São eles: Organizar: Segunda função dos administradores e significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer suas atribuições e as relações entre eles. De forma prática, os neoclássicos entendiam que essa ação se desenvolveria através da determinação das atividades necessárias ao alcance dos objetivos (especialização), na sequência pelo agrupamento das atividades numa estrutura lógica (departamentalização) e finalmente designando as atividades a pessoas específicas (cargos e tarefas). Dirigir: Aqui apresentamos a terceira função dos administradores determinados pela concepção dos Neoclássicos. Esta função deve se encarregar de interpretar os planos para os outros e dar as instruções sobre como executá-los para atingir os objetivos. Os diretores dirigem os gerentes, os gerentes dirigem os supervisores, e os supervisores dirigem os funcionários ou operários. Controlar: A quarta e última função administrativa tem como finalidade assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustaram tanto quanto possível aos objetivos previamente definidos. A essência do controle reside em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos ou resultados desejados. O controle consiste fundamentalmente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado. Sendo a função controle também um processo, ela tem várias etapas que compõem a sua finalidade: estabelecimento de padrões, observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido e ação corretiva. Essas ações visam manter o sistema em pleno funcionamento, podendo e devendo ocorrer ao longo de todo o processo administrativo. Assim, depois de você ter lido todo esse conteúdo e comparar com o que de fato acontece nas organizações dos dias atuais, poderá observar que as três teorias ainda estão presentes de alguma forma nas empresas do século XXI. Algumas mais e outras menos, mas não há como negar a influência e importância que elas trouxeram para buscar de forma eficiente os objetivos organizacionais e alcançar o tão almejado lucro. Livro da disciplina Para aprofundar seu conhecimento sobre a teoria clássica, estude, agora, no livro da disciplina, o capítulo 2 (p. 55 - 60). Atividade Agora que você já estudou a Teoria Científica de Taylor, a Teoria Clássica de Fayol e a Teoria neoclássica de Drucker, compare a ênfase nas tarefas, e a ênfase na estrutura. Aula 3 Teoria da Burocracia A Teoria da Burocracia surgiu por volta do ano de 1909, sendo Max Weber a sua principal figura. Também focada nas questões estruturais da organização, ela traz à tona princípios vinculados à organização formal, tão importantes também nas Teorias Clássica e Neoclássica. Não fugindo aos princípios de outros teóricos da mesma época, para o paradigma weberiano, a burocracia é um sistema que busca organizar, de forma estável e duradoura, a cooperação de um grande número de indivíduos, cada qual detendo uma função especializada. A Teoria da Burocracia surgiu por volta do ano de 1909, sendo Max Weber a sua principal figura. Também focada nas questões estruturais da organização, ela traz à tona princípios vinculados à organização formal, tão importantes também nas Teorias Clássica e Neoclássica. Não fugindo aos princípios de outros teóricos da mesma época, para o paradigma weberiano, a burocracia é um sistema que busca organizar, de forma estável e duradoura, a cooperação de um grande número de indivíduos, cada qual detendo uma função especializada. Essas teorias, de certa forma, não surgiram como algo novo, visto que esse modelo de organização já estava presente na Igreja e no Estado informalmente. Alguns fatores conjunturais permitiram a consolidação delas, como por exemplo: A racionalização do direito, que passa a ser escrito e organizado com base em ordenamentos jurídicos em vez de costumes e tradições não escritos. A centralização do poder estatal propiciada pela crescente facilidade de comunicação e transporte antigamente isolados. O surgimento e a consolidação das indústrias nas cidades. A consolidação da sociedade em massa como resultado da expressão do capitalismo. Fortalecida por esse conjunto de fatores, a Teoria da Burocracia sugere em primeiro plano a separação da esfera pessoal, privada e familiar, da esfera do trabalho ou esfera pública, instâncias comuns de estarem não só vinculadas como também misturadas antes do advento da Revolução industrial e que nesse contexto exigiu maior profissionalização das organizações. Dessa forma, então, entende-se que, nos sistemas burocratizados, impera o formalismo, a impessoalidade, o caráter profissional da administração e no exercício da dominação baseada no saber. Weber considerava que a burocracia seria capaz de atingir o mais alto grau de eficiência através da dominação dos seres humanos não os dando opções de decidir por conta própria, mas sim baseado nas necessidades organizacionais e nas ordens determinadas. Os princípios que regem a Teoria da Burocracia e que oferecem sustentação para sua utilização nas organizações em busca de eficiência podem ser descritos como: · A existência de funções definidas e competências rigorosamente determinadas por leis e regulamentos; · Os membros do sistema têm direitos e deveres delimitados por regras e regulamentos; · Existe uma hierarquia definida por regras explícitas e as prerrogativas de cada cargo e função são estabelecidas legalmente e regulam o exercício da autoridade e dos seus limites; · Recrutamento é feito por meio de regras previamente estabelecidas, garantindo igualdade na forma de contratação; · A remuneração deve ser igual para o exercício de cargos e funções semelhantes; · Promoções e avanços na carreira devem ser regulados por normas e baseado em critérios objetivos e não favoritismos ou relações pessoais. Nessa situação, observa-se uma separação completa entre a função e as características pessoais do indivíduo que a ocupa, o que compreende uma das grandes vantagens da burocracia, ou seja, a seu componente democrático, que, em função da impessoalidade e da imposição de regras, permite acesso e manutenção de cargo a todos os funcionários. Além dessa, alguns os autores ressaltam outras vantagens da Teoria da Burocracia, como se pode observar na figura abaixo: FIGURA 1: Vantagens da Burocracia Fonte: Adaptado de: Motta, Fernando C. Prestes. Teoria Geral da Administração, 2006 p. 133. Essas vantagens demonstram que o misticismo ou as ações intuitivas não eram mais admissíveis no contexto da burocracia, da mesma forma que a análise dos processos era feitade forma racional para o melhor desempenho da tarefa (absorvendo conceitos da Teoria científica). Assim, a necessidade de pessoas qualificadas e bem adaptadas às tarefas anulava os princípios de clientelismo e favoritismos comuns nas organizações naquela época, tornando os processo mais racionais. Ainda nesse sentido o Isoformismo, que se entende como uma estrutura com elevado grau de formalização, permitia a transposição de modelos positivos para outras unidades e organizações, expandindo o comércio e as empresas. Porém nem tudo são flores e, como já foi dito no início dessa aula sobre as lacunas que as teorias deixam desocupadas, a burocracia também apresenta algumas disfunções que não só estimulam novos estudos como também comprometem sua utilização de forma absoluta. Quadro 1: Disfunções da burocracia Incapacidade de resposta e adaptação organizacional. A ênfase na impessoalidade, não considerando os elementos subjetivos presentes nas organizações, pode levar a aderência cega a regras formais em detrimento da criatividade, tornando as organizações inaptas a responder às mudanças dos ambientes dinâmicos com adequada velocidade. Perda da visão de conjunto dos objetivos organizacionais. Descrição detalhada das funções e especialização podem contribuir para a perda da visão do todo organizacional. Processo decisório lento. A existência de regras excessivas e detalhadas podem influenciar a velocidade do processo de tomada de decisão. Limites de formalização. As alterações rápidas do ambiente onde a organização se insere demandam alteração rápida das tarefas, tornando praticamente impossível sua detalhada formalização. Manutenção do status quo. Pelas razões apontadas, o resultado por fim pode ser a acomodação em detrimento de uma atitude mais proativa da organização. Fonte: Perci & Sobral, 2008 p.45 A Teoria da Burocracia, portanto, considerava o modelo de organização ideal, aquelas organizações hierarquizadas, especializadas e adequadas a ambientes estáveis, o que, de certa forma, não se adequou ao ambiente do século XX em constante evolução, assim como não ficou reconhecida como um modelo democrático, mas sim como sinônimo de ineficiência, lentidão e rigidez. Livro da disciplina Para aprofundar seu conhecimento sobre a teoria da burocracia, estude, agora, no livro da disciplina, o capítulo 2 (p. 61 - 68). Atividade Agora que já vimos as principais características, princípios e disfunções da Teoria da Burocracia, complete a atividade abaixo para fechar com chaves de ouro a nossa terceira aula dessa primeira unidade. Excesso de regras, segundo Charles Perrow, um dos contestadores de Weber, é uma das disfunções da Teoria da Burocracia. Como você explicaria essa disfunção? Encerramento Esta unidade nos colocou em contato com algumas Teorias Organizacionais de ordem primária. Primárias, não por serem menos importantes, mas por serem aquelas que iniciaram de alguma forma a ciência da administração a partir do momento que valorizaram e evidenciaram a necessidade da experiência empírica como norteadora das teorias. A primeira delas foi a Teoria Científica que foca seus princípios na tarefa e na melhor forma de executá-la. Tayor baseava os princípios da Teoria Clássica no modelo do Hommo economicus, que era por natureza preguiçoso, mas que poderia ser motivado através de recompensas materiais. Ele não imaginou uma organização aberta e muito menos preocupou-se com as demandas sociais dos indivíduos. A Teoia Neoclássica traz um foco nos objetivos organizacionais tanto que foi chamada por alguns de Administração por Objetivos (APO) e também ajusta e define de uma forma mais prática e simplista as funções do administrador que fazem parte do chamado Processo administrativo: planejar, organizar, dirigir e controlar. Ainda enfatizou a especialização e reforçou a hierarquia como forma de autoridade dentro das organizações. A Teoria da Burocracia trouxe uma padronização necessária, mas que, ao longo dos anos, tornou os processos a tal ponto engessados que não permitiam criatividade e inovação dentro das organizações. Críticas foram comentadas por vários autores. Quais os princípios da Teoria Científica de Taylor? PRINCÍPIOS BÁSICOS: Administração como ciência – substituição do empirismo pelo científico Separação entre direção da execução Selecionar, treinar e orientar Estudo de tempos e movimentos – eliminação do desperdício Divisão do trabalho e especialização Conceito de homem econômico – incentivos salariais ORT – Organização racional do trabalho As Teorias Clássicas e Neoclássica trouxeram mudanças estruturais ou relacionais para os métodos de gestão? No contexto das Escolas Clássica e Neoclássica, todo o foco está voltado para a estrutura das organizações a partir do momento em que eles definirão funções, hierarquias, princípios de autoridade, responsabilidade e delegação, sem, de certa maneira, preocupar-se com a forma de interação entre as pessoas, com as relações informais inerentes de qualquer organização nem com as formas ou aspectos motivacionais que saíssem da esfera material. O que é mesmo burocracia na concepção dos administradores? Apesar de a palavra burocracia ser entendendida nos dias atuais como um sistema engessado, lento, arcaico e principalmente ineficiente, a proposta de Max Weber com a Teoria da Burocracia obviamente não tinha esse objetivo. A teoria da burocracia buscou, através da padronização de procedimentos, facilitar e agilizar os processos, porém, como eles não são necessariamente iguais, repetitivos os padrões criaram modelos que, ao invés de facilitar, dificultaram o andamento dos procedimentos. Como vimos no conceito da teoria, ela buscava, na essência, organizar de forma estável e duradoura a cooperação de um grande número de indivíduos, cada qual detendo uma função especializada. Atividades Além do estudo dos roteiros, do livro da disciplina, das leituras complementares e dos vídeos das unidades, você deverá realizar as atividades pontuadas que se encontram no ambiente virtual de aprendizagem. Acompanhe os prazos de envio das avaliações no documento “Calendário e Critérios de Avaliação”, na introdução da disciplina. Lembre-se: procure o professor-tutor no fórum "Fale com o tutor". image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.png image8.png image1.jpeg image2.jpeg image3.png