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Mundo digital: Jornal do Brasil na Internet no tempo do PC 386 
 
Dra. Maria José Baldessar 
Universidade Federal de Santa Catarina1 
E-mail: mbaldessar@hotmail.com 
 
Resumo: O presente artigo resgata um pouco da história e do pioneirismo do Jornal do 
Brasil, primeiro jornal brasileiro a ser colocado na rede mundial de computadores, em 
1995. Traz, desde a análise das tecnologias usadas/disponíveis naquele período, bem 
como o desafio de jornalistas e editores de colocar o jornal no ciberespaço. Mostra, 
ainda, os números da internet no Brasil naquele período e sua evolução. Faz uma 
análise dos momentos do jornalismo online, que segundo Pavlick (1996) podem ser 
classificados em três: (1) transpositivo - transposição do conteúdo analógico para o 
digital – com pequenas ou nenhuma modificação; (2) adaptativo, que tem como 
característica a integração das linguagens dos meios tradicionais com as novas 
possibilidades da rede e (3) onde um conteúdo original, desenhado especificamente para 
a Web como um novo meio de comunicação e as modificações do JB Online em sua 
breve história. Com base no especial multimídia produzido pela equipe do JB Online 
para comemorar os 10 anos do jornal na rede, agrega depoimentos do criador, Sérgio 
Charlab: “A primeira máquina usada para fazer o JB Online era um 386 SX 40Mhz. 
Uma tartaruga, ainda mais para fazer muitos processos ao mesmo tempo” e de outros 
envolvidos no processo. 
 
 
Palavras-chave: Mídias digitais, jornalismo, história, novas tecnologias 
 
 
1 - Professora do Programas de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento e do curso de 
Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
A história do jornalismo online no Brasil começa com o pioneirismo e a 
capacidade de desafio de um grupo de jornalistas que queriam experimentar na “nova 
mídia”: a internet. Coube ao Jornal do Brasil, um dos mais tradicionais do país, iniciar 
a experimentação e inovação: em oito de fevereiro de 1995 começava a circular na rede 
a primeira edição do JB Online, feita num PC 386 SX40Mhz2, para usuários no Brasil 
que dispunham do serviço. Antes disso, seguindo os moldes do NYT3, em 1993, o 
jornal já tinha criado o Serviço Instantâneo de Notícias (SIN), pelo qual eram enviadas 
notas de economia e política às bolsas, corretoras e bancos. Para viabilizar o SIN, um 
terminal da Bolsa de Valores do Rio estava instalado na redação da Agência JB. 
Uma breve história da Internet 
Desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a internet 
surgiu como um projeto que permitisse a comunicação entre os militares durante o 
período da Guerra Fria. Em 1962, pesquisadores militares iniciaram uma rede de 
computadores que fosse resistente a bombardeios, na Rand Corporations, uma 
instituição do governo norte-americano. Em 1969, foi inaugurada a primeira versão da 
Rede, conhecida como Arpanet (Advanced Research Projects Agency - Agência de 
projetos de pesquisa avançada). 
Nos anos 70, a internet era restrita aos institutos de pesquisa e meio acadêmico 
e, mesmo assim, muito rudimentar. Em 74, aparecia a Telnet, primeiro serviço 
comercial de acesso à Rede nos EUA. Em 1982 o termo Internet foi usado pela primeira 
vez e cunhado com base na expressão inglesa "INTERaction" or INTERconnection 
between computer NETworks". Só em 1990 foi lançado o "The World" 
(world.std.com), primeiro serviço comercial via dial up com acesso à internet nos EUA. 
Essa primeira rede conectava apenas quatro pontos e 
evoluiu até tornar uma forma mais próxima do que temos atualmente. Em 1983 foi 
estabelecido o padrão TCP/IP (Trasfer control protocol/ Internet protocol), até hoje 
usado como protocolo de comunicação pelos computadores na internet. 
 
2 - MHZ é uma unidade de freqüência. Representa um milhão de Hertz, ou mil kilohertz (KHz). Hertz é o 
inverso do segundo. Ou seja, se algo acontece com uma freqüência de uma vez por segundo, a volta 
completa de uma roda, por exemplo, este fenômeno tem a freqüência de 1 Hz (1 Hertz). O processador 80 
386, usado na produção do JB online em 1995, continha 12 MHz. Hoje os processadores mais avançados 
usam mais de 2900 MHz. 
3 - Segundo MOHERDAUI (2000) as notícias começaram a integrar a rede, no final dos anos 70, quando 
o The New York Times disponibilizou informações online, com o New York Times Information Bank. 
No ano seguinte, a criação do WWW4
 
4 - Inventada pelo inglês Tim Berners-Lee a World Wide Web - que em 
 facilitaria uma navegação pela superfície da 
Rede, até então nunca explorado. 
Antes da criação do WWW, a maior parte das conexões era feita dos próprios 
centros e laboratórios das universidades, e as que eram feitas de outros locais (casas, 
escritórios etc.) usavam linhas telefônicas. Porém, com milhares de novos usuários, uma 
nova estrutura precisou ser montada e nascem os provedores de acesso. Essas empresas 
têm uma conexão permanente (geralmente de grande capacidade) e modems ligados a 
linhas telefônicas, disponíveis em grande número para prover acesso aos seus usuários. 
Em 1991, a Universidade de Minessota criou o Gopher, sistema distribuído para 
busca e recuperação de documentos indexados com recursos de navegação. No mesmo 
ano foi inaugurado o WWW, projetado pelo engenheiro Tim Bernners-Lee, no 
Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). No ano seguinte, a internet 
ultrapassa o número de um milhão de host em 13 países. 
Além do surgimento de empresas como a Netscape, em 1994, outras empresas 
tradicionais de informática começaram a explorar esse novo nicho de mercado. 
Algumas, como a Sun Microsystems, Inc. desenvolve a linguagem JAVA, ou a Cisco 
Systems, Inc. que projetou um dos principais equipamentos utilizados na internet, os 
roteadores. Outras empresas, fizeram seus negócios a partir da Rede, como a Microsoft 
Corporation que em 1995, a empresa o Internet Explorer, navegador que acompanhava 
o Windows 95. 
A Internet chegou ao Brasil em 1988 por iniciativa da comunidade acadêmica de 
São Paulo (FAPESP) e Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1989 o Ministério da Ciência e 
Tecnologia criou a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), uma instituição que passou a 
coordenar os serviços de Internet no país. 
português significa, "Rede de 
alcance mundial"; também conhecida como Web e WWW, é um sistema de documentos em hipermídia 
que são interligados e executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, 
hipertextos e figuras. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperm%C3%ADdia�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertexto�
Em maio de 1995 a Rede no Brasil deixou de ser exclusiva do meio acadêmico 
quando o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e da Tecnologia 
promulgaram a Portaria Interministerial 147, constituindo o Comitê Gestor da Internet 
no Brasil. 
Como em todo mundo, a Internet teve uma expansão rápida no país, seguindo a 
lógica das novas tecnologias – obsolescência programada curta para os equipamentos, 
modernização de infra-estrutura, criação de novos hábitos – no caso desde produção de 
informação até apreensão dela, como na busca e leitura. Abaixo estabelecemos uma 
linha do tempo que permite visualizar essa lógica. Agregamos dados sobre o número de 
internautas do Brasil, tempo de conexão, capacidade das máquinas e dos processadores. 
 
Ano Internautas no Brasil Velocidade (média) de 
Conexão 
Capacidade (média) 
dos HDS 
Capacidade (média) dos 
processadores 
1995 30 mil 9.600 Kbp/s 0,5 GB 66 Mhz 
1996 70 mil 14.400 Kbp/s 1,2 GB 133 Mhz 
1997 200 mil 28.800 Kbp/s 4 GB 233 Mhz 
1998 1,5 milhões 33.600 Kbp/s 8 GB 266 Mhz 
1999 2 milhões 56 Kbp/s 10 GB 366 Mhz 
20005 milhões 56 Kbp/s 15 GB 450 Mhz 
2001 7,5 milhões 56 Kbp/s 18 GB 600 Mhz 
2002 14 milhões 56 Kbp/s 20 GB 800 Mhz 
2003 19,5 milhões 128 Kbp/s 30 GB 1,2 Ghz 
2004 25 milhões 256 Kbp/s 40 GB 2,0 Ghz 
2005 30 milhões 512 Kbp/s 80 GB 2,4 Ghz 
Em 2008, o número de internautas, de acordo com o Comitê Gestor da Internet 
ultrapassou os 40 milhões, considerados os que acessam em casa ou em outros pontos 
de rede – como lan houses e telecentros. Ainda em 2008, o Brasil apresentou o maior 
aumento entre os dez países monitorados pela pesquisa: no mês de abril/2008, 22,4 
milhões de pessoas usaram a internet residencial, 41,3% mais que os 15,9 milhões de 
abril de 2007. O tempo médio de navegação por pessoa - 22 horas e 47 minutos - 
representou um crescimento de 4,9% na mesma base de comparação. O número médio 
de páginas abertas por usuário foi de 1.868 no mês. O país é o maior consumo 
individual de internet domiciliar, tanto em tempo de navegação quanto em média de 
páginas por pessoa. Os países que mais se aproximam do Brasil em tempo de navegação 
são a França, com 20 horas e 12 minutos, e os Estados Unidos, com 19 horas e 33 
minutos por usuário. 
Jornalismo na internet: fazendo história e procurando modelos 
Sérgio Charlab, criador e primeiro editor do JB Online, começou a desenvolver 
o projeto por conta própria, a partir de conversas com o sociólogo, Herbert de Souza, o 
Betinho, que já conhecia e se utilizava da rede no IBASE5, não a internet gráfica que 
conhecemos, mas, basicamente para troca de e-mails. Sem nenhuma referência de 
como publicar todo o conteúdo de um jornal na maior rede de computadores, Charlab 
encarou o desafio e, munido de um computador 
“
PC 386 SX40Mhz iniciou o projeto. 
Enquanto se falava em BBS ( banco de dados integrado), o JB 
já publicava suas primeiras matérias na rede. Charlab conta que 
em 1994 começou a preparar as reportagens em lugares públicos 
na internet, no Ibase (RJ), o único provedor do Brasil naquele 
momento. Eu publicava e não falava com ninguém. As pessoas 
achavam por acaso. Em fevereiro de 1995 mandei uma 
mensagem para um grupo de pessoas quaisquer e essa 
mensagem rodou o mundo inteiro: O JB está na internet.”6
 
5 - Em 1995, o Ibase, assim como diversas universidades, já promovia a circulação de notícias e 
informações, em caráter não comercial, e acabaria por se tornar, o primeiro provedor comercial de 
internet do país. 
 
6 - Depoimento extraído do especial multimídia comemorativo dos 10 anos do JB Online publicado em 
2005. Disponível em http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/evolucao.html. Acesso em 10 de 
junho de 2009. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/evolucao.html�
O sucesso do projeto supunha o apoio dos executivos do Jornal do Brasil e 
Charlab iniciou as conversas com o ex-editor do Jornal do Brasil e hoje professor da 
Universidade do Texas na área de Jornalismo Online, Rosental Calmon Alves, em abril 
de 1995, “Fiquei absolutamente entusiasmado com o que vi, mas tínhamos que preparar 
a empresa para o novo e convencer os jornalistas a aderirem.” A estratégia montada 
pelos dois jornalistas foi apresentar o JB Online para José Antonio do Nascimento 
Brito, presidente do Conselho editorial do jornal do Brasil, como relata Calmon Alves. 
''Estava com medo da reação dele. Eu mesmo disse que só 
colocaríamos o jornal no ar às 10h da manhã seguinte para não 
prejudicar as vendas nas bancas. Mas José Antônio disse que 
poderíamos publicar o JB na internet à meia-noite, antes mesmo 
da versão impressa chegar aos leitores".7
 Rosental revela que ao apresentar o projeto, Charlab encontrou nele ''um 
interlocutor que já estava esperando'' por algo dessa natureza. “Desde antes do SIN, 
minha idéia era a de que o futuro do jornalismo estava ligado a essa combinação de 
 
 Segundo Rosental, o JB Online foi o primeiro jornal online da América Latina a 
ter uma edição regular diária. 'Outras iniciativas de internet só viriam depois, diz ele, 
citando o Universo Online (UOL) e Globo Online, surgidos entre 1996 e 1997. Ele 
também ressalta o fato do site do JB ter ido ao ar um ano antes do New York Times. 
Avançando em seu projeto, Charlab começou a mostrar páginas do JB no 
computador do próprio jornal aos colegas jornalistas, o que convenceu Rosental a 
preparar a empresa para a novidade. Calmom Alves conta que foi bastante difícil 
agendar uma reunião com José Antonio do Nascimento Brito para falar da idéia. 
''Estava com medo da reação dele. Eu mesmo disse que só 
colocaríamos o jornal no ar às 10h da manhã seguinte para não 
prejudicar as vendas nas bancas. Mas José Antônio disse que 
poderíamos publicar o JB na internet à meia-noite, antes mesmo 
da versão impressa chegar aos leitores". 
 
7 - Depoimento extraído do especial multimídia comemorativo dos 10 anos do JB Online. Disponível em 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/evolucao.html. Acesso 06 de julho de 2009. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/evolucao.html�
computador, telefone e informação. Estava esperando a oportunidade, mas não sabia de 
que forma aconteceria''. 
Como boa parte das primeiras experiências de jornalismo na Internet, o JB 
Online seguiu o modelo transpositivo, ou seja, replicava na rede parte do conteúdo 
impresso. O jornalista e estagiário do JB Online, Roberto Cassano8 em 1996 lembra que 
 
8 - Em depoimento ao especial 10 anos do JB Online. Disponível em 
“O velho 386 onde montávamos o JB Online no bloco de notas 
do Windows ou num editor de HTML chamado HTMLWriter 
não tinha acesso ao sistema editorial da redação, que é de onde 
puxávamos as notícias obtidas por escuta, vindas de agências 
internacionais ou produzidas por nossos colegas de Agência 
JB”. 
O jornalismo e suas práticas também tiveram que se adaptar ao novo meio e 
buscar criar sua linguagem. A possibilidade de memória, link agem, hipertexto e a 
capacidade de multimidialidade – utilizar texto, áudio, vídeo, fotos, em uma mesma 
matéria seja simultaneamente seja em paralelo dão ao jornalismo online características 
próprias. Na transição entre o papel e a rede o jornalismo passou por várias por várias 
fases ou modelos. Canavilhas as define em três: 1ª Fase – Modelo transpositivo – 
reproduções dos jornais impressos. Transposição de uma ou duas das principais 
matérias, com atualização a cada 24 horas, seguindo o ritmo do ritmo do jornal 
impresso; 2ª Fase – Modelo da Metáfora – com o desenvolvimento da Internet, o 
fenômeno entra na fase da metáfora. Ainda está colado ao modelo do jornal impresso, 
mas os produtos começam a explorar as características oferecidas pela rede. Tratam-se 
ainda de cópias do impresso, mas começam a surgir links com chamadas para 
determinadas notícias que acontecem entre as edições em papel. Nessa fase, o email 
passa também a ser utilizado pelo jornalista e pelos leitores (através de fóruns) e a 
elaboração das notícias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto e, a 3ª 
Fase – O modelo do Webjornalismo atual, com o desenvolvimento da estrutura técnica 
que suporta as redes, na qual se vai massificando o uso de microcomputadores pessoais. 
Veja-se, por exemplo, como é cada vez mais fácil e rápido transmitir sons e imagens. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html. Acesso em 20 de julho de 2009. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html�
A pesquisadora, Maria de los Ángeles Cabrera González Cabrera, da 
Universidade de Málaga, estabelece quatro fases ou modelos: (1) - Fac-simile – 
Reprodução de páginas da versão impressa de um jornal, digitalizado ou em PDF; (2) - 
Modelo adaptado – Conteúdos iguais às versões escritas, mas a informação éapresentada num layout próprio. Aparecem os links. (3) - Modelo digital – jornais com 
layout criado para o meio online. Hipertexto, possibilidade de comentário e notícias de 
última hora; (4) Modelo multimídia – Aproveitam-se as características da rede como a 
interatividade, integração de som, vídeo e animações nas notícias. 
Da mesma forma, os profissionais tiveram que alterar suas rotinas. Os primeiros 
estudiosos do comportamento profissional dos jornalistas a partir da Internet como 
como Garrison (1993) e Reddick/King (1995) indicavam mudanças no próprio conceito 
de Jornalismo devido a vários fatores, entre eles, (1) a possibilidade de cada um atuar 
como jornalista, disponibilizando conteúdos na Internet, (2) a usurpação ao jornalista da 
função de gatekeper privilegiado do espaço público informativo, (3) as características 
próprias da Internet, que permitem o aproveitamento do hipermedia (a confluência de 
vários media num só) e das hiperligações (os links que permitem a navegação na 
Internet). 
Outros como Koch (1991), Pavlik (1996) e Dizard (1997) – em estudos 
contemporâneos a chegada da Internet no jornalismo brasileiro, afirmam que em função 
dessas mudanças, o perfil profissional também se alteraria. A cronomentalidade dos 
jornalistas poderá acentuar-se, uma vez que, devido à possibilidade de atualização 
constante do noticiário, as deadlines tendem a concretizar-se no imediatismo. As 
normas que norteiam o Jornalismo poderão alterar-se, seja por força de novas políticas 
editoriais das organizações noticiosas, seja por força da própria natureza da Internet, que 
possibilita a diluição das responsabilidades e até o anonimato, se não mesmo a 
clandestinidade. 
Ineditismo e ousadia 
Em 1996, os integrantes da redação do JB Online fizeram um concurso interno 
para melhorar a interface gráfica do site noticioso. O vencedor foi Carlos Benigno e 
muito do que foi criado na época ainda está no ar são resquícios da arquitetura de 
informação, a seções e alguns lay-outs, como mostra a reprodução abaixo. 
. 
No mesmo ano, em 11 de janeiro, os internautas acompanharam, ao vivo, o 
lançamento do ônibus espacial Endeavour. No mesmo dia, foi inaugurada uma das 
seções mais importantes até hoje. Inicialmente chamada de ''Extra'', passou a ser 
conhecida como ''Tempo Real'' a publicação quase imediata das notícias no site. O 
nome, cunhado pelo JB Online, se tornou sinônimo da velocidade do jornalismo na 
internet. O jornalista Roberto Cassano conta que a partir do “Tempo Real” a grande 
diversão na redação do JB Online, era vencer o concorrente Globo Online em agilidade 
e verificar quem colocava uma notícia mais rápida no ar. 
“E a briga era tão feia que tínhamos quase certeza que nossos 
“concorrentes” roubavam no horário. Isto é, publicavam às 17h 
uma notícia com hora de 16h30, e por aí vai. A briga não tinha 
limite, e nos levou a publicar notícias esdrúxulas como: “Caixão 
com Lady Di acaba de entrar na sepultura” ou “Fiéis choram no 
cortejo de Madre Teresa de Calcutá”. O Globo ainda dava uns 
informes de clima do tipo: “Tempo no Rio continua bom”. 9
 
9 - Em depoimento ao Especial 10 anos de JJ Online. Disponível em 
 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html. Acesso 20 de julho de 2009. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html�
E, 1997, dois anos após a entrada no ar, e ainda sem uma estrutura técnica 
formada, o JB Online volta a inovar com a transmissão ao vivo de imagens do réveillon 
de Copacabana e do carnaval lançou e na internet t o disco da cantora brasileira 
Ithamara Koorax, finalista do concurso Internet World Best, promovido pela revista 
Internet World, veiculou charges animadas, usando tecnologia Shockwave, e produziu 
conteúdo próprio em seções exclusivas. Em 2002, inaugurou a narração em texto de 
partidas de futebol, com o 'Bola Rolando'. Abaixo, capa de 12 de agosto de 2002. 
 
 Além do recorde de permanência de um jornal brasileiro na rede, o JB Online 
tem outras características particulares. Quando da comemoração dos 10 anos do jornal 
no ar, o webmaster Anibal José de Freitas, funcionário desde o primeiro dia de vida do 
site, contabilizou a publicação de 360 mil páginas para o JB Online. “São mais de cem 
por dia”, orgulhoso com o passado e entusiasmado com o futuro. “E esse número vai 
aumentar ainda mais” 10
A popularização dos jornais online, a relação com o conteúdo se modificou, 
surgindo novos tipos de sites, novas linguagens, novas formas de utilização do 
conteúdo, que se transforma para se adaptar às características da sociedade em 
evolução. O jornalismo online, neste contexto, ganha novas dimensões em virtude das 
, completa. 
Considerações finais 
 
10 - Depoimento para o Especial 10 anos do JB Online. Disponível em 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html. Acesso em 20 de junho de 2009. 
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria3.html�
condições técnicas, uma vez que se desenvolve juntamente com a qualidade da conexão 
dos computadores, com o avanço de suporte tecnológico e com a evolução das 
interfaces gráficas que privilegiam a navegação do usuário. 
Embora a crise vivida pela empresa Jornal do Brasil, nos início deste século, que 
resultou na quase extinção do JB impresso e na Agência JB, além de inúmeros 
processos trabalhistas, o JB Online de continuou o ciclo de inovação iniciado em 1995, 
hoje, quase 15 anos depois ele se mostre mais ágil e atual que o similar impresso. Nos 
anos seguintes a sua criação, o jornal introduziu novos serviços e iniciou a produção de 
conteúdos com hipertextos - (uma cadeia de informações sem seqüência, ligadas através 
dos links, que interage diferentes mídias. 
Com o tempo, o JB Online adotou novo layout, ferramentas e seções. As 
coberturas especiais passaram a ser criadas no modelo multimídia – integração de áudio, 
texto e vídeo, como a que concentrou as notícias sobre as tsunamis na Ásia. Em um 
ambiente de transformações constantes e ditado pela agilidade, o jornal conquistou 
espaço, evoluindo com a própria internet brasileira. O acesso ao JB Online hoje, nos 
mostra a adoção de todos os ferramentais disponível na Internet que vai desde a 
integração com o leitor, através do “leitor –repórter”, até o uso do twitter, de blogs, 
enquetes interativas, móbile e outros, competindo em igualdade com seus concorrentes. 
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http://jbonline.terra.com.br/�
http://jbonline.terra.com.br/d%20estaques/2005/10anos/index.html�
http://jbonline.terra.com.br/d%20estaques/2005/10anos/index.html�
http://jbonline.terra.com.br/d%20estaques/2005/10anos/index.html�

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