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Prof. Ronald Sclavi UNIDADE I Webjornalismo e Mobilidade São inúmeras as transformações que o jornalismo vem sofrendo no decorrer de sua história, do jornal impresso ao advento do rádio, da televisão e, agora, da internet. Vale a pena ressaltar que uma nova tecnologia não tomou o lugar da anterior; ao contrário, vivenciamos uma expansão do alcance das notícias pelos mais diversos meios de comunicação. Assim, não podemos olhar para o jornalismo, inclusive aquele feito para os meios digitais, como um fenômeno concluído, mas em constante construção e reconfiguração. Esse cenário de revolução tecnológica abriu caminho para aquilo que chamamos de Era da Informação. Na primeira unidade, apresentaremos as informações relativas ao início da internet, sua construção, fases e características. Abordaremos também os conceitos do ciberespaço e cibercultura, uma vez que são esses os termos que indicam a produção digital e se configuram como um novo espaço de construção cotidiana. Introdução Na segunda unidade, encontraremos as informações sobre os diferentes tipos de jornalismo, como o jornalismo móvel, colaborativo, multimídia, o ciberativismo e as características dos blogs. Por fim, na terceira unidade, contextualizamos as últimas tendências e práticas do jornalismo, principalmente, aquelas relacionadas às redes sociais, como: Twitter, Facebook, YouTube, Instagram e TikTok. Esperamos que, ao fim desta unidade, você seja capaz de entender um pouco mais sobre os conceitos relacionados ao(s)/à(s): Primórdios e evolução da internet; Ciberespaço e cibercultura; Alcance e uso da internet no Brasil; Jornalismo digital; Informação e notícia na internet; Principais características do webjornalismo. Introdução Castells (2003) afirma que a internet é o tecido de nossas vidas; assim, o autor ilustra a magnitude desta invenção tecnológica que revolucionou o mundo das comunicações. A história da criação e do desenvolvimento da internet é a história de uma aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que têm as pessoas de transcender as metas institucionais, superar as barreiras burocráticas e subverter os valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo (CASTELLS, 2003, p. 15). O mundo vivia a chamada Guerra Fria, período de tensão Pós-Segunda Guerra Mundial em que os Estados Unidos e a União Soviética competiam pela hegemonia global. Este cenário político impulsionou inúmeros avanços tecnológicos, entre eles, a criação da rede interconectada de computadores que originou a internet. Foi em agosto de 1962, no MIT (Estados Unidos), que Licklider apresentou o seu conceito de “Rede Galáctica”. Licklider foi o primeiro chefe do programa de pesquisa de computador na Defense Advanced Research Projects Agency (Darpa), agência militar dos EUA, criada em 1958. Surgimento da internet Novos pesquisadores se juntaram ao projeto e, em 1966, Lawrence G. Roberts participou da Darpa para desenvolver o conceito da rede de computadores, publicando o seu plano para a “Arpanet” 1967. A grande ideia dos EUA era criar uma forma de descentralização das informações de maneira que, caso os possíveis ataques acontecessem, as informações militares e tecnológicas não seriam perdidas. A resposta para a questão sobre quem foi o responsável pela criação e popularização da internet não é simples, principalmente, porque não foi uma ação isolada; a Arpa foi a criadora original, mas, durante os anos 1980, a agência abandonou o controle da internet. Assim, alguns sistemas assumiram a responsabilidade por sua criação, como a Fundação Nacional da Ciência, dos EUA, e as administrações de Bush e Clinton (ABBATE, 1999, p. 181). Surgimento da internet Surgimento da internet Rede NSFNET. Fonte: Abbate (1999, p. 37). Quando a Arpanet se tornou obsoleta e foi retirada de operação, os EUA liberaram a internet de seu domínio militar e transferiram a sua administração para National Science Foundation. Assim, no início da década de 1990, novos provedores de internet surgiram e a internet cresceu como uma rede global (CASTELLS, 1999). Passando por inúmeros desenvolvimentos tecnológicos, foi a criação do “www” que permitiu à internet se tornar o que vemos, hoje. Trata-se de “uma aplicação de compartilhamentos desenvolvida em 1990 por um programador inglês, Tim Berners-Lee, que trabalhava no Cern, o Laboratório Europeu para a Física de Partículas” (CASTELLS, 1999, p. 22). Conforme afirma Castells (1999), a internet é um meio de comunicação que permitiu, pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, em escala global: Três processos independentes se uniram, inaugurando uma nova estrutura social, predominantemente, baseada em redes: as exigências da economia por flexibilidade administrativa e por globalização do capital, da produção e do comércio; as demandas da sociedade, em que os valores da liberdade individual e da comunicação aberta tornaram-se supremos. Surgimento da internet “WWW” é a abreviação das palavras world wide web, um sistema de comunicação interligado pela internet, acessado por um programa de computador conhecido como navegador. Web não é sinônimo de internet; por internet entendemos a rede em que reside toda a informação, enquanto que a web é um “subconjunto de internet”, que contém a informação e que podemos acessar usando um navegador. A web é tida como um organismo vivo, em constante evolução. Desde o seu surgimento, até os dias de hoje, ela continua mudando e se aperfeiçoando. Fases da internet Em 1989, um cientista revolucionário chamado Tim Berners-Lee iniciou a criação de um espaço global em que qualquer informação pudesse ser acessível pela rede, através de um identificador 14 Unidade I universal de documento. Seu sonho era desenvolver um espaço de informação comum no qual as pessoas pudessem comunicar compartilhando as informações (AGAHEI; NEMATBAKHSH; FARSAN, 2012). Berners-Lee desenvolveu um conceito que pôde ser aplicado no mundo todo. Em 1990, propôs usar o hipertexto para conectar e acessar as informações de vários tipos, como uma teia de nós em que o usuário pode navegar à vontade (CHOUDHURY, 2014). Esta primeira geração da web durou de 1989 a 2004, sendo definida, também, como uma teia de conexões de informação (CHOUDHURY, 2014). Nesse momento, o principal objetivo das empresas era marcar a sua presença on-line. Na década de 1990, predominavam os sites com o conteúdo estático e pouca interatividade, já que o usuário era, apenas, um leitor sem participação e interação. Web 1.0 Uso dos protocolos HTML, HTTP e URI. Apenas a leitura de conteúdo. Objetivo de estabelecer a presença on-line. Tornar as suas informações disponíveis para qualquer pessoa. Páginas de web estáticas. Uso básico da linguagem de marcação em hipertexto. Web 1.0 Uma das grandes características dessa nova fase da web é que ela passou a ser centrada nas pessoas, se tornou participativa e deixou de ser uma ferramenta para a leitura, possibilitando novas formas de interação. Nesse momento, a web se tornou bidirecional. A possibilidade interativa adotada pela web, em sua versão 2.0, revolucionou os meios de comunicação e a própria vida em sociedade. Na primeira década de 2000, os usuários passaram a produzir e compartilhar os conteúdos, os sites e as interfaces que permitiam mais interação. Houve o surgimento das redes sociais e de sites colaborativos, como o YouTube. Web 2.0 Fonte: Adaptada de: Choudhury (2014, p. 897). John Markoff, um jornalista do New York Times, lançou o termo Web 3.0, em 2006, conceituando uma nova geração da sociedade em rede. Sua ideia básica era definir uma estrutura de dados e vinculá-los de maneira eficaz, a partir da integração e da reutilização de aplicativos, conectando, integrando e analisando os dadospara um novo fluxo de informações (AGAHEI; NEMATBAKHSH; FARSAN, 2012). A Web 3.0 apresentou uma nova revolução no consumo da internet; ela ganhou o nome de Web Semântica e passou a funcionar através de uma nova forma de interatividade entre o computador e as pessoas. A Web Semântica surgiu a partir de esforços dos próprios criadores da “www”, como Tim Berners-Lee, e de uma equipe dedicada ao melhoramento contínuo da rede que trabalhavam para melhorar, estender e padronizar o sistema, os idiomas e as ferramentas já desenvolvidas (AGAHEI; NEMATBAKHSH; FARSAN, 2012). Web 3.0 Vamos a um exemplo para tornar esse conceito de Web Semântica mais claro: Antes, ao realizar uma pesquisa na internet, você digitava uma única palavra-chave, como “futebol”, e precisava percorrer inúmeros sites para achar, exatamente, a informação que buscava; Hoje, através da Web Semântica, o computador consegue ler as sentenças e estabelecer as relações de significado, possibilitando as buscas mais diretas; então, podemos perguntar: Qual foi o jogador que mais marcou gols, em 2007? E esperar uma resposta assertiva. Web 3.0 Ainda que existam divergências entre os autores sobre a melhor maneira de classificar as fases da internet, e o marco exato de transição entre uma e outra, muitos concordam que a Web 4.0 está, diretamente, ligada aos agentes eletrônicos ultrainteligentes. As máquinas passam a não, apenas, compreender de forma inteligível os conteúdos, mas se tornam capazes de reagir e tomar as decisões, como qual site conectar primeiro, construindo uma teia de informações e conexões, altamente, inteligentes. Outra característica marcante da Web 4.0 é a popularização da Inteligência Artificial, principalmente, através dos assistentes, como a Siri, do sistema iOS, nos iPhones, ou a Cortana, da Microsoft para Androids. Web 4.0, Web 5.0 e o futuro da internet A Web 4.0 é tida como uma versão com menos intervenção humana, mas que funciona a partir de aplicativos e dispositivos inteligentes que se conectam com outras máquinas. A Web 5.0 é um processo em construção, sem uma definição exata do que ela se tornará. Pode ser considerada uma web simbiótica, descentralizada, com robôs pessoais, em que se torna possível navegar sozinho em uma realidade virtual em terceira dimensão. Vale ressaltar que as tecnologias atuais, ainda não são “emocionalmente sensíveis”, sem a capacidade de ler as emoções humanas; entretanto, vivemos um avanço tecnológico tão acelerado que este futuro pode não estar tão distante assim. Existem estudos recentes que mostraram os computadores julgando com certa precisão as emoções e expressões faciais, a partir de fotografias e vídeos. (MARTINEZRUIZ; MOSER, 2019). Web 4.0, Web 5.0 e o futuro da internet O hipertexto possibilitou uma nova linguagem, uma nova forma de consumir a informação, mais livre e individualizada, uma vez que ele permite que cada leitor trilhe os seus próprios caminhos em uma leitura não linear. Lévy (1993) define, também, o hipertexto como um conjunto de nós ligados por conexões. Bolter (1991) enfatiza os princípios da não linearidade e da interatividade. Bairon (1995) o define como a “matriz de textos potenciais” estruturada em rede. Ainda, para Lévy: Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou parte de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem ser, eles mesmos, hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como uma corda com nós, mas cada um deles ou a maioria deles, estende as suas conexões em estrela, de modo reticular (LÉVY, 1993, p. 33). Hipertexto Koch (2009, p. 25) apresenta as seguintes características dos hipertextos: Não linearidade ou não sequencialidade como a característica central; Volatilidade pela natureza do suporte; Espacialidade topográfica; Fragmentariedade; Multissemiose; Multicentramento a partir de um deslocamento indefinido de tópicos; Interatividade; Intertextualidade; Conectividade; Virtualidade. Hipertexto Em 1987, as entidades privadas e governamentais se uniram em um acordo para a criação da Rede Brasil de Interconexão de Sistemas Abertos, chamada Brisa. Já em 1988, a Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp), juntamente com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC – UFRJ), passaram a ter “acesso” à internet. Em 1995, o governo federal editou uma nota conjunta do Ministério das Comunicações, em que definiu o que é a internet: A internet é um conjunto de redes interligadas, de abrangência mundial. Através da internet estão disponíveis os serviços, como: correio eletrônico, transferência de arquivos, acesso remoto aos computadores, acesso às bases de dados e aos diversos tipos de serviços de informação, cobrindo, praticamente, todas as áreas de interesse da sociedade (BRASIL, 1995). Assim, a internet comercial teve início no Brasil, em 1995, tendo um rápido crescimento em volume de tráfego e número de usuários, principalmente, entre aqueles que possuíam microcomputadores e linhas telefônicas, imprescindíveis para o acesso (CARVALHO, 2006). Internet no Brasil Afonso (2002) enfatiza que, em países como o Brasil, o acesso à internet não seguiu os mesmos moldes comerciais de países desenvolvidos, uma vez que a aquisição individual de dispositivos sempre foi cara; assim houve diferentes abordagens, como: formas coletivas de acesso local, programas de acesso em escolas e outros espaços públicos, como as bibliotecas. Para visualizarmos as condições da internet, hoje, no Brasil, separamos alguns dados do IBGE sobre o acesso e o consumo. Esses dados foram retirados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE, em 2019, e são importantes porque revelam o alcance que a internet tem, no Brasil. O IBGE é uma das fontes de dados mais confiáveis no Brasil; por isso, sempre vale a pena conferir as suas estatísticas. Internet no Brasil Domicílios em que havia a utilização de internet (%): Internet – Domicílios no Brasil Fonte: IBGE (2021). Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 82,7 86,7 55,6 86,5 76,0 38,4 74,3 81,3 51,9 84,9 88,8 64,6 84,9 87,5 67,2 86,4 88,9 62,1 Total Urbana Rural Usuários por grupo de idade (%): A pandemia foi responsável por aumentar o número de usuários da internet; por isso, estima-se que, na próxima pesquisa do IBGE, teremos um aumento desses números. Internet – Por grupos de idade Fonte: IBGE (2021). 10 a 13 anos 14 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais 75,0 77,7 88,6 90,2 91,0 92,7 90,7 92,6 87,9 90,4 84,6 80,5 67,9 82,7 38,7 45,0 2018 2019 Quando Pierre Lévy conceitua o ciberespaço afirma que ele é um universo em que seres humanos se alimentam, navegam e habitam, um universo de redes digitais através de novas fronteiras culturais (LÉVY, 1999, p. 17). Inúmeros autores conceituam o ciberespaço. Santos et al. (2003) o definem como um conjugado de computadores que constituem a própria internet. Rabaça e Barbosa (2001), como um universo virtual, que funciona a partir de informações armazenadas que circulam por toda rede interligada, através de uma dimensão virtual de realidade. Para Gennari (1999), é sinônimo do espaço cibernético. Ramal (2002) o entende como a estrutura virtual transnacional de comunicação interativa. Segundo Lévy (1999, p. 32): As tecnologias digitais surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas, também, um novo mercado da informação e do conhecimento. Ciberespaço e cibercultura Para definir a cibercultura podemos começar a partir das noções básicas daquilo que é cultura; para o dicionáriode significados, a “cultura é compreendida como os comportamentos, as tradições e os conhecimentos de determinado grupo social” (CULTURA, [s.d.]). O conceito de cultura não é tão simples; por isso, vale citar Morin: Há um sentido etnográfico em que a cultura se apoiaria ao tecnológico e reagruparia as crenças, os ritos, as normas, os valores e os modelos de comportamentos (MORIN, 2006, p. 75); Assim, para Lévy (2000, p. 113), a cibercultura é “o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem, juntamente, com o crescimento do ciberespaço”; O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não, apenas, a infraestrutura, material da comunicação digital, mas, também, o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (LÉVY, 1999, p. 17). Ciberespaço e cibercultura Lévy (1998) entende o computador como uma ferramenta de experiência e pensamento: A mediação digital remodela certas atividades cognitivas fundamentais que envolvem a linguagem, a sensibilidade, o conhecimento e a imaginação inventiva. A escrita, a leitura, a escuta, o jogo e a composição musical, a visão e a elaboração das imagens, a concepção, a perícia, o ensino e o aprendizado, reestruturados por dispositivos técnicos inéditos, estão ingressando em novas configurações sociais (LÉVY, 1998a, p. 17). Ciberespaço e cibercultura Uso dos protocolos HTML, HTTP e URI; tornar as suas informações disponíveis para qualquer pessoa; páginas de web estáticas e uso básico da linguagem de marcação em hipertexto. Estas são características da: a) Web 1.0. b) Web 2.0. c) Web 3.0. d) Web 4.0. e) Web 5.0. Interatividade Uso dos protocolos HTML, HTTP e URI; tornar as suas informações disponíveis para qualquer pessoa; páginas de web estáticas e uso básico da linguagem de marcação em hipertexto. Estas são características da: a) Web 1.0. b) Web 2.0. c) Web 3.0. d) Web 4.0. e) Web 5.0. Resposta Em um primeiro momento, o jornalismo digital, apenas, transpunha os conteúdos publicados nos veículos tradicionais; nos dias de hoje, está com novas formatações, softwares e profissionais, que criam os conteúdos exclusivos para o digital e utilizam uma formatação diferenciada para cada tipo de plataforma presente na mão dos usuários, através de diferentes estratégias. Antes de pensarmos na origem do jornalismo digital, vamos retomar, muito brevemente, a origem do próprio jornalismo. Segundo a sistematização de Quintero (1994), há três vertentes divergentes sobre o seu início: O jornalismo existe desde a Antiguidade, por haver trocas regulares e organizadas de informações atuais; O jornalismo é uma invenção da Modernidade e está, diretamente, ligado à aparição da tipografia; O jornalismo existe desde o século XIX, a partir de dispositivos técnicos, como as impressoras e as rotativas, que permitiram a massificação dos jornais. Jornalismo digital Existem inúmeras terminologias que servem para designar a atividade jornalística na world wide web; entre elas, podemos citar: Jornalismo eletrônico, uma vez que utiliza os dispositivos eletrônicos; Jornalismo digital, ao empregar a tecnologia digital; Jornalismo multimídia, pela pluralidade dos formatos aplicados; Ciberjornalismo, por estar no ciberespaço, construindo a cibercultura; Jornalismo on-line, por aplicar as tecnologias de transmissão de dados em rede; Webjornalismo, por ser formatado a partir da web. De acordo com Arnaud Soares Lima Junior (2007), as notícias eletrônicas localizadas em rede nascem antes do “www”, tendo a primeira experiência sido realizada, em 1971, pelo Correio Central Britânico. Nos EUA, a experimentação do sistema eletrônico de notícias veio pelo Knight Ridder, em Miami, em 1981 (LIMA JUNIOR, 2007). Jornalismo digital O Brasil também se aventurou em transmissões de rede através da Telesp, em 1982, por intermédio do videotexto, inspirado na experiência francesa da Minitel, um sistema que chegou a alcançar 20 mil usuários. Ferrari (2002) pontua que o início da atividade jornalística on-line se caracteriza pela criação derivada de produtos já consolidados da grande indústria da comunicação brasileira: O primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em maio de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O Globo. Nessa mesma época, a Agência Estado, agência de notícias do Grupo Estado, também colocou na internet a sua página (FERRARI, 2002, p. 25). Jornalismo digital Jornalismo digital Fonte: Baldessar (2009, p. 9). Na perspectiva de Silva Jr., também podemos falar de três fases de desenvolvimento: Transpositivo: segue, diretamente, o modelo impresso; Perceptivo: ainda se estabelece o modelo transpositivo; entretanto, há uma agregação de recursos possibilitados pelas tecnologias em rede e uma percepção dos elementos diferentes possibilitados pela rede; Hipermidiático: lança mão de recursos hipertextuais, e da convergência dos suportes e disseminação em diferentes plataformas. Podemos, ainda, dividir o webjornalismo em distintas gerações – primeira, segunda, terceira e quarta. Para conseguirmos entender o que cada uma dessas fases representa e como mudou a rotina jornalística, vamos nos aprofundar um pouco em cada uma delas. Etapas da evolução do jornalismo digital A primeira geração do webjornalismo é demarcada pela simples transposição das principais notícias e reportagens, previamente, publicadas na versão impressa; exatamente por isso, ele ficou conhecido como jornalismo transpositivo. A seguir, temos a imagem do layout da primeira versão do The Wall Street Journal. Neil Budde criou um software para ser distribuído em um disco rígido, em serviço dial-up: Webjornalismo da primeira geração Fonte: https://www.wsj.com/ Observemos, agora, um exemplo brasileiro do início das produções jornalísticas para a web. Vejam, na figura a seguir, a página do NetEstado, em 09/12/1995: Webjornalismo da primeira geração Fonte: acervo digital do jornal O Estado de S. Paulo. Esta fase tem início no final dos anos 1990, quando a própria estrutura da internet começou a se aperfeiçoar. Aqui, novas experiências começaram a acontecer e, mesmo que o modelo dominante, ainda, estivesse atrelado ao jornal impresso, novas características passaram a ser exploradas pelos produtores. Pavlik (2001) também aponta a utilização dos hiperlinks nessa segunda geração do webjornalismo. Passaram a existir alguns recursos interativos, como os buscadores e os índices clicáveis eletrônicos, em que o leitor passava a selecionar diferentes conteúdos. Outra característica inovadora foi a utilização do e-mail (MIELNICZUK, 2003, p. 34): O e-mail passa a ser utilizado como uma possibilidade de comunicação entre o jornalista e o leitor, ou entre os leitores, através de fóruns de debates e a elaboração das notícias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto. A tendência, ainda, é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso enquanto produto, mas, também, às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso. Webjornalismo da segunda geração Na terceira fase, o jornalismo se converteu quase que, totalmente, em hipermidiático, através da utilização de recursos hipertextuais, e da convergência dos suportes e disseminação em diferentes plataformas. As experimentações que tiveram início na segunda geração do jornalismo se consolidaram nessa terceira geração, transformando o fazer jornalístico permanentemente. Webjornalismo da terceira geração Fonte: https://www.estadao.com.br/ Se realizarmos uma comparação entre a interface do jornal, em 1995, como mostrado anteriormente, quando abordamos os aspectos da primeira geração, com essa versão, em 2002, percebemos mudanças significativas em relação à forma e ao conteúdo. Nesse momento, teve-se início o jornalismo participativo, consolidando a prática da interação do público com a notícia. Webjornalismo da terceira geração Uma marca fundamental para entendermos a quarta geração do webjornalismo é a utilização de banco de dados, que partem da tecnologia dinâmica da internet, juntamente das linguagens de programação que possibilitam as estruturas flexíveis de navegação e correlação de dados: Nessa fase, a utilização de tecnologias de banco de dados associadas aos sistemas automatizados para a apuração, edição e veiculação de informações são os elementos marcantes para o webjornalismo. Nela, ocorre a efetiva industrialização dos processos jornalísticos para a web que, até então, eram elaborados de forma intuitiva e artesanal (SANTI, 2009, p. 187); Agora, existe a possibilidade de correlacionar os “metadados”, ferramentas que guiam os usuários para identificar e relacionar as informações dentro das informações (SANTI, 2009). Webjornalismo: quarta e quinta geração Percebemos, então, que essa nova geração do webjornalismo pedia um profissional com visão mais ampla, que compreendesse as características do ciberespaço; não bastava só saber contar uma história, mas saber contá-la dentro dos conceitos próprios da cibercultura. Um “arquiteto da informação”, portanto, ao elaborar um sistema de publicação que contemple os modelos distintos de narrativa, precisaria analisar desde as estruturas do hipertexto jornalístico, as possibilidades e tipologias de ligações sistematizadas pela pesquisa, bem como as características de cada gênero jornalístico em sua função social para, então, estabelecer as possibilidades de múltiplas estruturas narrativas (SANTI, 2009, p. 189). Santi (2009, p. 189) também conceitua muito bem o papel desse novo jornalista: Esse “novo” jornalismo, principalmente, em sua quarta geração, liberta os profissionais dos pontos de vista limitados, expressos por especialistas e fontes oficiais, pois possibilita àqueles buscarem as informações na origem dos acontecimentos; A consolidação do jornalismo mobile é a grande marca da quinta geração do jornalismo. Webjornalismo: quarta e quinta geração O jornalismo digital é aquele relacionado às novas tecnologias, a utilização das ferramentas digitais são notícias produzidas para o ambiente on-line que utilizam, ainda, de ferramentas como dispositivos móveis, diferentes plataformas e suportes para uma publicação digital. Assim, entre os pilares que sustentam essa nova dinâmica jornalística podemos enfatizar que a “hipertextualidade, a interatividade e a dimensão multimídia são os pilares da representação digital no jornalismo” (TEIXEIRA; MINEIRO; SOARES JR., 2021, p. 23). Para Steensen e Westlund (2014), o jornalismo digital enfrenta as crises relacionadas às novas configurações; entre elas, os autores destacam: Modelo de receita, uma vez que os anunciantes migraram para outras plataformas; Maior ênfase nos dados dos usuários e nas métricas de público; Mudanças nos padrões de distribuição, já que as empresas jornalísticas não são mais as proprietárias das plataformas de distribuição das notícias; Maior vulnerabilidade do jornalismo à manipulação. Jornalismo digital no ambiente da cibercultura O jornalismo digital é, ainda, feito a partir das mesmas dinâmicas vistas anteriormente, quando tratamos das fases do webjornalismo, principalmente, a partir da terceira geração. Ao pensar a sua lógica nunca podemos esquecer: Hipertextualidade: influência na adequação e estrutura de conteúdos, hierarquização da informação e aprofundamento dos fatos; Multimidialidade: adaptação da natureza dos conteúdos, versatilidade dos recursos de mídia e adequação do formato; Interatividade: necessidade de feedback dos conteúdos e possibilidade de personalizar a informação; Frequência de atualização: adaptação da necessidade real de atualização dos conteúdos; Conteúdo: garantia de segmentação da mensagem jornalística, diferente tratamento jornalístico da informação e o enriquecimento da informação mediante às potencialidades dos recursos tecnológicos. Jornalismo digital no ambiente da cibercultura Dados do IBGE, divulgados em 2019, apontam que 82,7% da população brasileira utiliza a internet. Dessa porcentagem, 99,5% faz o acesso a partir do celular, tornando o equipamento o mais utilizado para a conexão no Brasil. Essas estatísticas deixam claro por que o jornalismo precisou se adequar de maneira rápida e eficiente ao modelo mobile. Temos uma nova dinâmica mediada pelas possibilidades de interação com o conteúdo, principalmente, relacionadas às possibilidades de individualização de conteúdo. Liuzzi (2014) apresenta cinco conceitos principais que marcam a utilização desses dispositivos: Fragmentação do consumo do conteúdo; Itinerantes, acessam o conteúdo de qualquer lugar; Processo de produção e consumo de informação alternadamente; Público mais participativo e que valoriza a interação; Replicação de conteúdo em várias plataformas. Jornalismo para os dispositivos móveis A nova infraestrutura disponível, somada aos aplicativos e à linguagem HTML, e os princípios da computação ubíqua, tornaram a forma de trabalho mais flexível. Assim a produção jornalística incorporou essa infraestrutura culminando no “repórter móvel”, que adotou as redes de alta velocidade, as tecnologias portáteis e os serviços de nuvem (TEIXEIRA; MINEIRO; SOARES JR., 2021). Essa lógica reconfigurou a prática jornalística e a própria relação com o público, por demandar as atualizações constantes e pela oportunidade de o público participar das produções, contribuindo com os conteúdos e as informações, que foram agregadas à rotina diária. Jornalismo para os dispositivos móveis Nessa fase, o jornalismo se converteu quase que, totalmente, em hipermidiático, através da utilização de recursos hipertextuais, e da convergência dos suportes e da disseminação em diferentes plataformas. Falamos do: a) Webjornalismo de primeira geração. b) Webjornalismo de segunda geração. c) Webjornalismo de terceira geração. d) Webjornalismo de quarta geração. e) Webjornalismo de quinta geração. Interatividade Nessa fase, o jornalismo se converteu quase que, totalmente, em hipermidiático, através da utilização de recursos hipertextuais, e da convergência dos suportes e da disseminação em diferentes plataformas. Falamos do: a) Webjornalismo de primeira geração. b) Webjornalismo de segunda geração. c) Webjornalismo de terceira geração. d) Webjornalismo de quarta geração. e) Webjornalismo de quinta geração. Resposta As inovações tecnológicas nos levaram ao mundo “pós-industrial”, em que a informação e o conhecimento passam a ser reconhecidos como poderosos capitais capazes de influenciar, diretamente, a economia global e toda a vida em sociedade. Foi a passagem das tecnologias analógicas para as digitais que alteraram os fluxos comunicativos e contribuíram para a construção dessa nova sociedade. Mas o que é, exatamente, a informação? Se pensarmos semanticamente, a informação pode ser definida a partir de três aspectos: um dado significativo sobre algo que resulte de uma investigação sistemática; comunicação e recepção; Hassan (2008) afirma que a expressão “sociedade da informação” é muito breve e simplista para expressar todo o conceito que o envolve. A visão dessa sociedade passa por aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e sociais, evidenciados pela onipresença da internet e da tecnologia móvel de uma mensagem. Sociedade da informação As principais características que definema sociedade da informação são: Tecnológica: as evoluções tecnológicas inseridas em nosso dia a dia contribuíram para a sociedade da informação; Econômica: a informação passou a desempenhar um papel central na economia; Sociológica: muitos autores consideram uma nova ordem social mediada pela lógica da sociedade informacional; Espacial: a noção espacial foi reconstruída a partir das redes que conectaram o mundo instantaneamente. Existe uma nova lógica que rompeu a organização tempo/espaço, a localização física passou a ter cada vez menos importância; Cultural: novas práticas culturais passaram a ser construídas, o próprio aumento da circulação de informações, o acesso a uma ampla gama de notícias e entretenimento reconfiguraram essas práticas. Sociedade da informação A internet reconfigurou a maneira de se produzirem os conteúdos textuais, iniciando uma nova lógica discursiva que afetou todos os produtos midiáticos, inclusive, os produtos jornalísticos. A famosa expressão “o meio é a mensagem”, do canadense Marshall McLuhan, consegue condensar muito bem a lógica por trás do raciocínio, que nos mostra que o suporte (no caso o digital) desempenha um papel fundamental na estabilização da produção textual on-line. McLuhan (1972) defende a ideia de que a própria tecnologia é responsável por criar a ambiência da mensagem, quando o autor afirma que os meios eletrônicos são “extensões do homem”; ele enfatiza a maneira como a tecnologia influencia a vida, e reconfigura o agir e as produções da sociedade, de modo que o mundo foi transformado em uma “aldeia global”, onde a tecnologia é ativa no processo de remodelação social. O texto e a notícia na internet Para pensar a escrita para internet é necessário considerar alguns aspectos fundamentais que a sustentam: As ferramentas de acesso, como o computador, o teclado, os smartphones, tablets e programas de interface; A materialidade do código: os signos que compõem a lógica, a semiótica por trás da ferramenta, os seus ícones, índices e símbolos; A arquitetura hipertextual, que já foi discutida no tópico 1.2.5 deste livro-texto e será aprofundada logo à frente; O espaço enunciativo que, necessariamente, se alinha à ferramenta, a arquitetura hipertextual e a materialidade do código. O texto e a notícia na internet Edo (2009) elenca sete principais características da informação on-line: 1. Interativa: participação direta e imediata com o público, em que todos podem ser remetentes destinatários; 2. Personalizada: pela possibilidade de seleção ativa dos conteúdos por parte dos usuários; 3. Documentada: porque os múltiplos links abrem possibilidades de acesso aos diferentes assuntos; 4. Atualizada: porque a notícia pode ser publicada assim que produzida; 5. Integra todos os formatos jornalísticos por ser um meio multimídia; 6. Facilitação de serviços diversos e processos realizados pelo computador; 7. Nova concepção de design que vai além da estética e prioriza a facilitação da navegação para o leitor. O texto e a notícia na internet A internet representa uma nova ordem em relação à quantidade de informação, um processo evolutivo com implicáveis sociais, políticas, econômicas e institucionais, que envolvem as questões relativas à produção, análise e distribuição da informação. Suas páginas permitem longevidade à informação, permanência e constância (KOEHLER, 1999). Se há muita informação disponibilizada na internet, fica muito difícil determinar uma única metodologia capaz de comprovar a confiabilidade e a autenticidade da informação; assim, reforçamos a constante necessidade de que cada mensagem precisa ser avaliada cuidadosamente. Lembrando que qualquer um pode publicar as informações na internet; assim, não há a filtragem, o que torna qualquer conteúdo publicável. Para Tomaél et al. (1999, p. 279-281), os critérios de avaliação da informação on-line são muito semelhantes àqueles adotado para as fontes impressas; os autores também reuniram um tutorial que auxiliam esse processo a partir de três grupos: conteúdo, forma e processo. Fontes de informação na internet: critérios de qualidade Entre os critérios de conteúdos os autores elencam: Validade, fidedignidade e confiabilidade das informações; Precisão ligada à validade e à correção das informações; Autoridade e reputação da fonte; Singularidade pela quantidade de informações primárias; Completeza pelo grau de finalização da informação; Cobertura da profundidade e amplitude; Características de navegação como facilidade de orientação dos usuários pelas páginas; Apoio ao usuário com o suporte para a solução de problemas; Integridade do site; Integridade do sistema. Fontes de informação na internet: critérios de qualidade Por hipermídia entendemos uma escritura complexa, em que diferentes blocos de informação estão interconectados, em que uma enorme quantidade de informações está vinculada criando uma rede multidimensional de dados. Uma tecnologia que engloba recursos e permite ao usuário a navegação por diversas partes (LEÃO, 1999). A hipertextualidade é a utilização do hipertexto, tópico abordado anteriormente enquanto estudávamos a lógica da formação da internet. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nesse conceito e aplicá-lo à prática jornalística digital. Para Barthes, o hipertexto é considerado um “texto plural”, e essa pluralidade também está na quebra do poder do autor; as suas características podem ser sintetizadas em: Visão de um texto sem limites; Possibilidade de ligação entre os textos por associações de palavras; Proposição de fragmentar a narrativa; Reconfiguração do papel do autor; Empoderamento do leitor. Hipermídia e hipertextualidade Lévy (1996) sintetizou seis princípios básicos para descrever e explicar a lógica do hipertexto, sendo eles: Metamorfose: permanente construção; mesmo que pareça estável, a sua composição está em constante constituição; Heterogeneidade: as suas conexões são heterogêneas; encontramos imagens, sons, palavras etc.; Multiplicidade: organização de forma fractal, em que as partes separadas repetem os traços do completo; assim, os nós compõem toda uma rede; Exterioridade: não possui uma unidade orgânica; o seu crescimento ou a sua diminuição dependem de um exterior indeterminado; Topologia: caminhos que ligam a “vizinhança”; Mobilidade de centros: a rede possui vários centros que são pontas luminosas móveis trazendo ramificações infinitas. Hipermídia e hipertextualidade As redes sociais podem ser definidas como formas de comunicação eletrônica (como sites para as redes sociais, rede e microblog) por meio do qual os usuários criam comunidades on-line para compartilhar as informações, ideias, mensagens pessoais e outros conteúdos. Como síntese, podemos afirmar que a rede social é uma estrutura social composta por indivíduos, organizações, associações, empresas ou outras entidades sociais, designadas por atores, que estão conectadas por um ou vários tipos de relações que podem ser de amizade, familiares, comerciais, sexuais etc. Nessas relações, os atores sociais desencadeiam os movimentos e fluxos sociais, através dos quais partilham as crenças, a informação, o poder, o conhecimento, o prestígio etc. (FERREIRA, 2011, p. 213). Para Costa (2003), a rede é uma forma de organização que se caracteriza, principalmente, pela sua horizontalidade, a qual afeta um modo de relacionamento livre de hierarquias. Elas são estruturas invisíveis e informais que perpassam momentos da vida social. Redes sociais: da conexão à informação Capra (2002) enfatiza a importância das redes na Era da Informação, uma vez que os processos sociais se organizam cada vez mais em torno de redes. As interações, que movimentam as redes, são representadas por relações sociais,econômicas, de trabalho etc., que, essencialmente, possibilitam o compartilhamento de informação e de conhecimento. Dependendo dos interesses que movimentam as interações na rede, esta pode ser seccionada em grupos que, geralmente, são profícuos para a própria rede, isto por mobilizarem os atores que estejam envolvidos com uma temática específica. Favorecem, igualmente, as ligações entre os atores com o poder de direcionar os fluxos de informação aos indivíduos que partilham de interesses comuns, proporcionando maiores condições para a inovação. O direcionamento dos fluxos de informação pode fortalecer e delinear uma rede, propiciando a sinergia às funções nela desdobradas (TOMAÉL et al., 1999, p. 102). Redes sociais: da conexão à informação No Brasil, as redes sociais contribuíram muito pela adesão da internet por grande parte da população. O Orkut, pioneiro a ganhar espaço no Brasil, foi criado pelo turco Orkut, em 2004, e se manteve como líder em acesso, até ser ultrapassado pelo Facebook, em 2012. Uma reportagem produzida por Karina Sousa, para a revista Exame, publicada em 2020, aponta que, a cada segundo, 14 pessoas começaram a usar uma rede social pela primeira vez e que o Instagram é o campeão em novos usuários. A jornalista, ainda, afirma que se engana quem acha que as redes sociais são uma moda passageira da população jovem, uma vez que, em 2020, 53% da população mundial estava presente em alguma rede social. Os gatewatchers são incapazes de controlar os portões pelos quais as informações passam, mas, em vez disso, ficam de olho nos portões e passam o que flui por esses portões para outras pessoas, que, então, fazem a escolha sobre a relevância e a utilidade do tópico (BONNET; WESTERMAN, 2020). Redes sociais: da conexão à informação Uma escritura complexa, em que diferentes blocos de informação estão interconectados e que uma enorme quantidade de informações está vinculada, criando uma rede multidimensional de dados. Uma tecnologia que engloba os recursos e permite ao usuário a navegação por diversas partes (LEÃO, 1999). Esse é o conceito de: a) Hipertextualidade. b) Hipermídia. c) Hiperdistribuição. d) Hipomídia. e) Transmídia. Interatividade Uma escritura complexa, em que diferentes blocos de informação estão interconectados e que uma enorme quantidade de informações está vinculada, criando uma rede multidimensional de dados. Uma tecnologia que engloba os recursos e permite ao usuário a navegação por diversas partes (LEÃO, 1999). Esse é o conceito de: a) Hipertextualidade. b) Hipermídia. c) Hiperdistribuição. d) Hipomídia. e) Transmídia. Resposta Interatividade. Customização e personalização. Multimidialidade. Instantaneidade e atualização. Utilização da base de dados. Características do webjornalismo A lógica da informação on-line está, diretamente, ligada à interatividade; definimos a interatividade como a possibilidade de o usuário interagir com o emissor e com a própria mensagem. A interatividade é um dos pilares da cibercultura, e, definitivamente, reconfigurou as rotinas de produção jornalísticas. Ela encurtou o espaço que havia entre o emissor/receptor, dando ao receptor a possibilidade de diálogo com os grandes meios de comunicação, transformando o modelo básico da comunicação de massa de um para muitos em muitos para muitos. Interatividade Hoje, as interfaces da web, inclusive, de páginas jornalísticas, podem exibir diferentes informações e opções para as pessoas diferentes, de acordo com as suas necessidades e preferências. Essas diferenças são impulsionadas pelas escolhas do próprio usuário, também por inferências feitas pelo sistema ou, ainda, por uma combinação de ambas. Essa combinação serve para deixar o sistema mais responsivo. Na customização, o usuário faz escolhas explícitas que controlam a aparência do sistema. Nessa perspectiva a customização assume a forma de um “painel de controle” em que as escolhas do usuário determinam os elementos que estarão na interface. Já na personalização, é o sistema que analisa o comportamento do usuário e se adapta para “acomodá-lo”. Para isso, os dados históricos do usuário são utilizados. Customização e personalização de conteúdo Por multimidialidade nos referimos a utilização combinada de várias mídias, incorporando as fotos, os vídeos, os sons, os infográficos etc. Empinotti (2015) afirma que podemos entender a multimidialidade de três maneiras diferentes: Multiplataforma: coordenação logística dos meios diferentes para conseguir um resultado conjunto; Polivalência: perfil do jornalista que acumula várias funções; Combinação de linguagens: combinação de linguagens para transmitir a informação. Multimidialidade Como memória, nos referimos ao armazenamento de informação, sempre, realizado pelas empresas jornalísticas, que foi ampliado graças à tecnologia digital, ocasionando o seu barateamento. A memória no jornalismo, na web, pode ser recuperada tanto pelo produtor de informação quanto pelo utente, através de arquivos on-line providos com motores de busca (search engines) que permitem múltiplos cruzamentos de palavras-chaves e datas (indexação). Sem as limitações de espaço, em uma situação de extrema rapidez de acesso e alimentação (instantaneidade e interatividade), e de grande flexibilidade combinatória (hipertextualidade), o jornalismo tem na web a sua primeira forma de memória múltipla, instantânea e cumulativa (PALÁCIOS, 2002, p. 7). O jornal Folha de S.Paulo possui, em seu acervo digital, os 100 anos de publicações do grupo, possuem um banco de dados on-line muito completo e gratuito. Essa busca pode ser realizada por tópico ou data. O jornal Estadão também adotou essa prática e possui um acervo que oferece as opções de busca muito interessantes, como, por exemplo, a pesquisa de matérias censuradas. Memória Fonte: acervo digital do jornal O Estado de S. Paulo. Não são mais horas ou dias concretos que determinam a publicação do conteúdo. Antes, o leitor precisava esperar um mínimo de tempo para ver as notícias nas capas dos jornais; já hoje, este conceito foi revisto e esta atualização passou a ser quase que simultânea com o próprio acontecimento, enfatizando esse caráter de instantaneidade aprimorado, principalmente, pelas redes sociais. A informação na rede é contínua, os textos são atualizados, e novas informações complementam ou substituem a anterior; essa atualização contínua trouxe ao jornalismo digital um dinamismo tão inerente que se vinculou à própria definição do cibermeio (LÓPEZ GARCÍA, 2005). Sobre a relação entre o tempo e o processo produtivo no webjornalismo, a pressão do tempo faz parte do trabalho minuto a minuto. Soma-se ao contexto a necessidade de vencer a concorrência em tempo, ineditismo e quantidade de material produzido, e informar o leitor conectado à internet por múltiplas plataformas, assim como sugere o chamado “fetiche da velocidade” (FERNANDES; JORGE, 2017, p. 23). Instantaneidade e atualização contínua Existem, assim, algumas características que foram suprimidas pelo webjornalismo e que garantiam um maior tempo para a circulação das notícias nos outros meios. No jornal impresso, o tempo de produção precisa de um intervalo entre as edições, que, geralmente, acontece em um dia. Já na televisão e no rádio, existem intervalos comercias e transmissão de outras atrações. A web não possui intervalos entre a veiculação de notícias, inclusive, as sinalizações de data e hora, em que a matéria que foi publicada funciona como um sinalizador de quanto tempo o veículo não publica nada, aumentando a pressão por um intervalo de tempo cada vez mais curto (FERNANDES; JORGE, 2017). Instantaneidade e atualização contínua A utilização de bases de dados não é uma novidade no jornalismo, uma vez que os jornalistas sempre precisam retomaras informações para compor as suas notícias e reportagens; entretanto, o ambiente digital reformulou esse conceito. A consulta desses dados não está mais vinculada, apenas, aos depósitos, às coleções de documentos ou ao repositório de informações. No webjornalismo, as bases de dados se tornam definidoras da estrutura e da organização das informações, influenciando na forma com que as notícias tomam, relacionadas às novas características multimidiáticas e ao jornalismo participativo. Utilização da base de dados Ainda que não existam fórmulas mágicas, podemos considerar que as bases confiáveis são aquelas inseridas em sites tradicionais e confiáveis de informação; como exemplo, podemos citar os sites dos jornais tradicionais e de universidades renomadas que constroem enormes bancos de dados nas mais variadas temáticas. Utilização da base de dados O usuário faz escolhas explícitas que controlam a aparência do sistema. Nessa perspectiva a customização assume a forma de um “painel de controle”, em que as escolhas do usuário determinam os elementos que estarão na interface. Falamos de qual característica do webjornalismo? a) Responsividade. b) Hipertexto. c) Interatividade. d) Personalização. e) Customização. Interatividade O usuário faz escolhas explícitas que controlam a aparência do sistema. Nessa perspectiva a customização assume a forma de um “painel de controle”, em que as escolhas do usuário determinam os elementos que estarão na interface. Falamos de qual característica do webjornalismo? a) Responsividade. b) Hipertexto. c) Interatividade. d) Personalização. e) Customização. Resposta ABBATE, J. Inventing the internet. Cambridge, MA: MIT Press, 1999 AFONSO, C. A internet no Brasil: alguns desafios a enfrentar. Informática pública, v. 4, n. 2, p. 169-184, 2002. AGAHEI, S.; NEMATBAKHSH, M. A.; FARSANI, H. K. Evolution of the world wide web: from web 1.0 to web 4.0. International Journal of Web & Semantic Technology (IJWesT), v. 3, n. 1, jan. 2012. BAIRON, S. Multimídia. São Paulo: Global, 1995. BOLTER, J. D. 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