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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.069.779 - SP (2008/0137963-1)
 
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE : COESA ENGENHARIA LTDA 
ADVOGADO : LUÍS EDUARDO MENEZES SERRA NETTO E OUTRO(S)
RECORRIDO : MUNICÍPIO DE BAURU 
PROCURADOR : MARISA BOTTER ADORNO GEBARA E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Trata-se de 
Recurso Especial interposto, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição da 
República, contra acórdão assim ementado (fl. 196): 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO INTERPOSTO 
CONTRA DECISÃO QUE REJEITOU AS PRELIMINARES ARGÜIDAS 
PELA AGRAVANTE - PETIÇÃO INICIAL QUE NÃO PADECE DE 
INÉPCIA - DOS FATOS NARRADOS DECORRE LOGICAMENTE O 
PEDIDO - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA, POR FORÇA DO § 5º DO 
ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - INAPLICABILIDADE DO ART. 
23 DA LEI 8.429/92 - AS DEMAIS QUESTÕES ESTÃO LIGADAS AO 
MÉRITO DA DEMANDA E SERÃO APRECIADAS OPORTUNAMENTE - 
RECURSO IMPROVIDO.
Originariamente, o Município de Bauru ajuizou Ação Ordinária 
Condenatória contra a empresa, ora requerente, e outros, em que busca o ressarcimento 
de danos ao Erário, tendo em vista irregularidades na celebração e execução do 
contrato para construção de unidades habitacionais.
Em manifestação prévia, a empresa Coesa Engenharia Ltda. apontou a 
existência de vícios processuais que impediriam o regular processamento da demanda, 
quais sejam a ocorrência de prescrição, confusão, falta de interesse de agir, inépcia da 
inicial e outras questões inerentes ao mérito, tais como inexistência de ato de 
improbidade.
O juízo de 1º grau afastou as preliminares indicadas pela empresa e 
determinou o prosseguimento do feito, dando ensejo à interposição de Agravo de 
Instrumento, rejeitado pelo TJ-SP.
Contra essa última decisão, a empresa interpôs o presente Recurso 
Documento: 4198425 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Especial, com base nas seguintes violações:
a) do art. 295, I e parágrafo único, c/c o art. 282, III, do CPC (relativas à 
inépcia da inicial); e 
b) dos arts. 17, § 8º, e 23, I, da Lei 8.429/1992 (inadequação da via eleita 
e prescrição).
O Tribunal local inadmitiu o Recurso Especial (fls. 476-477).
Interposto o Agravo de Instrumento — autuado no STJ como AG 
956.549/SP —, determinei a subida do apelo da empresa para melhor exame da 
matéria.
É o relatório. 
 
Documento: 4198425 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 2 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.069.779 - SP (2008/0137963-1)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: De início, 
constato que a empresa busca a extinção da ação, com base no art. 17, § 8º, da Lei 
8.429/1992, in verbis :
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta 
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta 
dias da efetivação da medida cautelar.
(...)
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em 
decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de 
improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
O dispositivo acima visa a evitar o processamento de ações temerárias, 
manifestamente infundadas.
Ocorre que as razões apresentadas pela recorrente não demonstram a 
existência de lide temerária de modo a legitimar a rejeição liminar da ação, como se 
pretende.
No que tange à alegação de ter havido prescrição, conforme prevista no 
art. 23 da Lei 8.429/1992, percebo que o Tribunal de origem aplicou ao caso o 
disposto no art. 37, § 5º, da CF, nos moldes do excerto seguinte (fls. 197-198):
(...)
Com efeito, trata-se de ação pleiteando o ressarcimento de 
prejuízos causados ao erário público, hipótese prevista no art. 37, § 5º da 
Constituição Federal que assim dispõe: "§ 5º A lei estabelecerá os prazos de 
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que 
causarem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de 
ressarcimento."
Assim, não se poder falar em prescrição em relação ao pedido 
de ressarcimento dos prejuízos causados ao erário público, de modo que o é 
inaplicável o disposto no art. 23 da Lei nº 8.429/92, que prevê que a ação de 
improbidade prescreverá em cinco anos após o término do mandato.
Correto o entendimento do TJ-SP. De fato, é imprescritível a pretensão 
Documento: 4198425 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
de ressarcimento de dano ao Erário, nos termos do art. 37, § 5º, in fine, da CF. Nesse 
sentido:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. DANO AO 
ERÁRIO. LICITAÇÃO. ECONOMIA MISTA. RESPONSABILIDADE.
(...)
6. É imprescritível a Ação Civil Pública visando a recomposição 
do patrimônio público (art. 37, § 5º, CF/88).
(...)
12. Recursos das partes demandadas conhecidos parcialmente e, 
na parte conhecida, improvidos.
(REsp 403.153/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 09.09.2003, DJ 20.10.2003 p. 181)
O egrégio Supremo Tribunal Federal reiterou a imprescritibilidade das 
ações de ressarcimento ao Erário no início deste mês, ao julgar o MS 26.210/DF (Rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, j. 04.09.2008). Transcrevo a notícia 
veiculada pelo Informativo STF 518/2008:
(...) Afastou-se, também, a apontada prescrição, ao fundamento 
de incidir, na espécie, o disposto na parte final do art. 37, § 5º, da CF (“A lei 
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer 
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as 
respectivas ações de ressarcimento.”). (...) MS 26210/DF, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 4.9.2008. (MS-26210)
Cito também a lição doutrinária:
Vê-se, porém, que há uma ressalva ao princípio. Nem tudo 
prescreverá. Apenas a apuração e punição do ilícito; não, porém, o direito da 
Administração ao ressarcimento, à indenização do prejuízo causado ao erário. 
(José Afonso da Silva, Comentário Contextual à Constituição , 5ª ed., São 
Paulo, Malheiros, 2008, p. 349).
São, contudo, imprescritíveis, as ações de ressarcimento por 
danos causados por agente público, seja ele servidor público ou não, conforme 
o estabelece o artigo 37, § 5º, da Constituição. Assim, ainda que para outros 
fins a ação de improbidade esteja prescrita, o mesmo não ocorrerá quanto ao 
ressarcimento dos danos. (Maria Sylvia Zanella di Pietro, Direito 
Administrativo , 14ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p. 695).
Documento: 4198425 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 4 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Ademais, ainda que se admita o prazo prescricional vintenário, saliento 
que os fatos ilícitos ocorreram a partir de 1990 (fl. 47). Considerando que a ação foi 
proposta em 20.11.2003, não haveria falar em prescrição.
Ressalto que o Município tem legitimidade para propor ação de 
ressarcimento decorrente de improbidade administrativa contra ex-prefeito e outros 
servidores municipais. Descabido, in casu , falar em confusão entre credor e devedor, 
na forma do art. 381 do Código Civil:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
REPARAÇÃO DE DANOS POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
PROPOSTA CONTRA EX-PREFEITO. MALVERSAÇÃO DE APLICAÇÃO 
DE VERBAS RECEBIDAS DE CONVÊNIO FIRMADO COM A UNIÃO. 
IMPORTÂNCIA INCORPORADA AO ERÁRIO MUNICIPAL. 
LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO MUNICÍPIO. OFENSA AO 
ART. 3º DO CPC RECONHECIDA.
(...)
2. A verba liberada, por meio do convênio firmado com a 
Fundação Nacional de Saúde, foi incorporada ao erário municipal (tendo sido 
creditada em conta-corrente na data de 11/06/2002), detendo, pois, o Município 
a legitimidade para perseguir judicialmente a reparação pelos danos sofridos .
(...)
4. Recurso especial conhecido e provido determinando-se o 
retorno dos autos ao juízo de primeiro grau para que prossiga à análise da ação.
(REsp 1024648/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, 
PRIMEIRA TURMA, julgadoem 22.04.2008, DJe 21.05.2008, grifei)
As alegações aduzidas no Recurso Especial, de violação do art. 295, I e 
parágrafo único, c/c o art. 282, III, do CPC, relativas à inépcia da inicial da ação 
proposta pelo Município, tampouco merecem prosperar.
Constato que a exordial (fls. 42-84) contém a narrativa dos fatos 
configuradores, em tese, da improbidade administrativa, e isto é o que basta, diante das 
normas contidas nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei 8.429/1992, para que seja possível aplicar 
as sanções previstas no art. 12 da referida lei, se for o caso.
Sob pena de esvaziar de utilidade a instrução e impossibilitar a apuração 
judicial dos ilícitos, nas ações de improbidade administrativa, a petição inicial não 
precisa descer a minúcias do comportamento do réu.
Na hipótese dos autos, a descrição genérica dos fatos e imputações é 
Documento: 4198425 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 5 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
suficiente para bem delimitar o perímetro da demanda e propiciar o pleno exercício do 
contraditório e do direito de defesa. 
Impertinente a objeção de inadequação da via eleita, sob o argumento de 
que a licitação ocorreu, e o contrato foi celebrado antes da vigência da Lei 8.429/1992, 
quando na verdade noticiam-se irregularidades na celebração do contrato (antes da Lei 
da Improbidade) e também na execução do contrato (na vigência da Lei da 
Improbidade).
De fato, o contrato foi aditado posteriormente ao advento da Lei de 
Improbidade Administrativa. Transcrevo trecho do voto-condutor do acórdão recorrido 
(fl. 197):
Os atos supostamente lesivos se estenderam no tempo já na 
vigência da Lei de Improbidade, cujo rito especial prevalece.
Não há ofensa ao princípio da irretroatividade . A Lei 8.429/1992 não 
inventou a noção de improbidade administrativa, apenas lhe conferiu regime e 
procedimentos jurídicos próprios, com previsão expressa de novas sanções, não 
fixadas anteriormente.
Além disso, não é razoável que a recorrente aceite a incidência da Lei 
8.429/1992, para fins de manifestação prévia e rejeição liminar da ação, consoante 
preceituado no art. 17, § 8º, do mesmo diploma legal, e, ao mesmo tempo, defenda a 
não aplicação da norma aos fatos, por ser posterior.
Registre-se, a esse respeito, que, antes mesmo da vigência da Lei 
8.429/1992, o ressarcimento do dano ao Erário estava previsto no ordenamento 
jurídico, seja como obrigação legal genérica estatuída no Código Civil, seja, no caso 
específico de improbidade, na Lei 4.717/1965 (Ação Popular).
Após a promulgação da Lei 8.429/1992, as sanções nela previstas 
aplicam-se imediatamente a contratos em andamento, mas somente se os ilicítos em 
questão tiverem sido praticados já na vigência do novo regime, como é o caso dos 
autos.
É indiscutível, portanto, a aplicação da Lei 8.429/1992, conforme 
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decidiu o Tribunal de origem.
Por tudo isso, nego provimento ao Recurso Especial.
É como voto.
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