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CURSO DE EXTENSÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR 
PROFESSOR: Dr. Ataliba Dias Ramos (juiz federal da justiça militar) 
DISCIPLINA: MÓDULO 3 
 
BREVE APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR: 
 
Olá pessoal! Eu sou o professor Ataliba Ramos, juiz federal da justiça militar, 
atualmente titular da Auditoria da 12ª Circunscrição Judiciária Militar (12ª CJM), 
com sede em Manaus – AM. Atuo com jurisdição nos estados do Amazonas, 
Roraima, Rondônia e Acre, ou seja, uma das maiores competências territoriais 
do mundo! Rsrs. 
 
Na minha jornada acadêmica, sou Mestrando em Direito Constitucional no 
Instituto Brasileiro de Direito Público (IDP) em Brasília - DF, pós-graduado em 
Aplicações Complementares às Ciências Militares pela então Escola de 
Administração do Exército (ESAEx) - atualmente Escola de Formação 
Complementar do Exército (ESFCEx) – em Salvador – BA, bem como em Direito 
Público pela Faculdade Fortium de Brasília - DF. Sou bacharel em Direito pela 
Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro e autor de diversos artigos 
jurídicos que tratam do Direito Militar e coautor das obras: Direito Administrativo 
Militar - Coleção Sinopses para Concursos, da Editora Juspodivm e Perspectivas 
da Justiça Militar Contemporânea, da Editora Lumen Juris. 
 
Na minha jornada profissional, não comecei, evidentemente, no cargo de juiz 
federal da justiça militar. Iniciei minha carreira como 3º Sargento de Saúde do 
Exército Brasileiro (isso mesmo, nada a ver com minha área de atuação hoje) e 
conquistei o 1º lugar da minha Turma (CFS 2000). Na sequência, no ano de 
2007, fui aprovado em 1º lugar do Brasil no concurso para o Quadro 
Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro, na especialidade Direito (QCO 
Dir), conquistando o 1º lugar da minha Turma na minha especialidade (CFO 
2008). Como oficial da ativa, cheguei até o posto de capitão e assumi a chefia 
da Assessoria Jurídica do Comando de Operações Terrestres (COTER) até que, 
 
 
em 2016, após dificílimo concurso de provas e títulos, tomei posse no cargo de 
juiz auditor substituto da justiça militar (nome do cargo à época). Em 2021, fui 
promovido ao meu cargo atual (juiz federal da justiça militar). Como professor, 
leciono em diversos Cursos Preparatórios para concursos no ramo de Direito 
Militar, sendo um dos coordenadores do “Direito Militar no Zoom”. Além disso, 
dou aula em diversos Cursos de Pós Graduação em Direito Militar. 
 
Deixo como indicação o meu instagram: @prof.atalibaramos (onde posto dicas 
de direito administrativo militar, penal militar e processual penal militar, além de 
algumas bobagens do cotidiano) 
 
Feita essa breve apresentação, vamos falar do tema que será abordado no 
presente módulo (módulo 3): noções sobre procedimentos de investigação 
criminal (atos de polícia judiciária militar). 
 
O objetivo da nossa disciplina é: identificar o modo de atuação da polícia 
judiciária militar (atuação do encarregado do IPM) e os instrumentos à sua 
disposição para consecução das suas finalidades, com supedâneo no CPPM, 
bem como as suas fases e etapas. Identificar a competência da polícia judiciária 
militar e da polícia de segurança. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Então pessoal, considerando o objetivo no presente módulo, vamos estudar o 
Inquérito Policial Militar (IPM), o Auto de Prisão em Flagrante (APF), a Instrução 
Provisória de Deserção (IPD) e a Instrução Provisória de Insubmissão (IPI). 
 
Lembrando que o presente material de apoio complementa os slides que já 
foram disponibilizados a vocês junto com as videoaulas do presente 
módulo. 
 
 
 
Feito esse esclarecimento, vamos entrar na matéria, mas, antes de falarmos de 
cada instituto acima, teceremos breves considerações acerca da autoridade de 
polícia judiciária militar, órgão competente para conduzir todos os procedimentos 
investigativos na persecução de um crime militar. 
 
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR 
 
Segundo o doutrinador Jorge Cesar de Assis, a previsão constitucional da polícia 
judiciária militar é implícita no art. 144 §4º CF/88. 
 
Art. 144 ... 
4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, 
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações 
penais, exceto as militares. 
 
Cabe esclarecer que a Polícia do Exército e a Polícia da Aeronáutica não são 
polícia judiciária militar, mas sim polícia administrativa militar. O ilustre Célio 
Lobão confirma essa informação (2010, p.45). Isso não significa que um militar 
da PE, por exemplo, não possa realizar atividade de polícia judiciária militar. 
 
A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º do CPPM, pelas 
autoridades elencadas no artigo 7º e parágrafos do mesmo códex, conforme 
suas respectivas circunscrições. Atentem para o fato de que a nomenclatura de 
diversos cargos ali elencados se encontra desatualizada. 
 
Nessa toada, a doutrina castrense traz a seguinte classificação das autoridades 
de polícia judiciária militar: 
 
a) Originária (art. 7º, caput do CPPM) 
 
b) Delegada (parágrafos do art. 7º do CPPM) 
 
 
 
A polícia judiciária militar não pode ser exercida por praças, especiais 
ou não, mas tão somente por oficiais. 
 
Por derradeiro, cabe apontar que as atribuições da polícia judiciária militar 
elencadas no artigo 8º do CPPM não constituem um rol taxativo, haja vista que 
é possível que sejam realizadas outras atividades em busca do descobrimento 
da verdade possível de ser alcançada (para não usarmos a expressão busca da 
verdade real que, segundo alguns estudiosos, não existe). 
 
 
Alguns exemplos de atribuições de polícia judiciária militar atípicas no CPPM: 
 
a) representação pela interceptação telefônica 
b) representação para a prisão temporária (doutrina minoritária admite) 
c) adoção de medidas da Lei Maria da Penha 
d) medidas da Lei do Crime Organizado 
e) medidas da Lei de Proteção às Testemunhas 
f) etc 
 
Dito isso, passemos aos procedimentos de investigação dos crimes militares. 
 
DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (ART 9º AO 28 DO CPPM) 
 
O IPM pode ser definido como um procedimento administrativo realizado pela 
polícia judiciária militar com a finalidade de apurar o fato (crime militar) e a 
autoria, para fornecer elementos necessários à propositura da ação penal militar. 
É uma peça informativa que tem por objetivo formar o convencimento do titular 
da Ação Penal Militar (membro do MP/MPM), para oferecer a denúncia. 
 
Finalidade do IPM: Cícero Coimbra traz uma crítica à finalidade expressa no 
CPPM (alinhada à acusação). Entende que deve ser a busca da verdade real, 
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sendo um instrumento do Estado democrático de Direito. Invoca as lições de Luís 
Flavio Gomes. 
 
Por essa linha de pensamento, o inquérito policial militar, ao mesmo tempo em 
que serve para colher subsídios para a propositura da ação penal, tem função 
de filtro, a fim de que não sejam oferecidas denúncias infundadas. 
 
Pois bem. As características do IPM são praticamente as mesmas do IP. Para 
maiores aprofundamentos, indico a leitura do Manual de Processo Penal de 
Renato Brasileiro. 
 
Isso posto, considerando o objetivo do nosso curso, trarei aqui as principais 
características do IPM, que são: 
 
a) Escrito (art. 21 do CPPM). OBS: processo eletrônico. 
b) Sigiloso (art. 16 do CPPM) 
c) Inquisitivo 
d) Oficialidade: significa dizer que todos os atos relativos ao IPM devem ser 
praticados por agentes públicos, ou seja, não há qualquer possibilidade de 
particulares conduzirem o IPM. 
e) Obrigatoriedade: é obrigatória a instauração de um IPM quando há a 
ocorrência de um crime militar. 
f) Oficiosidade: determina que a autoridade militar deve agir de ofício – sem 
qualquer requerimento – quando tiver conhecimento da prática de um delito 
militar (art. 10 “a” do CPPM) 
 
Vamos continuar analisando alguns artigos do CPPM que tratam do IPM.Art. 10. O inquérito é iniciado mediante PORTARIA: 
 
 a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou 
comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator; 
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Nesse caso ocorre a notitia criminis direta (a autoridade conhece o fato por sua 
própria atuação investigativa. 
 
 b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em 
caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e 
confirmada, posteriormente, por ofício; 
 
Nesse caso ocorre a notitia criminis indireta (a autoridade tomou ciência do fato 
porque houve determinação ou delegação de autoridade superior). 
 
Jorge Cesar de Assis – com o avanço das telecomunicações, em caso de 
urgência, pode-se delegar por meio de fax, e-mail, com confirmação posterior. 
Hoje acrescento: WhatsApp. 
 
c) em virtude de requisição do Ministério Público; 
 
O MPM pode requisitar diretamente à autoridade militar. 
 
QUESTÃO: E se a autoridade militar não atender à requisição? 
 
Requisição é ordem. Pode configurar crime de prevaricação (se presente o 
elemento subjetivo do tipo) ou desobediência (controvertido). 
 
OBS: Recusa de Diligências pelo Encarregado do IPM: a autoridade militar 
encarregada do IPM não pode deixar de realizar diligência requisita pelo Juiz 
Federal ou pelo Promotor de Justiça Militar, pois requisição é uma ordem. 
 
No entanto, a autoridade pode deixar de realizar diligências requeridas pelo 
indiciado e pelo ofendido, salvo para atender à diligência referente ao exame de 
corpo de delito. É o que se extrai do art. 315, parágrafo único, do CPPM 
 
 
 
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos têrmos do art. 25*; 
 
Obs: Quando o IPM é instaurado por decisão do STM, estamos diante de sua 
competência originária. 
 
Coimbra destaca que se trata de “decisão” e não requisição. O STM, se for o 
caso, remeterá os autos ao MPM e, este sim, poderá requisitar IPM. 
 
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou 
em virtude de representação devidamente autorizada* de quem tenha 
conhecimento de infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar; 
 
Vamos analisar agora o artigo 14 do CPPM. 
 
Assistência de procurador 
 Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional 
importância ou de difícil elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar 
do procurador-geral a indicação de procurador que lhe dê assistência*. 
 
Apesar de o artigo mencionar a indicação de Procurador, nada impede que seja 
um Promotor de Justiça, obviamente. 
 
Jorge Cesar de Assis entende que este artigo está mitigado pela CF/88, pois o 
MP não exerce a função de assistente do IPM, já que pode requisitar sua 
instauração e acompanhar seu desenvolvimento, intervindo quando julgar 
necessário. Pode, portanto, ORIENTAR e não assistir o encarregado do IPM. 
Leciona ainda que qualquer membro MPM, ao tomar conhecimento de IPM de 
excepcional importância ou de difícil elucidação, pode acompanhar de oficio o 
caso. O PGJM também pode nomear um membro do MPM nesses casos. 
 
Célio Lobão e Claudio Amim lecionam que o pedido de assistência deve ser feito 
ao PGJM. Nada falam sobre a expressão “assistência”. Por sua vez, Cícero 
 
 
Coimbra entende que o MPM pode atuar de oficio, bem como em outras 
hipóteses além das duas elencadas no artigo. 
 
O E. STM tem precedente em que se fez menção expressa ao artigo em estudo: 
 
O art. 14 do CPPM estabelece a possibilidade de 
participação do Ministério Público Militar na 
investigação procedida na fase inquisitorial. (Superior 
Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 0000197-
11.2013.7.00.0000. Relator(a): Ministro(a) CLEONILSON 
NICÁCIO SILVA. Data de Julgamento: 21/11/2013, Data de 
Publicação: 05/12/2013) 
 
Vamos analisar agora o artigo 15 do CPPM, que trata do encarregado do 
inquérito policial militar. 
 
 Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de 
posto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de 
infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, 
oficial superior*, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. 
 
Vejam que A LEI PERMITE QUE SEJA UM OFICIAL SUBALTERNO. Vide 
“sempre que possível”. Inclusive pode ser um Oficial Temporário. 
 
Jorge Cesar de Assis entende que a Infração penal contra a segurança nacional 
é apurada pela Polícia Federal, já que, com a CF/88, a competência para 
processar e julgar tais delitos é da justiça federal. 
 
Noutro giro, Claudio Amin e Célio Lobão entendem que a expressão “infração 
penal contra a segurança nacional” se refere a crimes contra a segurança 
externa (arts. 136 a 148 do CPM). Logo, a competência é sim da justiça militar 
e, portanto, deve ser instaurado IPM. 
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Veremos agora o artigo 18 do CPPM: 
 
Detenção de indiciado 
 Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar 
detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a 
detenção à autoridade judiciária competente. Êsse prazo poderá ser prorrogado, 
por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, 
mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via 
hierárquica. 
 
QUESTÃO: Esse artigo ainda tem vigência após a CF/88? 
 
Prevalece na doutrina castrense que SIM. Mas só tem aplicação em caso de 
crimes propriamente militares. Jorge Cesar de Assis, Célio Lobão, Cláudio 
Amin, Cícero Coimbra, Guilherme Nucci, por exemplo, são adeptos dessa 
posição. 
 
CF/88 
Art. 5 (...) 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar, definidos em lei; 
 
OBS: JCA e Nucci chamam de o instituto do art. 18 de detenção cautelar. Lobão 
e Loureiro Neto chamam de prisão cautelar. 
 
Ocorre que o legislador não definiu o que seria “crime propriamente militar”. 
 
Cabe aqui lembrar as diversas posições encontradas na doutrina acerca do 
conceito de crime propriamente militar: 
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a) Teoria Clássica – com origem no Direito romano. O crime propriamente militar 
é aquele que só pode ser cometido por militar (é o “crime do soldado”). O crime 
impropriamente militar pode ser praticado por qualquer pessoa, civil ou militar. 
Adotada por Lobão e JCA 
 
b) Teoria Topográfica – prestigiada entre os autores de Direito Penal comum. O 
crime propriamente militar é aquele só previsto no CPM ou previsto de maneira 
diversa (art. 9º, I do CPM). O crime impropriamente militar é previsto tanto no 
CPM e CP. 
 
c) Teoria Tricotômica (Amin e Ione de Souza Cruz) – crime propriamente militar 
é aquele que só pode ser cometido por militar. Crime tipicamente militar é aquele 
só previsto no CPM (ex: insubmissão). Crime impropriamente militar é previsto 
tanto no CPM e CP. 
 
d) Teoria de Jorge Alberto Romeiro – o crime propriamente militar é aquele cuja 
ação só pode ser proposta contra o militar. Lobão critica essa “Nova Teoria”, mas 
Cícero Coimbra a adota, fazendo a ressalva de que se deve observar o princípio 
“tempus regit actum”. 
 
Vejamos o prazo de duração do IPM: 
 
Prazos para terminação do inquérito 
 Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado 
estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados 
a partir da data em que se instaurar o inquérito. 
 
QUESTÃO: O prazo de conclusão do IPM é penal ou processual penal? 
 
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Quando o investigado está solto, não há controvérsia de que se trata de prazo 
de natureza processual. Quando o investigado está preso, há controvérsia na 
doutrina: 
 
1ªCorrente: Prazo de direito material. O dia do início inclui-se no cômputo do 
prazo – art. 10, CP. Além disso, prazos materiais são fatais e improrrogáveis 
(Nucci). Essa tese é boa para prova de Defensoria Pública. 
 
2ª Corrente (majoritária): mesmo quando o investigado está preso ele continua 
sendo prazo processual (Denilson Feitosa, J. F. Mirabete, Renato Brasileiro). 
Não se pode confundir o prazo da prisão cautelar, que tem natureza material, 
com o prazo do inquérito que tem natureza processual. 
 
JCA – destaca que o prazo é contado na forma do art. 3º “a” CPPM c/c art. 798 
§1º CPP. Não se computa o dia do começo, mas se inclui o dia do vencimento. 
Essa posição prevalece na doutrina. 
 
Acerca do prazo do IPM, o E. STM já se manifestou no seguinte sentido: 
 
EMENTA. HABEAS CORPUS. PRELIMINAR DE 
AUSÊNCIA DA ASSINATURA DIGITAL ELETRÔNICA. 
REJEIÇÃO. TRANCAMENTO DE IPM. NULIDADE. 
EXCESSO DE PRAZO. DENEGAÇÃO DA ORDEM. UN 
NIME. (...) O prazo legal para o término da investigação 
é impróprio, inexistindo consequência processual se 
inobservado quando solto o réu. Precedentes do STF. 
Ausente qualquer ilegalidade ou abuso de poder no 
prosseguimento do IPM. Ordem denegada. Unânime. 
(Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 7000393-
80.2018.7.00.0000. Relator(a): Ministro(a) MARCUS 
VINICIUS OLIVEIRA DOS SANTOS. Data de Julgamento: 
14/08/2018, Data de Publicação: 30/08/2018) 
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Retângulo
 
 
 
No mesmo sentido o STF: 
 
"Ementa: Processual penal militar. Recurso ordinário em 
habeas corpus. Trancamento de inquérito policial. 
Inadequação da via eleita. 1. O trancamento da ação penal 
(e do inquérito policial) só é possível quando estiverem 
comprovadas, de plano, a atipicidade da conduta, a 
extinção da punibilidade ou a evidente ausência de justa 
causa. 2(...). 4. "O prazo legal para término da 
investigação é impróprio, inexistindo consequência 
processual se inobservado o lapso temporal, quando 
solto o réu" (RHC 117.966, Relª. Minª. Cármen Lúcia). 5. 
Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega 
provimento." (RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS nº 145379. Relator Min. ROBERTO BARROSO. 
Julgado em 07/03/2018.) 
Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
12/03/2019 (Info 933). 
 
Lembrando que, em caso de investigado solto, o prazo poderá ser prorrogado 
por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam 
concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, 
indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em 
tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo. 
Ademais, não podemos confundir essa prorrogação de praz com a realização de 
diligências complementares por requisição do MPM ou do juiz (art. 26, I e II do 
CPPM): 
HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. 
JUSTA CAUSA PARA O INDICIAMENTO. EXCESSO DE 
PRAZO. 1. A limitação temporal para a conclusão do 
inquérito policial militar, prevista na Lei Processual 
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Penal Militar, não alcança a fase de diligências 
requeridas pelo Ministério Público, repercutindo 
somente em relação à autoridade policial, que, ainda 
assim, conta com a previsão legal de dilação de prazo (art. 
20, § 1º, do CPPM). 2. (...) Ordem conhecida e denegada. 
Decisão unânime. (Superior Tribunal Militar. Habeas 
Corpus nº 0000075-56.2017.7.00.0000. Relator(a): 
Ministro(a) ARTUR VIDIGAL DE OLIVEIRA. Data de 
Julgamento: 18/05/2017, Data de Publicação: 30/05/2017) 
 
Prosseguindo, nos termos do art. 22 do CPPM, o inquérito será encerrado com 
minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências 
feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e 
lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar 
a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, 
justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos 
termos legais. 
 
Assim, o encarregado do IPM deve indicar: 
a) se há infração disciplinar (RDM, RDE, RDAer) 
b) se há indício de crime (não precisa tipificar. Isso cabe ao MPM) 
c) se há necessidade de decretação de prisão preventiva (art. 254 c/ 255 do 
CPPM) 
 
O princípio da indisponibilidade está consagrado no art. 24 do CPPM, que 
preconiza: 
 
Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, 
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado. 
 
Na sistemática do CPPM, para que haja arquivamento do IPM: apenas o Juiz 
Federal pode determinar o arquivamento do IPM (ou qualquer outra peça 
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informativa), sendo que deve necessariamente existir requerimento do MPM. 
Vejam o artigo 397 do CPPM. 
 
Instauração de novo inquérito 
 Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se 
novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, 
ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade. 
 
Pela dicção do CPPM, não há DESARQUIVAMENTO de IPM, mas instauração 
de novo inquérito. Mas há doutrinador que dá o nome de desarquivamento (JCA, 
Cícero). Fazer o link com o art 397 CPPM. 
 
Súmula 524 STF – “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem 
novas provas”. 
 
JCA citando Mirabete: “a decisão de arquivamento é submetida à cláusula rebus 
sic stantibus” 
 
Devolução de autos de inquérito 
 Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade 
policial militar, a não ser: 
 I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele 
consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; 
 II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de 
formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue 
necessária. 
 
Em relação à aplicabilidade ou não do inciso II (suposta afronta ao sistema 
acusatório, já que o juiz estaria interferindo nas investigações), o E. STM já se 
manifestou: 
 
 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REJEIÇÃO DE 
DENÚNCIA. ART. 303, 'CAPUT', DO CPM. Preliminar de 
inconstitucionalidade do art. 26, inciso II, do CPPM, 
suscitada pelo MPM, e, em consequência, de nulidade da 
prova pericial requisitada pela Magistrada a quo. No 
processo penal vigora o princípio da verdade real como 
fundamento da sentença. Só excepcionalmente o juiz penal 
se satisfaz com a verdade formal, quando não disponha de 
meios para assegurar a verdade real (Doutrina). Preliminar 
que se rejeita. Unânime. (...) Unânime. (Superior Tribunal 
Militar. Recurso em Sentido Estrito nº 0000065-
16.2012.7.02.0102. Relator(a): Ministro(a) MARCUS 
VINICIUS OLIVEIRA DOS SANTOS. Data de Julgamento: 
09/05/2013, Data de Publicação: 17/05/2013) 
 
O parágrafo único do artigo 26, preconiza que, em qualquer dos casos, o juiz 
marcará prazo, não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos. O MPM 
já impetrou Mandado de Segurança questionando tal previsão, ocasião na qual 
o E. STM decidiu pela validade do referido regramento, senão vejamos: 
 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DO 
MAGISTRADO A QUO. REVOGACÃO DE ATO 
JURISDICIONAL QUE CONFERIA AO MPM ATRIBUIÇÃO 
PARA ESTABELECER PRAZO PARA DILIGÊNCIAS 
INDISPENSÁVEIS AO OFERECIMENTO DA DENUNCIA. 
ART. 26 DO CPPM. PREVISÃO DE COMPETÊNCIA DO 
JUIZ-AUDITOR PARA DETERMINAÇÃO DE PRAZO 
COMPLEMENTAR PARA DILIGÊNCIAS. SEGURANÇA 
DENEGADA.FALTA DE AMPARO LEGAL. (...) Compete 
ao Juiz Federal da Justiça Militar, na qualidade de 
supervisor das investigações, o controle dos 
procedimentos investigatórios criminais. Assim, o 
 
 
representante do Ministério Público Militar há de 
requerer ao magistrado competente a devolução dos 
autos à autoridade policial, cabendo ao juízo decidir 
sobre a eventual possibilidade de prorrogação de 
prazo, a teor do parágrafo único do art. 26 do CPPM, 
haja vista a falta de previsão legal para instituição da 
"Central de Inquéritos".(MS nº 7000907-
33.2018.7.00.0000. Relator(a): Ministro(a) FRANCISCO 
JOSELI PARENTE CAMELO. Data de Julgamento: 
13/02/2019, Data de Publicação: 06/03/2019) 
 
Nos termos do artigo 27 do CPPM, se, por si só, for suficiente para a elucidação 
do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, 
dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que 
deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor 
influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da 
autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente, nos termos 
do art. 20 do mesmo códex. 
 
Por fim, cabe trazer os casos em que o IPM é dispensável. 
 
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada 
pelo Ministério Público: 
 a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou 
outras provas materiais; 
 b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, 
cujo autor esteja identificado; 
 c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar. 
 
Com efeito, se o inquérito visa apurar o fato delituoso e sua respectiva autoria, 
se estes já estiverem demonstrados de alguma forma, será dispensável a sua 
 
 
instauração. É o que ocorre nestas hipóteses do artigo 28, esclarecendo que os 
artigos 341 e 349 do CPM, tipificam: 
 
- Desacato à autoridade judiciária militar; Desobediência à decisão judicial 
 
É isso aí pessoal! Passemos ao próximo tema. 
 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
Para o sucesso da persecução criminal é de fundamental importância que o local 
de crime seja mantido inalterado, o que se designa como preservação do local 
de crime. 
 
Tem-se por premissa que as perícias em geral, para uma análise perfeita, 
exigem que o estado do local do crime não seja modificado, observando-se, 
ademais, que comportamento não adequado poderá encontrar subsunção no 
disposto no art. 352 e seu parágrafo único, do Código Penal Militar. 
 
Para o fiel cumprimento da Lei, o estado e a situação das coisas no local de um 
crime (ou quando há indícios de um possível crime), não devem ser alterados. 
Havendo vítima necessitando de socorro, este deve, obviamente, ser prestado, 
vez que a vida e a incolumidade da pessoa deve ser preservada. 
 
No entanto, tal assistência deve ser dada com a interferência mínima necessária, 
no local e nas coisas. Para socorrer a vítima, o trajeto deve ser feito de maneira 
que menos altere o local sem que isso importe em perda de tempo para o 
socorro. 
 
Feitas essas breves considerações, impende salientar que a prisão em flagrante, 
de modo geral, possui fases bem destacadas, de fundamental importância para 
o desenvolvimento que se segue. São fases da prisão em flagrante: 
• captura do autor; 
 
 
• condução coercitiva à presença da autoridade; 
• lavratura do auto de prisão em flagrante; 
• recolhimento à prisão. 
 
Nos termos do § 2º do art. 247 do CPPM, em caso de a autoridade militar verificar 
a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não participação da 
pessoa conduzida, relaxará a prisão, desde que o auto de prisão ainda não tenha 
sido encerrado e a prisão não tenha sido comunicada à autoridade judiciária. 
Em se tratando de infração penal comum, remeterá o preso à autoridade civil 
competente. 
 
Caso o auto de prisão em flagrante seja, por si só, suficiente para a elucidação 
do fato e sua autoria, o auto de prisão em flagrante delito substituirá o inquérito, 
dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que 
deixe vestígios, a identificação da coisa e sua avaliação, quando o valor influir 
na aplicação da pena. 
 
No auto de prisão em flagrante delito, é possível identificar o papel bem definido 
de algumas pessoas, na seguinte conformidade: 
 
Lavratura do auto 
 Art. 245. Apresentado o prêso ao comandante ou ao 
oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade 
correspondente, ou à autoridade judiciária, será, por 
qualquer dêles, ouvido o condutor e as testemunhas que o 
acompanharem, bem como inquirido o indiciado sôbre a 
imputação que lhe é feita, e especialmente sôbre o lugar e 
hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, 
que será por todos assinado. 
 
 
 
 
 
“ATORES” ENVOLVIDOS EM UM APF 
 
Presidente do auto de prisão em flagrante delito - pessoa com autoridade de 
polícia judiciária militar (originária ou delegada) responsável pela lavratura do 
auto de prisão, assim como pela observância de sua liturgia (separação das 
partes, entrevista para formação de convicção, adoção de medidas previstas no 
art. 12 do CPPM, caso ainda não tenham sido adotadas etc.). Pelo art. 245 do 
CPPM, no âmbito da administração militar, a presidência do auto de prisão 
recairá sobre comandante, originariamente, ou quem o represente, como o oficial 
de dia, de serviço ou de quarto. 
 
Escrivão - auxiliar do Presidente do auto de prisão em flagrante, digitador e 
guardião dos autos. As regras de designação de escrivão em auto de prisão em 
flagrante delito estão no art. 245, §§ 4º e 5º, do CPPM. 
 
- se o preso for oficial: o escrivão será um capitão, capitão-tenente, primeiro 
ou segundo-tenente. 
 
- se o preso for praça ou civil – o escrivão será um subtenente, suboficial ou 
sargento. Em casos em que não se possa observar essas regras, qualquer 
pessoa (Cabo, Soldado ou mesmo um civil). 
 
Condutor - pessoa que encaminha o preso ao Presidente do auto de prisão em 
flagrante, geralmente responsável por dar a voz de prisão ao conduzido, a ser 
ratificada pelo Presidente, bem como pela observância, em primeiro momento, 
dos direitos do preso, especialmente o direito a permanecer calado (art. 5º, LXIII, 
CF) e ao de não produzir prova autoincriminatória (art. 296, § 2º, CPPM). 
Qualquer militar ou civil pode dar a voz de prisão, no entanto, o condutor 
precisa ser mais antigo ou superior do preso. 
 
Caso a pessoa que deu a voz de prisão seja civil ou militar mais moderno que o 
flagranteado, deverá solicitar militar mais antigo para a condução. 
 
 
Quem deu a voz de prisão e todas as pessoas que presenciaram o crime deverão 
ser levados ao presidente do flagrante, mesmo que não sejam o condutor 
 
Preso ou indiciado - pessoa que cometeu, em tese, o crime militar e que será 
conduzida à presença da autoridade de polícia judiciária militar (vide arts. 302 a 
306 do CPPM); 
 
Testemunha - pessoa que presenciou o crime praticado pelo preso ou alguma 
situação de interesse da apuração (vide arts. 347 a 364 do CPPM). 
Caso a testemunha seja criança ou adolescente, é recomendável que se 
consulte o MPM para que se verifique a possibilidade de atuação de equipe 
especializada em depoimento sem dano, nos termos da Lei n. 13.431/2017. 
 
Testemunha instrumentária - pessoa que não presenciou o crime praticado 
pelo preso, nem uma situação de interesse da investigação, mas que presencia 
um ato procedimental sendo praticado (ex.: testemunha de leitura do auto de 
prisão para o preso analfabeto). 
 
Ofendido - pessoa que sofreu as consequências do crime praticado com a lesão, 
ou ameaça de lesão, a algum bem jurídico seu. Em alguns casos, não haverá 
registro da versão do ofendido, por se tratar de pessoa jurídica ou porimpossibilidade outra (morte, internação etc.) (recomenda-se a leitura dos arts. 
311 a 313 do CPPM); 
 
Caso o ofendido seja criança ou adolescente, é recomendável que se consulte 
o MPM para que se verifique a possibilidade de atuação de equipe especializada 
em depoimento sem dano, nos termos da Lei n. 13.431/2017 
 
Passemos a ver como fica a situação de prisão em flagrante em caso de crimes 
permanentes. 
 
 
 
 
CRIMES PERMANENTES 
 
Nos crimes permanentes, assim considerados aqueles cuja consumação se 
prolonga no tempo (o sequestro e o cárcere privado, por exemplo), considerar-
se-á o agente em flagrante delito, até que cesse sua atividade criminosa. 
 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 
 
A audiência de custódia é uma medida de controle judicial que atribui à 
autoridade de polícia judiciária, responsável pela prisão de uma pessoa, o dever 
de apresentá-la à autoridade judiciária, para deliberar sobre a legalidade da 
medida constritiva de liberdade. 
 
No âmbito da Justiça Militar da União, está disciplinada, atualmente, na 
Resolução nº 228, de 26 de outubro de 2016. 
 
No que tange à audiência de custódia, o procedimento da polícia judiciária militar 
deve ser o de informar a prisão, nos termos da lei, aguardar a designação da 
audiência pelo juízo e, uma vez designada, efetuar a condução do preso à 
presença do juiz, nos termos da alínea h, do artigo 8º, CPPM. 
 
Passemos agora, a analisar o procedimento de persecução criminal daquele que 
muitos denominam de “crime militar por excelência”, qual seja: a deserção. 
 
PROCEDIMENTO EM CRIMES DE DESERÇÃO: DA DESERÇÃO EM GERAL 
 
O procedimento no crime de deserção é marcado pela celeridade e 
simplificação dos atos processuais. O início da persecução penal se dá por 
meio da instrução provisória de deserção (IPD). 
 
A celeridade é compreensível, pois, conforme Cláudio Amin (2020, p. 172): 
 
 
 
Na quase totalidade dos casos não se discute a questão da existência 
do delito, ou seja, o réu geralmente admite que não possuía 
autorização para se ausentar. Assim a controvérsia se restringe à 
justificativa da ausência, isto é, a defesa procura demonstrar que o 
réu se encontrava, por exemplo, em dificuldades financeiras, 
passando por problemas depressivos, resultando, quando aceito o 
motivo, num decreto absolutório, com fundamento na inexigibilidade 
de conduta diversa, seja como causa supralegal de exclusão da 
culpabilidade, seja pelo estado de necessidade exculpante, previsto 
no artigo 39 da Legislação Penal Castrense. 
 
Vejamos, então, o rito no CPPM, começando pela parte geral aplicável aos réus 
oficiais e praças: 
 
Termo de deserção. Formalidades 
 Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previsto 
na lei penal militar, o comandante da unidade, ou autoridade 
correspondente, ou ainda autoridade superior, fará lavrar o respectivo 
termo, imediatamente, que poderá ser impresso ou datilografado, 
sendo por ele assinado e por duas testemunhas idôneas, além do 
militar incumbido da lavratura. 
 
 § 1º A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura 
do termo de deserção, iniciar-se-á a zero hora do dia seguinte àquele 
em que for verificada a falta injustificada do militar. 
 § 2º No caso de deserção especial, prevista no art. 190 do 
Código Penal Militar, a lavratura do termo será, também, imediata. 
 
O delito de deserção consuma-se com mais de oito dias de ausência, com 
exceção do delito de deserção especial (art. 190 do CPM). O período de oito dias 
é o chamado período de graça. 
 
 
 
Assim, são contados 8 dias, tendo como termo inicial o dia seguinte ao da 
ausência. A contar do primeiro momento do nono dia está caracterizado o delito 
de deserção. 
 
Exemplo: Em 5 de março de 2020, o militar falta à sua Organização Militar. 
 
- 06 de março às 00:00 inicia-se a contagem do prazo de graça. 
- 14 de março às 00:00 consuma-se o delito de deserção. No primeiro 
momento do dia 14 o crime está consumado. 
 
Assim que houver a consumação do delito, a autoridade militar (comandante da 
unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade superior) deverá 
lavrar o TERMO DE DESERÇÃO, que deverá também ser assinado por duas 
testemunhas idôneas. 
 
OBS: Na deserção especial (art. 190 CPM) não há que se falar em período de 
graça. 
 
OBS: NÃO haverá termo de deserção nos delitos descritos nos artigos 188, IV 
(militar que consegue a exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, 
criando ou simulando incapacidade), 193 (favorecimento a desertor) e 194 
(omissão de oficial), todos do Código Penal Militar. 
 
É importante destacar que o termo de deserção é peça coercitiva que autoriza 
a prisão do desertor (art. 452 do CPPM), independentemente de prévia ordem 
judicial, em razão de autorização constitucional prevista no artigo 5º, LXI, da 
Constituição Federal, que autoriza a prisão nos crimes propriamente militares 
sem a prévia ordem da autoridade judiciária. 
 
 
 
 
De acordo com o artigo 453 do CPPM “o desertor que não for julgado dentro de 
sessenta dias, a contar do dia de sua apresentação voluntária ou captura, será 
posto em liberdade, salvo se tiver dado causa a retardamento do processo. ” 
 
Como se vê, trata-se de uma prisão ex vi legis (prisão por força da lei). Todavia, 
a jurisprudência do E. STM, bem como a do E. STF vêm afastando tal 
possibilidade. 
 
De fato, é firme o posicionamento tanto da doutrina quanto da jurisprudência no 
sentido de que a liberdade é a regra no Brasil, devendo o investigado/indiciado 
ficar preso cautelarmente somente nos casos em que estiverem presentes os 
requisitos que autorizam a decretação de uma prisão preventiva. Nesse sentido, 
trago um dentre diversos precedentes do STF: 
 
A prisão processual prevista no dispositivo inscrito no art. 453 do 
CPPM não prescinde da demonstração da existência de situação de 
real necessidade, apta a ensejar, ao Estado, quando efetivamente 
configurada, a adoção – sempre excepcional – dessa medida 
constritiva de caráter pessoal, a significar que a Justiça Militar deve 
justificar, em cada caso ocorrente, a imprescindibilidade da medida 
constritiva do “status libertatis” do indiciado ou do acusado, sob pena 
de caracterização de ilegalidade ou de abuso de poder na decretação 
de prisão meramente processual.(HC 112487, Relator: Min. CELSO 
DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 24/09/2013) 
 
Assim, no momento em que o Juízo converte a segregação cautelar em prisão 
preventiva, e devidamente a fundamenta, não se impõe prazo para a sua 
manutenção, desde que presentes os seus pressupostos autorizadores. É dizer: 
o indiciado pelo crime de deserção poderá ficar preso até mesmo por prazo 
superior a 60 dias, desde que ainda presentes os requisitos da prisão preventiva. 
O STM já confirmou esse entendimento: 
 
 
 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. 
CRIME DE DESERÇÃO. PRISÃO CAUTELAR. CONVERSÃO. 
PGJM. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. PRISÃO 
EX LEGE. NÃO OCORRÊNCIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DA 
CUSTÓDIA PREVENTIVA. REJEIÇÃO. DECISÃO POR 
UNANIMIDADE. MÉRITO. (...) In casu, não há de falar em expiração 
do prazo de 60 (sessenta) dias, constante do art. 453 do CPPM, fator 
que poderia ensejar discussão acerca da eventual perda de objeto. 
Preliminar rejeitada por unanimidade. No momento em que o Juízo 
converte a segregação cautelar em prisão preventiva, e devidamente 
a fundamenta, não se impõe prazo para a sua manutenção, desde 
que presentes os seus pressupostos autorizadores. A melhor exegese 
doutrinária segue a linha de que a prisão cautelar deve estar 
obrigatoriamente comprometida com a instrumentalização do 
processo criminal. Trata-se de medida de natureza excepcional, que 
não pode ser utilizada como cumprimento antecipado de pena, ao 
passo que o juízo que se faz, para sua decretação, não é deculpabilidade, mas de periculosidade. Vige no Ordenamento Jurídico 
brasileiro o princípio da duração razoável da prisão cautelar, o qual 
impõe, nessa medida constritiva da liberdade, a observância de prazo 
razoável, não bastando, para sua manutenção, a presença da estrita 
tipicidade legal. Quando ficar demonstrada a exigência de 
manutenção do encarceramento processual, para o crime de 
deserção, até o recebimento da denúncia, outra exegese não há 
senão a de que estar-se-ia a criar regra jurídica genérica, obstando a 
soltura de todo indiciado, sob a espera do implemento da condição de 
procedibilidade, o que se mostra irrazoável. Concessão da ordem. 
Decisão por unanimidade (Superior Tribunal Militar. HABEAS 
CORPUS nº 7000085-39.2021.7.00.0000. Relator(a): Ministro(a) 
LEONARDO PUNTEL. Data de Julgamento: 18/03/2021, Data de 
Publicação: 29/03/2021) 
 
 
 
Assim, na prática, apesar de o artigo 453 do CPPM determinar a manutenção da 
prisão do desertor no prazo de 60 dias, os juízes somente mantêm presos 
quando presentes os requisitos do artigo 254 e uma das hipóteses do artigo 255, 
ambos do CPPM. 
 
Por exemplo, quando o suposto desertor se apresenta na Organização Militar, 
via de regra é posto em liberdade por ocasião de sua audiência de custódia, já 
que revela querer resolver sua pendência perante a administração e o serviço 
militar. 
 
Por outro lado, quando o suposto desertor é capturado, via de regra os juízes o 
mantêm preso após a Audiência de Custódia, já que há grave risco de, em sendo 
posto em liberdade, cometer uma segunda deserção. Ora, vê-se que em 
momento algum o agente revelou ânimo de colaborar com a resolução de sua 
pendenga, sendo certo que somente se apresentou perante a Justiça Militar em 
razão de sua captura pela autoridade de polícia judiciária militar. 
 
Pois bem. O nosso módulo tem como foco trazer a vocês as noções sobre 
procedimentos de investigação criminal (atos de polícia judiciária militar). 
 
Desse modo, não é o nosso foco falar, neste momento, sobre a fase 
processual. Todavia, a fim de deixar o material de apoio de vocês um pouco 
mais completo, vou tecer breves comentários sobre o processo de rito especial 
do crime em análise. 
 
“PROCESSO” DE DESERÇÃO DE OFICIAL 
 
Consumado o delito de deserção, o Comandante da Organização Militar fará 
lavrar o termo de deserção e ordenará a sua publicação em Boletim Interno da 
Organização Militar. Será também acompanhado da parte de ausência 
 
 
(documento que foi confeccionado 24 horas depois do começo da contagem da 
ausência do militar). 
 
Outra importante medida administrativa com a ocorrência da deserção é a 
agregação do oficial, que ficará nessa situação até trânsito em julgado do 
processo de deserção. 
 
QUESTÃO: O que é a agregação? 
 
Agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala 
hierárquica de seu Corpo, Quadra, Arma ou Serviço (art. 80 da Lei 6.880/80 – 
Estatuto dos Militares). 
 
É extremamente importante vocês atentarem para esse detalhe! 
 
Esclareço que, com a agregação, o oficial desertor não perde a condição de 
militar, porém deixará de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, 
Quadra, Arma ou Serviço. 
 
Feita a publicação em boletim, a autoridade militar remeterá, em seguida, o 
termo de deserção ao Juízo competente, juntamente com a parte de ausência, 
o inventário do material permanente da Fazenda (material que o militar deixou 
na Unidade Militar) e as cópias do boletim ou documento equivalente e dos 
assentamentos do desertor (informações profissionais do oficial desertor). 
 
Recebido o termo de deserção e demais peças, o juiz mandará autuá-los e dar 
vista ao membro do MP pelo prazo de 5 dias. 
 
O membro do MP terá 3 opções: 
 
1ª) requerer diligências à autoridade militar (ex: a juntada do ato administrativo 
de agregação); 
 
 
 
2ª) requerer arquivamento do autos ao Juiz, que se pronunciará sobre o pedido 
(súmula 13 do STM: A declaração de extinção de punibilidade em IPI, IPD e IPM 
deve ser objeto de decisão que, também determinará o arquivamento dos 
autos.); 
 
3ª) oferecer denúncia. 
 
ATENÇÃO: O oficial, que está agregado, poderá ser denunciado pelo MP e o 
juiz poderá receber a denúncia de plano, independente da captura ou 
apresentação voluntária do suposto desertor. Essa diferença é fundamental em 
relação ao processo de deserção de praças, como veremos adiante. 
 
FASE PROCESSUAL 
 
Recebida a denúncia, o juiz togado determinará a suspensão do processo até 
que haja a apresentação voluntária do desertor ou a captura dele (art454, §4º, 
do CPPM). 
 
Observem que a apresentação voluntária ou a captura do desertor funciona 
como condição de prosseguibilidade da ação penal militar contra o oficial, ou 
seja, para que o processo prossiga, o oficial tem que “aparecer” (seja capturado 
ou apresentado voluntariamente). 
 
Apresentando-se ou sendo capturado o desertor, a autoridade militar fará a 
comunicação ao Juiz togado, com a informação sobre a data e o lugar onde o 
mesmo se apresentou ou foi capturado, além de quaisquer outras circunstâncias 
concernentes ao fato. Em seguida, procederá o juiz togado ao sorteio e à 
convocação do Conselho Especial de Justiça, expedindo o mandado de 
citação do acusado, para ser processado e julgado. 
 
 
 
Reunido o Conselho Especial de Justiça, presentes o MP, o defensor e o 
acusado, o presidente ordenará a leitura da denúncia, seguindo-se a oitiva das 
testemunhas arroladas pelo MPM, caso haja. 
 
OBS: Na maioria dos casos, o órgão de acusação, em se tratando de crime de 
deserção, não arrola testemunhas em sua exordial acusatório, o que é de se 
compreender, pois, via de regra, tal delito pode ser claramente comprovado 
mediante a prova documental. 
 
Por sua vez, a defesa poderá oferecer prova documental e requerer a inquirição 
de até 3 testemunhas, que serão arroladas dentro do prazo de 3 dias e ouvidas 
dentro do prazo de cinco dias, prorrogável até o dobro pelo Conselho, ouvido o 
MPM. 
 
Vale lembrar que, em razão do posicionamento firmado pelo Supremo Tribunal 
Federal nos autos do HC de nº 127900, o interrogatório será o último ato da 
instrução criminal. 
 
Encerrada a instrução processual, serão realizadas as sustentações orais pelo 
prazo máximo de 30 minutos e com possibilidade de réplica e tréplica por 
prazo não superior a quinze minutos. Posteriormente, será realizado o 
julgamento nos termos do artigo 434 a 450 do CPPM. 
 
“PROCESSO” DE DESERÇÃO DE PRAÇA COM OU SEM ESTABILIDADE E 
DE PRAÇA ESPECIAL 
 
Agora veremos o procedimento de apuração dos crimes de deserção cometidos 
por: 
 
a) Praça com estabilidade; 
 
b) Praça sem estabilidade; e 
 
 
 
c) Praça especial. 
 
Vejamos também alguns conceitos importantes para o desenvolvimento do 
presente tema: 
 
Estabilidade - adquirida pela praça quando ela atinge 10 anos ou mais de 
serviço ativo (art. 50, IV, “a” do Estatuto dos Militares). 
 
Praça especial - são os Guardas-Marinha, os Aspirantes-a-Oficial e os alunos 
de órgãos específicos de formação de militares (art. 16, §4º, do Estatuto dos 
Militares). 
 
Feitos esses esclarecimentos iniciais, vamos agora ao procedimento. 
 
Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de 
uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, 
encaminhará PARTE DE AUSÊNCIA ao comandante ou chefe da respectiva 
organização, que mandará inventariar o material permanente da Fazenda 
Nacional, deixado ou extraviado pelo ausente, com a assistência de duas 
testemunhas idôneas. 
 
Decorrido o prazo para se configurar a deserção, o comandante da subunidade, 
ou autoridade correspondente, encaminhará ao comandante, ou chefe 
competente, uma parte acompanhada do inventário. 
 
O Comandante da Unidade, após receber esses documentos, confecciona oTERMO DE DESERÇÃO, que será publicado em boletim e remetido ao Juízo 
Militar. 
 
Praça sem estabilidade ou Praça Especiais - serão excluídos do serviço ativo. 
 
 
 
Praças estáveis - serão agregados (assim como ocorre com os oficiais). 
 
Recebidos do Comandante da Unidade Militar, ou da autoridade competente, o 
termo de deserção e a cópia do boletim, ou do documento equivalente que o 
publicou, acompanhados dos demais atos lavrados e dos assentamentos, o juiz 
togado mandará autuá-los e dar vista do processo, por 5 (cinco) dias, ao membro 
do MPM, que requererá o que for de direito, aguardando-se a captura ou 
apresentação voluntária do desertor, se nenhuma formalidade tiver sido 
omitida, ou após cumprimento das diligências requeridas. 
 
OBS: Para oferecer a denúncia é necessária a presença da seguinte condição: 
 
Praça sem estabilidade ou Praça Especial - REINCLUSÃO 
 
Praças estável – REVERSÃO 
 
Vale destacar que o ato de reinclusão da praça especial ou a praça sem 
estabilidade não é automático. 
 
Assim, a praça somente será reincluída se, submetida a inspeção de saúde, for 
considerada apta para o serviço militar. A inaptidão reconhecida em inspeção de 
saúde impede a expedição do ato de reinclusão e, por consequência, obsta o 
oferecimento de denúncia pelo MPM ante a ausência de uma condição de 
procedibilidade (ato de reinclusão), resultando no arquivamento dos autos. De 
acordo com a súmula 8 do STM, tanto a incapacidade temporária como a 
definitiva para o serviço militar acarreta o arquivamento dos autos. 
 
Súmula 8 do STM: O desertor sem estabilidade e o 
insubmisso que, por apresentação voluntária ou em razão 
de captura, forem julgados em inspeção de saúde, para fins 
de reinclusão ou incorporação, incapazes para o serviço 
 
 
militar, podem ser isentos do processo, após o 
pronunciamento do representante do Ministério Público. 
 
O ato de reversão é o ato pelo qual o militar agregado retorna ao respectivo 
Corpo, Quadro, Arma ou Serviço tão logo cesse o motivo que determinou 
sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir na respectiva 
escala numérica (art. 86 da Lei nº 6880/80). O ato de reversão é condição de 
procedibilidade para a ação penal para as praças com estabilidade (10 anos 
ou mais de serviço ativo). 
 
Súmula 12 do STM: A praça sem estabilidade não pode ser 
denunciada por deserção sem ter readquirido o status de 
militar, condição de procedibilidade para a persecutio 
criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a 
condição de procedibilidade é a reversão ao serviço ativo. 
 
ATENÇÃO: Lembrem que, quando o desertor é oficial, o MP/MPM oferece a 
denúncia e aguarda a captura (ou a apresentação voluntária) para prosseguir 
com a ação penal militar, ao passo que na hipótese de desertor praça o MP/MPM 
apenas propõe a ação penal militar depois da captura (ou apresentação 
voluntária) e reinclusão ou reversão ao serviço ativo. É muito importante atentar 
para esse detalhe! 
 
FASE PROCESSUAL 
 
Recebida a denúncia, o juiz determinará a citação do acusado. Na sequência, 
em dia e hora previamente designados, o Conselho Permanente de Justiça 
realizará a oitiva das testemunhas arroladas pelo Ministério Público (quase 
não ocorre). 
 
Por sua vez, a defesa poderá oferecer prova documental e requerer a inquirição 
de testemunhas, até o número de três, que serão arroladas dentro do prazo de 
 
 
três dias e ouvidas dentro de cinco dias, prorrogáveis até o dobro pelo Conselho, 
ouvido o Ministério Público. 
 
O interrogatório será o último ato da instrução processual. (STF HC nº 127900). 
 
Na Sessão de Julgamento, será realizada a sustentação oral, pelo prazo máximo 
de trinta minutos, podendo haver réplica e tréplica por tempo não excedente a 
quinze minutos, para cada Parte, passando o Conselho ao julgamento, 
observando-se o rito prescrito nos termos do artigo 434 a 450 do CPPM. 
 
 
DICA DE LEITURA: Para melhor visualizar a discussão sobre a necessidade 
de manutenção do status de militar da ativa para a apuração do crime de 
deserção, sugiro a leitura do artigo publicado na Edição 28 da Revista do 
MPM “Condição de prosseguibilidade no crime de deserção: necessidade de 
uniformização jurisprudencial entre o STM e o STF”, de autoria de Janaína 
Soares Prazeres Nascimento, disponível em: 
https://revista.mpm.mp.br/artigo/artigos-ineditos-condicao-de-
prosseguibilidade-no-crime-de-desercao-necessidade-de-uniformizacao-
jurisprudencial-entre-o-stm-e-o-stf/ 
 
 
Quanto a esse importante tema, podemos ainda considerar que a 
jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, capitaneada pela 
Segunda Turma, é firmada no sentido de que “a qualidade de militar é elemento 
estrutural do tipo penal de deserção, de modo que a ausência de tal requisito 
impede o processamento do feito” (HC n. 115.754, Relator o Ministro Ricardo 
Lewandowski, Segunda Turma, DJe 11.4.2013). 
 
Todavia, há julgados da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal nos 
quais se enfatizou que a condição de militar é exigida apenas no momento do 
recebimento da denúncia, não importando a posterior exclusão do réu do serviço 
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ativo das forças armadas para o prosseguimento da ação penal. Neste sentido, 
por exemplo: HC n. 194.276-AgR, Redator para o acórdão o Ministro Alexandre 
de Moraes, Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 9.8.2021); HC 
n. 178.791- AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 18.6.2020); 
(HC n. 152.740-AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 
25.10.2019). Veja-se que essa é a posição que também prevalece no E. STM. 
 
Diante dessa divergência de compreensão entre as Turmas julgadoras, o 
Ministro Luiz Fux, então Presidente deste Supremo Tribunal, submeteu o tema 
ao Plenário, em repercussão geral, no Recurso Extraordinário n. 1.325.433-
RG/DF. Entretanto, o STF, por maioria, reconheceu inexistente repercussão 
geral da questão, por não se ter, no caso, matéria constitucional. Tem-se na 
ementa do acórdão: 
 
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO 
GERAL. TEMA Nº 1.165. DIREITO PENAL E 
PROCESSUAL PENAL MILITAR. CRIME DE DESERÇÃO 
(ART. 187 DO CPM). REINCORPORAÇÃO AO SERVIÇO 
MILITAR. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. NOVA 
DESERÇÃO. PERDA DA CONDIÇÃO DE MILITAR. 
CRIME PRÓPRIO. CONTROVÉRSIA SOBRE A 
CONTINUIDADE DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE 
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. CONTROVÉRSIA DE 
ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. INEXISTÊNCIA DE 
REPERCUSSÃO GERAL. 
1. É questão infraconstitucional, a ela aplicando-se os 
efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia 
sobre a perda da condição de militar obstar ou não o 
seguimento da persecução penal pelo crime de deserção, 
mesmo após o recebimento da denúncia. 
2. Recurso extraordinário não conhecido, ante a 
inexistência de repercussão geral da matéria, nos 
 
 
termos do art. 1.035 do CPC” (Repercussão Geral no RE 
n. 1.325.433/DF, Relatora a Ministra Rosa Weber, Plenário, 
DJe 9.9.2022). 
 
Nesse cenário, como a pendenga não foi resolvida entre as Turmas do STF, 
podemos dizer então que ainda é majoritário o entendimento capitaneado pela 
Segunda Turma do STF no sentido de que “o licenciamento das Forças Armadas 
também implica a falta de justa causa para o prosseguimento da ação penal em 
que se imputa ao acusado a prática do crime de deserção” (HC n. 204.997-AgR, 
Relator o Ministro Edson Fachin, DJe 2.9.2021).Feitas essas aprofundadas considerações, passemos a próximo procedimento 
especial previsto no CPPM. 
 
“PROCESSO” DE INSUBMISSÃO 
 
Vejamos esse peculiar tipo penal, somente previsto no CPM e somente praticado 
por civis: 
 
Insubmissão 
 Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, 
dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-
se antes do ato oficial de incorporação: 
 Pena - impedimento, de três meses a um ano. 
 Caso assimilado 
 § 1º Na mesma pena incorre quem, dispensado temporàriamente 
da incorporação, deixa de se apresentar, decorrido o prazo de 
 licenciamento 
 
Consumado o crime de insubmissão, o comandante, ou autoridade 
correspondente, da unidade para que fora designado o insubmisso, fará lavrar o 
TERMO DE INSUBMISSÃO, circunstanciadamente, com indicação, de nome, 
 
 
filiação, naturalidade e classe a que pertencer o insubmisso e a data em que este 
deveria apresentar-se, sendo o termo assinado pelo referido comandante, ou 
autoridade correspondente, e por duas testemunhas idôneas. 
 
O termo, juntamente com os demais documentos relativos à insubmissão, tem o 
caráter de instrução provisória (IPI), destina-se a fornecer os elementos 
necessários à propositura da ação penal e é o instrumento legal autorizador da 
captura do insubmisso, para efeito da incorporação. 
 
O comandante ou autoridade competente que tiver lavrado o termo de 
insubmissão deverá remetê-lo ao Juízo, acompanhado de cópia autêntica do 
documento hábil que comprove o conhecimento pelo insubmisso da data e local 
de sua apresentação, e demais documentos 
 
Aqui vale colacionar a Súmula 7 do STM, que prevê: “ O crime de insubmissão, 
capitulado no artigo 183 do CPM, caracteriza-se quando provado de forma 
inconteste o conhecimento pelo conscrito da data e local de sua apresentação 
para incorporação através de documento hábil constante dos autos. A confissão 
do indigitado insubmisso deverá ser considerada no quadro do conjunto 
probatório. ” 
 
Recebido o termo de insubmissão e os documentos que o acompanham, o Juiz 
togado determinará sua atuação e dará vista do processo, por 5 (cinco) dias, ao 
MPM, que requererá o que for de direito, aguardando a captura ou apresentação 
voluntária do insubmisso, se nenhuma formalidade tiver sido omitida ou após 
cumprimento das diligências requeridas. 
 
MENAGEM - O insubmisso terá o quartel por menagem e será submetido à 
inspeção de saúde. 
 
Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão. (Art. 464 CPPM) 
 
 
 
O ato de incorporação (inclusão às Forças Armadas) é condição de 
procedibilidade para essa ação penal militar. 
 
Incluído o insubmisso, o comandante da unidade, ou autoridade correspondente, 
providenciará, com urgência, a remessa à auditoria de cópia do ato de inclusão. 
 
O Juiz determinará sua juntada aos autos e deles dará vista, por 5 (cinco) dias, 
ao MP/MPM, que poderá requerer o arquivamento, ou o que for de direito, ou 
oferecer denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida ou após o 
cumprimento das diligências requeridas. 
 
FASE PROCESSUAL - Aplica-se ao procedimento de insubmissão, para sua 
instrução e julgamento, o previsto no CPPM para o procedimento de deserção 
(art. 465 do CPPM). 
 
CONCLUSÃO 
 
É isso aí pessoal! Chegamos ao final do nosso MÓDULO 3. Tivemos a 
oportunidade de estudar os procedimentos de investigação criminal (atos de 
polícia judiciária militar). 
 
Para maior aprofundamento nos temas, não deixem de ler a doutrina e a 
jurisprudência castrense, em especial a do E. STM. 
 
Aproveito para me despedir de vocês e dizer que foi uma grande satisfação 
ministrar o presente Módulo! 
 
DESEJO BONS ESTUDOS E SUCESSO A TODOS! 
 
Prof. Ataliba Ramos

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