Medicina Legal

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ÍNDICE 
 
 
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CAPITULO I 
1.INTRODUÇÃO 
O presente trabalho que nos propomos realizar assenta-se em debruçar-se o “Conceitos, 
Divisão e Objectivos da Medicina Legal” que se insere na Cadeira de Direito Reais, no 
curso de Licenciatura em Direito. Esse trabalho, para além de apresentar os conceitos de 
medicina legal, apontar-se-á as ciências e outras áreas do saber que se relacionam com a 
medicina legal; a relação da medicina legal e seguros. 
Em linhas gerais, para que haja um bom convívio em sociedade faz-se necessária a criação de 
leis para que se possa manter essa sociedade organizada. Para que todos tenhas seus direitos 
respeitados e cumpram seus deveres. Esse é o papel das leis. Mas, assim como em qualquer 
outro lugar, existem aqueles que não respeitam as leis. Nesse caso, são processados, julgados 
e condenados pelos seus desvios de conduta. Mas como saber se realmente houve um “desvio 
de conduta”? Se o agente praticou um crime? Se a vítima foi assassinada, como ela foi 
assassinada? Se o operário se machucou em serviço? Se a criança sofreu maus tratos? Como 
provar? Essas e outras questões são respondidas com a ajuda da medicina. O direito, por si 
só, não é suficiente para responder estes questionamentos e por isso necessita da ajuda de 
outras ciências. A medicina legal é uma ciência posta a disposição do direito para a resolução 
de conflitos jurídicos. 
A medicina legal é uma ciência de largas proporções e importância nos interesses da 
comunidade, porque existe e se exercita em razão das necessidades de ordem pública e social. 
É uma disciplina de amplas possibilidades e de profunda dimensão, porque não se resume ao 
estudo da Medicina, mas de se constituir na soma de todas as especialidades médicas 
acrescidas de fragmentos de outras ciências acessórias, destacando o Direito. 
Do ponto de vista organizativo, o presente trabalho divide-se em três capítulos: sendo que no 
primeiro capítulo, contempla-se a introdução, os objectivos (geral e os específicos) e os 
métodos de pesquisa; no segundo capítulo, apresentamos a revisão da literatura e o terceiro 
apresenta a conclusão e as referências bibliográficas. 
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1.1.Objectivos 
 1.1.1. Objectivo Geral 
 Analisar as ciências que se relacionam com a medicina legal. 
1.1.2.Objectivos Específicos 
 Discriminar os conceitos da medicina legal; 
 Identificar e explicar a divisão de estudo da medicina legal; 
 Demonstrar as ciências e outras áreas do saber que se relacionam com a medicina 
legal; 
 Apontar os objectivos do estudo da medicina legal; e 
 Apontar a relação da medicina legal e seguros. 
1.2.Metodologia 
Segundo afirma Gil (2002), a investigação científica depende de um conjunto de 
procedimentos intelectuais e técnicos para que os seus objectivos sejam atingidos. 
Assim sendo, tendo em vista materializar os objectivos previamente delineados neste estudo, 
a autora privilegiou a aplicação da pesquisa descritiva. A escolha deste método justifica-se 
pela necessidade de compreender e descrever os aspectos relativos a medicina legal. 
De igual modo, foi empregue a pesquisa bibliográfica como um dos instrumentos de recolha 
de informações. A pesquisa bibliográfica implicou necessariamente a consulta de material já 
elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos sobre o tema em 
discussão. 
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CAPITULO II 
2.REVISÃO DA LITERATURA 
A presente secção desdobra-se à volta do quadro teórico e conceptual, onde discutimos 
alguns principais conceitos relevantes ao tema e doutrinas que tratam a questão de medicina 
legal. 
2.1.MEDICINA LEGAL 
2.1.1.Definições de conceitos 
Os estudiosos e doutrinadores em matéria de medicina legal, são unânimes em asseverar ser 
muito difícil dar-se uma definição com precisão sobre a Medicina Legal. 
Nesta senda, cada estudioso e doutrinador costuma defini-la de maneira subjectiva, partindo 
de suas relações práticas e convívio com a mesma. A seguir, elencamos definições de alguns 
dos maiores especialistas em medicina legal: 
De acordo com Costa (2009), a Medicina Legal é um conjunto de conhecimentos médico-
psico-biológicos aplicados ao Direito, nas suas mais diversas expressões” nas várias vertentes 
do Direito. 
Na perspectiva de Adelon (s/d), a Medicina legal é considerada com suas relações com a 
existência das leis e a administração da Justiça. 
Medicina legal é a ciência do médico, aplicada aos fins da ciência do Direito (Buchner, s/d). 
Medicina legal é a ciência que ensina, através dos conhecimentos naturais, maneiras de 
auxiliar a Justiça a descobrir a verdade (Schermeyer, s/d). 
Medicina legal é a disciplina que utiliza a totalidade das ciências médicas para dar respostas 
às questões judiciais (Bonnet, s/d). 
Diante destas definições, pode-se concluir que a medicina legal é uma ciência de largas 
proporções e importância nos interesses da comunidade, porque existe e se exercita em razão 
das necessidades de ordem pública e social. 
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2.2.Medicina Legal em Moçambique 
Em Moçambique surge em Maio de 1968 sob o Decreto n˚ 5023, com a criação do Conselho 
Medico Legal. Actualmente existem no país três Serviços de Medicina-legal, nomeadamente: 
Serviço de Medicina Legal de Maputo, Serviço de Medicina Legal da Beira e Serviço de 
Medicina Legal de Nampula, que funcionam nos respectivos Hospitais Centrais. 
O serviço de Medicina Legal em Maputo por exemplo, está localizado no recinto do Hospital 
Central de Maputo e no período de 1975 a 1989 era constituído por pessoal médico e 
serventuário dependente do serviço de Anatomia Patológica. 
Em 1989, devido aos problemas da guerra civil, houve cisão destes dois serviços, passando o 
serviço de Medicina legal a ter dupla subordinação nomeadamente, do Ministério da Saúde 
que contratava médicos legistas e peritos e do Ministério do Interior que administrava e 
controlava o serviço por meio dos Agentes da Policia de Investigação Criminal (PIC) e 
controlava o pessoal serventuário (evisceradores). 
Em 1994 por decisão do MISAU, o serviço de Medicina Legal foi integrado na Direcção de 
Saúde da Cidade de Maputo/Departamento de Higiene Ambiental e Exames médicos 
(CHAEM). 
Em 1998, o mesmo serviço foi transferido para o Departamento de Assistência Médica, 
passando a ser autónomo no Hospital Central de Maputo e cria-se as Unidades Médico 
Judiciarias nos Hospitais. 
2.3.Ciências e outras áreas do saber que se relacionam com a medicina legal 
Existem vários autores que ao longo dos anos intentaram inúmeras definições, mas todas 
revelam que a Medicina Legal é um campo científico que agrega saberes de várias ciências, 
nomeadamente: 
 Medicina, 
 Física, 
 Química, 
 Biologia, 
 Psicologia, 
 Psiquiatria, etc., 
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A medicina legal disponibiliza esses conhecimentos ao Direito e à Justiça. 
2.4.Divisão de estudo da Medicina Legal 
Para maior facilidade de estudo divide-se a Medicina Legal em várias partes, a saber: 
 Antropologia Forense: estuda a identidade e a identificação do homem. A 
identificação médico-legal é determinada através de métodos, processos e técnicas de 
estudo dos seguintes caracteres: idade, sexo, raça, altura, peso, sinais individuais, 
sinais profissionais, dentes, tatuagens, etc. e a identificação judiciária é feita através 
da antropometria, dactiloscopia etc. 
 Traumatologia Forense: estuda as lesões corporais, (queimaduras, sevícias, 
infanticídio e asfixias) sob o ponto de vista jurídico e das energias causadoras do 
dano. Este reconhecimento é feito através do exame pericial na vítima,bem como no 
local do crime, denominado exame de corpo de delito. 
 Sexologia Forense: vê a sexualidade sob o ponto de vista normal, anormal e 
criminoso (estudo do matrimónio, gravidez, aborto, estupro, himeneologia, atentado 
aos costumes, contaminação venérea, etc.). 
 Tanatologia Forense: estudo científico da morte. Investiga os mecanismos e aspectos 
forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a 
morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um 
estudo interdisciplinar. Envolve autópsias, embalsamamento, direitos sobre o cadáver, 
etc. 
 Toxicologia Forense: é o estudo dos venenos, envenenamentos, intoxicações médicas 
legais, abuso de drogas, overdoses e etc. A toxicologia forense é uma ciência 
multidisciplinar que busca mostrar a verdade de um fato perante a lei, mas também 
identificar e quantificar os efeitos prejudiciais associados a produtos tóxicos, ou seja, 
qualquer substância que pode provocar danos ou produzir alterações no organismo. 
 Psiquiatria Forense: é o estudo das doenças mentais, psicoses, psiconeuroses, 
personalidades psicopatias, simulação, dissimulação etc. Psiquiatras forenses avaliam 
a capacidade de criminosos serem responsabilizados criminalmente (quando não, são 
chamados "inimputáveis"), baseando-se no estado mental do indivíduo avaliado e 
determinando recomendações. 
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2.5.Objectivos do estudo da medicina legal 
A medicina legal nasceu para solucionar os problemas colocados pelo Direito em conciliação 
com outras ciências auxiliares e envolve um diversificado leque de actividades 
complementares. 
Neste âmbito, a medicina legal tem como objectivo geral contribuir para apoiar o direito na 
execução da justiça, através da prestação de serviços. Para o juiz, é indispensável ter noções 
gerais da medicina legal, para que possa apreciar melhor a verdade num rigoroso critério, 
analisando os exames, perícias para posteriormente e de uma forma consistente poder 
julgar/decidir. Torna-se assim elementar para o Juiz a orientação por partes dos peritos 
médicos legais. 
De acordo com Magalhães (2004), o objectivo geral da medicina legal é contribuir para 
auxiliar o direito na aplicação da justiça, através da prestação de serviços. Além deste papel 
assistencial inclui, também, uma vertente ligada à investigação e ao ensino e formação 
profissional, tendo em vista uma cada vez melhor articulação transdisciplinar no melhor 
interesse das vítimas de violência, bem como a prevenção da violência e promoção de 
estratégias de segurança. 
2.6.Relação da medicina legal e seguros 
A Medicina Legal e Seguros nasceram da necessidade de solucionar as questões judiciárias 
por meio dos conhecimentos médico-biológicos, teve de se ir adaptando em cada época aos 
requisitos técnico-científicos de cada momento histórico, bem como a evolução 
socioantropólogica, politica das sociedades e aos ordenamentos jurídicos vigentes, possui 
desde o princípio e conserva ainda hoje um caracter aplicativo com objectivo eminentemente 
prático. 
A Medicina Legal e Seguros é a Ciência que tem como objectivo o estudo das questões que 
se apresentam no exercício profissional do Jurista cuja resolução se fundamenta total ou 
parcialmente em certos conhecimentos médicos ou biológicos prévios. 
A Medicina Legal e Seguros são definidas como sendo a aplicação dos conhecimentos 
médicos e de outras ciências auxiliares na interpretação, investigação e desenvolvimento da 
Justiça Social. A Medicina Legal e Seguros são uma Ciência auxiliar do Direito, 
insubstituível, sem a qual não se concebe uma correcta administração da Justiça. 
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A Medicina Legal e Seguros é uma especialidade médica, complexa e polimorfa na sua 
constituição, heterogénea nos seus propósitos concretos e não têm como fim a cura de 
doentes, mas o esclarecimento da verdade em benefício da moral social. 
A Medicina Legal e Seguros é uma especialidade viva e dinâmica, sendo o objectivo 
fundamental assegurar para o doente/vítima ou seu representante legal as ligações necessárias 
com todos os Serviços ou Instituições Administrativos ou Entidades Públicas ou Privadas que 
intervêm no seu estado patológico tais como: (i) Justiça; (ii) Companhias de 
Seguros/Instituto Nacional de Segurança Social e Serviços de Pensões Militares e Civis; (iii) 
Ordem dos Advogados (Escritórios Privados)/ONG’s, etc. 
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CAPÍTULO III 
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Depois de descorar sobre o nosso tema, importa ressaltar que este estudo nos permitiu a 
conhecer as principais divisões, objectivos, relação da medicina legal e seguros e as ciências 
que se relacionam com a medicina legal. Nesta senda, conclui-se que a medicina legal é uma 
especialidade que estuda a aplicação dos conhecimentos médicos ou biológicos e de outras 
ciências auxiliares na investigação, interpretação e desenvolvimento da justiça social, bem 
como na aplicação das leis e no aperfeiçoamento das mesmas. A medicina legal não só tem 
como finalidade a cura do doente, como também tem a função de esclarecimento da pura 
verdade para o benefício da moral social. 
Por conseguinte, pode-se dizer que a medicina legal contribui para a elaboração, interpretação 
e aplicação das leis. No quadro da aplicação, pode sugerir absolvição ou condenação do 
arguido, retribuição e/ou retirada de honra, liberdade e/ou a fortuna em dependência dos 
resultados periciais. É importante tanto para os operadores do direito quanto para os médicos 
ou técnicos. Os juristas e/ou advogados devem ter conhecimento da matéria para formular os 
quesitos duvidosos, saberem pedir e interpretar os laudos periciais, isto é, aquilo que o 
médico deve responder. 
 
 
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4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
COSTA, (2003). Sebenta de Pós-Graduação em Medicina Legal, Porto. 
COSTA, (2009). Curso Básico de Medicina Legal, Porto: Euedito, 7-15; 26-44. 
MARANHÃO, Odon Ramos Maranhão, (1992). Curso básico de medicina legal, 5ª Ed. São 
Paulo. Malheiros Editores.