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Direito Administrativo Professora Jéssica Carrozza jessicarrozza@gmail.com Regime Jurídico Administrativo e Princípios da Administração Pública Regime jurídico administrativo O Direito Administrativo nasceu e se desenvolveu a partir de duas ideias opostas / bipolares. Para Di Pietro, é o conjunto de prerrogativas e restrições a que a Administração está sujeita. O objetivo é equilibrar a satisfação dos interesses coletivos (autoridade da Administração) com a proteção das liberdades individuais. As prerrogativas e restrições são alheias ao direito privado – elas possuem suas próprias regras dentro do Direito Público. Para assegurar a liberdade, a Administração Pública está sujeita à lei. Para assegurar autoridade necessária à consecução de uma finalidade à Administração Pública, lhe são outorgados prerrogativas e privilégios. Essas características não são conhecidas no Direito Privado. Prerrogativas Sujeições autoexecutoriedade; concurso público; presunção de legitimidade; licitação; poder de expropriar (art. 243, CF); publicidade dos atos; requisitar bens e serviços (arts. 5, XXV; e 22, III, CF); legalidade restrita; alteração ou rescisão unilateral dos contratos; submissão aos princípios. imunidade tributária (art. 150, VI, CF); prazos dilatados em juízo; execução – precatório. (Auditor Fiscal do Trabalho – MTE) O regime jurídico administrativo consistem em um conjunto de princípios e regras que balizam o exercício das atividades da Administração Pública, tendo por objetivo a realização do interesse público. Vários institutos jurídicos integram este regime. Assinale, entre as situações, aquela que não decorre da aplicação de tal regime: cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos. autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa. veto presidencial a proposição de lei. natureza estatutária do regime jurídico prevalente do serviço público. concessão de imissão provisória na posse em processo expropriatório. (Auditor Fiscal do Trabalho – MTE) O regime jurídico administrativo consistem em um conjunto de princípios e regras que balizam o exercício das atividades da Administração Pública, tendo por objetivo a realização do interesse público. Vários institutos jurídicos integram este regime. Assinale, entre as situações, aquela que não decorre da aplicação de tal regime: cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos. autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa. veto presidencial a proposição de lei. natureza estatutária do regime jurídico prevalente do serviço público. concessão de imissão provisória na posse em processo expropriatório. Não existe hierarquia entre princípios! Não, espera.... Supraprincípios do Direito Administrativo Supremacia do interesse público sobre o privado Indisponibilidade do interesse público Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o regime jurídico se delineia através de dois princípios: Regime jurídico administrativo Supremacia do interesse público sobre o privado: São prerrogativas e regalias usufruídas pela Administração Pública contra o particular, seja para limitar o exercício de direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), seja para a prestação de serviços públicos. Necessidade de satisfação do interesse coletivo: A Administração Pública não pode abrir mão, desistir ou esquecer de satisfazer o interesse público, em razão da sua supremacia. Assim, ela está sujeita às restrições sob pena de nulidade do ato administrativo e, a depender da gravidade do ato, até mesmo a responsabilização da autoridade. Prerrogativas Sujeições autoexecutoriedade; concurso público; presunção de legitimidade; licitação; poder de expropriar (art. 243, CF); publicidade dos atos; requisitar bens e serviços (arts. 5, XXV; e 22, III, CF); legalidade restrita; alteração ou rescisão unilateral dos contratos; submissão aos princípios. imunidade tributária (art. 150, VI, CF); prazos dilatados em juízo; execução – precatório. (Juiz Leigo - COMPERVE UFRN) Celso Antônio Bandeira de Mello, em artigo científico datado da década de 60, discorre sobre a supremacia do interesse público sobre o privado e sobre a indisponibilidade do interesse público de modo a denominá-las como pedras de toque do direito administrativo. Extremamente relevantes para a sistematicidade e a unidade do direito administrativo brasileiro, as pedras de toque em questão: são hoje alvos de inúmeras críticas e já têm sido substituídas, no dia a dia, pela aplicação da proporcionalidade, de modo que perderam o seu protagonismo prático, apenas mantendo importância no universo teórico. estão previstas expressamente no texto constitucional de 1988 e servem de matriz para o nascimento de inúmeros outros princípios do direito administrativo. não são hoje alvos de críticas e dão base para o surgimento de inúmeros outros princípios do direito administrativo. não estão previstas expressamente no texto constitucional de 1988 e são percebidas como bases fundantes de inúmeros dispositivos constitucionais, a exemplo dos que tratam do tema da desapropriação. (Juiz Leigo - COMPERVE UFRN) Celso Antônio Bandeira de Mello, em artigo científico datado da década de 60, discorre sobre a supremacia do interesse público sobre o privado e sobre a indisponibilidade do interesse público de modo a denominá-las como pedras de toque do direito administrativo. Extremamente relevantes para a sistematicidade e a unidade do direito administrativo brasileiro, as pedras de toque em questão: são hoje alvos de inúmeras críticas e já têm sido substituídas, no dia a dia, pela aplicação da proporcionalidade, de modo que perderam o seu protagonismo prático, apenas mantendo importância no universo teórico. estão previstas expressamente no texto constitucional de 1988 e servem de matriz para o nascimento de inúmeros outros princípios do direito administrativo. não são hoje alvos de críticas e dão base para o surgimento de inúmeros outros princípios do direito administrativo. não estão previstas expressamente no texto constitucional de 1988 e são percebidas como bases fundantes de inúmeros dispositivos constitucionais, a exemplo dos que tratam do tema da desapropriação. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=K6FkWCaVvNw Princípios são fórmulas nas quais estão contidos os pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou de um instituto jurídico. Ou seja, eles possuem valores genéricos que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico para a sua aplicação, elaboração de novas normas e, no caso da Administração Pública, alcançar o equilíbrio entre os direitos dos administrados e prerrogativas da Administração. Características Princípios Regras Conteúdo Nortes básicos que servem como parâmetros e balizas para as leis e decisões Comandos previstos em normas jurídicas Abstração Possuem alto grau de abstração, na medida em que são abertos, podendo ser concretizados em diversos graus e situações. Com grau restrito de abstração, aplicam-se a casos mais específicos Aplicabilidade Dependem de interpretação do legislador e do juiz para aplicação sobre casos concretos Diante da sua concretude, é aplicada aos casos que se enquadram em seu respectivo conteúdo normativo Solução de Conflitos Diante de conflitos entre princípios, aplica-se o critério da ponderação de valores e interesses em cada caso concreto São resolvidos no plano da validade, ou seja, uma norma exclui a outra Regras X Princípios Princípios do Direito Administrativo A Constituição de 1988, na EC nº 19/1998, faz menção expressa dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade e eficiência (art. 37, caput). A Constituição Estadual de São Paulo acrescentou a razoabilidade, finalidade, motivação e interesse público (art. 111). A Lei do Processo Administrativo Federal (9.784/1999) refere-se aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência (art. 2). A Lei nº 10.177/1998 que regula os processos administrativos de São Paulo explicita os seguintes princípios: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, interesse público e motivação dos atos administrativos (art. 4). Princípios Constitucionais Expressos Art. 37, CF Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Princípios do Direito Administrativo Maria Sylvia Zanella Di Pietro Princípio da Legalidade Ou também chamado de “Legalidade administrativa”, ou “Legalidade restritiva” Indivíduo: pode ser desenvolver e perseguir sem óbices os seus objetivos, desde que não seja vedado pelo ordenamento jurídico (Princípio da autonomia da vontade – art. 4º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 c/c art. 5, II, CF). O particular age em uma relação de compatibilidade legal, em que a lei estabelece os limites – não pode contrariar a lei. X Estado: só pode fazer aquilo que o Direito permite. Cumpre à Administração Pública, na execução das suas atividades, atuar em conformidade com a lei e com as finalidades previstas expressa ou implicitamente, no Direito. A Administração não desfruta da liberdade nos moldes dos particulares – para conceder direitos, criar obrigações ou impor vedações é preciso uma lei. Consequências da ilegalidade administrativa: art. 5, XXXV, CF; ação popular; habeas corpus; habeas data; mandado de segurança; mandado de injunção. Princípio da Impessoalidade Este princípio é corolário da igualdade, conforme o art. 5, caput, CF. Os administrados que preencham os requisitos prescritos nas leis e nos regulamentos têm o direito subjetivo público de exigir o mesmo tratamento do Estado (art. 37, caput, CF). O princípio da impessoalidade estabelece a imparcialidade na defesa do interesse público, excluindo preferências ou aversões pessoais ou partidárias. Existem dois pontos de vista: Impessoalidade do cidadão em relação à Adm. Pública: não interessa quem está “atras do balcão; atos são do órgão público, não de uma pessoa específica. Impessoalidade da Adm. com relação do administrado: não interessa quem está “à frente do balcão”; todos nós somos iguais perante a lei. Princípio da Impessoalidade Proibição de promoção pessoal de agente (art. 37, §1º, CF); objetividade no atendimento do interesse público (art. 2, III, Lei nº 9.784); pagamento de precatórias (art. 100, caput, CF). Importante: cabimento de impedimento e suspeição nos moldes dos arts. 144 e 145, CPC (arts. 18-21, Lei nº 9.784). A Administração Pública pode criar medidas discriminatórias? fundamento fático; valor constitucional a ser protegido; discriminação se impõe para concretizar a igualdade; não ser direcionada à uma pessoa / pessoas específicas. Ex.: quotas, tarifa social, tratamento diferenciado para ME EPP. Princípio da Moralidade Três modelos da relação entre moral e direito: O Estado e o Direito são instrumentos das concepções morais de uma sociedade. A moral é submetida ao direito, ou seja, só é moral aquilo que o Direito diz que é. A moral e o direito se interpenetram, se misturam. No Brasil, o Direito abarca normas morais, amorais e imorais. Ex.: agentes públicos decidirem o aumento da própria remuneração; receber auxílio moradia tendo residência própria. Moralidade e Legalidade se confundem? NÃO! A CF/88mencionou de forma separada esses princípios, ou seja, eles são autônomos. Mas a imoralidade pode se tornar um ato ilícito. Princípio da Moralidade Mas como funciona? Podemos extrair 3 aplicabilidades: a moralidade como probidade: honestidade no exercício das funções públicas (art. 37, §4º, CF; Lei nº 14.230/2021 e leis esparsas); a moralidade como razoabilidade: guia as ações discricionárias do Estado, principalmente de caráter restritivo de direitos (adequada, necessária, proporcional); a moralidade como cooperação: compreende relações externas: a Adm. deve facilitar o exercício de direitos dos cidadãos e auxiliá-los no cumprimento de deveres (art. 3, Lei nº 9.784); relações interadministrativas: os órgãos públicos devem trabalhar em conjunto. Meios de controle: ação popular para atacar atos que ofendam a moralidade administrativa (art. 5, LXXIII); mandado de segurança para atacar abuso de poder (art. 5, LXIX); infração disciplinar, crime de responsabilidade e ato de improbidade. Princípio da Moralidade Meios de controle: ação popular para atacar atos que ofendam a moralidade administrativa (art. 5, LXXIII); mandado de segurança para atacar abuso de poder (art. 5, LXIX); infração disciplinar, crime de responsabilidade e ato de improbidade. A imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos, podendo acarretar na invalidade do ato – podendo ser decretado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Princípio da Publicidade Salvo casos de determinação legal contrária, os atos da Administração Pública são públicos. Todos têm o direito de conhecer as ações dos gentes públicos no trato da coisa pública. Publicidade geral: envolve publicação no órgão oficial dos atos de efeitos gerais. Ex.: concursos públicos, licitações, normativas. Publicidade restrita: compreende o direito de obtenção de certidões, contratos, documentos, entre outros. Nos casos em que a publicidade do ato é expressamente exigida, a sua ausência configura nulidade e passível do controle de legalidade. A publicidade é o princípio básico da Administração Pública porque propicia a credibilidade pela transparência. Ela viabiliza a moralidade administrativa – possibilita a defesa de direitos e contribui com a segurança e estabilidade das relações jurídico-administrativas. Princípio da Publicidade Existem atos que precisam ser motivados, precisam ser explicitados por ser requisito formal, principalmente, daqueles restritivos ou discricionários. O art. 50 da Lei nº 9.784 aponta uma lista dos atos mais relevantes e que devem ser motivados. A motivação deve conter: Pressupostos fáticos: diagnóstico da realidade, como os fatos se ligam. Pressupostos jurídicos: como esse ato se acopla ao ordenamento jurídico. Exame das consequências: prognóstico, resultados do ato (art. 20, LINDB). Esse princípio é garantido pela Constituição no art. 5, XXXIII, pela Lei nº 9.784, e pela Lei de Acesso à Informação (12.527/2011). Mecanismos de defesa: petição aos Poderes Públicos (art. 5, XXXIV, “a”); habeas data (art. 5, LXXII), responsabilização do agente que nega informação. Princípio da Publicidade Quando o Estado pode negar a informação? Relativas à segurança do Estado e da sociedade – material bélico, pesquisas estratégicas de governo, segurança diplomática, entre outras (art. 5, XXXIII, CF). Informações sensíveis que são classificadas como ultrassecretas (25 anos), secretas (15 anos) ou reservadas (5 anos) por autoridade pública competente e processo de classificação. Proteção à vida privada, intimidade, honra e imagem de pessoas físicas e jurídicas – nesses casos a proteção é automática de 100 anos (art. 31, Lei de Acesso à Informação). Princípio da Eficiência A EC 19/98 acrescentou expressamente a eficiência como Princípio da Administração Pública, seguindo os passos de legislações estrangeiras. Trata-se do dever que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o princípio mais avançado da Administração Pública, já que não trata o desenvolvimento das atividades somente com legalidade. A eficiência exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e seus membros – é um complemento aos demais princípios e de um limite ao poder discricionário público. Princípio da Eficiência Pode se subdividir entre: melhor modo de atuação do agente público; melhor modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública (sentido racional). Ex.: Duração razoável do processo administrativo (art. 5, LXXVIII, CF); economia processual (art. 2, §único,IX, Lei nº 9.784; aproveitamento dos atos (convalidação, confirmação e manutenção de atos). melhor modo de efetividade para que os atos atinjam os resultados esperados, como licitações mais vantajosas, rever sanções administrativas inadequadas, o dever de planejar (educação, urbanização, cultura). melhor modo de economicidade com o melhor custo benefício – maximizar recursos -, e limitar remuneração de servidores, limitar gastos. image1.jpg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg