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Aula 01 Direito Civil p/ DPE-ES Professor: Paulo H M Sousa Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa AULA 01 BENS (ITENS 11 E 43 DO EDITAL) Sumário Sumário .............................................................................................. 1 Considerações Iniciais ............................................................................ 2 11 – BENS ........................................................................................... 2 11.1 – Móveis e imóveis ...................................................................... 2 11.2 – Fungíveis e infungíveis ............................................................... 3 11.3 – Consumíveis e inconsumíveis ...................................................... 4 11.4 – Divisíveis e indivisíveis ............................................................... 4 11.5 – Singulares e coletivos ................................................................ 4 11.6 – Principais e acessórios ............................................................... 5 11.7 – Públicos e privados.................................................................... 8 43 – BEM DE FAMÍLIA .......................................................................... 10 Questões ........................................................................................... 12 Questões sem comentários................................................................. 12 Gabaritos ........................................................................................ 18 Questões com comentários................................................................. 20 Legislação pertinente ........................................................................... 26 Jurisprudência e Súmulas Correlatas....................................................... 27 Considerações Finais ............................................................................ 29 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa AULA 01 – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL: BENS E IMPENHORABILIDADE Considerações Iniciais Na aula de hoje vamos continuar a tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com algumas noções introdutórias importantes para a compreensão da Parte Geral do Código, enfocando num tema: bens! Esse é um tema relativamente curto, e que não cai com grande frequência nas provas de Defensoria Pública. Porém, só para você ver, na penúltima prova da DPE/ES (2009), dois itens eram sobre bens (quando a prova era de C ou E do CESPE). Hoje analisaremos a segunda parte do conteúdo da Parte Geral, o que inclui os itens 11 e 43 do Edital. O Item 11 trata dos bens e o 43 do bem de família, um tópico que pode ser objeto de sua prova, já que seria algo que um Defensoria veria na prática. Como esse tema não é tão frequente nas provas de Defensoria, escolhi incluir vááárias questões de provas de Procurador de Estado, que é um dos cursos que eu também faço. Pelas poucas questões presentes nas Defensorias, pude ver que o nível das questões, relativamente a bens, é bem semelhante entre as DPEs e as PGEs, por isso a escolha. Igualmente, como nas PGEs esse tema é bastante cobrado, eles o fazem de maneira bem refinada, já que é algo importante para aquele cargo. Isso, acredito, vai te deixar bem treinado! 11 – BENS Quanto aos bens, o que é relevante tratar para o seu concurso é a classificação deles, pois a aplicação das regras jurídicas variará em função dessa classificação que se faz. Vejamos ela: 11.1 – Móveis e imóveis A noção de bens imóveis está no art. 79 do CC/2002: o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Igualmente, ainda que não sejam, na prática, imóveis, consideram-se imóveis para os efeitos legais outros bens e direitos relativos a imóveis, segundo os arts. 80 e 81: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. III - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa IV - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Cesar Fiúza (Direito Civil: curso completo, 18ª ed., p. 237) categoriza os bens imóveis em quatro: 1.ª bens imóveis por sua natureza. São o solo e suas adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo; 2.ª bens imóveis por acessão física. É tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente ao solo, como sementes e edifícios; 3.ª bens imóveis por acessão intelectual. É tudo aquilo que se mantém intencionalmente no imóvel para sua exploração, aformoseamento ou comodidade. A categoria dos bens imóveis por acessão intelectual foi retirada do Código, que a substituiu pela categoria das pertenças. 4.ª bens imóveis por força de lei. São aqueles que, por sua própria natureza, não se podem classificar como móveis ou imóveis. Nessa categoria se incluem os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, além do direito à sucessão aberta. Já no conceito do art. 82 do CC/2002, são móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Ainda que não sejam visivelmente móveis, consideram-se móveis para os efeitos legais, segundo os arts. 83 e 84: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. IV - os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; V - os materiais provenientes da demolição de algum prédio. DPE/ES – 2009 74. Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta, são considerados bens imóveis para os efeitos legais, de acordo com o Código Civil. Comentários O item 74 está correto, pois o art. 80, incs. I e II: “Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta”. 11.2 – Fungíveis e infungíveis Na dicção do art. 85 do CC/2002, são fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade . Infungíveis, portanto, serão aqueles que, ao contrário, possuem peculiaridades próprias que os tornam únicos, insubstituíveis. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa 11.3 – Consumíveis e inconsumíveis São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação, segundo leciona o art. 86. Inconsumíveis, consequentemente, aqueles cuja fruição os mantém hígidos, sem destruição. 11.4 – Divisíveis e indivisíveis Os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam, consoante o art. 87 do CC/2002. Além disso, os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes (art. 88). 11.5 – Singulares e coletivos A regra do art. 89 do CC/2002 estabelece que são singulares os bens que, embora reunidos, seconsideram de per si, independentemente dos demais. É o caso, por exemplo, de uma árvore frutífera ou de uma garrafa de refrigerante. Coletivos serão os bens singulares – iguais ou diferentes – reunidos em um todo. Passa-se a considerar o todo, ainda que não desapareça a peculiaridade individual de cada um. É o caso de um pomar de árvores frutíferas ou de um carregamento de garrafas de refrigerante. Nesse sentido, inclui-se a universalidade de fato, que constitui a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária, conforme o art. 90. É o caso de uma biblioteca que, apesar de poder ser compreendida através de cada um dos livros, constitui uma destinação unitária, um todo maior. Já a universalidade de direito, como o nome diz, não constitui uma totalidade na prática. Porém, para efeito do Direito, determinado o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico, constitui uma unitariedade, segundo o art. 91. É o caso, por exemplo, da herança ou do patrimônio. Ambos, ainda que na prática constituam diversas singularidades, são tomadas como uma universalidade, juridicamente falando. PGE/MA – 2003 36. Constitui universalidade de fato (A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, independentemente dos demais. (B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor econômico. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa (C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. (D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas próprias, devendo sempre ser alienados como um todo. (E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao proprietário deste. Comentários A alternativa A está incorreta, já que essa é a definição do bem singular (“Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.”). Veja que a própria noção (se consideram independentemente dos demais) contraria a noção de universalidade (destinação unitária). A alternativa B está incorreta, dado que essa é a definição de universalidade de direito (“Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”). A alternativa C está correta, conforme a literalidade do art. 90: “Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.” A alternativa D está incorreta, porque contraria expressamente a previsão do art. 90, parágrafo único, que permite que os bens que formam essa universalidade possam ser objeto de relações jurídicas próprias. A alternativa E está incorreta, por estar contida no conceito de acessão por plantação ou construção (conforme art. 1.248, inc. V), melhor desenvolvida no tópico do direito das coisas, algumas aulas ainda à frente. 11.6 – Principais e acessórios Segundo o art. 92 do CC/2002, principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Exemplo é o solo, ou um veículo automotor. Já o bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a existência do principal, como, por exemplo, a casa que se liga ao solo ou os pneus do carro. Os bens acessórios podem ser subdivididos em categorias: 1. Frutos; 2. Produtos; 3. Benfeitorias; 4. Acessões; 5. Pertenças; 6. Partes integrantes. Vejamos cada um deles: 1. Frutos São os bens que se derivam periodicamente do bem principal, sem que ele se destrua, ainda que parcialmente, como, por exemplo, as frutas de uma árvore ou o aluguel de um imóvel. O art. 95 do CC/2002 estabelece que, apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos podem ser objeto de negócio jurídico. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa 2. Produtos Ao contrário dos frutos, sua obtenção significa redução do valor do bem, pois não são produzidos periodicamente, como, por exemplo, a madeira da árvore ou o petróleo de um campo. O art. 95 do CC/2002 estabelece que, apesar de ainda não separados do bem principal, os produtos podem ser objeto de negócio jurídico. 3. Benfeitorias São acréscimos realizados num bem preexistente, com diversas finalidades. Segundo o art. 96, as benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor, como, exemplificativamente, uma piscina residencial ou uma estátua de mármore colocada na entrada da casa. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem, como a construção de uma calçada ou a substituição de esquadrias de ferro por esquadrias de alumínio. São necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore, como, por exemplo, a recolocação de uma viga deteriorada pela chuva ou a reconstrução de um muro de arrimo. Na dicção do art. 97 do CC/2002, não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. São, em geral, fenômenos vistos mais à frente, na aquisição da propriedade. 4. Acessões Diferentemente das benfeitorias, as acessões não agregam alguma coisa a algo preexistente, elas são criações – naturais ou artificiais – de bens. É o caso, por exemplo, a edificação de uma casa num terreno baldio. O regramento das acessões obedece ao Direito das Coisas. 5. Pertenças Segundo dispõe o art. 93, são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. É o caso, por exemplo, de um rádio destacável do veículo ou de um piano numa casa. Em regra, o negócio estipulado entre as partes não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso, segundo o art. 94 do CC/2002. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa AGU – Procurador Federal – 2007 No Código Civil de 2002, no capítulo da parte geral dedicado aos bens reciprocamente considerados, introduziu-se a figura das pertenças, verdadeira novidade legislativa no âmbito do direito privado brasileiro. A respeito dos bens reciprocamente considerados, julgue os itens a seguir. 102 São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, destinam- se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 103 Em regra, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças. Comentários O item 102 está incorreto CUIDE COM A PEGADINHA, pois o art. 93 fala dos bens que, não constituindo partes integrantes, destinam-se... O item 103 está correto, de acordo com a literalidade do art. 94, conforme mencionei acima. PGE/ES – 2009 75 As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de gravitação jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal. Por isso, se uma propriedade rural for vendida, desde que não haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não estará obrigado a entregar máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. Comentários O item 75 está correto, de acordo com a literalidade do art. 94: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”. 6. Partes integrantes São bens acessórios que seligam de tal modo ao principal, que sua remoção tornaria o bem principal incompleto. É o caso de uma torneira numa casa ou das rodas e pneus de um veículo. Lendo os arts. 93 e 94 em reverso, chagamos à conclusão de que as partes integrantes seguem a coisa principal. PGE/RS – 2015 71. Assinale a alternativa INCORRETA. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídicas dotadas de valor econômico. B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento, muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes. C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças. D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demolição de algum prédio. E) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam ao aformoseamento de outro. Comentários A alternativa A está correta, conforme literal disposição do art. 91: “Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.” A alternativa B está correta, pois o art. 87 estabelece que “Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.” Porém, o art. 88 estabelece que “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.” A alternativa C está correta, novamente por expressa previsão do art. 94: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”. A alternativa D está correta, segundo dicção do art. 84: “Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.” A alternativa E está incorreta, pois as pertenças não constituem partes integrantes. Partes integrantes são partes integrantes e pertenças são pertenças, não se confundindo. Vide, novamente, o art. 93: “São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.” 11.7 – Públicos e privados São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, segundo o art. 98 do CC/2002. Nesse sentido, constituem bens públicos, na dicção do art. 99: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito públic o, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Atenção, pois o parágrafo único do art. 99 do CC/2002 estabelece que não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Por exclusão, todos os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Consequência dessa distinção é que os bens públicos em geral não estão sujeitos a usucapião, conforme regra do art. 102. Segundo o art. 100, os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem tal qualificação. Já os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, segundo dispõe o art. 101. Maiores detalhes sobre essa distinção serão tratados pelo Direito Administrativo, já que é lá que essa matéria terá ampla relevância, acerca do regime jurídico dos bens da Administração Pública. DPE/AM – 2011 30. O domínio público constitui-se pelo conjunto de bens públicos que inclui imóveis e móveis. Da relação domínio público/ bens públicos e de sua regulamentação pode-se afirmar: a) domínio público equivale à propriedade pública determinada pela titularidade do bem. b) os direitos sobre as coisas públicas, quando objeto de regulamentação em lei civil, têm caráter privatístico. c) em razão da titularidade, qualquer que seja sua espécie, é vedado o uso comum de bens públicos. d) os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, tendo em vista o cumprimento da função social das coisas disponíveis. e) a Constituição Federal assegura a penhorabilidade dos bens públicos contra o Poder Público inadimplente, em garantia à satisfação dos credores do erário. Comentários A alternativa A está incorreta, como ficará mais claro quando chegarmos à aula de Direito das Coisas e quando você vir o domínio público no Direito Administrativo. A alternativa B está incorreta, já que bem público é bem público e ponto. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa A alternativa C está incorreta, e bem errada. Ora, se o bem é de uso comum, mesmo sendo público, como não poderia ele ser utilizado? Fica ainda pior quando lembramos dos exemplos que o CC/2002 dá de bem público de uso comum: rios, mares, estradas... A alternativa D está correta, na dicção do art. 101: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 100 do Código Civil, em consequência da inalienabilidade: “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.” 43 – BEM DE FAMÍLIA A Lei 8.009/1990 estabelece a impenhorabilidade do bem de família, assim, entendido, segundo o art. 1°, como o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar, limitado a uma única residência utilizada pela entidade como residência permanente, segundo o art. 5° da Lei. Se a entidade familiar tiver mais de um imóvel, considera-se bem de família o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado junto ao Registro de Imóveis como o bem de família, por meio de escritura pública, nos termos do art. 6° da Lei. O bem de família abrange, ainda, segundo o parágrafo único do art. 1º, o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Mesmo no imóvel locado a Lei se aplica ao locatário. Nesse caso, segundo o parágrafo único do art. 2º, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário. Num ou noutro caso, porém, os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos não são abrangidos pela Lei. O que é um adorno suntuoso? Depende da análise do caso concreto. E vou exemplificar com o polêmico caso dos pianos do STJ. Em sede de REsp, o STJ julgou que o piano era penhorável; tempos depois, em outro REsp, o mesmo STJ disse que o piano era impenhorável. Instalada a polêmica, verificou-se que não havia contradição, ao final. No primeiro caso, o piano foi tido como penhorável porque era um adorno suntuoso, não sendo utilizado pelos moradores para algo além de um móvel caro. Era quase uma obra de arte. No segundo caso, porém, o piano era utilizadopor um dos membros da família para ministrar aulas de piano, cuja renda era revertida para o sustento da casa; neste caso, ele não era um adorno, mas um instrumento de trabalho. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa Por isso, deve-se atentar para a função que o bem tem, antes de se julgá-lo. Obviamente, determinados bens, como um vaso chinês antigo, são obviamente adornos suntuosos, sem que seja necessário perquirir muito sobre sua utilidade ou funcionalidade. Ao contrário, a única geladeira do imóvel está longe de ser um adorno ou obra de arte. A impenhorabilidade abrange qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. As exceções estão previstas no art. 3° da Lei: II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de c rime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Igualmente, segundo o art. 4°, não se aplica a impenhorabilidade do bem de família quando o credor adquire imóvel mais valioso, de má-fé, quando em insolvência, alienando ou não a moradia anterior. Atente para a peculiaridade da propriedade rural. Pois bem, tenho eu uma única fazenda, de 100.000ha, sem que seja proprietário de qualquer outro imóvel, seja urbano, seja rural, seja residencial, seja comercial. Posso opor a impenhorabilidade das minhas terras contra os credores? Obviamente que isso geraria uma distorção absurda, pelo que a lei, prevendo essa situação, criou um dispositivo valioso, insculpido no art. 4º, §2º: Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir- se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural. Como a pequena propriedade rural não tem um tamanho único, mas varia de acordo com a região do país, não é necessário decorar qual é esse tamanho, basta lembrar que se trata do módulo rural. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa Questões Questões sem comentários As questões abaixo apresentação gabarito na sequência e, ao final, comentários: DPE/ES – 2009 74. Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta, são considerados bens imóveis para os efeitos legais, de acordo com o Código Civil. PGE/ES – 2009 75 As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de gravitação jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal. Por isso, se uma propriedade rural for vendida, desde que não haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não estará obrigado a entregar máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. DPE/AM – 2011 30. O domínio público constitui-se pelo conjunto de bens públicos que inclui imóveis e móveis. Da relação domínio público/ bens públicos e de sua regulamentação pode-se afirmar: a) domínio público equivale à propriedade pública determinada pela titularidade do bem. b) os direitos sobre as coisas públicas, quando objeto de regulamentação em lei civil, têm caráter privatístico. c) em razão da titularidade, qualquer que seja sua espécie, é vedado o uso comum de bens públicos. d) os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, tendo em vista o cumprimento da função social das coisas disponíveis. e) a Constituição Federal assegura a penhorabilidade dos bens públicos contra o Poder Público inadimplente, em garantia à satisfação dos credores do erário. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa PGE/AC – 2014 37 - Consideram-se bens móveis: (A) o que for artificialmente incorporado ao solo. (B) as ações que versarem sobre bens imóveis. (C) os materiais destinados a uma construção enquanto não forem utilizados. (D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. PGE/AM – 2010 53. São imóveis por definição legal (A) somente os bens móveis pertencentes à herança, enquanto não for partilhada. (B) o direito à sucessão aberta e os direitos reais sobre bens imóveis. (C) somente os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os asseguram. (D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo. (E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio serem reempregados. PGE/MA – 2003 36. Constitui universalidade de fato (A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, independentemente dos demais. (B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor econômico. (C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. (D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas próprias, devendo sempre ser alienados como um todo. (E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao proprietário deste. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa AGU – Procurador Federal – 2007 No Código Civil de 2002, no capítulo da parte geral dedicado aos bens reciprocamente considerados, introduziu-se a figura das pertenças, verdadeira novidade legislativa no âmbito do direito privado brasileiro. A respeito dos bens reciprocamente considerados, julgue os itens a seguir. 102 São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, destinam- se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 103 Em regra, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças. PGE/RS – 2015 35 – Assinale a alternativa correta. A) De acordo com o Código Civil, são bens públicos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública. B) Os bens públicos de uso comum, de uso especial e dominicais são insuscetíveis de alienação. C) Os bens pertencentes às empresas estatais prestadoras de serviços públicos em regime de exclusividade são impenhoráveis, se a lei assim determinar. D) Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião urbano, desde que não estejam afetados a serviço público. E) Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, desde que em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores públicos. PGE/RS – 2015 71. Assinale a alternativa INCORRETA. A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídicas dotadas de valor econômico. B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento, muito emborapossam se tornar indivisíveis por vontade das partes. C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças. D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demolição de algum prédio. E) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam ao aformoseamento de outro. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa As questões abaixo apresentação gabarito, mas não apresentarão comentários específicos, pois orbitam em torno das questões acima. É pra você treinar! DPE/BA – 2006 85. Relativamente ao tema das fundações, do domicílio, dos bens móveis e da validade do ato jurídico, observa-se que: IV. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: as energias que tenham valor econômico; os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Analisando as assertivas acima, verifica-se que: PGE/MG – 2012 36. Assinale, dentre as alternativas abaixo, qual se refere a bem imóvel: a) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes b) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações c) as energias que tenham valor econômico d) o direito à sucessão aberta e) os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico-social PGE/PI – 2014 18. A respeito da pessoa natural, da pessoa jurídica e dos bens, assinale a opção correta. A) A vontade humana não constitui elemento da personificação da pessoa jurídica. B) O atual Código Civil adotou a teoria ultra vires como regra; assim, a pessoa jurídica sempre responde pelos atos que seus administradores praticarem com excesso dos poderes conferidos a eles pelos atos constitutivos. C) O direito à sucessão aberta é bem móvel por determinação legal. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa D) Atento ao princípio da dignidade da pessoa, o Código Civil em vigor exige, para a aquisição da personalidade, que o sujeito tenha vida viável, forma humana e condição social. E) Comoriência corresponde à simultaneidade do falecimento de duas ou mais pessoas, sendo impossível determinar-se qual delas morreu primeiro. Nesse contexto, é dispensável que as mortes decorram do mesmo evento fático, sendo essencial apenas o momento dos óbitos. PGE/PI – 2008 30. Em relação aos bens jurídicos, assinale a opção correta. A O direito à sucessão aberta é considerado como bem imóvel, ainda que a herança seja formada por bens móveis ou abranja apenas direitos pessoais. B São pertenças os bens acessórios que se incorporam ao bem principal para que este atinja suas finalidades. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as pertenças, pois essas não podem ser negociadas autonomamente. C Infungíveis são os bens móveis que não se identificam pela sua individualidade, mas pela quantidade. Por isso, podem ser fracionados em partes distintas, sem alteração de suas qualidades essenciais e sem prejuízo ao uso a que se destinam. D Bens móveis por antecipação são aqueles que eram imóveis, mas que foram mobilizados por uma intervenção humana. Essa mudança de natureza, no entanto, não dispensa os requisitos para a transmissão da propriedade imóvel. E Os bens dominicais são bens públicos disponíveis à utilização direta e imediata do povo ou dos usuários de serviços, não se submetendo a qualquer tipo de discriminação ou fruição. PGE/PR – 2011 55. No que se refere aos bens públicos, assinale a alternativa correta: a) os bens dominicais constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, constituindo-se objeto de direito real de cada uma delas; b) a alienação dos bens públicos somente acontece quando houver interesse social, independentemente de sua condição de uso pela administração; c) os bens públicos dominicais não podem ser alienados, tendo em vista que potencialmente úteis à função pública; Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa d) se não houver disposição contrária de lei, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado; e) o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido por ato administrativo da entidade a que pertencerem. PGE/RS – 2011 55 - Assinale a alternativa INCORRETA. A) São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. B) Bens dominicais, porque desafetados de um interesse ou utilidade pública, são passíveis de alienação e, portanto, também de usucapião. C) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. D) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, quando afetados para a prestação de um serviço público, os bens de empresas públicas e de sociedades de economia mista podem gozar dos privilégios dos bens públicos, tal como, por exemplo, a impenhorabilidade. E) Sobre bens públicos em espécie, no regime jurídico vigente, inexistem águas públicas sob domínio dos Municípios; todas as águas públicas estão ou sob domínio da União ou dos Estados ou do Distrito Federal. PGE/RS – 2011 63 - Assinale a alternativa correta: A) A universalidade de fato diferencia-se da de direito, pois, embora ambas dependam de reconhecimento legal, a primeira precisa da vontade do titular para instituí-la. B) A universalidade de fato não autoriza que haja relação jurídica a não ser sobre cada um dos bens. C) A universalidade de direito representa o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, ainda que não dotadas de valor econômico. D) A universalidade de fato prescinde de determinação legal, dependendo da vontade do titular e da destinação que este atribua ao complexo de bens. E) A universalidade de direito, além do reconhecimento legal, precisa da vontade do titular atribuindo uma destinação específica ao complexo de bens. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa PGM/CWB – 2015 69 - Quanto aos bens públicos dominiais, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F): () São inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis. () Podem ser desapropriados pelos entes da federação no sentido “descendente”, ou seja, a União pode desapropriar bens dos Estados e dos Municípios e os Estados podem desapropriar bens dos Municípios. () Só podem ser gravados com direitos reais de garantia em favor de terceiros quando destinados a garantir débitos de natureza alimentar. () É defeso aos particulares ocupantes desses bens o manejo das ações de natureza possessória, porque há entendimento jurisprudencial consolidado de que não se pode reconhecer a posse de bens públicos, mas tão somente a detenção. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) F – V – F – V. b) V – V – F – F. c) V – F – V – V. d) V – F – V – F. e) F – V – V – F. Gabaritos Gabaritos das questões com comentários DPE/ES – 2009 74. C 75. C DPE/AM– 2011 30. D PGE/AC – 2014 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa 37. C PGE/AM – 2010 53. B PGE/MA – 2003 36. C AGU – 2007 102. V 103. F PGE/RS – 2015 35. C 71. E Gabaritos das questões sem comentários DPE/BA – 2006 85. E PGE/MG – 2012 36. D PGE/PI – 2014 18. E PGE/PI – 2008 30. A PGE/PR – 2011 55. D Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa PGE/RS – 2011 55. B 63. D PGM/CWB – 2015 69. A Questões com comentários DPE/ES – 2009 74. Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta, são considerados bens imóveis para os efeitos legais, de acordo com o Código Civil. Comentários O item 74 está correto, pois o art. 80, incs. I e II: “Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta”. PGE/ES – 2009 75 As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de gravitação jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal. Por isso, se uma propriedade rural for vendida, desde que não haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não estará obrigado a entregar máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. Comentários O item 75 está correto, de acordo com a literalidade do art. 94: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”. DPE/AM – 2011 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa 30. O domínio público constitui-se pelo conjunto de bens públicos que inclui imóveis e móveis. Da relação domínio público/ bens públicos e de sua regulamentação pode-se afirmar: a) domínio público equivale à propriedade pública determinada pela titularidade do bem. b) os direitos sobre as coisas públicas, quando objeto de regulamentação em lei civil, têm caráter privatístico. c) em razão da titularidade, qualquer que seja sua espécie, é vedado o uso comum de bens públicos. d) os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, tendo em vista o cumprimento da função social das coisas disponíveis. e) a Constituição Federal assegura a penhorabilidade dos bens públicos contra o Poder Público inadimplente, em garantia à satisfação dos credores do erário. Comentários A alternativa A está incorreta, como ficará mais claro quando chegarmos à aula de Direito das Coisas e quando você vir o domínio público no Direito Administrativo. A alternativa B está incorreta, já que bem público é bem público e ponto. A alternativa C está incorreta, e bem errada. Ora, se o bem é de uso comum, mesmo sendo público, como não poderia ele ser utilizado? Fica ainda pior quando lembramos dos exemplos que o CC/2002 dá de bem público de uso comum: rios, mares, estradas... A alternativa D está correta, na dicção do art. 101: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 100 do Código Civil, em consequência da inalienabilidade: “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.” PGE/AC – 2014 37 - Consideram-se bens móveis: (A) o que for artificialmente incorporado ao solo. (B) as ações que versarem sobre bens imóveis. (C) os materiais destinados a uma construção enquanto não forem utilizados. (D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa Comentários A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 79, os bens incorporados ao solo, ainda que artificialmente, são imóveis (“São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”). A alternativa B está incorreta, já que também são consideradas bens imóveis as ações que tratam de bens imóveis, na dicção do art. 80, inc. I (“Consideram- se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram”). A alternativa C está correta, na dicção literal do art. 84 (“Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis”). A alternativa D está incorreta, porque, por força do art. 81, inc. II, mesmo os bens provisoriamente separados do imóvel continuam sendo imóveis (“Não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem”). PGE/AM – 2010 53. São imóveis por definição legal (A) somente os bens móveis pertencentes à herança, enquanto não for partilhada. (B) o direito à sucessão aberta e os direitos reais sobre bens imóveis. (C) somente os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os asseguram. (D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo. (E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio serem reempregados. Comentários A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 80, inc. II, somente o “o direito à sucessão aberta” se considera imóvel, mas os bens móveis da herança não perdem a característica de imóveis. A alternativa B está correta, já que também são consideradas bens imóveis os direitos à sucessão aberta e os direitos que tratam de bens imóveis, na dicção do art. 80, incs. I e II (“Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta”). A alternativa C está incorreta, novamente, pela dicção do inc. II do art. 80, que inclui no rol dos bens imóveis também o direito à sucessão aberta. A alternativa D está incorreta, porque, como vimos a partir da obra de Fiúza, a doutrina classifica os imóveis em quatro diferentes categorias. O que se incorpora ao solo, natural ou artificialmente, será bem imóvel por natureza (se for uma Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa árvore) ou bem imóvel por acessão física (edifício), mas não bem imóvel por definição legal. A alternativa E está incorreta, pois os materiais são imóveis por acessão física, na classificação supramencionada, e não imóveis por definição legal. PGE/MA – 2003 36. Constitui universalidade de fato (A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, independentemente dos demais. (B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor econômico. (C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. (D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas próprias, devendo sempre ser alienados como um todo. (E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao proprietário deste. Comentários A alternativa A está incorreta, já que essa é a definição do bem singular (“Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.”). Veja que a própria noção (se consideram independentemente dos demais) contrariaa noção de universalidade (destinação unitária). A alternativa B está incorreta, dado que essa é a definição de universalidade de direito (“Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”). A alternativa C está correta, conforme a literalidade do art. 90: “Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.” A alternativa D está incorreta, porque contraria expressamente a previsão do art. 90, parágrafo único, que permite que os bens que formam essa universalidade possam ser objeto de relações jurídicas próprias. A alternativa E está incorreta, por estar contida no conceito de acessão por plantação ou construção (conforme art. 1.248, inc. V), melhor desenvolvida no tópico do direito das coisas, algumas aulas ainda à frente. AGU – Procurador Federal – 2007 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa No Código Civil de 2002, no capítulo da parte geral dedicado aos bens reciprocamente considerados, introduziu-se a figura das pertenças, verdadeira novidade legislativa no âmbito do direito privado brasileiro. A respeito dos bens reciprocamente considerados, julgue os itens a seguir. 102 São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, destinam- se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 103 Em regra, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças. Comentários O item 102 está incorreto CUIDE COM A PEGADINHA, pois o art. 93 fala dos bens que, não constituindo partes integrantes, destinam-se... O item 103 está correto, de acordo com a literalidade do art. 94, conforme mencionei acima. PGE/RS – 2015 35 – Assinale a alternativa correta. A) De acordo com o Código Civil, são bens públicos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública. B) Os bens públicos de uso comum, de uso especial e dominicais são insuscetíveis de alienação. C) Os bens pertencentes às empresas estatais prestadoras de serviços públicos em regime de exclusividade são impenhoráveis, se a lei assim determinar. D) Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião urbano, desde que não estejam afetados a serviço público. E) Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, desde que em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores públicos. Comentários A alternativa A está incorreta, pois de acordo com o art. 98, “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”. Há aqui, uma distinção, que você verá melhor em Direito Administrativo, decorrente do bem público X bem estatal. Há autores que consideram que os bens da Administração Indireta não se incluem nos bens públicos e outros adotam posições intermediárias, como é o caso de Celso Antonio Bandeira de Mello. A alternativa B está incorreta, dado que os bens dominicais podem ser objeto de alienação, conforme regra do art. 101: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” A alternativa C está correta, pela dicção invertida do art. 98, parágrafo único: “Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado”. Ou seja, a rigor os bens da empresas estatais prestadoras de serviço público serão tratados como bens dominicais, muito próximos ao regime jurídico privado; no entanto, se a lei tratar especificamente do tema, serão eles tratados como bens de uso especial, dentro do regimes dos bens públicos em geral e, portanto, insuscetíveis de penhora. A alternativa D está incorreta. Há jurisprudência, ainda incipiente, permitindo a usucapião de determinados bens públicos, como os dominicais, mas essa corrente é francamente minoritária. Vale, então, a previsão geral do art. 102: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.” A alternativa E está incorreta, eis que ao passo que o art. 100 estabelece que “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis”, são eles, consequentemente, impassíveis de hipoteca. PGE/RS – 2015 71. Assinale a alternativa INCORRETA. A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídicas dotadas de valor econômico. B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento, muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes. C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças. D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demolição de algum prédio. E) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam ao aformoseamento de outro. Comentários A alternativa A está correta, conforme literal disposição do art. 91: “Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.” A alternativa B está correta, pois o art. 87 estabelece que “Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.” Porém, o art. 88 estabelece que “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.” A alternativa C está correta, novamente por expressa previsão do art. 94: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa A alternativa D está correta, segundo dicção do art. 84: “Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.” A alternativa E está incorreta, pois as pertenças não constituem partes integrantes. Partes integrantes são partes integrantes e pertenças são pertenças, não se confundindo. Vide, novamente, o art. 93: “São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.” Legislação pertinente Memorize quais são os bens imóveis, lembrando de sua distinção doutrinária: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Reveja a distinção entre os diferentes bens públicos: Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os desuas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de dire ito privado. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa Jurisprudência e Súmulas Correlatas A opção, para os maiores, é condição suspensiva para a aquisição de nacionalidade brasileira: São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. A opção pode ser feita a qualquer tempo, desde que venha o filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira, nascido no estrangeiro, a residir no Brasil. Essa opção somente pode ser manifestada depois de alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optante tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. Vindo o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira. (RE 418.096, rel. min. Carlos Velloso, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ de 22-4-2005.) Há bens públicos que podem ser alienados. Neles se incluem os imóveis funcionais: STJ Súmula 103 26/05/1994 Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos os administrados pelas forças armadas e ocupados pelos servidores civis A Súmula 340 do STF estabelece que mesmo os bens dominicais não podem ser adquiridos por usucapião: STF Súmula 340 Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião. Em que pesem as terras rurais serem de propriedade privada, as margens dos rios navegáveis não o são: STF Súmula 479 As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização. As terras indígenas são igualmente bens públicos, pertencentes ao domínio da União: STF Súmula 480 Pertencem ao domínio e administração da União, nos termos dos arts. 4º, IV e 186, da Constituição Federal de 1967, as terras ocupadas por silvícolas. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa O conceito de família estabelecido pela Lei 8.009/1990 é diferente do conceito sociológico e do conceito jurídico de família. A noção de família é bem mais ampla, abrangendo, na noção de impenhorabilidade do bem de família, também os imóveis de pessoas que, a rigor, não constituem uma família, como as pessoas solteiras, viúvas e separadas, ainda que vivendo sozinhas: STJ Súmula 364 03/11/2008 O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Há uma Súmula relevantíssima no STJ, que traz uma peculiaridade em relação à noção do bem de família. A vaga de garagem de um imóvel situado em um edifício de apartamentos pode ser ou não ser penhorável, a depender de como ela se relaciona com o apartamento. Assim, se estiver a vaga contida na mesma matrícula do imóvel, será então impenhorável; no entanto, se tiver matrícula própria, torna-se penhorável: STJ Súmula 449 21/06/2010 A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora. Mesmo que a pessoa não more no imóvel próprio, alugando-o a terceiros, pode ser oposta a impenhorabilidade em face dos credores; quando? Se a renda obtida pela locação se converter na subsistência e/ou moradia da família. Assim, se alugo meu imóvel em Brasília e com a renda dele alugo outro imóvel em Salvador, meu bem brasiliense continua sendo impenhorável. Mesmo não locando outro imóvel em Salvador (tenho-o em comodato), se a renda do imóvel de Brasília é utilizada na minha subsistência, ainda assim é impenhorável: STJ Súmula 486 01/08/2012 É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Os imóveis situados em terrenos de marinha são públicos, ainda que o particular tenha registro de propriedade privada: STJ Súmula 496 13/08/2012 Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União. Depois de grande controvérsia, em 2015 o STJ fixou o entendimento de que a penhora do imóvel de família do fiador, para quitação das despesas cobradas dele em virtude de contrato de locação, é válida: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 29 DIREITO CIVIL – DPE/ES Teoria e Questões Aula 01 – Prof. Paulo H M Sousa STJ Súmula 549 19/10/2015 É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Quando a União cede terras devolutas em área de fronteira, o imóvel continua sendo público, ainda que haja uso e exploração privadas: STF SÚMULA 477 As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores. Considerações Finais Chegamos ao final da nossa aula sobre os bens. Viu como não são questões tão complexas, que exigem grande raciocínio? É mais lembrar dos detalhezinhos miseráveis que envolvem cada uma das classificações. Vale praticar bastante as questões de bens, pra carimbar seu sucesso! Como eu disse, esse não é um tema muito frequente nas provas da DPE, mas vai que... Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook. Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! Paulo H M Sousa prof.paulosousa@yahoo.com.br https://www.facebook.com/PauloHenriqueSousa Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno