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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profª Lívia Rodrigues Aula 02 ➢Grécia • Mundo grego antigo • Filosofia Política • Atenas • Esparta • https://www.youtube.co m/watch?v=MabbVn0Rlv 4 MUNDO GREGO ANTIGO ➢ Limitação de fontes • As fontes para o conhecimento do Direito Helênico, de outra sorte, quase sempre se apresentam de maneira fragmentária, desconexa e não- sistematizada. ➢A princípio, trata-se de um direito essencialmente consuetudinário, ritualístico, fundado no culto aos antepassados e desenvolvido no seio da própria família. Os gregos desenvolveram também a consciência da existência de uma lei eterna, imutável, a reger o homem indistintamente. Ora, trata-se de uma ideia embrionária do que convencionamos chamar hoje de direito natural. MUNDO GREGO ANTIGO A Grécia é um pais montanhoso, formado por pequenos vales isolados uns dos outros. É uma península extraordinariamente recortada, penetrada pelo mar, acerca por várias ilhas e ilhotas. Tudo isso na Antiguidade permitiu a formação de um estado unitário, criando apenas uma série de cidades independentes. Deste modo, quando se trata de estudar o “direito grego”, não se pode jamais perder de vista o fato de que inúmeras cidades-estados helênicas eram regidas por um ordenamento jurídico próprio, uma vez que as mesmas gozavam de plena soberania. Contava com unidades políticas completamente independentes umas das outras. MUNDO GREGO ANTIGO • A ausência de um corpo de regras chegava a causar estranheza entre os filósofos, conforme se pode perceber na crítica de Aristóteles sobre os cretenses: “A dispensa da prestação de contas e a perpetuidade são prerrogativas muito acima de seus méritos. A falta de leis que possam servir-lhes de regra para julgar o caráter arbitrário de seus julgamentos não dá nenhuma segurança aos réus”. • Muitos, afinal, foram os legisladores que pontilharam o universo helênico. Os mais famosos foram Drácon, Sólon e Péricles, de Atenas, e também Licurgo, de Esparta. MUNDO GREGO ANTIGO ➢Sociedade Grega • Cidadãos • Mulheres • Estrangeiros • Escravos • Existiam na sociedade os senhores poderosos, a plebe e os libertos e os escravos. A escravidão era alimentada pela guerra, pirataria e a herança da condição de escravo. Em princípio são submetidos ao direito da vida e da morte pelo senhor, no entanto quando ligados ao lar do proprietário eram tratados com benevolência. Em geral era entre as escravas que faziam suas concubinas. • Na família acreditava-se na existência de um regime familiar patriarcal genos, com família fortemente reunida sob um chefe ao mesmo tempo senhor e sacerdote, em sua falta o filho mais velho o substitui. MUNDO GREGO ANTIGO ➢Grécia Clássica - Espirito Democrático • Os gregos levaram desde o início a vida democrática características de todas suas instituições. Não se forma nenhuma casta sacerdotal monopolizando o poder. Os chefes de estado que vão aparecendo sofrem uma série de limitações em seus poderes. O povo intervêm desde o começo nos assuntos públicos e não há classes sociais fechadas, sendo que os reis, quando existem não possuíam caráter divino. Eles presidiam as assembleias populares e quando o orador vai fazer uso da palavra o rei lhe sede o cetro. Não usufruem tributos definidos para atender suas necessidades, vivem de contribuições voluntárias. • Não existe a concepção da origem divina do direito. MUNDO GREGO ANTIGO ➢O Direito Ateniense O Direito Ateniense é, sem dúvida alguma, aquele mais bem servido de fontes dentre todas as cidades que pontilharam a imensa Hélade. • Berço da erudição e do conhecimento; • Nítidos contornos dos ideais democráticos; • Aristocracia bem articulada politicamente; • Tribunais com competências jurisdicionais completamente distintas; • Areópago, era o mais antigo tribunal de Atenas. Possuía caráter político, reduzindo as funções até possuir apenas atribuições judiciárias. MUNDO GREGO ANTIGO ➢A mais democrática corte de Atenas, porém, foi aquela conhecida por Heliaia ou Tribunal dos Heliastas, um “júri popular composto de até 6.000 cidadãos, escolhidos por sorte, entre os que tivessem mais de trinta anos e se colocassem à disposição da cidade para exercer importantes funções”. ➢Havia a presença de um tribunal específico para apreciar causas em que pelo menos uma das partes era estrangeira – o Xenicon Dikasterion – e também uma espécie de tribunal marítimo – o Nautodikai. MUNDO GREGO ANTIGO ➢Leis passam a ser escritas e revelam a preocupação dos governantes com a conservação das cidades e o bem-estar dos cidadãos. ➢ É o que se vê quando os atenienses aprimoram seu ordenamento jurídico, definindo as condições para a validade das leis e o rechaço ao direito ancestral de caráter consuetudinário: “As autoridades não têm permissão para usar uma lei não escrita, em caso algum. Nenhum decreto do Conselho ou da assembleia deve prevalecer sobre uma lei. Não é permitido fazer uma lei para um indivíduo se ela não se estender a todos os cidadãos atenienses e se não for votada por seis mil pessoas, por voto secreto”. MUNDO GREGO ANTIGO ➢ No que diz respeito ao processo legislativo em Atenas, podemos destacar dois personagens: • Dracon, ficou conhecido na história por suas duras leis (daí a expressão draconiana), as quais punia os mais leves crimes com a pena de morte. Não havia proporcionalidade nas penas de Drácon, pois uma conduta grave - como roubo - como uma conduta menos grave - como furto - a pena era a morte. • Vale lembrar que termo “lei draconiana” é corrente na atualidade entre os operadores do direito, principalmente quando o objetivo é o de se referir a uma regra cruel, desumana ou excessiva. MUNDO GREGO ANTIGO • Sólon (possivelmente entre - 638 e - 558 a.C.) foi um aristocrata, poeta e estadista grego (arte de governar), um dos representantes máximos da cultura de Atenas. Um dos fundadores da democracia ateniense, é bem conhecido como legislador e como poeta lírico, embora tenham chegado apenas fragmentos de sua obra portentosa aos nossos dias. Pode-se afirmar que as leis de Sólon correspondem a uma grande revolução social. A eunomia - igualdade de todos perante a lei está presente em todos os artigos que ele escreveu. A reforma de Sólon atingiu toda a estrutura do estado Ateniense no que diz respeito à economia, sociedade e política. MUNDO GREGO ANTIGO • Sólon (638-558 a.C.) o homem designado a promover uma grande reforma que se estenderia ao campo jurídico. Tendo sua legislação sido festejada como sinônimo de justiça e equidade, mesmo decorridos três séculos desde o ano de seu falecimento. Ademais, o Direito Penal Ateniense parecia ser bem menos severo que aquele produzido entre os povos da Antiguidade Oriental. Acredita-se que as formas de punição mais usuais eram as multas, o desterro, o confisco e a prisão. Contudo, havia relatos de prática de crucificação. ➢ Outros detalhes da lei ateniense: • Havia uma clara distinção entre homicídio doloso e homicídio culposo; • O adultério era considerado crime em Atenas; • Lei restringindo os direitos civis a todos aqueles que se prostituíam. MUNDO GREGO ANTIGO • Da mesma forma, também algumas questões sobre o Direito Civil Ateniense já podem ser descortinadas. Eis duas regras do direito sucessório: • “Qualquer homem terá direito de dispor de sua propriedade por via testamento e de acordo com seu desejos, se não tiver filhos legítimos do sexo masculino, a menos que sua mente tenha sido incapacitada por loucura, velhice, drogas ou doença, ou a menos que ele esteja sob a influência de uma mulher, ou sob coação, ou tenha sido privado de sua liberdade”. • “Se alguém morre sem testar, e se tiver deixado filhas, vai para elas sua propriedade; se não, farão jus à propriedade os que se seguem: irmãos que sejam filhos do mesmo pai e filhos legítimos de irmãos terão a parte correspondente a seu pai. Se não há quaisquer irmãos ou filhos de irmãos..., seusdescendentes herdarão do mesmo jeito”. MUNDO GREGO ANTIGO ➢ Direito Espartano • O homem espartano, desde os sete anos de idade, ingressava no período de treinamento das forças armadas. Na juventude já era um exímio e perigoso guerreiro. • Encontravam-se eternamente resignados a vontade superior dos aristocratas que compunham a Assembléia do Povo, chamada em Esparta de Apella ou o Conselho de Anciãos, a Gerúsia, composto apenas por vinte e oito gerontes com idade igual ou superior a sessenta anos e por dois reis. Portanto, estes dois monarcas mais se assemelhavam a chefes militares. • As leis de Esparta tinham caráter eminentemente consuetudinário. MUNDO GREGO ANTIGO ➢ O teor costumeiro e casuístico do Direito Espartano é uma constante nos comentários dos filósofos. Vejamos o parecer de Aristóteles sobre a questão: ➢ “Outro absurdo não menos lamentável é ver pessoas colhidas ao acaso julgando em última instância os maiores casos. Seria necessário, pelo menos, que tivessem um código e julgassem de acordo com leis escritas, em vez de decidir, como fazem, de acordo com seus caprichos”. MUNDO GREGO ANTIGO • Licurgo foi um lendário legislador da polis de Esparta. • A organização estatal de Licurgo - era um rígido regime de formação possuía um caráter de obrigação social - imposição estatal, com o objetivo primordial de treinar cidadãos masculinos à vida militar espartana. • A Lei de Licurgo - educação dos jovens pela cidade de Esparta a partir dos 7 anos de idade - educação rígida - em "acampamento" até 18 anos e servirem mais 10 anos no exército de Esparta. MUNDO GREGO ANTIGO ➢ Direito Marítimo • Na Ilha de Rhodes perto da costa da Ásia menor, surge também a legislação comercial mais importante da Antiguidade e que continuou sendo a base do direito mercantil também para os romanos se estendendo até a Idade Média. • A origens dessas leis, situadas entre os séculos VIII e V a.C. foi consuetudinária baseadas em decisões de casos concretos e arbitragens. • Também muito famosas as leis Zeleuco (primeiro legislador que escreveu leis em Creta, primeira inscrição legal) MUNDO GREGO ANTIGO ➢ Em resumo: • Mister ser faz destacar que, a democracia na Grécia Antiga se apoiou na soberania popular, expressada pela viva voz dos cidadãos, no exercício de suas funções públicas, no direito de haver assento e voto nos tribunais, na participação cotidiana de que desfrutavam nas assembléias e conselhos. Deste modo, daí vieram as Cortes de Julgamento, inclusive com divisões nas áreas do Direito Público e Privado; Direito Civil e Penal, além das atribuições relacionadas também ao Direito de Família. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profª Lívia Rodrigues Aula 02 ➢Roma • Direito Romano Arcaico • Direito Romano Clássico • Direito Romano Pós-Clássico ROMA ➢ O que entendemos por Direito Romano? • Conjunto de normas vigentes em Roma desde a fundação até o período em que Justiniano falece. ➢ Direito Antigo ou Arcaico ➢ Monarquia Romana • Na época da Monarquia Romana, o cargo de rei era vitalício, sendo eleito pelo Senado que era formado por anciãos Patrícios. Além disso, Roma possuía uma Assembleia formada por cidadãos em idade militar. • Sociedade formada por patrícios (grandes proprietários de terra), plebeus (pequenos proprietários de terra), clientes e escravos. ROMA ➢ O que entendemos por Direito Romano? • Conjunto de normas vigentes em Roma desde a fundação até o período em que Justiniano falece. ➢ Direito Antigo ou Arcaico ➢ Monarquia Romana • Na época da Monarquia Romana, o cargo de rei era vitalício, sendo eleito pelo Senado que era formado por anciãos Patrícios. Além disso, Roma possuía uma Assembleia formada por cidadãos em idade militar. • Sociedade formada por patrícios (grandes proprietários de terra), plebeus (pequenos proprietários de terra) e escravos. ROMA ➢ Monarquia Romana • Direito era o costume; • Costume foi aos poucos sendo regulado e considerado como uma das fontes do Direito Romano; • Conforme Roma se foi se expandindo, os romanos viram que o Direito pelo costume tornou-se inviável, foi quando surgiram as lex, lei escrita com o objetivo de diminuir as tensões sociais da Plebe. ➢ República Romana • A República era governada pelo Senado que tornou-se a instituição mais importante desse período político, criando as magistraturas eletivas( caracterizavam-se como cargos eletivos para funções determinadas, por prazos de um ano, e podiam ser exercidas de forma colegiada, ou seja, dois ou mais por magistratura) com o objetivo de descentralizar o poder. ROMA • A terceira fonte do Direito durante o período da República eram os editos dos magistrados, uma espécie de declaração pública realizada no começo de cada ano para marcar o início do ano de magistratura. Com o passar do tempo, os editos deixaram de ser proclamados e passaram a ser escritos numa tábua, designada álbum e posteriormente dada ao próprio edito. • Nessa época, não tendo acesso as magistraturas e revoltados com o arbítrio dos magistrados, em 494 a.C. os plebeus saíram da cidade e se dirigiram-se ao Monte Sagrado, com o objetivo de fundar ali uma nova cidade, permaneciam no monte até terem as suas reivindicações totalmente atendidas. Nesse sentido, foram criadas uma série de leis objetivando a equiparação de direitos a essa classe que não possuía direito algum, como a Leis das XII Tábuas, de 450 a. C. sendo a primeira lei de “igualdade” entre patrícios e plebeus. ROMA • DIREITO ROMANO ARCAICO • Uma das principais características do Direito Romano Arcaico é que ele era exclusivo para os romanos cidadãos, em decorrência disso, era denominado ius civile (direito civil, direito dos cidadãos). Esse direito civil romano evidenciava tudo que pudesse contribuir para a preservação das tradições da cidade, como o patrimônio familiar, as propriedades de terras e a detenção dos direitos de possuir escravos. • Além disso, nessa época haviam os inquéritos policiais, onde o acusador recebia o magistrado para proceder as diligências. Durante os inquéritos, os magistrados eram responsáveis em se dirigir aos locais onde ocorreram os crimes, reunir as informações, fazer buscas e apreensões e intimar o indivíduo que presenciava um crime para arrolar a investigação e execução do caso a fim de descobrir realmente o que de fato aconteceu. • Pater Familias - Segundo a Lei das XII Tábuas, o homem na Roma antiga possuía poder total sobre a vida de seus filhos, da sua esposa, dos seus escravos e de todos os quais estavam sob sua mão, ou seja, poder de vida e morte. ROMA ➢ Direito Clássico • República romana apresenta uma série de revoltas sociais em virtude da má distribuição de renda. • Criação de um sistema de triunvirato, onde a cidade seria administrada por três governantes. • O Direito Clássico foi do final da República até o Alto Império. Esse período ficou marcado pela diminuição da liberdade dos cidadãos no Direito Público e pelo aumento na liberdade de contratação com prerrogativas no Direito Privado. • O direito pelo costume foi sucumbindo diante da confiabilidade do direito escrito e dos editos do Senado e dos imperadores. • Surgimento de Doutrinas e Jurisprudências. ROMA ➢ Direito Pós-Clássico • Época do Baixo Império • Unificação das leis do Império, para isso, seria necessário projetar um código no qual pudesse compilar todas as leis existentes na época. Essa compilação é conhecida como Corpus Juris Civilis e compreende quatro partes: Institutas (manual escolar), Digesto (compilação dos iura), Códex (compilação das leges) e Novelas (reunião das constituições promulgadas por Justiniano). • O Corpus Juris Civilis era basicamente a descrição do modo de vida dos Romanos. Nele foram compiladas algumas leis que já existiam, bem como, a criação de novas leis. Essa compilação serviu de base para a modernização do Direito Civil e representa um marcona evolução do âmbito jurídico, assim como, no que tange a distinção entre o Direito Público e o Direito Privado. ROMA ➢ Principais Institutos • Muitos conceitos, assim como os métodos de argumentações jurídicas utilizados nos dias atuais são decorrentes do Direito Romano que se perpetuaram na história e contribuíram significativamente para a evolução jurídica moderna. • Nessa época os Direitos de Família estavam todos em torno do pater familias e a família era vista como um patrimônio, como um meio econômico. • Inicialmente, os casamentos não eram regulados juridicamente, mas a partir do Século III, o matrimônio sofre grandes transformações, passando a ser um ato privado. • Outro instituto que se destacou na época foram os direitos reais, o direito de usar, gozar e dispor de tudo que era considerado seu bem. • A maior parte dos textos do Corpus Juris Civilis refere-se aos direitos das obrigações – Instituto do credor e devedor. ROMA • Os contratos estavam relacionados com as vendas, troca, locações, mandatos, depósitos, com as sociedades, etc.