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Nos continentes africano e asiático, grande parcela 
da população reside nas áreas rurais e está empregada 
nas lavouras. Nos países subdesenvolvidos, a agricultura 
representa boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) e 
emprega um gigantesco número de trabalhadores. Por outro 
lado, nas nações industrializadas, tais atividades ocupam uma 
pequena quantidade de trabalhadores. 
A tecnologia e a mecanização usada pelos países ricos 
otimizam a atividade e colocam muitos deles, em especial 
aqueles que possuem grande área cultivável, como os Estados 
Unidos, entre os maiores produtores e exportadores mundiais 
do setor. 
Diante de um quadro de crise mundial e aumento da 
demanda por produtos agrícolas, tendo em vista que a 
Organização das Nações para a Agricultura e a Alimentação 
prevê uma população mundial de 9 bilhões de pessoas em 
2050, o desafio tanto para os países desenvolvidos quanto 
para os subdesenvolvidos é o crescimento da produção de 
forma a prejudicar o mínimo possível o meio natural.
HISTÓRICO
A transformação do espaço natural em espaço geográfico 
iniciou-se com a agricultura. Na Pré-História e durante 
milhares de anos, a forma de utilização da natureza exercida 
pelo homem primitivo foi, principalmente, a produção 
natural, isto é, a coleta e a caça. Os vegetais (especialmente 
raízes e frutos) e os animais (caça e pesca) eram recolhidos 
da natureza para sua alimentação e sobrevivência.
Alguns povos primitivos da África, das Américas, da Oceania 
ou mesmo das sociedades mais complexas que precisam das 
matérias-primas para industrialização e comercialização 
ainda praticam esse tipo de economia voltada para a coleta. 
No entanto, para o abastecimento alimentar das populações, 
foi necessário que se desenvolvessem novas formas de 
produção. Isso foi responsável por promover o plantio das 
sementes em escala cada vez maior.
As mudanças de demanda e produtividade que marcaram 
a transição entre a coleta e a produção agrícola foram 
fundamentais para a expansão dos cultivos em todo o 
mundo. Os agricultores primitivos eram nômades e, como 
não possuíam técnicas nem instrumentos adequados, não 
conseguiam obter grandes produções. Sem as técnicas 
modernas de adubação, o solo perdia sua capacidade 
produtiva rapidamente, obrigando os camponeses a 
mudarem constantemente o local de cultivo e moradia. 
Já os agricultores modernos encontram-se fixados em suas 
terras e utilizam técnicas e instrumentos que permitem uma 
maior produção.
Com o passar do tempo, algumas civil izações, 
principalmente os povos chineses, japoneses, egípcios, 
incas e maias, aprenderam a irrigar e a adubar a terra para 
melhor aproveitá-la, utilizando técnicas de irrigação e certos 
materiais, como cinzas, estercos e húmus.
 Nesse contexto, ocorreu a primeira grande divisão social 
do trabalho entre tribos de pastores e de agricultores, 
bem como entre os sexos, em virtude do aparecimento da 
lavoura e da pecuária. Posteriormente, as transformações 
ocorridas na agricultura derivaram de situações semelhantes, 
em termos de novas necessidades econômicas.
 O desenvolvimento da agricultura é condicionado a certos 
fatores limitantes. Por ser uma atividade ligada diretamente 
à terra, o solo e o clima são os fatores mais importantes para 
a expansão da agricultura, também pelo fato de as plantas 
se adaptarem melhor a condições climáticas e pedológicas 
específicas. Nesse sentido, há plantas e produtos típicos dos 
climas quentes e úmidos, como o cacau, a juta, a seringueira 
e a cana de açúcar; e outros específicos de climas quentes 
e secos, como o algodão e o sisal. Nos climas temperados 
mais amenos existem os cultivos de trigo, beterraba e batata, 
além da aveia nos temperados mais frios. Há ainda certos 
tipos de vegetais adaptáveis a climas distintos, como os 
tropicais de ciclo vegetativo mais curto (plantação-colheita), 
que podem ser cultivados durante o período de primavera-
-verão em regiões de clima temperado.
Com relação aos solos, sabemos que certos vegetais têm 
melhor desenvolvimento em determinados tipos de solo. 
A cana-de-açúcar, por exemplo, se adequa a solos argilosos, 
sobretudo no massapê; já o café se adapta a solos de origem 
vulcânica, como a terra-roxa; o algodão e o amendoim 
são adaptáveis aos siliciosos, enquanto outras plantas se 
desenvolvem melhor em solos arenosos, argilosos, aluviais 
ácido, salino, alcalino, entre outros.
O relevo tem, também, grande importância na distribuição 
e na localização das plantas. Alguns vegetais se desenvolvem 
nos planaltos, como o café; outros apresentam maior 
adaptação às planícies aluviais ou aos deltas dos rios, 
por serem muito úmidos e alagados, como o arroz; outros, 
as encostas úmidas das serras. Há, assim, uma gama enorme 
de preferências de cada espécie vegetal por determinadas 
condições naturais, de relevo, de clima e de solos.
Subordinação do Campo 
à Cidade e os Sistemas Agrícolas
MÓDULO
10
FRENTE
BGEOGRAFIA
89Bernoulli Sistema de Ensino
Apesar da importância cada dia mais acentuada da 
indústria, a agricultura tem grande valor, pois é a base 
de toda economia. Ela não só fornece matéria-prima para 
transformação, como também é a base da alimentação 
humana. Ela é a principal fonte de renda para numerosos 
países subdesenvolvidos, embora os seus produtos sejam 
menos valorizados que os industriais.
A SUBORDINAÇÃO 
DO CAMPO À CIDADE
O crescimento do consumo e a busca por produtividade 
cada vez maior na agricultura fortaleceu o seguimento que 
reestruturou as técnicas e o escoamento dos produtos. Para 
isso, a agroindústria ligada ao agrobusiness tem transformado 
o campo em um espaço produtivo, como das fábricas e 
linhas de montagem, visando ao mercado interno dos países 
e, principalmente, à exportação. O agrobusiness é uma 
modalidade da agricultura moderna que recebe intensos 
investimentos de capitais e de tecnologia. A produção em 
grande escala visa, principalmente, à exportação dos produtos 
agrícolas. As commodities, por sua vez, nome que os produtos 
primários recebem no mercado financeiro, são negociadas 
em bolsas de mercadorias e futuros (as BMFs). Nessas 
negociações, os países desenvolvidos levam vantagem sobre os 
subdesenvolvidos no comércio exterior dos produtos agrícolas.
A competição não envolve apenas a capacidade técnica 
e científica. Os mais ricos, reunidos em blocos econômicos, 
têm o protecionismo de seus setores agrícolas (subsídios, 
dificuldades para as importações e facilidades para as 
exportações), assim, aumentam o seu poder de competição 
no mercado internacional. A agricultura sempre foi privilegiada 
pela política desses países, ao passo que, no interior dos blocos 
econômicos, o discurso é a “livre circulação de mercadorias”. 
Essa política faz com que a desigualdade econômica 
entre os países do Norte e do Sul aumente ainda mais. 
Além disso, as principais commodities, geralmente produzidas 
em países subdesenvolvidos, apresentam preços mais baixos 
no mercado mundial.
Na União Europeia, essa prática é chamada de Política Agrária 
Comum, em que foi dada preferência de compra aos produtos 
europeus; uma tarifa comum para exportações para fora do 
bloco foi fixada; a unificação do mercado agrícola europeu foi 
adotada, e um preço único por produto foi estabelecido.
Nos Estados Unidos, para sustentar a renda da agropecuária, 
a Lei Agrícola (Farm Bill) apoia os produtos rurais. Por falta 
de recursos, os países subdesenvolvidos da Ásia, da América 
Latina e da África não têm como enfrentar esse protecionismo 
ou imitá-lo com os mesmos subsídios. Por isso, é preciso 
que os órgãos que regulamentam o comércio internacional 
tentem reverter urgentemente essa situação, dando a todos 
oportunidades iguais no mercado externo.
EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA
Com a Revolução Industrial, a agricultura alcançou um 
avançado estágio de desenvolvimento técnico e científico. 
No entanto, esse estágio beneficiou apenas uma porção 
restrita da humanidade ‒ os países desenvolvidos ‒, enquantoa grande maioria da população dos países subdesenvolvidos 
ainda passa fome.
A agricultura passou por diversos períodos desde que o 
homem passou do estágio de coleta para o de plantio. Vista 
como atividade humana, e sob o prisma do uso rudimentar 
de aparelhos e de recursos técnicos e científicos, a agricultura 
pode ser dividida em três etapas fundamentais: a arcaica, 
a moderna e a contemporânea. 
Agricultura arcaica
É a agricultura praticada pelos povos primitivos e que 
evoluiu muito pouco através dos tempos. Até o século XVII, 
foi praticada de modo rudimentar, sendo utilizadas 
ferramentas antigas e manuais. A força de trabalho humano 
e a tração animal são predominantes, possui baixas produção 
e produtividade e é considerada agricultura de subsistência, 
baseando-se nos alimentos básicos da população, como 
arroz, milho, feijão, mandioca, cará, inhame e na criação 
de pequenos animais. 
Ainda hoje, é encontrada em diversas partes do globo, 
principalmente nos países subdesenvolvidos e em povos 
tribais da África, Ásia e Américas. 
Agricultura moderna
Surgiu com o desenvolvimento da Revolução Industrial 
na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra. 
É caracterizada pelo uso de instrumentos mais modernos, 
de máquinas no campo (ainda que rudimentares), por um 
sistema mais racional de plantio com rotação de cultura e 
aplicação de corretivos químicos e adubação, o que faz com 
que a produção e a produtividade aumentem.
Com o surgimento da agricultura moderna, a sociedade 
sofreu transformações, principalmente no segmento dos 
camponeses. Como as máquinas ocuparam em parte o 
lugar dos trabalhadores, ocorreu um grande desemprego 
no campo, fazendo com que os trabalhadores rurais 
se dirigissem para as cidades em busca de ocupação 
nas indústrias. Assim, as cidades começaram a crescer 
desordenadamente e a formar uma população periférica 
de baixa renda.
Novas atividades agrícolas foram criadas, estimulando 
o cultivo de determinados produtos. Desenvolveram-se 
novos mercados e modificaram-se as relações de produção, 
inclusive o sistema alimentar. Foram introduzidos, 
no campo, formas e mecanismos de financiamentos típicos 
da economia capitalista. O sistema de transportes e o 
processo de comercialização foram ampliados, abrindo novas 
regiões produtoras.
A exploração agrícola, à medida em que a penetração 
capitalista se acentua, torna-se cada vez mais um comércio 
como outro qualquer. 
Agricultura contemporânea 
Corresponde à fase mais evoluída da agricultura, quando 
são criadas as grandes máquinas agrícolas, como as 
aradeiras, semeadeiras, colheitadeiras, etc. Para o aumento 
de produção e de produtividade, faz-se necessário o uso 
de produtos químicos como os inseticidas, pesticidas, 
fungicidas, além dos adubos químicos. Os grandes 
investimentos de capitais, a aplicação de conhecimentos 
científicos, o uso da biologia e da química, bem como de 
mão de obra especializada dos agrônomos, entre outros, 
fazem a integração indústria-agricultura.
Atualmente, as lógicas do mundo capitalista são 
fundamentais para a compreensão dos problemas agrários, 
como:
• Diminuição da população rural, inclusive nos países 
subdesenvolvidos; 
• Presença de uma superpopu lação re la t iva: 
a evolução técnica diminui cada vez mais a mão de obra 
necessária, apesar da absorção da população do campo 
pelas cidades;
• A mão de obra rural torna-se cada vez mais composta 
de operários agrícolas; 
• O tamanho das propriedades rurais tende a aumentar 
em função da concentração de renda, intensificação 
do agronegócio e, por conseguinte, da exportação de 
produtos agrícolas; 
• Há uma crescente especialização da produção, com 
tendência à monocultura, determinada pela mecanização 
e pelas técnicas; 
• O preço dos produtos para o produtor está, em geral, 
cada vez mais baixo, devido ao aumento da oferta;
• O desequilíbrio entre a produção e o mercado, com 
excedentes nos países desenvolvidos e insuficiência de 
alimentos nos países subdesenvolvidos; 
• Crescimento maior dos produtos destinados às indústrias, 
com prejuízos para os produtos alimentícios; 
• Desequilíbrio entre uma parte da agricultura altamente 
produtiva e outra estagnada, mesmo dentro de um 
mesmo país; 
• Permanente intervenção do Estado na economia agrícola, 
seja com protecionismo ou com incentivos fiscais 
e econômicos; 
• A agricultura torna-se cada vez mais um negócio 
financeiro, muitas vezes, especulativo.
SISTEMAS AGRÍCOLAS
De acordo com as condições naturais, com a evolução 
histórica da população e com os recursos econômicos e 
naturais, o sistema agrícola de cada região sofre mudanças 
que estão ligadas às variações de três grandes fatores que 
colaboram para a produção agrícola: a terra, o capital e 
o trabalho.
A terra O capital O trabalho
É o local de 
fixação das 
sementes e é 
o que define o 
tamanho das 
propriedades.
É o fator que 
define se o sistema 
agrícola é atrasado 
ou moderno, 
intensivo 
ou extensivo.
Utiliza muita ou 
pouca mão de 
obra, que pode 
ser qualificada ou 
desqualificada.
De acordo com a predominância de um desses fatores, 
o sistema agrícola poderá ser classificado em função do grau 
de capitalização e do índice de produtividade. 
• Intensivo: O elemento principal é o capital. Seu 
uso torna-se mecanizado, havendo a utilização de 
mão de obra qualificada; além disso, ocorre o uso 
intensivo de adubação e de correção dos solos. Como 
consequência, há o aumento da produção destinada 
principalmente ao mercado externo.
• Extensivo: O elemento principal é a terra, e há 
pouco uso de tecnologia. A produção se destina ao 
consumo familiar ou ao comércio local, com o intuito 
de se arrecadar dinheiro para a compra de outros 
produtos.
A mão de obra do tipo familiar e não qualificada é reduzida. 
Agricultura intensiva Agricultura extensiva
• Uso permanente do solo
• Rotação de cultura
• Uso de fertilizantes 
 químicos
• Seleção de sementes
• Mecanização
• Grande rendimento
• Mão de obra qualificada
• Uso de “queimada”
• Esgotamento dos solos
• Desmatamento
• Rotação de terras
• Produção familiar
• Mão de obra escassa e 
 não qualificada
TÉCNICAS DE CULTIVO
Algumas formas de cultivo podem reduzir sensivelmente as 
perdas de solo, amenizando, inclusive, os efeitos da erosão. 
Veja, a seguir, alguns exemplos.
Rotação de culturas
No cultivo alternado, é plantada, em uma parte do solo, 
uma cultura mais exigente, como os cereais, e, em outra, 
uma leguminosa, como feijão, tremoço ou feno. Após cada 
colheita, os produtos de cada lado do terreno são alternados. 
As leguminosas têm a propriedade de melhorar as condições 
do solo, enriquecendo-o com o nitrogênio, muito importante 
para o desenvolvimento das raízes dos vegetais. Por isso, 
a alternância das leguminosas com as culturas mais 
exigentes é tão importante para a manutenção da fertilidade 
do solo.
Frente B Subordinação do Campo à Cidade e os Sistemas AgrícolasMódulo 10
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9190 Bernoulli Sistema de EnsinoColeção 6V

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