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Observação A ligação glicosídica é denominada -1,4 pois é formada pelo carbono 1 de um monossacarídeo, que apresenta configuração , e pelo carbono 4 do outro monossacarídeo que participa da ligação. O dissacarídeo sacarose é formado pela união entre uma molécula de glicose e uma de frutose, conforme representado na figura a seguir: 6CH2OH H H OH O H OH HO H OH O OH H sacarose CH2OHH 5 O 4 OH H OH 3 H 1 OH 2 H OH ligação 1,2 -D-glicosepiranose 6 CH2OH + H2O O 5 H H 4 3 OH H OH 2CH2OH O H HO H CH2OH CH OH2 1 -D-frutosefuranose15 Figura 10 – Formação da sacarose através da ligação entre -glicose (-D-glicosepiranose) e -frutose (-D-glicosefuranose) Generalizando a reação de formação de monossacarídeos, temos:16 Monossacarídeo + Monossacarídeo Dissacarídeo + H2O A sacarose é encontrada principalmente na cana-de-açúcar e na beterraba; a lactose é encontrada no leite e a maltose é obtida da hidrólise do amido. Observação Como os bombons cujo interior é líquido são preenchidos? Primeiramente, é feita uma pasta através da mistura de sacarose e água, a seguir, é adicionada uma enzima chamada invertase, e essa mistura é coberta com chocolate. A invertase hidrolisa a molécula de sacarose em glicose e frutose. A sacarose tem 12 carbonos e tanto a glicose quanto a frutose têm 6. As moléculas de 6 carbonos são mais solúveis e, portanto, devido à ação da invertase, o conteúdo do bombom, que antes era de aspecto cristalino, torna-se líquido. A definição de oligossacarídeos varia nos livros de Bioquímica, alguns consideram que, para serem assim considerados, têm que ter de 3 a 10 monossacarídeos (FERREIRA; JARROUGE; MARTIN, 2010); outros afirmam que, para ser um oligossacarídeo, é necessário ter entre 3 e 12 monossacarídeos (RICHARD; DENISE, 2012). Acima de 10 ou 12 monossacarídeos, o composto é considerado um polissacarídeo. Existem autores que consideram que os carboidratos são divididos em apenas três classes: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos e que, acima de 20 monossacarídeos ligados, o composto deve ser denominado polissacarídeo. De acordo com essa definição, os dissacarídeos são considerados oligossacarídeos (NELSON; COX, 2006). Alguns exemplos de polissacarídeos são o amido e o glicogênio, que são formas de armazenar energia; e a celulose e a quitina, que são componentes estruturais. Os polissacarídeos são diferentes nos tipos de monossacarídeos que os constituem, nos tipos de ligações, nas ramificações e no tamanho da cadeia. O amido é a forma de armazenamento de vegetais e é constituído por dois polímeros de glicose: a amilose e a amilopectina. A amilose é constituída por moléculas de -glicose ligadas de maneira linear através de ligações glicosídicas -1,4. A amilopectina é uma cadeia ramificada, em que a parte linear é formada através de ligações -1,4, e as ramificações são formadas por ligações -1,6 (figura a seguir). As fibras de amilose e amilopectina formam duplas hélices (NELSON; COX, 2006). Unidade I 17 A. 6 CH2OH 6 CH2OH 5 C OH C 3 O 5 C OH C 3 O 4 C C 1 + O 4 C C 1 C 2 OH C 2 OH n |B. 6CH2OH 5 4 C C OH C 3 O C 1 C 2 OH O Ramificação -1,6 6 CH2 5 4 C C OH C 3 O C 1 C 2 OH Figura 11 – A) amilose; B) amilopectina A figura anterior representa amilose e amilopectina. A primeira é formada por moléculas de -glicose conectadas linearmente por ligações glicosídicas -1,4. O n representa a quantidade de moléculas de -glicose. A segunda também é constituída de moléculas de -glicose conectadas linearmente por ligações glicosídicas -1,4; porém com ramificações nas quais as moléculas de -glicose conectam-se através de uma ligação glicosídica -1,6. Nas ramificações, ou seja, as posições nas quais há ligações glicosídicas -1,6, são encontradas de 24 a 30 moléculas de glicose da cadeia principal, as quais são formadas por ligações -1,4. O amido é encontrado na batata, no trigo, no arroz, no milho, na mandioca entre outros, conforme mostra o quadro a seguir: Quadro 2 – Porcentagem de amido presente em alguns vegetais Vegetais Porcentagem de amido Batata 15 Trigo 55 Arroz 65 Milho 75 Fonte: Usberco; Salvador (2010, p. 722). BIOQUÍMICA 18 Observação A presença de amido pode ser testada utilizando uma solução de iodo. Na presença de amido, o iodo produz uma coloração azul-violeta (conforme figura a seguir). Figura 12 – Teste com iodo em um pedaço de batata O glicogênio, o polissacarídeo de reserva animal, é muito similar à amilopectina, porém tem um maior número de ramificações. Uma ramificação é identificada a cada 8 a 12 unidades de glicose. Tanto o amido quanto o glicogênio são altamente hidratados devido à interação entre os grupos hidroxilas e a água. Essa interação é chamada ligação de hidrogênio. O glicogênio perfaz de 4 a 8% da massa do fígado e também está presente nos músculos esqueléticos, representando de 0,5 a 1% da massa. A celulose é uma substância fibrosa encontrada na parede celular dos vegetais, particularmente em troncos e galhos, perfaz quase toda a massa da madeira e quase 100% da massa do algodão (FRANCISCO JÚNIOR, 2008). A celulose é um polímero linear constituído por moléculas de glicose, porém essas moléculas estão na configuração , formando ligações glicosídicas -1,4. Lembrete No processo de ciclização da glicose, são formadas a -glicose e a -glicose; sendo que o glicogênio e amido são formados por -glicose, e a celulose é formada por -glicose. Unidade I A quitina é um polissacarídeo linear formado por moléculas de N-acetil-D-glicosamina em ligação . Ela é o principal componente do exoesqueleto duro de artrópodes como insetos, lagostas e caranguejos. Veja a figura a seguir:19 6 CH2OH NHCONH3 5 4 C C OH C3 O O 3 C 1 4 C C OH O 2 C 1 O C 2 NHCONH3 5 C O O 6 CH2OH n Figura 13 – Quitina, em que “n” representa a quantidade de moléculas de N-acetil D-glicosamina Lembrete Alguns carboidratos têm nitrogênio em sua estrutura, e a N-acetil D-glicosamina é um exemplo. A parede celular das bactérias apresenta peptideoglicanos constituídos por um polímero com unidades alternadas de N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico. Essas cadeias polissacarídicas são ligadas por peptídeos. 1.1.1 Classificação dos monossacarídeos quanto ao grupo funcional As funções orgânicas encontradas em carboidratos são aldeído e cetona. Aqueles que apresentam a função orgânica aldeído são chamados aldoses e os que apresentam cetona são chamados cetoses. Observação Os compostos orgânicos foram agrupados conforme estruturas comuns, esses grupos são chamados de funções orgânicas. Cada função orgânica é caracterizada por um grupo funcional. Denomina-se aldeído todo composto orgânico que tem o grupo carbonila ligado a 1 hidrogênio; e cetona o que tem o grupo carbonila entre 2 carbonos (figura a seguir). O grupo funcional aldeído está sempre em uma extremidade da cadeia; já o grupo funcional cetona está sempre em uma porção interna da cadeia. BIOQUÍMICA A. O C B. O C. O C H C C C Figura 14 – Grupos funcionais presentes em carboidratos. A) grupo carbonila; B) grupo funcional da função orgânica aldeído; C) grupo funcional da função orgânica cetona A glicose apresenta o grupo funcional da função orgânica aldeído, sendo considerada uma aldose. E a frutose apresenta o grupo funcional da função orgânica cetona, sendo considerada uma cetose. Veja a figura a seguir: Unidade I A. O H B. CH2OH C C O H C OH HO C H H C OH HO C H H C OH H C OH H C OH CH2OH CH2OH20 Figura 15 – A) glicose com o grupo funcional da função orgânica aldeído destacado em vermelho; B) frutose com o grupo funcional da função orgânica cetona destacado em vermelho Observação Algumas substâncias são imagens uma da outra no espelho, elas são chamadas de enantiômeros e denominadas com D e L. Nos seres humanos, a substância predominante é a D. Como os carboidratos apresentam vários grupos hidroxilas e podem ser aldeídos ou cetonas, eles são considerados poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, respectivamente. 1.1.2 Classificação dosmonossacarídeos em relação ao número de carbonos De acordo com o número de átomos de carbonos que o carboidrato tem na sua estrutura, pode ser classificado como: triose (3), tetrose (4), pentose (5), hexose (6), heptose (7) e nonose (9). 2 DEGRADAÇÃO DOS CARBOIDRATOS 2.1 Introdução ao metabolismo Metabolismo é o nome dado a todas as reações químicas que ocorrem no organismo. O metabolismo pode ser dividido em várias vias, ou seja, em sequências de várias reações químicas, como a via glicolítica ou a via de síntese do glicogênio. Nelas, o produto de uma reação química transforma-se no substrato da próxima (figuras 16 e 17).21 A B C D E F Figura 16 – Exemplo simplificado de uma via. As letras representam substâncias que estão passando por reações químicas. A substância A é transformada na substância B que, por sua vez, é transformada na substância C; essa sequência de transformações acontece até a substância F ser formada Na via mostrada na figura anterior, a substância A é chamada de substrato; a substância F, de produto final; e as substâncias B, C, D e E de intermediárias da via. Observação Nas reações químicas, as substâncias que são utilizadas como matérias- primas da reação são chamadas de reagentes ou substratos, e as que são produzidas, chamadas de produtos.V Via 2G H I J K ia 3 Via 1 A B C D E F L M N O P Figura 17 – Exemplo simplificado de metabolismo. As vias 1, 2 e 3 formam conexões, estabelecendo uma rede de reações químicas BIOQUÍMICA Para que o metabolismo22 image3.png image4.jpeg image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image1.png image2.png