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Clínica Médica de cães e gatos Data: 25/11/2024 (Segunda) Aluna: Scarlett Sampaio F. Professora: Adriana C. DOENÇAS DO SISTEMA NEUROLÓGICO - parte 4 Epilepsia Diferença entre convulsão e epilepsia: a convulsão é um sintoma da epilepsia, enquanto a epilepsia é uma doença que causa convulsões repetidamente. Convulsão: · É uma Manifestação clínica, um sinal de que algo não está bem com o SNC. · Crises generalizadas com componente motor tônico clônico; · É um distúrbio no qual se verifica a contratura muscular involuntária de todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas cerebrais. · A convulsão é o principal sintoma da epilepsia, mas não é o único. EPILEPSIA CANINA: · É uma doença. · A crise epiléptica é definida como a manifestação clínica de descargas neuronais paroxísticas, excessivas e, especialmente, hipersincrônicas de uma população neuronal que, geralmente, são autolimitantes. · Epilepsia é um distúrbio encefálico caracterizado por alterações no ambiente neuronal que predispõem à ocorrência de crises epilépticas (convulsões) espontâneas e recorrentes. · A epilepsia idiopática é um dos fatores que mais causam convulsões em cães, mas a causa exata é desconhecida. · A epilepsia não tem cura, mas alguns tratamentos anti- convulsivos podem reduzir a frequência da crise e melhorar a vida do animal. · Epilepsia é uma doença e as crises epilépticas (convulsões) são manifestações clínicas. ETIOLOGIA: · Complexa; · Distúrbios nos canais iônicos neuronais (Na, K, Cl) ocorrendo um distúrbio entre a atividade simpática excitatória e inibitória. · Para compreender a base das crises epilépticas, deve-se ter mente que os neurônios têm um limiar epiléptico, determinados pela genética de cada animal e por alterações no ambiente neuronal, principalmente no que se refere a alterações do equilíbrio entre inibição e excitação neuronal. A comunicação normalmente ocorre por meio de sinapses envolvendo, principalmente, neurotransmissores excitatórios como o glutamato e inibitórios como o ácido gama amino butírico (GABA). O desequilíbrio nessa transmissão e geração do impulso pode gerar atividades anômalas com excitação excessiva, ou inibição reduzida, resultando em crises epilépticas. · Envolvimento de neurotransmissores: GABA (ácido gama aminobutírico neurotransmissor inibitório) e seus receptores Glutamato - neurotransmissor excitatório (cognitiva, motora, sensitiva e memória). CLASSIFICAÇÃO: Idiopática (primária) - fatores genéticos: · Algumas raças predispostas: Border Collier, Beagle, Labrador e Golden, Cocker Spaniel São Bernardo, Boxer e Lhasa Apso. · Crises epiléticas (convulsões) entre 1 a 5 anos de idade. · É a causa mais comum de epilepsia em cães, não tem uma causa definida, mas é caracterizada por crises epilépticas recorrentes. Secundária (alterações estruturais encefálicas): · Também é conhecida como epilepsia sintomática; · Desencadeada por uma doença de origem intracraniana progressiva ou trauma: · Neoplasias, infecção ou inflamação do SN, traumas, doenças vasculares encefálicas e doenças metabólicas (encefalopatia hepáticas, distúrbios eletrolíticos e da glicose sérica). FOCO EPILEPTIFORME: · São crises epilépticas parciais ou focais que podem ser desencadeadas por descargas elétricas anormais localizadas em um dos hemisférios cerebrais ou em determinadas regiões (hipocampo, lobo parietal, lobo temporal) · Região motora afetada (movimentos de pedalagem, contração rítmica dos músculos faciais e mastigatórios, movimentos anormais de um ou mais membros); · Região do SNA (emese (vômito), diarreia, dor abdominal, sialorreia intensa (baba em excesso)); · Região comportamental (confusão mental, agressividade, ansiedade e não responsivo aos estímulos); · Podem progredir para o status epilepticus (crise convulsiva grave por mais de 5 minutos) ou clusters. ESTÁGIO DAS CRISES EPILÉPTICAS: 1. Pródromo: Fase anterior a convulsão Alterações do comportamento algumas horas antes ou dias antes das crises: ansiedade, medo, inquietação, vocalização descontrolada, estático ou procurar atenção do tutor 2. Aura ou pré- ictus: Ocorre minutos ou segundos antes da convulsão Cães tentam se esconder ou procurar os tutores Vômitos Ansiedade 3. Ictus (convulsão propriamente dita): Dura alguns minutos, apresenta os principais sintomas da crise Estagio Tônus muscular e movimentos musculares involuntários Atividades motoras involuntárias Sialorreia excessiva Midríase Micção Defecação 4. Pós-ictus Fase de recuperação Desorientação Letargia Ataxia Polifagia Agressividade Perda de visão e/ou audição Incontinência urinária ou fecal Sono excessivo STATUS EPILEPTICUS: Convulsão com duração igual ou superior a 5 minutos, sem recuperação da consciência ou, quadro de convulsões múltiplas sem recuperação total da função neurológica entre esses episódios. Pode desencadear complicações (hipertermia, hipoglicemia, hipóxio, hipotensão, pneumonia por aspiração e parada cardiorrespiratória) Caráter emergencial CLUSTERS: Duas ou mais convulsões no período de 24h, em que o animal recupera a consciência entre elas. Pode acarretar um status epilepticus (se a crise perdurar por mais de 5 minutos). DIAGNÓSTICO · Resenha; · Anamnese criteriosa: Descrição das crises, frequência, intervalo entre um episódio e outro; Hábitos de alimentação, defecação e micção; Exposição com outros cães; Vacinação; Traumas e intoxicações. · Exame fisico geral; · Exame neurológico; · Exames laboratoriais: Hemograma (leucocitose ou leucopenia); Glicemia; ALT, AST, FA, Ureia, Creatinina, ácidos biliares e cálcio; Painel de eletrólitos. Exames de imagem para pacientes com suspeita de neoplasias do crânio ou nasal, tumores ósseos, fraturas, hemorragia intracraniana. · Radiografia; · Tomografia; · Ressonância magnética; · Ultrassonografia abdominal. TRATAMENTO: · Reduzir ou eliminar as crises convulsivas; · Reduzir a severidade das convulsões; · Evitar efeitos adversos e reduzir a mortalidade e mobilidade relacionadas com as convulsões; · Recomendado iniciar o tratamento antiepiléptico em cães com epilepsia idiopática quando: apresentam três ou mais ataques num ano, aumenta a frequência ou gravidade dos ataques, no caso de status epilepticus, sinais pós-ictais graves ou longa duração, sinais de agressividade durante ou depois do ataque. · Tutor mostra um interesse forte em tratar as convulsões independentemente da frequência ou severidade das mesmas. · Restabelecer o equilíbrio entre excitação e inibição neuronais; · Ter ação antiepiléptica, mas não epilepitogênica. Opções de tratamento para epilepsia em cães: MEDICAMENTO Droga de 1º linha ou adjuvante? Dose Fenobarbital Primeira linha 3 mg/kg duas vezes ao dia (SID) Brometo de potássio Primeira linha 15 mg/kg duas vezes ao dia como medicamento adjuvante ou 20 mg/kg duas vezes ao dia como medicamento de primeira linha Levetiracetam Adicional 10 a 20 mg/kg 3 ou 4x ao dia Gabapentina Adicional 10 mg/kg 3x ao dia Zonisamida Adicional 10 mg/kg 2x ao dia image1.png