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Conhecimento Morfofuncionais de Cabeça e Pescoço 4° Período de Odontologia Alunos: Oséias Pontes, Ellen Pitaluga, Jane Pacheco, Milena Pacheco, Bruno Teodoro Fendas Orais e Palatinas Do Diagnóstico à Reabilitação Completa UNA – Catalão 2024 1. Introdução às Fendas Orais e Palatinas • Definição e Tipos: A fenda labial (ou lábio leporino) é uma alteração congênita que acontece quando os tecidos que deveriam formar o lábio superior não se juntam de forma correta durante o desenvolvimento do feto. Isso pode criar uma abertura ou separação no lábio, que pode ser de um lado só (unilateral) ou dos dois lados (bilateral). Tipos de fenda labial: 1. Fenda labial unilateral: - Aparece em apenas um dos lados do lábio superior. - Pode ser: -Completa: Quando a fenda vai do lábio até o nariz, separando completamente as estruturas. - Incompleta: Quando a fenda fica apenas no lábio e não chega até o nariz. - Este tipo de fenda é o mais comum. 2. Fenda labial bilateral: - Acontece em ambos os lados do lábio superior. - Pode ser: - Completa: Quando as duas aberturas se estendem até o nariz em ambos os lados. - Incompleta: Quando as fendas ficam limitadas ao lábio, sem alcançar o nariz. - Em muitos casos, a fenda labial bilateral vem acompanhada de uma fissura no céu da boca (palato), já que essas condições frequentemente ocorrem juntas. A fenda labial, assim como a fissura palatina, é uma das malformações congênitas mais comuns no mundo, afetando o desenvolvimento do lábio e/ou palato. Aqui está um resumo sobre a epidemiologia, prevalência global e regional, e fatores de risco envolvidos: Epidemiologia e Prevalência Global e Regional: - A prevalência global de fendas labiopalatinas varia bastante entre diferentes populações e regiões do mundo. - A média global é estimada entre *1 a 2 casos por 1.000 nascidos vivos*, embora esses números possam ser mais altos em algumas populações. - Regiões asiáticas tendem a apresentar uma prevalência maior, com taxas chegando a 1,5 a 2,5 por 1.000 nascidos vivos. - Países da América Latina e Europa têm uma prevalência intermediária, cerca de 1 por 1.000 nascidos vivos. - Em populações africanas, a prevalência é geralmente menor, variando de 0,3 a 1 por 1.000 nascimentos. Fatores de Risco Associados: 1. Fatores Genéticos: - A hereditariedade desempenha um papel importante nas fendas labiopalatinas. Se um dos pais tem a condição, o risco para os filhos aumenta significativamente. - Certas mutações genéticas e síndromes, como a Síndrome de Van der Woude, estão associadas a um maior risco de desenvolver fenda labial ou palatina. - Estudos mostram que mais de *400 genes* podem estar relacionados ao desenvolvimento dessas malformações, sendo o IRF6 um dos mais associados. 2. Fatores Ambientais: - Exposição a toxinas ambientais durante o início da gravidez pode aumentar o risco de malformações. - O uso de certos medicamentos, como anticonvulsivantes e corticoides, durante a gravidez está ligado a uma maior chance de o feto desenvolver fenda labial. - A falta de ácido fólico na alimentação materna também pode contribuir para o surgimento de anomalias congênitas. 3. Hábitos Maternos na Gravidez: - Tabagismo durante a gestação é um dos principais fatores de risco relacionados a fendas labiopalatinas. Estudos indicam que mulheres que fumam durante a gravidez têm até 30% mais chances de gerar um bebê com essa malformação. - O *consumo de álcool* durante a gravidez também está fortemente ligado a anomalias congênitas, incluindo fendas labiais e palatinas. - A má nutrição materna, especialmente a falta de vitaminas essenciais como o ácido fólico, é um fator de risco significativo. Outros Fatores: - Idade materna avançada pode estar associada a um risco ligeiramente aumentado de malformações congênitas, incluindo fenda labial. - Infecções maternas durante a gravidez, como a rubéola, podem influenciar o desenvolvimento do bebê, incluindo a formação da face. Esses fatores mostram que a fenda labiopalatina tem uma origem multifatorial, envolvendo tanto predisposições genéticas quanto influências ambientais e comportamentais. As fendas orais e palatinas são malformações congênitas que afetam a formação do lábio e do palato, resultando em fendas que podem variar em gravidade. O diagnóstico precoce, tanto pré-natal quanto pós-natal, é crucial para o planejamento do tratamento e intervenções adequadas. 2. Diagnóstico Pré-Natal e Pós-Natal Diagnóstico Pré-Natal 1. Uso do ultrassom e outros métodos: - O ultrassom obstétrico, especialmente em sua forma de alta resolução, pode identificar fendas labiais e palatinas a partir da 13ª semana de gestação. Métodos avançados, como a ultrassonografia 3D, aumentam a precisão do diagnóstico. - Outras técnicas, como a ressonância magnética, podem ser usadas em casos mais complexos, mas são menos comuns. 2.Importância do diagnóstico precoce: - O diagnóstico precoce permite um planejamento mais eficaz do tratamento, possibilitando que os pais se preparem emocional e financeiramente para os cuidados necessários. - Facilita a coordenação de uma equipe multidisciplinar desde o início, melhorando os resultados a longo prazo para a criança. Diagnóstico Pós-Natal 1. Exames clínicos e radiológicos: - Após o nascimento, a identificação das fendas é feita por meio de exames clínicos realizados por pediatras e neonatologistas. A avaliação pode incluir a observação direta da anatomia oral e palatina. - Exames radiológicos, como a tomografia computadorizada (TC) ou radiografias, podem ser utilizados para avaliar a extensão das fendas e o desenvolvimento da arcada dentária. 2.Avaliação multidisciplinar inicial: - É fundamental que uma equipe multidisciplinar participe do diagnóstico e planejamento do tratamento. Esta equipe geralmente inclui: - Pediatras: Para cuidados gerais e monitoramento do desenvolvimento da criança. - Cirurgiões: Especialistas que planejam e realizam as cirurgias necessárias para correção das fendas. -Ortodontistas: Para avaliação e planejamento ortodôntico a longo prazo, especialmente para garantir um alinhamento adequado dos dentes e o desenvolvimento facial Esses diagnósticos são essenciais para proporcionar à criança um tratamento eficaz e uma qualidade de vida melhor. A abordagem multidisciplinar é vital para atender todas as necessidades médicas, nutricionais e psicológicas da criança e da família. As fendas orais e palatinas não afetam apenas a saúde física, mas também têm um impacto significativo nos aspectos psicológicos e sociais da vida da criança e de sua família. 3 - Manejo Multidisciplinar das Fendas Orais e Palatinas O manejo multidisciplinar das fendas orais e palatinas envolve uma abordagem integrada e colaborativa entre diversas especialidades. • Equipe Multidisciplinar são constituídas pelos seguintes profissionais: Cirurgião plástico, otorrinolaringologista, ortodontista, fonoaudiólogo, psicólogo, e assistente social. • Cirurgião Plástico: Realiza as intervenções cirúrgicas para reparar as fendas, melhorando a estética e a função. • Otorrinolaringologista: Avalia e trata problemas relacionados à respiração, audição e deglutição, que podem estar associados às fendas. • Ortodontista: Trabalha na correção da oclusão e no alinhamento dos dentes, preparando o paciente para futuras intervenções. • Fonoaudiólogo: Ajuda no desenvolvimento da fala e na reabilitação da comunicação, abordando dificuldades que podem surgir devido à fenda. • Psicólogo: Oferece suporte emocional e psicológico, auxiliando na adaptação do paciente e na superação de possíveis questões de autoestima.• Assistente Social: Apoia as famílias no acesso a recursos e serviços, ajudando a lidar com questões sociais e financeiras relacionadas ao tratamento. Importância do Manejo Multidisciplinar A abordagem multidisciplinar é essencial para tratar não apenas as questões físicas, mas também as emocionais e sociais, promovendo um cuidado integral ao paciente. Cada profissional contribui com sua expertise, garantindo um tratamento mais eficaz e abrangente. Plano de Tratamento Individualizado para Fendas Orais e Palatinas 1. Cronograma de Cirurgias Reparadoras • Primeira Cirurgia (Fenda Labial): Geralmente entre 3 a 6 meses de idade. O objetivo é fechar a fenda labial e permitir uma alimentação adequada. • Segunda Cirurgia (Fenda Palatina): Normalmente realizada entre 9 meses e 1 ano e meio. Esta cirurgia visa fechar a fenda palatina, melhorando a função de fala e deglutição. • Cirurgias Adicionais: Podem ser necessárias para correção estética e funcional, como a rinoplastia (se necessário) e intervenções ortognáticas na adolescência. 2. Uso de Dispositivos Ortopédicos e Ortodônticos • Dispositivos Ortopédicos: Como o lábio-palatal, podem ser utilizados nos primeiros meses para auxiliar na formação do arco dentário e na correção da posição dos tecidos. • Ortodontia: Acompanhamento ortodôntico deve ser iniciado após a cirurgia palatina, geralmente entre 4 a 6 anos de idade. Aparelhos ortodônticos serão usados para alinhar os dentes e preparar a mandíbula para intervenções futuras. 3. Acompanhamento Fonoaudiológico e Psicossocial • Acompanhamento Fonoaudiológico: Início desde os 6 meses, com sessões regulares para estimular a comunicação e a fala, adaptadas às necessidades do paciente ao longo do desenvolvimento. • Suporte Psicossocial: Acompanhamento com psicólogo e assistente social desde o diagnóstico, visando apoiar a criança e a família na adaptação emocional, lidando com questões de autoestima e interação social. Considerações Finais Um plano de tratamento individualizado deve ser adaptado conforme as necessidades específicas de cada paciente, com revisões periódicas para avaliar a evolução e ajustar as intervenções conforme necessário. A comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso do tratamento. 4. Intervenção Cirúrgicas: Cirurgia Primária: • Fechamento da Fenda Labial (quiloplastia) e da Fenda Palatina (palatoplastia): Nos primeiros anos de vida, o tratamento é geralmente realizado em duas cirurgias separadas: reparo do lábio (queiloplastia) e reparo do palato (palatoplastia). A técnica mais utilizada para fechamento do lábio é aquela realizada aos 3 meses de vida e a do palato com 1 ano de idade, sendo este o momento mais adequado, estabelecido mundialmente, quando alguns centros adotam condutas diversas. Em relação à cirurgia é possível observar que quanto maior o número de repetições cirúrgicas, maior será a intensidade de fibrose cicatricial e, por consequência, maior o impacto negativo sobre o crescimento da face média. Depois serão realizados outros procedimentos corretivos, visando a reparar os possíveis defeitos dessas duas etapas. • Tecnicas Cirúrgicas Modernas e suas Indicações: Fenda Labial Técnica de Millard: Utiliza um padrão de Z-plasty, permitindo uma melhor simetria e um contorno labial mais natural que são indicadas para fendas labiais unilaterais, especialmente em crianças jovens; Técnica de Flanders: Uma modificação da técnica de Millard, que promove uma melhor mobilização dos tecidos, que são indicadas para fendas labiais bilaterais ou complexas; Técnica de McRoberts: Foca em criar um sulco labial natural, minimizando a aparência de cicatrizes, que são indicadas para fendas labiais unilaterais, principalmente em pacientes mais jovens. Fenda Palatina Fechamento Primário: Envolve a sutura dos tecidos do palato duro e mole, utilizando abordagens como a técnica de von Langenbeck ou a técnica de Wardill- Kilner, que são indicadas para fendas palatinas completas em crianças de 9 a 18 meses. Técnica de Bardach: Usa um retalho em forma de V para fechar a fenda palatina, permitindo uma melhor distribuição dos tecidos, que são indicadas para fendas palatinas que afetam tanto o palato duro quanto o mole; Fenda Palatina Secundária: Realizada em crianças mais velhas para melhorar a função de fala e a estética, frequentemente após o fechamento primário, que são indicadas para problemas persistentes de articulação ou estética facial que são indicadas para problemas persistentes de articulação ou estética facial; Cirurgias Secundárias: • Correções Adicionais para Melhorar a Funcionalidade e a Estética, como Enxertos Ósseos Alveolares: Por volta dos 10 anos é preciso fazer um enxerto ósseo na região da fissura. Em alguns pacientes adultos há a necessidade de cirurgia ortognática, visando a corrigir alterações da fala como crescimento irregular do maxilar e da mandíbula. Funcionalidade Avaliação Multidisciplinar: Incluir uma equipe de profissionais (cirurgiões, ortodontistas e fonoaudiólogos) para um plano de tratamento abrangente. Enxerto Ósseo: Considerar o uso de enxertos autógenos para maior biocompatibilidade e integração óssea. Técnicas Avançadas: Utilizar técnicas de reconstrução tridimensional para restaurar a arquitetura do maxilar e melhorar a oclusão. Intervenção Precoce: Planejar enxertos durante as primeiras cirurgias, se possível, para maximizar a funcionalidade ao longo do desenvolvimento da criança. Estética Modelagem Personalizada: Criar enxertos que se adaptem ao contorno natural da face e maxilar, garantindo uma aparência harmoniosa. Correção de Cicatrizes: Usar técnicas de sutura minimamente invasivas para reduzir a visibilidade de cicatrizes nas áreas de enxerto. Estudos de Cor e Textura: Escolher materiais que imitem a cor e a textura do osso natural para resultados estéticos mais satisfatórios. Tratamentos Complementares: Considerar o uso de procedimentos estéticos adicionais, como preenchimentos ou cirurgia ortognática, para equilibrar a estética facial após a cicatrização do enxerto. • Revisões de Cicatrizes e cirurgias ortognáticas em Pacientes mais Velhos: Para pacientes mais velhos são utilizados outros métodos de cirurgia plástica para reparo da cicatriz, melhorando a forma do nariz. Além dessas, há em outros casos a necessidade de cirurgia no palato para melhorar a fala. A aparência das cicatrizes pode afetar a autoestima dos pacientes. Avaliações clínicas e fotográficas ajudam a monitorar a evolução e a eficácia de tratamentos. Em pacientes mais velhos, a cirurgia ortognática pode ser indicada para corrigir problemas funcionais e estéticos, como assimetrias faciais e dificuldades na mastigação. 5 - Reabilitação e Cuidados Pós-Operatórios Ortodontia e Ortopedia Facial Papel do Ortodontista: • Alinhamento dos Dentes: O ortodontista atua no posicionamento adequado dos dentes, essencial após as cirurgias para garantir uma mordida funcional e estética. • Manejo do Crescimento Maxilofacial: Monitora e orienta o crescimento das estruturas faciais, utilizando técnicas para influenciar o desenvolvimento maxilar e mandibular, minimizando complicações futuras. Uso de Aparelhos Ortodônticos: • Aparelhos Fixos e Móveis: Empregados para corrigir a posição dos dentes e melhorar a oclusão. O tratamento pode iniciar logo após a cicatrização das cirurgias, geralmente a partir dos 7 anos. • Expansão Maxilar: Utilizado para alargar o arco maxilar, criando espaço para o alinhamento dos dentes e facilitando a correção de mordidas cruzadas. A expansão é mais eficaz durante a fase de crescimento. Cuidados Pós-Operatórios • Monitoramento: Consultas regulares para avaliar a cicatrização e o progresso ortodôntico. • Higiene Bucal: Instruções para manter uma boa higiene, especialmente após cirurgias, para prevenir infecções.• Gerenciamento da Dor e Inchaço: Uso de medicamentos prescritos e cuidados com a dieta para facilitar a recuperação. Considerações Finais A colaboração entre o ortodontista e a equipe multidisciplinar é crucial para garantir uma reabilitação eficaz, promovendo não apenas a saúde bucal, mas também o bem-estar emocional e social do paciente. Terapia Fonoaudiológica Tratamento de Dificuldades na Fala e Deglutição • Avaliação Inicial: Identificação de dificuldades específicas na fala, linguagem e deglutição. Realiza-se uma análise detalhada das habilidades comunicativas e das necessidades alimentares do paciente. • Intervenção em Deglutição: Treinamento para técnicas de deglutição segura, incluindo estratégias para melhorar a coordenação motora e a proteção das vias aéreas, quando necessário. Exercícios e Terapias • Exercícios de Articulação: Atividades focadas em sons específicos que podem ser difíceis para a criança, utilizando jogos e práticas lúdicas para incentivar o aprendizado. • Terapias de Ressonância: Técnicas para melhorar a qualidade vocal e a ressonância, abordando problemas como hipernasalidade, por meio de exercícios respiratórios e de controle da musculatura orofacial. • Reforço Positivo: Utilização de métodos motivacionais para encorajar a prática em casa e aumentar a confiança da criança na comunicação. Considerações Finais O acompanhamento fonoaudiológico deve ser contínuo, com sessões regulares para monitorar o progresso e adaptar as intervenções conforme necessário, assegurando um desenvolvimento eficaz das habilidades de fala e deglutição. 6. Aspectos Psicológicos e Sociais As fendas orais e palatinas não afetam apenas a saúde física, mas também têm um impacto significativo nos aspectos psicológicos e sociais da vida da criança e de sua família. Impacto Psicológico 1. Autoestima e desenvolvimento social: - Crianças com fendas podem enfrentar desafios relacionados à autoestima devido a diferenças físicas. Isso pode levar a sentimento de insegurança e isolamento, especialmente durante a infância e adolescência, fases críticas para a formação da identidade. - A dificuldade na fala, que pode acompanhar essas condições, pode resultar em dificuldades de comunicação, aumentando o risco de exclusão social e bullying. 2. Estratégias para suporte psicológico: -Terapia psicológica: Acompanhamento com psicólogos pode ajudar crianças e famílias a lidarem com a autoestima e questões emocionais. Terapias de grupo também podem ser benéficas. - Grupos de apoio: Conectar famílias e crianças que passam por experiências similares pode fornecer suporte emocional e prático. -Educação e conscientização: Promover a compreensão sobre fendas nas escolas e comunidades ajuda a diminuir o estigma e a promover a aceitação. Integração Social e Educacional 1. Dificuldades em ambientes escolares e comunitários: - Crianças com fendas podem enfrentar desafios de integração, como dificuldades em se relacionar com os colegas e participar de atividades. Isso pode ser exacerbado por problemas de fala ou por reações negativas de outras crianças. - A acessibilidade a recursos, como terapia da fala e suporte educacional, é essencial para ajudá-las a superar essas barreiras. 2. Campanhas de conscientização e combate ao estigma: - Campanhas educativas em escolas e comunidades são fundamentais para promover a inclusão e o respeito. Estas iniciativas podem ajudar a informar sobre fendas orais e palatinas, desmistificando a condição e promovendo a empatia. - A participação de figuras públicas que compartilham experiências relacionadas a fendas pode aumentar a visibilidade e a compreensão social, reduzindo preconceitos. Considerações Finais O apoio psicológico e a promoção da integração social são essenciais para o desenvolvimento saudável de crianças com fendas orais e palatinas. Um ambiente acolhedor e bem informado pode fazer uma grande diferença na qualidade de vida dessas crianças e de suas famílias, permitindo que elas alcancem seu potencial máximo. 7. Avanços Recentes e Pesquisas Futuras • Inovações em Cirurgia e Tratamentos: ◦ Uso de células-tronco e engenharia tecidual para regeneração óssea e tecidual. As células-tronco têm um papel importante na promoção da formação de novo osso em locais com perda óssea, como em casos de fenda palatina e deformidades craniofaciais. A fenda palatina é uma malformação congênita que exige abordagens complexas para a reconstrução funcional e estética, sendo essencial a regeneração do osso maxilar e dos tecidos moles. Essa regeneração não apenas melhora a função da fala e da alimentação, mas também oferece resultados estéticos superiores. O futuro do tratamento de fendas palatinas, utilizando células-tronco e engenharia tecidual, é promissor. No entanto, essa área ainda demanda mais pesquisas para uma compreensão completa de sua eficácia e segurança. Os avanços nesse campo podem revolucionar a abordagem dessas condições, proporcionando melhor qualidade de vida e resultados significativos para os pacientes. ◦ Desenvolvimento de novos materiais para próteses e dispositivos ortodônticos. O desenvolvimento de novos materiais para próteses e dispositivos ortodônticos destinados a pacientes com fenda palatina é uma área de grande relevância na odontologia e na medicina 1. Materiais Biocompatíveis • Polímeros Avançados: Materiais como o polietileno tereftalato (PET) e o polimetilmetacrilato (PMMA) são utilizados por serem leves e biocompatíveis, minimizando reações adversas no tecido oral. • Cerâmicas e Compósitos: Materiais cerâmicos e compósitos que imitam a cor dos dentes naturais são importantes para garantir estética e funcionalidade. 2. Tecnologia de Impressão 3D • Personalização: A impressão 3D permite a criação de próteses e dispositivos ortodônticos personalizados, ajustando-se perfeitamente à anatomia do paciente. • Redução de Tempo: Esse método reduz o tempo de fabricação e proporciona um encaixe mais preciso, melhorando o conforto do paciente. 3. Dispositivos Ortodônticos Inovadores • Aparelhos Autoligados: Esses dispositivos podem facilitar o movimento dental, reduzindo o tempo de tratamento e melhorando a eficácia. • Tecnologia de Monitoramento: Alguns aparelhos estão sendo desenvolvidos com sensores que monitoram o progresso do tratamento em tempo real. 4. Reabilitação Funcional e Estética • Próteses Maxilares: O desenvolvimento de próteses que não apenas restauram a função mastigatória, mas também melhoram a estética facial, é crucial para a autoestima dos pacientes. • Integração com Células-Tronco: Pesquisas estão sendo realizadas para integrar materiais que podem interagir com células-tronco, promovendo a regeneração tecidual ao redor das próteses. 5. Desafios e Futuro • Durabilidade e Resiliência: É essencial que os novos materiais sejam duráveis e resistentes ao desgaste, especialmente em áreas que sofrem pressão constante. • Aceitação do Paciente: A estética, conforto e funcionalidade são fatores críticos na aceitação dos dispositivos pelos pacientes. Conclusão O desenvolvimento de novos materiais para próteses e dispositivos ortodônticos para fenda palatina é uma área em evolução que combina biotecnologia, engenharia de materiais e odontologia. Com avanços contínuos, espera-se que esses novos dispositivos ofereçam não apenas melhores resultados funcionais, mas também uma significativa melhoria na qualidade de vida e autoestima dos pacientes. Pesquisas Genéticas e Preventivas: ◦ Identificação de novos fatores de risco genéticos Pesquisas recentes têm utilizado técnicas de associação em todo o genoma (GWAS) para identificar variantes genéticas associadas à fenda palatina. Essas variantes podem afetar o desenvolvimento do tecido facial durante a gestação.Genes também como IRF6, MSX1, e VAX1foram associados a um maior risco de fenda palatina. Estudos estão em andamento para descobrir outros genes envolvidos e como suas interações podem influenciar o desenvolvimento dessa condição, sabendo também que exposição a fatores ambientais, como uso de álcool e tabaco durante a gravidez, pode interagir com predisposições genéticas, aumentando o risco de fenda palatina. 8. Discussão de Casos Clínicos A paciente N.N.O., com anos de idade, sexo feminino, cor parda, foi encaminhada à clínica de Odontopediatria de uma faculdade pública do Rio de Janeiro para tratamento odontológico. Durante a anamnese, a mãe relatou que a criança era portadora de fissura palatina e alterações cardíacas. Também confirmou a ausência de outros indivíduos na família afetados pela malformação. No histórico pré-natal, relatou hemorragia cessada através de medicamentos e acompanhamento médico somente no último trimestre da gestação. Logo após o nascimento, a criança recebeu uma placa obturadora e foi alimentada através de um bico especial adaptado a sua mamadeira até o primeiro ano de vida. No exame clínico intrabucal, foram verificados a presença de fissura palatina pós-forame incisivo incompleta, úvula bífida, lesões de cárie, além de um abscesso periapical envolvendo o segundo molar decíduo inferior esquerdo. Apresentou ainda relação de molares decíduos tipo degrau mesial e desvio de linha média. Sua fala era anasalada, deficiente e possuía halitose. Demonstrava medo, dificuldades no relacionamento pessoal e baixa auto-estima. Após uma avaliação detalhada da sua condição de fenda palatina, decidimos que a cirurgia é a melhor abordagem para promover a sua recuperação e melhorar a função e estética do seu sorriso. Objetivos da Cirurgia 1. Reparação do Palato: O principal objetivo da cirurgia é fechar a fenda no palato, o que ajudará a restaurar a integridade da boca e a função da fala. 2. Melhoria da Função Oral: Com a correção, espera-se que a alimentação se torne mais fácil e segura, além de melhorar a articulação da fala. 3. Aprimoramento Estético: A cirurgia também visa proporcionar um aspecto mais harmonioso ao rosto, contribuindo para a autoestima do paciente. Preparação para a Cirurgia • Avaliações Pré-operatórias: Exames clínicos e, possivelmente, de imagem serão realizados para planejar a cirurgia de forma segura e eficaz.