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FUNDAMENTOS	FILOSÓFICOS	E
SOCIOLÓGICOS	DA	EDUCAÇÃO
CAPI�TULO 4 - FILOSOFIA, HUMANO,
CONHECIMENTO E PODER NA EDUCAÇA� O
Thaise Dias Alves
Introdução
Existe de�inição para o indivı́duo moderno? Se sim, o que é educar na modernidade? Se a educação passou por
profundas transformações, devemos repensar o papel do educador nos dias de hoje, bem como nas suas
ferramentas para educar e intervir no processo de ensino e aprendizagem de maneira e�iciente.
Nesta unidade, então, veremos como o autor Zygmunt Baumann expõe a questão da modernidade de maneira
crı́tica e realista, evidenciando os pontos positivos e negativos da imersão tecnológica que vivemos. Se a
educação, em tempos passados ou sólidos tinha base conteudista e discurso centrado no educador, na
contemporaneidade a educação toma outras formas, tornando-se, também, lı́quida, inventiva, �luı́da e rápida.
Contudo, quais são as vantagens e desvantagens desse novo modelo? Quem é o educador nessa nova caminhada?
Qual é o sentido de escola na contemporaneidade?
Essas e outras preocupações serão abordadas para iniciar a discussão desenvolvida neste capı́tulo. Além disso,
veremos como é possı́vel inserir metodologias ativas no cotidiano escolar. Essa maneira de encarar a educação
retira o educador do centro do processo e coloca o aluno como parte importante. Uma breve análise acerca do
uso de mı́dias sociais permite identi�icar que o adolescente deseja ser o autor da sua vida, aparecer e ser
reconhecido por seus feitos. Assim, estudaremos quais práticas são possı́veis dentro das metodologias ativas,
como a sala de aula invertida, o estudo a partir de projetos e gami�icação.
Ao �im da unidade, veremos a construção da identidade escolar, compreendendo um o movimento importante
do século XX, o escolanovismo, bem como as linhas sociológicas e pedagógicas do pensamento contemporâneo
que modi�icaram a maneira como encaramos o ensino nos dias de hoje.
Vamos começar nossa última unidade? Acompanhe com atenção!
4.1 Modernidade líquida
Você já ouviu falar em modernidade lı́quida? Falaremos sobre um dos mais importantes sociólogos da nossa
época: Zygmun Bauman, que elabora o conceito de modernidade lı́quida e aborda inquietações extremamente
atuais.
Nascido na Polônia, em 1925, Bauman faleceu recentemente, em 2017, deixando um legado de 40 obras, entre
elas “Modernidade lı́quida” (2001), tido como seu livro mais conhecido. Na obra, o sociólogo analisa a natureza
humana da sociedade moderna e suas relações, fazendo um resgate histórico desde o inı́cio da humanidade até
os dias de hoje. Mas o que signi�ica ser moderno? O ponto central de sua obra será compreender esse conceito,
ou seja, entender quem somos na sociedade atual e como ocorreu a passagem do perı́odo de “modernidade
sólida” para “modernidade lı́quida”.
Assim, a partir de agora, veremos como e por quais motivos o autor usa a metáfora do “lı́quido” para
compreender a modernidade. O diálogo segue em torno da aplicabilidade de sua teoria e a concepção de
“educação lı́quida”. Assunto caro aos dias de hoje, já que necessitamos discutir qual é o papel do educador e da
educação no mundo contemporâneo. Entramos, então, na discussão sobre outras formas de ensinar com o uso
de metodologias ativas, colocando, portanto, o aluno no centro do seu processo de ensino e aprendizagem.
4.1.1 Bauman e o diagnóstico do viver contemporâneo
De acordo com Zygmunt Bauman (2001), o homem moderno se vê preso dentro de um severo con�lito: entre a
permanência e a impermanência constante. A metáfora do termo lı́quido vem a calhar, pois os seres humanos do
mundo moderno já não possuem a necessidade de se adaptar a uma única forma. Para o autor, “Essas são razões
para considerar ‘�luidez’ ou ‘liquidez’ como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da
presente fase” do sujeito” (BAUMAN, 2001, p. 8).
No entanto, para discutirmos acerca da modernidade lı́quida, devemos entender o que vem antes dela: a
modernidade sólida. De acordo com o sociólogo, a modernidade se divide em dois perı́odos, o primeiro é
denominado pelo autor como “modernidade sólida”, momento em que a sociedade vivia imersa na
previsibilidade, na estabilidade ao seguir leis e regras burocráticas sólidas. Por consequência, esse primeiro
perı́odo foi marcado por relações mais rı́gidas, já que o centro organizacional da sociedade era o Estado, que
dominava a economia, regulava as polı́ticas e, inclusive, as próprias relações sociais. Um bom exemplo é o
casamento, quem casava tinha a obrigação de permanecer preso a uma relação, mesmo sentindo-se insatisfeito
ou desrespeitado. Da mesma forma, se arranjávamos um trabalho, passávamos praticamente a vida em função
dessa escolha, por mais que estivéssemos descontentes com o salário ou sendo explorados por nossos
superiores.
Por outro lado, apesar de uma sociedade mais organizada, o lado negativo da modernidade sólida é a
desumanização que ocorria por meio do uso exagerado da técnica e da razão. Com o foco excessivo nas técnicas,
todos perdiam a sua identidade, virando apenas números, quantidades, dados ou peças de uma maquinaria
maior. Uma importante chave para compreender o primeiro perı́odo da modernidade será relembrar outros
acontecimentos históricos, como Iluminismo. Nessa época, a razão, o progresso das ciências, a industrialização,
a e�iciência no cumprimento das funções e a produtividade estavam acima de tudo.
No entanto, a partir do século XXI ocorre uma transição radical que muda os eixos da modernidade, ocorrendo,
portanto, a passagem da modernidade sólida para a lı́quida. Virada que ocorre graças a junção de cinco fatores.
O primeiro foi o desmoronamento da soberania do Estado diante das demais esferas polı́ticas, a concepção de
governabilidade muda com o surgimento de estados e cidades. Outro fator é a implementação das
multinacionais e empresas que modi�icaram diretamente as regras polı́ticas e sociais. Assim, com a distribuição
do poder entre cidade e estado e a criação das multinacionais, o poder do Estado acabou se fragmentando ainda
mais. O terceiro fator é o mais revolucionário: a internet, ela traz novos meios de comunicação e um novo estilo
de vida, muito mais rápido e produtivo. A nossa dependência com relação à internet tornou as leis e regras
sociais obsoletas e sem sentido. Contudo, junto com as tecnológicas surge outro fator: o “risco”, a�inal, a
qualquer momento empresas e corporações responsáveis por aplicativos e softwares computacionais podem
recriar sistemas e eliminar outros, desestabilizando os eixos e nichos de mercados. Um último fator, que torna a
modernidade mais �luida do que nunca, se refere aos �luxos migratórios que ocorreram de forma intensa no
século XIX. As portas do mundo se abriram para a troca de informação havendo um incentivo por meio de bolsas
estudantis e vagas para trabalho em outros paı́ses e regiões.
Com relação à educação, não poderia ser diferente: ela teve que se reinventar. Se antes a decisão por uma
pro�issão era para a vida toda, no mundo contemporâneo, algumas pro�issões deixaram de existir, enquanto
outras foram criadas ou se reinventaram.
O importante na teoria de Bauman é olhar essa mudança não como algo positivo ou negativo em si, mas como
uma realidade que merece ser discutida criticamente. Se as nossas relações ocorrem de forma digital e via
trânsito de dados móveis de forma rápida e e�icaz, ainda assim, sentimos falta de carinho, afeto e amor. Se
educar não requer mais a presença do educador em sala, continuamos precisando de uma formação contı́nua e
de educadores para guiar essa caminhada com metodologias ativas e uso de TICs.
A di�iculdade, segundo Bauman (2001), será reformular a educação a partir do prisma da �luidez, pois, se nos
dias atuais as relações ocorrem como mais facilidade, é igualmente fácil e rápido seu rompimento. Resta a
grande questão: como escola se insere dentro desse contextode �luidez relacional e comunicacional?
4.1.2 Educação líquida
Para Bauman (2001), apesar de vivermos mais do que nunca entre redes de conexões, nossos laços se
modi�icaram, pois não são tão fortes como antigamente, assim como nossa noção de tempo e espaço. Se um
amigo nos desagrada, facilmente nos desconectamos, bloqueamos e encerramos contato com ele, ou então, se
um produto parece ultrapassado, jogamos ele fora e compramos outros, em vez de tentar concertá-lo. A nossa
modernidade é marcada pela velocidade, conexões lı́quidas e �luidez ambiental e temporal. Uma análise que não
chega para responder se nosso modo de vida atual é, ou não, melhor que o de antigamente, mas para questionar
se somos mais felizes dessa forma.
Assim, Bauman (2001) não oferece a resposta, mas questiona os malefı́cios do imediatismo para a educação,
pois ele pode ser um grande inimigo, a�inal, o excesso de informação é capaz de destruir certas capacidades
psicológicas, como a atenção, concentração, consistência, bem como o pensamento linear, causado uma crise
que impossibilita o aprendizado de maneira permanente.
Pensar de maneira linear signi�ica se conectar de maneira profunda com a informação, desenvolver e criar
conhecimentos em longo prazo. Algo que requer um envolvimento �ixo que está no �luxo contrário ao dos
tempos modernos. Além disso, estudos mostram que o bombardeio diário de informações via Instagram,
VOCÊ SABIA?
Você conhece as metodologias ativas? Sabe o que são TIC? Trabalhar com
metodologias ativas signi�ica envolver os alunos no processo de ensino e
aprendizagem, não mais como personagens passivos e que apenas recebem
informações, mas como seres que produzem conhecimento. Importantes
instrumentos para exercer esse método são os estudos de caso, portfólios, projetos
e o uso de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Assim, podemos
compreender que um dos grandes aliados das metodologias ativas são as
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), recursos digitais para facilitar a
comunicação entre aluno e professor, bem como entre os próprios alunos, por
meio de fóruns para debates ou, até mesmo, games e jogos.
Facebook e outras redes sociais faz com que o cérebro perca com o tempo uma capacidade preciosa: a de se �ixar
em ideias. Quanto mais recebemos e descartamos informações de maneira rápida, diminuı́mos a capacidade de
juntar, assimilar e guardar informações.
De fato, essa nova situação impõe aos educadores decisões difı́ceis. Ele tem em suas mãos o grande desa�io de
fazer com que os caminhos dos alunos sejam otimizados qualitativamente. A grande questão seria entender os
desdobramentos da modernidade lı́quida, como a “educação lı́quida”, da seguinte maneira: se a previsão de
progresso intenso da tecnologia é inevitável, devemos, enquanto educadores, evitar a simples praticidade e a
imediatez dos tempos lı́quidos, trazendo novas doses de humanidade, ou então, sem perder de vista o diálogo
com as informações e com o uso de metodologias educacionais, tornar as tecnologia e novas metodologias
nossas aliadas?
Bauman sugere em “Modernidade Lı́quida” que, se a educação mudou o curso do espaço e do tempo, ocorrendo
simultaneamente em vários locais e de acordo com o tempo de cada um, a “[…] caracterı́stica da vida moderna e
de seu moderno entorno se impõe, no entanto, talvez como a ‘diferença que faz a diferença’; como o atributo
crucial que todas as demais caracterı́sticas seguem. Esse atributo é a relação cambiante entre espaço e tempo”
(BAUMAN, 2001, p. 15).
Assim, para fazer a diferença, o educador deve se envolver nesse novo percurso em que tempo e espaço se
modi�icaram, buscando, de certa forma, na própria �luidez moderna, outras maneiras de educar, não mais
castradora e pouco próxima da realidade dos alunos, mas pluridimensional e que respeite as individualidades
de aprendizagem de cada aluno.
4.1.3 Metodologias ativas e ensino híbrido
VOCÊ QUER LER?
Para entender um pouco mais sobre a modernidade lıq́uida, você pode ler a entrevista
intitulada “Zygmunt Bauman: entrevista sobre a educação. Desa�ios pedagógicos e
modernidade lıq́uida”, de Alba Porcheddu, realizada com o objetivo de interpretar
criticamente o diálogo entre Pedagogia e Sociologia a partir das re�lexões de Bauman, a
�im de contribuir para a re�lexão educativa. Leia na ıńtegra pelo link:
http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a16.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a16.pdf ).
http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a16.pdf
Se o mundo se transformou de forma drástica nas últimas décadas, �ica difı́cil acreditar que o ato de ensinar
deve permanecer o mesmo. Dentro desse contexto, as TIC serão grandes aliadas no processo de mudança para
um ensino mais atrativo e individualizado.
Depois de perceber a necessidade de inserir novas práticas de ensino e acompanhando as transformações
globais, especialista e educadores importaram alguns métodos americanos com intuito de modi�icar
gradativamente a cultura escolar. Um dos métodos que ganhou espaço nas últimas décadas é o ensino hı́brido,
um misto entre presencial e a distância, também conhecido como blended	learning (b-learning).
Literalmente, b-learning signi�ica encarar o ensino online como espinha dorsal do processo de ensino e
aprendizagem. No trabalho com o ensino hı́brido o importante é con�iar e dar mais autonomia aos alunos, a
partir de trabalhos individuais ou coletivos fora da sala de aula, que não se apoiem apenas nos conteúdos, na
disciplina e no silêncio. Dinâmica que pode tornar as crianças e adolescentes autores do próprio conhecimento.
Contudo, como é possı́vel oferecer esse ensino personalizado e ativo se a realidade do professor é de 40 horas-
aula semanais, com salas cheias, tendo em média 50 alunos? Sem contar a falta de estrutura escolar nas redes
públicas ou do alcance ainda precário da internet.
O recurso, na realidade, não é o mais importante, e sim, a mudança no olhar do educador. Se o educador ainda
planeja suas aulas considerando uma média entre os desempenhos dos alunos, é necessário dar um novo passo
e rever os extremos e como cada aluno tem sua forma individualizada de aprender. As modi�icações nas
metodologias de ensino podem acontecer aos poucos, por exemplo, com aula fora da sala convencional, com
uma mudança nas disposições das cadeiras, na posição de fala do professor, que pode sentar no meio dos
alunos, retirando-se do púlpito central para estar na mesma altura dos interlocutores. Signi�ica que a mudança
principal não se encontra na inserção de novas tecnologias, mas na vontade de aprender a aprender.
Figura 1 - Crianças mais autônomas e ativas aprendem mais
Fonte: Wavebreakmedia, iStock, 2020.
4.2 Aprender a aprender: os saberes necessários para a
prática
Sabendo que a tecnologia se expande, muitos educadores estão colocando em prática as metodologias ativas
com o uso de plataformas, pesquisas na internet. No entanto, nem sempre o sucesso é garantido. Isso nos faz
questionar se o problema estaria apenas na resistência por parte do docente, ou então, na di�iculdade em
entender como é possı́vel estimular o aluno de outras formas? Será que a mudança deve partir do professor e
permanecer centrada nele? Ou será que, além de aprender a ensinar, o professor deve ensinar o aluno a aprender
de outras formas?
A partir de agora, veremos que o educador não deve abandonar seus métodos tradicionais quando garante “boas
aulas”, mas acrescentar métodos ativos durante o seu ensinar. Veremos um pouco mais sobre a ferramenta da
sala de aula invertida, que coloca de ponta-cabeça o ritmo tradicional da aula. Assim, entenderemos que a
pedagogia de projetos é importante, mas deve respeitar alguns passos durante a sua aplicação. Ainda,
compreenderemos a importância do trabalho em equipe dentro da perspectiva do aluno como centro do
processo de ensino e aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016).
4.2.1 Sala de aula invertida
Na sala deaula tradicional o tempo é limitado. Quando você inverte a sala de aula a relação com o tempo se
modi�ica. A parte inicial é feita em casa ou em outros espaços fora de sala de aula, antes da aula de fato, com um
vı́deo, um texto, um estudo de caso, transformando o tempo da aula a favor do educador, ou seja, mais dinâmica,
para tirar dúvidas, com jogos, questionários, simulações. Consequentemente, o aluno terá espaço para interagir e
ser mais ativo, sendo o protagonista da aula.
A partir do momento em que o aluno tem um contato prévio com as matérias ele se sente mais engajando e
adota outra postura para conversar, tirar dúvidas, discutir com os outros colegas, questionando, assim, de uma
maneira mais crı́tica.
De forma prática, a modalidade de aula invertida necessita de uma plataforma para a exposição prévia dos
materiais. Dessa forma a aula �ica mais personalizada, pois, em casa o aluno pode ver e pausar os conteúdos,
rever o que teve mais di�iculdade. Na aula presencial é realizada uma veri�icação do que se absorveu no
primeiro momento, com um questionário o professor obtém informações a respeito das lacunas de
aprendizagem e dos progressos de maneira rápida, já que os resultados são fornecidos na mesma hora.
Figura 2 - O uso de plataforma online pode ser uma alternativa para um novo ensino
Fonte: MachineHeadz, iStock, 2020.
Entretanto, é importante que o processo de reaprender a aprender seja mútuo, ocorrendo pela tomada de posição
do professor, porém, sempre com respeito às demandas individuais da sala e dos sujeitos que a compõem.
Dessa forma, é possı́vel expulsar a postura passiva das agendas dos alunos e dos professores (VASCONCELOS,
2017).
4.2.2 Pedagogia de projeto
Quando propomos projetos, também lidamos com a educação de forma ativa, pois tal técnica faz com que o
aluno estude em grupo e trabalhe de forma prática. O princı́pio do projeto está baseado no tempo: deve-se levar
em consideração que todo projeto consiste em uma atividade com prazo determinado e que pode variar entre
um dia, uma semana, um semestre, o que importa é ter a consciência de que o projeto deve ter seu inı́cio, meio e
�im. Para �inalizá-lo, os alunos apresentam o produto �inal por meio de um artefato visı́vel, uma exposição,
maquete, cartaz etc. Mas como colocar essa metodologia em prática?
Existem alguns passos que orientam a pedagogia de projetos de forma prática. Primeiramente, deve-se instigar o
aluno com vı́deos curtos, casos reais, trechos de reportagens, fazendo, portanto, com que eles se envolvam com
o tema. No segundo momento, é necessário elaborar o estudo em forma de desa�io ao propor a resolução de um
problema. Por exemplo, os alunos devem investigar o fenômeno das enchentes dos últimos meses em sua região
após receber a seguinte informação em um papel: “Com o crescimento populacional, certos bairros foram
construı́dos em locais aterrados, sobre rios, córregos e mangues. No último mês, vimos desastres após longos
perı́odos de chuva. Levando em consideração o crescimento populacional inevitável, bem como a chuva que não
pode ser controlada, como é possı́vel construir e habitar esses locais?”.
VOCÊ O CONHECE?
Jonathan Bergmann foi um dos primeiros educadores a colocar em prática
metodologias ativas com a prática da sala de aula invertida, no ano de 2007, em uma
escola rural no interior dos EUA. Ele gravava suas aulas em DVDs e disponibilizava aos
alunos. O momento em sala e presencial passa a ser o momento de tirar dúvidas e de
fazer exercıćio. Ele começou a descobrir que com o método o professor ganhava tempo
e otimizava suas aulas.
O terceiro passo é a pesquisa e a discussão, ou seja, momento em que os alunos irão pesquisar na internet e
livros, conversar em grupos, em duplas, e buscar soluções para pôr em prática o projeto. A quarta etapa é a
idealização do projeto, isto é, traduzir essas ideias em um artefato na forma de um protótipo, um cartaz, projeto
textual, maquete, palestra, etc. Por �im, temos a etapa dos feedbacks, a�inal, todo projeto demanda uma resposta
com percepções positivas e com os pontos em que é possı́vel melhorar. Essa resposta também pode ser
oferecida durante o processo, em forma de uma avaliação formativa, em que se avalia o interesse, o trabalho em
grupo, o engajamento do aluno no projeto.
Outra especi�icidade da pedagogia de projetos é o potencial experimental, pois muitas vezes o trabalho dos
alunos toma formas que nem o professor esperava. Assim, além de ensinar os alunos a aprender, o projeto
ensina o professor a ensinar. De modo geral, esse método desenvolve a criticidade e gera signi�icados para o
aluno. E� uma forma de envolvê-lo completamente, na medida em que o educador mostra como é possı́vel gerar
conhecimento e ir além do conteúdo estudado.
4.2.3 Aprendizagem em equipes
Um bom trabalho em equipe requer um longo planejamento prévio. Para garantir o sucesso, podemos seguir
alguns passos: o primeiro é formar grupos de maneira estratégica. Mas o que isso signi�ica?
Não signi�ica concordar com as “panelinhas” e com as escolhas dos alunos, mas levar em consideração
critérios, como espalhar representantes de grupos e alunos que conseguem impactar positivamente o outro. O
segundo passo é o teste de garantia prévia, antes do projeto serão delegadas leituras prévias, para comprovar se
foram realizadas, aplica-se um teste, deixando sempre um espaço para que os alunos questionem o gabarito,
criando, assim, um ambiente crı́tico. O terceiro passo será a execução, ou seja, os alunos devem tomar decisões
a respeito de determinado problema. Entretanto, não pode ser feito de qualquer forma, deve ser signi�icativo e
relacionado com a vida cotidiana dos alunos.
Outra possibilidade entre grupos é abrir espaço para que os mesmos ofereçam feedbacks uns aos outros, porém,
de forma individual, com bilhetes escritos, para que ninguém se sinta humilhado ou ridicularizado. Assim, é
possı́vel �irmar o sucesso, bem como garantir futuros trabalhos em grupo.
Figura 3 - Professor se transforma em mediador com o uso de metodologias ativas
Fonte: skynesher, iStock, 2020.
4.3 Sociologia e Filosofia da educação e construção da
identidade da escola
A Sociologia da educação estuda as relações entre a escola, a educação e a sociedade, partindo do princı́pio de
que o processo educativo é um processo de formação humana. Embora ao nascer sejamos biologicamente seres
humanos, ainda somos incapazes de ter o comportamento que se espera de um ser humano em sociedade. Só
depois de um longo perı́odo de aprendizagem seremos, de fato, capazes de viver como humanos, com base em
nossa história e cultura. Mas, a�inal, como podemos saber se nos tornamos humanos ou não?
Quanto mais nos aproximamos do raciocı́nio consciente de nossos feitos e efeitos na sociedade, mais
aprendemos como modi�icar e transformar seu transcurso. Essa função educadora é transmitida por diversas
instituições, clãs, tribos e famı́lias, resgatando esse processo ao longo da história.
A partir da Idade Média essa função passa a ser, em especial, da escola, em função das formas de organização da
sociedade que marcaram esse perı́odo. A partir da modernidade, com a industrialização e novos meios de
produção, surgem novas formas de vida, ampliando, assim, a necessidade de uma educação para os jovens. Todo
esse processo fez com que surgissem as escolas como conhecemos hoje.
4.3.1 Função da escola na construção de uma sociedade igualitária
O conceito de escola, assim como entendemos até hoje, teve inı́cio na modernidade, perı́odo em que o mundo
passou por profundas transformações, como a mudança do estilo feudal ao industrial, da vida do campo para
cidade, o poder que deixa de ser algo exclusivo das monarquias e passa incluir o povo. Portanto, a escola ganha
identidade em meio a esse processo, que também pode ser visto como democratização da sociedade. E�
fundamental reconhecer que a escola dissemina concepçõesde grupos sociais em disputa e, por isso, nunca será
uma instituição neutra.
Nesse sentido, a educadora e autora Marı́lia Freitas de Campos Tozoni-Reis (2010) destaca três grandes funções
da educação escolar: redentora, reprodutora e transformadora. A redentora é a que se manifesta quando a
educação escolar tem pretensão de corrigir distorções das sociedades modernas. Já a função reprodutora se
manifesta quando as práticas educativas da escola reproduzem e legitimam as desigualdades sociais. A
educação transformadora, por sua vez, manifesta-se quando a educação escolar está comprometida com uma
sociedade mais justa e igualitária.
Para a autora, o problema da escola redentora é o de considerar como ocasional o que pode ser estrutural em
uma sociedade. Por exemplo, a desigualdade social, na visão redentora é vista como produto do sistema, quando
na verdade ela é um resultado econômico estrutural que não será necessariamente corrigido pela escola, mas
apenas com o �im do capitalismo (TOZONI-REIS, 2010).
A visão reprodutora livra o papel da escola de qualquer responsabilidade sobre o fracasso da criança, que será
atribuı́do apenas a própria criança. Segundo a autora, a educação transformadora seria a única saı́da, por meio a
uma educação crı́tica do saber, tornando os alunos conscientes e capazes de perceber e questionar os valores
que tornam uma sociedade mais justa e igualitária.
4.3.2 Escola pública no Brasil
Para o projeto de construção de uma sociedade mais justa e igualitária não há dúvidas de que a escola pública é
fundamental. No Brasil, sua importância foi longamente discutida na primeira metade do século XX pelos
famosos Pioneiros da Educação, como Anı́sio Teixeira e Cecı́lia Meireles, por meio do “Manifesto” por uma
escola nova (1932). Entretanto, até o inı́cio de 1960 a criação de escolas públicas enfrentou grande resistência
nos setores da sociedade, liderada pelos católicos, que defendiam a ideia de que a famı́lia e a igreja tinham
prioridade na educação das crianças.
Em 1962, surge a Lei de Diretrizes e Bases, que de�iniu um plano nacional, garantindo a grandeza da escola
pública no paı́s ao determinar os investimentos do estado e estabelecer algumas metas, como o combate ao
analfabetismo, a evasão escolar e a valorização dos professores. Outro grande educador na época foi Paulo
Freire, que trabalhou o tema da opressão e da emancipação dos alunos por intermédio das práticas pedagógicas.
Outro grande expõe internacional, que renovou as ideias acerca da educação no Brasil e fez com que
repensássemos a identidade da educação no século XX, foi o educador, sociólogo e �ilósofo da educação, John
Dewey.
4.3.3 John Dewey
John Dewey nasceu em 1859, nos Estados Unidos, sendo um grande sociólogo, �ilósofo e pedagogista que faz
uma crı́tica ao modelo tradicional de ensino. Como Dewey viveu a virada do século XIX para o XX, podemos
dizer que seu pensamento será bastante in�luenciado por mudanças vindas, por exemplo, da intensi�icação da
urbanização, dos processos de industrialização, da massi�icação, seja na produção e consumo, seja nas relações
e comunicação na sociedade (GHIRALDELLI JU� NIOR, 2006).
Assim, a ideia de comunidade se torna muito importante para o autor, no sentido de que a nossa vida social deve
encontrar um equilı́brio entre a pessoa e o grupo social em que está inserida. Esse será o próprio “pano de
fundo” da sua teoria para a educação, pois, em Dewey, a criança é considerada a partir de suas vontades
individuais, mas como parte de um contexto cultural.
E� interessante ressaltar que a análise do �ilósofo da educação acerca da importância da individualidade é
bastante cuidadosa. Ele alerta para não cairmos nas armadilhas dos próprios interesses, ou de esquecer o que é
de interesse comum.
No entanto, por que a obra de Dewey é tão importante para a Filoso�ia e a Sociologia da educação?
O fundamental é interpretar suas propostas de forma equilibrada, pois ele critica exatamente os extremos e as
categorias excludentes. O autor sugere, por exemplo, aliar o público com o privado, a razão com o sentimento, o
individual e o comum, a teoria e a prática, o método e o conteúdo, elementos que foram tratados de maneira
separada na tradição do pensamento ocidental (GHIRALDELLI JU� NIOR, 2006).
VOCÊ QUER VER?
O documentário “Anıśio Teixeira: Educação não é privilégio”, conta a história dos
pioneiros da Escola Nova e fala do processo de construção das primeiras escolas
públicas no Brasil. Veja o vıd́eo completo em: https://vimeo.com/67123828
(https://vimeo.com/67123828).
https://vimeo.com/67123828
Para o autor, outro ponto importante é a democracia, compreendendo a democracia como um modo de viver, que
precisa ser fomentada em diferentes instituições, principalmente, dentro da escola. De um jeito básico, a
experiência é um modo de ajustarmos o sujeito ao mundo social e democrático. Uma operação que nunca ocorre
livre de con�litos, pois no momento em que nos deparamos com con�litos colocamos a nossa inteligência em
movimento, na tentativa de voltar a uma harmonização. Dentro desse processo de se ajustar com o mundo,
ampliamos e desenvolvemos nossa inteligência. Inteligência, aqui, a partir da conciliação entre razão e
sensibilidade (GHIRALDELLI JU� NIOR, 2006).
A escola que Dewey se deparou, em sua época, era conteudista, de modelo alemão do perı́odo da acessão do
primeiro Reich, que formava grandes cientistas no começo do século XX, porém, sem assegurar o humanismo de
uma forma ética, além de retirar a centralidade do aluno no processo para focar no professor e em seus
interesses pessoais. Dewey começa a perceber que, se as relações de poder tiver hierárquicas do inı́cio ao �im, o
aluno acaba saindo da escola com a mesma visão, aceitando essa subordinação, sem nem ao menos conhecer
seu direito, ou participar das decisões polı́ticas. Para assegurar uma educação de valores é necessário que a
instituição perceba que as relações devem estar pautadas na democracia.
Outro conceito importante em Dewey é o de “interesse”. Para o pensador, o educador não deve se limitar aos
interesses individuais dos alunos, embora deva partir desses interesses para chegar a um propósito mais
elaborado e original. O que ele entende como uma educação democrática também pode ser uma educação que
está sempre praticando a democracia, pois Dewey defende esse tipo de educação, ou seja, em que existe o
costume de ouvir o aluno, ao mesmo tempo em que ele também se acostuma a escutar sempre que for
necessário (GHIRALDELLI JU� NIOR, 2006).
Toda essa conversa nos leva a crer que há um diálogo profundo entre as particularidades e a democratização.
Chave de leitura que abrirá portas para repensarmos a educação contemporânea e pôr certos métodos em
prática.
4.4 Educação, conhecimento e sociedade contemporânea
O que signi�ica conhecimento no mundo contemporâneo? De que forma educar nos dias de hoje? Várias
abordagens surgiram nas últimas décadas e romperam com o pilar do ensino anacrónico e não dialógico,
revolucionando de fato a atividade escolar. Portanto, por quais motivos conservamos modelos antigos? Talvez,
pela falta conhecimento e de contato com novos modos de ensinar.
A partir desse momento, veremos de que maneira pedagogos e especialistas abordam a concepção de formação a
partir de outros pilares. Discutiremos sobre o método desenvolvido por Montessori, que oferece aos alunos
autonomia e liberdade para aprender. Veremos, ainda, sobre a maneira que Howard Garnder revoluciona a
educação compreendendo que não possuı́mos apenas uma inteligência, mas várias. Por �im, trataremos de
Phillip Perrenoud, que coloca em xeque a atividade do educador relembrando a importância de suas
competências.
4.4.1 Método Montessori e a criança no centro
Quem foi Maria Montessori? Ela nasceu no século XIX e viveu até metade do século XX. Uma mulher que
enfrentou o desa�iode ser a primeira estudante de medicina na Itália, sofrendo com o machismo e o fascismo de
Mussolini. Mesmo diante de uma série de di�iculdades, Montessori cria seu método para educar crianças
negadas pela escola pública italiana, crianças desacreditadas pelo sistema. Quando Montessori percebe o
sucesso do método começa a expandir sua forma de educar, difundindo, assim, seus conhecimentos pelo mundo
todo. Mas por que a obra de Montessori é tão importante?
A visão montessoriana rompe com a ideia de que a criança é um adulto em miniatura, considerando, portanto,
suas especi�icidades, seu processo de desenvolvimento e condições de aprendizagem.
Em sua teoria, Montessori pensa na criança respeitando suas fases, uma teoria fundamentada na observação
direta da criança para redescobrir como elas agem e pensam. Propõe trabalhar sem carteiras, com os alunos e
professores sentados no chão, sobre tapetes e formando um cı́rculo. No centro, �icam os materiais divididos em:
material sensorial, como os da vida prática, que são os encontrados na vida cotidiana da criança, e material
escolar, voltado à alfabetização. Mas como são utilizados?
Existem regras? Em especial, os materiais sensoriais são construı́dos de forma que o resultado da atividade
apareça à medida que a criança trabalha com eles. Caso não esteja correto, o próprio material mostrará e os
educadores auxiliam quando necessário. Quando o método é colocado em prática, primeiramente, os materiais
devem ser disponibilizados em sala, sendo a própria criança o agente que escolhe o material que deseja
trabalhar. Quando sente a falta de habilidade, a própria criança percebe essa defasagem provisória, dispensando
aquelas atividades mais difı́ceis para retomá-las futuramente.
Aliás, quais são os conceitos que norteiam a obra de Montessori?
Sua teoria é interacionista, defende que a criança nasce com certos aparatos cognitivos que devem ser
desenvolvidos ao longo da vida. Para Montessori, umas das condições essenciais para que a criança possa se
desenvolver plenamente é a autonomia. Dentro do método aplicado, a criança vai interagir e aprender em um
ambiente que envolve tomada de decisões e consequências. A autonomia será, portanto, um conceito
fundamental na pedagogia montessoriana.
4.4.2 Gardner e a teoria das inteligências múltiplas
Howar Gardner é um educador norte-americano, professor na Universidade de Harvard, e se notabilizou por
escrever livros sobre as múltiplas inteligências. Mas como Gardner chega à ideia de inteligências múltiplas?
Ele toma como referência dois dados que comprovariam sua teoria. O primeiro foi obtido por experiências
utilizando um aparelho de ressonância magnética funcional, que registra as ações cerebrais a partir dos desa�ios
feitos. Por exemplo, se alguém lhe perguntar quanto é 4 + 4, algumas áreas do seu cérebro irão acionar, e o
aparelho permite identi�icar quais são essas áreas, em outra situação se alguém lhe pergunta que cor é o céu,
azul ou vermelho, outras áreas serão ativadas. Esse experimento por si já mostra que temos diferentes
inteligências.
Figura 4 - Professor se transforma em mediador com o uso de metodologias ativas
Fonte: TatyanaGl, iStock, 2020.
A segunda questão se refere às nossas capacidades re�letidas, por exemplo, um grande jogador de futebol não é
necessariamente um gênio pintando e vice-versa. O que Gardner quer dizer com isso é que não possuı́mos uma
determinada inteligência em comum, mas várias, e todas elas são estimuláveis.
E quais são as inteligências listadas por Gardner?
A primeira é a linguı́stica, que se expressa em falar e escrever, sendo presente entre os poetas e grandes autores
da literatura. A inteligência lógico-matemática aparece nos grandes matemáticos, ou entre os que se projetaram
na área da lógica por desvendar grandes teoremas. A inteligência lógico-espacial está ligada à capacidade de
localização, de encontrar direções e revelar caminhos. A mais recente é a inteligência naturalista, a capacidade
de perceber a natureza de maneira ampla.
Gardner conclui que ao fazer um exercı́cio que desenvolva as competências, todos vão se desenvolver nas áreas
citadas, mas uns se destacam mais como grandes oradores, outro nas artes da música, enquanto outros terão
mais gosto em plantar, ou tocar instrumentos, dar palestras, en�im, cada um vai se destacar em áreas diferentes.
4.4.3 Philippe Perrenoud e o desenvolvimento das competências
Phillipe Perrenoud nasceu na Suı́ça em 1954 e �icou conhecido por sua teoria das competências, inspirada na
psicologia de Jean Piaget. A teoria tratará das competências tanto dos estudantes quanto dos educadores.
Perrenoud formulou a ideia de competência de forma funcional e prática, pensando no dia a dia de quem está na
sala de aula, expondo seus maiores pensamentos com palestras, aulas e em sua obra mais conhecida “As
Competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desa�io da avaliação” (PERRENOUD et
al., 2002). Então, como Perrenoud de�ine o conceito de competência na educação?
Diferente de uma competência voltada apenas para o mercado de trabalho, ou seja, de nı́vel técnico, o
pensamento do autor �ica conhecido por agregar ao conceito de competência a concepção de experiência e de
mobilização dos conhecimentos, crenças, e sentimentos. Ele entende que em todo processo de ensino e
aprendizagem o educador lida diariamente com situações complexas, a�inal, lidar com a formação de indivı́duos
é algo que mobiliza várias competências (PERRENOUD et	al., 2002).
Assim, se temos em jogo a resolução de problemas, necessitamos resgatar a ideia do ensino como uma
pro�issão, algo que muitas vezes se perde quando assumimos a docência. Ela não pode ser encarada como um
bico, ou apenas um ato de amor e doação, mas como um momento de complexidade, de tomada de decisão. A
partir dessa leitura, o professor não se apresenta como inferior a um médico com seu bisturi ou um juiz com
seu martelo, pois ele também tem seus instrumentos, o livro didático, o computador. Além disso, diariamente
deve garantir que determinadas estratégias de ensino funcionem em suas aulas, utilizando-se de planos A, ou B e
C. Por exemplo, se enquanto educador você prepara sempre suas aulas em slides, ainda assim, deve possuir um
“plano B”, preparando-se com esquemas que podem ser expostos no quadro, caso ocorra algo de errado com o
projetor.
O autor lista 10 competência que o educador deve incorporar em seu dia a dia. Entre as mais importantes está a
capacidade de atender diferentes alunos em diferentes etapas de aprendizagem, pois, o importante será
acompanhar, estudar, se especializar e atender as particularidades dos alunos. Outra competência é a
transposição didática, que envolve a habilidade de retirar os conteúdos dos livros e aplicar na sala de acordo
com cada série, faixa etária, respeitando sempre o ritmo dos alunos (PERRENOUD et	al., 2002).
O professor não necessita de tecnologia para fazer com que os alunos interajam entre si e que obtenham sucesso
em sala de aula. Os próprios estudos de caso a partir de texto, trechos de artigos, reportagens e livros trazem
momentos de interação entre grupos e são descritos como metodologias ativas. Além disso, é possı́vel
promover projetos em que os alunos pesquisem em casa, assistam �ilmes com DVDs e conversem com
especialistas.
CASO
Após um longo planejamento e estudos sobre metodologias ativas em sala de aula, a
professora de matemática, Jussara, recebe a notıćia de que seus alunos de Educação
de Jovens e Adultos não estão autorizados a acessar os laboratórios de informática da
escola. Jussara planejou várias aulas com o uso de plataformas gratuitas, como Khan
Academy, que possui atividades online e ferramentas de interação entre professor e
aluno. Mesmo sem recursos tecnológicos, Jussara estuda formas de aplicar
metodologias ativas, fazendo, portanto, com que seusalunos participem mais das
aulas, que tirem dúvidas e produzam conhecimento ao trabalhar equipe e ensinar
uns aos outros. Ela descobriu que de acordo com a escala do psiquiatra americano
Willian Glasser (1925-2013), os alunos retêm apenas 20% do conhecimento após
aulas expositivas. Por outro lado, uma aprendizagem mais ativa, que coloca o aluno
como protagonista, faz com que ele retenha 80% a 95% do conteúdo. Isso signi�ica
que uma educação efetiva coloca o aluno no centro do processo educativo (GLASSER,
1999).
Conclusão
Chegamos ao �im do último capı́tulo da disciplina, em que estudamos sobre a ideia de modernidades e
tecnologia, observando como elas afetam os alunos e o processo de ensino e aprendizagem. Ainda tivemos a
oportunidade de conhecer algumas metodologias contemporâneas de sociológicos, pedagogos e estudiosos da
educação que transforam o ensino nas últimas décadas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
entender de que modo Zygmunt Baumann observa e critica a
modernidade e a educação líquida;
aprender sobre o diagnóstico de Baumann para a sociedade;
compreender a possibilidade de se usar tecnologias e
metodologias ativas na atualidade;
estudar sobre a pedagogia de projetos e trabalho em equipe;
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perceber a importância dos estudos em grupo;
conhecer a escola e suas primeiras identidades;
identificar o escolanovismo e a importância da escola pública;
compreender a educação como tarefa comunitária em John
Dewey;
conhecer Gardner e a teoria das inteligências múltiplas;
analisar sobre a valorização da autonomia no método de
Montessori;
identificar as competências do aluno e do educador em Phillip
Perrenoud.
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Bibliografia
ANI�SIO Teixeira: educação não é privilégio. São Paulo, 2013. 1 vı́deo (44 min). Publicado pelo canal mônica
simões. Disponı́vel em: https://vimeo.com/67123828 (https://vimeo.com/67123828). Acesso em: 1 mar.
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BAUMAN, Z. Modernidade	líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala	de	aula	invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Rio de Janeiro: LTC,
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GHIRALDELLI JU� NIOR, P. Filoso�ia	da	educação.  São Paulo: A� tica, 2006.
GLASSER, W. Choice	Theory: a new psychology of personal freedom. Nova York: Harper Perennial, 1999.
PERRENOUD, P. et	al. As	competências	para	ensinar	no	século	XXI: a formação dos professores e o desa�io da
avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PORCHEDDU, A. Zygmunt Bauman: entrevista sobre a educação. Desa�ios pedagógicos e modernidade lı́quida.
Cadernos	 de	 Pesquisa, [s.	 l.], v. 39, n. 137, p. 661-684, maio/ago. 2009. Disponı́vel em:
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TOZONI-REIS, M. F. C. A contribuição da Sociologia da educação para a compreensão da educação escolar. In:
PINHO, S. Z. (org.). Caderno	de	formação: formação de professores educação, cultura e desenvolvimento. São
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VASCONCELOS, J. A.  Fundamentos	�ilosó�icos	da	educação.  2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2017.
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http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a16.pdf

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