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Aula 15 SIA - Civil II - 2013

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Curso de Direito Civil II 
Prof. Ciro Ferreira dos Santos
Aula 15 – ATOS UNILATERAIS
Promessa de Recompensa
Conceito
Natureza Jurídica
Requisitos
Efeitos
Gestão de Negócios
Conceito
Obrigações do gestor e do dono do negócio
Efeitos
Pagamento Indevido
Conceito
Espécies: indébito objetivo e indébito subjetivo
Efeitos
Enriquecimento sem causa
Conceito
Efeitos
PROMESSA DE RECOMPENSA (arts. 854 a 860, CC)
No Direito Romano a promessa de recompensa era figura muito utilizada, mas apenas em duas situações constituía fonte de obrigação: quando feita em benefício de uma cidade e revestida de motivo ou justa causa (“pollicitatio”);  quando alguma divindade figurava como destinatária do favor (“votum”); em ambos os casos a promessa se dirigia a pessoa determinada. 
No Direito brasileiro pela promessa de alguém se obriga, publicamente a dar uma prestação a quem cumprir determinada condição ou realizar um serviço específico (Paulo Nader, 2008, p. 606). 
Ensina Roberto Senise Lisboa (2008, p. 704) que a promessa de recompensa é uma declaração pública, formal e aberta a qualquer interessado que, cumprindo suas exigências, tem direito ao crédito prometido. 
Então, a promessa de recompensa vincula o promitente desde a sua declaração pública e nos limites de seu conteúdo.
Quanto à natureza jurídica, no Código Civil de 2002, classifica-a como declaração unilateral de vontade, capaz de instaurar uma relação jurídica e, portanto, não pode ser considerada mera promessa de contratar.
São elementos básicos da promessa de recompensa:
a) Anúncio formulado com publicidade (alvíssaras) de forma escrita ou falada (art. 854, CC). Vale destacar que para gerar efeitos, no entanto, não exige recepção, bastando a simples possibilidade de comunicação.
b) Indicação dos destinatários da declaração (sociedade em geral, grupos ou pessoa determinados).
Pontes de Miranda destaca que se dirigindo a única e determinada pessoa, torna-se negócio jurídico bilateral.
c) A promessa pode ter por conteúdo cumprimento de tarefa ou por concurso.
d) Condição imposta para gerar o direito à recompensa (art. 855, CC).
e) Caso mais de uma pessoa tenha cumprido os requisitos, a recompensa deve ser dada a quem primeiro se apresentou (art. 857, CC).
f) Caso a execução tenha sido simultânea, deverá ser partilhada.
g) Se a execução foi simultânea, mas o objeto é indivisível, deve-se realizar sorteio. O sorteado receberá o bem, mas deve pagar ao outro o valor de seu quinhão (art. 858, CC).
h) As qualidades pessoais de quem cumpre as determinações do promitente somente deverão ser consideradas se previamente exigidas por ele.
i) Recompensa prometida (é de livre escolha do promitente, desde que apresente conteúdo econômico).
j) Pode constituir dar, fazer ou não fazer.
l) Atendida a condição o prêmio deve ser entregue, independente se foi realizada visando o atendimento da promessa ou não.
Não havendo acordo sobre a recompensa, decidirá a autoridade judiciária, observado o caso concreto. É indiferente para análise se o ato é útil ou não ao promitente; o que importa são as condições da promessa e de seu cumprimento.
O direito ao recebimento da recompensa não depende de capacidade, pois trata-se de um ato-fato jurídico. No entanto, se o executor não tiver capacidade terá legitimidade para quitação apenas o seu representante.
A promessa de recompensa feita pela modalidade de concurso exige, ainda, a fixação de prazo.
Toda promessa de recompensa deve observar os requisitos de validade do art. 104, CC.
A promessa de recompensa pode decorrer de concurso público. Neste caso, o concurso é o critério de definição de quem assumirá o polo ativo da relação jurídica (art. 859, CC) e se dirige a certames que objetivam enaltecer um evento, um ramo da ciência... (e não para selecionar para cargos). 
A validade do concurso exige a fixação de prazo determinado. Na vigência do prazo a promessa não poderá ser revogada, salvo se o promitente se reservou este direito.
Tratando-se de concurso, exigir-se-á a presença do julgador. Se a identidade deste não é revelada no ato da promessa, entende-se que a tarefa de julgar será exercida pelo próprio promitente.
A decisão do julgador obriga os interessados. 
i.     O Judiciário não pode rever o mérito da decisão. No entanto, podem os interessados pleitear a anulação do concurso.
O concurso pode declarar que não houve vencedor se nenhum dos candidatos preencher os requisitos exigidos na promessa.
As obras apresentadas em concursos devem ser devolvidas aos respectivos participantes, após a finalização dos trabalhos (art. 860, CC). Só permanecerão com o promitente os trabalhos premiados, se assim estiver estipulado na promessa.
A promessa de recompensa, uma vez tornada pública, gera unilateralmente a obrigação, no entanto, o direito a exigi-la só nasce quando satisfeitos os seus requisitos. A promessa, portanto, obriga o seu emitente a partir de sua publicidade.
A promessa de recompensa é revogável desde que a exigência do declarante ainda não tenha sido atendida e a forma de divulgação do arrependimento seja igual a da promessa (art. 856, CC). No entanto, se a promessa tem prazo para a execução, entende-se que o promitente renunciou ao direito de revogar durante a vigência do prazo. A morte do promitente não importa revogação automática da promessa, mas seus herdeiros podem exercer o direito de revogação.
Revogada a promessa, o terceiro de boa-fé terá direito ao reembolso das despesas que fez para tentar atingir o conteúdo da promessa (art. 856, parágrafo único, CC).
GESTÃO DE NEGÓCIOS (arts. 861 a 875, CC)
A gestão de negócios (“negotiorium gestio”) no Direito Romano era considerada uma forma de quase-contrato, orientação seguida pelo Código Napoleônico. 
No entanto, no Direito brasileiro durante a vigência do Código Civil de 1916 foi incluída no título dos contratos (em virtude de sua proximidade com o mandato) e, atualmente, com o Código Civil de 2002 é considerada ato unilateral de vontade. 
Arnaldo Rizzardo entende que seria melhor ter mantido a orientação contratual da gestão, uma vez que o gestor deve agir de acordo com a vontade presumida do dono do negócio. Diferente posição é tomada por Caio Mário da Silva Pereira que afirma que a gestão não pode ser considerada contrato uma vez que lhe falta prévio acordo de vontades, sendo, dessa forma, considerada ato jurídico ?lato sensu?.
Deve-se considerar que a gestão de negócios ?apresenta-se quando alguém [gestor ou ?negotiorum gestor?], por livre iniciativa, cuida de interesses de outrem [dono do negócio ou ?dominus negotii?], agindo de acordo com a sua presumível vontade. É a administração oficiosa de interesses alheios, sem a representação procuratória? (Arnaldo Rizzardo, 2008, p. 575).
Trata-se de ingerência na esfera jurídica alheia que, no entanto, deixa de ser ilícita porque realizada segundo a vontade presumível do dono do interesse.
Assumindo o encargo, o gesto ficará responsável junto ao dono e às pessoas com quem tratar. Por isso, são pressupostos da gestão conforme Caio Mário da Silva Pereira (2008, p. 422):
Negócio alheio. A gestão é determinada por uma necessidade premente ou por utilidade.
O “animus” do gestor não é de praticar uma liberalidade, mas sim, atua com “animus negotia aliena gerendi” ou “animus gerendi”.
Proceder o gestor no interesse do dono do negócio ou segundo a sua vontade real ou presumida. 
Qualquer vantagem obtida deverá ser atribuída ao dono do negócio.
Trazer a intenção de agir proveitosamente para o dono.
A pessoa que presta alimentos pelo ausente a quem este os deve, poderá reaver as importâncias, ainda que o mesmo não ratifique o ato (art. 871, CC).
A pessoa de boa-fé que paga enterro de outrem, equivalendo o funeral aos usos locais e à condição do falecido, poderá cobrar seus custos de quem estava obrigado a prestar alimentos ao que faleceu, não importando se este deixou bens ou não (art. 872, CC).
Agir oficiosamente(uma vez que se houver delegação prévia será mandato). A espontaneidade é elemento essencial.
Limitar-se a ação do gestor a atos de natureza patrimonial (negócios).
São efeitos da gestão de negócios:
1.     É obrigação do gestor agir com diligência.
2.     O gestor, assim que possível, deve comunicar o dono do negócio sobre a gestão que assumiu. Feita a comunicação, deve aguardar a resposta por prazo razoável, salvo se da espera resultar perigo (art. 864, CC).
3.     O gestor é responsável perante o dono do negócio e em face daqueles com quem contratar.
4.     Iniciada a gestão o gestor não poderá, sem justa causa, abandonar o interesse (art. 865, CC).
5.     A ratificação pura e simples do dono do negócio constitui aprovação e fará que a gestão seja equiparada ao mandato (art. 873, CC), com efeitos ?ex tunc? e transferindo ao dono do negócio os atos que o gestor praticou.
a.     A ratificação precisa ser comunicada ao gestor e aos terceiros com quem este contratou. No entanto, a comunicação não é condição de validade e não tem forma determinada pela lei (podendo ser expressa ou tácita).
6.     O dono do negócio, querendo dele tirar proveito, deverá indenizar o gestor das despesas úteis e necessárias e os prejuízos que teve em virtude da gestão (art. 868, CC).
7.     A indenização das despesas úteis e necessárias é igualmente devida se a gestão se desenvolveu em virtude de prejuízos iminentes ou se ela redundou em proveito para o dono do negócio. Neste caso, a indenização não poderá exceder o valor das vantagens obtidas com a gestão (art. 870, CC).
8.     Tendo o negócio sido realizado utilmente (apreciação objetiva), o dono assumirá todas as obrigações contraídas em seu nome (art. 869, CC).
9.     Se o dono do negócio desaprovar a gestão, considerando-a contrária aos seus interesses, deverão ser aplicadas as regras contidas nos arts. 862, CC e 863, CC.
10.  A gestão não pode ser exercida contra a vontade manifesta do dono do negócio. Caso seja, o gestor responderá pelos casos fortuitos, se não provar que teriam sobrevindo ainda quando se houvesse abstido de agir (art. 862, CC).
11.  Se o ato de gestão foi realizado contra a vontade do dono do negócio e se os prejuízos do ato decorrentes excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas no estado anterior ou indenize a diferença (art. 863, CC).
12.  A responsabilidade pelo caso fortuito incide também quando o gestor realizar operações arriscadas, mesmo que o dono do negócio costumasse fazê-las, ou quando preterir interesses deste em proveito de seus interesses (art. 868, CC).
13.  Falecendo o dono do negócio no curso da gestão, o gestor deverá aguardar as instruções dos herdeiros, não podendo, no entanto, deixar de zelar pelos atos que assumiu.
14.  O gestor que se fez substituir por outrem está em posição semelhante ao do mandatário que sem autorização substabelece (art. 867, CC). O gestor responderá solidariamente com o seu substituto por eventuais prejuízos decorrentes da gestão.
15.  Havendo mais de um gestor, presumem-se solidários (art. 867, CC).
16.  Subsiste a obrigação do dono do negócio mesmo que incida o gestor em erro quanto ao titular do negócio, entregando as contas a outra pessoa.
17.  Se os negócios de outrem forem conexos com os do gestor, de sorte que se não possam gerir em separado, o gestor será considerado sócio daquele na respectiva gerência; mas o beneficiado com a gestão só é obrigado na razão das vantagens que obtiver (art. 875, CC).
PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883, CC)
O pagamento indevido constitui obrigação de restituir fundada no princípio do enriquecimento sem causa. No Código Civil de 1916 estava previsto no título dos efeitos das obrigações uma vez que a teoria geral do enriquecimento ilícito nesta codificação estava prevista em normas esparsas. 
No Código Civil de 2002 o tema foi deslocado para o título dos atos unilaterais, onde encontra melhor posicionamento.
O pagamento indevido traz consigo a ideia de reequilíbrio patrimonial, ou seja, constitui forma de enriquecimento ilícito uma vez que alguém cumpre prestação cuja existência é erroneamente pressuposta. Em outras palavras, é pagamento espontâneo efetuado em decorrência de erro com a intenção de cumprir uma obrigação inexistente. Então, todo aquele que recebe o que não lhe era devido fica obrigado (social, moral e juridicamente) a restituir (art. 876, CC). 
São espécies de pagamento indevido:
a) Objetivamente indevido (indébito ?ex re?): quando o ?solvens? paga uma dívida inexistente (vínculo inexistente, dívida prescrita...). Neste caso, o erro incide sobre a existência ou extensão da obrigação (art. 877, CC). 
Aquele que recebe dívida condicional antes do implemento da condição também está obrigado a restituir (art. 876, CC). Esta regra não se aplica a pagamento feito antes do termo, uma vez que, neste caso, a obrigação já existe.
Quem voluntariamente paga o indevido, deve demonstrar que efetivamente pagou e que o pagamento se deu por erro.
Art. 42, CDC. A cobrança extrajudicial de dívida de consumo sem justa causa é pagamento indevido, devendo o indébito ser devolvido em dobro.
b) Subjetivamente indevido (indébito ?ex persona?). O pagamento é feito por quem erroneamente se julgava devedor. A dívida, neste caso, existe, mas é voluntariamente paga por quem não é devedor. Pode ocorrer também quando o pagamento é voluntariamente feito a quem o ?solvens? presume o credor.
Requisitos necessários à caracterização do pagamento indevido (art. 876, CC):
a) Pagamento com “animus solvendi”.
b) Inexistência do débito ou pagamento dirigido a quem não era o credor.
c) Enriquecimento patrimonial do “accipiens” à custa de outrem.
d) Empobrecimento do “solvens” (perda economicamente apreciável).
e) Relação de imediatidade (causalidade) entre empobrecimento e enriquecimento.
f) Ausência de culpa do empobrecido que voluntariamente pagou a prestação indevida por erro de fato ou de direito.
g) O “solvens” não precisa demonstrar o erro, mas sim, que o pagamento era indevido (art. 877, CC ? adota a teoria subjetiva apenas no tocante ao pagamento indevido. Então, a teoria do erro não se aplica ao enriquecimento sem causa).
                                               
i.     Salienta-se aqui que a noção de erro é tomada no plano da execução de uma prestação, afastando-se da noção do vício de consentimento.
Se pagou em virtude de sentença judicial não terá direito à repetição, mesmo que se trate de “quantum” indevido.
g) Subsidiariedade da ação “in rem verso” (art. 886, CC). A ação ?in rem verso? terá por objetivo evitar ou desfazer o enriquecimento sem causa.
Prazo prescricional: art. 206, §3º., CC (3 anos).
Toda pessoa que recebe o que não lhe era devido, fica obrigada a restituir.
Se o pagamento constituiu em obrigação de fazer ou de não fazer o que recebeu a prestação deverá indenizar na medida do lucro obtido (art. 881, CC).
Se o “accipiens” estava de boa-fé quando recebeu o pagamento, será equiparado ao possuidor de boa-fé, devendo restituir o que recebeu indevidamente, conservando os frutos percebidos e podendo pleitear indenização por benfeitorias úteis e necessárias (art. 878, CC). Também não responderá pela perda da coisa decorrente de caso fortuito ou força maior.
Se o “accipiens” estava de má-fé quando recebeu o pagamento deve restituir tudo o que recebeu acrescido do que normalmente poderia ter recebido (frutos percebidos e percipiendos). Não terá direito à indenização das benfeitorias úteis, nem de levantar as voluptuárias. Responderá ao “solvens” pela perda e deterioração da coisa, ainda que decorrentes de fatos extraordinários, salvo se provar que o dano teria ocorrido ainda que não tivesse ocorrido o pagamento indevido.
Se aquele que recebeu indevidamente o imóvel o tiver alienado de boa-fé, por título oneroso, responderá somente pelo preço recebido. Se vendeu de má-fé responderá também por perdas e danos (art. 879, CC).Se o imóvel foi alienado gratuitamente ou se por título oneroso o terceiro agiu de má-fé caberá ao que pagou por erro o direito de reivindicação (art. 879, parágrafo único, CC).
Não caberá a repetição do indébito quando:
O “accipiens” que recebe de quem não é o devedor pagamento por conta de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a ação ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito (art. 880, CC).
A segunda parte do art. 880, CC reserva ao “solvens” de boa-fé o direito de propor ação regressiva em face do verdadeiro devedor e seu fiador.
O pagamento se destinou a solver dívida prescrita ou obrigação natural (art. 882, CC). 
Quem deve dívida prescrita não se locupleta indevidamente, pois a prescrição extingue a ação, mas não o direito.
O “solvens” pagou certa importância com intuito de obter fim ilícito ou imoral (art. 883, CC). Pune-se o “solvens” sem prejuízo das ações criminais cabíveis.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (arts. 884 a 886, CC)
O princípio que inspira o enriquecimento sem causa é a equidade, cuja configuração já podia ser observada no Direito Romano. Embora não houvesse à época uma teoria própria para matéria o seu sistema de ações (?condictiones?) era suficiente para apresentar as soluções necessárias.
O enriquecimento sem causa é gênero do qual o pagamento indevido (antes estudado) é espécie e, por isso, já dizia Clóvis Beviláqua a sua sistematização é difícil uma vez que uma fórmula geral não conseguiria reunir todos os fenômenos possíveis. 
O Código Civil de 2002, apoiado no sistema francês, previu o enriquecimento sem causa como ato unilateral ao lado da promessa de recompensa, gestão de negócios e pagamento indevido e, portanto, também constitui fonte de obrigação. O enriquecimento nas relações obrigacionais é algo normal, o que o ordenamento veda e sanciona é aquele que não tem fato jurídico gerador. Assim, o enriquecimento sem causa é configura-se por um aumento patrimonial injusto, imoral e contrário ao Direito.
Ensina Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 537-538) que ?toda aquisição patrimonial deve decorrer de uma causa, ainda que seja ela apenas um ato de apropriação por parte do agente, ou de um ato de liberalidade de uma parte em favor de outra. 
Ninguém enriquece do nada. O sistema jurídico não admite, assim, que alguém obtenha um proveito econômico às custas de outrem, sem que esse proveito decorra de uma causa juridicamente reconhecida. 
A causa para todo e qualquer enriquecimento não só deve existir originariamente, como também deve subsistir, já que o desaparecimento superveniente da causa do enriquecimento de uma pessoa, às custas de outra, também repugna o sistema (CC, art. 885). 
Esse é o espírito do enriquecimento sem causa, disciplinado pela primeira vez de forma expressa no Código Civil de 2002?.
Pode-se identificar no Código Civil diversas situações de enriquecimento sem causa: arts. 1.214; 578; 359; 1.817, parágrafo único, CC, etc. Vale lembrar que não são as únicas situações que levam ao enriquecimento sem causa, mas este se configurará em todas as situações em que houver prejuízo econômico sem causa jurídica.
São requisitos do enriquecimento sem causa:
Vantagem injusta de cunho econômico, em detrimento de outrem (art. 884, CC).
Pode ter por objeto coisas corpóreas ou incorpóreas (art. 884, parágrafo único, CC).
Independe de ato positivo do ?accipiens? ou do ?solvens?.
A ação ?in rem verso? busca reequilibrar os patrimônios. Não busca, portanto, fixar indenização e estende-se aos benefícios alcançados. Trata-se de ação subsidiária (art. 886, CC).
Prazo prescricional: art. 206, §3º., CC (3 anos).
Enriquecimento patrimonial do ?accipiens? à custa de outrem. A vantagem por der material ou imaterial e deve existir no momento em que a ação é proposta.
Empobrecimento do ?solvens? (perda economicamente apreciável).
Relação de imediatidade (causalidade) entre empobrecimento e enriquecimento.
Ausência de causa jurídica para o pagamento. Lembre-se: a causa pode existir, mas sendo injusta, importará o dever de restituir.
Ausência de interesse pessoal do empobrecido.
A restituição deve ficar entre dois importantes parâmetros: não pode ultrapassar o enriquecimento, bem como não pode ficar aquém do empobrecimento. O montante a ser restituído deve ser calculado na data em que a restituição for efetivada.
Caso Concreto 1
(Questão 40  25º Exame OAB-RJ - Adaptada) Desesperado com o sumiço de Kelly, sua cachorrinha de estimação, Felipe, além de espalhar diversos cartazes pelas ruas de sua cidade, fez anunciar nos veículos de grande circulação da imprensa falada e escrita uma promessa de recompensa para quem a encontrasse no prazo máximo de dez dias. No terceiro dia subsequente à vigência de sua promessa, Felipe retirou a oferta inicialmente feita, publicando a revogação com igual frequência e através dos mesmos meios de comunicação. Contudo, no décimo e último dia, Kelly foi encontrada por Guilherme, que a levou às mãos de seu dono. Com base nesta breve narrativa fática, esclareça: Guilherme terá direito à recompensa? Explique sua resposta.
Gabarito: 
Guilherme fará jus à recompensa, uma vez que a assinatura de prazo específico para a execução de uma tarefa - encontrar a cachorrinha de Felipe implica, necessariamente, na renúncia ao direito de retirar a oferta durante aquele período preestabelecido, conforme art. 856, CC.
Questão Objetiva 1
(CESPE – MP-RN 2009) Acerca de negócios jurídicos, direitos das obrigações e separação judicial, assinale a opção incorreta.
a) Existem direitos patrimoniais que podem ser adquiridos independentemente de ato do adquirente.
b) A promessa de recompensa sujeita ao implemento de condição suspensiva constitui exemplo de direito futuro não deferido.
c) Na cessão de crédito, o devedor pode opor contra o cessionário todas defesas pessoais que detinha contra o cedente à época da cessão.
d) De acordo com o regime de participação final nos aquestos, à época da dissolução da sociedade conjugal, cabe a cada cônjuge o direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
e) A obrigação do alienante quanto aos vícios redibitórios da coisa qualifica-se como obrigação de meio.
Gabarito: Letra “E” trata-se de obrigação de resultado.
Questão Objetiva 2
(FCC TRT 24. Região – 2011) A respeito do enriquecimento sem causa, considere: 
I. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, pelo valor da data em que ocorreu o enriquecimento. 
II. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem da época em que ocorreu o enriquecimento. 
III. A restituição do indevidamente auferido será devida quando a causa que justificou o enriquecimento deixou de existir. 
Está correto o que consta APENAS em:
                  
a) II e III.
b) I e II.           
c) I e III.
d) III.
e) II.
Gabarito: Letra “D” conforme art. 885, CC. O item I está errado conforme art. 884, CC. O item II está errado conforme art. 884, parágrafo único, CC.
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_1033206012.doc

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