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Ana Caroline Abdo – MEDUP TXIX 
 
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AULA 3 – ABSORÇÃO E 
DISTRIBUIÇÃO DO FÁRMACOS 
4 ESTÁGIOS – ADME 
1. Absorção a partir do local de administração 
2. Distribuição pelo organismo 
3. Metabolização 
4. Eliminação 
 
PROCESSOS FÍSCOS ENVOLVIDOS NA 
TRANSLOCAÇÃO DAS MOLÉCULAS DO 
FÁRMACO 
As moléculas do fármaco movem-se pelo organismo 
de 2 maneiras: 
1. Fluxo de massa (corrente sanguínea, fluido 
linfático ou cerebroespinhal) – distâncias 
maiores 
2. Difusão (molécula a molécula) – distâncias 
curtas 
 
ABSORÇÃO 
o As membranas celulares formam as barreiras 
entre os compartimentos aquosos do 
organismo 
o Uma barreira epitelial, como a mucosa 
gastrointestinal ou o túbulo renal, consiste 
em uma camada de células estreitamente 
conectadas, de modo que as moléculas 
devem atravessar duas membranas celulares 
(interna e externa) 
o Em alguns órgãos, especialmente no SNC e 
na placenta, existem junções oclusivas entre 
as células, e o endotélio está envolto por 
uma camada impermeável de células 
periendoteliais – pericitos 
o Essas características evitam que moléculas 
perigosas penetrem no cérebro ou no feto e, 
tem consequências importantes para a 
distribuição e atividades dos fármacos 
 
MODO DE PASSAGEM DOS SOLUTOS PELAS 
MEMBRANAS 
 
Ana Caroline Abdo – MEDUP TXIX 
 
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INFLUÊNCIA DA POLARIDADE NA ABSORÇÃO 
DOS FÁRMACOS – DIFUSÃO LIPÍDICA 
As moléculas apolares passam livremente na 
camada lipídica da membrana, difundindo-se através 
das membranas celulares 
 
A importância da lipossolubilidade na permeação de 
membranas. [A] e [B] As figuras mostram o perfil de 
concentração em uma membrana lipídica que separa 
dois compartimentos aquosos. Um fármaco 
lipossolúvel [A] está sujeito a um gradiente de 
concentração transmembrana (ΔCm) muito maior que 
um fármaco que não é lipossolúvel [B]. 
Consequentemente, ele se difunde mais rapidamente, 
apesar de o gradiente de concentração aquoso (C1 – 
C2) ser o mesmo em ambos os casos 
INFLUÊNCIA DO PH NA ABSORÇÃO 
Um fator complicador importante com relação à 
permeação da membrana é o fato de que muitos 
fármacos são ácidos ou bases fracas, existindo, na 
forma ionizada e não ionizada – a razão entre as 
duas formas varia com o pH 
A espécie ionizada apresenta solubilidade lipídica 
muito baixa, sendo virtualmente incapaz de difundir-
se através de membranas, exceto onde exista um 
mecanismo específico de transporte 
Aminoglicosídeos – forma não ionizada não 
apresenta lipossolubilidade importante – são todos 
injetáveis pois não podem ser absorvidos 
PARTIÇÃO PELO PH E APRISIONAMENTO 
IÔNICO 
A ionização não afeta apenas a velocidade com a 
qual os fármacos atravessam as membranas, mas 
também a distribuição de equilíbrio das moléculas 
dos fármacos entre compartimentos aquosos, se 
houver diferença de pH entre eles 
Fármacos com caráter ácido se acumulam no 
compartimento com pH mais básico 
Fármacos com caráter básico se acumulam no 
compartimento com pH mais ácido 
Em processos inflamatórios o pH do meio fica mais 
ácido fazendo com que os anestésicos locais não 
consigam produzir seu efeito 
 
BASE FRACA > são absorvidos facilmente em 
compartimentos com pH maiores, e ficam 
concentradas em compartimentos com pH baixo 
 Ex.: a petidina (analgésico opioide 
[Dolantina®]) fica 10.000 x mais concentrada no suco 
gástrico (pH = 1 – 3) do que no plasma (pH = 7,4), e 
cerca de 3 x mais concentrada no plasma do que na 
urina (pH = 8) 
ÁCIDO FRACO > são absorvidos facilmente em 
compartimentos com pH menores, e ficam 
concentradas em compartimentos com pH alto 
Ex.: A aspirina fica 4 x mais concentrada no 
túbulo renal alcalino (pH=8) do que no plasma 
(pH=7,4), e cerca de 6.000 x mais concentrada no 
plasma do que no meio ácido do estômago (pH = 1-3) 
 
 
 
Ana Caroline Abdo – MEDUP TXIX 
 
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pKa = pH 50% H+ e 50% H (não ionizado) 
 
A partição pelo pH tem várias consequências 
importantes: 
o A acidificação da urina acelera a eliminação 
de bases fracas e retarda a de ácidos fracos 
o A alcalinização da urina tem o efeito oposto: 
reduz a eliminação de bases fracas e 
aumenta a de ácidos fracos 
o O aumento do pH do plasma (administração 
de bicarbonato) faz com que ácidos fracos 
sejam extraídos do SNC para o plasma 
o O oposto é verdadeiro, ou seja, a redução do 
pH do plasma (inibidor da anidrase 
carbônica, como a acetazolamida) faz com 
que ácidos fracos sejam concentrados no 
SNC (neurotoxicidade) 
 
 
 
Um ácido em meio ácido se dissocia pouco - maior 
concentração de formas não ionizadas - transpõem 
a barreira (membrana), mais facilmente 
Mas se o mesmo ácido estiver em um meio básico, 
vai se dissociar mais, prevalecendo às formas 
ionizáveis -não transpõem a membrana 
FATORES QUE INTERFEREM NA ABSORÇÃO 
o Idade 
o pH do estômago 
• (idade – RN acloridria aumenta 
biodisponibilidade de drogas 
básicas) 
• RN – 10 dias pH estômago 
permanece neutro 
• RN-PT – 14 dias 
• 6 – 8 meses – valores próximos 
ao de adulto 
o Grau de motilidade do TGI 
• RN – tempo do transito intestinal 
é prolongado – redução da 
motilidade e do peristaltismo 
• Imaturidade da mucosa intestinal 
o Absorção percutânea 
• Aumentada em RN - pele fina e 
pouco queratinizada 
MEDICAMENTOS E ABSORÇÃO 
DISTRIBUIÇÃO 
TRANSPORTE MEDIADO POR 
TRANSPORTADORES 
Muitas membranas celulares apresentam 
mecanismos especializados de transporte que 
regulam a entrada e a saída de moléculas (açúcares, 
aminoácidos, neurotransmissores e íons metálicos) 
São divididos em: 
Ana Caroline Abdo – MEDUP TXIX 
 
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o Transportadores carreadores (SLC, do 
inglês, solute carrier) solúveis que facilitam 
a movimentação passiva de solutos a favor 
de seu gradiente eletroquímico 
o Transportadores cassetes de ligação ao ATP 
(ABC, do inglês, ATP-binding cassette) que 
são bombas ativas movidas por ATP 
 
Acredita-se que mais de 300 genes humanos 
codifiquem esses transportadores, logo estão 
sujeitos a variação entre os indivíduos 
A maioria atua em substratos endógenos, mas 
alguns também transportam substâncias exógenas 
(“xenobióticos”), inclusive fármacos 
Estão amplamente distribuídos, e interferem em 
efeitos farmacológicos 
Terminações nervosas possuem mecanismos de 
transporte para acumular neurotransmissores, e 
alguns fármacos os inibem 
IMPORTÂNCIA DOS TRANSPORTADORES 
o Dois SLC (OCTs: organic cation transporters 
e organic anion transporters) 
o Atuam em: dopamina, colina e fármacos, 
incluindo vecurônio, quinina e procainamida 
o OCT2 concentra cisplatina na célula renal 
(toxicidade) 
o Carboplatina e oxaliplatina não usam OCT2 
o Competição pelo OCT2 com a cimetidina 
oferece uma possível proteção contra a 
nefrotoxicidade da cisplatina 
o OCT1 transporta metformina para dentro do 
hepatócito 
o Polimorfismos de um único nucleotídeo 
o (SNPs single nucleotide polymorphisms) 
o Influência na eficácia da metformina 
PRINCIPAIS LOCAIS EM QUE OS 
TRANSPORTADORES SÃO IMPORTANTES 
o Barreira hematoencefálica 
o TGI 
o Túbulo renal 
o Trato biliar 
o Placenta

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