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DESENVOLVIMENTO	HUMANO	NA	INFÂNCIA
E	ADOLESCÊNCIA
UNIDADE 4 – A ADOLESCE� NCIA E SEUS
DESAFIOS
Autoria: Taıś Feitosa da Silva – Revisão técnica: Camila Moreno de Lima Silva
Introdução
Como já vimos, é um grande desa�io vivenciar a fase da adolescência. As di�iculdades enfrentadas atingem
muitos fatores da vida, como condições fı́sicas, estruturais, emocionais, formas de lidar com o novo,
relacionamentos, necessidade de tomar grandes decisões, como a pro�issão a seguir.
Mas os desa�ios não param por aı́. Quando um indivı́duo chega nessa fase da vida, essa transformação de
criança para adulto é extremamente marcante. E, com esse contexto, há também os desa�ios sociais, como
algumas amizades que serão iniciadas e outras que se �indarão, aproximações de pessoas que possuem
semelhanças em opiniões, pensamentos, estilo, forma de se vestir e de se comportar.
Nesta unidade, você irá estudar e se envolver com o contexto adolescente, entendendo as relações sociais
construı́das nessa fase da vida: as alianças de amizade com seus pares, os diferentes grupos sociais que são
formados, os relacionamentos amorosos. Compreenderemos também as perspectivas da sociedade sobre o
adolescente por meio de legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Bons estudos!
4.1 A adolescência e seus grupos
Durante sua adolescência, você participou de qual “grupinho” de sua escola ou de seu bairro? E� bem difı́cil
encontrar um adulto que em sua adolescência não tenha pertencido a determinado grupo, como os mais
estudiosos, os mais populares, os esportistas, os roqueiros, e assim por diante.
Nesse perı́odo da vida, é muito comum identi�icar a formação de diferentes grupos sociais de pessoas que se
consideram semelhantes, que buscam pelo sentimento de pertencimento a algo, por a�inidade seja da
aparência fı́sica, seja das opiniões, seja de um gosto ou interesse especı́�ico. Sendo assim, vamos estudar esse
fenômeno bem comum neste perı́odo da vida e como se formam esses grupos (ROCHA; RIBEIRO, 2017).
4.1.1 Seus pares e tribos na adolescência
Não podemos esquecer que, durante a adolescência, acontece a formação da identidade do indivı́duo, a
formação do adulto que está por vir, de suas caracterı́sticas psicológicas e sociais. Essa construção se dá por
meio das diferentes experiências que acontecem durante esse perı́odo da vida, mas também vem da
consequência de um contexto histórico e cultural existente no entorno do adolescente (FOGAÇA et	al., 2019).
Nesse sentido, as relações construı́das por esse indivı́duo serão resultado do contexto histórico e cultural no
qual ele está inserido. No entanto, não podemos esquecer que essa construção passa pela forma como o
adolescente se enxerga, como ele se aceita, e se ele se respeita.
Os diferentes grupos sociais, chamados popularmente de “tribos”, surgem na vida do adolescente para
participar dessa construção da identidade e fazem parte das tantas descobertas vivenciadas nesse momento da
vida. Isso acontece porque é por meio dos amigos que o adolescente exercita seu eu social e os papéis
atrelados a ele (FOGAÇA et	al., 2019).
Wallon aponta que o papel dos grupos sociais na adolescência está relacionado à existência de uma
ambivalência de sentimentos e atitudes, que fazem com que o adolescente busque certa independência,
juntamente com a necessidade de viver coisas novas. Para isso, necessita se unir a outros jovens que estão
nessa fase (apud ALENCAR; FRANCISCHINI, 2016).
Até então, esses são os papéis dos diferentes grupos que vivenciamos em nossa adolescência. No entanto,
infelizmente não existem apenas papéis positivos, considerando que, muitas vezes, para se sentir aceito
nesses grupos, muitos adolescentes negligenciam a si próprios, seus interesses, gostos, jeitos e
caracterı́sticas, adotando e priorizando regras e comportamentos coletivos sem questionamento (ALENCAR;
FRANCISCHINI, 2016).
VOCÊ O CONHECE?
Maurıćio Knobel era argentino e formou-se em Medicina pela Universidade de Buenos
Aires. Ele foi psiquiatra e professor, estudou a vida adolescente, atendo-se ao estudo e
tratamento de crianças e adolescentes. Veja mais sobre sua biogra�ia em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
166X2008000100015 (https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100015).
Figura 1 - Grupo de adolescentes
Fonte: Shutterstock, 2020.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100015
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100015
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100015
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100015
#PraCegoVer:	 a foto retrata um grupo de sete adolescentes abraçados e com expressões de felicidade,
aparentando um grupo unido.
Existe uma tendência grupal muito forte que faz parte do adolescente, como parte de seu comportamento
defensivo, assim como pela busca pela uniformidade, segurança e autoestima. Por isso, o adolescente busca o
grupo e seu espı́rito que se exprime por meio de vestimentas, modos de falar, lugares que frequenta,
interesses, entre outros.
Nesse contexto, é fundamental a participação de dois núcleos sociais na vida do adolescente, para que ele
possa viver essas experiências sociais de pertencimento sem ultrapassar barreiras necessárias. O primeiro
núcleo é o familiar, que dará orientações iniciais da vida externa a ele. O segundo núcleo é o escolar, que deve
se tornar parceiro do adolescente na vivência dessas experiências.
4.1.2 Relações amorosas durante a adolescência
Ao abordarmos essa tendência grupal que existe nos adolescentes, não tratamos apenas de amizades. Muitas
vezes esse contexto é palco para o surgimento dos primeiros romances da vida, dos amores platônicos e das
primeiras sensações que envolvem o corpo e a sexualidade.
#PraCegoVer:	 a foto retrata um casal de namorados adolescentes, em que ela está posicionada nas costas
dele, e os dois estão sorrindo, com semblante de felicidade.
As relações amorosas durante a adolescência também fazem parte da construção social da personalidade do
indivı́duo em desenvolvimento. Essas relações fazem parte do surgimento de novas experiências e da
necessidade do novo, como resultado das transformações emocionais que acontecem na adolescência
(FRANZI; ARAU� JO, 2018).
Como tudo o que acontece na adolescência é muito intenso, com os relacionamentos amorosos não seria
diferente. O adolescente vivencia o relacionamento amoroso acreditando que é o único e mais importante de
sua vida. Isso tem a ver com o fato de o adolescente ainda estar muito ligado à fantasia infantil dos contos
Figura 2 - Relacionamento amoroso adolescente
Fonte: Shutterstock, 2020.
românticos, em que existem o prı́ncipe, a princesa e o “felizes para sempre”. Esse processo também faz parte
da construção do indivı́duo em transição, que ainda não possui seu estado de maturidade totalmente
adquirido (FRANZI; ARAU� JO, 2018).
Nesse sentido, mais uma vez é preciso que o adolescente possua o suporte adequado de sua famı́lia, de seus
pais e também do ambiente escolar, para vivenciar essas experiências de forma saudável, aprendendo sobre
elas, extraindo o que é importante e superando muitas das frustrações desses relacionamentos amorosos.
Muitas vezes, quando esse suporte não existe, o adolescente se vê desamparado. Essa desproteção dá margem
para alguns comportamentos negativos do adolescente, como isolamento social, di�iculdades escolares, perda
de interesse em suas atividades, alterações em seu sono, podendo chegar até a quadros de crises de pânico,
transtornos de ansiedade e depressão (RENTZ-FERNANDES et	al., 2017).
VOCÊ SABIA?
Você sabia que o suicıd́io é a terceira causa de morte na adolescência, e no Brasil a
taxa de suicıd́io entre jovens de 15 a 24 anos aumentou 20 vezes de 1980 até o
ano 2000? Veja mais informaçõesno site do Ministério Público do Paraná:
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1498.html
(http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1498.html).
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1498.html
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1498.html
#PraCegoVer:	a foto em preto e branco mostra uma adolescente sentada ao chão com o rosto coberto por seus
braços, demonstrando tristeza e uma grande a�lição, semelhante a uma pessoa com depressão.
Transtornos psicológicos como a depressão vêm crescendo nessa fase da vida. O quadro da depressão durante
a adolescência parece estar se tornando cada vez mais frequente, sendo mais comum nas meninas, em
comparação com os meninos. Essa condição claramente pode afetar o processo de desenvolvimento e tem
muitos resultados nas relações grupais e amorosas (RENTZ-FERNANDES et	al., 2017).
Figura 3 - Depressão na adolescência
Fonte: Shutterstock, 2020.
VAMOS PRATICAR?
Após estudar sobre a construção de relações durante a adolescência, const
pequeno texto (de até mil caracteres), relembrando como foram construıd́
relações de amizade e seus relacionamentos amorosos durante a adolescên
4.2 Adolescência, sexualidade e gênero
Quando se tratam das relações sociais durante a adolescência, incluı́mos as relações grupais, as formações de
amizade e os relacionamentos amorosos. Ao pensar sobre esses tipos de relações, não podemos esquecer a
grande in�luência da sexualidade e das discussões de gênero nessa fase da vida.
Começando pela sexualidade, é na adolescência que surge essa demanda, inicialmente corporal e �isiológica.
Nessa fase, os adolescentes exploram seu corpo e descobrem sensações, uma vez que, durante a adolescência
e a concretização da puberdade, chegam a uma condição de amadurecimento de seus órgãos reprodutivos, fato
�isiológico que desperta o olhar para a sexualidade (BECKER, 2017).
4.2.1 O que o adolescente precisa aprender sobre sexualidade
Quando discutimos sexualidade na adolescência, não podemos deixar de mencionar Freud, que lançou a
discussão sobre sexualidade durante a infância e adolescência em seu legado de estudos e produções
cientı́�icas, a�irmando que a sexualidade é um processo necessário à vida (ALBERTI; SILVA, 2019).
#PraCegoVer:	 a foto mostra dois adolescentes deitados em uma cama, aparentemente em um momento
ı́ntimo, desfocados ao fundo, e o adolescente segurando um preservativo masculino, que aparece em primeiro
plano.
Segundo o autor supracitado, o adolescente se encontra na fase genital, que possui esse nome justamente pelo
fato de que as sensações de prazer e satisfação estão nessa região do corpo, fazendo uma alusão à
intensi�icação da sexualidade que acontece na adolescência (ALBERTI; SILVA, 2019).
Figura 4 - Sexualidade e prevenção na adolescência
Fonte: Shutterstock, 2020.
Toda a adolescência é permeada por transformações biopsicossociais e fı́sicas que despertam os instintos
sexuais e uma maior percepção do outro, além de uma busca por posição social e autonomia. Nesse sentido, a
sexualidade surge como consequência fı́sica, �isiológica, mas também social, com o enfrentamento dos jovens
aos desa�ios que surgem (HAYWOOD; GETCHELL, 2016).
Nesse sentido, é preciso que as pessoas à volta busquem entender todo o processo e o fenômeno que inclui a
adolescência e a sexualidade. Sendo assim, como já mencionamos, há necessidade do apoio da famı́lia para
que o adolescente entenda o que ele está vivendo, o que é sexualidade e como lidar com isso, assim como
entender sobre o grau de responsabilidade que ele deve ter ao lidar com esse tema.
4.2.2 Gravidez na adolescência
Quando falamos de amizades, relacionamentos amorosos e sexualidade na adolescência, um fenômeno social
de grande impacto que infelizmente tem in�luenciado a vida de muitos adolescentes é a gravidez precoce.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) a�irma que a gravidez é considerada precoce quando acontece entre os
10 e os 19 anos, ou seja, durante a adolescência. E� considerada precoce, pois pode levar a consequências para
a saúde da mãe e da criança, que afetam não só o aspecto �isiológico, mas também social e do
desenvolvimento.
A gravidez precoce infelizmente é mais comum do que imaginamos. Em 2010, a Organização das Nações
Unidas (ONU) indicou em seu Relatório do Desenvolvimento Humano que aproximadamente 12% das
adolescentes entre 15 e 19 anos tinham pelo menos um �ilho. Além disso, aproximadamente sete milhões de
adolescentes se tornaram mães ao redor do mundo.
Quando tratamos de consequências da gravidez precoce, podemos citar: alto ı́ndice de mortalidade materna;
aumento da evasão escolar; e riscos à saúde como a possibilidade de ruptura do colo do útero, assim como
nascimento prematuro e aborto natural. Além disso, a gravidez precoce contribui para a perpetuação da
pobreza, baixos nı́veis de escolaridade da população, abuso e violência familiar.
VOCÊ QUER VER?
O �ilme American	Pie:	a	primeira	vez	é	inesquecível trata do tema sexualidade durante a
adolescência de um grupo de amigos virgens às vésperas da festa de formatura do
Ensino Médio. Esse �ilme foi lançado em 1999 com direção de Paul Weitz e Chris Weitz.
#PraCegoVer:	a foto em preto e branco mostra uma adolescente sentada ao chão, com um bebê no colo, e com
uma expressão corporal de desespero, manifestada pela cabeça baixa e pelas mãos na cabeça. Representa os
impactos de uma gravidez precoce.
Nesse sentido, é importante pensar que a única forma de controlar os altos ı́ndices de gravidez precoce e
indesejada é atuar na educação e na prevenção, por meio da disseminação de dados sobre a orientação sexual
na famı́lia e na escola, assim como de informações sobre métodos contraceptivos seguros e acessı́veis
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
4.2.3 Discussões de gênero durante a adolescência
Temas relacionados a discussões de gênero são culturalmente polêmicos em todas as idades. Porém, é um
assunto necessário, uma vez que é importante entender que esse tipo de discussão leva as pessoas a
praticarem o autoconhecimento e o respeito.
Ao trazermos a necessidade de essa questão ser discutida entre o público adolescente, não se trata apenas de
um tema relevante socialmente, mas também capaz de contribuir com o processo de desenvolvimento do
adolescente e a formação de sua personalidade. Por ser um perı́odo de rede�inição de identidades, isso inclui a
dimensão de gênero (BORDINI; SPERB, 2012).
O tema gênero é algo que se transforma social e culturalmente ao longo do tempo, sendo conceituado de forma
dinâmica. Nesse sentido, é durante a adolescência que o indivı́duo recebe atributos tidos como masculinos e
femininos, e, por isso, o gênero é um aspecto relevante a ser discutido e entendido (BORDINI; SPERB, 2012).
Figura 5 - Gravidez precoce
Fonte: Shutterstock, 2020.
Durante o processo de construção de identidade do adolescente, é importante destacar a interação social, que
leva o indivı́duo a uma identi�icação masculina ou feminina. Dentro da sociedade, essa identi�icação, muitas
vezes, leva ao cumprimento de regras atribuı́das ao homem ou a mulher, fator ligado a convenções sociais e
culturais (BORDINI; SPERB, 2012).
No entanto, no tocante ao gênero, é importante destacar que existe uma assimetria. Esse tema contribui para o
entendimento do diferente e a construção de relações de respeito. Nesse sentido, o adolescente que aprende a
discutir sobre relações de gênero torna-se uma pessoa que pratica o respeito.
VOCÊ QUER LER?
O livro Ugly	Girls	(2014), de Lindsay Hunter, trata da sobrecarga sensorial e emocional
que os adolescentes vivenciam atualmente, abordando temas como relacionamentos,
amizade, redes sociais e sexualidade.
VAMOS PRATICAR?
Com base no que você estudou, construa três questões dissertativas sobre
adolescência, sexualidade e gênero, e as responda de acordo com
conhecimento e os temas estudados.
4.3 O adolescente a o ambiente escolar
A escolaé um ambiente que participa da constituição do indivı́duo, dos processos que o adolescente vivencia
nesse perı́odo de transformação. O primeiro ambiente que o indivı́duo conhece, depois de conhecer sua casa e
sua famı́lia, é a escola. Então, esse ambiente acolhe o indivı́duo ainda criança e o acompanha nesse processo
de formação e de transformação intensa (DINIZ; KOLLER, 2013).
Nesse sentido, a escola deve exercer um papel que vai além do processo educacional formal, uma vez que é
responsável por oferecer um suporte adequado quanto aos aspectos emocionais, levando assim a um
acolhimento do adolescente, auxiliando no desenvolvimento de competências socioemocionais, que começa
com a famı́lia (DINIZ; KOLLER, 2013).
Por isso, o ambiente escolar, ao mesmo tempo que ensina sobre cidadania, regras, conteúdos e formalidades,
deve ser um ambiente acolhedor e verdadeiro, que auxilie o adolescente a lidar com todos os desa�ios que
surgem, mas que também o prepare para os desa�ios que ainda vão aparecer ao longo da vida.
4.3.1 Como o adolescente se relaciona com a escola?
Ao ampliar suas relações de contato e começar a conhecer ambientes externos, um espaço que se torna
familiar para o indivı́duo é a escola, que, como já dissemos, tem como papel contribuir para o
desenvolvimento desse indivı́duo.
Mas como o indivı́duo se relaciona com a escola? Como o adolescente se relaciona com a escola? A escola
para o adolescente é um local que acolhe suas opiniões e seus comportamentos, deixando-o à vontade para
passar por esse perı́odo da vida, cheio de experimentação e vivências novas. Além disso, é no ambiente
escolar que se iniciam muitas relações, de amizades ou amorosas, tonando a escola ainda mais parte do
indivı́duo.
#PraCegoVer:	a foto retrata uma sala de aula, com carteiras, mesas e adolescentes estudando.
Figura 6 - Adolescência e ambiente escolar
Fonte: Shutterstock, 2020.
E� na escola que o jovem passa boa parte de seu dia. Então, na maioria dos casos, é nesse ambiente o que
adolescente começa a entender quem é, o que gosta de fazer, quais os seus interesses, como também as coisas
que não gosta. Além disso, a escola tem um grande papel de levar o aluno ao pensamento crı́tico e
questionador, levando-o a ser um indivı́duo que busca evoluir como ser humano e não se submeter a todas as
opiniões que existem. Deve, portanto, ajudar o adolescente a buscar questionar, para que ele mesmo construa
as respostas (DINIZ; KOLLER, 2013).
Outro ponto que podemos destacar dessa relação entre indivı́duo e ambiente escolar é a contribuição da
escola ao ensinar ao indivı́duo que todas essas mudanças de sua imagem corporal são normais e passageiras.
Assim, sabendo disso, logo ele estará acostumado com sua nova aparência. Também ensina que todos somos
diferentes e não precisamos seguir padrões de imagem corporal (DINIZ; KOLLER, 2013).
Além disso, o adolescente está buscado sua independência e autonomia, por meio do rompimento de
vı́nculos, e a escola, muitas vezes, faz o papel de suporte para que esses laços desfeitos ou enfraquecidos não
causem desequilı́brio no indivı́duo que está se formando.
4.3.2 Papel da família na escola e o adolescente.
Assim como a escola tem seu papel de contribuir para a formação do adolescente e a construção de sua
personalidade, seus relacionamentos e suas amizades e sua trajetória acadêmica, a famı́lia tem o papel de
fornecer a base, nos primeiros anos de vida do indivı́duo, constituindo-se o primeiro ambiente de interação
social e relacionamento.
Além disso, a famı́lia tem o dever de acompanhar o desenvolvimento que o adolescente vive no ambiente
escolar, tendo tanta responsabilidade com a educação dele quanto a escola. Isso possibilita uma parceria entre
a escola e a famı́lia, fazendo com que haja trocas entre esses ambientes. Isso contribui para que o adolescente
possua uma educação integrada de qualidade, tornando-se um adulto completo (DINIZ; KOLLER, 2013).
No entanto, apesar de estar clara a efetividade dessa parceria para a formação do indivı́duo, ainda existe um
grande distanciamento entre a famı́lia e o ambiente escolar. Apesar de a escola, em geral, ter aberto seu espaço
na tentativa de um aumento nessa interação, é possı́vel observar que a concretização desse relacionamento é
bastante difı́cil, e isso se intensi�ica em famı́lias e comunidades de baixa renda (DINIZ; KOLLER, 2013).
E por que é tão importante essa relação? Porque a educação familiar é a base da construção do indivı́duo como
cidadão, e esse trabalho deve ser continuado pela escola, durante essa parceria. Mas, para que essa cooperação
funcione, é necessário que cada uma dessas instituições saiba os papéis que lhe cabem, suas atribuições e
suas responsabilidades, e as coloquem em prática.
4.3.3 Como as tecnologias são utilizadas no ambiente escolar?
A existência e a disseminação das novas tecnologias são uma realidade de toda a sociedade. Em todos os
cantos, enxergamos a sua utilização para facilitar ou melhorar a vida das pessoas. Na escola não poderia ser
diferente, já que o ambiente escolar é uma extensão da sociedade, e essas novas tecnologias transformaram e
vêm transformando a vida em sociedade (DIAS, 2017).
As novas tecnologias na escola possibilitam a utilização de ferramentas que levam a uma forma mais efetiva
de aprendizagem e de interação com diferentes pessoas, mesmo que elas estejam em locais bem distantes.
Nesse sentido, o papel da escola é utilizar essas ferramentas e ensinar aos adolescentes como lidar com esses
recursos, que poderão ser utilizados não só no ambiente escolar, mas durante toda a vida (DIAS, 2017).
#PraCegoVer:	a foto mostra uma adolescente sentada em uma mesa, utilizando notebook e fone de ouvido em
um momento de estudos.
E� verdade que novas tecnologias educacionais expandem a experiência educacional, ampliam as competências
do adolescente, estimulam experiências mais ricas e tiram as barreiras fı́sicas do aprendizado, que antes era
apenas em sala de aula. Além disso, esses recursos capacitam os jovens para o futuro, pois estarão cada vez
mais envolvidos em nosso dia a dia. E, por isso, a escola possui um papel de agente decisivo na transformação
da sociedade, a partir da sua relação com os adolescentes e sua famı́lia (DIAS, 2017).
Figura 7 - Tecnologia e o adolescente estudante
Fonte: Shutterstock, 2020.
VAMOS PRATICAR?
Agora que você já aprendeu um pouco do universo do adolescente, const
texto de até uma lauda sobre como você enxerga a relação do adolescent
escola, o trabalho, a sociedade, as relações de gênero e as novas tecnologias
No entanto, é importante que as novas tecnologias, mesmo sendo utilizadas para melhorar e contribuir para o
processo educacional, sejam empregadas e administradas de maneira responsável e consciente. Desse modo,
ensinamos o adolescente a explorar as potencialidades desses recursos de forma a contribuir positivamente
para a sociedade.
4.4 ECA
O ECA é uma legislação que serve de orientação para a relação e a convivência com a população infanto-
juvenil. Neste tópico, iremos entender o que é o ECA, como ele foi criado e porque foi necessária sua
existência. Além disso, iremos entender como o adolescente é citado e assegurado por algumas condições que
esse estatuto traz em seu texto.
E� importante entender que esse estatuto assegura os direitos dos quais o adolescente pode usufruir, mas
também suas responsabilidades e suas sanções ao cometer infrações ligadas ao contexto social. Vamos
entender melhor o que o ECA fala sobre isso?
4.4.1 O que é o ECA?
O ECA é um conjunto de normas jurı́dicas que tem como principal objetivo proteger, de forma integral, tanto a
criança quanto o adolescente, a partir de medidas protetivas jurı́dicas (DIGIA� COMO; DIGIA� COMO, 2017).
Esse conjunto de normas foi criado em 1990 a partir da Lei nº 8.069, de 13 de julho, pelo Congresso Nacional,
durante o mandato do presidente Fernando Collor. Foi inspiradopelo texto constitucional e em algumas regras
internacionais, como a Declaração dos Direitos da Criança, as Regras Mı́nimas das Nações Unidas para
Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de Beijing) e as Diretrizes das Nações Unidas para
Prevenção da Delinquência Infantil (DIGIA� COMO; DIGIA� COMO, 2017).
Para o ECA, são consideradas crianças as pessoas com idade até 12 anos, e adolescentes as pessoas com idade
entre 12 e 18 anos. Esse estatuto possui informações voltadas para cada um desses grupos, considerando as
caracterı́sticas e peculiaridades de cada um deles.
Esse documento é constituı́do dos seguintes pontos: direitos fundamentais; direito à vida e à saúde; direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade; direitos à convivência familiar; direito à educação, à cultura, ao esporte e
ao lazer; direito à pro�issionalização e à proteção no trabalho; e direito à �iscalização das entidades
(DIGIA� COMO; DIGIA� COMO, 2017).
Direitos fundamentais.
Direito à vida e à saúde.
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade.
Direitos à convivência familiar.
Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao
lazer.
VOCÊ QUER LER?
O ECA, na forma da Lei nº 8,069/1990, está em formato de livro no link:
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_f
empar.pdf
(http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_
fempar.pdf ). Os autores Murillo José Digiácomo e Ildeara de Amorim Digiácomo
(2017), por iniciativa do Ministério Público do Estado do Paraná, disponibilizaram a
legislação de forma integral, anotada e interpretada, possuindo ainda as legislações
correlatas.
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http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_fempar.pdf
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_fempar.pdf
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_fempar.pdf
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2017_7ed_fempar.pdf
Direito à pro�issionalização e à proteção no
trabalho.
Direito à �iscalização das entidades.
O ECA é de grande importância, pois proporciona o reconhecimento das crianças e dos adolescentes como
sujeitos que possuem seus direitos e suas vidas protegidas, uma vez que são pessoas que vivem perı́odos
intensos de desenvolvimento em suas mais diferentes formas, como o desenvolvimento psicológico, fı́sico,
moral e social.
4.4.2 Como o ECA se relaciona com o adolescente?
Por que o ECA é tão importante? Por que foi necessário criar uma lei que deixasse clara a participação da
criança e do adolescente na sociedade? Principalmente porque, antes da criação do ECA, as crianças, e
principalmente os adolescentes, eram considerados adultos em miniatura. Em alguns aspectos, não eram
vistos como pessoas, tanto no contexto cultural quanto no contexto jurı́dico. Esse fato levava-os a viverem em
condições prejudiciais para seu desenvolvimento, ou a serem submetidos a crueldades (DIGIA� COMO;
DIGIA� COMO, 2017).
O ECA tem uma relação profunda com a necessidade de garantir os direitos da criança e do adolescente. Um
ponto que inicia o estatuto é a a�irmação de que esse público tem garantido o direito de gozar de direitos
fundamentais inerentes a pessoa humana e que eles não podem sofrer discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, de�iciência, condição pessoal de aprendizagem,
condição econômica, ambiente social, região ou local de moradia ou qualquer outra condição que o diferencie
(DIGIA� COMO; DIGIA� COMO, 2017).
Nesse sentido, é importante destacar que a criação do ECA garantiu que crianças e adolescentes possam viver
e ter todas oportunidades necessárias para uma condição de vida de boa qualidade. Garantiu, portanto, que
não são miniaturas de adultos, como eram considerados antes da existência dessa legislação.
Essa legislação também garante que as crianças e os adolescentes têm direito à proteção da vida e da saúde.
Esse direto deve ser garantido pela efetivação de polı́ticas sociais públicas. Além disso, esse estatuto deixa
claro que nenhum adolescente pode ser objeto de qualquer negligência, fato que evidencia a responsabilidade
da famı́lia sobre seus cuidados básicos, como educação, moradia e bem-estar (DIGIA� COMO; DIGIA� COMO,
2017).
•
•
E� importante entender que, a despeito dessa legislação, que assegura todos esses direitos, cada municı́pio
precisa ter um conselho tutelar, que é uma entidade pública responsável por salvaguardá-los e direcionar o
cumprimento de sanções por infrações cometidas pelos adolescentes, além de determinar, em algumas
situações, necessárias condições de relacionamento com a famı́lia ou os responsáveis.
VAMOS PRATICAR?
Após estudar sobre o ECA, construa um mapa mental, incluindo as infor
principais sobre sua legislação e o que é trazido sobre o adolescente.
CASO
Luana é uma adolescente de uma comunidade carente e que estuda em uma escola
estadual, no Ensino Médio. Ela conhece muita gente na escola e na comunidade, e
acabou se envolvendo em um relacionamento com um garoto da mesma comunidade,
que tem uma namorada que estuda no mesmo colégio que ela. A namorada do rapaz
soube do envolvimento de seu namorado com Luana e não gostou nada disso, por
esse motivo começou uma briga com Luana dentro da escola. Como Luana �icou
bastante machucada, foi necessário chamar seus pais e o conselheiro tutelar da
região, para que juntos pudessem chegar a uma resolução desse con�lito.
Conversando, o conselheiro aconselhou Luana a não manter relações com esse rapaz.
Porém a�irmou que a outra adolescente será observada, pois esse comportamento já
se repetiu outras vezes, e os pais dela, já sabendo da situação, não contribuem muito
para uma mudança.
Percebemos, dessa forma, que o ECA considera o adolescente um indivı́duo em desenvolvimento, que está
aprendendo como é a vida adulta, uma vez que os adolescentes já respondem por infrações cometidas
socialmente. Isso reforça o fato de que o adolescente precisa aprender a lidar com comportamentos que o
ensinem como será sua vida adulta.
Conclusão
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
compreender a relação do adolescente com seus semelhantes,
suas diferentes tribos e seus relacionamentos amorosos;
compreender a relação do adolescente com o ambiente escolar e
o ambiente tecnológico;
entender o que é o ECA e como ele se relaciona com o
adolescente.
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