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Maria Paula Almeida Organização e Legislação da Educação Unidade 1 Fundamentação Legal da Educação Brasileira Livro didático digital Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor MARIA PAULA ALMEIDA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é Maria Paula Almeida. Sou formada em administração de empresas e pedagogia, mestre em gestão da educação, com uma experiência técnico-profissional na área de gestão de mais de 10 anos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor MARIA PAULA ALMEIDA INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução......................................................................................10 Competências................................................................................11 Compreendendo os significados dos termos lei, diretrizes, bases e a estrutura de ensino..............................12 A Educação e a Constituição Federal Brasileira..........................12 Analisando os princípios e fins da educação nacional – artigos 2º e 3º da lei 9394/96..................................................19 Princípios e Fins da Educação Brasileira.........................................19 Identificando os aspectos do sistema escolar brasileiro e a administração do sistema nacional de ensino...............28 Sistema Escolar Brasileiro..........................................................................28 Estrutura do Sistema Escolar Brasileiro...........................................29 Conselhos de Educação no Brasil.......................................32 Diretrizes Curriculares Nacionais..........................................33 Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil......................................................................................................35 Parâmetros Curriculares Nacionais.....................................37 Plano na cional de educação: objetivos e metas.............39 O Plano Nacional..............................................................................................39 Metas.........................................................................................................41 Bibliografia.....................................................................................47 Organização e Legislação da Educação 9 UNIDADE 01 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Organização e Legislação da Educação10 A área de organização e legislação da educação norteia o sistema educacional brasileiro, por meio de leis, diretrizes e estatutos visamos garantir o direito de educação para todos. Nessa disciplina iremos aprender que a história da educação é composta pela luta de desigualdade social e econômica que reflete na educação brasileira. O Brasil deve desenvolver práticas pedagógicas por meio de políticas democráticas, que reconheçam as diferenças geográficas e econômicas de cada região, que visem garantir uma educação de qualidade e significativa ao educando. Enquanto educadores temos um papel crucial, pois reconhecendo nossa estrutura educacional e onde se pretende chegar, podemos efetivar na pratica o que já está garantido na lei federal da constituição de 1988 e reafirmado pela LDB 9394/95, a educação como um direito de todos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Organização e Legislação da Educação 11 Olá. Seja muito bem vindo a nossa Unidade 1 – Fundamentação Legal da Educação Brasileira, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender os significados dos termos lei, diretrizes, bases e a estrutura de ensino. 2. Analisar os princípios e fins da educação nacional – artigos 2º e 3º da Lei 9394/96. 3. Identificar os aspectos do sistema escolar brasileiro e a administração do sistema nacional de ensino. 4. Conhecer o Plano Nacional de Educação: Objetivos e Metas. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! COMPETÊNCIAS Organização e Legislação da Educação12 Compreendendo os significados dos termos lei, diretrizes, bases e a estrutura de ensino A Constituição Federal assegura a educação brasileira como um direto social garantido por lei a todos. Ao longo desta aula iremos discorrer sobre os aspectos desse direito e sua importância, apresentando as estruturas e competências da organização da educação em nosso país. Dúvidas? Não se preocupe. Recorra ao fórum de dúvidas e discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer todas as suas dúvidas. Nós estaremos a sua disposição em caso de dificuldades! A Educação e a Constituição Federal Brasileira A Constituição Federal de 1988 foi elaborada com participação democrática e popular, contando com a participação de vários sujeitos da sociedade sendo eles políticos e movimentos sociais. Essa ampla participação promoveu a garantia de diversos direitos socias, entre eles a educação. No artigo 205 da Constituição Federal encontramos: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Brasil, 1988) A lei aborda a Educação como um direto de todos que deve ser suprido pelo Estado e pela família, sendo que a sociedade também tem o papel de incentivar o Organização e Legislação da Educação 13 cumprimento desse dever, colaborando para que os jovens estejam nas escolas. REFLITA: Importante ressaltar que o texto da Constituição trata que a educação é dever do Estado e da Família, dessa forma por exemplo os pais que deixarem de matricular seus filhos com idade escolar, bem como não garantir sua frequência na instituição de ensino, serão punidos de acordo com a lei. No início a Constituição aborda ser a Educação como um direito social, e ao longo do seu texto aborda outros aspectos, como a gratuidade do ensino e qualidade da educação. De acordo com a Constituição Federal não adianta apenas oferecer vaga nas escolas, a lei garante que esse serviço dever ser garantido como um ensino gratuito e de qualidade. Encontramos também na Constituição que o aluno deve ter condições de acesso e permanência na escola, devendo levarem consideração o meio que o educando está inserido, e promovendo práticas pedagógicas que estimule esse aluno a permanecer na escola. Esse é um aspecto que merece atenção, pois encontramos na constituição a garantia de acesso à escola a todos, a oferta de acesso se dá a partir da existência de vagas, mas fazer com que esse aluno permaneça no ambiente escolar necessita muito mais do que uma lei. Nesse momento alunos cabe refletirmos, será que nossas escolas estão preparadas para se tornar um ambiente em que o aluno se sinta parte e com prazer de frequentar? Organização e Legislação da Educação14 Muitas vezes encontramos alunos frequentando as escolas, más não se sentindo parte daquele ambiente, ou muitas vezes não encontrando ausência recursos que permita que ele continue frequentando aquela instituição. Isso se dá pois as escolas por vezes desconsideram a sociedade em seu torno, pois cada escola tem sua identidade composta pelos alunos que ali integram, sendo assim cabe a escola e ao professor reconhecer essas particularidade e desenvolver estratégias que condizem com aquela realidade. Nesse aspecto abrir a escola para que a comunidade escolar possa fazer parte da proposta pedagógica e das decisões da escola tende a contribuir para tornar o processo ensino aprendizado significativo para aquele grupo. As políticas públicas oferecidas pelos órgãos competentes também ser desenvolvidas para contribuir com a retenção desse aluno no ambiente escolar, considerando entre outros a oferta de transporte público, oferta de ensino em turnos contrários, além de material e organização curricular adequado as condições do estudante. Em busca de enfrentar esses desafios visando diminuir a evasão escolar, e a escola controla a permanência dos alunos, quando o aluno começa a ter faltas excessivas a escola comunica aos pais, e caso o problema persista o conselho tutelar e acionado para tomar as medidas cabíveis por lei. ACESSE: Artigo Das Políticas de Acesso e Permanência na Escola ao Direito á Educação Básica de Qualidade Social: Avanço Possível. http://educere.bruc.com. br/arquivo/pdf2015/20481_10675.pdf http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20481_10675.pdf http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20481_10675.pdf Organização e Legislação da Educação 15 Concluímos que no Brasil acesso à escola é uma grande conquista, visto que na nossa história o acesso ao ensino era privilegio de uma pequena parcela da população, mas observamos que a conclusão da educação básica até o ensino superior, apresentam muitas dificuldades. A oferta do ensino é realizada em instituições públicas e privadas, e independente da sua estrutura devem obedecer a princípios previstos na lei. Dessa forma compreendemos que as instituições privadas devem seguir os mesmos preceitos da lei que as instituições públicas. A Constituição Federal de 1988 trata que a criança, jovem e adolescente tem direito entre outros a vida, a alimentação, educação e ao lazer, conforme observamos no artigo 227. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Brasil, 1988) Em 1990 instituiu no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi criado após a participação brasileira na Convenção sobre os Direitos Humanos da Criança pela Assembleia Geral das Noções Unidas em 1989, esse estatuto trata dos direitos de deveres das crianças e adolescentes, reafirmando alguns já mencionados no artigo 227 da Constituição. O ECA no seu artigo 53 ratifica que a educação é um direito da criança e adolescente. Conforme mencionado abaixo: Organização e Legislação da Educação16 Artigo 53 – A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento da sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola II – Direito de ser respeitado por seus educadores; III – Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer ás instâncias escolares superiores; IV – Direito de Organização e participação em entidades estudantis; V – Acesso á escola pública e gratuita próxima a sua residência. (Brasil, 1990) Figura 1 : Crianças na escola Fonte: Pixabay Organização e Legislação da Educação 17 O ECA é importante pois assegura o direito das crianças e adolescentes presentes na constituição, dessa forma busca-se garantir que os direitos sejam respeitados. O Estatuto da Criança e Adolescente classifica um sujeito com até doze anos incompletos como criança, entre doze e dezoito anos incompletos como adolescentes. Essa classificação de acordo com o ECA, permite que se aplique medidas cabíveis em caso de descumprimento da lei pela criança ou adolescente, sendo aplicadas medidas compatíveis com a classificação do sujeito, pois o estatuto assegura direitos, mas também deveres que deve ser exercido por qualquer sujeito seja ele jovem, adulto ou criança. O artigo 112 do ECA menciona as medidas socioeducativas que devem ser aplicadas as crianças e jovens entre 12 e 18 anos, essas medidas serão analisadas justiça que irá mediante ao delito do infrator aplicar as medidas cabíveis. São Elas: Advertência – Artigo 115 do ECA: É uma repreensão judicial, que visa sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre as consequências de uma reincidência infracional Obrigação de reparar o dano – Artigo 116 do ECA: O ressarcimento por parte do jovem do dano ou prejuízo econômico causado á vítima. Prestação de serviços à comunidade - Artigo 117 do Eca: Realização de tarefas gratuitas a comunidade no período de seis meses e oito horas semanais. Liberdade Assistida – Artigo 118 do ECA: Acompanhamento, auxílio e orientação do jovem em conflito com a lei por equipes multidisciplinares no período mínimo de seis meses. Semiliberdade – Artigo 120 do ECA: Restrição de liberdade do jovem, o mesmo poderá permanecer com a família aos finais de semana. Internação – Artigo 121 e 125 do ECA: A internação pode ser em caráter provisório ou definitivo. Organização e Legislação da Educação18 SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o Estatuto da Criança e Adolescente, leia a Revista Eca, disponível em: http://rebrinc.com.br/wp-content/ uploads/2015/03/RevistECA.pdf Analisando a Constituição fica claro os desafios que ela apresenta, se fazendo necessário a criação de estatutos, diretrizes e bases para desenvolver um plano nacional com a união de diversos órgãos da sociedade, afim de promover um diagnóstico da realidade educacional e estratégias que ampliem o acesso, permanência e a construção de um processo ensino aprendizado significativo ao educando. http://rebrinc.com.br/wp-content/uploads/2015/03/RevistECA.pdf http://rebrinc.com.br/wp-content/uploads/2015/03/RevistECA.pdf Organização e Legislação da Educação 19 Analisando os princípios e fins da educação nacional – artigos 2º e 3º da Lei 9394/96. Nessa aula iremos analisar e refletir sobre o 2º e 3º artigo da LDB 9394/96, analisando quem são os responsáveis pela educação e quais os princípios que norteiam a educação brasileira. Vamos juntos promover essa reflexão? Princípios e Fins da Educação Brasileira A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) Lei 9394 foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002), é uma lei que regulamenta o sistema educacional público ou privado do Brasil, da educação básica ao ensino superior. A LDB 9394/96 estabelece deveres dos Estados, os princípios da Educação e as responsabilidades entre os Municípios,Estados e o Distrito Federal, reafirmando o direito a educação garantido pela Constituição Federal e abordado no Estatuto da Criança e Adolescente. ACESSE: 20 anos da LDB: como a lei mudou a Educação https://novaescola.org.br/conteudo/4693/20- anos-ldb-darcy-ribeiro-avancos-desafios-linha- do-tempo https://novaescola.org.br/conteudo/4693/20-anos-ldb-darcy-ribeiro-avancos-desafios-linha-do-tempo https://novaescola.org.br/conteudo/4693/20-anos-ldb-darcy-ribeiro-avancos-desafios-linha-do-tempo https://novaescola.org.br/conteudo/4693/20-anos-ldb-darcy-ribeiro-avancos-desafios-linha-do-tempo Organização e Legislação da Educação20 A partir da LDB 9394/96 a escolarização passou a ter um espaço importante no debate sobre a educação brasileira, tornando o ensino básico pauta na política nacional e desencadeando algumas políticas públicas como os parâmetros curriculares nacionais (PCN), referenciais curriculares nacionais (RCN), política de financiamento da Educação Básica (Fundeb), Sistema de avaliação da Educação Básica (SAEB) e Enem, políticas essa que estudaremos no decorrer do curso. ACESSE: LDB atualizada http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394. htm A Lei de diretrizes e bases 9394/96 estrutura a educação básica por etapas e modalidades de ensino, são elas: Etapas de Ensino da Educação Básica: Educação Infantil Crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos. Frequência não obrigatória até os 3 (três) anos. Dividida em: Creches – 0 (zero) a 3 (três) anos. Pré Escola – 4 (quatro) a 5 (cinco) anos Principal função: Formação Integral do aluno http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Organização e Legislação da Educação 21 Figura 2 : Educação Infantil Fonte: Pixabay Ensino Fundamental Crianças a partir dos 6 (seis) anos (completos) até Março do ano vigente. Duração 9 (Nove) Anos. Principal função: Oferecer conteúdo mínimo para a criança se desenvolver Ensino Médio: Duração mínima 3 (três) anos podendo chegar a 5 anos no caso da modalidade educação profissional de nível médio. Principal função: Oferecer qualificação para ensinos posteriores. Organização e Legislação da Educação22 Figura 3: Adolescentes na escola Fonte: Pixabay Modalidades de Ensino da Educação Básica: Educação Regular Educação de Pessoas com Necessidades Especiais Educação de Jovens e Adultos Educação Escolar Indígena Educação Profissional e Tecnológica Educação a Distância Educação do Campo Organização e Legislação da Educação 23 Figura 4 : Estudantes indígenas Fonte: Wikitanvir | Biplob Rahaman | Wikimedia Commons | CC BY 3.0 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chakma_Students,_Khabagpujja,_ Khagrachori,_2010_by_Biplob_Rahman.jpg A lei 9394/94 representa uma evolução pelo fato de incluir as crianças de zero a cinco anos no processo educativo, algo que antes não acontecia por acreditar que essas crianças deveriam ser assistidas pela área de assistência social, dessa a preocupação passa a ser voltada para formação integral da criança. A Lei de Diretrizes e bases reforça aspectos mencionados no Constituição Federal (1988) e no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), no artigo 2º observamos: Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Brasil, 1996) Organização e Legislação da Educação24 O artigo ressalta o dever da família e o Estado em relação a educação, dessa forma entendemos que a família junto com o Estado são um dos principais responsáveis no processo educacional, sendo o papel da escola e dos professores complementar a ação da família. REFLITA: Atualmente percebemos em nossas escolas muitos pais e responsáveis, transferindo para os educadores e a escola a responsabilidade em relação a educação das crianças, no entanto a lei e clara quando trata que essa responsabilidade deve ser uma parceria de todos em prol do bem- estar da criança. Observamos também que a educação deve favorecer a liberdade do educando, desenvolvendo seu lado crítico, proporcionando uma formação adequada para que além do aluno se inserir no mercado de trabalho, ele possa ser agente de transformação dentro da sua sociedade. Dessa forma entendemos que uma educação de qualidade não deve ser focada apenas em conteúdo, más em práticas que promovam o senso crítico e a reflexão desse aluno frente aos seus problemas sociais, para que ele possa contribuir e realizar mudanças no seu meio social. O artigo 3º da LDB (9394/96) os princípios que devem ser garantidos na educação. Conforme abaixo: Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Organização e Legislação da Educação 25 III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (Brasil, 1996) De acordo com a lei todos devem ter condições de acesso e permanência na escola, independente da classe social todas as pessoas tem direto a uma educação de qualidade. Figura 5: Educação de qualidade Fonte: Freepik (editado) IGUALDADE EQUIDADE Organização e Legislação da Educação26 Importante ressaltar que a lei trata de condições de acesso e não igualdade de direito de acesso. Quando a escola oferece a equidade que significa condições de acesso, ela está levando em consideração as diferenças desse educando para oferecer as mesmas oportunidades. Importante ressaltar que a escola só terá condições de garantir o ensino de qualidade para todos, se levar em consideração as condições iniciais desses educandos, contribuindo para que as diferenças sejam supridas e todos alcances os mesmos objetivos. SAIBA MAIS: Direito á educação: direito a igualdade, direito á diferença http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0100-15742002000200010 A educação tem o dever de desenvolver cidadãos críticos que respeitem a liberdade e a tolerância, capaz de refletir e contribuir com a sociedade em que está inserido. Atualmente presenciamos em nossa sociedade a intolerância muito eminente, seja ela cultural, social e religiosa o recurso mais eficaz para combater essa prática é a escola. A escola deve promover práticas pedagógicas que valorize as experiências extra escola, promovendo o interesse e despertando um aprendizado significativo dos alunos. De acordo com Paulo Freire não podemos considerar o aluno uma tábua rasa, vazia e sem conteúdo, nos enquanto educadores devemos conforme está previsto na lei, criar práticas pedagógicas que levem em consideração as experiências trazidas pelos alunos ao contexto escolar, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000200010 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000200010 Organização e Legislação da Educação 27 dessa formar iremos tornar a educação mais significativa e prazerosa ao educando. A gestão da escola deve ser realizada de forma democrática, com a participação de toda a comunidade escolar. A lei 9394/96 ressalta a importância da valorização dos profissionais que atuam na educação, para que isso possa refletir em uma educação de qualidade. Nos nossos estudospudemos observar a importância da Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) trouxe para a educação brasileira, pois as práticas pedagógicas passaram a ser estruturadas buscando promover uma educação de qualidade. A igualdade de acesso a educação é importante e foi uma grande conquista, pois a tempos atrás o ensino era apenas para uma pequena parcela da população, a classe minoritária não tinha acesso a escola. Atualmente todos passaram a ter o direito ao acesso a escola, e a LDB veio para asseguras as condições de ensino promovendo um ensino de qualidade, buscando a formação integral do aluno. ACESSE: Entrevista Gestão Democrática na Escola https://www.youtube.com/watch?v=_a13nWelrbE https://www.youtube.com/watch?v=_a13nWelrbE Organização e Legislação da Educação28 Identificando os aspectos do sistema escolar brasileiro e a administração do sistema nacional de ensino Nessa aula iremos estudar sobre o sistema escolar brasileiro sua composição e funcionamento, conhecendo o debate que existe sobre o assunto no âmbito acadêmico. Convido você aluno realizar esse estudo e refletir, sobre os caminhos que a educação brasileira ainda necessita trilhar, na busca de oferecer um serviço de qualidade e significado para o educando. Bons estudos! Sistema Escolar Brasileiro A história do sistema educacional brasileiro foi marcada por seu caráter excludente, que favorecia a minoria permitindo o acesso a educação apenas para a elite. A implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação garantiu mudanças e reorientação do sistema educativo, possibilitando o acesso de todos a uma educação de qualidade, esse amplo acesso à educação necessitou reestruturar um sistema escolar, que permitisse que a escola fosse de fato acessível a todos. O Brasil e constituído por desigualdades econômicas e sociais, e quando se pretende reestruturar a educação deve-se levar em consideração essa complexidade, para que se possa atingir uma educação universal e democrática. Conforme corrobora: A compreensão do sistema educacional brasileiro exige que não se perca de vista a totalidade social da qual o sistema educativo faz parte. (Salviani, 1987) Organização e Legislação da Educação 29 De acordo com Salviani, a educação deve estar voltada para além dos livros, tendo como foco a sociedade que esse educando está inserido. O sistema educacional brasileiro apresenta falhas na qualidade do que está sendo ministrado, percebemos que muitas das propostas para a educação não é o que efetivamente ocorre no interior da escola. As propostas para a educação devem ser planejadas para atender o interesse da sociedade, de forma que sejam possíveis o seu cumprimento para que realmente atinja seus objetivos. Percebemos que o nosso sistema educacional apresentou mudanças, mas ainda precisa evoluir, proporcionando o desenvolvimento de estudantes críticos e que possam contribuir com a sociedade que fazem parte, provendo o desenvolvimento emocional, cultural e social. SAIBA MAIS: Desafios da Construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação http://www.scielo.br/ pdf/tes/v6n2/02.pdf Estrutura do Sistema Escolar Brasileiro O sistema brasileiro de ensino é dividido de acordo com dois níveis conforme o art. 21 da LDB: Educação Básica: composta pela educação infantil, ensino fundamental e médio Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação, programas de mestrado e doutorado, cursos de especializações e pós-graduação. Segundo a constituição de 1988 e a LDB 9394/96, a educação brasileira e composta por sistemas de ensino que http://www.scielo.br/pdf/tes/v6n2/02.pdf http://www.scielo.br/pdf/tes/v6n2/02.pdf Organização e Legislação da Educação30 serão organizados de modo colaborativo entre a União, os Estados e o Distrito Federal, no Brasil encontramos problemas na articulação entre esses órgãos em relação a organização do sistema, refletindo em problemas na educação. Sabemos que cada órgão é responsável por uma área do ensino, no entanto a responsabilidade deve ser pensada no bem em estar do educando, e não apenas no que tange a responsabilidade do órgão, devendo esses órgãos estabelecerem parcerias para que de fato esse aluno seja atendido na sua necessidade. O sistema federal é composto pelo Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação (CNE), e possuiu atribuições são algumas delas: 1. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal 2. Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados e Municípios 3. Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, definindo prioridades e a melhoria da qualidade 4. Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior O sistema estadual é constituído pela Secretaria de Educação (SEE), Conselho Estadual de Educação (CEE), Delegacia Regional de Educação (DRE) ou Subsecretaria de Educação, são algumas responsabilidades: 1. Organizar e manter e desenvolver os órgãos do seu sistema de ensino 2. Assegurar o ensino fundamental e oferecer o ensino médio com prioridade 3. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual Organização e Legislação da Educação 31 O sistema municipal é formado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) e o Conselho Municipal de Educação (CME), são algumas de suas atribuições: 1. Oferecer a educação infantil em creches e pré- escolas, e com prioridade, o ensino fundamental, atuar em atendendo a outras áreas apenas quando tiver sanado suas necessidades na totalidade 2. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. Segundo Salviani (2010), o Brasil não possui um sistema de educação e sim uma estrutura educacional, pois para possuir um sistema teria que desenvolver um profundo conhecimento da realidade e das dificuldades de cada região do país e devido as diferenças de cada região brasileira e termos econômicos e culturais isso se torna difícil. Além disso deve ter conhecimento da realidade das estruturas e dos recursos disponíveis, bem como do capital humano acessível para implementar políticas públicas que visem equalizar as diversas regiões diante das suas diferenças. A educação brasileira deve partilhar todo o conhecimento teórico sobre a educação, não apenas diretrizes ou currículos, más conhecimentos que possam ser compartilhados com diferentes regiões indiferente das distâncias físicas ou econômica. Salviani (2010) acredita que até hoje o Brasil construiu uma estrutura educacional, marcada por leis e programas como a Constituição Federal e a LDB, mas ainda não foi desenvolvida uma unidade educacional que buscassem a garantia de direito de oportunidades e não apenas de igualdade. O direto de oportunidade será efetivado quando se desenvolver um sistema educacional, que busque reconhecer as diferenças de cada educando e diante dessa diferença promova uma educação de qualidade para todos. Organização e Legislação da Educação32 Conselhos de Educação no Brasil Os conselhos de educação no Brasil exercem a função de organização e planejamento e são divididos de acordo com a dependência política-administrativa: Conselho Nacional de Educação (CNE) Foi criado em 24 de dezembro de 1995 por meio da lei 9.131 é composto pela Câmara de Educação Básica e a Câmara de Educação Superior é composto por 24 membros, sendo 12 indicados por associações científicas e profissionais, e os outros nomeados pelo presidente da república. O CNE atua auxiliando o Ministério da Educação, sendo uma forma de participação da sociedade nos processos decisórios da educação brasileira. Conselho Estadual de Educação O Conselho Estadual de Educação atua no sistema de ensino estadual, e dentre as suas atribuições está manter o intercâmbio com o Conselho Nacional de Educação, e com os demais conselhos estaduaise municipais de educação, tendo como objetivo atingir os resultados planejados. Conselho Municipal de Educação O Conselho Municipal de Educação é composto por representantes das instituições educacionais, sociedade e da câmara de vereadores dos municípios essa composição visa a participação de diversos segmento da sociedade nos processos de políticas públicas relacionadas a educação. A principal finalidade do Conselho Municipal e a criação dos planos municipal de educação bem como a fiscalização, avaliação e o acompanhamento da execução desses planos. Organização e Legislação da Educação 33 Diretrizes Curriculares Nacionais As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas discutidas e fixadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), e orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino da Educação Básica. Segundo a definição do CNE: Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas. (Brasil, 1998) ACESSE: A era das diretrizes: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres. http://www.scielo.br/ pdf/rbedu/v17n49/a01v17n49.pdf A origem das DCNs está na lei 9384/96, quando trata ser a finalidade da União estabelecer diretrizes que irão nortear os currículos da educação básica. Art. 8º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v17n49/a01v17n49.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v17n49/a01v17n49.pdf Organização e Legislação da Educação34 mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (Brasil, 1996) A criação dessas diretrizes se faz importante visto a necessidade criação de políticas educacionais, que garantam o direito de todo brasileiro ter acesso a uma formação humana e cidadã, dentro do ambiente escolar conforme a Lei 9394/96. Observamos os objetivos das Diretrizes. I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. (Brasil, 2001) Com isso compreendemos que as DCNs são leis que regulamentam a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, nas diretrizes constam os objetivos e metas para a educação, permitindo que cada instituição de ensino tenha sua autonomia incentivando a criação de currículos de acordo com as competências elencada nas diretrizes. As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Básica estabelecem bases para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, onde os sistemas federais, estaduais e municipais irão se orientar para promover um currículo integralizado. Organização e Legislação da Educação 35 Segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE) as Diretrizes Curriculares Nacionais buscam ser uma referência curricular, para que todo cidadão possa gozar de conhecimentos cientificamente elaborado e historicamente construído, para isso as DCNs estabelecem princípios norteadores para a escola desenvolver suas ações pedagógicas, são eles: 1. Princípios Éticos: Autonomia, responsabilidade e respeito. 2. Princípios Políticos: Direito e Cidadania 3. Estético: Criatividade, Sensibilidade e variadas formas artísticas. A educação brasileira é composta por modalidades e cada modalidade tem sua diretriz estabelecida, após as Diretrizes Curriculares foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Referenciais Curriculares Nacionais, esses documentos abordam o currículo indicado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. As Diretrizes Curriculares para Educação Infantil constam na Resolução n.5, de 17 de dezembro de 2009, esse documento apresenta a orientação pedagógica para educação infantil. A organização curricular brasileira visa garantir a Constituição Federal promovendo educação de qualidade para todos. Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil Em 1998 visando atender as questões da Lei 9394/96 foi criado os Referenciais Curriculares Nacionais (RCNEI) com o objetivo de apontar metas de qualidade e ressaltar o desenvolvimento integral da criança, reconhecendo os direitos e deveres dos alunos dessa faixa etária. Organização e Legislação da Educação36 O RCNEI foi desenvolvido por meio da mobilização social que participaram do amplo debate nacional, que visa sedimentar os diretos da Constituição Federal 88 superando o caráter assistencialista das crianças. O Referencial Curricular Nacional tem o objetivo de ser um guia de orientações pedagógicas aos profissionais de educação infantil. Esse documento é constituído por três volumes. O volume 1 denominado Introdução apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas, trazendo uma concepção sobre criança, educação, instituição e educador. ACESSE: Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 1 http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf ACESSE: Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 1 http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/rcnei_vol2.pdf O volume 2 Formação Pessoal e Social nesse volume é trabalhado a autonomia e construção de identidade da criança. O volume 3 Conhecimento do Mundo esse documento aborda a importância das experiências e o conhecimento que a criança tem do mundo, aborda a construção de linguagens e suas relações. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol2.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol2.pdf Organização e Legislação da Educação 37 ACESSE: Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 1 http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/rcnei_vol3.pdf ACESSE: Parâmetros Curriculares Nacionais http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) refere- se as series iniciais do Ensino Fundamental e visam auxiliar o trabalho pedagógico de modo que as crianças desenvolvam os conhecimentos formais que necessitam para se tornarem cidadãos plenos. A aprovação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foi realizado pelo MEC, com o objetivo de desenvolver metas de qualidade e objetivos que visem a formação de cidadãos participativos na sociedade que reconhecem seus direitos e deveres. Em 2017 surge a Base Nacional Comum Curriculares (BNCC) esse documento visa de modo geral, definir o que deve ser ensinado para cada estudante em cada ano de estudo da educação infantil até o ensino médio. A partir da implementação da Base Nacional Curriculares, o Brasil passa a ter uma referência curricular nacional obrigatória, no qual as escolas deverão se apoiar para desenvolver seus currículos. Segundo o documento os currículos devem ser elaborados, respeitando a diversidade, particularidades e o contexto que a escola estáinserida. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol3.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol3.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf Organização e Legislação da Educação38 A criação dos BNCC visa contribuir para diminuir a desigualdade de oportunidades entre os estudantes brasileiros, onde cada instituição deverá seguir uma base comum de ensino e incluir uma base diversificada de acordo com as especificidades de cada localidade onde a escola está inserida. Organização e Legislação da Educação 39 Plano Nacional de Educação: Objetivos e Metas Como já pudemos estudar nos capítulos anteriores da nossa disciplina, o Brasil definiu já leis e estatutos que garantam o direito das crianças em relação a educação. Más ainda se observa que na prática não conseguiu estabelecer o que diz a lei, dessa forma foram desenvolvidas 20 metas para a educação que visem uma educação de qualidade para todos. Convido a vocês estudarem essas metas e as os seus objetivos, para que como educadores possamos contribuir para a efetivação do direito á educação. O Plano Nacional Em 25 de Junho de 2014 a presidenta Dilma Rousseff sanciona a lei 13.005/2014 que aprova o novo Plano Nacional de Educação, com vigência até 25 de Junho de 2024, e visa cumprir o disposto no artigo 214 da Constituição Brasileira. Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; Organização e Legislação da Educação40 V - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. (Brasil, 1988) O Plano Nacional de Educação (PNE) surge respaldado pela Lei de Diretrizes e Bases, como um instrumento para a evolução da educação brasileira, sendo assim se faz importante seu estudo para compreender a complexidade do que se pretende alcançar. O PNE no seu artigo 2º apresenta dez diretrizes, que irão orientam a educação brasileira são elas: Art. 2o São diretrizes do PNE: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; Organização e Legislação da Educação 41 X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. ACESSE: Entrevista Plano Nacional de Educação https:// www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo Podemos observar analisando a Constituição Federal no artigo 214, que cinco desses objetivos já estavam sendo contempladas na constituição, são eles: I – Erradicação do analfabetismo II – Universalização do atendimento educacional IV – Melhoria da qualidade da educação VII – Promoção humanística e tecnológica do País VIII – Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB Observamos por meio desse comparativo, que esses assuntos continuam impactando a qualidade da educação brasileira, encontramos também nas PNE diretrizes como valorização profissional, gestão democrática, promoção humanística e respeito ao direitos humanos, que foram incluídas após inúmeros debates e reflexões com diversos segmentos da sociedade, visando oferecer um ensino de qualidade e que desenvolva a formação integral do estudante. Metas O Plano Nacional de Educação possui metas a serem cumpridas em 10 anos e metas intermediárias para serem cumpridas em 5 ou 6 anos contados a partir da aprovação da lei. https://www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo https://www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo Organização e Legislação da Educação42 Os cumprimentos dessas metas serão realizados a cada dois anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (INEP), junto com o Congresso Nacional e o Fórum Nacional de Educação, e irão analisar e publicar os resultados das metas. O Plano Nacional de Educação possui 20 metas que abrange todos os níveis de formação, desde a educação infantil até o ensino superior. Encontramos metas voltadas para a garantia do direito a educação de qualidade, ampliação de acesso e a universalização do ensino. Meta 1: Universalizar até 2016 o atendimento escolar da população de quatro e cinco anos, e ampliar a oferta educacional de forma a atender em creches no mínimo cinquenta por cento da população de até três anos, e, até o último ano de vigência desta Lei, universalizar o atendimento da demanda manifesta por creche. Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos, até quatro anos após a vigência desta Lei e garantir que pelo menos oitenta e cinco por cento dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o quinto ano de vigência deste PNE, elevando esse percentual a noventa e cinco por cento até o último ano. Meta 3: Universalizar, até o quinto ano de vigência desta Lei, o atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete anos e elevar a taxa líquida de matrículas dessa faixa etária no ensino médio, alcançando- se 75% no quinto ano de vigência desta Lei e 90% em no último ano de Vigência desta Lei. Meta 5: No prazo de quatro anos de vigência deste PNE, assegurar a alfabetização de todas as crianças até o final do segundo ano do ensino fundamental. Meta 6: Oferecer educação em tempo integral para trinta por cento, no quinto ano deste PNE, e para metade, Organização e Legislação da Educação 43 no último ano de sua vigência, dos alunos das escolas públicas de educação básica Meta 7: Fomentar a qualidade de ensino em todos os níveis, etapas e modalidades do ensino assegurando a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos estudantes. Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com quinze anos ou mais para noventa e três vírgula cinco por cento até o quinto ano de vigência deste PNE e, até o último ano, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em sessenta por cento a taxa de analfabetismo funcional; ofertando vagas de educação de jovens e adultos para cinquenta por cento da demanda ativa no quinto ano e cem por cento até o último ano deste PNE. Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Meta 11: Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando que a rede pública corresponda, no quinto ano de vigência desta Lei, a 60% das matrículas e, no último ano de vigência desta Lei, a 80% do total de matrículas. Oferecer ampliação de atendimento para as crianças de 0 a 5 anos é um desafio para o município, visto que necessitará de investimentosna estrutura educacional e formação de profissionais da educação. Assegurar o acesso aos estudantes de 6 a 17 anos também será um desafio, visto que necessitará desenvolver projetos políticos pedagógicos, que visem acabar com a evasão escolar tornando o processo ensino aprendizado significante para os alunos. O PNE aborda o direito a universalização do ensino aos sujeitos com deficiências e residentes em regiões rurais diversas do país, por meio das metas abaixo: Organização e Legislação da Educação44 Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino, realizando Censo específico. Meta 8: Elevar a escolaridade média da população maior de 15 anos de idade de modo a alcançar mínimo de 10 anos de estudo até o quinto ano de vigência desta Lei e 12 anos de estudo até o último ano de vigência desta Lei para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos vinte e cinco por cento mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional. Essas metas também apresentam dificuldades pois oferecer uma efetiva educação inclusiva necessita de investimentos estruturais, tecnológicos e humanos para atender esses alunos. Existem metas voltadas para valorização dos profissionais da educação, essa valorização é crucial para que as outras metas sejam alcançadas. São elas: Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação e valorização dos profissionais da educação, assegurado que, no quinto ano de vigência deste plano, oitenta e cinco por cento e, no décimo ano, todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura presencial, na área de conhecimento em que atuam. Meta 16: Formar em nível de pós-graduação trinta e cinco por cento, até o quinto ano, e cinquenta por cento dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino. Organização e Legislação da Educação 45 Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica pública em todos os sistemas de ensino, tendo como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do art. 206, VIII, da Constituição Federal. A valorização dos docentes se torna uma estratégia importante visto que a falta de preparo compromete a qualidade de educação, sendo assim necessita de políticas que visem planos de carreiras, educação continuada e reconhecimento profissional para que as escolas possam oferecer uma educação de qualidade. As próximas metas se referem ao ensino superior que será responsável pela formação dos futuros profissionais da educação, e também diversos outros profissionais que irão gerar renda e desenvolvimento social e econômico para o país. Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para sessenta por cento e a taxa líquida para quarenta por cento da população de dezoito a vinte e quatro anos, assegurando a qualidade da oferta e a participação pública nas matrículas de pelo menos 40% no quinto ano de vigência desta Lei e 60% no último ano de vigência desta Lei. Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para, no mínimo, 85%, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 45% doutores. Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de cinquenta e cinco mil mestres e vinte mil doutores até o quinto ano de vigência desta lei e setenta mil mestres e trinta mil doutores até o último ano. Meta 17: Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da educação básica, a fim de equiparar a Organização e Legislação da Educação46 oitenta por cento, ao final do quinto ano, e a igualar, no último ano de vigência deste PNE, o rendimento médio destes profissionais ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar. Meta 20: Ampliar o investimento público direto em educação pública de forma a atingir, no mínimo, 10% do produto interno bruto no primeiro ano de vigência desta Lei, mantendo-se esse patamar ao longo da década, sendo que 80% dos investimentos públicos em educação devem ser revertidos para a educação básica e 20% para o ensino superior. ACESSE: Observatório das Metas do Plano Nacional de Educação https://www.youtube.com/ watch?v=ELxpCnyIgTo Os assuntos referentes ao ensino superior que em geral são responsabilidades dos governos federais e estaduais, mas devido sua importância social e econômica se faz importante a discussão com todos os níveis sejam eles federais, estaduais e municipais se fazendo necessários investimentos em programas destinados a essa finalidade. Após a analise das metas e objetivos percebemos que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em relação a educação, as metas são audaciosas, mas imprescindível para que a educação brasileira se torne um aprendizado significante, contribuindo em mudanças sociais, emocionais e econômicas que a nossa sociedade necessita. https://www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo https://www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo Organização e Legislação da Educação 47 BIBLIOGRAFIA SAVIANI, DEMERVAL. Educação brasileira: estrutura e sistemas. Campinas (SP:Autores Associados, 10º ed. 2008. BRASIL. Lei nº 9.394. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República. Brasília, DF BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Presidência da República. 5 de outubro de 1988. Brasília, DF BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF. BRASIL. MEC. Plano Nacional de Educação. Brasilia, DF:Plano, 2014