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1 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 4 
2 ANTIMICROBIANOS ......................................................................... 5 
2.1 Classificação dos antimicrobianos .............................................. 9 
3 PRINCIPAIS CLASSES DE ANTIBIÓTICOS EM USO CLÍNICO ...... 9 
4 ALGUNS DOS PRINCIPAIS ANTIFÚNGICOS UTILIZADOS NA 
CLÍNICA 20 
4.1 Drogas Azólicas ........................................................................ 26 
5 ANTIVIRAIS E APLICAÇÃO ............................................................ 31 
5.1 Antivirais Análogos acíclicos da guanosina ............................... 31 
5.2 Antivirais Análogos cíclicos de nucleosídeos ............................ 32 
5.3 Antivirais Análogos de pirofosfato Foscarnet [Foscavir] ............ 32 
5.4 Antivirais úteis na gripe ............................................................. 32 
5.5 Antivirais Análogo de nucleosídeo purínico ............................... 33 
6 RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA ................................................. 35 
7 RACIONALIZAÇÃO DE ANTIMICROBIANO ................................... 37 
8 O USO IRRACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS .......................................................................................... 39 
9 ESTRATÉGIAS PARA A RACIONALIZAÇÃO DE 
ANTIMICROBIANOS ........................................................................................ 44 
9.1 Descalonamento da terapia ....................................................... 45 
9.2 Rotação de antibióticos ............................................................. 45 
9.3 Terapia preemptiva ................................................................... 46 
9.4 Restrição de medicamentos ...................................................... 46 
9.5 Pré-autorização ......................................................................... 46 
9.6 Uso de parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos para 
ajuste de dose .............................................................................................. 47 
 
3 
 
9.7 Educação .................................................................................. 47 
10 RESISTÊNCIA BACTERIANA E O AMBIENTE HOSPITALAR .... 48 
10.1 Controle de infecções hospitalar ............................................ 49 
10.2 Resistência intrínseca ............................................................ 49 
10.3 Resistência natural ................................................................. 50 
11 O FARMACÊUTICO NO COMBATE AO USO INADEQUADO DE 
ANTIMICROBIANOS ........................................................................................ 52 
11.1 Participação do farmacêutico em uma CCIH e suas funções 55 
12 PANORAMA MUNDIAL ATUAL NA RESISTÊNCIA AOS 
ANTIMICROBIANOS ........................................................................................ 59 
13 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................. 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
5 
 
2 ANTIMICROBIANOS 
 
Fonte: escoladelimpeza.com 
Os antimicrobianos são substâncias têm a capacidade de inibir o 
crescimento e/ou destruir microorganismos. Podem ser produzidos por bactérias 
ou por fungos ou podem ser total ou parcialmente sintéticos. O principal objetivo 
do uso de um antimicrobiano é o de prevenir ou tratar uma infecção, diminuindo 
ou eliminando os organismos patogênicos e, se possível, preservando os 
germes da microbiota normal. Para isso é necessário conhecer os germes 
responsáveis pelo tipo de infecção a ser tratada (MELO et al; 2012). 
O termo antimicrobiano é empregado de forma genérica e engloba, 
além das substâncias que atuam em bactérias, aquelas que interferirão 
no crescimento e/ou multiplicação de outros microrganismos, como 
vírus, fungos e parasitas. Antibióticos são substâncias que conseguem 
impedir a reprodução de bactérias ou causar sua destruição. 
(CHAMBERS, 2005, apud SAMPAIO, 2018). 
Dos tipos de antimicrobianos os antibióticos são as classes de 
medicamentos mais utilizados e mais prescritos tanto para uso intra-hospitalar 
quanto para a automedicação. Podem ser classificados como bactericidas, 
quando causam a morte da bactéria, ou bacteriostáticos, quando promovem a 
inibição do crescimento microbiano (WALSH, 2003). 
 
 
 
6 
 
Os antimicrobianos alteraram radicalmente a terapêutica, os cuidados e a 
expectativa de vida ao longo dos últimos 70 anos. A introdução destes agentes 
foi associada a um rápido declínio na mortalidade por doenças infecciosas e a 
uma melhoria na expectativa de vida. Além disso, os antimicrobianos não só 
favoreceram a eficácia do tratamento de doenças infecciosas, mas também 
serviram de base para tratamentos nas áreas de oncologia e transplante. Em 
nosso arsenal, os antimicrobianos são classifica dos como os únicos 
medicamentos que podem perder a eficácia com o aumento do uso 
indiscriminado (MELO et al; 2012). 
A terapia antimicrobiana é normalmente prescrita para tratar uma suspeita 
clínica de infecção. No entanto, apenas na minoria dos casos, os agentes 
infecciosos são isolados. Com base nisso, pode-se concluir que grande parte 
dos pacientes com prescrição de terapia antimicrobiana pode não estar sofrendo 
uma infecção. Obviamente, os métodos que predizem com mais precisão a 
presença ou a ausência de infecção são bem-vindos, no sentido de direcionar a 
investigação com marcadores específicos para processos infecciosos. Desde a 
década de 1940, o desenvolvimento de novas drogas antimicrobianas esteve em 
expansão e, mesmo quando havia resistência bacteriana, uma nova droga 
sempre estava disponível para tratar essas bactérias. Foram introduzidas 14 
novas classes de antibióticos entre 1935 e 2003. No entanto, este rápido 
desenvolvimento, associado ao uso excessivo, veio com um custo: a resistência 
antimicrobiana em âmbito hospitalar (CABRAL et al, 2018). 
O consumo excessivo de antibióticos, como cefalosporinas e 
fluoroquinolonas, pode induzir a resistência nas bactérias pela produção de 
Betalactamases de Espectro Ampliado (ESBL, do inglês Extended-Spectrum 
Beta-Lactamase). Há poucos anos, os carbapenens apresentavam excelente 
atividade contra a maioria das bactérias Gram-negativas. Porém, nos últimos 
anos, tem sido relatado aumento da resistência a esta classe de antimicrobianos. 
Os agentes antimicrobianos devem ser utilizados de forma adequada, a fim de 
evitar o surgimento de resistência e garantir benefício clínico (MELO et al; 2012). 
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) as infecções 
são responsáveis por 25% das mortes em todo o mundo e 45% em países menos 
desenvolvidos. De acordo com a mesma autora os antibióticos correspondem a 
12% de todas as prescrições ambulatoriais, sendodo 
lançamento de novos antimicrobianos pela indústria farmacêutica nos últimos 
anos, nosso grande desafio é manter a eficácia dos antimicrobianos que temos 
disponíveis no mercado, usando-os da melhor maneira possível com relação às 
suas propriedades de farmacocinética e farmacodinâmica. Várias estratégias, 
incluindo a educação do prescritor, a restrição de uso com formulário, a 
aprovação prévia, a racionalização, a rotação de antibióticos e os programas 
assistidos por computador, têm sido propostas para melhorar o uso dos 
antibióticos (CABRAL et al, 2018). 
8 O USO IRRACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS 
 
Fonte: pebmed.com.br 
Antes do século XXI a resistência bacteriana ocorria predominantemente 
em ambientes hospitalares. Atualmente, estudos comprovam que a resistência 
bacteriana está associada a diversos ambientes e pode até atingir indivíduos 
saudáveis (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010). 
Segundo o autor citado anteriormente, algumas estratégias podem ser 
adotadas para evitar o desenvolvimento de resistência bacteriana como: 
 
40 
 
prevenção de infecções bacterianas com o uso de vacinas, uso racional de 
antibióticos, controle e prevenção da disseminação de micro-organismos 
resistentes, descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos. Além disso, a 
caracterização dos genes responsáveis pela resistência, assim como sua 
localização e diversidade são de grande importância para o entendimento dos 
fatores envolvidos no desenvolvimento da resistência. 
O elevado número de infecções hospitalares agrava a situação da 
resistência bacteriana. Quanto maior a ocorrência dessas infecções 
maior é o uso de medicamentos para tratá-las, aumentando a 
possibilidade das bactérias adquirirem resistência a esses fármacos. 
(ROSA, 2003, apud REGINATO, 2015). 
Além dos aspectos mencionados acima, fatores econômicos também são 
preocupantes. As indústrias farmacêuticas desejam receber o retorno financeiro 
investido ao longo do processo de desenvolvimento do medicamento e após 
terem um antibiótico lançado no mercado, querem que o mesmo tenha saída no 
mercado, forçando a sua venda em grande proporção e consequentemente 
induzindo o seu uso indiscriminado e em larga escala. Com isso, o aumento do 
uso de agentes antibióticos gera também o rápido aumento da resistência 
bacteriana, o que contribui para diminuir o tempo da patente, gerando a 
necessidade no mercado consumidor de um novo produto que seja mais potente 
e que atenda às necessidades dos consumidores. Por isso, o investimento na 
busca de agentes antibióticos fica mais complicado, pois a descoberta de um 
antibiótico pode levar cerca de sete dez anos e o desenvolvimento de resistência 
pode levar sete a oito anos (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010). 
A complexidade das terapias medicamentosas e as evidências dos 
resultados das intervenções farmacêuticas na melhoria dos regimes terapêuticos 
e na redução dos custos assistenciais reforçam a importância de uma assistência 
farmacêutica de qualidade. E o serviço de farmácia tem participação importante 
na elaboração de uma política de uso racional de medicamentos visando 
melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia e reduzir os custos para o 
estabelecimento, já que a politerapia além de onerar os custos com cuidado ao 
paciente, ocasiona elevação da morbimortalidade (CIPOLLE, 2002; BARR, 
1995). 
 
41 
 
A seleção de medicamentos é definida como um processo contínuo, 
multidisciplinar e participativo, que determina e assegura os níveis de acesso 
aos medicamentos necessários ao sistema de saúde. O processo baseia-se em 
critérios científicos e econômicos e fornece elementos necessários ao uso 
racional de medicamentos. Levando em consideração todos os pressupostos da 
Atenção Farmacêutica que tem como um de seus objetivos ter um controle maior 
da venda de medicamentos, incluindo a forma como são vendidos e sua 
utilização correta, para que assim chegue ao objetivo desejado (CONSELHO 
REGIONAL DE FARMÁCIA, 2008). 
Os antibióticos são rotineiramente utilizados para melhorar uma infecção 
estabelecida e possuem a finalidade de eliminar ou impedir o crescimento 
bacteriano, mais quando usados de maneiras erradas trazem sérios problemas 
ao ser humano (NICOLINE et al., 2008). 
As doenças infecciosas estão entre as principais causas de morte da 
população humana. Esse fato é devido, em grande parte, ao surgimento de 
micro-organismos multirresistentes aos antibióticos. Portanto, apesar da 
disponibilidade de um grande número de antibióticos de última geração, torna-
se ainda fundamental buscar compostos que possam atuar como novas drogas 
a serem utilizadas no combate as doenças infecciosas (SAMPAIO, 2018). 
Em relação aos medicamentos antimicrobianos, considerando a CF/88 
e normas posteriores e seguindo as tendências mundiais para o 
controle da utilização destes produtos, em 2010 a Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução da Diretoria 
Colegiada (RDC) nº 446 que dispõe sobre o controle desses 
medicamentos, e que foi posteriormente revogada pela RDC nº 
20/20117, atualmente em vigor. Esta RDC refere-se ao controle da 
prescrição e dispensação de medicamentos classificados como 
antimicrobianos. (CAMARGO, 2005, apud SAMPAIO, 2018). 
A resistência antimicrobiana é um problema presente em todas as áreas 
da infectologia e inclui as infecções virais, bacterianas, fúngicas e parasitarias. 
Um fator importante associado a resistência antimicrobiana é o grande uso de 
antimicrobianos em pacientes que se encontram em internados, pois são 
pacientes que acabam sendo infectados com bactérias resistentes e acabam 
permanecendo no hospital por tempo mais prolongado tendo um pior 
prognóstico, além de aumentar os custos do seu tratamento para o setor público 
(CORREA, 2007). 
 
42 
 
Depois de detectada a infecção e o tipo de micro-organismo causador vem 
uma etapa muito desafiadora que é a escolha do fármaco mais apropriado. A 
escolha ideal recairia sobre o medicamento mais efetivo, menos tóxico e de 
menor custo. No tratamento de uma infecção com um antimicrobiano, a escolha, 
a dosagem, a via de administração e o tempo de tratamento podem ser 
responsáveis pela eficiência da terapêutica (OLIVEIRA et al, 2004). 
A prescrição do antibiótico é geralmente empírica e sem a identificação 
prévia do agente patogênico através de exames laboratoriais. Além disso, a sua 
venda sem exigência de uma prescrição médica em alguns países, associada 
ao suprimento irregular desse medicamento, à baixa qualidade da medicação e 
ao seu mal-uso pelos pacientes (que muitas vezes não completam o tratamento), 
contribuem para a seleção de novos micro-organismos multirresistentes 
(DAFREE, 2001). 
As consequências mais importantes relacionados ao seu uso são: 
reações adversas, resistência bacteriana e possíveis interações 
medicamentosas. Além das consequências médicas e ecológicas, o uso 
inadequado de antibióticos gera custos sociais e pessoais, envolvendo gastos 
diretos com tratamentos, internações, faltas escolares, invalidez e morte, o que 
justifica os esforços no objetivo de conhecer e racionalizar a utilização de 
antimicrobianos (ABRANTES et al., 2007). 
Para tentar minimizar todos esses problemas, que estão relacionados ao 
uso inadequado de antibióticos, uma das medidas é esclarecer as dúvidas do 
paciente e garantir que este tenha a total compreensão da administração 
adequada e segura (NICOLINI et. al., 2008). 
O que vemos na prática é muito diferente. Quase dois terços dos usuários 
de antibióticos desconhecem alguns dos itens básicos para a utilização correta 
destes medicamentos, incluindo dose, frequência da administração, efeitos 
adversos, duração do tratamento e incompatibilidade medicamentos. 
Um fato que contribui bastante para o desenvolvimento da resistência 
microbiana em humanos é a automedicação, que é uma prática muito comum 
emnosso meio. E o uso de medicamentos dispensados sem receita médica é 
hoje, geralmente, aceito como parte integrante do sistema de saúde tornando-
se um forte aliado ao desenvolvimento da resistência a alguns tipos de 
medicamentos. Quando praticada corretamente, a automedicação pode também 
 
43 
 
contribuir para aliviar financeiramente os sistemas de saúde pública. Porém, com 
o incentivo à indústria da automedicação, o que ocorre é o uso indiscriminado 
dos medicamentos (SAMPAIO, 2018). 
Outro ponto importante a ser destacado entre os fatores que contribuem 
para uso indiscriminado e sem controle de antimicrobianos, o desenvolvimento 
da resistência é a dispensação dos mesmos que na maioria das vezes são feitas 
sem nenhum controle e na ausência de receitas. Este é um ato desprovido de 
responsabilidade ética que tem como consequência uma terapia ineficaz, 
gerando problemas como resistência bacteriana e potencialização dos efeitos 
adversos, decorrentes da falta de monitoramento e orientação quanto à dose, 
forma de uso e tempo de tratamento (SAMPAIO, 2018). 
Várias medidas sócio político-econômicas deveriam ser tomadas para a 
contenção do desenvolvimento e de transmissão de resistência antimicrobiana 
que cada dia que passa toma proporções alarmantes. A redução do uso 
inapropriado e excessivo dos antibióticos no tratamento de doenças em geral, 
tanto humanas quanto de animais domésticos e da própria agricultura, poderia 
ser uma dessas medidas. Ao mesmo tempo para que se consiga um efetivo 
controle das doenças infecciosas, torna-se vital investir em pesquisa e em 
pesquisadores que possam se dedicar à busca de substâncias naturais ou 
sintéticas que exibam atividades antimicrobianas específicas e, acima de tudo, 
que as exerçam através de mecanismos de ação alternativos daqueles dos 
antibióticos disponíveis. 
A Sociedade Americana de Infectologia e a Sociedade Americana de 
Epidemiologia Hospitalar, com o apoio de várias organizações, tais como a 
Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Americana de Farmacêuticos, 
publicaram recentemente um guia para o desenvolvimento de um programa de 
racionalização do uso de antimicrobianos em hospitais. Porém, sabemos da 
necessidade de haver uma conscientização de seu uso não só em ambiente 
hospitalar, mais em todos os possíveis locais de consumo e de venda, 
protegendo assim os consumidores de seus efeitos maléficos quando usados de 
maneira incorreta (DELLIT et al., 2007). 
É importante destacar que o uso inadequado de antimicrobianos não 
ocorre apenas quando não há prescrição efetivada por profissional de 
saúde. Segundo a OMS, seu emprego é desnecessário em 50% dos 
casos. (OMS, 2012, apud SAMPAIO, 2018). 
 
44 
 
A Política Nacional de Medicamentos define o Uso Racional de 
Medicamentos (URM) como o processo que compreende a prescrição 
apropriada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis, bem como a 
dispensação em condições adequadas e o consumo nas doses indicadas, nos 
intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, 
seguros e de qualidade (BRASIL, 2001). 
Programas de controle de antimicrobianos têm como objetivo 
primeiramente proporcionar os melhores desfechos para o paciente em termos 
de cura de infecções e redução de mortalidade. Secundariamente estes 
programas visam estabilizar a resistência bacteriana, prevenir eventos adversos 
e reduzir os custos com o tratamento (DAVEY et al., 2006). 
A diretriz sobre o uso racional de medicamentos criado pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS) em 1985, recomenda que os pacientes devem receber 
medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas, 
por período suficiente e ao menor custo para si e para a comunidade (SANTOS 
et al., 2010). 
9 ESTRATÉGIAS PARA A RACIONALIZAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS 
 
Aspectos do uso racional de antimicrobianos. Fonte: traduzido e adaptado de Fishman apud 
CABRAL et al, 2018 
 
45 
 
9.1 Descalonamento da terapia 
O descalonamento consiste na administração inicial de tratamento 
empírico de amplo espectro, com objetivo de cobrir os patógenos mais 
frequentemente relacionados à infecção a ser tratada e, assim que o agente 
causador for identificado, ajustar o tratamento. O descalonamento também inclui 
alteração de terapia combinada por monoterapia, ou suspensão da 
antibioticoterapia, assim que o estado clínico do paciente permitir (CABRAL et 
al, 2018). 
De acordo com o autor o objetivo do descalonamento é reduzir 
mortalidade e morbidade com o início precoce de terapia empírica ampla, além 
de limitar o desenvolvimento de resistência bacteriana por meios da redução da 
pressão seletiva, com a suspensão do antimicrobiano ou a redução do espectro. 
 Esta estratégia tem sido avaliada particularmente em casos de 
pneumonia associada à ventilação (PAV), nos quais as potenciais complicações 
por microrganismos multirresistentes são relativamente altas. Vários estudos 
mostram que o descalonamento nestes casos é seguro e está associado com 
redução de mortalidade (CABRAL et al, 2018). 
9.2 Rotação de antibióticos 
O objetivo desta estratégia é reduzir a ocorrência de resistência, por meio 
da troca frequente de antibióticos, preservando sua atividade, para que possam 
ser reintroduzidos em um ciclo posterior (CABRAL et al, 2018). 
Segundo Fishman, em estudo conduzido no Centro de Ciências da Saúde 
da Universidade de Virgínia, 1 ano de tratamento sem protocolos de terapia 
dirigida foi comparado a 1 ano após a instituição do protocolo de rotação de 
antibióticos. Apesar de vários questionamentos metodológicos posteriores, os 
desfechos analisados mostraram redução significativa na incidência de 
infecções por cocos Gram-positivos resistentes (pfoi 
associado à redução significativa nas taxas de bacteremia por Enterococcus spp 
 
47 
 
(p=0,016). A pré-autorização pode ser realizada de várias formas: formulário de 
prescrição de antibióticos (com justificativa), contato telefônico e suspensão 
automática da prescrição, dentre outras (CABRAL et al, 2018). 
9.6 Uso de parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos para ajuste 
de dose 
O regime posológico mais adequado deve ser estabelecido seguindo as 
características de farmacocinética e farmacodinâmica de cada antibiótico. O 
efeito do medicamento é o resultado da exposição das bactérias à fração do 
antibiótico livre, no sítio da infecção, de modo que a concentração sérica total 
não reflete a fração ativa da droga. Para os betalactâmicos, uma estratégia para 
melhorar a eficácia é maximizar o tempo em que a concentração de droga livre 
está acima da concentração inibitória mínima do microrganismo por meio da 
infusão prolongada (CABRAL et al, 2018). 
9.7 Educação 
Um programa educacional, com objetivo de aumentar a compreensão dos 
médicos sobre o uso adequado dos agentes antimicrobianos, é relativamente 
barato e fácil de implementar. Esse tipo de conduta consiste em importante 
estratégia institucional, especialmente nos departamentos clínicos em que 50 a 
75% dos pacientes recebem antibiótico profilático ou terapêutico, e estudos 
demonstram que até 50% desta utilização é inadequada. Ainda hoje a formação 
de futuros médicos em alguns fundamentos básicos muitas vezes não é feita de 
forma adequada, como evidenciado em estudo que mostrou que médicos no final 
da residência não são mais bem informados sobre o uso de antimicrobianos que 
no primeiro ano de residência (CABRAL et al, 2018). 
As diretrizes clínicas para manejo de infecções específicas podem ser 
extremamente úteis no processo de tomada de decisão e ajudam na 
implementação de estratégias para a racionalização no uso de antibióticos. No 
entanto, é necessário que sejam constantemente revisadas e atualizadas 
(CABRAL et al, 2018). 
 
48 
 
10 RESISTÊNCIA BACTERIANA E O AMBIENTE HOSPITALAR 
 
Fonte: vilhenasilva.com.br 
A resistência bacteriana é um sério problema de saúde pública e cresce 
verticalmente por todo o mundo. Algumas ações de combate à resistência devem 
ser tomadas e incluem: desenvolvimento de novas drogas, melhor controle sobre 
infecções hospitalares e, principalmente, conservação do atual arsenal 
terapêutico, através de educação continuada no uso de antimicrobianos (FIO et 
al, 2000). 
As bactérias têm sido classificadas como resistentes ou sensíveis de 
acordo com dados de CMI (Concentração Mínima Inibitória) CMB (Concentração 
Mínima Bactericida). São ditas resistentes quando são inibidas in vitro só em 
concentrações superiores àquelas atingidas in vivo. Essa relação concentração 
da droga-inibição de crescimento não deve ser encarada como completamente 
verdadeira, pois o sucesso terapêutico não depende exclusivamente dessa 
relação, mas, sim, passa por fatores que incluem a capacidade da droga em 
atingir o foco infeccioso (MIRANDA,2013). 
A resistência de dado microrganismo à determinada droga pode ser 
classificada inicialmente como intrínseca ou adquirida, natural ou adquirida, pode 
ser originária de uma mutação ou ainda transferível. 
Produtos derivados de plantas como agentes antimicrobianos são alvo 
de pesquisas visando utilizá-los para a conservação de alimentos e 
 
49 
 
controle de patógenos transmitidos por alimentos (HINTZ, 2015, apud, 
SILVA, 2018). 
10.1 Controle de infecções hospitalar 
O controle de infecções hospitalares e o combate à resistência 
antimicrobiana, duas importantes prioridades da área da saúde no mundo, foram 
os temas centrais de um evento realizado pela Anvisa, em Brasília. O primeiro 
problema é relacionado à falta de higienização adequada em ambientes 
hospitalares, fator determinante para a ocorrência de contaminações de 
pacientes e profissionais de saúde. O descuido pode até levar ao óbito. Já o 
segundo afeta diretamente o controle de infecções e foi eleito pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS) como uma das 10 ameaças globais em 2019. 
10.2 Resistência intrínseca 
A resistência intrínseca é aquela que faz parte das características 
naturais, fenotípicas do microrganismo, transmitida apenas verticalmente à 
prole. Faz parte da herança genética do microrganismo (FIO et al, 2000). 
Segundo o autor, o maior determinante de resistência intrínseca é a 
presença ou ausência do alvo para a ação da droga. Assim, antibióticos 
poliênicos, como a anfotericina B, atuam contra fungos devido à sua capacidade 
de ligação a esteróis componentes de sua membrana. Alteram sua 
permeabilidade, levando-o à morte. Como bactérias não possuem esteróis em 
sua membrana, sendo essa uma característica natural, são, portanto, insensíveis 
a essas drogas. Outro clássico exemplo é a relação entre inibidores da síntese 
da parede celular, tal como as penicilinas e micoplasmas. Esses microrganismos 
não apresentam essa estrutura celular, logo penicilinas não encontram alvo para 
sua ação nesses microrganismos. 
A resistência intrínseca ou natural não apresenta qualquer risco à 
terapêutica, pois é previsível, bastando-se conhecer o a ente etiológico da 
infecção e os mecanismos de ação dos fármacos disponíveis clinicamente. 
 
50 
 
10.3 Resistência natural 
Ocorre quando há o aparecimento de resistência em uma espécie 
bacteriana anteriormente sensível à droga em questão. É uma "nova" 
característica manifestada na espécie bacteriana, característica essa ausente 
nas células genitoras. Essa nova propriedade é resultado de alterações 
estruturais e/ou bioquímicas da célula bacteriana, determinada por alterações 
genéticas cromossômicas ou extra cromossômicas (plasmídeos). Uma simples 
alteração genética pode levar ao aparecimento de um exemplar muito resistente, 
que normalmente não perde viabilidade e patogenicidade (TEIXEIRA et al, 
2019). 
Para uma melhor compreensão do fenômeno global de resistência 
bacteriana é preciso entender como microrganismos adquirem resistência, como 
passam a expressar essa nova característica, de onde vem essa informação. A 
aquisição de resistência pode aparecer originária de uma mutação ou ainda 
transferível. 
Como consequência do crescimento da resistência bacteriana, os 
gastos com tratamentos de saúde e internações elevam-se, bem como 
o aumento da mortalidade causada por infecções bacterianas 
hospitalares resistentes, que, na Europa, ultrapassa 25 mil mortes por 
ano. (OMS, 2012, apud SAMPAIO,2018). 
Mutação: A mutação é um fenômeno espontâneo, resultado de um erro 
na replicação do DNA, ocorre um mutante a cada 104 a 1010 divisões celulares. 
Normalmente envolve deleção, substituição ou adição de um ou mais pares de 
bases, levando a alterações na composição de aminoácidos de determinados 
peptídeos. Essa mutação ocorre na ausência ou presença de antibióticos, o 
único papel que pode caber à droga é selecionar os mutantes, favorecendo seu 
crescimento por sua atuação nas células normais sensíveis. Esse problema tem 
se mostrado mais alarmante com drogas destinadas a tratamentos prolongados, 
como as utilizadas contra a tuberculose e hanseníase. A mutação leva muitas 
vezes à alteração de permeabilidade da célula ou ainda à alteração de seu 
receptor. As células mutantes não têm qualquer vantagem biológica sobre as 
normais, ao contrário são defectivas, morrendo a qualquer alteração, seja de pH, 
temperatura, osmolaridade (TEIXEIRA et al, 2019). 
 
 
51 
 
Resistência transferível: A resistência transferível ocorre quando um 
dado microrganismo recebe material genético de outro microrganismo, passando 
a expressar a característica contida no gene recentemente adquirido. Esse 
material genético que contém a informação que expressa a resistência pode ser 
transferido de algumas formas: transformação, transdução, conjugaçãoe ainda 
transposição (TEIXEIRA et al, 2019). 
Transformação: A transformação é um processo no qual há lise de 
determinado microrganismo com liberação de seu material genético para o meio, 
dessa forma, outra bactéria é capaz de captar esse DNA incorporando-o ao seu 
genoma. 
Transdução: A transdução envolve a incorporação acidental de DNA 
bacteriano cromossômico ou plasmidial por um bacteriófago durante seu 
processo de infecção celular. Após a análise celular, esse bacteriófago atua 
então como um vetor e ao infectar nova célula pode introduzir o DNA contendo 
o gene de resistência, tornando-a resistente à determinada droga. Ocorre 
somente entre bactérias de uma mesma espécie e exerce papel importante na 
transferência de plasmídios R (resistência) entre S. aureus e Streptococcus 
pyogenes (TEIXEIRA et al, 2019). 
Os hospitais são os principais locais onde ocorrem infecções por 
bactérias resistentes ou multirresistentes, principalmente nas Unidades 
de Terapia Intensiva (UTI), onde existe uma população vulnerável 
devido à gravidade das doenças e utilização de múltiplos processos 
invasivos. Isso faz com que o sistema imunológico fique comprometido, 
tornando os pacientes mais vulneráveis à aquisição de infecções. 
(REIS, 2013, apud BORGIGNOM, 2017). 
Conjugação: A conjugação é um processo que requer contato físico, 
bactéria-bactéria, em que uma das células, a doadora, transfere através de 
fímbria ou pilo sexual o material genético a outra, chamada receptora. A 
habilidade de uma bactéria em conjugar normalmente é codificada em 
plasmídios, chamados plasmídios F, de fertilidade ou conjugativos (TEIXEIRA et 
al, 2019). 
A resistência extracromossômica pela transferência de fatores R constitui 
o mais frequente processo de resistência bacteriana aos antimicrobianos em 
hospitais, favorecido pela pressão seletiva do uso destas drogas neste ambiente. 
 
52 
 
Transposição: No fenômeno da transposição há a dependência da 
presença na bactéria de segmentos curtos de DNA denominados transpossons. 
Transpossons podem conter genes de resistência para um ou mais antibióticos. 
Por não terem capacidade de auto replicação, unem-se a replicons, ou seja, 
saltam dentro da célula entre plasmídeos, cromossomos e bacteriófagos, 
caracterizando uma promiscuidade gênica celular. Esses "genes saltadores", ao 
se unirem a segmentos de DNA para sua replicação, podem incorporar genes 
de resistência nesse DNA (TEIXEIRA et al, 2019). 
A partir desses mecanismos, bactérias podem adquirir e/ou transferir 
resistência a outras bactérias, passando a elas a propriedade de defesa contra 
determinada droga. É importante salientar que não há necessidade de 
patogenicidade do microrganismo para que carregue genes de resistência, ao 
contrário, bactérias de microbiota normalmente são as que carregam maior 
quantidade de genes de resistência a uma ou mais drogas (TEIXEIRA et al, 
2019). 
11 O FARMACÊUTICO NO COMBATE AO USO INADEQUADO DE 
ANTIMICROBIANOS 
 
Fonte: institutodefarmacologia.com 
O farmacêutico é o profissional capacitado para avaliar as prescrições, 
propor o URM (Uso Racional de Medicamentos) e praticar a atenção 
 
53 
 
farmacêutica, oferecendo informação e orientação sobre a utilização dos 
medicamentos. 
O farmacêutico moderno além de conhecimentos é fundamental ter 
atitudes e habilidades que permitam o mesmo agregar-se à equipe de saúde e 
interagir mais com o paciente e a comunidade, contribuindo para a melhoria da 
qualidade de vida, em especial no que se refere à melhora da farmacoterapia e 
o uso racional de medicamentos (ANGONESI, 2010). 
O profissional farmacêutico tem um papel fundamental na utilização de 
medicamentos pelos usuários e nos resultados dos mesmos; pois é um 
profissional diretamente envolvido na política do uso racional de medicamentos 
e em outros aspectos sanitários. Portanto, para que o farmacêutico esteja 
preparado para suas funções, ele deve ser fonte de informações corretas e 
seguras sobre os medicamentos, de forma a educar outros profissionais de 
saúde envolvidos com o medicamento, como médico e enfermeiro, desenvolver 
adequadamente a atenção farmacêutica, participar da promoção e educação 
sanitária como, por exemplo, sobre o uso adequado de medicamento, vacinação, 
prevenção do uso de drogas e estar e manter-se atualizado e qualificado para 
as suas competências e responsabilidades. Para que isso aconteça, o 
farmacêutico deve adotar uma postura de aprendizado permanente, através de 
cursos, pois, dessa forma, ele será capaz de adaptar suas práticas de atenção 
farmacêutica com a evolução científica e as regulamentações sanitárias e 
profissionais (LUCCHETTA et al, 2010). 
A utilização de antimicrobianos sem prescrição acarreta o aumento de 
reações adversas e, consequentemente, a elevação dos gastos com 
hospitalizações e tratamentos de saúde. (AQUINO, 2008, apud 
SAMPAIO, 2018). 
Segundo o autor, o usuário deve ser alertado sobre os efeitos colaterais 
esperados, uma vez que alimentos, bebidas e/ou outros fármacos podem 
interferir na biodisponibilidade do medicamento e comprometer a eficiência da 
terapêutica. O autor ainda o papel dos profissionais de saúde, sobretudo do 
farmacêutico, que deverá fazer as devidas orientações para que o paciente faça 
um bom uso do medicamento e consequentemente tenha êxito em seu 
tratamento. 
 
54 
 
Para que seja posto em prática tudo que se preconiza em relação ao uso 
racional de medicamentos é necessário além de outras medidas também pôr em 
prática chamada Assistência farmacêutica que é definida como sendo um 
conjunto de ações executadas nos serviços de saúde para garantir a assistência 
terapêutica integral à população na proteção, prevenção e recuperação da 
saúde, em seus aspectos individuais e coletivos (ANGONESI, 2010). 
Dentre as diversas atribuições do farmacêutico que atuam em drogarias 
no Brasil, destacam-se: avaliar a prescrição médica; prestar assistência 
farmacêutica através de ações de educação sanitária e informação quanto ao 
modo de utilização dos medicamentos, sobretudo de medicamentos que tenham 
efeitos colaterais indesejáveis ou alterem as funções nervosas superiores; 
assegurar condições adequadas de conservação e dispensação de 
medicamentos, correlatos e alimentos para fins especiais; manter os livros de 
substâncias sujeitas a regime de controle especial em ordem e assinados, além 
de demais livros e documentos previstos na legislação vigente; assegurar 
condições para o cumprimento das atribuições gerais de todos envolvidos, 
visando, prioritariamente, a qualidade, eficácia e segurança do produto; 
gerenciar aspectos técnico-administrativos de todas as atividades; prestar a sua 
colaboração ao CFF, ao Conselho Regional de Farmácia (CRF) de sua jurisdição 
e às autoridades sanitárias; informar as autoridades sanitárias e o CRF sobre as 
irregularidades detectadas em medicamentos no estabelecimento sob sua 
direção técnica; participar de estudos de farmacovigilância com base em análise 
de reações adversas e interações medicamentosas, informando a autoridade 
sanitária local; manter os medicamentos e demais produtos sob sua guarda com 
controle de estoque que garanta, no mínimo, o reconhecimento do lote e do 
distribuidor; realizar treinamento inicial e contínuo dos funcionários em que 
constem, por escrito, suas atividades, direitos e deveres compatíveis com a 
hierarquia técnica para a adequação da execução de suas atividades; prestar 
serviço de aplicação de injeção (LUCCHETTA, 2010). 
Segundo o autor, para que isso seja posto em prática o farmacêutico deve 
estar presente em todo o período de funcionamento do estabelecimento, 
favorecendo a assistência direta ao paciente por meio da dispensação. Deve 
estar, portanto, apto a promove-lhe informação, tomar decisões com base nas 
informações adquiridas e na legislação vigente e orientá-lo quanto ao uso do 
 
55 
 
medicamento.O farmacêutico, além de atuar como fonte de informações 
pautadas no conhecimento técnico-científico, deve apresentar postura proativa 
na prática da dispensação e assumir responsabilidades, sem esperar do 
paciente os sinais de alerta quanto à compreensão, efetividade e segurança do 
tratamento. 
A eficácia do tratamento e do medicamento usado pelo paciente depende 
de todos os profissionais de saúde, sendo necessário treinamento a esses 
profissionais tanto para o conhecimento próprio quanto para atenção 
farmacêutica (NICOLINI et. al., 2008). Diante desse quadro, cabe ao profissional 
farmacêutico, exercer uma dispensação responsável e ética, para que a 
população tenha um atendimento adequado, principalmente as crianças, que 
ainda não têm o conhecimento necessário para opinar se querem ou não fazer 
uso de um medicamento. 
11.1 Participação do farmacêutico em uma CCIH e suas funções 
Infecções nosocomiais, também chamadas infecções hospitalares, são 
aquelas adquiridas durante o internamento que não estavam presentes ou 
estavam no período de incubação à data da admissão, são infecções que 
ocorrem a mais de 48 horas após a admissão do paciente no ambiente hospitalar 
(NETO, 2010). 
A infecção hospitalar existe em todo o mundo, tanto nos países 
desenvolvidos como nos países pobres. Infecções adquiridas em instituições de 
saúde estão entre as mais importantes causas de morte e aumento da 
morbilidade nos doentes hospitalizados. 
Vale ressaltar que o controle das infecções hospitalares é 
multiprofissional, devendo ter interação entre as diferentes seções 
envolvidas e que cada uma delas cumpra as suas responsabilidades. 
(CAVALLINI, 2010, apud REGINATO, 2015). 
A prevenção das infecções hospitalares é responsabilidade de todos os 
indivíduos e serviços que prestam cuidados de saúde. Todos devem trabalhar 
em cooperação para reduzir o risco de infecção nos doentes e nos profissionais. 
Isto inclui os profissionais que prestam os cuidados direitos ao doente, a gestão, 
as instalações, o aprovisionamento de materiais, equipamentos e produtos. Os 
 
56 
 
programas de controle de infecção são eficazes desde que sejam abrangentes 
e incluam atividades de vigilância e prevenção, assim como a formação dos 
profissionais. É, também, essencial que haja um apoio eficaz aos níveis regional 
e nacional (CASTRO, 2008). 
De acordo com o autor, uma Comissão de Controle de Infecção 
proporciona um fórum para a cooperação e participação multidisciplinar e para a 
partilha de informação. Esta comissão deve incluir uma ampla representação de 
outras áreas relevantes: p. ex., Administração, Médicos, outros Profissionais de 
Saúde, Microbiologista Clínico, Farmácia, Aprovisionamento, Serviço de 
Instalação e Equipamentos, Serviços Hoteleiros, Departamento de Formação. A 
comissão deve reportar diretamente à Administração ou à Direção Médica, a fim 
de assegurar a visibilidade e a eficácia do programa. Numa emergência (caso 
de um surto), esta comissão deve poder reunir-se prontamente. 
A comissão tem as seguintes funções: Rever e aprovar um programa 
anual de atividades para a VE e prevenção; Rever dados de VE e identificar 
áreas de intervenção; Avaliar e promover a melhoria de práticas, a todos os 
níveis, de prestação de cuidados de saúde; Assegurar a formação adequada dos 
profissionais em controle de infecção e segurança; Rever os riscos associados 
a novas tecnologias e monitorizar o risco de infecção de novos dispositivos e 
produtos, antes da aprovação do seu uso; Rever e fornecer dados para a 
investigação de surtos; Comunicar e colaborar com outras comissões do hospital 
com objetivos comuns, tais como a Comissão de Farmácia e Terapêutica, 
Comissão de Antibióticos, Comissão de Higiene e Segurança (CASTRO, 2008). 
A equipe ou a pessoa responsável pelo controle de infecção é 
responsável tanto pelas tarefas quotidianas de controle de infecção, como pela 
preparação do plano de ação anual, que será revisto pela comissão de controle 
de infecção e pela Administração. Estes profissionais têm um papel de apoio 
científico e técnico: p. ex., investigação, desenvolvimento e auditoria de políticas 
e supervisão prática, avaliação de materiais e produtos, controle da esterilização 
e desinfecção, implementação de programas de formação. Deverão também 
participar e apoiar os programas de investigação e de avaliação, a nível nacional 
e internacional (CASTRO, 2008). 
O farmacêutico como componente da Comissão de Controle de Infecção 
hospitalar (CCIH) tem funções como: desenvolver guia de utilização de 
 
57 
 
antimicrobianos, manual de germicidas, indicadores de controle de infecção e 
sensibilidade dos antimicrobianos, consumo e taxa de letalidade; monitorização 
das prescrições de antimicrobianos; controle de utilização de resistência 
antimicrobiana e estabelecer rotina de dispensação de antimicrobianos; controle 
de custos; estímulo à terapia sequencial; elaboração de relatórios de consumo e 
educação permanente da equipe de saúde. 
O farmacêutico hospitalar como integrante da Comissão de Controle de 
Infecção Hospitalar é responsável por ações como: Obter, armazenar e distribuir 
preparações farmacêuticas, utilizando práticas que limitem a potencial 
transmissão de agentes infecciosos aos doentes; Distribuir fármacos anti-
infecciosos e manter registros relevantes (potencial) incompatibilidade, 
condições de armazenamento e deterioração); Obter e conservar vacinas ou 
soros, disponibilizando-as quando necessário; Manter registros dos antibióticos 
distribuídos aos departamentos médicos; Fornecer à Comissão de Antibióticos e 
à Comissão de Controle de Infecção, relatórios periódicos e tendências na 
utilização de antibióticos; Ter disponível as seguintes informações sobre 
desinfetantes, antissépticos e outros produtos anti-infecciosos: Propriedades 
ativas em relação à concentração, temperatura, tempo de ação, espectro 
antimicrobiano; propriedades tóxicas, incluindo a sensibilização ou irritação da 
pele e mucosas; Substâncias que sejam incompatíveis com os antibióticos ou 
que reduzam a sua potência; Condições físicas que afetem desfavoravelmente 
a potência durante o armazenamento: temperatura, luz, umidade; Efeitos 
nocivos sobre o material (CASTRO, 2008). 
O farmacêutico hospitalar pode e deve participar nas práticas de 
esterilização desinfecção hospitalares através de: Participação no 
desenvolvimento de recomendações para antissépticos, desinfetante e produtos 
utilizados para a lavagem e desinfecção das mãos; Participação no 
desenvolvimento de recomendações para a reutilização de equipamento e 
material; Participação no controle de qualidade das técnicas utilizadas no 
hospital par esterilizar o equipamento, incluindo a seleção de equipamento de 
esterilização e sua monitorização (BRASIL, 2012). 
A CCIH é uma peça fundamental na tentativa de quebra na cadeia da 
resistência bacteriana, pois é por meio dela que são criadas e desenvolvidas 
atividades com função de diminuir a infecção hospitalar e consequentemente a 
 
58 
 
diminuição da resistência bacteriana, já que são as bactérias as principais 
causas de infecção hospitalar e por aumentar a permanência dos pacientes 
internos nos hospitais. E o profissional farmacêutico têm fundamental papel na 
participação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, pois eles junto 
com os demais profissionais da área atuarão para diminuir ou até mesmo acabar 
com as infecções hospitalares e a resistência bacteriana (CASTRO, 2008). 
Para coordenar as atividades do time operacional é necessário definir 
um líder operacional que, preferencialmente, deve ser um 
infectologista / médico com expertise em doenças infecciosas ou um 
farmacêutico clínico com conhecimento em doenças infecciosas. Esse 
coordenador deve ter os seus 18 trabalhos alinhado com a CCIH e com 
a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) do hospital (BRASIL, 
2017, apudDELLIT, 2007). 
A resistência microbiana constitui-se, neste milênio, a despeito dos 
avanços da Medicina, um dos maiores problemas de saúde pública. E conter a 
resistência, especialmente no ambiente hospitalar, tem sido preocupação 
constante da comunidade cientifica e dos órgãos governamentais de vários 
países (WEBER et al, 2005). 
Para que haja um maior controle sobre o desenvolvimento da resistência 
será necessária a implementação de dois processos fundamentais: as medidas 
de controle para limitar a disseminação dos microrganismos resistentes, isto e, 
impedir a transmissão cruzada destes microrganismos, e o desenvolvimento de 
uma política para promover o uso racional de antimicrobianos. 
Podemos perceber o fundamental papel do farmacêutico na quebra da 
cadeia formada entre o usuário e os medicamentos e o surgimento da resistência 
bacteriana que só aumenta a cada dia e traz sérios problemas à população. 
Verificamos a importância da atuação correta dos profissionais farmacêuticos 
para a conscientização da população em relação ao controle do uso de 
antimicrobianos e em especial a classe dos antibióticos, já que são eles os 
responsáveis pela dispensação de medicamentos em geral (PEREIRA et al, 
2008). 
Surgindo a necessidade e importância de colocar em prática as políticas 
já existentes em relação ao uso racional de medicamentos, como também a 
necessidade de cumprir nosso código de ética e atender as diretrizes da 
Assistência Farmacêutica, tornando assim profissionais mais conscientes de 
 
59 
 
nossos papeis como militantes por uma Saúde melhor, garantindo eficiência e 
eficácia nos tratamentos medicamentosos (CASTRO, 2008). 
12 PANORAMA MUNDIAL ATUAL NA RESISTÊNCIA AOS 
ANTIMICROBIANOS 
 
Fonte: guiadafarmacia.com 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou os primeiros dados de 
vigilância sobre resistência aos antibióticos e revelou altos níveis de resistência 
a uma série de infecções bacterianas graves em países de alta e baixa renda. De 
acordo com o Global Antimicrobial Surveillance System (GLASS), há uma 
ocorrência generalizada de resistência aos antibióticos entre 500 mil pessoas 
com suspeita de infecção bacteriana em 22 países (OPAS, 2018). 
Entre as bactérias resistentes mais relatadas, podemos citar a Escherichia 
coli, Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae e Salmonella. 
Algumas das infecções mais comuns do mundo, e potencialmente as mais 
perigosas, estão provando ser resistentes aos medicamentos. Até o momento, 
52 países (25 de alta renda, 20 de média renda e sete de baixa renda) estão 
inscritos no sistema global da OMS. Para a elaboração do primeiro relatório, 40 
países forneceram informações sobre seus sistemas nacionais de vigilância e 22 
países também proveram dados sobre os níveis de resistência aos antibióticos 
(OPAS, 2018). 
http://www.who.int/entity/glass/en/index.html
 
60 
 
Segundo o autor, os dados apresentados no relatório variam amplamente 
em qualidade e completude. Alguns países enfrentam grandes desafios na 
construção de seus sistemas nacionais de vigilância, entre eles a falta de 
profissionais, de investimentos e de infraestrutura. 
Programas sólidos de vigilância da resistência às drogas em tuberculosos, 
HIV e malária têm funcionado há muitos anos e ajudaram a estimar a carga 
dessas doenças. Além disso, essas ferramentas orientam ações em serviços de 
diagnóstico e tratamento, monitoram a eficácia das intervenções de controle e 
subsidiam indicações de regimes de tratamento efetivos para abordar e prevenir 
futuras resistências. Espera-se que o relatório GLASS desempenhe uma função 
similar para agentes patogênicos bacterianos comuns (OPAS, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
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66considerada a segunda 
 
7 
 
classe de droga mais utilizada e gerando um dispêndio 20 a 50% das despesas 
hospitalares (WANNMACHER, 2004). 
Os antibióticos são prescritos em larga escala em atendimentos 
ambulatoriais, em internações e também são muito usados na automedicação. 
Esta ampla utilização de antimicrobianos pode afetar de forma significativa não 
somente a microbiota do paciente que o utiliza, mas também a ecologia 
microbiana dos outros pacientes. 
A decisão de iniciar tratamento antimicrobiano deve ser tomada quando 
há evidências de infecção por meio de dados clínicos (picos febris, presença de 
secreção purulenta), laboratoriais (hemograma com leucocitose e desvio à 
esquerda) e/ou de imagem. A suspeita clinica pode ou não ser confirmada com 
cultura positiva para microrganismos, preferivelmente isolados de materiais 
considerados estéreis. Definido sinais e sintomas sugestivos de infecção, é 
necessária à procura de foco provável. A comprovação do sítio de infecção 
auxiliará na escolha do antimicrobiano empírico baseado na colonização 
habitual, patógenos mais comuns e penetração do antibiótico no sítio afetado 
(MOTA et al., 2010). 
Novas estratégias têm sido desenvolvidas na tentativa de otimizar 
processos de elucidação de mecanismos de ação de candidatos a 
fármacos antibióticos, como ensaios baseados em microarray e 
biomarcadores. (FREIBERG, 2006, apud GUIMARAES, 2010). 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos 
para se incluir um antimicrobiano no tratamento de qualquer patologia é um 
processo bastante complicado, pois é necessário além do diagnóstico clínico e 
laboratorial, conhecimento farmacológico dos agentes causadores da mesma. 
Devendo essa escolha ser feita por um profissional capacitado e qualificado, 
representando um grande desafio tanto para os médicos quanto para os 
farmacêuticos. 
Os antibióticos por produzirem efeitos benéficos e maléficos para os 
pacientes são medicamentos obrigados a ser vendidos com prescrição médica, 
mais ao contrário são vendidos sem restrições nas farmácias, ou seja, sem a 
apresentação da prescrição ou diagnóstico laboratorial, e o pior é que os 
atendentes geralmente ganham comissão com as vendas desses 
medicamentos. Sendo esses os principais fatores que contribuem para o uso 
 
8 
 
indiscriminado, e impróprio dos antibióticos, facilitando o desenvolvimento da 
resistência bacteriana e muitas vezes a ineficácia terapêutica (SOBRAVIME, 
2001). 
Os antimicrobianos em muitos países são vendidos sem receita médica 
em até dois terços dos casos e de acordo com estudos realizados mesmo 
quando prescritos, sua indicação pode ser desnecessária em até 50% dos casos. 
Nessa perspectiva entra o importante papel da Assistência Farmacêutica 
que é conceituada como um sistema que envolve uma organização complexa 
exercitada por um grupo de atividades relacionadas com os medicamentos, 
destinada a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade, 
englobando intervenções logísticas relativas à seleção, à programação, à 
aquisição, ao armazenamento e à distribuição dos medicamentos, bem como 
ações assistenciais da farmácia clínica e de vigilância como o formulário 
terapêutico, a dispensação, a adesão ao tratamento, a conciliação de 
medicamentos e a farmacovigilância (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE 
SAÚDE, 2011). 
Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o 
crescimento ou causar a morte de fungos ou bactérias. Podem ser 
classificados como bactericidas, quando causam a morte da bactéria, 
ou bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento 
microbiano (WALSH, 2003, apud GUIMARAES, 2010) 
O farmacêutico tem fundamental importância no combate ao uso irracional 
e indiscriminado de antibióticos, pois o mesmo faz parte da cadeia que liga o 
usuário ao medicamento. Daí a grande importância da conscientização da 
população em relação ao uso correto de medicamentos, e em especial a classe 
dos antibióticos que tem seu uso controlado, e possui como uma de suas 
consequências à resistência bacteriana, quando usado indevidamente. Sendo 
também obrigação dos farmacêuticos cumprir o código de ética que rege a 
profissão, minimizando assim os problemas causados pelo uso incorreto de 
medicamentos e suas consequências (SOBRAVIME, 2001). 
 
 
9 
 
2.1 Classificação dos antimicrobianos 
 
Fonte: MELO et al, 2012. 
3 PRINCIPAIS CLASSES DE ANTIBIÓTICOS EM USO CLÍNICO 
 
Fonte: drogariasantoremedio.com 
 
10 
 
Os antibióticos de origem natural e seus derivados semi-sintéticos 
compreendem a maioria dos antibióticos em uso clínico e podem ser 
classificados em β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapeninas, 
oxapeninas e monobactamas), tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolídeos, 
peptídicos cíclicos (glicopeptídeos, lipodepsipeptídeos), estreptograminas, entre 
outros (lincosamidas, cloranfenicol, rifamicinas etc). Os antibióticos de origem 
sintética são classificados em sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas 
(GUIMARÃES et al, 2010). 
Antibióticos β-lactâmicos 
Os antibióticos β-lactâmicos corresponderam a 50% do total de vendas de 
antibióticos em 2004. São agentes antibacterianos que inibem irreversivelmente 
a enzima transpetidase, que catalisa a reação de transpeptidação entre as 
cadeias de peptideoglicana da parede celular bacteriana. 
 A atividade desta enzima leva à formação de ligações cruzadas entre as 
cadeias peptídicas da estrutura peptideoglicana, que conferem à parede celular 
uma estrutura rígida importante para a proteção da célula bacteriana contra as 
variações osmóticas do meio. Constituem a primeira classe de derivados de 
produtos naturais utilizados no tratamento terapêutico de infecções bacterianas. 
Hoje, várias décadas após a descoberta da penicilina, este grupo ainda contém 
os agentes mais comumente utilizados. Possuem amplo espectro de atividade 
antibacteriana, eficácia clínica e excelente perfil de segurança, uma vez que 
atuam na enzima transpeptidase, única em bactérias (GUIMARÃES et al, 2010). 
Os antimicrobianos β-lactâmicos impedem a reação de 
transpeptidação e inibem o crescimento do peptídeoglicano, 
interferindo no funcionamento de várias enzimas que participam da sua 
síntese final. Já os glicopeptídeos impedem a transferência da 
subunidade usada na adição de nova molécula ligando-se ao acil-D-
alanil-D-alanina do pentapeptídeo. E a fosfomicina inibi a enzima 
piruvil-transferase, responsável pela ligação do N-acetil-glicosamina ao 
N-acetil-murâmico (TORTORA, 2012, apud FRANCO, 2015). 
Todos os antibióticos β-lactâmicos têm um elemento estrutural 
farmacofórico em comum, o anel azetidinona de quatro membros, ou anel β-
lactâmico. Na maioria dos antibióticos, o anel central β-lactâmico é fundido a 
outro anel de cinco (tiazolidínico) ou seis (di-hidrotiazínico) membros, formando 
 
11 
 
as penicilinas ou cefalosporinas, respectivamente. Em geral, o sistema bicíclico 
é fundamental para a atividade destes antibióticos, por mimetizar o resíduo 
dipeptídico terminal D-Ala-D-Ala da cadeia de peptideoglicana, substrato da 
enzima transpeptidase (GUIMARÃES et al, 2010). 
O sistema bicíclico tensionado destes antibióticos contribui para o 
aumento da instabilidade química do anel β-lactâmico, altamente suscetível ao 
ataque de nucleófilos que promovem a hidrólise do grupo farmacofórico. No caso 
das penicilinas, o oxigênio da cadeia lateral acílica participa como nucleófilo em 
reação intramolecular que promove a abertura do anel β-lactâmico em meio 
ácido, inativando o antibiótico e inviabilizando sua administração por via oral. 
As modificações estruturais possíveis ficam restritas às cadeias laterais, 
que podem modular: a estabilidade em meio ácido, fundamental para a atividade 
por via oral destes fármacos; a estabilidade frente às β-lactamases, enzimas 
bacterianas relacionadas à resistência, que hidrolisamo grupo farmacofórico 
destes antibióticos e, o espectro de ação frente a bactérias Gram negativo 
(GUIMARÃES et al, 2010). 
Segundo o autor, para aumentar a estabilidade em meio ácido foram 
adicionados grupos retiradores de elétrons no carbono α ao carbono carbonílico 
da cadeia lateral em penicilinas semi-sintéticas (ampicilina, amoxicilina, 
oxacilinas), que diminuem a nucleofilicidade do oxigênio carbonílico. 
O principal mecanismo de resistência bacteriana aos antibióticos β-
lactâmicos é através da produção de enzimas que apresentam grupos 
nucleofílicos (em geral, resíduos de serina) capazes de promover a abertura do 
anel β-lactâmico. Neste caso, a modificação molecular responsável pelo 
aumento de resistência às β-lactamases foi a introdução de grupamentos 
volumosos no carbono α ao carbono carbonílico da cadeia lateral em penicilinas 
semi-sintéticas (meticilina, oxacilinas), que impedem o acesso dos antibióticos 
ao sítio ativo da enzima β-lactamase por impedimento estérico (GUIMARÃES et 
al, 2010). 
Devido à natureza mais complexa da parede celular, as bactérias Gram 
negativo são mais resistentes à ação de antibióticos, que não são capazes de 
cruzar efetivamente esta barreira lipídica. Para ter acesso à célula bacteriana, 
os antibióticos devem cruzar a parede celular através de canais proteicos de 
porina, embebidos na estrutura lipídica, que apresentam o interior com 
 
12 
 
características hidrofílicas. Assim, antibióticos com maior atividade frente a 
bactérias Gram negativo são aqueles que apresentam grupos ionizáveis em 
suas estruturas químicas (GUIMARÃES et al, 2010). 
De acordo com o autor, o maior número de antibióticos β-lactâmicos em 
uso clínico pertence à classe das cefalosporinas, que estão subdivididas em 
cefalosporinas de primeira, segunda, terceira e quarta gerações, em função do 
espectro de ação mais ampliado frente a bactérias Gram negativo. O sistema 
bicíclico das cefalosporinas é menos tensionado em comparação ao das 
penicilinas, o que contribui para a maior estabilidade frente à reação de abertura 
intramolecular do anel β-lactâmico pela cadeia lateral. 
As cefalosporinas de primeira geração são consideradas fármacos de 
menor atividade que as penicilinas, porém apresentam boa atividade frente a 
bactérias Gram positivo. Também podem ser utilizadas para tratamento de 
infecções por S. aureus e por Streptococcus quando as penicilinas têm que ser 
evitadas. As cefalosporinas de segunda geração são fármacos que, em geral, 
apresentam atividade variada frente a bactérias Gram positivo, porém atividade 
superior frente a bactérias Gram negativo. A terceira e a quarta geração das 
cefalosporinas também são representadas por fármacos da classe das 
oximinocefalosporinas. Essa classe de fármacos representa um considerável 
incremento na potência e no espectro de ação, particularmente frente a bactérias 
Gram negativo (GUIMARÃES et al, 2010). 
Durante o período de maior procura por novos antibióticos, compreendido 
entre as décadas de 1970 e 1980, muitos subgrupos de β-lactâmicos foram 
relatados, tais como as monobactamas, representadas pelas nocardicinas 
(naturais) e pelo aztreonam (sintético), e as clavamas ou oxapeninas, 
representadas pelo ácido clavulânico, fármaco inativador de β-lactamases. Os 
inibidores de β-lactamases apresentam fraca ação antibiótica, devido à ausência 
de cadeia lateral em C-6. Porém, reagem rápida e irreversivelmente com 
enzimas de resistência bacteriana, com mecanismo análogo ao da reação de 
penicilinas e cefalosporinas com a enzima transpeptidase. São geralmente 
usados em combinações com penicilinas de amplo espectro de ação 
(GUIMARÃES et al, 2010). 
As monobactamas são antibióticos β-lactâmicos monocíclicos e foram 
isoladas de fontes naturais. As nocardicinas apresentam atividade moderada in 
 
13 
 
vivo frente a um pequeno grupo de bactérias Gram negativo, 
incluindo Pseudomonas aeruginosa. O aztreonam é um fármaco sintético da 
classe das monobactamas com antividade antibiótica e administrado via 
intravenosa. Apresenta atividade frente a micro-organismos Gram positivo e 
bactérias anaeróbias. 
A tienamicina foi o primeiro exemplo da classe das carbapeninas naturais 
e serviu de protótipo para o desenvolvimento de análogos sintéticos como 
imipenem, meropenem e ertapenem. As carbapeninas atuam de maneira 
análoga às penicilinas e cefalosporinas, com elevada potência e extraordinário 
espectro de atividade frente a bactérias Gram positivo e Gram negativo, além de 
boa resistência a β-lactamases (GUIMARÃES et al, 2010). 
Aminoglicosídeos 
Os aminoglicosídeos são agentes que possuem um grupo amino básico 
e uma unidade de açúcar. A estreptomicina, principal representante da classe, 
foi isolada em 1944 de Streptomyces griseus, um micro-organismo de solo. Os 
aminoglicosídeos apresentam atividade melhorada em pH levemente alcalino, 
em torno de 7,4, onde estão positivamente carregados, facilitando a penetração 
em bactérias Gram negativo (GUIMARÃES et al, 2010). 
Os antibióticos aminoglicosídicos apresentam efeito bactericida por 
ligarem-se especificamente à subunidade 30S dos ribossomos bacterianos, 
impedindo o movimento do ribossomo ao longo do mRNA e, consequentemente, 
interrompendo a síntese de proteínas. O uso contínuo de antibióticos 
aminoglicosídeos deve ser cuidadosamente controlado, devido aos efeitos 
ototóxicos e nefrotóxicos. Esses agentes são efetivos contra bactérias Gram 
negativo aeróbicas, como P. aeruginosa, e apresentam efeito sinérgico com β-
lactâmicos (GUIMARÃES et al, 2010). 
Devido à polaridade, os aminoglicosídeos devem ser administrados por 
via injetável. Eles também são incapazes de atravessar a barreira 
hematoencefálica eficientemente e, portanto, não podem ser usados para o 
tratamento de meningites, a menos que sejam injetados diretamente no sistema 
nervoso central (GUIMARÃES et al, 2010). 
 
 
14 
 
Macrolídeos 
Os macrolídeos representaram cerca de 18% do total de vendas de 
antibióticos em 2004. Os macrolídeos naturais caracterizam-se pela presença de 
lactonas macrocíclicas de origem policetídica de 14 ou 16 membros, ligadas a 
um açúcar e um amino-açúcar. Derivados semi-sintéticos podem apresentar 
anel macrocíclico de 15 membros (azitromicina). A eritromicina, isolada pela 
primeira vez em 1952 de Streptomyces erythreus, é um dos mais seguros 
antibióticos em uso clínico (GUIMARÃES et al, 2010). 
Segundo o autor, os macrolídeos são agentes bacteriostáticos, que atuam 
pela ligação com o RNA ribossomal 23S da subunidade 50S, interferindo na 
elongação da cadeia peptídica durante a translação e bloqueando a biossíntese 
de proteínas bacterianas. São usados em infecções respiratórias como 
pneumonia, exacerbação bacteriana aguda de bronquite crônica, sinusite aguda, 
otites médias, tonsilites e faringites. Streptococcus pneumoniae, Streptococcus 
pyogenes, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis são os patógenos 
predominantes envolvidos nestas doenças. 
Staphylococcus aureus, Salmonella e Escherichia coli são importantes 
patógenos alimentares e estão dentre os maiores causadores de surtos 
no Brasil (Ministério da Saúde, 2016, apud SILVA, 2018). 
A eritromicina age frente à maioria dos patógenos respiratórios, é 
considerada segura e amplamente prescrita a crianças. Entretanto, seu limitado 
espectro de ação e sua limitada estabilidade em meio ácido resultam em uma 
fraca biodisponibilidade e uma variedade de outros efeitos colaterais, tais como 
influência na motilidade gastrointestinal, ações pró-arrítmicas e inibição do 
metabolismo de fármacos. Porém, durante décadas, esforços têm sido 
realizados para se obter novos derivados da eritromicina, tanto de origem natural 
quanto sintética, com perfis mais favoráveis. Antibióticos macrolídeos de 
segunda geração, como roxitromicina, claritromicina e azitromicina, foram 
gradualmente substituindo a eritromicina,superando seu espectro de atividade, 
melhorando a atividade e os perfis físico-químico e farmacocinético, além de 
atenuar os efeitos colaterais (GUIMARÃES et al, 2010). 
 
 
15 
 
Cloranfenicol 
O cloranfenicol foi isolado a primeira vez do micro-
organismo Streptomyces venezuela. Atualmente o cloranfenicol é sintetizado e 
somente o isômero R,R é ativo. O cloranfenicol liga-se à subunidade 30S do 
ribossomo e parece inibir o movimento dos ribossomos ao longo do mRNA, 
provavelmente pela inibição da peptidil transferase, responsável pela extensão 
da cadeia peptídica. Uma vez que o cloranfenicol se liga à mesma região que os 
macrolídeos e as lincosamidas, eles não podem ser administrados em 
associação. Os grupamentos nitro e ambos grupamentos álcool estão envolvidos 
nas interações. O grupo dicloroacetamida também é importante, porém pode ser 
substituído por outros grupos eletronegativos (GUIMARÃES et al, 2010). 
Tetraciclinas 
As tetraciclinas são antibióticas policetídicos bacteriostáticos de amplo 
espectro e bastante eficazes frente a diversas bactérias aeróbicas e anaeróbicas 
Gram positivo e Gram negativo. A clortetraciclina foi o primeiro derivado a ser 
descoberto. As tetraciclinas inibem a síntese de proteínas através da ligação com 
a subunidade 30S dos ribossomos, impedindo a ligação do aminoacil-tRNA. 
Como resultado, a adição de novos aminoácidos para o aumento da cadeia 
proteica é bloqueada. A liberação de proteínas também é inibida (GUIMARÃES 
et al, 2010). 
A seletividade frente aos ribossomos bacterianos em relação aos 
ribossomos de eucariotos deve-se a diferenças estruturais nos ribossomos e 
também à concentração seletiva do antibiótico nas células bacterianas.1 Devido 
ao aumento de resistência bacteriana às tetraciclinas, o seu uso como primeira 
escolha na terapia antibiótica tem diminuído. Entretanto, o desenvolvimento 
recente de um derivado semi-sintético desta classe, a tigeciclina, que inibe a 
bomba de efluxo, indica o interesse contínuo nesta classe de antibióticos. Devido 
à presença de formas de equilíbrio cetoenólico, as tetraciclinas apresentam a 
capacidade de quelar metais, especialmente cálcio. Portanto, seu uso não é 
recomendado em crianças e mulheres grávidas, uma vez que estes antibióticos 
podem se acumular em dentes e ossos em formação (GUIMARÃES et al, 2010). 
 
16 
 
Lincosamidas 
As lincosamidas têm propriedades antibacterianas similares aos 
macrolídeos e agem pelo mesmo mecanismo de ação. A lincomicina e seu 
derivado semi-sintético clindamicina foram introduzidos na prática clínica como 
antibióticos de uso oral em 1960 e 1969, respectivamente. A lincomicina foi 
isolada do micro-organismo de solo Streptomyces lincolnensis. A clindamicina é 
um antibiótico amplamente utilizado, que possui melhor atividade e maior 
absorção por via oral. A clindamicina é o fármaco de escolha para o tratamento 
de infecções periféricas causadas por Bacillus fragilis ou outras bactérias 
anaeróbicas penicilina resistentes. Este fármaco é também topicamente utilizado 
para o tratamento de acne (GUIMARÃES et al, 2010). 
Glicopeptídeos 
Os antibióticos glicopeptídicos, vancomicina e teicoplanina têm se tornado 
os fármacos de primeira linha no tratamento de infecções por bactérias Gram 
positivo com resistência a diversos antibióticos. A vancomicina, o primeiro 
antibiótico glicopeptídico introduzido na prática clínica em 1959, foi isolada de 
amostras de solo de Streptomyces orientalis (reclassificado 
como Amycolatopsis orientalis) (GUIMARÃES et al, 2010). 
A elucidação da estrutura desse antibiótico demorou vários anos, até ser 
completa e inequivocadamente proposta na década de 1980. A vancomicina 
apresenta uma conformação rígida importante para a atividade. Os 
glicopeptídeos inibem a biossíntese da parede celular bacteriana pela 
complexação com o resíduo dipeptídico terminal D-Ala-D-Ala das cadeias 
peptídicas que constituem a parede celular. Esta complexação impede que o 
substrato esteja disponível para a ação da transpeptidase inibindo, portanto, a 
reação de transpeptidação. 
 O desenvolvimento de resistência bacteriana a estes antibióticos é mais 
lento, apesar de algumas linhagens de Staphylococcus aureus hospitalares já 
apresentarem resistência desde 1966. Eles são restritos para o tratamento de 
infecções causadas por bactérias Gram positivo por serem incapazes de 
penetrar nas membranas de bactérias Gram negativo. A vancomicina em geral 
 
17 
 
é o antibiótico de última escolha frente a patógenos Gram positivo resistentes, 
em particular contra espécies de Enterococcus (GUIMARÃES et al, 2010). 
Lipodepsipeptídeos 
A daptomicina é um lipodepsipeptídeo isolado de Streptomyces 
roseosporus e aprovado em 2003 para tratamento de infecções causadas por 
bactérias Gram positivo. Seu mecanismo de ação envolve desorganização de 
múltiplas funções da membrana celular bacteriana. É provável que todos os 
antibióticos lipopeptídicos apresentem alguma penetração na membrana devido 
às cadeias alquílicas, o que promove sua desorganização (GUIMARÃES et al, 
2010). 
Rifamicinas 
A rifampicina é um fármaco semi-sintético derivado da rifamicina B, 
produto natural híbrido de policetídeos e peptídeos não ribossomais. A rifamicina 
B foi isolada de Streptomyces mediterranei, reclassificado como Nocardia 
mediterranei. A rifampicina é um inibidor da RNA polimerase, utilizada 
clinicamente como parte da combinação de fármacos para o tratamento da 
tuberculose. É o único fármaco em uso clínico que bloqueia a transcrição 
bacteriana (GUIMARÃES et al, 2010). 
Segundo relatório da OMS em 2014: “Antimicrobial resistance: global 
report on surveillance” – as principais bactérias resistentes são: 
Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Salmonella não tifoide, 
Shigella. Outras bactérias como Pseudomonas aeru-
ginosa e Acinetobacter baumannii são também multirresistentes. 
(WORLD, 2014, apud BORGIGNOM, 2017). 
Estreptograminas 
A pritinamicina é uma mistura de substâncias macrolactonas obtidas 
de Streptomyces pristinaespiralis, que podem ser utilizadas oralmente no 
tratamento de infecções por bactérias Gram positivo. Dois derivados semi-
sintéticos desta classe, quinupristina e dalfopristina, têm sido utilizados por via 
intravenosa em combinação. A quinupristina é derivada da pristinamicina I, uma 
peptideolactona cíclica não ribossonal, enquanto a dalfopristina deriva da 
 
18 
 
pristinamicina IIA, um híbrido policetídico/peptídico contendo um anel 
macrolactônico. Esses agentes atuam de maneira sinergística para bloquear a 
translação do polipeptídeo, pela ligação na subunidade 50S dos ribossomos 
bacterianos, na região 23S do rRNA, sobrepondo parcialmente o sítio de ligação 
dos macrolídeos. Aparentemente, a ligação da dalfopristina aumenta a afinidade 
da ligação para a quinupristina, explicando o efeito sinérgico. A quinupristina 
inibe a elongação da cadeia peptídica, enquanto a dalfopristina interfere na 
transferência da cadeia peptídica de um tRNA para outro (GUIMARÃES et al, 
2010). 
Antibióticos sintéticos 
Sulfonamidas e trimetoprim 
As sulfonamidas, também conhecidas como sulfas, foram testadas pela 
primeira vez nos anos 1930 como fármacos antibacterianos. Um exemplo de 
sulfa ainda utilizada na terapêutica é o sulfametoxazol, em associação com o 
trimetoprim, para o tratamento de pacientes com infecções no trato urinário e 
também para pacientes portadores do vírus HIV que apresentam infecções 
por Pneumocystis carinii. Cada um desses fármacos bloqueia uma etapa no 
metabolismo do ácido fólico. O sulfametoxazol bloqueia a enzima di-
hidropteroato sintetase, presente apenas nas bactérias, enquanto o trimetoprim 
inibe a di-hidrofolato redutase (GUIMARÃES et al, 2010). 
Ambas as enzimas atuam na via de biossíntese do N5,N10-metileno-tetra-
hidrofolato, importante cofator que fornece uma unidade de carbono na 
biossíntese de basespirimidínicas constituintes dos ácidos nucleicos. A atuação 
destes fármacos é sinérgica no bloqueio de dois diferentes passos na via 
bioquímica de formação deste cofator essencial. As sulfonamidas são, portanto, 
agentes bacteriostáticos que atuam como antimetabólitos do ácido p-
aminobenzoico, substrato para a di-hidropteroato sintetase bacteriana, 
impedindo a formação do di-hidropteroato e, consequentemente, do N5,N10-
metileno-tetra-hidrofolato (GUIMARÃES et al, 2010). 
 
 
 
19 
 
Quinolonas e fluoroquinolonas 
As quinolonas e fluoroquinolonas são fármacos bactericidas muito 
utilizados no tratamento de infecções do trato urinário e também no tratamento 
de infecções causadas por micro-organismos resistentes aos agentes 
antibacterianos mais usuais. Esta classe representou 19% das vendas de 
antibióticos em 2004 (GUIMARÃES et al, 2010). 
 O ácido nalidíxico, sintetizado em 1962, foi o protótipo desta classe de 
antibióticos. É ativo frente a bactérias Gram negativo e utilizado no tratamento 
de infecções do trato urinário, porém, os micro-organismos podem adquirir 
rápida resistência a esse antibiótico. Vários outros análogos têm sido 
sintetizados, com propriedades similares ao ácido nalidíxico. A enoxacina, 
desenvolvida em 1980, é um fármaco que apresenta elevado espectro de 
atividade frente a bactérias Gram positivo e Gram negativo. É também ativo 
frente à Pseudomonas aeruginosa, bactéria altamente resistente a antibióticos. 
O desenvolvimento da enoxacina foi baseado na descoberta de que um átomo 
de flúor na posição 6 aumenta a atividade, bem como facilita a entrada na célula 
bacteriana. Um anel piperazínico básico na posição 7 levou ao aumento na 
absorção por via oral, distribuição tecidual e estabilidade metabólica. Foi 
observado também um aumento no nível e espectro de atividade, 
particularmente frente a bactérias Gram negativo como Pseudomonas 
aeruginosa. Muitos desses benefícios são devidos ao substituinte básico ligado 
à posição 7 formar um zwitterion com o ácido carboxílico da posição 3. 
A introdução de um substituinte ciclopropílico na posição 1 incrementou o 
amplo espectro de ação, enquanto a substituição do nitrogênio da posição 8 por 
um carbono reduziu as reações adversas e aumentou a atividade frente a S. 
aureus. Estas modificações originaram a ciprofloxacina, o antibiótico mais ativo 
da classe das fluoroquinolonas frente a bactérias Gram negativo. Esse fármaco 
é amplamente utilizado em infecções do trato urinário, respiratório e 
gastrointestinal, além de infecções de pele, ossos e articulações. 
As fluoroquinolonas agem inibindo a topoisomerase IV de bactérias Gram 
positivo e apresentam seletividade 1000 vezes maior para enzimas bacterianas 
em relação às enzimas correspondentes em células humanas. Em bactérias 
Gram negativo, o alvo das fluoroquinolonas é a topoisomerase II, também 
 
20 
 
conhecida por DNA-girase, que apresenta as mesmas funções da 
topoisomerase IV. As DNA-topoisomerases mudam o número de ligações no 
DNA superenrolado através de quebras transitórias no DNA, que se torna 
topologicamente relaxado devido à quebra temporária em uma fita (tipo I) ou em 
ambas as fitas ao mesmo tempo (tipo II). Topoisomerases são essenciais para 
a viabilidade celular em células procarióticas e eucarióticas. As quinolonas 
apresentam boa seletividade para células bacterianas (GUIMARÃES et al, 
2010). 
Oxazolidinonas 
A linezolida é um agente bacteriostático da classe das oxazolidinonas que 
apresenta um amplo espectro de ação e atividade frente a bactérias resistentes 
a outros antibióticos que inibem a síntese de proteínas. A linezolida liga-se à 
subunidade 50S ribossomal, impedindo sua união com a subunidade 30S para 
formação do ribossomo 70S, essencial para o início da síntese proteica. Desta 
forma, a translação não pode ser iniciada. Os outros antibióticos que inibem a 
síntese proteica atuam no próprio processo de translação. A linezolida foi 
lançada em 2000 e apresenta boa atividade frente bactérias Gram positivo. Esse 
fármaco pode ser administrado por via oral, porém, apresenta um alto nível de 
efeitos colaterais (GUIMARÃES et al, 2010). 
4 ALGUNS DOS PRINCIPAIS ANTIFÚNGICOS UTILIZADOS NA CLÍNICA 
 
Fonte: novanatural.com 
 
21 
 
Anfotericina B 
A anfotericina B agrupa-se, juntamente com a nistatina, aos antibióticos 
poliênicos, cuja estrutura é macrocíclica e caracterizada por átomos de carbono 
divalentes dispostos em série. Atua como fungicida ligando-se ao ergosterol, 
esteróide presente na membrana de fungos sensíveis, alterando a 
permeabilidade desta e causando a perda de constituintes citoplasmáticos. 
Adicionalmente, leva a uma lesão oxidativa que resulta em alterações 
metabólicas prejudiciais à sobrevida celular. Em menor escala, a anfotericina B 
liga-se também ao colesterol da membrana das células humanas, alterando-as 
e provocando efeitos adversos. Seu espectro de ação antifúngica abrange os 
agentes etiológicos das principais micoses endêmicas: Paracoccidioides 
brasiliensis, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Blastomyces 
dermatitidis, Cryptococcus neoformans var. neoformans e var. gattii e Sporothrix 
schenckii. Tem boa atividade contra espécies de Candida, embora algumas 
poucas amostras de Candida não albicans possam ser resistentes (MARTINEZ, 
2006). 
De acordo com o autor, atua contra Aspergillus fumigatus, mas a 
sensibilidade de outras espécies de Aspergillus é variável. Susceptibilidade 
variada também é observada para zigomicetos (Mucor, Rhizopus) 
e Fusarium spp. Certos microorganismos causadores de infecções fúngicas 
oportunistas são geralmente resistentes à anfotericina B, a exemplo 
de Trichosporon spp., Pseudallescheria boydii, Cladosporium spp. 
e Phialophora spp. A formulação convencional da anfotericina B, para uso 
médico, associa a esta droga o desoxicolato de sódio, cuja finalidade é solubilizá-
la em água e estabilizar a suspensão na forma de micélios. A aplicação por via 
endovenosa, em infusão lenta, é necessária para se obter níveis úteis no sangue 
e tecidos. 
A dose diária única de 1 mg/kg de peso corporal resulta em concentrações 
séricas máximas aproximadas de 1 a 2 µg/ml na primeira hora após a infusão, e 
estima-se a sua meia-vida inicial em 24 a 48 horas. A anfotericina B convencional 
alcança maiores concentrações no fígado, baço, rins e pulmões. A fração 
circulante, cerca de 95% da qual se liga a proteínas, colesterol e hemácias, tem 
seu nível reduzido lentamente, possibilitando que o antibiótico seja ministrado, 
 
22 
 
na fase de consolidação do tratamento, em intervalos de 48 a 72 horas. A 
principal via de excreção é a renal, mas há também eliminação por via 
hepatobiliar, e presume-se que parte da droga seja metabolizada (MARTINEZ, 
2006). 
A anfotericina B produz frequentes efeitos adversos, quer relacionados à 
infusão, quer tardios, por toxicidade celular e tecidual. As reações imediatas à 
infusão decorrem da liberação de interleucinas e prostaglandinas, manifestando-
se como febre, calafrios, taquicardia, hipertensão arterial, náuseas, vômitos e 
taquipnéia. A intensidade dessas reações imediatas varia conforme o paciente e 
diminui com a progressão do tratamento. Os efeitos adversos tardios relacionam-
se diretamente com a dose cumulativa recebida de anfotericina B e, também, 
com a sensibilidade e condições orgânicas do paciente. Mais comuns são a 
nefrotoxicidade e a anemia, que requerem correção de doses e de intervalos da 
administração e eventualmente obrigam a uma suspensão da terapia. Outras 
reações adversas incluem plaquetopenia, dispnéia, hipotensão arterial, arritmia 
cardíaca e toxicidade neurológica, além de tromboflebite no local de aplicação 
(MARTINEZ, 2006). 
O uso clínico da anfotericina B é limitado pelos efeitos adversos e 
necessidade de aplicação endovenosa. Portanto, o antibiótico é mais empregado 
em casos deinfecções fúngicas invasivas, particularmente em 
imunossuprimidos, na doença disseminada em imunocompetentes e em 
situações especiais, como neuromicoses ou na ausência de outra droga eficaz. 
Constituem indicações primárias de terapia com anfotericina B casos de 
criptococose, aspergilose, infecções disseminadas por Candida spp resistente a 
triazólicos e infecções por certos agentes de feohifomicose e de hialohifomicose 
(MARTINEZ, 2006). 
Formulações lipídicas de anfotericina B 
Lipossomos e outras estruturas lipídicas são utilizados para transportar e 
aumentar o índice terapêutico de fármacos. Três formulações lipídicas de 
anfotericina B estão disponíveis para uso médico: lipossomal, em dispersão 
coloidal e em complexo lipídico. A incorporação a partículas ou macromoléculas 
de lipídeos modifica sua farmacocinética e distribuição tecidual. Os compostos 
 
23 
 
são retirados da circulação pelo sistema monocítico-macrofágico, e a 
anfotericina B é liberada dos lipídeos no interior das células. Quando 
transportada por lipídeos, a anfotericina B atinge maiores concentrações no 
fígado e no baço do que a formulação desoxicolato, mas no rim seus níveis são 
menores. Isto explica a menor nefrotoxicidade das preparações lipídicas, que 
são, por outro lado, discretamente mais hepatotóxicas do que a medicação 
convencional (MARTINEZ, 2006). 
O autor afirma que mesmo pacientes com lesão renal ou com anemia 
induzida por anfotericina B desoxicolato podem completar o tratamento com as 
formulações lipídicas, em geral sem agravamento destes efeitos adversos. 
Assim, o principal benefício destas preparações é a maior segurança quanto à 
toxicidade celular no uso prolongado da anfotericina B. 
Em relação à medicação convencional, as formulações lipídicas 
apresentam menor atividade in vitro sobre leveduras e fungos filamentosos. Nas 
infecções experimentais com fungos, as três preparações lipídicas da 
anfotericina B lipídica em geral necessitam de doses maiores para igualar ou, 
eventualmente, superar a ação antifúngica da medicação convencional.(7-9) A 
maioria dos estudos clínicos, abertos ou controlados, mostraram eficácia 
comparável entre a anfotericina B desoxicolato - 0,6 a 1,5 mg/kg de peso 
corporal/dia - e formulações lipídicas administradas em doses três a seis vezes 
maiores (MARTINEZ, 2006). 
Em razão do alto custo destes fármacos, alguns serviços médicos tratam 
os pacientes com uma mistura de anfotericina B desoxicolato e uma solução de 
lipídeos para nutrição parenteral (Intralipid®, Lipofundin®). Trata-se de uma 
preparação lipídica improvisada, de igual eficácia e menos segura do que a 
anfotericina B convencional, mas que pode ser menos nefrotóxica. As 
características principais das três formulações lipídicas licenciadas para uso 
médico são apresentadas a seguir (MARTINEZ, 2006). 
Anfotericina B lipossomal (L-Amb) 
Comercializada com o nome de Ambisome, nesta formulação o antibiótico 
está incorporado em lipossomos, microesferas lipídicas com 55 a 75 nm de 
diâmetro, que são preparadas com lecitina de soja, colesterol e 
 
24 
 
diestearoilfosfatidilglicerol. Recomendam-se doses diárias de 3 mg de 
anfotericina B/kg de peso corporal, embora um estudo controlado não tenha 
mostrado superioridade da terapia com dosagem acima de 1 mg/kg de peso/dia. 
Doses elevadas, de até 10 mg/kg de peso/dia, associam-se com melhores 
respostas em infecções experimentais, sendo eventualmente empregadas em 
humanos. Em relação a outras formulações lipídicas e à convencional, a L-Amb 
alcança concentrações séricas máximas muito elevadas (10 a 35 g/ml, após 3 
mg/kg), porém a maior parte da anfotericina permanece nos lipossomos e, 
provavelmente, não ativa. Os níveis encontrados nos pulmões de pacientes 
tratados com L-Amb e posteriormente autopsiados sugerem menor distribuição 
da L-Amb para esta víscera em relação à formulação convencional (MARTINEZ, 
2006). 
 A L-Amb tem baixa toxicidade, a menor dentre todas as formulações, 
tanto imediata como crônica, possibilitando infusão rápida e uso seguro de doses 
de até 5 mg/kg/dia. Quanto à eficácia, a L-Amb foi avaliada principalmente como 
terapia empírica para pacientes com neoplasias hematológicas. Em estudos 
controlados com pacientes neutropênicos febris, a L-Amb mostrou eficácia 
superior ou equivalente à anfotericina convencional (MARTINEZ, 2006). 
Pacientes com sorologia positiva para o vírus da imunodeficiência 
humana com meningite criptocócica mostraram resposta global semelhante para 
as duas formulações, mas tiveram líquido cefalorraquiano com cultura negativa 
mais rapidamente quando tratados com L -Amb do que com a anfotericina 
desoxicolato. Pacientes com câncer e aspergilose invasiva, a maioria com 
envolvimento pulmonar, mostraram 54% a 63% de resposta radiológica quando 
medicados com L-Amb. A mesma formulação avaliada em diversos tipos de 
imunossupressão proporcionou a cura de 59% a 77% de pacientes com 
aspergilose e de 56% a 79% de doentes com candidíase (MARTINEZ, 2006). 
Anfotericina B em dispersão coloidal (ABCD) 
Nesta formulação (Amphocil®), a anfotericina B está contida, juntamente 
com sulfato de colesterol, em microdiscos com diâmetro médio de 122 nm. 
Sugere-se o uso de doses diárias únicas de 3 a 4 mg/kg de peso corporal, mas 
a ABCD tem sido utilizada em doses entre 1 e 8 mg/kg de peso/dia. Os níveis 
 
25 
 
sanguíneos máximos são iguais ou inferiores aos da medicação convencional e 
um estudo farmacocinético em ratos também mostrou baixas concentrações no 
tecido pulmonar (MARTINEZ, 2006). 
Embora seja menos nefrotóxica, são comuns as reações imediatas à 
ABCD, que deve ser infundida lentamente. Avaliada como terapia empírica em 
neutropênicos febris, a ABCD mostrou eficácia comparável à da formulação 
convencional. Em um estudo controlado, mostrou-se igualmente eficiente no 
tratamento de pacientes com aspergilose invasiva. Em estudos abertos, a ABCD 
em imunossuprimidos resultou em resposta completa ou parcial em 57% a 58% 
de casos de candidíase e em 34% a 39% de aspergilose (MARTINEZ, 2006). 
Complexo lipídico de anfotericina B (ABLC) 
Segundo Martinez (2006) o ABLC é um complexo macromolecular de 
anfotericina B com dimiristoilfosfatidilcolina e dimiristoilfosfatidilglicerol, 
constituindo partículas em formato de roseta de fitas, com tamanhos entre 1,6 e 
11m (Abelcet®). Adultos e crianças recebem o equivalente a 5 mg de 
anfotericina/kg de peso corporal/dia, dosagem que permite alcançar 
concentrações séricas máximas semelhantes às da anfotericina B desoxicolato. 
Os níveis no tecido pulmonar podem superar os da droga convencional com o 
uso de doses mais elevadas. 
O ABLC não apresenta vantagem quanto às reações relacionadas com a 
infusão, mas sua toxicidade renal é menor. Quando avaliado em pacientes com 
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana 1 e meningite criptocócica, não 
foi observada diferença no percentual de respostas favoráveis entre anfotericina 
desoxicolato e ABLC, porém muitos pacientes deste último grupo mantinham 
cultura positiva para criptococo no final do tratamento. Em estudos não 
controlados em pacientes com infecções oportunistas, o ABLC mostrou eficácia 
de 42%, 67% e 100% em casos de aspergilose, de 66%, 67% e 100% na 
candidíase, de 71% na zigomicose e de 82% na fusariose (MARTINEZ, 2006). 
 
26 
 
4.1 Drogas Azólicas 
Os azólicos são quimioterápicos antifúngicos caracterizados por um anel 
pentagonal na estrutura molecular, o qual contém três átomos de carbono e dois 
de nitrogênio (imidazólicos), ou dois de carbono e três de nitrogênio (triazólicos). 
Considerando as drogas de uso sistêmico, o primeiro subgrupo compreende o 
miconazol e o cetoconazol e o último, o fluconazol, itraconazol, voriconazol, 
posaconazol e ravuconazol. Os azólicos atuam sobre enzimas do citocromo 
P450 dos fungos, bloqueando a demetilação do lanosterol e a síntese deergosterol, o que altera a permeabilidade da membrana e a viabilidade fúngica. 
Também agem modificando a síntese de lipídeos e inativando enzimas do 
processo oxidativo dos fungos. Os azólicos, principalmente os imidazólicos, 
exercem ação apenas fungistática. Alterações na enzima C-14-alfademetilase e 
aumento do efluxo das drogas são causas de resistência aos azólicos, a qual foi 
constatada particularmente em Candida não albicans (MARTINEZ, 2006). 
Todos os azólicos têm meia-vida sérica suficientemente longa para 
possibilitar a terapia com uma ou duas doses por dia. O fluconazol tem excelente 
biodisponibilidade, alcançando boas concentrações em diferentes fluídos 
orgânicos, inclusive no líquido cefalorraquiano, e 75% da dose oral é excretada 
por via urinária. O cetoconazol e o itraconazol apresentam menor 
biodisponibilidade por dependerem de pH gástrico inferior a 3 para sua 
solubilização e absorção, que é parcial. Não alcançam níveis úteis no líquido 
cefalorraquiano e na urina, e são metabolizados no fígado e excretados por via 
biliar. As concentrações de itraconazol no fígado, pulmão e osso superam o nível 
sérico. Os principais efeitos adversos das drogas azólicas relacionam-se com 
intolerância gastrintestinal, hepatotoxicidade, hipersensibilidade e, para o 
cetoconazol em doses elevadas, ginecomastia e irregularidades menstruais. São 
drogas teratogênicas e não devem ser administradas a gestantes. Várias classes 
de drogas interagem com os azólicos, quer reduzindo os níveis séricos do 
antifúngico (rifampicina, isoniazida, fenitoína, fenobarbital, carbamazepina), quer 
elevando os níveis de outros fármacos (ciclosporina, digoxina, terfenadina, 
warfarina, benzodiazepínicos e inibidores de protease do vírus da 
imunodeficiência humana 1) (MARTINEZ, 2006). 
 
27 
 
O espectro de ação dos imidazólicos e triazólicos abrange os agentes de 
paracoccidioidomicose, histoplasmose, coccidioidomicose, criptococose, 
blastomicose norte-americana e dermatomicoses. A maioria das espécies 
de Candida mostra susceptibilidade aos azólicos, notando-se que C. krusei e C. 
glabrata são menos susceptíveis. O itraconazol atua adicionalmente 
contra Aspergillus fumigatus e diversas outras espécies desse gênero, sendo 
uma alternativa à anfotericina no tratamento de pacientes com aspergilose, além 
de ser o principal recurso na terapia antifúngica de pacientes com micoses 
sistêmicas endêmicas. O cetoconazol também é empregado no controle destas 
últimas infecções, porém é limitado a casos não graves (MARTINEZ, 2006). 
De acordo com Martinez (2006) o fluconazol mostra boa atuação e é 
preferido no tratamento de pacientes com infecções por espécies sensíveis 
de Candida, além de ser utilizado na criptococose e nas infecções urinárias e do 
sistema nervoso central por fungos susceptíveis. O voriconazol, o posaconazol 
e o ravuconazol são triazólicos de segunda geração, resultantes de modificações 
na estrutura química de, respectivamente, fluconazol e itraconazol. Representam 
avanços na terapêutica das infecções fúngicas por terem o espectro de ação 
ampliado. O voriconazol, já disponibilizado para uso médico, (V Fend®) é 
apresentado a seguir. 
Voriconazol 
Esta droga mantém as propriedades gerais dos azólicos, porém bloqueia 
mais intensamente a síntese de ergosterol dos fungos filamentosos, para os 
quais chega a ser fungicida. Mostra ação in vitro sobre espécies 
de Aspergillus mais intensa do que o itraconazol, inclusive sobre o A. terreus, 
que comumente é resistente à anfotericina B. Tem atividade sobre muitas 
espécies de Fusarium, Paecilomyces, Alternaria, Bipolaris e sobre 
Scedosporium apiospermum/Pseudallescheria boydii. É fungistático para 
espécies de Candida, inclusive aquelas resistentes ao 
fluconazol, Cryptococcus spp. e Trichosporon spp., agindo também sobre 
fungos de micoses endêmicas (MARTINEZ, 2006). 
O voriconazol é usado por via oral ou endovenosa na dosagem de 6 mg/kg 
de peso a cada doze horas no primeiro dia, seguindo-se 4 mg/kg de peso a cada 
 
28 
 
doze horas. Adultos recebem por via oral um comprimido com 200 mg a cada 
doze horas (100 mg a cada doze horas, para pacientes com peso inferior a 40 
kg), o que possibilita atingir concentração sérica máxima entre 4 a 6 µg/ml no 
estado de equilíbrio. A absorção não depende de acidez gástrica e a 
biodisponibilidade da droga oral é boa. O voriconazol alcança níveis inibitórios 
para fungos no encéfalo e no líquido cefalorraquiano. Por ser metabolizado e 
excretado pelo fígado, é necessário ajustar a dosagem ou evitá-lo quando há 
insuficiência hepática. Em casos de insuficiência renal moderada a grave é 
contra-indicada a administração endovenosa, pelo risco de acúmulo do veículo 
ciclodextrina (MARTINEZ, 2006). 
 Efeitos adversos são freqüentes, mas geralmente benignos. Além 
daqueles comuns aos azólicos, cerca de 30% dos pacientes apresentam 
distúrbios visuais - discriminação de cores alterada, visão borrada, fotofobia - na 
primeira semana de terapia, sintomas que se atenuam e desaparecem a seguir. 
Reações de hipersensibilidade, desde exantemas discretos até reações graves, 
também foram relatadas. O uso clínico de voriconazol vem sendo feito 
principalmente em infecções por Aspergillus spp. e por outros fungos 
oportunistas. Um estudo randomizado em pacientes com aspergilose pulmonar 
invasiva mostrou a superioridade deste triazólico sobre a anfotericina B, tanto 
em relação a respostas favoráveis, como na sobrevida (MARTINEZ, 2006). 
 Em estudos abertos com imunossuprimidos e aspergilose invasiva, 
verificou-se resposta completa ou parcial à terapia primária com voriconazol em 
59% e 66% dos pacientes, resultados considerados melhores ou equivalentes 
aos controles históricos. Em casos de candidemia em pacientes não 
neutropênicos, um estudo randomizado mostrou eficácia comparável entre 
voriconazol e anfotericina B desoxicolato. Resultado semelhante foi observado 
entre as duas medicações no percentual de sucesso no tratamento empírico de 
pacientes com neutropenia e febre persistente. O voriconazol constitui um 
recurso terapêutico importante em certas infecções por fungos comumente 
resistentes à anfotericina B, a exemplo de Scedosporium spp. 
e Pseudallescheria boydii. Contudo, algumas espécies ou amostras de fungos 
oportunistas são resistentes (MARTINEZ, 2006). 
 
 
29 
 
Equinocandinas 
Equinocandinas são lipopeptídeos semi-sintéticos com estrutura química 
de hexapeptídeos cíclicos ligados a uma cadeia lateral de ácido graxo. Três 
drogas - caspofungina, micafungina e anidulafungina - chegaram à fase de 
investigação clínica, das quais a primeira está licenciada para uso clínico 
(Cancidas®). Diferentemente da anfotericina B e dos azólicos, as equinocandinas 
têm como alvo a parede celular, inibindo enzima ligada à síntese de beta. D 
glucana (MARTINEZ, 2006). 
A glucana na forma de microfibrilas é um dos principais componentes da 
parede celular fúngica. O bloqueio de sua síntese resulta em desequilíbrio 
osmótico, prejudicando a viabilidade do microorganismo. Equinocandinas 
agem in vitro sobre diversas leveduras e fungos filamentosos, porém em 
infecções experimentais é relevante somente a sua atividade sobre espécies 
de Candida e de Aspergillus. Para este último agente, ela é apenas 
fungistática. Os efeitos adversos são menos freqüentes do que com a 
anfotericina B e a interação com outros medicamentos é menor do que com as 
drogas azólicas. Contudo, a administração exclusivamente endovenosa e o 
restrito espectro de ação limitam o uso clínico das equinocandinas a infecções 
mais graves por Candida e Aspergillus (MARTINEZ, 2006). 
Caspofungina 
Esta droga é um derivado semi-sintético da pneumocandina B, produto 
natural de Glarea lozoyensis. Tem ação fungicida sobre diferentes espécies 
de Candida, incluindo as amostras resistentes a fluconazol e anfotericina B. C. 
guilliermondii émenos sensível e algumas amostras desta espécie sofrem ação 
apenas fungistática. A caspofungina em concentrações similares às alcançadas 
no plasma de pacientes inibiu a maioria das amostras de diferentes espécies 
de Aspergillus, inclusive as resistentes ao itraconazol. As concentrações 
mínimas inibitórias são maiores para A. terreus e A. nidulans (MARTINEZ, 
2006). 
A caspofungina é administrada por via endovenosa, em períodos de uma 
hora. Por não ter sido suficientemente avaliada em crianças, é recomendada 
apenas para adultos, que recebem dose de 70 mg no primeiro dia e de 50 mg 
 
30 
 
nos dias seguintes. Com este esquema terapêutico, as concentrações séricas 
médias da droga são superiores a 1 µg/ml, suficientes para inibição 
de Candida e Aspergillus. Em pacientes com insuficiência hepática moderada, a 
dose deve ser reduzida a 35 mg/dia. Por outro lado, a dose diária deve ser 
mantida em 70 mg quando são administrados simultaneamente medicamentos 
indutores do metabolismo, como rifampicina, efavirenz, nevirapina, 
dexametasona, fenitoína e carbamazepina. Estudos em animais sugerem 
distribuição preferencial da caspofungina para o fígado e níveis reduzidos no 
encéfalo. A droga é excretada por via urinária e hepática após sofrer hidrólise e 
acetilação. Não deve ser administrada com ciclosporina, pois este medicamento 
inibe a captação hepática e eleva os níveis do antifúngico (MARTINEZ, 2006). 
A caspofungina pode eventualmente provocar reações durante a infusão, 
pois sua estrutura polipeptídica possibilita o surgimento de sintomas decorrentes 
da liberação de histamina. Outros efeitos adversos foram observados, como 
febre, cefaléia, náuseas, vômitos, eosinofilia, elevação de enzimas hepáticas e 
tromboflebite. No tratamento da candidíase orofaringiana ou esofágica, a 
caspofungina mostrou eficácia comparável à da anfotericina B convencional e do 
fluconazol. O sucesso terapêutico também foi comparável entre a anfotericina B 
convencional e a equinocandina em casos de candidemia e peritonite por 
diversas espécies de Candida. Na aspergilose invasiva, verificou-se resposta 
favorável à caspofungina em 45% dos pacientes, resultado superior aos 17% de 
eficácia obtidos em controle histórico. Um estudo randomizado em pacientes 
com neutropenia febril mostrou resposta favorável de 34% deles, tanto para 
caspofungina, como para anfotericina B lipossomal (MARTINEZ, 2006). 
 
31 
 
5 ANTIVIRAIS E APLICAÇÃO 
 
Fonte: revistagalileu.globo.com 
Família / vírus 
 
• Reoviridae: rotavírus. 
• Togaviridae: rubéola. 
• Flaviridae: dengue, hepatite C. 
• Coronaviridae: resfriado, SARS. 
• Paramyxoviridae: RSV. 
• Rhabdoviridae: raiva. 
• Filoviridae: ebola. 
• Orthomyxoviridae: influenza. 
5.1 Antivirais Análogos acíclicos da guanosina 
 
• Aciclovir [Zovirax] 
• Valaciclovir (Æ aciclovir) [Valtrex]. 
• Fanciclovir (Æ penciclovir) [Famvir]. 
O penciclovir não é recomendado, mas o fanciclovir (sua pró-droga) pode ser 
utilizado sim. Essas drogas dirigem-se à célula infectada pelo vírus herpes. A 
 
32 
 
timidina fosfoquinase viral fosforila essas moléculas. Após a terceira fosforilação 
essas drogas ficam parecidas com o nucleotídeo derivado da guanina. São 
drogas que, por fim, são inibidoras da DNA polimerase (GUILHERME, 2007). 
• Ganciclovir 
Teoricamente poderia ser utilizado contra o herpes simplex e o herpes 
zoster, porém é muito mais tóxico. De outro modo: Aciclovir não é utilizado contra 
o Epstein-Barr porque não é eficiente. Ganciclovir não é utilizado contra os 
herpes simplex e zoster poque é mais tóxico (GUILHERME, 2007). 
5.2 Antivirais Análogos cíclicos de nucleosídeos 
• Vidarabina Trifluridina [Virotic] Idoxuridina [IDU] 
Drogas com atividade antiviral muito inferior à do grupo I. São drogas 
pouco utilizadas dada sua menor eficácia. Existem aplicações tópicas: 
idoxuridina é utilizada para combater infecção ocular pelo herpes e 
principalmente pelo varicella. IIII (GUILHERME, 2007). 
5.3 Antivirais Análogos de pirofosfato Foscarnet [Foscavir] 
A atividade antiviral é excelente. O problema, além do custo elevado, é 
que possui muito mais efeitos indesejados do que os análogos acíclicos da 
guanosina. Assim, fica reservado para quadros mais severos em que não houve 
bons resultados por motivos de resistência. Essa droga atinge inclusive um 
terceiro tipo de vírus da família herpesviridae (GUILHERME, 2007). 
 
5.4 Antivirais úteis na gripe 
Amantadina e Rimantadina (Flumadina) 
 
Inibem o desencapsulamento viral e o processamento final dos vírus 
influenza-A. Não atuam contra vírus B (por isso são pouco utilizadas; é difícil 
saber qual o tipo do vírus causador da doença). Ativos por VO. Devem ser dados 
dentro de 48 horas após o início dos sintomas. Resistência = aproximadamente 
 
33 
 
30%. Efeitos adversos (rimantadina menos tóxica): edema, periférico, 
ansiedade, insônia, anorexia, náusea. Amantadina age em fase precoce (no 
desnudamento) e numa fase mais tardia (na formação de proteínas) 
(GUILHERME, 2007). 
Inibidores da neuramnidase Oseltamivir (Tamiflu): VO biodisponibilidade 
= aproximadamente 80%. 
 
Zanamivir 
 
Administrado por via inalatória. Agem na etapa quase final que antecedem 
a liberação dos vírus infectantes. Essas drogas podem e devem ser utilizadas 
em grandes aglomerações humanas (casas, quartéis e asilos) onde há infecção 
e possibilidade de disseminação. Proconiza-se que essa quimioprofilaxia seja 
feita nos não imunizados. Inibidores de neuraminidase 
A neuraminidase é uma enzima glicoprotéica da superfície do vírus da 
gripe, capaz de degradar o receptor para hemaglutinina viral localizado na célula 
do hospedeiro. Sua inibição reduz a liberação dos vírions pelas células 
infectadas, aumenta a formação de agregados virais e reduz a disseminação 
viral (GUILHERME, 2007). 
Os inibidores da neuraminidase atuam contra os vírus influenza A e B. 
Devem ser administrados até 30 horas do início dos sintomas. Úteis também na 
profilaxia. 
• Oseltamivir: 75-150 mg/d; Cmax=2,5-6h; t1/2=6-10 horas; efeitos 
adversos: naúsea, vômito, cefaléia. Rivavirina 
 
5.5 Antivirais Análogo de nucleosídeo purínico 
Inibem a RNA-polimerase de diversos vírus. Espectro antiviral: VSR, vírus 
da hepatite C. Vias de administração: aerossol (via usual no tratamento das 
bronquiolites – principalmente em recém-nascidos e pneumonias por VSR), via 
oral (cápsulas 100 e 200 mg; via usual na hepatite C, associado com interferon 
alfa); também disponível para uso IV. 
 
34 
 
Efeitos adversos: mielotoxicidade, hemólise, neurotoxicidade, 
broncoespasmo (aerossol). Para gripe, os inibidores da neuroanimidase são 
mais seguros e mais efetivos. 
Contraindicação: gravidez (teratogênico e embriotóxico em animais). Se 
hoje surgir uma virose causar por um RNA-vírus-não-retrovírus a droga de 
escolha para tratá-la seria a Ribavirina (GUILHERME, 2007). 
 
Interferons-alfa 
 
São glicoproteínas imuno-moduladoras, com efeitos antiviral (RNA, DNA-
vírus) e antineoplásico (linfoma cutâneo de células T – micose fungóide, 
leucemia mielóide crônica). 
Preparados: interferon alfa-2ª (Roferon A); interferon alfa-2b (Intron A); 
PEG-interferon alfa-2a (Pegasys); PEG-interferon alfa-2b (Pegintron). Vias de 
administração: SC, (IM). 
Na hepatite C: Ribavarina + Interferon alfa. Efeitos adversos (menos 
frequentes nos peguilados): síndrome gripal (primeira semana), mielotoxicidade, 
síndromes psiquiátricas, alopécia, aumento de transaminases, tireoidite, etc. 
Pleconaril (GUILHERME, 2007). 
 Lançado em 2000 para tratamento de doenças causadas por enterovírus 
não-pólio (Coxsackie, ECHO). Depois, sugeriu-se seu uso no resfriado comum 
(rinovírus). Mecanismo de ação postulado: inibição do desenvelopamento de 
picornavírus. Via de administração: oral (com alimento). Efeitos adversos: 
aproximadamente 5% dos pacientes tiveram cefaléia, núasea,diarréia 
(GUILHERME, 2007). 
 
35 
 
6 RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA 
 
Fonte: saudebusiness.com 
Em 1945, Alexander Fleming alertou para o perigo da excessiva 
dependência de antibióticos e a ameaça de bactérias por conta do 
desenvolvimento de resistência. Depois de 68 anos, sua previsão foi 
concretizada. Laxminarayan et al. alertam que “estamos no alvorecer de uma era 
pós-antibiótica”, com “quase todas as bactérias causadoras de doenças, 
resistentes a vários antibióticos comumente usados para trata-las”. Os 
microrganismos resistentes são reconhecidos como uma razão para longos 
períodos de internação, custos mais elevados, e maior morbidade e mortalidade 
nos hospitais (CABRAL et al, 2018). 
Estudos têm sugerido que há uma associação causal entre o uso de 
antimicrobianos e a resistência antimicrobiana. Infecções hospitalares causadas 
por bactérias multirresistentes, como Acinetobacter spp. e Pseudomonas 
aeruginosa são um problema particularmente em unidades de terapia intensiva 
(UTI) de hospitais terciários. Assim, muitas organizações têm recomendado que 
a utilização de terapias combinadas de antimicrobianos devem ser monitorizadas 
a nível local e nacional, para compreender melhor a relação entre o uso de 
antimicrobianos e a emergente resistência antimicrobiana (CABRAL et al, 
2018). 
 
36 
 
A exposição a antibióticos é um importante fator de risco para resistência 
bacteriana em pacientes hospitalizados. Estudo ecológico realizado no Brasil 
demonstrou correlação entre o aumento da utilização de fluoroquinolonas e o 
surgimento de Klebsiella spp. produtoras de ESBL e, também, aumento de 
Staphylococcus aureus resistentes à meticilina. Este mesmo estudo demonstrou 
ainda significativa correlação entre a utilização de cefalosporinas com a taxa 
crescente de Klebsiella spp. produtoras de ESBL. Observou-se também 
correlação significativa entre o uso de antimicrobianos e as maiores taxas de 
bactérias multirresistentes, quando o consumo de antibióticos foi considerado 
para todo o hospital (CABRAL et al, 2018). 
Segundo o autor as unidades de terapia intensiva (UTI) são uma área 
importante para o surgimento da resistência antimicrobiana, o que pode ser 
observado por conta de diversos fatores, como uso frequente de antimicrobianos 
de amplo espectro, aglomeração de pacientes com escores de gravidade 
elevados, presença de pacientes com internações prolongadas que podem estar 
abrigando bactérias multirresistentes e espaço físico relativamente pequeno, 
incrementando a probabilidade de transmissão de microrganismos de pessoa a 
pessoa. 
Outros fatores que ajudam a promover a resistência antimicrobiana 
incluem presença de dispositivos invasivos, como tubos endotraqueais e 
cateteres, possivelmente pela formação de biofilmes em suas superfícies. Em 
muitas circunstâncias, particularmente com S. aureus resistentes à meticilina, 
Enterococcus faecium resistentes à vancomicina e bactérias Gram-negativas 
produtoras de enzimas de amplo espectro com resistência a vários outros 
antibióticos, poucos agentes antimicrobianos permanecem como opção para um 
tratamento eficaz (CABRAL et al, 2018). 
Desse modo, estratégias que visam limitar ou modificar a administração 
desses agentes podem diminuir o aumento da resistência. As estratégias 
efetivas na prevenção da resistência a antimicrobianos estão disponíveis e 
devem ser implantadas. Elas podem ser divididas em estratégias de controle de 
infecção não farmacológicas, como, por exemplo, rotina de higienização das 
mãos e aplicação de protocolos específicos de prevenção de infecção, e 
estratégias de gestão de antibióticos, como, por exemplo, aulas de curta duração 
sobre o tratamento antimicrobiano adequado, tempo de tratamento adequado e 
 
37 
 
estreitamento do espectro antimicrobiano com base nos resultados da cultura 
(CABRAL et al, 2018). 
Testes diagnósticos microbiológicos ajudam a prevenir o uso 
desnecessário de antibióticos e a diminuir o espectro de cobertura necessária 
para tratar uma infecção. Porém, os resultados microbiológicos não são tão 
rápidos, e atrasos no tratamento inicial podem estar associados com aumento 
da mortalidade. Assim, o tratamento inicial é frequentemente utilizado com 
antibióticos de amplo espectro. O desenvolvimento de diagnósticos rápidos 
poderia eliminar esse atraso, permitindo o uso direcionado do antibiótico ou o 
tratamento sem antibiótico, desde o início. Tal fato e a educação aos prescritores 
sobre a importância da utilização dos resultados desses testes poderiam reduzir 
o uso excessivo de agentes de amplo espectro e, consequentemente, diminuir a 
velocidade com que a resistência se desenvolve (CABRAL et al, 2018). 
Estudos farmacodinâmicos empregados para evitar o surgimento de 
resistência são cada vez mais importantes, e dados apoiam a capacidade da 
otimização farmacodinâmica em prevenir o aparecimento de resistência durante 
a terapia. Em estudo realizado na Inglaterra utilizando diversos regimes de doses 
fracionadas de ciprofloxacino para tratar P. aeruginosa, demonstrou-se que o 
regime de 400mg a cada 8 horas foi associado à menor indução de resistência 
para esta bactéria (CABRAL et al, 2018). 
7 RACIONALIZAÇÃO DE ANTIMICROBIANO 
 
Fonte: infectologista.net 
 
38 
 
A terapia empírica inadequada com antimicrobianos tem se tornado mais 
frequente em razão do aumento da resistência antimicrobiana, ficando a cada 
dia mais desafiador realizar a escolha do antimicrobiano adequado. Em estudo 
comparativo, foi demonstrado associação entre tratamento antimicrobiano inicial 
inadequado e mortalidade em pacientes internados em UTI com lúpus 
eritematoso sistêmico (LES). Pela análise de regressão logística, o risco de 
mortalidade na UTI foi 12 vezes maior entre os pacientes com LES que 
receberam tratamento antimicrobiano inadequado, quando comparados com 
aqueles que receberam o tratamento adequadamente (CABRAL et al, 2018). 
A probabilidade de sucesso terapêutico é uma questão multifatorial. 
Limitando nossas considerações com relação à resposta em terapias 
antimicrobianas, podemos deixar de analisar muitas variáveis críticas, que 
podem influenciar na resposta ao medicamento. Além de escolher o melhor 
antimicrobiano para tratar cada patógeno, é necessário avaliar as características 
individuais dos pacientes, a fim de adequar a dose do antimicrobiano. Roberts et 
al., em estudo multicêntrico com pacientes com lesão renal aguda em terapia de 
substituição renal contínua, verificaram que significativa proporção de pacientes 
corria risco de falha terapêutica por baixa exposição ao antibiótico e que, em 
outros casos, os pacientes podem ter sido expostos a uma excessiva 
concentração de antibióticos, colocando-os, assim, em maior risco de reações 
adversas (CABRAL et al, 2018). 
De acordo com o autor com esses resultados, foram sugeridas 
abordagens individualizadas quanto à dosagem terapêutica e à monitorização 
de antibióticos, para maximizar a eficácia e minimizar os possíveis riscos. 
Considerando a variabilidade farmacocinética existente entre indivíduos, uma 
abordagem mais personalizada para a administração de antibióticos deve ser 
adotada, para garantir que as drogas possam atingir seus alvos terapêuticos e 
tenham a exposição adequada assegurada. A racionalização de antimicrobianos 
é um componente essencial para uma abordagem multifacetada na prevenção 
da resistência antimicrobiana. A boa gestão de antimicrobianos envolve a 
seleção do medicamento apropriado, otimizando sempre sua dose e duração de 
tratamento, minimizando a toxicidade e as condições para a seleção de cepas 
bacterianas resistentes, garantindo sucesso terapêutico. 
 
39 
 
Estudos realizados nos últimos anos indicam que o uso de antibióticos é 
desnecessário ou impróprio em até 50% dos casos nos Estados Unidos, e isso 
favorece o surgimento de cepas resistentes. Ainda, com a redução

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